Eficiência energética

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Dossier: eficiência energética

Eficiência energética F. Maurício Dias Departamento de Engenharia Eletrotécnica do Instituto Superior de Engenharia do Porto, Fundação Politécnico do Porto

SUMÁRIO A eficiência energética é uma preocupação crescente na sociedade face a questões económicas e ambientais. É nesse cenário que o setor da elevação se insere e, também, deve responder afirmativamente ao desafio ultrapassando as barreiras existentes e aproveitando as oportunidades que vão surgindo com vista a contribuir para o © Gideon Tsang

bem comum através de adoção de medidas de promoção da eficiência energética.

PALAVRAS CHAVE Eficiência energética, desenvolvimento sus-

das suas reservas mundiais. Muito em-

final do século XX através da constatação

tentável, elevadores, diretivas comunitá-

bora, nos nossos dias se fale e se aposte

que todo o desenvolvimento económico

rias, modo standby, modo funcionamento.

nas energias renováveis como a solar e a

terá de estar suportado num equilíbrio eco-

eólica, estas apenas servem de comple-

lógico/ambiental e garantir a manutenção

mento a formas de produção de energia

da qualidade de vida das populações. A de-

1. INTRODUÇÃO

mais intensivas. Outro problema associado

finição mais usada para o desenvolvimento

Sempre que desenvolvemos qualquer ta-

à utilização dos combustíveis fósseis para

sustentável [1] é:

refa, tal como: ver televisão, utilizar um

produção de energia está relacionado com

computador, utilizar um veículo motori-

o aumento da concentração de dióxido de

fazer as necessidades da geração atu-

zado, utilizar uma caixa automática para

carbono na atmosfera, agravando o efeito

al, sem comprometer a capacidade das

consulta do saldo de uma conta bancária,

de estufa e tendo como consequência o

gerações futuras de satisfazerem as

utilizar o elevador para sair de casa... esta-

aquecimento global do planeta que arrasta

suas próprias necessidades, significa

mos a consumir energia. Este simples ato

uma série de outros problemas para todos

possibilitar que as pessoas, agora e no

diário, embora passe quase despercebido,

os seres vivos.

futuro, atinjam um nível satisfatório de

O desenvolvimento que procura satis-

desenvolvimento social e económico e

está presente no nosso trabalho, na nossa casa, nos transportes, no nosso conforto,

Perante esta situação estamos num dilema:

de realização humana e cultural, fazen-

ou seja, no nosso modo de vida. Esta depen-

ou abrandamos o consumo e hipotecamos

do, ao mesmo tempo, um uso razoável

dência faz com que a energia, nas suas mais

o nosso modo de vida, ou continuamos a

dos recursos da terra e preservando as

diversas formas, constitua algo de extrema

consumir para manter o estado atual e pro-

espécies e os habitats naturais.

importância para a sociedade atual e cujo

vocamos o colapso do planeta. Certamente

consumo tendencialmente se acentua fruto

a realidade não possui só duas faces, são

Ou seja, não devemos consumir os recur-

do desenvolvimento económico, da procura

possíveis outras saídas para o problema

sos naturais numa taxa superior à taxa de

de maior conforto por parte da população e

que satisfaçam todas as partes.

renovação desses recursos de modo a evitar o seu esgotamento.

do aumento demográfico da mesma. No entanto, há o reverso da medalha. A

2. O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A forma de atingir o desenvolvimento sus-

maior parte da energia utilizada provém

A resposta a este problema está certamen-

tentável a nível energético assenta em três

dos combustíveis fósseis, tais como o pe-

te na definição e aplicação de políticas que

vetores complementares [2], ou seja:

tróleo, o carvão e o gás o que representa

tenham por base o conceito de desenvolvi-

uma grande preocupação face à diminuição

mento sustentável. Este conceito surge no

Intensificação da eficiência energética e da cogeração;

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© Sancho McCann

Dossier: eficiência energética

permitem promover a eficiência ener-

finir a metodologia de certificação

das de promoção da eficiência energética

gética dos ascensores;

energética dos elevadores (a Norma

no setor é um dever moral para com as ge-

c) O Sistema Nacional de Certificação

alemã VDI 4707:2009 – Ascensores

rações futuras que todos temos de assumir

Energética e da Qualidade do Ar Interior

– Eficiência Energética (2009), define

e que a ELEVARE está a dar o primeiro passo

a metodologia);

destacando este tema na sua primeira pu-

nos Edifícios (SCE) não contempla os ascensores; d) Os fabricantes/instaladores, na grande

d) Alterações nos regulamentos: a.

maioria dos casos, desconhece o com-

sentação da classificação energéti-

portamento energético dos equipamentos; e) Utilização de tecnologias mais baratas e menos eficientes; f)

Quem adquire o equipamento, normal-

blicação.

Exigência, no ato da venda, de apre-

b.

ca do ascensor;

6. BIBLIOGRAFIA

Nas remodelações exigir que as

[1]

Report of the World Commission on Environ-

alterações sejam realizadas obser-

ment and Development, United Nations, Au-

vando-se as melhores práticas de

gust de 1987;

eficiência energética.

[2] Manual de Boas Práticas de Eficiência Ener-

mente, não é o cliente final, logo, no ato

e) As empresas de maior dimensão já apre-

gética, ISR – Departamento de Engenharia

da compra, a sua maior preocupação é

sentam soluções energeticamente mais

Eletrotécnica e de Computadores da Univer-

o preço;

eficientes o que faz com que o mercado

sidade de Coimbra, novembro 2005;

g) A eficiência energética dos equipamen-

tendencialmente as acompanhe.

tos não é um fator que pese na escolha

[3] Ferreira, F.; Coelho, D.; “Otimização de Sistemas Elétricos de Força Motriz", Revista Manu-

do equipamento, concorre com outros

tenção, n.o 85, 2005;

fatores mais valorizados (conforto, es-

5. CONCLUSÕES

tética, ...);

[4] Diretiva 1995/16/CE do Parlamento Europeu

As principais conclusões relativas ao tema

e do Conselho de 29 de junho de 1995 – Di-

h) Não existe uma norma europeia ou na-

da eficiência energética não são novas e

retiva Ascensores. Jornal Oficial das Comuni-

cional que defina os critérios com vista

aparecem numa perspetiva muito abran-

à determinação da classe energética

gente a nível global. A União Europeia, atra-

[5] Diretiva 2002/91/CE do Parlamento Europeu

dos ascensores.

vés da publicação de Diretivas, pretende

e do Conselho de 16 de dezembro de 2002

colocar os seus membros numa posição

– EPB – Energy Performance of Buildings –

No entanto, existem outros aspetos que

ativa face a estas questões. O caso dos

Desempenho Energético de Edifícios. Jornal

podem ser considerados com vista a pro-

elevadores é uma peça deste puzzle com-

Oficial das Comunidades Europeias;

mover a aplicação de técnicas e tecnolo-

plexo mas com grande relevância face ao

[6] Diretiva 2005/32/CE do Parlamento Euro-

gias ao nível da eficiência energética des-

número de equipamentos instalados, o que

peu e do Conselho de 06 de julho de 2005

tacando-se:

representa uma fatia significativa nos con-

– EuP – Energy Using Products – Requisitos

a) O aumento crescente do preço da ener-

sumos de energia elétrica. No entanto, vá-

de Conceção Ecológica dos Produtos que

rios fatores, nomeadamente económicos e

Consomem Energia. Jornal Oficial das Comu-

gia elétrica;

dades Europeias;

b) Incentivos à adoção de medidas que vi-

desconhecimento técnico, levam a que haja

sem o fomento da eficiência energética;

alguma dificuldade na implementação das

[7] Norma Alemã VDI 4707:2009 – Ascensores

c) Adoção/criação de normas euro-

medidas. Independentemente de questões

– Eficiência Energética (2009), Verein Deuts-

peias ou nacionais com vista a de-

técnicas e económicas, a adoção de medi-

cher Ingenieure (VDI).

nidades Europeias;

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