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artigo tĂŠcnico
sistemas de cogeração e trigeração 8.ÂŞ PARTE – POTENCIAL DE APLICAĂ‡ĂƒO DA COGERAĂ‡ĂƒO (CONTINUAĂ‡ĂƒO) Telmo Rocha Engenheiro ElectrotĂŠcnico, Major em Energia (FEUP)
(continuação da edição anterior)
7.5. Caraterização do potencial de aplicação de Cogeração no setor da Hotelaria tes alvo da empresa de serviços energĂŠticos (ESCO), os hotĂŠis, motĂŠis, estalagens, pensĂľes e restaurantes de dimensĂľes considerĂĄveis. Estas instalaçþes possuem necessidades elĂŠtricas e tĂŠrmicas relevantes e que ocorrem em simultâneo. Contudo, considera-se que os hotĂŠis e os motĂŠis serĂŁo as instalaçþes com maior potencial para sistemas de Cogeração, uma vez que as restantes apresentam necessidades reduzidas, quer em termos de eletricidade, quer no que diz respeito a calor. Estes dois tipos de necessidades dependem bastante do tipo de sistema de climatização existente, isto ĂŠ, os casos em que existe um sistema centralizado e os casos em que a climatização ĂŠ efetuada atravĂŠs de unidades individuais, uma vez que as curvas de carga serĂŁo distintas. Neste tipo de instalaçþes, os diagramas de carga sĂŁo substancialmente diferentes nos dias de verĂŁo e nos dias de meia-estação ou inverno. Relativamente ao consumo de eletrici de diferença de consumos, entre diferentes instalaçþes hoteleiras, em termos de ordem de grandeza, em função da dimensĂŁo (ĂĄrea e nĂşmero de quartos). Contudo, as curvas de carga apresentam geralmente uma forma se e do sistema de climatização existente. No que concerne Ă s necessidades tĂŠrmicas, estas relacionam-se sobretudo com a climatização. Considera-se que os hotĂŠis de 5 e 4 estrelas possuem toda a sua superfĂcie www.oelectricista.pt o electricista 41
climatizada. Neste âmbito, a situação dos hotÊis de 3 estrelas, bem como dos motÊis ! mente possuem parte da sua årea climatiza ! " # ainda, a mais recente associação do conceito SPA !
implica o aumento substancial das suas necessidades tÊrmicas. A maior parte destas instalaçþes Ê alimentada em MÊdia Tensão, o que pode por
vezes implicar um obstĂĄculo Ă implementação de algumas soluçþes de Cogeração de menor dimensĂŁo. Mais uma vez, o preço a que o abastecimento de gĂĄs natural ĂŠ negociado ĂŠ crucial para a economia do projeto. Se nĂŁo se obtiver uma tarifa de gĂĄs natural vantajosa, serĂĄ em princĂpio mais econĂłmico consumir eletricidade da rede, nos perĂodos com menores necessidades tĂŠrmicas, do que recorrer Ă produção prĂłpria de eletricidade [1].
exemplo de aplicação – hotelaria O hotel “Heathrow Marriottâ€? ĂŠ um hotel de luxo de grandes dimensĂľes, situado em Londres, no Reino Unido. Tem uma capacidade de 390 quartos, possuindo ainda uma piscina interior e um ginĂĄsio [4]. Foi instalado um sistema de Cogeração, no sentido de reduzir a fatura energĂŠtica da instalação. Trata-se de um motor a gĂĄs natural, com uma potĂŞncia elĂŠtrica de 400 kWe, com um perĂodo mĂŠdio de funcionamento diĂĄrio de 17 horas, com um rendimento global prĂłximo dos 80%. O calor ĂŠ produzido sob a forma de ĂĄgua quente e vapor, sendo usado no sistema de AQS, na climatização e na piscina [5]. Esta unidade de Cogeração permite uma Poupança de Energia PrimĂĄria (PEP) de cerca de 2,3 MWh/ano em termos de eletricidade, e uma PEP de aproximadamente 3,4 MWh/ano, na produção de calor. Isto traduz-se em poupanças anuais superiores a 55.000 ₏. A referida unidade assegura tambĂŠm uma redução de cerca de 2.500 t/ano nas emissĂľes de CO2. O investimento foi da ordem dos 500.000 ₏, com um perĂodo de retorno previsto de cerca de 9 anos. Entretanto, dado o sucesso desta implementação, o “Marriot Groupâ€?, empresa proprietĂĄria deste hotel, instalou mais 22 unidades de Cogeração similares, em outras unidades hoteleiras sob o seu controlo [4].
Figura 5 Sistema de Cogeração a gĂĄs natural, no Hotel “Heathrow Marriottâ€?, em Londres, Reino Unido [4].