A solução do conceito de qualidade e a sua aplicação no setor dos elevadores

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Dossier: qualidade

A Solução do Conceito de Qualidade e a sua Aplicação no Setor dos Elevadores Fernando Maurício Dias Departamento de Engenharia Eletrotécnica do Instituto Superior de Engenharia do Porto. Fundação Politécnico do Porto.

SUMÁRIO O conceito de Qualidade tem evoluído ao longo dos tempos. Atualmente a Qualidade desempenha um papel fundamental na sociedade em geral e nas organizações em particular. A nível da União Europeia a Qualidade temse tornado uma ferramenta de valorização das organizações que, as políticas comunitárias pretendem promover e reconhecer de forma a dotar as empresas, através de um processo de forte responsabilização, de novas competências que promovem a desburocratização e a autonomia em diversos processos.

Na prática uma das formas de "vermos" a

dade tenha sido a "ferramenta" adotada pela

qualidade é a satisfação de uma ou mais

União Europeia como fator determinante

necessidades implícitas ou explícitas por

para a aplicação das Diretivas que respei-

PALAVRAS CHAVE

parte do cliente. É importante ter atenção

tam os princípios da Nova Abordagem e

Qualidade, Sistema de Gestão da Qualidade,

ao facto que a Qualidade depende de fato-

Abordagem Global. A Diretiva Ascensores

Diretivas Comunitárias, Diretiva Ascenso-

res que, se forem alterados, podem modifi-

(95/16/CE) é um exemplo claro da inclusão

res, Nova Abordagem, Abordagem Global,

car a perceção de qualidade. Considerando

da Qualidade na aplicação da Diretiva.

Requisitos Essenciais de Segurança.

o exemplo da compra de um ascensor e, por exemplo, o preço é o fator limitativo, a exigência por parte do cliente relativamen-

2. BREVE ANÁLISE À EVOLUÇÃO HISTÓRICA

1. INTRODUÇÃO

te ao desempenho do produto não será a

DA QUALIDADE

Qualidade é uma palavra que todos estamos

mesma se não houver limites relativamen-

Tendo por base o conceito da Qualidade,

habituados a utilizar, no entanto, uma ques-

te ao preço.

podemos afirmar que o início da "Qualida-

tão se coloca: qual o seu significado, o que representa, como se mede, qual o seu custo.

de" remonta à existência do Homem dado No entanto, também existem definições

que este sempre procurou o que mais se

mais formais para o termo Qualidade. Nessa

adequasse às suas necessidades nas mais

Efetivamente, a palavra Qualidade tem um

perspetiva, nada melhor que a terminologia

variadas vertentes, fossem essas de ordem

significado muito amplo, logo, permite va-

dada pela Norma NP EN ISO 9000:2005 que

material, intelectual, social ou espiritual.

riadíssimas interpretações e adaptações

define qualidade como: Grau de satisfação

a diferentes contextos, por exemplo, fala-

de requisitos dados por um conjunto de ca-

No entanto, a qualidade mais próximo da

mos em qualidade de atendimento, qualida-

raterísticas intrínsecas.

que conhecemos hoje, pode-se dizer que

de do ar, qualidade de vida, qualidade de um

teve o seu início na revolução industrial em

produto, qualidade de um serviço prestado,

É esta particularidade de "grau de satisfa-

Inglaterra através do aparecimento das "fá-

entre outros.

ção de requisitos" que faz com que a Quali-

bricas" que comportavam ferramentas de

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elevare


Dossier: qualidade ses processos e à utilização da marca-

membros, visando garantir a segurança da

certificado não fazem uso das premissas

ção CE.

utilização dos ascensores e dos seus equi-

definidas no Módulo H, optando por aplicar

pamentos e eliminar obstáculos à sua livre

o Módulo G - Verificação por Unidade ou

circulação.

o Controlo Final. O principal argumento é

b) É generalizada a utilização da Norma Europeia relativas à Gestão da Qualidade (NP EN ISO 9001) e às exigências

o recurso a uma entidade terceira (Orga-

que devem satisfazer os organismos de

A Diretiva 95/16/CE estabelece um conjun-

nismo Notificado) para avaliar a conformi-

avaliação da conformidade que gerem a

to de disposições aplicáveis aos ascenso-

dade de todas as unidades colocadas em

garantia de qualidade;

res em todas as suas fases: conceção, fa-

serviço. No nosso mercado esta é uma po-

c) A criação de sistemas de acreditação e

brico, instalação, ensaios e controlo final.

sição ainda muito bem vista pelos donos de

o recurso a técnicas de intercompara-

A obrigatoriedade do cumprimento dos re-

obra dado que ainda está muito enraizado

ção são promovidos nos Estados-Mem-

quisitos essenciais estabelecidos é o ponto

o hábito das fiscalizações serem efetuadas

bros e a nível comunitário;

fulcral da Diretiva associado à metodolo-

por uma entidade terceira.

d) São promovidos acordos de reconheci-

gia de avaliação da conformidade que, por

mento recíproco em matéria de certi-

último, leva à imprescindível "marcação

ficação e de ensaios entre organismos

CE" para que, componente de segurança

5. CONCLUSÕES

que operem no domínio não regula-

ou ascensor, estejam aptos a estarem no

Do que foi dito é importante reter o fac-

mentar;

mercado.

to de que a Qualidade é algo fundamental

e) Os programas minimizam as diferenças

nos nossos dias, quer para o exterior das

das infraestruturas de qualidade exis-

A Diretiva Ascensores faz referência às

empresas (clientes) quer para o interior

tentes (nomeadamente, sistemas de

diferentes formas de avaliação da con-

(organização). A adoção de um Sistema

calibragem e metrologia, laboratórios

formidade dos ascensores e/ou dos seus

de Gestão da Qualidade, mais do que uma

de ensaios, organismos de certificação

componentes (módulos). A escolha do mó-

"moda" é uma ferramenta poderosa que a

e de inspeção e organismos de acredi-

dulo é da responsabilidade do fabricante/

gestão, bem formada e informada, pode fa-

tação) entre Estados-Membros e entre

instalador que deve selecionar aquele que

zer uso, potenciando todas as valências da

setores industriais;

melhor satisfaça a organização. Assim, há

sua organização.

Promoção do comércio internacional

módulos para avaliação da conformidade

entre a Comunidade e países terceiros,

de componentes: Exame «CE» de Tipo dos

A nova metodologia regulamentar da União

através de acordos de reconhecimento

Componentes de Segurança - Exame CE de

Europeia, assente em Diretivas, que visa a

recíproco e de programas de coopera-

Tipo (Módulo B); Anexo XI – Conformidade

quebra de barreiras à livre circulação de

ção e assistência técnica.

com o Tipo com Controlo por Amostragem

bens assenta em poucos mas criteriosos

(Módulo C) e há módulos para avaliação da

requisitos essenciais de segurança. A ava-

Um princípio fundamental da nova aborda-

conformidade de ascensores: Exame «CE»

liação da conformidade dos produtos é

gem é a limitação da harmonização legis-

de tipo do ascensor; Anexo VI - Controlo Fi-

uma escolha do fabricante/instalador, es-

lativa aos requisitos essenciais que são de

nal; Anexo VIII - Garantia de Qualidade dos

tando sempre suportada pela presença de

interesse público. Estes requisitos visam,

Produtos (Módulo E); Anexo IX - Garantia de

Organismos Notificados. A implementação

em especial, a proteção da segurança e da

Qualidade Total (Módulo H); Anexo X - Ve-

de um Sistema de Gestão da Qualidade de

saúde dos utilizadores (normalmente, con-

rificação por Unidade (Módulo G); Anexo XII

acordo com a NP EN ISO 9001, permite à or-

sumidores e trabalhadores) e abrangem,

- Garantia de Qualidade dos Produtos - As-

ganização ser mais autónoma em determi-

por vezes, outros requisitos fundamentais

censores (Módulo E); Anexo XIII - Garantia

nados processos de tomada de decisão, no

(por exemplo, a proteção da propriedade ou

de Qualidade Total (Módulo H); Anexo XIV

entanto, neste caso, autonomia é também

do ambiente).

- Garantia de Qualidade de Produção (Mó-

um forte sinal de responsabilidade.

f)

dulo D). Os requisitos essenciais são de aplicação obrigatória, destinam-se a proporcionar

A utilização de Sistemas de Gestão da

6. BIBLIOGRAFIA

e garantir um nível de proteção elevado e

Qualidade nos processos de avaliação de

[1]

devem ser aplicados em função dos riscos

conformidade previstos na diretiva pode

Gestão da Qualidade, Fabiano Schefer, Uni-

inerentes a um produto. Só os produtos que

ser encarado como benéfico para as em-

versidade Federal de Santa Maria, Cidade

cumpram os requisitos essenciais podem

presas, por exemplo, se uma empresa

ser colocados no mercado e entrar em

requereu a um organismo notificado da

[2] Diretiva 1995/16/CE do Parlamento Europeu

serviço.

sua escolha a avaliação do seu Sistema de

e do Conselho de 29 de junho de 1995 – Di-

Gestão da Qualidade segundo o Módulo H,

retiva Ascensores. Jornal Oficial das Comuni-

pode efetuar a avaliação da conformidade

Vantagens da Implantação de Sistemas de

Universitária, Camobi, Santa Maria, RS;

dades Europeias;

4.2. Diretiva Ascensores

do ascensor no final da sua instalação. No

[3] Guia para a Aplicação das Diretivas Elabora-

Em 29 de junho de 1995, a União Euro-

nosso mercado existe um número signifi-

das com Base nas Disposições da Nova Abor-

peia adotou a Diretiva 95/16/CE, relativa à

cativo de empresas que, embora possu-

dagem e da Abordagem Global, Bruxelas,

aproximação das legislações dos Estados

am o seu Sistema de Gestão da Qualidade

setembro de 1999.

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