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formação
ficha prĂĄtica n.Âş 34 prĂĄticas de eletricidade INTRODUĂ‡ĂƒO Ă€ ELETRĂ“NICA Manuel Teixeira e Paulo Peixoto ATEC – Academia de Formação
Os transĂstores de junção bipolar sĂŁo um dos componentes mais importantes da eletrĂłnica analĂłgica. Poderemos encontrĂĄ-los em vĂĄrias aplicaçþes como os amplificadores de sinais, amplificadores diferenciais ou drives de potĂŞncia. Nesta edição iremos analisar a constituição e as caraterĂsticas fundamentais dos transĂstores de junção bipolar.
11.2. PrincĂpio de funcionamento Considerando a Figura 88 os eletrĂľes livres na regiĂŁo N difundem-se atravĂŠs da junção e recombinam-se com as lacunas da regiĂŁo P. O resultado destas recombinaçþes corresponde a duas barreiras de potencial, como se pode observar na Figura 88. O potencial da barreira de potencial ĂŠ aproximadamente igual a 0,7 V a 25Âş C num transĂstor de silĂcio (0,3 V a 25Âş C num transĂstor de germânio).
N
CAMADA DE DEPLEĂ‡ĂƒO P
11. CaraterĂsticas dos TransĂstores junção bipolar (BJT)
CAMADA DE DEPLEĂ‡ĂƒO
11.1. Constituição
N
Como vimos, um transĂstor possui trĂŞs regiĂľes como ilustra a Figura 87. A regiĂŁo Ă esquerda chama-se emissor, a do meio designa-se por base e a da direita diz-se coletor. O transĂstor ilustrado ĂŠ um dispositivo NPN, porque existe uma regiĂŁo P entre duas regiĂľes N. Recorde-se que os portadores maioritĂĄrios sĂŁo os eletrĂľes livres no material tipo N e as lacunas no material tipo P. N
P
N
EMISSOR
BASE
COLETOR
Figura 88 Camadas de depleção ou barreiras de potencial.
Passamos de seguida a polarizar o transĂstor. A Figura 89 ilustra um transĂstor polarizado. A junção BE estĂĄ polarizada diretamente e a junção BC estĂĄ polarizada inversamente. emissor fortemente dopado exerce a seguinte função: emitir os seus eletrĂľes livres na base passar eletrĂľes emitidos do emissor para o coletor. Denomina-se coletor porque recolhe ou junta a maioria dos eletrĂľes a partir da base.
+
Figura 87 TransĂstor NPN.
RC
N
Os transĂstores tambĂŠm sĂŁo fabricados como dispositivos PNP. Um transĂstor PNP possui uma regiĂŁo N entre duas regiĂľes P. Como foi referido anteriormente, o emissor ĂŠ muito dopado, pelo contrĂĄrio, a base encontra-se pouco dopada. O nĂvel de dopagem do coletor ĂŠ intermĂŠdio, entre a forte dopagem do emissor e a fraca dopagem da
Ăľes. O transĂstor exibe duas junçþes: uma entre o emissor e a base – Junção BE, e outra entre o coletor e a base – Junção BC. O transĂstor ĂŠ constituĂdo como dois dĂodos refletidos entre si. www.oelectricista.pt o electricista 44
+
RB P
+
UCC –
+ UBB
UCE
UBE
N
– –
–
Figura 89 Polarização do transĂstor.
No instante em que se aplica a polarização direta à junção BE, os eletrþes no emissor ainda não entraram na região da base. Se a ten-
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prĂĄticas de eletricidade IE = IB + I C A corrente de base ĂŠ muito pequena quando comparada com as correntes de emissor e coletor, podemos inferir: >
IB << IC
IC E
As tensĂľes, alĂŠm do sĂmbolo U, tĂŞm dois Ăndices: o primeiro ĂŠ o do terminal sobre o qual a tensĂŁo ĂŠ medida e o segundo ĂŠ o terminal de referĂŞncia. Assim teremos: \ UCE â&#x20AC;&#x201C; tensĂŁo coletor â&#x20AC;&#x201C; emissor \ UCB â&#x20AC;&#x201C; tensĂŁo coletor â&#x20AC;&#x201C; base \ UBE â&#x20AC;&#x201C; tensĂŁo base â&#x20AC;&#x201C; emissor
Figura 94 Extrato da folha de dados do transĂstor BC 548 (NPN) onde se realça o ! " !FE).
Podemos ainda observar a seguinte igualdade:
Teste de conhecimentos n.Âş 11
UCE = UCB + UBE As tensĂľes contĂnuas de alimentação sĂŁo indicadas por repetição do Ăndice: UBB, UCC e UEE. No transĂstor NPN as tensĂľes e as correntes arbitradas sĂŁo positivas. No transĂstor PNP as tensĂľes e as correntes convencionais sĂŁo contrĂĄrias Ă s arbitradas.
UCB
IC
UCB
IB
" ; <&=
2
" ; <& =
3
" ; <& =
4
" ; &'&>1?=
5
" ; >1'?
IB UCE
UBE
IE
1
P2 Qual a polarização correta para que um transĂstor opere na regiĂŁo #$ @ G H
zona de operação.
IC
UCE UBE
P1 Sabendo que a corrente de base de um transĂstor bipolar de jun#$ % &'*
/1 ' ! "
6 o valor de:
IE
1
IE ; " JB=
2
IE ; " JB + IB=
3
IE ; JB - IC=
4
IE ; JB/IC=
5
IE ; JB/UC.
P3 W H
1& X ' Y a corrente do emissor Ê de 2 mA. Calcular os valores da corrente do coletor e do parâmetro _.
Figura 93 Sentidos convencionais das correntes e das tensĂľes.
11.4. Alfa ( _ ) e Beta ( ` ) O alfa - _ - representa a parte de corrente do emissor que chega ao
G ]$ ^ ^ H
a Corrente ContĂnua de emissor. Como a corrente de coletor ĂŠ quase igual Ă corrente de emissor, o valor de alfa em Corrente ContĂnua ĂŠ ligeiramente menor que 1. Por exemplo num transĂstor de baixa potĂŞncia o alfa ĂŠ tipicamente de 0,99. Num transĂstor de grande potĂŞncia, o valor tĂpico do alfa ĂŠ maior que 0,95. _=
P1 Resolução A måxima corrente direta que o semicondutor pode suportar em condiçþes de funcionamento normal Ê de 1 A (temperatura atÊ 75º C). Este valor encontra-se representado na folha de dados do componente.
IC IE
O alfa nĂŁo tem unidades, uma vez que ĂŠ dado pela divisĂŁo de duas grandezas com a mesma unidade S.I. O beta em Corrente ContĂnua ou tambĂŠm chamado de hFE (em anĂĄlise dos parâmetros h) dĂĄ-nos o ganho em corrente do transĂstor, uma vez que uma pequena corrente de base dĂĄ origem a uma corrente de coletor muito maior. O ganho de corrente constitui a principal vantagem de um transĂstor, tendo conduzido a inĂşmeros tipos de aplicaçþes. A relação da corrente de base e da corrente de coletor ĂŠ IC B que nos indica que a corrente de coletor ĂŠ igual Ă corrente de base multiplicada pelo ganho em corrente do transĂstor. Nos transĂstores de baixa potĂŞncia (abaixo de 1 W) o ganho em corrente ĂŠ tipicamente entre 100 e 300, podendo contudo variar para valores de 100 a 800. Os transĂstores de grande potĂŞncia (acima de 1 W) geralmente possuem ganhos de corrente de 20 a 100. www.oelectricista.pt o electricista 44
Solução do teste anterior (n.º 10)
P2 Resolução [ Y H
$ #$ de polarizar a junção BE diretamente, e inversamente a junção BC. Desta forma se aumentarmos a corrente que flui pela base (emissor-base) haverå um aumento na corrente que flui pelo coletor. Ou seja, podemos controlar a corrente vinda do emissor para o coletor agindo sobre a corrente da base. Como a corrente da base Ê muito pequena, basta aplicarmos uma pequena variação na corrente da base para obtermos uma grande variação na corrente do coletor.
Bibliografia do artigo Malvino (2000). PrincĂpios de EletrĂłnica (Vol. 1 e 2). McGraw-Hill (Sexta edição).