O eterno problema dos efeitos biológicos dos campos elétricosO electricista 4

Page 1

O eterno problema dos efeitos biológicos dos campos eléctricos O tempo passa e a memória esbate-se, mas é sempre útil recordar que há várias décadas atrás, antes do desenvolvimento das redes de transporte de energia eléctrica, com um enorme prejuízo para o desenvolvimento equilibrado das regiões e para a qualidade de serviço de alimentação eléctrica, não existia ligação eléctrica entre as diferentes regiões do país. Assim, se explica que no norte, mais rico em recursos hídricos com boas características para aproveitamentos hidroeléctricos, existisse excesso de produção de energia eléctrica e se incentivasse o consumo através de uma tarifa apelativa, ao passo que no sul, sem recursos similares, as populações viviam à míngua de energia eléctrica, o que, para além de não permitir a mesma qualidade de vida que existia no norte, impedia o estabelecimento de projectos industriais.

se estudar a fundo os efeitos biológicos da exposição a campos eléctricos de valor elevado.

A alteração política verificada no nosso país na década de setenta do século passado e a radiografia social que nessa altura foi feita à população portuguesa mostrou claramente a situação referida anteriormente. Clamou-se, por isso, pela necessidade de se desenvolver e ampliar a rede nacional de transporte de energia eléctrica de forma a permitir levar esse bem essencial a todas as regiões, possibilitando o seu desenvolvimento. Assim, à semelhança do que já se tinha verificado nos países mais desenvolvidos da Europa e do Mundo, ao longo de anos, investiu-se na elevação das tensões e no estabelecimento de inúmeros corredores de linhas eléctricas que percorrem o país em todas as direcções. Foi esse investimento, a par com a construção de novos centros de produção de energia eléctrica, que, por exemplo, permitiu que fossem criadas condições para o estabelecimento e florescimento da indústria hoteleira no Algarve.

Foram vários os países, de vários continentes, que se debruçaram sobre esse assunto e inúmeros os estudos, envolvendo populações mais ou menos alargadas, com características diferenciadas. Também no universo dos técnicos dos “trabalhos em tensão” foram feitos estudos estatísticos sobre a incidência de determinados efeitos. Não sei se se poderá afirmar da existência de uma conclusão comum a todos os estudos, mas o objectivo que perseguiam, que era a identificação objectiva de determinados efeitos, nunca foi conseguido, ou seja, nunca algum dos estudos mostrou haver uma relação directa entre a exposição aos campos eléctricos e um efeito sobre a saúde das populações estudadas, embora estatisticamente pareça haver um ligeiro aumento da incidência de determinadas doenças, mas que também poderá ser atribuído a outros factores, que não os campos eléctricos.

A necessidade de estabelecer e expandir uma rede de transporte de energia eléctrica, como forma de suporte do desenvolvimento equilibrado das diferentes regiões e de garantir uma boa qualidade de serviço, foi sentida por todos os países desenvolvidos. Consequentemente, surgiram novas técnicas e novas preocupações. A necessidade de garantir uma elevada continuidade de serviço na rede de transporte conduziu ao desenvolvimento de técnicas de trabalho de manutenção das linhas eléctricas sem as desligar do serviço, que constituem os designados “trabalhos em tensão”. Desde então, a necessidade de coabitação entre as populações e as linhas de alta e muito alta tensão, bem como o contacto físico entre os técnicos dos “trabalhos em tensão” e as linhas sob tensão, fez emergir a necessidade de

Apesar de cientificamente nada se ter provado, o facto é que a existência de um “campo” (eléctrico ou outro) implica a latência de energia num espaço físico. O que fará um sistema biológico com essa energia é uma questão cuja resposta depende certamente de variadíssimos outros factores. Curioso é notar a crescente desconfiança das populações relativamente a um equipamento (linhas aéreas) que sustenta o desenvolvimento das regiões quando, simultaneamente, se alheia dos efeitos que podem advir do facto de transportar consigo um equipamento emissor/receptor de ondas electromagnéticas, o telemóvel. Que razão haverá para isto? Será uma questão de tamanho? De moda? De desconhecimento? De manipulação da opinião pública?


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.