A certificação energética dos edifícios

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A Certificação Energética dos Edifícios Actualmente os países mais desenvolvidos já não defendem o desenvolvimento a qualquer preço, mas sim o desenvolvimento sustentável. De facto, o desenvolvimento só faz sentido se for compatível com a sobrevivência do nosso planeta e da diversidade biológica que o caracteriza. A sustentabilidade de que se fala compreende diferentes vertentes, uma das quais é a energética. Se, por um lado, não se pode falar de desenvolvimento, sem que isso implique

Custódio Dias (Director)

editorial

produção e consumo de energia, por outro, já se compreendeu que a produção massiva de energia, seja qual for a fonte primária de energia utilizada, acaba por ter um impacto negativo na sustentabilidade que se pretende. Por isso, actualmente, o conceito de eficiência energética está na ordem do dia, na medida em que por cada kW que não seja necessário consumir estaremos a dar um pequeno passo no

dos edifícios, aquando da construção, da venda ou do

bom sentido.

arrendamento dos mesmos, exigindo, ainda, que o sistema de certificação abranja igualmente os grandes edifícios

Habitualmente quando pensamos em eficiência energética

públicos e edifícios frequentemente visitados pelo público.

centramo-nos sobretudo no sector que detém os maiores consumos, que é o sector industrial. No entanto, há outros

Essa Directiva europeia só muito recentemente foi transposta

sectores onde a eficiência energética é necessária porque,

para a ordem jurídica nacional através da publicação do

embora cada consumidor por si possa não representar um

Decreto-Lei n.º 78/2006, de 4 de Abril (Diário da República-

enorme consumo, dado o número de consumidores

I Série-A), que também exprime a linha de orientação política

envolvidos, no conjunto representam uma grande quantidade

sobre eficiência energética presente na Estratégia Nacional

de energia consumida. Trata se dos edifícios e das suas

para a Energia, aprovada na resolução do Conselho de

necessidades energéticas, que são múltiplas (deslocamento

Ministros n.º 169/2005, de 24 de Outubro. O decreto-lei é

de cargas, aspiração, ventilação, aquecimento/ar

complementado pelo Regulamento dos Sistemas Energéticos

condicionado, iluminação, etc.).

de Climatização em Edifícios (RSECE Decreto-Lei n.º 79/2006, de 4 de Abril) e pelo Regulamento das Características

O espaço europeu globalizado em que nos integramos, que

de Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE Decreto-

dá pelo nome de União Europeia, é sensível aos problemas

Lei n.º 80/2006, de 4 de Abril).

apontados atrás e pretende ser o motor do desenvolvimento sustentável dos países que o integram. Assim, depois de

À primeira vista pode parecer que esta legislação nada tem

acções que visaram a melhoria da eficiência energética no

a ver com a actividade de um electrotécnico, contudo, numa

sector industrial, mais recentemente, tem dirigido a sua

perspectiva de maior abrangência de conhecimentos, será

atenção para o sector dos edifícios. Como consequência,

útil que quem actua na área da construção tenha um bom

em 16 de Dezembro de 2002, foi emanada a Directiva n.º

conhecimento da legislação, na medida em que nela estão

2002/91/CE, relativa ao desempenho energético dos edifícios,

envolvidos equipamentos como caldeiras, equipamentos de

que estabeleceu que os Estados membros da União Europeia

climatização, ventilação, etc.. Assim, aconselho todos os

devem implementar um sistema de certificação energética,

técnicos a informarem-se sobre o conteúdo e os preceitos

de forma a informar o cidadão sobre a qualidade térmica

da legislação referida.


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