DOSSIER
revista técnico-profissional
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o electricista TEMPER Portugal, S. A. lmelo@grupotemper.com
ITED: medir em digital Com a transição da tecnologia analógica a digital, a televisão, principal via de acesso à informação está a experimentar uma mudança a nível tecnológico, sem precedentes. Os meios técnicos processam o sinal de TV de modo praticamente digital desde a câmara até ao receptor. A digitalização do sinal de radiodifusão é uma realidade que está a ser aplicada a todos os sistemas de distribuição de televisão. Ao ponto de o actual regulamento de ITED (Infra-estruturas de Telecomunicações em EDifícios) destacar a obrigatoriedade de dotar a instalação da infra-estrutura necessária à captação e distribuição de sinais de televisão digital. Tradicionalmente o instalador estava acostumado a ajustar as instalações de televisão, medindo somente os níveis de sinais e guiava-se pela imagem de televisão. Deste modo, não é possível garantir uma correcta recepção da imagem em todos os casos e sob qualquer condição ambiental. E, muito menos, trabalhar com sinal digital. Com o sinal digital, o panorama muda radicalmente relativamente ao sinal analógico. Os sinais tratados não retornam discretos no tempo, só são possíveis dois valores, zero e um. A graduação analógica que permitia estabelecer valores intermédios de qualidade, desaparece. Em digital, passa-se num instante de máxima qualidade ao completo desaparecimento da imagem. Por este motivo, o controlo dos parâmetros da instalação converte-se num processo fundamental, cujas medições devem realizar-se com muita precisão a fim de evitar-se problemas posteriores. Neste artigo estabelecemos as medidas básicas a realizar para garantir a segurança de uma instalação de TV digital, utilizando um instrumento fundamental, um medidor de intensidade de campo. Em consequência das diferentes características dos meios de transmissão da modulação utilizados para transmitir o sinal digital, terrestre, satélite ou cabo, algumas medidas assumem maior importância do que outras.
CARACTERÍSTICAS DO SINAL DIGITAL Na televisão analógica, os parâmetros de imagem e de som represen-
tam-se por magnitudes analógicas de um sinal eléctrico. No mundo digital, esses parâmetros representam-se por números, é um sistema de base dois, ou seja, utilizam-se apenas dois dígitos, “0” e “1”. O processo de digitalização dum sinal analógico é feito por um conversor analógico/digital. A representação numérica, em bits, permite submeter o sinal de televisão a processos muito complexos, sem degradação da qualidade, oferece múltiplas vantagens e abre um vasto leque possibilidades de novos serviços no lar. Quando o processo de digitalização é aplicado a imagens em movimento, a quantidade de informação de “0” e de “1” é tão grande que é impossível pensar em envia-la como tal. O CCIR (Comité Consultivo Internacional de Radiocomunicações) estima que para ter um esquema de movimento analógico perfeitamente digitalizado, são necessários mais de 216 milhões de bit por segundo. Na sequência isto, era necessário reduzir a quantidade de informação sem afectar a qualidade da imagem, daí surgiu o standard MPEG (Motion Picture Expert Group). Para sinais de televisão, o standard de compressão denomina-se MPEG2. Os bits obtidos do processo de compressão da imagem, junto com outros dados auxiliares, integram-se num único fluxo de bits que permite a sua transmissão e posterior decomposição. Uma das diferenças do mundo digital do analógico, é a possibilidade de detecção e correcção de erros. Em analógico, as distorções sofridas pelo sinal traduzem-se em ruído e perda de qualidade do sinal. Em digital, as distorções provocam erros na detecção dos bits.