Utilização de energia: utilização racional de energia em instalações eléctricas industriais

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ARTIGO TÉCNICO

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o electricista

ARTIGO TÉCNICO

José António Beleza Carvalho Grupo de Investigação e Desenvolvimento da Electrotecnia e Investigação Aplicada (IDEIA) Departamento de Engenharia Electrotécnica - ISEP IPP - jabc@dee.isep.ipp.pt

utilização de energia {UTILIZAÇÃO RACIONAL DE ENERGIA EM INSTALAÇÕES ELÉCTRICAS INDUSTRIAIS}

A energia desempenha um papel fundamental em todas as actividades, nomeadamente nas actividades económicas, e no seu desenvolvimento. De uma forma particular, a energia eléctrica é o motor de toda a evolução e desenvolvimento que o mundo actualmente vive. Na realidade, ela está presente desde a mais pequena instalação eléctrica doméstica até à mais complexa instalação industrial, passando por qualquer sala de investigação científica. Actualmente, quer do ponto de vista do fornecedor quer do ponto de vista do utilizador, a energia eléctrica deve ser considerada como um bem de grande valor e, como tal, deve ser fornecida pelos primeiros com qualidade e pelos segundos ser utilizada com segurança e racionalidade. Alguns princípios gerais permitem gerir racionalmente a utilização de energia eléctrica nas instalações eléctricas industriais. A aplicação destes princípios, baseados em algumas regras simples, pode conduzir a dois tipos de situações. A economias reais de energia, que se repercutem nas facturas a pagar e, no plano nacional, em disponibilidades eléctricas suplementares utilizáveis para substituir, em outras utilizações, os hidrocarbonetos que são importados, ou a uma ligeira redução das facturas mensais, sem verdadeiras economias de energia, mas traduzindo-se à escala do país, em economias sobre os escalões de produção mais onerosos, principalmente na produção de energia durante as horas de ponta. Qualquer que seja o resultado que se pretende atingir, o princípio fundamental consiste em conhecer e, portanto, em medir o consumo de energia eléctrica, gerindo-a como uma matéria-prima.

1› VIGIAR OS CONSUMOS DE ENERGIA ELÉCTRICA A vigilância dos consumos pode ser assegurada globalmente, pela análise regular das facturas do fornecedor de energia, que chegam mensalmente. Para os fornecimentos em média tensão e baixa tensão especial deverá atender-se aos consumos de energia activa e reactiva. Para os fornecimentos em baixa tensão apenas aparece a energia activa consumida. Este simples acompanhamento permite detectar e combater os aumentos anormais de consumo, que não podem ser confundidos com certas evoluções normais ligadas às estações do ano, às temperaturas exteriores particularmente rigorosas, a modificações de actividade, etc. As anomalias mais comuns nas instalações eléctricas industriais, são as seguintes: › mau funcionamento de regulações ou automatismos; › esquecimento de desligar receptores; › consumos abusivos; › fugas de ar comprimido;

› ausência ou perda de capacidade de condensadores; › forte penetração de componentes harmónicas. A periodicidade da factura de energia é, por vezes, insuficiente para permitir reacção a estas anomalias em tempo útil, sendo necessário efectuar directamente leituras de contadores, semanalmente ou até, diariamente. Quando a instalação eléctrica industrial é bastante complexa, a localização das anomalias impõe que se ultrapasse o estádio da vigilância global do consumo. Para isso, deve-se colocar contadores parcelares (de energia activa e reactiva, se for caso disso) a montante dos diversos postos de consumo, quer por secção, quer por máquina. Durante as horas em que a rede eléctrica nacional está mais carregada, o produtor de energia eléctrica é obrigado a pôr em serviço todas as centrais disponíveis, incluindo as que apresentam elevados cus-


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