iluminação interna: conceitos e métodos

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DOSSIER 66

revista técnico-profissional

o electricista Engº. José Mota CLIMAR - Indústria de Iluminação, S.A.

iluminação interna: conceitos e métodos

1› INTRODUÇÃO A iluminação nos dias de hoje representa já 20% do consumo de energia eléctrica global, sendo este valor mais acentuado nos edifícios destinados a serviços, como por exemplo hospitais, escolas, edifícios de escritórios entre outros. Como grande parte da iluminação existentes nestes edifícios é iluminação fluorescente, neste trabalho vamo-nos debruçar mais sobre este tipo de iluminação. Apesar disto, é também no sector das lâmpadas fluorescentes que há mais oferta de tecnologias com elevados níveis de eficiência. É nossa intenção apresentar aqui algumas dessas tecnologias.

2› LUMINÁRIAS A função principal das luminárias é alojar as lâmpadas e os seus acessórios e controlar com eficácia a emissão de luz. O rendimento de uma luminária é avaliado da seguinte forma:

Do ponto de vista da eficiência energética, as luminárias são o factor mais importante

pois, independentemente de usarmos ou não uma lâmpada eficiente, se o rendimento da luminária for baixo vamos necessitar de muito mais luminárias para obter o mesmo nível de iluminação. Assim, a escolha da luminária em função da aplicação é também um factor muito importante do ponto de vista da eficiência energética. Guias importantes no projecto de iluminação: › Analisar as especificações em termos de dificuldade, duração e crítica sobre a localização, para determinar a iluminação necessária em todo o espaço, tendo em atenção as diferenças visuais entre pessoas devido à idade e a outros factores. › Desenhar a iluminação de modo a proporcionar a iluminação pedida e de acordo com as recomendações correntes. › Seleccionar as lâmpadas mais eficientes e apropriadas para o tipo de iluminação especificada, tendo em atenção a necessidade de uma cor específica para o ambiente e da restituição de cor necessária. › Seleccionar armaduras para essas mesmas lâmpadas, em que o seu equipamento seja o mais eficiente possível, tenham distribuição de luz e características apropriadas para as necessidades e para o meio, e que não provoquem desconforto ou reflexões. › Utilizar as superfícies reflectoras no espaço a iluminar de modo a que haja melhor eficiência global de todo o sistema de iluminação. › Integrar a iluminação com os sistemas de aquecimento e ar-condicionado de modo a que sejam todos activados de acordo com as condições climatéricas e de modo a reduzir energia para o aquecimento e arrefecimento. › Elaborar um sistema de iluminação flexível de modo a que alguns circuitos possam ser desligados e a quantidade de iluminação reduzida, quando não é necessária. › Coordenar - quando apropriado e quando o espaço o permite - a luz natural com a iluminação artificial, mas assegurando que isto não introduz escuridão ou outro brilho desequilibrado no ambiente. › Estabelecer um adequado programa de manutenção de modo a haver uma limpeza periódica das luminárias e da superfície da sala e uma substituição das lâmpadas.


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ILUMINAÇÃO 71

Este sistema anexado a um sistema de detecção de presenças, permite uma racionalização de energia elevada que proporciona uma diminuição na factura de energia.

6› TABELA DE EFICIÊNCIA DOS DIVERSOS APARELHOS DE ILUMINAÇÃO Como o objectivo deste trabalho era falar sobre iluminação interior em edifícios de serviços, e uma vez que a maior percentagem de lâmpadas aplicadas nestes são lâmpadas fluorescentes, neste quadro iremos estudar mais detalhadamente o rendimento luminoso de luminárias para lâmpadas fluorescentes, assim como a sua eficiência energética (Potência luminosa/ Potência Absorvida). O rendimento global será o fluxo luminoso emitido por cada luminária por unidade de potência absorvida (Lm/ VA).

DESCRIÇÃO

RENDIMENTO

EFICIÊNCIA

RENDIMENTO GLO-

LUMINOSO

ENERGÉTICA

BAL NA LUMINÁRIA

Armadura Encastrar 4x18 Reflector Termolacado

58.87 %

29,67 lm/VA

17,46 lm/VA

Armadura Encastrar 4x18 Reflector Plano em Alumínio Mate

64,56 %

29,67 lm/VA

19,15 lm/VA

Armadura Encastrar 4x18 Reflector Plano em Alumínio Brilhante

65,55 %

29,67 lm/VA

19,44 lm/VA

Armadura Encastrar 4x18 Reflector Parabólico em Alumínio Mate

61,87 %

29,67 lm/VA

18,35 lm/VA

Armadura Encastrar 4x18 Ref. Parabólico em Alumínio Brilhante

66.20 %

29,67 lm/VA

19,64 lm/VA

Arm. Encastrar 4x18 Ref Par Alu Brilhante Balastro electrónico

66.20 %

75 lm/VA

49,65 lm/VA

Armadura Encastrar 4x14 (T5) Parabólico em Alumínio Brilhante

67 %

85,71 lm/VA

57,43 lm/VA

Armadura Encastrar 3x36 Compactas Refl. Par. Alumínio Mate

65,77 %

32,22 lm/VA

21,2 lm/VA

Armadura Encastrar 2x36 Iluminação Indirecta

35,05 %

31,86 lm/VA

11,16 lm/VA

Arm. Encastrar 2x36 Iluminação Indirecta Balastro Electrónico

35,05 %

80,55 lm/VA

28,23 lm/VA

Armadura tipo Régua 2x36

98 %

36,81 lm/VA

36,07 lm/VA

Armadura Indústrial Reflector Termolacada 2x36

78 %

36,81 lm/VA

28,71 lm/VA

Armadura Indústrial Reflector Alumínio 2x36

83 %

36,81 lm/VA

30,5 lm/VA

Armadura Indústrial Reflector Alumínio 2x36 Bal. Electrónico

83 %

93,05 lm/VA

77,23 lm/VA

Armadura Estanque 2x36 (Difusor em Policarbonato)

70 %

36,81 lm/VA

25,77 lm/VA

Pela a análise do quadro acima apresentado, facilmente podemos concluir que a inclusão do balastro electrónico em vez do balastro convencional permite uma maior eficiência por parte da luminária, no entanto este melhor desempenho tem um custo adicional, uma vez que o custo do balastro electrónico é muito superior ao do balastro convencional (15 vezes superior), no entanto em aplicações onde as luminárias estão em funcionamento 8 horas por dia este investimento extra é recuperado ao fim de um ano e meio.

7› RESUMO Nos dias de hoje a iluminação representa uma boa parte do consumo em energia eléctrica. Este facto acentua-se em edifícios do sector terciário, onde grande parte da iluminação é fluorescente. A iluminação fluorescente é hoje o sector da iluminação com o maior número de tecnologias disponíveis, precisamente devido a ser aquele onde existe uma maior procura, levando assim a uma maior aposta por parte dos fabricantes na investigação e desenvolvimento. Estas diferentes tecnologias têm sempre como principal objectivo a diminuição dos custos com a iluminação, desenvolvendo lâmpadas que dêem mais luz consumindo menos e que

que durem mais tempo (diminuir custos de manutenção). Uma iluminação eficiente proporciona elevadas reduções na carga total da iluminação, estas reduções dependem muito das tecnologias aí aplicadas. É uma questão de economia, de poupança. Neste caso interessa que o consumidor/cliente consuma menos, racionali-ze o consumo de energia, ao mesmo tempo que tira partido dessa gestão. Este tipo de gestão tem vantagens, quer para o consumidor, quer para o produtor de energia. Para o consumidor é óbvio que consumir menos e manter a produtividade é vantajoso. Para o produtor, é estranho fazer este tipo de campanha perto do consumidor. O que se passa é que numa sociedade sustentada convém manter as condições de produção. É vantajoso manter a produção e conseguir satisfazer mais clientes. Isto porque a energia tem um preço bastante elevado (petróleo, carvão, gás, etc.), os recursos naturais são esgotáveis e a poluição tem o seu preço. Satisfazer um número mais elevado de clientes sem ter que investir em infra-estruturas de produção é por si uma grande vantagem.


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