44
dossier de telecomunicações
os novos manuais ITED e ITUR Paulo Mourato Mendes1 ANACOM
As novas edições dos Manuais ITED e ITUR já por aí andam! Mas afinal o que trazem de novo? Quais os desafios técnicos que estas edições trazem às atividades dos nossos projetistas e instaladores? A 3.ª edição do Manual ITED (ITED3), entrou em vigor no dia 8 de setembro de 2014. A 2.ª edição do Manual ITUR (ITUR2) entrou em vigor no dia 26 de novembro de 2014. Foi aprovado pela ANACOM um período transitório, até ao último dia de 2014, durante o qual são considerados igualmente válidos os projetos efetuados ao abrigo do ITED2 e do ITUR1. Relembro que a data que se considera válida é precisamente aquela em que o projeto entra na Câmara Municipal. É muito importante salientar que estas prescrições e especificações técnicas são consideradas mínimas, pelo que são igualmente consideradas válidas regras tecnicamente mais evoluídas, desde que estejam rigorosamente de acordo com as Normas Europeias aplicáveis, nomeadamente com aquelas que destaco como as mais importantes, ou seja, as EN 50173, EN 50174, EN 50310 e EN 50346. Esta consideração é uma pedra basilar na constituição destes Manuais, dado que não ficam limitados por constrangimentos técnicos que possam surgir na fase de projeto das infraestruturas de telecomunicações, normalmente dependentes do tipo de edifício ou das necessidades do dono da obra. Sob o ponto de vista estético, mas com um reflexo direto na leitura e compreensão destes Manuais, sobressai uma organização dos capítulos muito idêntica aquela que foi originalmente concebida, e bem aceite, para a 1.ª edição do ITED.
O ITUR2 não apresenta grandes alterações técnicas para a 1.ª edição desse mesmo Manual, sobressaindo um maior cuidado na organização das regras e na implementação de redes de fibra ótica. Vou focar a minha atenção no ITED3, esse apresenta alterações relevantes face às anteriores edições. Mas não existe qualquer motivo para alarme, mesmo que ainda não tenham estudado a fundo este Manual! O ITED3 é mais simples do que o ITED2, e existe um fenómeno interessante de retrocompatibilidade, que faz com que um projeto de ITED3 possa ser idealizado com base no ITED2 embora, nesse caso, a instalação fique bem mais dispendiosa. A minha primeira recomendação é que leiam o ITED3, não ficando à espera da formação de atualização nessa matéria que, como sabem, para além de ser obrigatória, pode ser feita até julho de 2016. Analisemos com mais detalhe, e a título de exemplo, as modificações que nos traz o ITED3 na instalação de infraestruturas de uma moradia unifamiliar. É sempre um bom exemplo, dado que 65% dos edifícios construídos em Portugal continua a ser deste tipo. Logo à partida vemos definido, com muita clareza, as dimensões mínimas da CVM, que como sabem é obrigatória: 30 x 30 x 30 cm. A CEMU, não sendo de instalação obrigatória, não deixa de ser uma boa caixa para a passagem de cabos de operador, pelo que recomendo a continuação da sua instalação. E aqui aparece a primeira grande alteração: deixou de ser obrigatória a instalação de qualquer tipo de cabos até ao ATI. No ITED1, na ligação CEMU-ATI, era obrigatória a passagem de um cabo de pares de cobre e de um cabo coaxial. No ITED2 só se considerou os pares de cobre e agora, nesta última edição, a cablagem das moradias unifamiliares inicia-se no ATI, sendo este o ponto de ligação dos operadores. E é a partir do ATI, considerando agora as redes individuais do tipo residencial, que surgem mais alterações, de onde destaco a eliminação do número mínimo de tomadas de pares de cobre, que passa novamente a uma por divisão, tal como o era no ITED1. Deixou de ser obrigatória a instalação de tomadas de fibra ótica, embora seja obrigatória a reserva de espaço de tubagem, a partir do ATI, para a instalação futura de tomadas, na zona da ZAP. Existem recomendações europeias e uma alteração do paradigma da construção, aos quais a ANACOM esteve muito atenta, reforçando o seu papel de regulador nestas matérias. Foi feito um esforço acrescido na criação de regras técnicas que pudessem ajudar, na prática, o trabalho dos projetistas e dos instaladores, nomeadamente na reabilitação de edifícios já construídos. E é aqui que surge um capítulo do ITED3 denominado ITED3a – ITED adaptado. Vejamos então como funciona, considerando sempre que se trata da reabilitação de edifícios já construídos: • Edifícios e fogos do tipo residencial – aplicação do ITED3a; • Edifícios e fogos do tipo não residencial – aplicação do ITED3 para edifícios novos; • Edifícios mistos – aplicação do ITED3a na zona coletiva e os fogos de acordo com o seu tipo.
Paulo Mourato Mendes é Engenheiro Eletrotécnico, do ramo de Telecomunicações e Eletrónica, do IST. É um quadro superior da ANACOM desde 1991, onde acompanha os grupos de trabalho e comissões técnicas, nacionais e internacionais, que desenvolvem a Normalização Europeia em comunicações eletrónicas. Para além das funções de fiscalização, foi o coordenador técnico das edições dos Manuais ITED e ITUR. www.oelectricista.pt o electricista 50
FIGURA 1