Conceitos gerais de subestações

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dossier sobre alta tensão

conceitos gerais de subestações Manuel Bolotinha* Engenheiro Electrotécnico – Energia e Sistemas de Potência (IST – 1974) Membro Sénior da Ordem dos Engenheiros Consultor em Subestações e Formador Profissional

1. Considerações gerais As Subestações destinam-se a elevar os valores da tensão, quer nas centrais de produção de energia quer nas redes de transmissão de energia (designadas por redes primárias) – recebendo o nome de “subestações elevadoras” – e a baixar os valores da tensão, quer igualmente na rede primária, quer nas redes de distribuição – recebendo neste caso o nome de “subestações abaixadoras”. A variação dos valores da tensão é realizada pelos transformadores. Designando os níveis de tensão por MAT (Muito Alta Tensão), AT (Alta Tensão) e MT (Média Tensão), ter-se-á: • Subestações elevadoras: MT/AT; MT/MAT; MAT/MAT. • Subestações abaixadoras: MAT/MAT; MAT/AT; AT/MT. Em Portugal as Subestações MAT/MAT e MAT/AT são propriedade da REN, enquanto as Subestações AT/MT são propriedade da EDP. Existem situações em que, no mesmo local das subestações MAT/AT, existem painéis AT pertencente à EDP, quando este concessionário alimenta directamente em AT clientes industriais que necessitam de um valor elevado de potência a alimentar. Nas Subestações MAT/MAT e MAT/AT existem igualmente instalações MT, destinadas à alimentação do(s) Transformador(es) dos Serviços Auxiliares de Corrente Alternada. Em Portugal, o projecto e a construção de subestações obedecem ao estipulado no Regulamento de Segurança de Subestações e Postos de Transformação e Seccionamento (RSSPTS) e às Normas Portuguesas (NP e NP EN) e internacionais, designadamente às IEC (International Electrical Commission).

2. Tensões de serviço A classificação dos níveis de tensão difere de país para país, razão pela qual devem ser referidos os valores das tensões normalizadas, de acordo com a Norma IEC 60038, que correspondem aos valores máximos de tensão suportados pelos equipamentos e que se indicam na Tabela seguinte. TABELA 1. TENSÕES NORMALIZADAS.

Nível de tensão

Tensão mais elevada (kV ef)

BT

MT

AT MAT ou AT

MAT

Ao choque atmosférico (kV pico)

≤ 1 (AC) ≤ 1,5 (DC)

≤2

≤ 12

3,6

10

40

7,2

20

60

12

28

75

17,5

38

95

24

50

125

36

70

170

52

95

250

72,5

140

325 550

123

230

170

325

750

245

395

950

300

460

1050

420

630

1425

550

740

1675

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3. Equipamentos de alta tensão Os equipamentos AT das subestações são os seguintes: • Disjuntores; • Seccionadores; • Transformadores de Potência; • Transformadores de Intensidade (TIs); • Transformadores de Tensão (TTs); • Descarregadores de sobretensões (DSTs); • Reactâncias de Neutro e de Limitadoras de curto-circuito; • Condensador de Acoplamento e Bobina Tampão; • Isoladores de Apoio; • Barramentos e ligadores.

4. Outras instalações das subestações Para além dos equipamentos AT existem também nas subestações os seguintes equipamentos e sistemas: • Equipamento de Média Tensão; • Caminhos de Cabos; • Cabos de Potência, Comando e Controlo; • Rede de terras (subterrânea e aérea); • Serviços Auxiliares de Corrente Alternada (transformador; grupo de emergência; quadros eléctricos); • Serviços Auxiliares de Corrente Contínua (bateria e carregadores; quadros eléctricos); • Sistema de Comando, Controlo e Protecção (SCCP); • Instalações Complementares dos Edifícios (iluminação, tomadas de usos gerais, climatização, entre outros); • Instalações Eléctricas Exteriores.

Tensões suportáveis mínimas 50 Hz, 1 m (kV ef)

Texto escrito de acordo com a antiga ortografia.

Os valores adoptados em Portugal são os seguintes, sendo Us a tensão de serviço: • MAT: Us ≥ 110 kV (150 kV; 220 kV; 400 kV) • AT: 45 kV ≤ Us < 110 kV (60 kV) • MT: 1 kV < Us < 45 kV (6 kV; 10 kV; 15 kV; 30 kV) • BT: Us ≤ 1 kV (0,4/0,23 kV)

5. Configurações de subestações As configurações habituais das subestações são as seguintes: • Barramento simples; • Duplo barramento, com ou sem inter-barras; • Duplo barramento com inter-barras e seccionadores de bypass; • Disjuntor e meio; • Triplo barramento. As Figuras 1 a 4 mostram as diversas configurações. A simbologia dos equipamentos representados nas Figuras está de acordo com a Norma IEC 60617. A escolha da configuração de qualquer subestação é normalmente feita pela entidade exploradora da instalação, tendo em atenção o modo de exploração da rede em que a subestação se integra e os critérios adoptados para a continuidade e qualidade do serviço. Numa mesma subestação podem existir várias configurações diferentes, uma por cada nível de tensão.


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Com esta configuração, a mudança de barramento é feita sem perder a continuidade do serviço, e é possível distribuir os painéis por ambos os barramentos com o objectivo de minimizar o número de painéis que possam ficar fora de serviço em caso de actuação da protecção de barras.

Quando se pretende realizar a manutenção da totalidade de um painel sem interrupção de serviço utiliza-se a configuração de “triplo barramento”, em que o painel é totalmente colocado em bypass. Nesta configuração, utilizada nas instalações MAT, só é possível colocar um painel de cada vez em bypass.

6. Tipos construtivos MÓDULO LINHA–LINHA

MÓDULO TRANSFORMADOR– –LINHA

MÓDULO TRANSFORMADOR– –TRANSFORMADOR

MÓDULO AUTOTRANSFORMADOR– –LINHA

LINHA 2

LINHA 2

TRANSFORMADOR 2

LINHA 2

MÓDULO TT/ST

B2

As subestações MAT E AT são, na generalidade, instaladas no exterior (parque exterior), sendo o equipamento com excepção dos transformadores montado em estruturas metálicas. A ligação das linhas é aérea, terminando no pórtico de amarração de linha. Nas subestações existem, fundamentalmente, os seguintes tipos de painéis, compostos principalmente pelos equipamentos de protecção (disjuntores), isolamento (seccionadores), medida (transformadores de tensão e de intensidade) e descarregadores de sobretensões: • Painel(eis) de Linha; • Painel(eis) de Transformador; • Painel de Inter-Barras e/ou Tensão de Barras e/ou Seccionador de Terra de Barras e /ou Seccionador de Bypass; • Painel de Bateria de Condensadores); • Painel(eis) de Reactâncias de Neutro e/ou Limitadoras de Curto-circuito. Na Figura 5 representa-se a disposição do equipamento numa subestação.

B1

LINHA 1

TRANSFORMADOR 1

TRANSFORMADOR 1

AUTOTRANSFORMADOR 1

FIGURA 3. DISJUNTOR E MEIO.

Quando se pretende obter uma maior fiabilidade na rede e uma redução de custos, principalmente de manutenção, é normalmente utilizada a configuração de “disjuntor e meio”.

LINHA

AUTOTRANSFORMADOR

TRANSFORMADOR LADO SECUNDÁRIO

IB/BP/TT/ST

B3

B1 B2

TRANSFORMADOR LADO PRIMÁRIO

FIGURA 4. TRIPLO BARRAMENTO.

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FIGURA 5. DISPOSIÇÃO DE EQUIPAMENTO NUMA SUBESTAÇÃO.

Os equipamentos MT são instalados normalmente no interior.


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