Filmes Feitas à Mão - 3

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GUIA PRÁTICO PARA FAZER SEUS PRÓPRIOS FILMES + CONHEÇA OS FILMES FEITOS EM CONTAGEM

FIlmes Feitos à mão Organizando as Filmagens no roteiro



Olá leitor, Já pensou como são feitos os filmes? E que tal fazer um filme? Este livreto vem com dicas simples para te ajudar a fazer o seu próprio filme com o que você tem em mãos. Com o objetivo de incentivar a produção de filmes amadores e independentes, este volume contém dicas sobre como começar a fazer um filme de forma simples, sem dinheiro, sem curso, e até mesmo sem equipamento. Quem não tem um amigo ou parente que possa emprestar uma câmera ou um celular que filma, não é mesmo? Este livreto foi idealizado pelo projeto Cine Sem Churumelas por acreditar na importância da produção audiovisual caseira. É começando a filmar na sua casa e seus amigos que nascem os grandes cineastas. E mesmo para aqueles que não almejam chegar às telonas fazer um filme é uma ótima maneira de compartilhar histórias com amigos e se expressar. Neste volume falaremos do Roteiro! Nas grandes produções o roteiro segue normas e técnicas um pouco complexas, mas você pode criar sua forma de fazer um roteiro sem se preocupar muito. Este segundo volume apresenta dicas e sugestões sobre como fazer um roteiro, seu processo criativo e organização. Também conta com uma entrevista com Jennifer Candeias, atriz e artista visual da cidade de Contagem, que fala um pouco sobre o processo de criação do seu filme Cidade Fantasma. A equipe 2016


Começando a

O roteiro é onde você vai colocar as ideias do seu filme e organizá-las para a filmagem. Existem várias formas de começar a escrever um roteiro, tudo depende do filme que você quer fazer. Dividimos em etapas simples para você começar:


fazer um roteiro

1º Faça uma lista de ideias para roteiro. Elas podem surgir de uma música, de um texto que você escreveu, de alguma situação que você viveu, pode ser sobre alguém que você conhece ou sobre um lugar. Então vamos lá, escolha sobre o que você quer falar no seu filme. 2º Escolha uma das ideias da lista e desenvolva imaginando tudo que pode acontecer nesse filme. Neste momento não se preocupe muito, escreva da maneira mais fácil para você. 3º Agora é a hora de organizar tudo para as filmagens. Comece escolhendo os lugares e as pessoas que você vai filmar, depois os dias, os horários, os cenários, os objetos, os figurinos, os diálogos, e tudo mais que fará parte do filme.


Colocar as ideias no papel é sempre bom, não apenas para fazer um filme, mas para qualquer tipo de arte. O roteiro é o seu guia de filmagens, nele você terá as informações do filme, dos atores, os planos de filmagem, os detalhes e a sequência das cenas. É uma forma de organizar as ideias para desenvolver o tema e depois iniciar as filmagens. Ao criar um roteiro deixe livre sua criatividade! Para algumas pessoas as primeiras tentativas de fazer esse exercício pode parecer um pouco difícil, mas essa sensação logo desaparece quando persistimos. Não desista! Escrever é simples e divertido, experimente, você vai s e s u r p r e e n d e r.

Tipos de roteiros! Va m o s apresentar alguns tipos de roteiro mais comuns, mas lembre-se que você pode, e deve, fazer um roteiro do seu jeito, sem churumelas, inventando sua forma de e s c r e v e r e s e o r g a n i z a r.


Roteiro de Ficção Para fazer uma ficção o roteiro pode ser um pouco trabalhoso. Ele se divide em sinopse, argumento e roteiro final. 1 - SINOPSE: A sinopse é um texto curto em que o filme deve ser contado de forma simples e rápida. Escreva um resumo do seu filme, curto e claro, entre 05 e 15 linhas, sem muitos detalhes, apenas a ideia que você teve. A sinopse tem a função de explicar rapidamente o que vai acontecer no filme, isso ajuda na hora de avisar ao pessoal da rua qual é o filme que você está fazendo. 2 – ARGUMENTO Reescreva a sinopse, mas desta vez, colocando detalhes da história, as informações dos personagens, os lugares onde acontecem as situações. Aqui é hora de escrever o filme como você quer que ele seja, detalhando cada sequência. 3 - ROTEIRO FINAL Agora é hora de dividir tudo em planos, cenas e sequências escrevendo os diálogos, os lugares, o horário que vai ser filmado e todos os detalhes. No roteiro final, você deve colocar tudo que será exibido no filme. Para descrever as situações no filme tenha atenção para não escrever o que o personagem está pensando ou sentindo e sim o que ele irá expressar através da imagem e do som. Veja como fazer neste modelo: Cena XX (ambiente/ locação) (luz do ambiente) (Descrição do ambiente) (Descrição da ação) (nome do personagem) (rubrica) (fala) (descrição da ação) (efeito de transição) Agora, vamos ver um exemplo com as informações preenchidas:


CENA 13 Casa de Maria – sala interna/dia A sala é pequena e tem poucos móveis. Um sofá velho e uma mesinha de centro. Maria está sentada no sofá lendo uma revista, Jorge entra pela porta e os dois se olham. Maria fecha a revista. JORGE Ei Maria, tudo bem? MARIA (tímida) É... Eu... oi. JORGE (brincalhão) O que foi Maria? Não precisa ter vergonha. Maria abre a revista e abaixa a cabeça. JORGE Você é muito bobinha, Maria! Jorge sai da sala sorrindo descontraidamente. Maria joga a revista no chão. CORTA PARA: E assim continua a história na Cena 14.

Roteiro para Documentário Em qualquer tipo de roteiro para documentário é bom que você faça uma pesquisa bem bacana sobre o assunto mesmo que o seu filme seja sobre sua família, sobre seu trabalho ou qualquer outro tema. Também é muito importante que o espectador tenha o prazer da descoberta. Leve-o por caminhos de investigação, apontando fatos positivos e negativos da história. Aqui vão algumas possibilidades de documentário: 1. Alguma história que você gosta.


2. A biografia de alguém, por exemplo da sua avó 3. Um evento, como uma festa folclórica. 4. Um tema sobre a sua cidade, como a situação do transporte ou educação. Se a sua ideia for um documentário que registra a vida real, você vai ter surpresas e pouca possibilidade de controle do que será gravado. Caso seja algum evento que vai acontecer só uma vez, por exemplo, você não poderá voltar ao local para refilmar uma cena. Preste atenção a tudo o que acontece, selecione mentalmente o que é importante e grave! Em todos os casos você vai precisar usar suas habilidades cinematográficas. Para começar a pesquisa você pode fazer entrevistas, visitar os locais de filmagem, pesquisar materiais impressos e gravados e deve organizar tudo através do Tratamento. O Tratamento O Tratamento serve pra você esboçar uma idéia geral do documentário. Nele você irá colocar o conteúdo, o estilo (investigativo, suspense, romântico), o que deve ser filmado, o assunto, além das pessoas, lugares, os eventos e outros. Claro tudo na medida do possível pois no tratamento você irá colocar sua ideia no papel de um jeito simples. ÍTENS DO TRATAMENTO Proposta do Filme Aqui na proposta você conta o tema e a importância de filmar esse assunto. Abordagem Nesta parte você vai eleger tudo o que vai filmar e qual a sua intenção ao fazer esse filme. Como vão ser essas filmagens - em forma de entrevistas, acompanhando o dia de uma pessoa, registrando um evento? Também escreva a ordem das imagens no seu plano de filmagem, ou seja, o que vai filmar primeiro, e depois, e depois. Conteúdo Faça um levantamento de tudo o que irá aparecer. Aqui você deve incluir: fotos, trechos de jornais, revistas, documentos, filmes, programas de tv, arquivos de som etc. Se você já fez a pesquisa e gravou entrevistas elas entram aqui. Não se esqueça de mencionar também as pesquisas de campo: as locações de filmagem, diálogos e conversas.


No geral, em um roteiro de documentário, primeiro você apresenta o tema de forma simples e depois você questiona algo sobre ele (o tema); ou ainda mostra alguma coisa surpreendente sobre o assunto para criar interesse. Agora desenvolva mostrando fatos, documentos, entrevistas, fotografias, reprodução de cenas, e outros materiais que achar importante (por isso é bom ter uma pesquisa antecipada). Você também pode incluir os conflitos, as dificuldades, e coisas legais que aconteceram durante a pesquisa/filmagem. Uma maneira de concluir é mostrando a solução do conflito, como o desvendar de uma situação misteriosa. Você também pode deixar uma pergunta em aberto, criando uma certa tensão. E uma dica importante: tome cuidado para não ser invasivo demais, expondo as pessoas.

Roteiro de Filmes dispositivos/ ensaios Existem filmes que não são documentário nem ficção, e é claro que organizaremos o roteiro de outra forma. O filme do tipo “dispositivo” acontece por meio de uma ação, objetivo ou regra. Nesses casos o roteiro se dará por meio de anotações e ideias que vão surgir enquanto você estiver filmando. Por exemplo: Com uma câmera vou entrar em um ônibus e vou descer sempre no décimo ponto. Em seguida entro no primeiro ônibus que passar. O filme consistirá no trajeto estabelecido por mim e os acasos que irão ocorrer. O roteiro, nesse caso, será a partir das anotações que foram feitas ao longo do processo. Alguns filmes interessantes neste formato são o “33” de Kiko Goifman, “Edifício Master” de Eduardo Coutinho e “Passaporte Húngaro” Sandra Kogut. Já no filme “ensaio” o objetivo é narrar a própria vida, sendo assim o roteiro se assemelha muito a um diário. Como a criação é muito fluida acaba por ser construído junto ao processo de realização. Esse tipo de filme geralmente é feito só por uma pessoa e o personagem é o diretoreditor-fotógrafo-roteirista. Para começar um filme “ensaio” você pode filmar seu cotidiano, ou pegar imagens de quando era criança. Veja alguns filmes neste estilo: “Tarnation” de Jonathan Caouette, “As praias de Àgnés” de Agéns Vardá e “Elena” de Petra Costa


Roteiro Sem Churumelas Como nós gostamos de inventar, inventamos um jeito sem churumelas de fazer um roteiro.É só pegar uma folha ou caderno e escrever sua ideia em forma de conto, poema, diálogo, romance etc. Depois, reescreva tudo dando atenção aos detalhes e colocando mais informações. Agora divida seu roteiro em cenas, quanto mais detalhes e informações, melhor! Você pode falar sobre o lugar que vai ser filmado, as pessoas que estarão em cena ou não, o som, texto, e tudo mais.

Extra: Confira aqui um trecho de roteiro que já virou filme. Você pode assisti-lo em www.vimeo.com/filmesdeplastico Filme QUINTAL (2015, 20min, Minas Gerais, Brasil) Direção e roteiro: André Novais Oliveira #5. Quintal/ Externa/ Dia. Maria José estende as roupas no varal. O quintal está um pouco sujo, cheio de folhas. De repente começa um vento muito forte, muito forte mesmo, que quase arranca as roupas do varal. Maria José é quase levada pela ventania. Em planos fechados mostramos que ela chega a sair do chão, mas não é levada por que se segura em uma janela. Os planos remetem a alguns desenhos animados. O vento para, Maria José se recompõe, ajeita a sua blusa e seu cabelo. E como não acontecesse nada pega as roupas no varal que já estão secas por causa do vento. Em plano aberto do quintal ela sai de quadro. Assim que ela sai um ponto preto é visto no meio da tela, como se o ponto estivesse no ar. É uma espécie de um portal tridimensional que começa a se abrir.


N D


NÃO DESISTA

MIRANDA JULY

CINEASTA AMERICANA, ROTEIRISTA , ATRIZ, ESCRITORA E ARTISTA VISUAL.


Dicas ROTEIRO NA MÃO Se for fazer seu filme com mais pessoas, passe o roteiro para a equipe, e assim ela ficará sabendo como será as filmagens, e ninguém fica perdido.

MONTAGEM

Ao escrever um roteiro lembrese que ao final das filmagens você irá fazer o trabalho da montagem. Nela você construirá o sentido do seu filme, portanto faça um roteiro que facilite esse trabalho.

CUIDADO COM IDEIAS MIRABOLANTES Lembre-se que você está escrevendo um filme, cuidado para não planejar algo que não seja viável, portanto faça escolhas dentro da sua realidade.

FIQUE EM SEGURANÇA

Lembre-se sempre de ser cuidadoso com os lugares onde irá filmar, tanto com a sua segurança pessoal e de quem estiver com você, além de ter respeito com as pessoas que vivem naquele local.


QUEM POSSO FILMAR?

Tenha sempre em mãos termos de autorização de imagem, isso pode evitar muita dor de cabeça. Caso não queira gastar com papel, peça ao início ou no final da filmagem para pessoa dizer seu nome completo e que autoriza o uso de imagem dela.

TUDO MUDA

É muito comum os planos não saírem como você imaginou. Fique tranquilo, isso acontece. Aceite as mudanças por imprevistos, muitas cenas incríveis e enquadramentos surpreendentes acontecem por causa de alguma falha técnica, ou por algum problema de produção.


Criando ideias Cuidado para não criar um roteiro fora das suas possibilidades técnicas; lembre-se que a ideia aqui é fazer um filme com o que você tem! Vamos dar algumas sugestões para você começar a criar:

Dentro de casa Observe sua casa, repare o que ela tem de singular, de diferente, isso pode te dar boas ideias. Você pode criar uma história que tenha como personagens: seu irmão, seus pais ou amigos; ou simplesmente escreva perguntas para sua família sobre um tema específico. As possibilidades são infinitas!

No caminho do trabalho ou da escola Sempre repetimos caminhos e itinerários para irmos ao trabalho ou à escola, não é mesmo? Esses caminhos vão se tornando muito bem conhecidos por nós no decorrer do tempo e isso pode ser um bom ponto de partida para criar um roteiro de filme. Observe as coisas e as pessoas que você sempre vê pelo caminho, o que acontece sempre? Ou, o que nunca acontece? Tudo isso pode te dar uma boa ideia para seu roteiro.


um personagem Você também pode escolher alguém próximo de você para ser o personagem principal do filme. Crie uma história para essa pessoa interpretar, no caso dela ser desinibida e gostar de atuar. Se preferir, a pessoa pode ser ela mesma no filme. Basta que você pense em um jeito legal de mostrála sendo ela mesma, todas as histórias são interessantes se contadas com sinceridade.


Entrevista com Jennifer Candeias A Jennifer participou do Cine Sem Churumelas no final de 2014 com o filme Cidade Fantasma, o qual emocionou todo o público presente na exibição. Aqui uma pequena entrevista com essa jovem artista que já no seu primeiro filme mostrou tanta sensibilidade artística.

CSC: Porque você faz filmes? Como você começou a fazer filmes? Jennifer: Filme mesmo só fiz um, que foi o curta Cidade Fantasma. E este partiu de uma inquietação particular depois do reencontro com o lugar onde passei minha infância e a situação horrível que o encontrei. Foi movida por um sentimento de angústia e revolta que fiz o video. Tudo aconteceu na urgência da emoção, sem equipamentos, pessoas ou sequer roteiro. Foi na tora produções mesmo. E, de alguma forma, na pretensão de denunciar o que estava acontecendo naquele pedaço de chão para os outros, e também para me despedir desse meu lugar afetivo de infância. CSC: Lembramos que no filme você fala um texto. Como foi escrevê-lo? Jennifer: Ah, o texto foi difícil, porque era um tipo de carta de adeus que escrevi ao lugar. Lugar de memórias concretas para mim, mas que estava literalmente virando pó. CSC: Quais foram os maiores desafios na produção do filme? Jennifer: Mais que trabalhar com precariedade de equipamento, sem produção alguma, caminhar sob os destroços era sempre um desafio em todos os sentidos. Me lembro que outra dificuldade foi a de encontrar pessoas. Pessoas dispostas a compartilhar suas histórias, ou apenas o encontro com elas. As ruas eram sempre desertas, até tentei convencer minhas tias a participarem, e ainda, às tantas, não consegui convencer nenhuma de fato. (risos)


CSC: Como você se organiza para fazer seus filmes? Jennifer: Interessante que esse trabalho sem roteiro e sem direção proporcionou momentos de sorte e de acasos bonitos, que me renderam as imagens. As ações foram intuitivas e algumas vezes arriscadas. Mas se for pensar na falta geral de possibilidades de dar certo, o acaso foi até muito generoso comigo. CSC: O que você falaria para alguém que está fazendo seu primeiro filme? Alguma dica? Jennifer: Não posso dar conselhos técnicos por pouca experiência, então digo: apenas faça! Comece onde você está, use o que você tem e faça o que você pode. CSC: Tem algum caso interessante que você queira contar sobre fazer filmes? Jennifer: Uma curiosidade sobre o Cidade Fantasma, é que 50% das imagens foram filmadas por uma criança de 11 anos. CSC: Indique um filme e conte porque ele foi importante para você? Jennifer: Perguntas do tipo “escolha apenas uma resposta exata” é sempre uma armadilha para mim. Mas poderia falar de ‘’Central do Brasil’’ (1998) pela beleza bruta que o filme tem, quem não viu, tem que ver. Deixa um sabor agridoce na boca da gente. E como escolha, digamos mais estética, e por identificação de quem produz, ‘’Helena’’ (2012) que é um documentário de Petra Costa. Um exemplo de um tipo de olhar mais sensível que hoje se aproxima mais do que eu procuro enxergar nesse caminho de fusão de realidade e ficção, que hoje muito me interessa.


História do Cine Sem Churumelas e outras balelas O Cine Sem Churumelas surgiu em 2014, organizado por Dayane Gomes, Débora Arau e Jonas Filho. A ideia desde o início foi exibir filmes independentes e amadores em locais públicos. Para ninguém ficar de fora todos os filmes recebidos são exibidos sem seleção (desde que de faixa etária livre), como um incentivo à produção audiovisual independente da cidade. Durante o primeiro ano aconteceu uma exibição por mês na praça da Jabuticaba, em Contagem. O formato das exibições é bem simples: um lençol branco é estendido na praça, ou quadra, ou onde der. Projetor ligado, som na caixa e pronto: uma exibição de filmes começa para quem quiser chegar e curtir! Tudo muito simples e, claro, sem churumelas. Hoje, o projeto é organizado por Dayane Gomes e Jonas Filho, e conta com um acervo que inclui filmes de vários temas, formatos e estilos. O Cine Sem Churumelas continua com a mesma proposta, porém, as exibições que aconteciam sempre no mesmo local, agora são itinerantes.

CAsa cheia Jonas Filho Dezembro de 2014, Casa do Movimento Popular em Contagem, tudo pronto para a exibição do Cine Sem Churumelas. A empolgação pairava no ar, a expectativa era boa. Ficamos surpresos com a quantidade de gente, casa cheia, tudo indo bem. Nem imaginávamos que ainda teríamos uma boa surpresa naquela noite. Um pouco antes da exibição as pessoas ainda chegando e se aconchegando, já estávamos preparados para soltar o play


quando nossa amiga Jennifer Candeias chegou acompanhada de muitos familiares. Ela avisou que tinha vindo com um filme e que queria que seus parentes assistissem. Ficamos curiosos. Portas fechadas, luzes apagadas, começou a exibição. Os filmes iam passando até que chegou a hora do misterioso filme da Jennifer, o “Cidade Fantasma”. Este filme deixou todos de queixo caído. Trata-se de um documentário sobre a desapropriação dos moradores da Vila Itaú, onde a Jennifer passou toda sua infância e onde moravam seus familiares, alguns deles presentes na exibição e outros presentes no filme. O filme traz imagens da Vila Itaú em escombros, com as poucas casas que ainda restavam, uma visão de indignar e de cortar o coração, contanto um pouco o drama daquelas pessoas e da própria Jennifer. Todos os moradores da vila tiveram seus lares roubados e Jennifer fez um filme importante para a história da cidade e dos moradores da Vila Itaú, também importante ela e seus familiares. Todos ficamos impressionados e emocionados com um filme tão potente e sensível como este. Ficamos lisonjeados por sermos os anfitriões naquela noite. Fortalecemos nossa convicção no incentivo à produção independente. Diante de nós estava a prova de que as pessoas podem utilizar o audiovisual para se expressar, criar, falar o que querem, da forma como quizerem. O Cine Sem Churumelas contínua com dedicação e alegria, esperamos ter mais surpresas transformadoras como esta. Afinal de contas, mesmo com dificuldades e obstáculos, temos certeza de que estamos num caminho sincero, positivo e sem churumelas.


Lugares de distribuição Loja de Instrumentos Musicais Rua Gasolina n °60 - loja 04 - Petrolândia Mundial Tec Rua Refinaria União n °38 - Petrolândia Academia Dragão Vermelho Rua Refinaria Duque de Caxias n °289 - Petrolândia Loja de Xerox Praça Irmã Maria Paula n °25 - Petrolândia (praça principal do petrolândia) Salão do Mauro Rua Benzina n °193 - Petrolândia Loja Master Av Tropical n°1048 - Tropical Centro Artístico Unificado Attitude Rua Dezenove n°138 - Tropical Projet Cartuchos e Papelaria Rua José Olinto Fontes n°218 - Eldorado Farmácia Droga Campos Av José Faria da Rocha n°5700 - Loja 01 - Eldorado Loja da Marilita Av José Faria da Rocha n°5357 - Eldorado

EDITORA Dayane Gomes TEXTOS Dayane Gomes, Renan Bolcont, Jonas Filho PROJETO GRÁFICO Dayane Gomes ILUSTRAÇÕES Dayane Gomes REVISÃO DO TEXTO José Junior PRODUÇÃO Jonas Filho ASSESSORIA DE IMPRENSA Renan Bolcont ORGANIZAÇÃO CINE SEM CHURUMELAS TIRAGEM 500 EXEMPLARES ANO 2016



O Cine Sem Churumelas apresenta o manual FILMES FEITOS À MÃO, para ajudar você a fazer um filme. Ao todo são cinco edições do livreto, distribuídos gratuitamente, em cada edição abordando um elemento diferente da produção audiovisual. Os livretos estão disponíveis em diversos locais na regional Petrolândia e em outros pontos pela cidade de Contagem. Fique atento e garanta o seu. Distribuição gratuita.

PROJETO PATROCINADO PELO FUNDO MUNICIPAL DE INCENTIVO À CULTURA DE CONTAGEM Realização


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