1 A 7 |setembro |2016
1 A 7 |setembro |2016
Numa perspectiva histórica ampla, o cinema é uma arte tardia, marcada pela metalinguagem e intimamente atrelada às transformações históricas do período em que surgiu e se desenvolveu, caracterizado pela difusão da industrialização e massificação da produção cultural. Num primeiro período da linguagem cinematográfica, dois vetores estiveram simultaneamente em ação: por um lado, a inexistência de padrões estilísticos consolidados, associada à disposição dos cineastas pioneiros para experimentações formais, redundando em expressiva liberdade formal; por outro, possibilidades renovadas de representar o mundo que rapidamente se transformava, expressando os debates sobre a realidade social. Essa potencialidade atraiu olhares e mentes de pensadores atentos. Um dos
casos mais destacados é o de Paulo Emílio Sales Gomes, que, observando as complexas relações entre arte e realidade, não se rendia a visões simplificadoras: tornou-se profundo conhecedor das dinâmicas do cinema internacional e identificou os modos pelos quais a produção brasileira configurou uma maneira própria de manejar essa linguagem, construindo uma rigorosa base crítica. Para o Sesc, ao render homenagem a um dos grandes nomes de nossa cultura, a presente mostra cumpre uma função essencial, frente a uma tendência de instrumentalização da produção simbólica, ressaltando a relevância dos pensamentos de Paulo Emílio e reforçando o valor emancipatório da cultura. Danilo Santos de Miranda Diretor Regional do Sesc São Paulo
MOSTRA 100 PAULO EMILIO Paulo Emílio não era cinéfilo, nem mesmo se considerava crítico de cinema. Seu olhar não era de apaixonado, nem de especialista. A sua vida não se resumia ao cinema, como ocorre com os cinéfilos. Tampouco seu foco era o do técnico, senhor do jargão e pleno de certezas. O cinema para ele só interessava quando falava do mundo e a toda gente, elevado a valor cultural. O seu comentário assistemático situava o filme no fenômeno cinematográfico, no período em que o cinema era a maior diversão de massa e assunto obrigatório nas conversas e rodas. Nesse processo foi constituindo um panteão em que despontaram alguns dos cineastas hoje considerados clássicos. Stroheim e René Clair, Griffith e Renoir, Chaplin e Eisenstein, Dovjenko e Fellini, Resnais estão entre os contemplados nesta mostra eclética, que demonstra o caráter inclusivo do gosto de Paulo Emílio. Os textos que dedicou a esses cineastas, reunidos , na antologia estão entre os melhores que o cinema suscitou enquanto experiência cultural. Uma pequena amostra, que acompanha a ficha técnica de cada filme, visa sensibilizar o leitor ao estilo do escritor. Paulo Emílio valorizava o diálogo, sobretudo com o adversário. Seu temperamento era expansivo e exigia retorno. Em 1960, quando se deu conta de que o diálogo com o filme estrangeiro era impossível e estéril, voltou-se ao cinema brasileiro, que aprendeu a amar intransigentemente, e se tornou tema exclusivo de sua reflexão.
Com um humor todo seu, Paulo Emílio conquistou um profundo amor ao “bom” e ao “mau” cinema nacional e, com a sua crítica, sugeria que a verdadeira compreensão do filme brasileiro só se vislumbraria na experiência cultural que o produz. Submetidas à força do mercado e ao preconceito elitista, obras que o olhar despreparado descarta e despreza ganharam uma dignidade que lhes restituiu sua dimensão de espelho cruel das mazelas de nosso subdesenvolvimento. Entre os filmes brasileiros programados há obras-primas como de Humberto Mauro, cuja restauração Paulo Emílio dirigiu pessoalmente com o apoio de seus alunos, e , de Nelson Pereira, em que ele reconhecia um “esplêndido amadurecimento”. , de Roberto Santos, parecia-lhe o renascimento do cinema paulista após a derrocada da Vera Cruz. , Paulo Emílio Em admirava a sobriedade narrativa e o surgimento de uma grande estrela, Irma Álvarez. , de Andrea Tonacci, trazia ao cinema brasileiro a gratuidade narrativa, sob a influência libertadora de Godard, o guru daquela geração. Os filmes programados foram escolhidos dentro de um repertório limitado de opções, em função de cópias disponíveis e de qualidade, numa época em que tudo está à mão, nem sempre em condições, ao alcance de um clique na tela pequena. Na tela grande do CineSesc, o prazer renovado do cinema estará garantido às novas gerações. Carlos Augusto Calil
A CAstA SusAnA (True HeArt Susie) Susie ama secretamente seu vizinho, William Jenkins, mas, aparentemente, nenhum dos dois consegue confessar seus sentimentos para o outro. William então parte para a universidade. Ele volta, mas para a decepção de Susie, casado com uma jovem extravagante chamada Bettina. Dir.: D.W. Griffith País: EUA, 1919, 86’ Elenco: Lillian Gish, Clarine Seymour, George Fawcett, Kate Bruce DCP, acervo Lobster Film Classificação Indicativa: 10 anos
PAULO EMILIo: No prosseguimento da carreira, Griffith será obrigado a deixar de lado os sonhos de grandiosidade, pelo menos na prática cinematográfica – na vida nunca os abandonará – e a concentrar o seu esforço em histórias triviais, onde, entretanto, suas virtudes na direção dos artistas não deixarão de florescer. O idílio rural de True heart Susie, uma imagem de Lillian Gish regando plantas numa janela ou outras cenas dessa história cristalina, são tão importantes para a glória de Griffith quanto as suas contribuições decisivas para a técnica da narração cinematográfica.
A EstrAdA dA VidA (LA StrAdA) Na Itália arrasada no período do pós-guerras, Gelsomina é vendida por sua mãe para Zampanò, um artista mambembe. Ambos não têm nada em comum: o jeito ingênuo e humilde da jovem é o oposto da rudeza de Zampanò. A jovem auxilia Zampanò e passa também a se apresentar como palhaça. A chegada de um equilibrista que admira especialmente Gelsomina trará acontecimentos inesperados. Dir.: Federico Fellini País: Itália,1954, 108’ Elenco: Giulietta Masina, Anthony Quinn, Richard Basehart 35mm, acervo Istituto Luce Cinecittà Classificação Indicativa: Livre
PAULO EMILIO: Gelsomina opõe sua personalidade à de Zampanò. É subrepticiamente que se desfaz da que não lhe agrada, e esconde os recursos mímicos durante a prova de chapéus. É sozinha ao lado do fogo que pratica pela última vez um ritual de magia infantil: “[…] e a noite cintila. Bu, Bu, Bu”. Só depois que Zampanò a arranca brutalmente da infância, Gelsomina procura uma aproximação, sorrindo afetuosamente para o companheiro adormecido. Zampanò fica sendo para ela o homem, o mestre, aquele a quem deve experiências maravilhosas como a de representar ou ir ao restaurante. Comer até não sentir mais fome já é uma grande felicidade.
A MARchA NupciAl (The WeDDing MArch) O príncipe Nikki, tenente da guarda em Viena antes da Primeira Grande Guerra, está falido e a família recomenda-lhe que ou bem se suicide ou case-se com mulher rica. Mas ele acaba se apaixonando por Mitzi, pobre noiva do açougueiro Schani, contrariando a expectativa dos pais. Dir.: Erich von Stroheim País: EUA , 1928, 109’ Elenco: Erich von Stroheim, Fay Wray, ZaSu Pitts 35mm, acervo Photoplay Productions Classificação Indicativa: Livre
PAULO EMILIO: Na primeira parte de , Stroheim retoma o tema de , decidido desta vez a cumprir a regra do jogo imposta pelos produtores, ao menos no que se refere à ação central. A ingênua e pura plebeia chama-se novamente Mitzi e o seu par é o príncipe Nikki, interpretado por Stroheim. Da situação convencional ele tirou uma das mais belas histórias de amor do cinema, impregnada de uma melancolia que ultrapassa o par amoroso para se fixar sobretudo no personagem de Cecília, filha do magnata Schweisser, a noiva escolhida para Nikki por sua família arruinada, e interpretada por ZaSu Pitts. Mas nas cenas de fundo e nos personagens secundários Stroheim prossegue na sua implacável destruição. Basta evocar a sequência da orgia num bordel de luxo durante a qual os pais de Nikki e Cecília combinam o casamento dos filhos.
TerrA (ZemlyA) Insurreição numa comunidade de agricultores dá origem a uma expropriação hostil por parte dos proprietários kulaks. Direção.: Aleksandr Dovjenko País: URSS, 1930, 76’ 35mm, acervo Cinemateca Brasileira Classificação Indicativa: 10 anos
PAULO EMILIO: Numa noite de luar, enquanto dormem os velhos e os bichos, os jovens namoram. Entre eles, Vassili e Natália, numa imobilidade estática. Vassili parte por uma estrada poeirenta; as passadas sólidas de seus dezoito anos gradualmente se transformam. Sente no corpo uma tal leveza, que depois de verificar sua solidão sob as estrelas ensaia uns primeiros movimentos de dança. Pouco a pouco acelera o ritmo e se ucraniana, expressão triunfal de vida, amor e entrega a uma felicidade. Dançando, avança sempre, num rastro de poeira prateada pela lua. É num desses gestos de total harmonia com o mundo que Vassili é colhido pela bala assassina. Resumindo pobremente essa sequência, uma das mais inspiradas que o cinema já produziu, saúdo a memória de Aleksandr Dovjenko, filho da Ucrânia, nascido em Sosnitisi em 1894 e falecido em Kiev em dezembro de 1956.
As GrAndes MAnobrAs (Les GrAndes MAnoeuvreS) Um tenente francês faz uma aposta de que consegue seduzir qualquer mulher na cidade durante as duas semanas antes de seu regimento partir para manobras militares. Mas, seu alvo escolhido (uma parisiense divorciada), apresentará mais dificuldades do que ele imaginava. Direção.: René Clair País: França/Itália, 1955, 106’ Elenco: Michèle Morgan, Gérard Philipe, Jean Desailly, Brigitte Bardot 35mm, acervo Cinemateca da Embaixada da França Classificação Indicativa: 14 anos
PAULO EMILIO: nega o esgotamento de René Clair. Aparentemente o que houve foi renovação, incompreendida pelos admiradores tradicionais, presos à maneira habitual do autor de [Dois tímidos] e de [O tempo é uma ilusão]. Se conseguiu fazer de um grande filme, é porque para um intelectual ou artista francês o amor, mesmo quando não brota na vida como acontecimento essencial, é uma disciplina quase universitária, cultivada cuidadosamente. As variações amorosas das fitas de René Clair não têm quase nunca nenhuma importância, ou então adquirem consistência dramática ou mesmo trágica devido à compreensão das situações humanas por uma inteligência particularmente penetrante, mas que age do exterior. Tudo indica que ao tratar da amizade, o mecanismo criador de René Clair é outro, ele abandona os recursos mais intelectuais em favor dos sensíveis e comunica espontaneamente suas reservas de ternura.
BAng BAng Homem neurastênico durante a realização de um filme se vê envolvido em várias situações como o romance com uma bailarina espanhola, perseguições, discussões com um motorista de táxi e o enfrentamento com um bizarro trio de bandidos. Direção.: Andrea Tonacci País: Brasil, 1971, 93’ Elenco: Paulo César Pereio, Jura Otero, Abraão Farc 35mm, acervo Cinemateca Brasileira Classificação Indicativa: 14 anos
PAULO EMILIO: são fortemente estilizadas, mágicas Partes de mesmo e emergem delas situações e personagens marcantes: a toalete do homem-macaco, a gorda gulosa ou o cego irrequieto, que pontua sua presença dando tiros a esmo. A vocação profunda de Tonacci parece ser o mistério da realidade, mas ele circula à vontade entre diferentes polos e estilos narrativos. É preciso sublinhar o talento todo especial com que filma automóveis, de dentro ou de fora, parados e em movimento.
Em BuscA do Ouro (The Gold Rush) No Alasca, Carlitos tenta a sorte como garimpeiro em meio à corrida do ouro de 1898 e se junta à massa otimista de pessoas que enfrentam a fome, o frio e a solidão para chegar aos seus objetivos. Com criatividade, ele dribla os obstáculos, cria uma amizade com o gordo McKay e se apaixona por uma dançarina que não lhe dá bola. Direção.: Charles Chaplin País: EUA, 1925, 95’ Elenco: Charles Chaplin, Georgia Hale, Mack Swain, Tom Murray DCP, acervo MK2 Films Classificação Indicativa: Livre
PAULO EMILIO: Etapa já muito avançada na sublimação, guarda, apesar de altamente estilizada, a marca sinistra da sua inspiração: o drama canibalesco da expedição Donner. Esse foi o cruel ponto de partida de Chaplin; obrigar Carlito a defender a própria pele contra a voracidade do seu companheiro.
French CAncAn Em 1890, o Cancan ainda está na moda, mas nem os shows da dançarina Lola ajudam o Café Le Paravent Chinois a sair da decadência. Henri, amante de Lola e dono do Café, tem a ideia de popularizar a dança no bairro boêmio de Montmartre. Ele conhece Nina, uma lavadeira com o dom natural da dança. Os problemas começam quando Lola fica enciumada de Nina. Direção.: Jean Renoir País: França, 1955, 95’ Elenco: Jean Gabin, Françoise Arnoul, María Félix 35mm, acervo Cinemateca da Embaixada da França Classificação Indicativa: 12 anos
PAULO EMILIO: Em processa-se a fusão entre o tempo subjetivo da contemplação e a duração objetiva da metamorfose fílmica. O exemplo mais imediato que a fita nos fornece é a cena em que uma moça arruma a casa e vai à janela sacudir a poeira do pano de limpeza. Enquanto é vista de fora, no interior do quarto a tonalidade da imagem é de uma penumbra ligeiramente colorida, ao passo que o pano que agita por um instante à luz do dia é de um amarelo-vivo enquadrado no tempo por um colorido difuso e incerto, não tem importância dramática, e a emoção que nos transmite é puramente pictórica.
GAngA BrutA Após matar a esposa na noite de núpcias por uma questão de honra, engenheiro abandona o Rio de Janeiro para esquecer sua tragédia e se desloca ao interior onde irá acompanhar a construção de uma grande fábrica. Nesse ambiente de trabalho intenso em uma região rural ele se deixa seduzir por uma adolescente.
Direção.: Humberto Mauro País: Brasil, 1933, 82’ Elenco: Déa Selva, Durval Belline, Décio Murillo, Lu Marival 35mm, acervo Cinemateca Brasileira Classificação Indicativa: 142 anos
PAULO EMILIO: O que faz o filme atraente e saboroso é a sua qualidade a um só tempo muito brasileira e pessoal. Se a heroína evoca o conceito do encanto feminino no cinema americano [...] e o herói, com seus impulsos, sua melancolia, seu código de honra, seus bigodes – um traço latino-americano em geral e brasileiro em particular –, encarna indiscutivelmente a expressão nacional, o universo das personagens secundárias traduz, sublinhada e deformada por um obscuro pessimismo a realidade brasileira, que Mauro compartilha com muitos outros realizadores cinematográficos brasileiros, antigos e modernos. O povo brasileiro era e ainda é um povo brutal. Pode-se dizer que Mauro deliberadamente escolheu os seus colaboradores com base em critérios negativos. Há uma sequência de briga num bar que assume a forma penosa de um balé grotesco. , tal como boa parte do cinema dramático brasileiro, vem impregnado de um clima de estagnação e decadência. O que não impede, porém, que no filme – como de resto de modo ainda mais claro em obras anteriores e posteriores do autor – se manifeste o lirismo que a vida no interior inspira a Humberto Mauro.
HiroshimA, meu Amor (HiroshimA, mon Amour) Hiroshima, 1959. Uma atriz francesa casada veio de Paris para trabalhar num filme sobre a paz. Ela tem um affair com um arquiteto japonês também casado, cuja esposa está viajando. Nos dois dias que passam juntos várias lembranças vêm à tona enquanto esperam, de forma aflita, a hora da partida dela. Direção.: Alain Resnais País: França/Japão, 1959, 90’ Elenco: Emmanuelle Riva, Eiji Okada, Bernard Fresson 35mm, acervo Cinemateca da Embaixada da França Classificação Indicativa: 12 anos
PAULO EMILIO: Sei que existe um caminho para nos levar ao cerne de , mas não consigo encontrá-lo. O filme é absurdo e múltiplo como a realidade; fixá-lo e defini-lo talvez seja tarefa de artista, tanto quanto tê-lo realizado. Não adianta no caso apelarmos para Alain Resnais, pois a sua perplexidade diante da obra é bastante parecida à nossa. O que tenho feito é girar em torno da película. É o que continuo a fazer enquanto espero rever Hiroshima Mon Amour.
O GrAnde Momento Sem dinheiro para pagar pelos preparativos de seu casamento, um jovem paulistano de classe popular começa uma corrida contra o tempo para levantar fundos para a festa e o alfaiate até a noite de núpcias. Direção.: Roberto Santos Brasil, 1958, 80’ Elenco: Gianfrancesco Guarnieri, Myriam Pérsia, Paulo Goulart 35mm, acervo Cinemateca Brasileira Classificação Indicativa: Livre
PAULO EMILIO: são datas cuja importância se aprofunda com o passar do tempo. Os dias longínquos em que essas fitas foram lançadas deviam ser comemorados como o aniversário da redescoberta cinematográfica do Rio e de São Paulo.
Outubro (OktyAbr) Terceiro longa-metragem de Eisenstein, realizado para comemorar o 10º aniversário da Revolução Soviética, reconstitui dez dias de 1917, durante os quais os bolcheviques derrubaram o governo Kerensky. Direção.: Serguei Eisenstein País: URSS, 1928, 103’ DCP, acervo Lobster Films Classificação Indicativa: 14 anos
PAULO EMILIO: , ao mesmo tempo em que é percorrido por forças emocionais poderosas, exprime concepções intelectuais, artísticas e pessoais extremamente complexas e sutis. A utilização da montagem e do símbolo, recursos empregados no de forma direta e simplificada, adquire às vezes em uma elaboração vertiginosa, tal a ânsia de Eisenstein em dar forma a ideias abstratas ou provocar, com o cinema mudo, efeitos audiovisuais.
Porto dAs CAixAs Em Porto das Caixas, no interior do estado do Rio de Janeiro, numa casa modesta, mulher maltratada pelo marido resolve assassiná-lo e para tanto tenta arregimentar um cúmplice. Direção.: Paulo César Saraceni País: Brasil, 1962, 75’ Elenco: Irma Alvarez, Henrique Bello, Reginaldo Farias 35mm, acervo Cinemateca Brasileira Classificação Indicativa: 16 anos
PAULO EMILIO: seria, aliás, um filme difícil? A história que conta é clara e direta. Não há nada na fita que não seja imediatamente compreensível. Não seria, pois, por esse lado que a fita não satisfaria os setores mais populares do público cinematográfico. Um crítico aventou a hipótese do filme desagradar as pessoas ingênuas justamente por não ter mistério nenhum e se basear o tempo todo na mais descarada evidência. Faltaria ao filme a dose de romantismo ou sentimentalismo que seria imprescindível a qualquer boa receita cinematográfica.
VidAs SecAs Uma família miserável tenta escapar da seca no sertão nordestino. Fabiano, Sinhá Vitória, seus dois filhos e a cachorra Baleia vagam sem destino e já quase sem esperanças pelos confins do interior, sobrevivendo às forças da natureza e à crueldade dos homens. Adaptação da obra de Graciliano Ramos. Direção.: Nelson Pereira dos Santos País: Brasil, 1963, 105’ Elenco: Átila Iório, Maria Ribeiro e Orlando Macedo 35mm, acervo Arquivo Nacional Classificação Indicativa: Livre
PAULO EMILIO: Não é preciso ter lido o livro de Graciliano Ramos para se gostar da fita de Nelson Pereira dos Santos. Esta última adquiriu para si própria alta e autônoma validade artística plenamente apreciada pelas centenas de milhares de espectadores que ignoram o livro. Para quem o leu não se coloca o problema ocioso de saber se é melhor do que a fita ou vice-versa. Como, entretanto, as relações entre o livro e o filme permanecem íntimas, o leitor-espectador de adquire o sentimento privilegiado de conhecer uma obra através de duas artes. Essa experiência é rica de ensinamentos para os estudiosos de estética.
SESC - SERVICO SOCIAL DO COMERCIO Administração Regional no Estado de São Paulo Presidente do Conselho Regional Abram Szajman Diretor do Departamento Regional Danilo Santos de Miranda Superintendentes TÉCNICO-SOCIAL Joel Naimayer Padula COMUNICAÇÃO SOCIAL Ivan Giannini ADMINISTRAÇÃO Luiz Deoclécio Massaro Galina ASSESSORIA TÉCNICA E DE PLANEJAMENTO Sérgio José Battistelli Gerentes AÇÃO CULTURAL Rosana Paulo da Cunha ADJUNTA Kelly Adriano de Oliveira ESTUDOS E DESENVOLVIMENTO Marta Colabone ADJUNTO Iã Paulo Ribeiro ARTES GRÁFICAS Hélcio Magalhães ADJUNTA Karina C. L. Musumeci DIFUSÃO E PROMOÇÃO Marcos Carvalho ADJUNTO Fernando Fialho CINESESC Gilson Packer ADJUNTA Simone Yunes
CINEMATECA BRASILEIRA DIRETORA Olga Futemma COORDENAÇÃO DO CENTRO DE PESQUISA E DOCUMENTAÇÃO Gabriela Sousa de Queiroz COORDENAÇÃO DE DIFUSÃO E PROGRAMAÇÃO Leandro Pardí COORDENAÇÃO DE PRESERVAÇÃO Rodrigo Mercês PROGRAMAÇÃO Sergio Silva PRODUÇÃO Thaisa Oliveira e Lívia Fusco ASSESSORIA DE IMPRENSA Karina Almeida DIFUSÃO DE FILMES Nancy Korim REVISÃO DE FILMES Maria Aparecida dos Santos, Claudete Leite e Elisabete da Silva EXPEDIÇÃO Agnaldo Dias, Marisa Innocente, Danilo e Baltazar EQUIPE DE APOIO Bruno Logatto, Caio Britto, Paulo Gabriel, Nayara Xavier, Rafael Zanatto, Rayane Silva, Rodrigo Archangelo e Jorge Figueiredo.
CINUSP - CINEMA DA UNIVERSIDADE DE SAO PAULO DIRETORA Patrícia Moran Fernandes VICE-DIRETOR Cristian Borges COORDENADOR DE PRODUÇÃO Thiago Afonso André PRODUÇÃO E PROGRAMAÇÃO Ayume Oliveira, Nayara Xavier, Maurício Battistuci, Pedro Nishiyama, Renato Trevisano e Thiago Oliveira COMUNICAÇÃO Rodrigo Neves PROGRAMAÇÃO VISUAL Thiago Quadros PROJECIONISTA Fransueldes de Abreu ASSISTENTE TÉCNICO DE DIREÇÃO Maria José Ipólito AUXILIAR ADMINISTRATIVA Maria Aparecida Santos
MOSTRA 100 PAULO EMILIO REALIZAÇÃO Cinemateca, Cinusp, Instituto de Políticas Relacionais e Sesc CURADORIA Carlos Augusto Calil CRÉDITOS DAS IMAGENS Divulgação APOIO Embaixada da França no Brasil, Cinemateca da Embaixada da França no Brasil, Institut Français e Istituto Luce Cinecittà, Vai e Vem Produções EQUIPE SESC COORDENAÇÃO Rodrigo Gerace e Talita Rebizzi PRODUÇÃO Cecília Nichile, Fernando Marineli, Graziela Marcheti e Moara Zahra COMUNICAÇÃO Ivan da Hora e Paulo Roberto Ferreira ARTES GRÁFICAS Gabriela Borsoi e Rogério Ianelli PROJETO GRÁFICO José Gonçalves Junior.
PROGRAMACAO QUI 1 SEX 2 SAB 3
14H30 “Rituais De Poder” Nos Cinejornais Grupo Severiano Ribeiro I +
O Grande Momento (96’)
14H30 Um “Ritual Do Poder” No Cinejornal Bandeirante Da Tela +
Bang Bang (96’)
14H30 O Ince Em Três Momentos + Terra
(101’)
14H30
DOM 4
Um “Ritual Do Poder” No Cine Jornal Brasileiro +
SEG 5
A “Cidade Maravilhosa” Em Seu “Berço Esplêndido” + A Casta
Hiroshima, Mon Amour (107’)
14H30
Susana (100’)
TER 6
14H30 A Dança E O Cotidiano Em Um Complemento do Ince + French
CanCan (111’)
14H30
QUA 7
“Rituais De Poder” Nos Cinejornais Grupo Severiano Ribeiro II +
Porto das Caixas (95’)
16H30 Ritual Do Poder” E “Berço Esplêndido” No Canal 100 + As
19H Porto das Caixas (75’)
Grandes Manobras (117’)
16H30
19H Trabalhadores Do Campo: Do Desterro À Conquista De Direitos + Vidas Secas (118’)
16H30 O Ince E Humberto Mauro II + A Estrada
da Vida (117’)
19H O Ince E Humberto Mauro III + A Marcha
Nupcial (120’)
16H30 A Expressão Social Em Cerâmica Horizontina +
Outubro (119’)
19H O Ince E Humberto Mauro I + Em Busca
do Ouro (111’)
16H30 O Ince E Humberto Mauro III + A Marcha
Nupcial (120’)
Humberto Mauro I +
Em Busca do Ouro (111’)
A Dança E O Cotidiano Em Um Complemento do Ince + French
CanCan (111’)
20H30 Apresentação da Mostra + O Ince E
19H O Ince Em Três Momentos + Terra
(101’)
16H30
19H
Trabalhadores Do Campo: Do Desterro À Conquista De Direitos + Vidas Secas (118’)
A Expressão Social Em Cerâmica Horizontina + Outubro (119’)
21H30 A “Cidade Maravilhosa” Em Seu “Berço Esplêndido” + A
Casta Susana (100’)
21H30 A Importância De Ganga Bruta Para O Cinema Brasileiro +
Ganga Bruta (93’)
21H30 Um “Ritual Do Poder” No Cinejornal Bandeirante Da Tela +
Bang Bang (96’)
21H30 Ritual Do Poder” E “Berço Esplêndido” No Canal 100 + As
Grandes Manobras (117’)
21H30
O Ince E Humberto Mauro II + A Estrada
da Vida (117’)
16H30 “Rituais De Poder” Nos Cinejornais Grupo Severiano Ribeiro I +
O Grande Momento (96’)
Antes das sessões haverá exibição de Complementos.
CONVERSAS
Dia 6, Terça, 19h30 Com Carlos Augusto Calil e Inácio Araújo Auditório Grátis
VALORES R$ 3,50 Trabalhador do comércio, serviços e turismo matriculados no Sesc e dependentes
R$ 6 Aposentado, pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e servidor de escola pública com comprovante.
R$ 12 Inteira
CINESESC Rua Augusta, 2075 CEP 01413 000 Cerqueira César TEL.: 3087 0500 SESCSP.ORG.BR
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