Revista Estratégia Marketing Político - Edição 3

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Distribuída para a classe política de todo o Brasil, independentemente de filiação partidária ou ideologia, a Revista ESTRATÉGIA MARKETING POLÍTICO muda, se moderniza e gera debate sobre seus temas e artigos. Agora ela é definitivamente DIGITAL. E essa mudança ampliará sua circulação. Você lê, gosta, e transmite o link da edição para outras pessoas. Um número muito superior de pessoas poderá usufruir das ideias e ampliar o conhecimento sobre os temas abordados em artigos, entrevistas e reportagens. De vereadores das mais distantes cidades brasileiras aos atuais ocupantes da Praça dos Três Poderes, a REVISTA ESTRATÉGIA MARKETING POLÍTICO debate política, Marketing Político, Direito Eleitoral, campanhas políticas, tendências e o uso das Redes Sociais na ação política. Debate, também o absurdo da tentativa de implantação da LISTA FECHADA pelo atual Congresso Nacional. Temos, agora, um novo site que abrigará todos os artigos aqui publicados e muitos outros que serão inseridos no período entre as novas edições. Temos, agora, um canal exclusivo via WhatsApp, para contato direto entre nossos leitores e a Redação. Tudo moderno, limpo, direto e participativo. E como a Revista busca essa participação de todos convidamos vocês, nossos leitores, para que opinem, indiquem temas e assuntos relacionados com nosso foco, a política. Estamos à disposição. A Redação

REVISTA estratégia Marketing Político A Revista ESTRATÉGIA Marketing Político é uma publicação da Exterior Editora/MarcoIten Marketing Político, com projeto gráfico da Mais Grupo Estratégias de Marca. Imagens: Freepik. Sua edição é bimestral. É publicada somente no formato eletrônico e está disponível no site www.revistaestrategia.com.br

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Façam uma matéria sobre as Igrejas e os partidos políticos. M.J.A. (e-mail) - Muriaé-RJ Dória é fenômeno ou marketing? Gostaria de uma visão profissional de vocês. J.P.L (WhatsApp) - Cariacica-ES

Encontrar artigos jurídicos na Revista ESTRATÉGIA foi uma grande surpresa para mim. Eu que leio com voracidade as suas publicações considero-me atualizada no tema pela publicação. Uma verdadeira aula de Direito. Continuem publicando, por favor. A.P.M.M. (WhatsApp) - Brasília-DF Já participei de dois cursos ministrados pela Cíntia Cury e admiro muito seu trabalho. Também gostei muito do último Artigo dela sobre Assessoria de Imprensa para Prefeituras. Quando ela volta ao Recife para novo Curso? V.T.S. (e-mail) - Recife-PE Vocês deveriam tornar a revista uma publicação diária...! S.M.P. (e-mail) - Ananindeua-PA Adorei o livro, Cintia Cury. Faltou o autografo! P.H.C.F. (WhatsApp) - Valparaiso-SP Aqui no Norte a Revista é a minha tábua de salvação. Duro é pegar de volta quando empresto. W.M.S. (WhatsApp) - Manaus-AM Atuo na política e a ESTRATEGIA me ajuda muito. Tenho todas. Valeu J.J. (por SMS) - Tupã-SP Qual é o melhor partido para me filiar? Preciso de orientação. D.M.D (WhatsApp) - Itanhaém-SP Preciso da ajuda de vocês para minha campanha de deputado estadual. Por onde começo? Teremos uma edição falando sobre planejamento para deputados? J.D.Z. (e-mail) - Angra dos Reis-RJ

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Vocês fariam campanha para o Lula em 2018? H.O.S. (WhatsApp) - Vacaria-RS É possível a vinda do Marco Iten para Sergipe, para ministrar curso de Redes Sociais A.V.A. (e-mail) - Aracaju-SE A Revista abre a mente para o que os jornais não explicam nas campanhas eleitorais. Muito legal. J.C. (por SMS) - Lavrinhas-SP Consigo os exemplares anteriores? F.J.P. (e-mail)- São Paulo-SP Gestão na área da Saúde Pública vai ser abordada pela Revista em alguma nova edição? Poderia escrever um artigo sobre o tema e encaminhar, para análise e eventual publicação? Tenho Mestrado na área. G.W.P. (e-mail) - Florianópolis-SC Tenho todas as publicações da Estratégia. Se vocês diziam que a Eleição 2014 seria a “Eleição mais Difícil”, como vocês avaliam que será a Eleição 2018? Estou na expectativa de ler prognósticos. E estou com medo... kkk R.M. (WhatsApp) - Cuiabá-MT Adorei o artigo “DISCURSO: IMPROVISO SÓ DEPOIS DE MUITO TREINO”. Meu chefe foi obrigado a ler. Agora ele me ouve. Ajudou bastante. R.S.S. (e-mail) - Barretos-SP Continuem publicando textos para orientar sobre Cerimonial. M.A. (e-mail) - Quixada–CE Façam uma matéria sobre Projetos de Lei. Como me atualizo com novas leis e

novidades que são comuns em São Paulo mas muito raras de se conhecer, aqui no interior do Nordeste. Acompanha as ações do prefeito de São Paulo pela Internet mas gostaria de propor novidades para meu chefe (que é deputado) para que vereadores e prefeitos tenham mais ligação com meu chefe e o vejam como uma pessoa inovadora. Se possível não publiquem em artigo – estou apenas pedindo que me mandem diretamente, pode ser? N. (e-mail) - Salvador-BA É a minha segunda carta para vocês. Façam como a VEJA. Edição semanal. É a única revista que fala o que me interessa. Continuem assim. A.S.N. (WhatsApp) – Juarez Tavora-PB O Artigo do ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros é uma obra-prima. Vocês estão de parabéns. Nada melhor do que uma ótima leitura que esclarece, nos ilumina. A revista está me ajudando demais a entender sobre política e seus muitos mistérios. C.C.N. (WhatsApp) - Maringá-PR A análise do economista e ex-ministro do FHC Mendonça de Barros deu uma dimensão, em pouco tempo, das maravilhas e das tristezas pelas quais passamos, no Brasil. Infelizmente, no Brasil, a cada 2 ou 3 anos nos deparamos com brutais mudanças na economia. Da absoluta felicidade e desenfreado consumismo tolo caímos numa brutal recessão. Quando esse sobe-e-desce vai parar e começaremos a ter planejamento e crescimento contínuo? Quando vamos poder pensar num ambiente mais estável, como nos tempos do FHC? Quando essa bagunça vai acabar? Peçam que o ex-ministro fale sobre isso. E parabéns pelo trabalho de vocês. J.I.S. (por carta) - Uberlândia-MG Publiquem a agenda de cursos na Revista com mais antecedência. Quero me programar para ir a São Paulo para consulta na mesma época de seus cursos. A.D.S. (e-mail) - Bento Gonçalves-RS


LIVROS

Livro orienta assessores de imprensa de prefeituras, órgãos públicos e mandatos As prefeituras e câmaras municipais de grande parte do país ainda estão estruturando sua equipe de comunicação. Grande parte dos empregadores sequer sabe qual é o perfil desejável do profissional que atuará nessa área tão importante e tão negligenciada. Os profissionais, por sua vez, nem sempre têm experiência na área ou alguém para ensinar, trocar experiências, ou até mesmo avaliar seu trabalho. O livro Assessoria de Imprensa para Prefeituras, Órgãos Públicos e Mandatos, da jornalista especializada em assessoria de imprensa Cíntia Cury desempenha esse papel com maestria. Detalha as ações do dia a dia de um profissional de comunicação na área pública; as principais deficiências e como lidar com elas; como estruturar a equipe (ou eu-quipe – quando um único profissional é responsável por todo o trabalho); analisa casos e respectivos resultados na imagem institucional e do detentor do mandato; sugere rotinas para otimizar o trabalho e para o gerenciamento de crises – tão comuns e constantes nessa área. A linguagem é clara e objetiva. Os jargões da Comunicação são evitados ou explicados, tornando a leitura agradável para os profissionais que não têm formação nessa área e também para os estudantes.

Ficha técnica: Livro: Assessoria de Imprensa para Prefeituras, Órgãos Públicos e Mandatos Autora: Cíntia Cury Editora: Exterior Editora ISBN: 978-85-63452-05-4 Páginas: 288 páginas Preço: R$ 50,00 Onde comprar: www.marcoiten.com.br

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A força das

Mídias Sociais por Marco Iten

Elas vieram para ficar. Elas dispensam a TV e o telejornalismo. Elas informam, geram opiniões, difundem ideias, propagam boatos, confundem, iludem, distraem, geram diversas verdades – mas, principalmente, geram e difundem a verdade que interessa a cada um. É um fenômeno mundial e de grande interesse para a classe política. Quanto mais uma pessoa se dedica a curtir e viver “grudada” nas diferentes Redes Sociais mais essa pessoa dispensa jornais, rádios e TVs e, de fato, amplia os horizontes da informação, por duas razões simples: 1) deixa de receber apenas as informações pasteurizadas da imprensa tradicional e; 2) multiplica as fontes de dados e informações via Internet numa escala mais do que geométrica. 6

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Num nível mais elevado, se esse internauta decide produzir conteúdo para suas diferentes Redes Sociais, deixa de ser simples usuário e se eleva para a categoria ATIVA, criadora e geradora de conteúdo – escrito ou gravado e, mais recentemente, numa escala ainda mais “ativa”, sendo referência em sua área de atuação específica. Os tuiteiros, os blogueiros, os ativistas ganharam notoriedade que, em muitos casos, expressam relevância superior aos dos apresentadores de telejornais com a característica de se revelarem – ou se fazerem parecer – os melhores representantes de Nichos e segmentos específicos do mercado, qualquer que seja este mercado. Venda de conceitos? Humor? Mercado da moda? O mundo dos “sarados” das academias? Os que possuem opiniões políticas? Revista Estratégia Marketing Político - nº 3

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Marco Iten é especialista em comunicação pública e Mídias Sociais, planeja e coordena campanhas eleitorais em todo o país. É autor de 5 livros sobre Marketing Político. Ministra cursos e consultoria para candidatos, partidos políticos, detentores de mandatos e prepara equipes para o bom uso das Mídias Sociais na comunicação. fale@marcoiten.com.br facebook: /marcoiten. estrategia

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O mundo da gastronomia? Os veganos? Esportistas? Política? Polícia? Meio Ambiente? Cidadania? Astronomia? Economia? Artesanato? Livros? Quem se destaca – com planejamento e estratégia de comunicação bem definida – passa rapidamente para a condição de “formador de opinião”. E quem, no mundo político, não almeja passar a ser expressivo na sua condição de comunicador? E quem, no mundo político, não almeja ser popular? E quem, no mundo político, não almeja a condição de gerador de conceitos e simpatias? Quem não deseja milhares de seguidores? Ser “a” referência? Quem não deseja atingir, numa cidade, o maior número possível de pessoas num único “click”? No jogo político é essencial a formulação de conceitos que difundam o BEM personalizado no “nosso” candidato, assim como o MAU que se expressa na candidatura oposta. E o ativismo político modernizou-se, principal e rapidamente com o bom uso das Mídias Sociais. Eu disse: o BOM uso... Modernizamos o ativismo político. É folclórico o arcaico uso das “duplas” em ônibus, falando alto e difundindo notícias – boas ou más..., a já vulgarizada “Rádio Peão”. Quantas pessoas são (ou foram) abordadas e efetivamente atingidas pelo “boca a boca”, natural ou artificial/contratado? Quantas pessoas já não mais aceitam a abordagem de cabos eleitorais distribuindo papéis, jornais e toda insidiosa ação propagandística? Enfim, qual a efetividade eleitoral dessas ações do século passado, bem passado? Hoje, a abordagem, a conceituação de pessoas e grupos políticos e a difusão de mensagens, elogios, difamações, notícias maliciosas, even-

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tos enaltecedores, inaugurações de obras, visitas, ações políticas e administrativas, de agendas de eventos e uma infinidade de postagens direcionadas a públicos específicos ultrapassou em larga escala as ações incipientes de tempos atrás. A difusão que pretendemos dar para nossas ações políticas (ou de nossos assessorados) ganhou uma dimensão geométrica, eficiente e conceituadora. E, principalmente, de baixo custo. Um político conhecido ou um pretenso candidato a uma eleição futura tem nas Mídias Sociais um canal de veiculação potente, eficaz e econômico e o melhor meio de difusão de sua imagem que já existiu. O problema? Nem toda a tecnologia está proporcionando uma boa qualidade da comunicação de nossos gestores e políticos. Riscos “Modismo” para muitos, as Mídias Sociais contém riscos aos seus praticantes mais afoitos e seus assessores despreparados. Não sendo um fim em si mesmo, não é possível pensar que o uso indiscriminado das diferentes Redes Sociais existentes possa substituir a ação política; que elas possam ser entendidas como uma ferramenta que dispensa outros mecanismos de difusão e consolidação da mensagem política e, menos ainda, ser exercidas sem um excelente Planejamento de Trabalho. A prática muito comum de grande parte dos políticos de construir sua comunicação digital baseada em “FanPages” do FACEBOOK por si só já constata a fragilidade de conhecimento e a total falta de estratégia de construção/consolidação da Imagem pública de ditas “celebridades” políticas, Brasil afora.


O mesmo se dá quando o político opta por uma das diversas Redes Sociais por ter nela a familiaridade de sua operação, sem avaliar oportunidades e riscos dessa opção inicial. Com mais de 10 fortes opções de Mídias Sociais é generalizada a justificativa de que o candidato ou seu assessor fez a opção por determinada Rede por tê-la como a mais prática e fácil de ser operada. É muito comum que o político ou seu assessor desprezem ferramentas fundamentais para a boa comunicação dando, como justificativa, respostas simplistas. Muitos são levados a essa situação pelo comodismo e outros tantos por absoluto desconhecimento da matéria. Explico: A Rede Social FACEBOOK, por exemplo, instituiu as chamadas “PÁGINAS”, buscando monopolizar a Internet e tentando tornar arcaicos todos os “sites”, portais que nos habituamos a criar e acessar para informações, sites que personalizam órgãos públicos, homens públicos, instituições e toda gama de pessoas físicas e jurídicas, mundo afora. “PAGINAS” do FACEBOOK, pela facilidade de construção, tornaram-se elementos de fácil uso por assessores de imprensa e por “sobrinhos” de autoridades, que os administram sem a mínima exigência de conhecimentos tecnológicos, operacionais ou estratégicos para a comunicação pública. Tornaram-se, em pouco tempo, objetos de convencimento para que o mundo político assim optasse por um instrumento inserido no mundo FACEBOOK, de boa plasticidade, fácil construção e popularidade – afinal, o FACEBOOK é a maior rede social nessa grande gama de alternativas das Mídias Sociais. Parece fácil e lógico. Apenas parece!

Ocorre que as denominadas “PÁGINAS” do FACEBOOK são reativas, inertes, passivas, paradas, sem as funções práticas de uso pela classe política e incapazes de ser operacionalizadas por quem 1) Planeja a Comunicação; 2) Opera a comunicação pessoal e política de forma ATIVA; 3) Organiza a comunicação para falar de determinado assunto para os públicos específicos que desejam receber determinada mensagem.

Uma “Pagina” do FACEBOOK é ainda mais inerte do que passaram a ser inertes os sites de instituições, de mandatos legislativos, de órgãos públicos, de candidatos, de partidos políticos, enfim, sites do mundo político – DEPOIS QUE OS JORNALISTAS E “COMUNICADORES” concluíram que “operar” PÁGINAS do FACEBOOK era mais cômodo e exigia menos esforço físico e mental. Revista Estratégia Marketing Político - nº 3

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Sim, as Mídias Sociais tornaram-se mais práticas aos comunicadores, assessores de imprensa e responsáveis pela comunicação política e pública e, assim, tornaram-se instrumentos que justificam e legalizam o trabalho de levar AO PÚBLICO a mensagem política de assessorados e instituições, mas NÃO NECESSARIAMENTE efetivaram a qualidade do trabalho e nem mesmo garantiram essa propagada assessoria de comunicação. Vivemos um verdadeiro “faz de conta” que ilude assessores e assessorados. É a prática usualmente utilizada pela área de comunicação de muitos órgãos públicos - resume o conteúdo eventualmente criado e postado no site e na PÁGINA do FACEBOOK como tarefa cumprida e entendendo assim que o Universo já foi informado das últimas notícias do dia...

O grave erro no uso das Mídias Sociais está na preguiçosa ilusão de que “postar” nas diferentes Mídias é o suficiente para que as informações ou conceitos elaborados em textos, filmes, ilustrações, entrevistas e/ou artes animadas atinjam os seus públicos-alvo. Isso não acontece. E caso o seu assessor de imprensa assim pense – ou, assim tente convencê-lo – é hora de repensar suas contratações na área de comunicação, imprensa e relações públicas. Dos erros – recorrentes – cometidos pelo mundo político e suas assessorias nas Mídias Sociais criei a convicção de que as áreas de comunicação são grandes críticas da classe política, mas respondem por significativa parte da responsabilidade sobre a imagem de ineficiência e desnecessidade dessa mesma classe política. Mas há solução, há novos caminhos.

Redes Sociais recheiam TVs e Rádios Você já assistiu ao programa do “Faustão”? E outros programas de TV denominados de “entretenimento”? E o que se destaca nesses programas e que gera a maior audiência? E, além de audiência, o que ampliou expressivamente o tempo de exibição? Sim! Filmes. “Pegadinhas”, filmes com animais, acidentes, cenas dantescas inicialmente geradas... nas Redes Sociais... Repare agora nos programas de rádio de sua cidade. Cada vez mais as emissoras fazem uso de informações geradas e transmitidas por ouvintes para o preenchimento de seus programas de “jornalismo”, do tempo de transmissão falsamente intitulado de programas de “prestação de serviços”. No primeiro caso - das TVs, no segundo caso - das rádios, o que se verifica é um movimento de desestruturação total do jornalismo brasileiro. As redações estão esvaziadas. Jornais e veículos 10

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eletrônicos de comunicação passaram por forte processo de demissão e o recurso usado para se manterem no ar é a dependência cada vez maior do conteúdo advindo das Redes Sociais. Já ouviu a frase: Da crise, a Oportunidade? Pois é... Quem gera conteúdo acaba por ser fundamental para todos: os amigos das Redes, a Imprensa, os formadores de opinião. Poucos são os internautas que geram conteúdo político em suas cidades, dentre os integrantes de seus Nichos Eleitorais, são poucos os que se dedicam a gerar uma MARCA de sua pessoa, de sua atividade, de seu perfil social, político ou de uma eventual potencialidade eleitoral. Quer falar a respeito? Deseja ser uma pessoa/ candidato com uma MARCA? Fale com a www.marcoiten.com.br


Operamos centenas de diferentes estratégias para grande número de políticos – de todas as esferas, partidos e cargos públicos, no Executivo, Legislativo e também na classe esportiva, Executivos de empresas públicas e privadas. Todos pedem, invariavelmente, a mesma coisa: Divulguem; acrescentem valor à comunicação; gerem destaque para o meu mandato/cargo; tornem-me mais visto e lembrado, positivamente. Para o sucesso dessas missões há a necessidade do que sempre digo e repito: Planejamento da Comunicação como o primeiro passo. O maior diagnóstico da precariedade da comunicação hoje vista no mundo político está na impactante estatística: em 100% dos casos em que atuamos houve a necessidade de elaboração TOTAL do planejamento tendo em vista a ausência completa de linha de atuação, definição de públicos, adequação dos instrumentos, qualificação dos integrantes, elaboração de Mapas de Mídias, formatação da Linguagem e todas as demais 28 operações que, agrupadas, constituem o completo instrumento de comunicação de um político, de uma empresa ou de um projeto a ser lançado. Operações essas que detalho no curso Assessoria de Imprensa e Uso das Redes Sociais para Prefeituras, Órgãos Públicos, Mandatos, Partidos e Câmaras Municipais (mais informações no box ao lado). Difícil é explicar que o uso cotidiano das Mídias Sociais não significa que o usuário domina as Estratégias para uma boa comunicação pública – ainda mais quando o interessado busca o sucesso no mundo político ou a construção de uma excelente imagem pública.

Qualifique sua equipe de comunicação Entender e praticar corretamente o Uso das Redes Sociais na divulgação das ações políticas de um prefeito, de um vereador, de um deputado é a base para o Curso que os jornalistas Cintia Cury e Marco Iten ministrarão em São Paulo no próximo dia 19 de maio. Marco Iten abordará as 28 operações que integram a comunicação de um político, empresa ou projeto nas Redes Sociais. Entre os temas, a definição de públicos, adequação dos instrumentos, qualificação da equipe, Mapas de Mídias, Linguagem, entre outros. Cíntia Cury trata das novas estratégias e mais modernas técnicas da comunicação pública, com temas como o

planejamento estratégico, o relacionamento com a mídia, o release e o gerenciamento de crises. Tema: Assessoria de Imprensa e Uso das Redes Sociais para Prefeituras, Órgãos Públicos, Mandatos, Partidos e Câmaras Municipais Data: 19 de maio de 2017 (sexta-feira) - das 9h às 18h Local: Hotel Ibis Congonhas (Rua Baronesa de Bela Vista, 801, Aeroporto) – São Paulo/ SP Inscrições: R$ 450,00 por participante até 12/05/2017 Mais: www.marcoiten.com.br Fone: 11 2068-1873 WhatsApp: 11 96179-9054 paula@marcoiten.com.br antonio@marcoiten.com.br

A precariedade dos conhecimentos encampados por quem deveria ter a responsabilidade de definição desse planejamento e das estratégias subsequentes gera um baixo nivelamento das ações e, infelizmente, acaba por fazer crer que o pouco, o inútil, o efêmero e o dispensável tornam-se o comum e o “padrão” a ser seguido. Diferenciação Hoje, para se diferenciar e fazer o ótimo uso das excelentes ferramentas disponíveis é necessário que a mesmice dê espaço para o ótimo, o eficiente, o que surpreenda e que, efetivamente, atenda suas necessidades da comunicação e do marketing. As Mídias Sociais efetivas devem ser criadas e instrumentaliRevista Estratégia Marketing Político - nº 3

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zadas para grupos distintos de eleitores/internautas/cidadãos, sempre seguindo a estratégia do “encampamento” de segmentos de máximo/ médio/baixo interesse e segundo a intensidade das práticas digitais de cada interlocutor. Como dito, cada político, executivo ou órgão público busca seu máximo impacto perante seus específicos públicos e a comunicação, cada vez mais, torna-se dirigida, segmentada, ímpar na caracterização de perfis, públicos, demandas e exigências.

O que é o Fundo Partidário? O Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos, denominado Fundo Partidário, é constituído por dotações orçamentárias da União, multas, penalidades, doações e outros recursos financeiros que lhes forem atribuídos por lei. Os valores repassados aos partidos políticos, referentes aos duodécimos e multas (discriminados por partido e relativos ao mês de distribuição), são publicados mensalmente no Diário da Justiça Eletrônico. A consulta pode ser realizada por meio do acesso ao sítio eletrônico do TSE na Internet. O critério de distribuição foi definido pela Lei nº 9.096/95, alterada pela Lei nº 11.459/2007 e Lei nº 12.875/2013. Para 2017 a “farra” com o dinheiro público destinado aos partidos políticos será de R$ 819.000.000,00. É sempre bom lembrar que as Leis que regem a destinação de recursos públicos para os partidos políticos são debatidas e votadas... pelos próprios parlamentares, muitos deles os verdadeiros “donos” das agremiações contempladas com as centenas de milhões de reais, a cada ano.

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A arte Como, então, a publicidade e a comunicação podem ainda ser genéricas? Não podem. É esse o segundo passo, após a elaboração da Estratégia de Comunicação. É necessário que a comunicação (pessoas, jornalistas, comunicadores em geral) tenha uma visão e um Plano de Trabalho ativo e específico para a abordagem dos segmentos necessários. É uma Arte, principalmente em razão da notória incapacidade de nossos atuais comunicadores saírem do lugar-comum do jornalismo do século passado (elaboração de releases + envio de releases + follow-up geralmente inútil). A comunicação de órgão público (prefeitura, por exemplo) talvez seja o mecanismo mais prático para exemplificar a abrangência e a complexidade da gestão da comunicação nos tempos do verdadeiro e efetivo uso das Mídias Sociais. Vamos imaginar uma Secretaria Municipal de Saúde. É um ambiente sensível e de grande impacto eleitoral, como todos sabemos. Essa secretaria tem x unidades físicas: PSs (unidades de Pronto Socorro), PSF (Programa Saúde da Família), Vigilância Sanitária, Transporte (Ambulâncias), e informações sensíveis via os cadastros-padrão do SUS que, por Lei, devem estar atualizados. O primeiro esforço é o de inserir nas planilhas já existentes as informações das diferentes Redes Sociais utilizadas pelos usuários, assim como celulares (para formação de Grupos distintos de WhatsApp). Facebook, Twitter, Linkedin, por exemplo, conforme o potencial de abrangência de cada uma das inúmeras Redes


Sociais preferidas pelos usuários. Essa primeira etapa, invariavelmente, tenta ser rejeitada pelos tentáculos burocráticos que se unem à preguiça e ao descrédito na esfera pública. Para a boa comunicação, no entanto, é a ferramenta essencial para a comunicação dirigida, pessoal e intransferível. O segundo esforço é pela segmentação do público. No caso de uma prefeitura, é a segmentação de todos os moradores da cidade. O processo é facilitado por sistemas eficientes de “leitura” da massa de informações disponibilizada no tráfego incessante de dados – e esse processo é a fonte geradora da imensa maioria das informações estratégicas para a construção da Imagem da instituição ou do político perante cada cidadão da comunidade-alvo. O terceiro esforço é essa construção da imagem – falando e apresentando-se conforme as necessidades das demandas de cada segmento identificado e quantificado. Resultado A força das Mídias Sociais está no pleno domínio dessas ações que insisto em chamar de “esforços”, uma vez que demandam tempo, muito trabalho e o correto planejamento das ações. O resultado? Uma comunicação direta, dinâmica, participativa e de envolvimento de milhares e milhares de pessoas com o “cliente”, seja uma Instituição ou um candidato. Simples assim. Com muito esforço e trabalho. O principal conceito a ser assumido por quem opera a comunicação digital na área pública e política é assumir que as Redes Sociais se caracterizam pela comunicação In-di-vi-du-al, ou seja, emissor (o político ou a estrutura deste) direto com o Cidadão/Eleitor. Um por um. Direto. Papo Reto. Nossa empresa tem estrutura para o atendimento de toda e qualquer demanda e toda estratégia para posicionamento, comunicação e formação da Imagem Pública de seu interesse. Basta contatar-nos: www.marcoiten.com.br

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Marketing Político e de Governo

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Emissoras de TV

vão perdendo o reinado

19 de Fevereiro de 2017. Os dois principais times de futebol do Paraná, o Atlético Paranaense e o Coritiba, celebram um acordo para transmissão de uma partida, ao vivo, via YouTube e FACEBOOK. Algo inovador para os padrões brasileiros. Algo impensado pelos demais clubes e o terror para o monopólio televisivo da Rede Globo. Na arquibancada do maior clássico paranaense, 20.000 torcedores. 14

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Mas o jogo não foi realizado. E, pasmem! As torcidas não se revoltaram, não pediram devolução dos valores pagos pelo ingresso. As informações que explicaram o atraso no início da partida vieram pelos meios digitais muito mais do que pelos autofalantes do estádio ou pelas rádios (ambas têm baixa audiência até mesmo para os torcedores presentes ao jogo!). Os clubes se recusaram a celebrar a exclusividade dos direitos de


transmissão de seus jogos com a TV Globo pois a emissora havia apresentado proposta de pagamento de direitos de imagem e transmissão com cerca de 50% de desconto do valor praticado no campeonato anterior, de 2016. Daí a busca de alternativa de transmissão. A mão pesada para a proibição da transmissão foi da Federação Paranaense de Futebol. Mão pesada, mas ilegal pois os clubes garantiram o direito de celebrar a transmissão, realizando um novo jogo no dia 1º de Março, quarta-feira de cinzas. Audiência via Internet? 170.000 internautas. O resultado? Do placar, pouco importa (foi 2 a 0 para o Atlético-PR). Relevante foram as entrelinhas da notícia. Os torcedores sabem o quanto o monopólio da TV é prejudicial para os clubes e o quanto desrespeita o torcedor (obrigando que os jogos tenham o horário ajustado para “depois da novela” ou no pior momento do “Faustão”...). Os clubes sabem que a transmissão via TV está com audiência em forte queda (todas as TVs sofrem essa queda de audiência e faturamento), assim como sabem que as transmissões de TV regionalizam seus times, impedindo a formação de torcedores nacionais dos clubes – característica que faz dos times europeus marcas mundiais, mas limita os clubes brasileiros aos ditames da estratégia comercial de uma emissora de TV. Sim, pois é certo que desses 170.000 internautas vários deles poderiam ser torcedores paranaenses morando na Suécia, Japão ou Canadá. Alguns deles poderiam ser “olheiros” ou empresários de clubes de toda parte do mundo. Milhares, certamente, são torcedores sem con-

dições financeiras para presenciar, ao vivo, do estádio. Aqueles 20.000 torcedores que compareceram ao estádio se solidarizaram com seus clubes. Os jogadores se misturaram no centro do campo e, de mãos dadas, prestaram uma homenagem aos torcedores e protestaram contra a decisão da suspensão da partida. Outro aspecto salutar é a transparência dos números oferecidos pela transmissão via Internet – coisa que a TV guarda apenas para estratégias comerciais próprias. A internet permite parametrizar a audiência, permite a interação, gera “chats” diversos, identifica a origem da audiência e uma transparência que pode – e deve – ser usada pelos clubes para fidelizar o torcedor, gerar receitas, promover sua Marca e fortalecer suas estratégias no mercado. Essa é a mesma experiência oferecida aos que sabem fazer uso da Internet para a geração e o fortalecimento de suas Marcas, pessoais e políticas. Deseja construir uma excelente Marca nas Redes Sociais? Deseja transmitir conceitos a partir de Estratégia bem definida? Já se deu conta da força de uma Rede Social feita por profissionais?

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Redes Sociais não querem perder a credibilidade como aconteceu com o e-mail Há 20, 15 ou 10 anos, o e-mail era tudo. Pelo e-mail você “falava” com o mundo. Você contatava quem quisesse... E-mail era a Internet, era o futuro, presente. Era o início, o fim e o meio. Nada nem ninguém, porém, pensou que ele poderia acabar. Mas ele acabou. Acabou porque perdeu sua credibilidade. O e-mail foi usado e abusado indiscriminadamente, por todos, principalmente quando a mensagem passou de sua condição de Mídia de interação para um meio barato de difusão de ofertas comerciais, SPAMs e mensagens maliciosas encobrindo vírus e ferramentas nocivas aos internautas. Hoje, os e-mails oferecem fórmulas mágicas para ganhar na Mega Sena... Viagra para mulheres... Atualização de software que você não possui... Recadastramento bancário de cujo banco você nunca foi correntista... A ferramenta continua a existir, mas sua credibilidade é nula. E o que dizer, então, das Redes Sociais? A tecnologia “embarcada” nas gigantescas estruturas das grandes empresas (Facebook, Google, Linkedin, YouTube, Twitter) dispõe de intrincados mecanismos de proteção para suas redes e conexões, assim como para tudo o que é inserido, a cada segundo, mundo afora. Mas a “febre” que mais amedronta as grandes empresas de tecnologia não está nas invasões, nas tentativas de contamina-

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ção por “cookies” ou na desativação, mesmo que precária, de suas plataformas instaladas ao redor do mundo. O grande receio é torna-las fúteis e desacreditá-las. O conceito vale mais do que o valor do equipamento. A Marca é infinitamente mais importante e mais valiosa do que qualquer receita bilionária via publicidade. E no universo das Mídias Sociais a palavra que mais aterroriza empresas, anunciantes, inventores e acionistas tem um nome: o “fake”. E o “fake” não é aquela página do FACEBOOK ilegalmente criada para difundir – em tempos eleitorais, principalmente – os adversários. “Fake” não é aquele perfil maliciosamente criado para falar bem de quem queremos e... falar mal de quem temos como alvo. As grandes empresas de tecnologia preocupam-se com o “atacado” e, para elas, o atacado é o sentido dado ao noticiário veiculado pelas


Mídias Sociais que busca denegrir, descontruir, atacar, em gigantesca escala. Sim, falamos de política. É a guerra da notícia. Em todos os países. Em cada novo período eleitoral. É a “esquerda” e suas muitas mídias, jornais, rádios, Redes Sociais, criando, gerando e difundindo mentiras que lhe interessam. É a “direita” e suas muitas mídias, jornais, rádios, Redes Sociais, criando, gerando e difundindo mentiras que lhe interessam. Nessa guerra – todos sabemos e muitos de nós colaboramos – os feridos são muitos, sem distinção: perde o bom debate; todos perdem a credibilidade; as Mídias Sociais, as empresas de tecnologia e seus produtos, também. E, como ainda não temos um substituto para as Redes Sociais, e como as Redes Sociais são, hoje, as empresas com altíssima capacidade de capitalização (muito mais do que o petróleo, a energia em geral, celulose-papel e armamentos, por exemplo), é de se esperar que tenhamos, em poucos anos, a concretização de novos mecanismos inibidores, ativos e reativos, para um controle mais rigoroso, eletrônico e sutil, a monitorar ainda mais o que se publica e se divulga, de forma massiva, nas Redes Sociais. A China, a Coréia do Norte, Cuba e outras ditaduras já aplicam, com mão de ferro, suas políticas rigorosas de proibição de conteúdo, controlam e monitoram os cidadãos “suspeitos”, a Imprensa e toda e qualquer inserção gerada de fora de suas fronteiras. Mas, numa ditadura, isso tudo é de se esperar. O que podemos dizer quando dois dos pilares da civilização moderna, ocidental e liberal, como os EUA e a França, dão passos significativos para a construção de instrumentos de monitoramento, restrição e até mesmo de banimento de conteúdos nas Redes Sociais? Sim. Com apoio oficial do Google e do Facebook, os mais importantes veículos de comunicação da França (Agência France Press, Le Monde, Channel 4) e empresas de Mídias de diversos países, como a norte americana Bloomberg e a inglesa BBC News. O principal argumento? Os EUA estão “divididos” desde a última campanha presidencial. A França começa a viver a próxima corrida presidencial. Como será feita a ação? Um grupo de mais de

250 profissionais fará “checagem” de todas as notícias publicadas e com possibilidade de inserção de dados, números, informações ou citações que não sejam verdadeiras ou “absolutamente” verdadeiras. Cada informação necessitará ser verificada por pelos menos dois profissionais e, caso constatada alguma incorreção, novo texto será gerado para esclarecimentos ou o restabelecimento da verdade. Muitas notícias estão incorporadas nesta notícia. 1. A “guerra” pela verdade não termina, nunca. 2. A busca pela credibilidade move concorrentes. Na verdade, os une, mesmo que a contragosto. 3. Conseguimos isso no Brasil, com as redações infestadas de uma visão “socialista” tropical? 4. E, principalmente, você percebeu como os veículos de comunicação necessitam organicamente das Redes Sociais (Google, Facebook), pois são estas as propagadoras em escala planetária? A necessidade de verificação da verdade nas notícias veiculadas mundo afora é sempre fonte de discussão e grande desconfiança: É censura prévia? Quem pode realizar essa verificação? Afinal, um grupo pode verificar o “outro” e continuam as guerras de versões, de visões, numa retroalimentação sem fim... O fenômeno da chamada “Pós-Verdade” é recente, impactada pelas últimas eleições norte americanas, quando Donald Trump e Hillary Clinton foram atacados por seus grupos adversários – e pelas Mídias que defendiam abertamente um dos candidatos e atacavam seu rival – com suposições, meias verdades e insinuações de toda ordem. Das emissoras de TV - muito engajadas com seus respectivos candidatos – o fenômeno teve imediato desdobramento para as Redes Sociais e disparou o alerta nas Redes Sociais que, até então, passavam imunes às questões eleitorais e ideológicas. A Alemanha, também com eleições programadas para o fim do próximo ano, monitora a polêmica da “Pós-Verdade” e pode ser o primeiro país a legislar sobre o tema, identificando e criminalizando o uso indiscriminado da Mídia (e das Mídias Sociais) com o objetivo de inibir o dirigismo do jornalismo político – mesmo quando travestido de uma simples postagem. Revista Estratégia Marketing Político - nº 3

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C APA

Lista Fechada A mais nova malandragem dos “nossos” senadores e deputados por Marco Iten

Não bastasse tanta safadeza, roubalheira, malandragem, uso do mandato popular para a defesa de interesses pessoais e corporativos, o Congresso Nacional está parindo a MAIOR de todas as safadezas na área política e legislativa: a Lista Fechada. O Congresso Nacional já buscou em mais de uma oportunidade fazer valer a opinião de uns poucos em detrimento de toda a sociedade. Nestes últimos 10 anos, a Lista Fechada já foi votada em duas oportunidades, sempre derrotada. Na última tentativa, era patrocinada pelo deputado Eduardo Cunha, hoje hóspede de Sérgio Moro... Isso já diz muito. Mas não tudo. A Lista Fechada é o suprassumo da malandragem política. Quem a defende, certamente, tem interesses escusos. Quem a defende, certamente, tem culpa no cartório. Quem a defende, certamente, tem a certeza de que não terá novo êxito no voto popular. E, em se falando do atual Congresso, muitos são aqueles que buscam artifícios para se perpetuar no mandato, mesmo que já sejam execrados por seus eleitores. Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, e Eunicio Oliveira, presidente do Senado, são os principais artífices dessa chamada “reforma política” que tem por objetivo buscar alternativas para “salvar” grande parte dos atuais congressistas de derrotas fragorosas em seus respectivos estados de origem. Sim, apenas interesses pessoais. É sabido que o Congresso Nacional não discute a reforma política como ferramenta do aprimoramento democrático do país. Toda e qualquer 18

Revista Estratégia Marketing Político - nº 3 www.marcoiten.com.br

discussão naquele ambiente insalubre se dá com o único objetivo de favorecimento aos seus próprios integrantes. Lista Fechada - O que é isso? O sistema é simples e adotado em poucos países, mas, no Brasil, encobre uma imensa maracutaia... 1. Cada partido “cria” uma lista com seus candidatos a um pleito legislativo (vereador, deputado estadual, deputado distrital apenas em Brasília - ou deputado federal). 2. Os partidos apresentam a lista aos eleitores, que votam não mais na pessoa, mas apenas na legenda, na lista. 3. Do peso proporcional obtido por cada partido nas urnas serão “eleitos” os primeiros nomes de cada agremiação. Criei abaixo uma simulação para destacar o raciocínio que imperaria/imperará caso esse mecanismo casuístico viesse/vier a ser aprovado. Como vivemos num sistema partidário que dá toda aparência de legalidade e todo poder ao “dono” da agremiação, será o “dono” do partido, nas diferentes esferas (federal, estadual e municipal), a pessoa a determinar a elaboração da lista. Evidentemente que essa lista terá seus interesses atendidos, privilegiando ao próprio, seus familiares (notem como filhos de dirigentes partidários elegem-se às custas desses e de outros artifícios...) e muitos “financiadores” políticos.


Na simulação, abaixo, notem que os partidos também buscam filiar palhaços, artistas ou figuras populares com forte apelo emocional e, portanto, eleitoral. Alguns partidos também lançam mão de pessoas de ilibada reputação, quase sempre denominadas de “anjo”, pessoas dignas, celebridades cujo conceito é “emprestado” a agremiação para dar à chapa um caráter mais humano, sério e probo. Por fim, depois de atendidos os interesses pessoais, familiares, financeiros e da falsa imagem a ser criada perante a opinião pública, o partido preenche o restante da lista de candidatos com postulantes, buscando, com esses votos de militantes - genuínos e iludidos interessados em participar do processo eleitoral – somar votos que aumentem a proporção de sua legenda para o rateio das cadeiras em disputa. Ordem de Candidatos

Nomes dos Candidatos

1

O "Dono" do partido

2

O Filho do "dono" do partido

3

A Filha do "dono" do partido

4

Financiador...

5

Financiador...

6

Palhaços, artistas...

7

Anjo

8

Anjo

9

Candidato iludido

10

Candidato iludido

11

Candidato iludido

12

Candidato iludido

13

Candidato iludido

14

Candidato iludido

15

Candidato iludido

....

...

A Lista Fechada é uma ferramenta maquiavélica que acaba com a igualdade nas disputas para cargos legislativos. Não bastaria legitimidade nem a representatividade de um “candidato iludido”, digamos assim, aqui colocado na posição 14 da lista criada pelo “dono do partido”. O candidato 14 poderia ser um “anjo”, um “santo”,

poderia ser a Madre Tereza de Calcutá, o Papa, Gandhi, um popular apresentador de TV, um legítimo representante da sociedade civil, a pessoa mais correta e mais confiável de uma sociedade. Pela regra pretendida, se esse candidato 14 tivesse 20%, 30% dos votos validos, mesmo assim ele apenas teria gerado votos para a eleição dos que foram ungidos ao topo da lista fechada da sua agremiação. Esse candidato 14 poderia ter gerado 500.000 votos para a legenda e alcançado a 1ª posição, o “dono” do partido, poderia ter obtido apenas 15.000 votos. Os “eleitos” pela regra que se tenta criar seriam, certamente, o “dono”, o “filho” e a “filha”, pois o que passaria a definir os eleitos seria a ordem dessa “lista”. Um absurdo! A verdadeira Democracia preconiza que todos têm os mesmos direitos, mas o que pretende o atual Congresso é dar um aspecto de legalidade a maior desfaçatez sob o pomposo nome de “Reforma Política”. Quem estaria nas primeiras posições da lista? Um bicheiro-milionário disposto a “comprar” uma boa posição na lista ou um candidato sem recursos? As eleições brasileiras são palco de muitas ilegalidades e imoralidades, como o verdadeiro derrame de dinheiro sujo que financia os partidos políticos e que vem sendo tema de tantas denúncias na Operação Lava Jato. Mas também muitas irregularidades e imoralidades que são de conhecimento do Congresso Nacional e que se perpetuam sob o conhecimento do legislador/dirigente partidário – que se beneficia com essa situação. Uma – das muitas – aberração é a que permite as coligações partidárias para a eleição legislativa – e nada faz crer que essa regra não se manterá nesta próxima eleição de 2018, a despeito das iniciativas para que essa prática seja proibida - talvez apenas uma momentânea ação de marketing. O maior – e pior – exemplo do desequilíbrio desse instrumento se deu nas eleições para o cargo de deputado federal por São Paulo na disputa de 2010. Naquele ano, já embalado com graves denúncias de corrupção e de práticas ilegais na gestão do ex-presidente Lula, com o Mensalão na ordem do dia, uma coligação enRevista Estratégia Marketing Político - nº 3

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volvendo o PT, o PR, o PCdoB, o PTdoB e o PRB excluiu todos os candidatos na propaganda política de rádio e TV para exibição única do palhaço TIRIRICA, em tom e linguagem cínica e irônica, escondendo mensaleiros, como os candidatos Genoíno, Valdemar da Costa Neto, João Paulo Cunha e similares... O sucesso da artimanha apenas se deu pela perpetuação desse sofrível e injustificado mecanismo da coligação partidária. Sem o artificialismo 11 dos 25 eleitos não teriam mandato nem foro privilegiado (outra artimanha que era buscada pela maioria daqueles...). Eleição 2010 Deputado Federal/SP Tiririca

Partido PR

1.353.820

2º mais votado

560.022

3º mais votado

270.661

4º mais votado

267.208

5º mais votado

Mensaleiro do PT

255.497

6º mais votado

250.467

7º mais votado

226.073

8º mais votado

218.789

9º mais votado

216.403

10º mais votado

214.114

11º mais votado

213.024

12º mais votado

211.855

13º mais votado

207.465

14º mais votado

192.336

15º mais votado

189.014

16º mais votado

184.403

17º - Valdemar da Costa Neto

Mensaleiro do PR

174.826

145.585

30º mais votado

PT, coligado PR

144.529

31º mais votado

PT, coligado PR

141.068

32º mais votado 33º mais votado

140.641 PT, coligado PR

34º mais votado 35º mais votado

140.525 139.727

PT, coligado PR

139.691

36º mais votado

139.636

37º mais votado

134.884

38º mais votado

PT, coligado PR

134.479

39º mais votado

PT, coligado PR

134.190

40º mais votado

PCdoB, coligado PR

132.109

41º mais votado

PT, coligado PR

131.685

42º mais votado

PR

131.654

43º mais votado 44º mais votado

129.620 PT, coligado PR

127.952

45º mais votado

124.737

46º mais votado

124.608

47º mais votado

121.471

48º mais votado

117.634

49º mais votado

116.317

50º mais votado

113.823

51º mais votado

113.333

52º mais votado

113.156

53º mais votado

112.950

54º mais votado

112.852

55º mais votado 56º mais votado

111.531 PT, coligado PR

110.207

57º mais votado

107.464

58º mais votado

107.035

59º mais votado

105.085

60º mais votado

104.433

61º mais votado

104.400

18º mais votado

172.005

62º mais votado

103.373

19º mais votado

170.957

63º mais votado

100.195

20º mais votado

170.777

64º mais votado

98.842

21º mais votado

164.650

65º mais votado

98.702

22º mais votado

162.667

66º mais votado

96.897

162.144

67º mais votado

161.083

68º mais votado

25º mais votado

160.813

69º mais votado

PCdoB, coligado PR

94.906

26º mais votado

160.242

70º mais votado

PT, coligado PR

93.314

160.138

71º mais votado

149.525

72º mais votado

23º mais votado 24º mais votado

PR

27º mais votado 28º mais votado

20

Votos

29º mais votado

PT, coligado PR

Revista Estratégia Marketing Político - nº 3 www.marcoiten.com.br

PRB, coligado PR

95.971 95.089

93.243 Mensaleiro do PT

92.362


A Lista Fechada também será utilizada financeiramente por “donos” de partidos políticos para a comercialização de posição privilegiada (talvez a 2ª ou 3ª posição na lista) para dar notoriedade, foro privilegiado e demais benesses inerentes a esse cargo. Pessoas que precisariam ser isoladas da sociedade, mas que, nesta posição na lista e com eleição certa, deixarão o submundo da sociedade para galgar posição de Excelência, encontrarão na tal “reforma política” uma salvação, para alegria da atual classe política. Explico: Quanto custará a um traficante de drogas a posição de nº 1 ou nº 2 numa lista fechada de algum partido político inexpressivo, pequeno ou médio? E um grande contrabandista? Um banqueiro fraudador? Um assassino contumaz?

Os telejornais retrataram, dias atrás, uma reunião que contou com o presidente Temer, Eunício Oliveira, Rodrigo Maia e, pasmem... o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, o ministro do STF Gilmar Mendes. A Pauta? A “Reforma Política”... Olho vivo, Brasil. Cada um daqueles busca alguma benesse. Salvar os anéis, salvar os dedos, alegrar os colegas, talvez um pouco mais de notoriedade. Mas, se a sociedade permanecer calada, a nossa pequena e monitorada “liberdade” para escolher nossos “representantes” estará liquidada, sob a ótima e a falsa imagem de uma modernidade, uma “novidade” praticada em países como a Albânia, Andorra, Escócia, Guatemala, Sérvia e Uruguai.

Marco Iten é especialista em comunicação pública e Mídias Sociais, planeja e coordena campanhas eleitorais em todo o país. É autor de 5 livros sobre Marketing Político. Ministra cursos e consultoria para candidatos, partidos políticos, detentores de mandatos e prepara equipes para o bom uso das Mídias Sociais na comunicação. fale@marcoiten.com.br facebook: /marcoiten.estrategia

É assim que você vai votar caso seja aprovado esse absurdo de Lista Fechada Revista Estratégia Marketing Político - nº 3

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GESTÃO

Tecnologia entra na batalha para combater a corrupção

A corrupção aparece, pela primeira vez, como a principal preocupação dos brasileiros. De acordo com pesquisa da Confederação Nacional da Indústria, 65% da população consideram a corrupção o pior problema do país, a frente de questões como a violência, a saúde e o desemprego, por exemplo, que já ocuparam o topo dessa lista. A crise econômica e as cifras bilionárias de dinheiro público desviado em atos sistemáticos de corrupção sob investigação da Polícia Federal – como a Operação Lava-Jato, levaram o tema para o centro das conversas na mesa do bar, na reunião de amigos, no almoço de domingo. Entre a perplexidade e a indignação, há quem prefira tomar a iniciativa na tentativa de ajudar a reverter 22

Revista Estratégia Marketing Político - nº 3

esse quadro. Um exemplo é a Operação Serenata de Amor, que usa a inteligência artificial para auditar gastos de parlamentares e identificar probabilidade de ilegalidade. O sistema – um robô virtual que recebeu o nome de Rosie, em alusão ao robô do desenho animado Os Jetsons - foi desenvolvido por um grupo de jovens, liderado pelo cientista de dados Irio Musskopf, de 23 anos. O trabalho em uma empresa sediada em São Francisco (EUA) lhe permitiu entender como o dinheiro se move nas instituições públicas. Já um curso feito em Berlim (Alemanha) despertou para a ideia do desenvolvimento do software. Começou a trabalhar a noite e nos fins de semana. Logo convidou alguns amigos a participar. Como não tinham dinheiro para o projeto, optaram pelo financiamento coletivo. Em pouco tempo conseguiram arrecadar R$ 80 mil, o suficiente para dois meses de trabalho. Nesse período, o grupo analisou as despesas dos 513 deputados federais reembolsadas pela Cota para Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP). De acordo com a legislação vigente, cada deputado tem direito a uma cota que varia de R$ 30 mil a R$ 44 mil, dependendo da unidade da federação que o parlamentar representa, para reembolso de gastos destinados ao custeio da atividade, como passagens aéreas, telefonia, serviços postais, alimentação ao parlamentar,


hospedagem, locomoção, combustível, entre outros. Ao todo, esses gastos somam R$ 128 milhões ao ano. Os reembolsos feitos aos parlamentares estão disponíveis no site da Câmara Federal, assim, Rosie pode realizar seu trabalho de análise. O robô virtual consegue saber, por exemplo, quando um gasto com alimentação foi feito artificialmente (ou seja, utilizando notas frias); por terceiros; foge completamente aos padrões de notas de refeições; está acima da média de gastos em alimentação de um parlamentar; ou refeições feitas em cidades distantes em um período de tempo muito curto. Irio Musskopf ressalta que a inteligência artificial é um importante instrumento para auxiliar o ser humano em tarefas complexas como essa. Ele lembra que, diariamente, a equipe responsável pelo reembolso de despesas dos deputados recebe um grande volume de pedidos, o que torna inviável a verificação de detalhes com a precisão alcançada pelo robô virtual Rosie. O mesmo acontece com os Tribunais de Contas, que não dispõem de pessoal para verificar cada gasto de uma instituição. Em apenas dois meses de trabalho, Rosie identificou mais de 3.000 situações suspeitas, totalizando cerca de R$ 1.000.000,00. Entre as anomalias, o robô encontrou um sanduiche que custou R$ 220,00; um parlamentar que fez 13 refeições no mesmo dia; uma refeição no valor de R$ 6.205,00; um parlamentar que fez refeições em quatro Estados diferentes no mesmo dia, entre outras. Depois que Rosie fez seu trabalho, o grupo se reuniu e decidiu auditar cada uma das suspeitas do robô para, só então, apresentar as denúncias à Câmara Federal. Eles audita-

Números da Operação O reembolso dos 513 deputados somam em um ano

 R$ 128 milhões Em 2015 foram feitos

 169.241 3.000 

pedidos de reembolso

situações suspeitas foram identificadas As despesas suspeitas somam quase

 R$ 1.000.000,00 Até agora, 36 denúncias geraram devolução aos cofres públicos de

 R$ 3.253,25 ram 971 casos, que geraram 587 denúncias, envolvendo 216 deputados e totalizando mais de R$ 378.000,00 em reembolsos contestados. Alguns parlamentares reconheceram a falha e devolveram o dinheiro. Ao todo, 62 denúncias foram respondidas, das quais, 36 geraram o ressarcimento de R$ 3.253,25 aos cofres públicos. A maioria, porém, não se manifestou: 89% das denúncias ainda aguardam respostas. O grupo publicou no site da Operação Serenata de Amor as duas listas: a das Revista Estratégia Marketing Político - nº 3

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Toblerone X Serenata de Amor Em 1995, a então vice-primeira ministra da Suécia, Mona Sahlin, teve de renunciar ao cargo porque fez compras pessoais utilizando o cartão de crédito do governo. Ao todo, ela gastou o equivalente a cerca de R$ 18.000,00 com objetos pessoais (como roupas, fraldas e cigarros) e duas barras de chocolate Toblerone, no escândalo que ficou conhecido como “Tobleroneaffären” ou “Caso Toblerone”. Quando o caso veio à tona na imprensa, Mona Sahlin era considerada favorita para as eleições do ano seguinte para primeira-ministra. No dia seguinte à notícia, foi veiculada uma pesquisa na mídia sueca dando conta que 66% da população já a consideravam “imprópria” como primeira-ministra. Mesmo tendo devolvido o dinheiro e sendo credora do governo, já que devolveu o valor acrescido do equivalente a cerca de R$ 5.000, Mona Sahlin perdeu o mandato. Foram necessários muitos anos para que a população a redimisse e ela pudesse voltar à cena política. Esse foi um dos últimos escândalos de corrupção de que a

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Revista Estratégia Marketing Político - nº 3

Suécia teve notícia. Considerado um dos países menos corruptos do mundo, a Suécia foi a 4ª colocada no ranking da ONG Transparência Internacional em 2016. O Brasil aparece na 79ª posição. (www.transparency.org/news/ feature/corruption_perceptions_ index_2016) Quando Irio Musskopf e seu grupo decidiram criar um sistema que pudesse ajudar a reduzir os índices de corrupção no Brasil, lembraram do Caso Toblerone. “Adaptamos o nome ao Brasil. Queremos ser capazes de chegar ao detalhe, de detectar se uma pessoa pública comprou um bombom indevidamente”, comenta Irio. Ele chama a atenção para o fato de que a corrupção começa aos poucos. A pessoa desvia um pequeno valor – irrisório se comparado aos R$ 100 milhões gastos em 2016 com a cota para o exercício da atividade parlamentar dos deputados federais e senadores. Compra um misto quente, mas pede que a lanchonete emita uma nota fiscal no valor de uma refeição completa. Ninguém percebe. A pessoa, então, repete a irregularidade, mas aumenta o valor. Aos poucos, essa mesma pessoa se vê capaz de desviar milhões de reais. Pior: a maioria dos que se utilizam dessa prática não reconhecem a prática como delito.


devoluções, indicando o número de respostas, de devoluções e os valores; e a de quem ainda não se manifestou, com link para a denúncia e o valor envolvido. Confira a lista completa no site www.serenatadeamor.org, no link “Um mês depois do primeiro mutirão”. De acordo com Irio, o próximo passo do grupo será enviar as respostas inconclusivas ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas. Já as 525 denúncias sem resposta serão encaminhadas ao Ministério da Transparência. A Operação Serenata de Amor está longe do fim. Como depende de financiamento coletivo, os integrantes têm realizado eventos para apresentar os resultados obtidos até agora. Rosie deve prosseguir em seu trabalho de avaliar os gastos pessoais dos deputados federais e, num futuro próximo, deve chegar também ao Senado. As pesquisas para isso já começaram. Irio ressalta que tudo o que foi desenvolvido

até agora na Operação Serenata de Amor está em código aberto, ou seja, qualquer pessoa que entenda de código e tenha acesso a dados de gastos de pessoas públicas consegue reproduzir e adaptar o sistema para analisar e identificar anomalias.

Como funciona o financiamento coletivo O financiamento coletivo funciona como uma espécie de “vaquinha”, na qual pessoas que acreditam num determinado projeto colaboram com recursos financeiros para que ele seja concretizado. Hoje, com os avanços das plataformas online, o financiamento coletivo se transformou numa alternativa bastante viável para pessoas ou pequenas empresas com grandes ideias e pouco dinheiro. E o beneficiado não é uma pessoa, mas a sociedade. Foi essa modalidade de financiamento que possibilitou o desenvolvimento do robô virtual Rosie e gerou o questionamento de 971 reembolsos feitos a 216 deputados federais. Ao longo de pouco mais de três meses, de junho a setembro de 2016, o grupo trabalhou incessantemente para viabilizar a Operação Serenata de Amor. Nesse período, eles apre-

sentaram o projeto, colheram opiniões, adaptaram, detalharam e o colocaram no ar. Ou seja, ao mesmo tempo em que desenvolviam o robô virtual Rosie e seus primeiros passos no combate à corrupção, faziam campanha de arrecadação de recursos. Ao atingirem a meta proposta, R$ 80 mil, foram mais dois meses de trabalho para entregar os resultados. Agora, o grupo voltou a trabalhar na captação de recursos, além do esforço para expandir o projeto para o Senado Federal. Se você gostou da iniciativa e quer ajudar, entre no site https://apoia.se/serenata e colabore. São aceitas doações a partir de R$ 5,00. Já se tem uma grande ideia para ajudar no combate à corrupção, que tal compartilhar conosco? Mande e-mail para fale@revistaestrategia. com.br

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PLANEJAMENTO

Eleição de Deputados 2018 Começa a estruturação por Marco Iten

E está sendo dada a largada para as Eleições 2018. Recomeça, então, a grande discussão sobre as melhores fórmulas para que candidatos obtenham sucesso no próximo pleito. E esse próximo pleito para deputados anda angustiando os dirigentes partidários, deputados veteranos e, ainda mais, os futuros candidatos de primeira “viagem”. Quanto custará a nova campanha eleitoral? Continuaremos tendo a proibição de financiamento empresarial? Os partidos políticos – hoje, com muito mais recursos obtidos através do Fundo Partidário – ajudarão a cada um de seus candidatos ou optarão pelos “escolhidos” por donos 26

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das agremiações? Os eleitores rejeitarão – como numa verdadeira rebelião – o PT e seus partidos satélites, como o PCdoB, a REDE, o PDT, o PCO e o PSOL? Quais os desdobramentos da Operação LAVA-JATO na opinião pública? Como estarão os demais partidos citados até agora na LAVA JATO, como o PMDB, o PSDB, o PR, o PP, o DEM, o PT, dentre outros? Quais os reflexos das eleições municipais de 2016 na estruturação das campanhas de deputados em 2018? Quais serão os candidatos eleitoralmente viáveis para a campanha presidencial? E quem serão eles? Faço dobradas? E com quem? Enfim, são tantas as perguntas que os candidatos que mais se antecipam já começam a elaborar – e com alto grau de aflição - que um verdadeiro check list foi elaborado para colaborar com as futuras campanhas que já começaram, efetivamente. Os partidos médios e pequenos – com imensa necessidade de representação parlamentar na Câmara dos Deputados, base para o cálculo de seus quinhões no fatiamento do bilionário Fundo Partidário e para o tempo de cotização do horário eleitoral - são as agremiações políticas que mais cedo iniciaram o movimento para a organização de suas chapas de candidatos às eleições


2018. A chamada cláusula de barreira também é outro fator imponderável a instabilizar o processo eleitoral aos que deixam os trabalhos para a última hora. A busca dessa representação política passa pela eleição de deputados federais e, também, pela construção de “nominatas” de candidatos a deputado estadual que possam colaborar com a agregação de votos aos candidatos federais. Há, dentre esses partidos pequenos e médios, uma clara distribuição de votos potenciais que, em termos, acaba por facilitar a construção de Nichos específicos para a busca de votos necessários: alguns buscam o voto evangélico, outros o voto católico, outros se sustentam em estruturas sindicais, alguns se apresentam como alternativa de uma tal nova política, outros buscam uma linha ideológica – de direita ou de esquerda. Alguns organizam-se – ou tentam se organizar – num “mix” de alternativas de nomes que incluam setores acima, numa ilusão de se apresentar como verdadeiros representantes da multifacetada sociedade local/regional. Mas a busca por candidatos – quer para pequenos, médios ou grandes partidos – é gigantesca pois todas as agremiações (seus líderes) têm como foco as verbas bilionárias de recursos públicos que advém do orçamento federal. (Veja Box sobre o Fundo Partidário). Os números são reveladores: entre 2010 e 2014 os partidos políticos mais do que duplicaram seus candidatos a deputado federal (de 3.008 para 7.018 candidatos em todo o país – um acréscimo de mais de 130%), índice muito superior ao crescimento vegetativo de eleitores e da população.

Se, em 2014, foram mais de 25.000 candidatos aos cargos almejados (deputados distritais, em Brasília; deputados estaduais; federais, senadores, governadores e presidente) a estimativa é de que, em 2018, o número ultrapasse os 28.000 candidatos. Revista Estratégia Marketing Político - nº 3

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Hoje temos mais partidos políticos com registro junto ao TSE, e todos eles necessitam lançar o maior número de candidaturas para suplantar a “concorrência”. A grande maioria será de candidatos sem qualquer experiência eleitoral, sendo que é possível classificar assim candidatos com “experiência” anterior – o que não significa, necessariamente, que tenham tido algum tipo de orientação profissional que venha a gerar algum resultado mais elástico nas urnas. Chances reais Poucos são os candidatos competitivos, aqueles capazes de gerar soluções eleitorais e conquistar votos efetivos para o próprio sucesso e de seu partido. Neste pequeno universo de candidatos situam-se aqueles que foram “eleitos” pelos dirigentes partidários e os reais “donos” das agremiações; filhos/parentes dos donos e um ou pequeno grupo de nomes eleitorais fortes que tiveram consentimento para ingressar na agremiação conforme a estratégia ou necessidade dos “donos” pela sofrida sobrevivência financeira do “business”, travestido de partido político. Estimo que tenhamos, dentre esses estimados 28.000 candidatos a todos os cargos, cerca de 10.000 que disputarão as 517 cadeiras de deputado Federal. Viáveis eleitoralmente não deverão superar os 600 nomes, distribuídos em 27 Estados e no Distrito federal. Ou seja, teremos menos de 10% dos candidatos à Câmara Federal com alguma perspectiva real de vitória, seja pela experiência política, pelo domínio de redutos e nichos eleitorais, por serem os “eleitos” de facções religiosas, pelo sólido poder financeiro ou pelos fatores “genéticos” (filho ou filha de caciques políticos e dirigentes partidários). E os demais? Os mais de 90% daqueles que pleiteiam cada cadeira têm, ainda, tempo para compreender as muitas sutilezas do jogo político, da rasteira disputa das agremiações e de seus dirigentes e, parte destes ainda pode buscar a qualificação política, a qualificação técnica do processo eleitoral e a estruturação intelectual de suas futuras campanhas, sob a ótica das modernas técnicas do Marketing Político. 28

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Apoio Político: É Preciso? – Os mantras políticos repetem à exaustão que deputados são eleitos com apoios de prefeitos, do próprio partido e de uma inevitável enxurrada de dinheiro que custeia as práticas comuns das campanhas em cada cidade do reduto do pretenso político. Será que essas tais “verdades” se sustentam nos dias de hoje? Se verdade fosse não haveria o pânico que já verificamos. As eleições em 2014 já causaram muitas surpresas – muitos “caciques” foram levados à aposentadoria eleitoral, por exemplo. A derrocada do PT nas eleições municipais certamente gerará desdobramentos nos resultados eleitorais, na falta de apoio municipais para seus candidatos proporcionais e, como consequência, um rearranjo das forças no Congresso Nacional a partir de 2019; haverá uma renovação ainda mais destacada de quadros políticos com a aposentadoria precoce de muitos caciques estaduais; o crescente desgaste da classe política e o aumento das abstenções dos eleitores permitirão novos cálculos de quocientes eleitorais em cada estado. Em momentos de crise política, crise financeira e brutal recessão, como a que hoje vivemos, as administrações municipais e seus dirigentes perdem força na mobilização de votos de suas cidades para os seus deputados, eventuais “representantes” da cidade (ou da atual administração) junto aos poderes e orçamentos estaduais e federais. Será fácil motivar o eleitor – muitos deles desempregados, desiludidos ou revoltados – a votar? Será fácil “lançar mão” de promessas de futuro próspero aos que já não suportam mais a ladainha eleitoral? E Temer? Com a faca no pescoço, baixíssima popularidade, e prestes a ser julgado pela Justiça Eleitoral, sob os questionamentos do financiamento da chapa Dilma-Temer na eleição 2014, vários são os cenários que demonstram que a disputa 2018 será quente, imprevisível e que requererá Planejamento, Organização e assessoramento profissional a quem deseja vencer a eleição mais tensa e indefinida das últimas décadas. Quer VENCER em 2018? www.marcoiten.com.br


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GESTÃO

Banco de dados: toda assessoria de imprensa deve ter o seu por Cíntia Cury

Todo trabalho de comunicação depende de um ingrediente básico: a informação. Seria de esperar, portanto, que o melhor, mais completo e minuciosamente atualizado banco de dados da instituição pública e/ou do mandato pertencesse à área de comunicação. Criado, alimentado e diariamente atualizado pela equipe (ou eu-quipe) de Comunicação, esse banco de dados deveria conter todo tipo de informação, separado por área, com números, datas, observações etc. Sempre que chego a um departamento de comunicação pública para consultoria, porém, me deparo com 30

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a mesma triste realidade: a falta de banco de dados. Toda e qualquer informação sobre a instituição e/ou mandato está “espalhada” por gabinetes e computadores das áreas responsáveis por cada assunto. Assim, quando o profissional de Comunicação precisa saber o número de alunos da rede, por exemplo, precisa ligar para o responsável por essa área. E se ele quiser saber quantos quilos de alimento são comprados pela instituição para a merenda desses alunos, certamente precisará recorrer a outro departamento. Reunir informações exige tempo e paciência.


Trabalhoso e fudamental Nos cursos, palestras e treinamentos de equipe que ministro e nas consultorias para prefeituras, órgãos públicos e mandatos que realizo, essa questão é abordada logo no início. O Banco de Dados é fundamental. Por isso, arregace as mangas e ponha-se a trabalhar.

Não é preciso ter um sistema sofisticado ou um aplicativo exclusivamente desenhado para isso. Imagine pastas organizadas por temas, com subpastas contendo textos, tabelas, gráficos, enfim, tudo o que é possível criar e arquivar no computador utilizando os aplicativos de seu uso diário – como o editor de textos (ex: Word) e o editor de tabelas (ex: Excel). O importante é que seu banco de dados tenha informações completas, corretas e atualizadas. É trabalhoso, mas o resultado compensa. Quer uma motivação? Então tente se lembrar da última vez que enfrentou uma crise (de qualquer natureza ou dimensão) envolvendo o nome da instituição ou do líder na Mídia. Quanto tempo e energia você gastou para reunir as informações necessárias para lidar com essa crise? Agora imagine como teria sido se todas as informações que você precisou sobre o tema em questão estivessem em seu computador, a um clique. Quanto tempo e dor de cabeça teriam sido poupados? E quanto tempo “sobraria” para pensar na melhor estratégia para minimizar os efeitos negativos dessa crise? Sua equipe é pequena? É uma Eu-quipe (um único profissional que cuida de toda a área da comunicação)? Mais um motivo para ter um excelente banco de dados. Tempo é artigo de luxo para você. Não o gaste buscando dados que poderiam estar organizados em seu computador. Tenha em mente que formatar, abastecer e atualizar o banco de dados é fundamental para a qualidade de seu trabalho.

PAULO TOZATTO

Mesmo assim, a área de comunicação não se sente responsável pelo gerenciamento dessas informações. Não sistematiza os dados por temas, não atualiza as informações, não mantêm um briefing dos principais assuntos ou programas relacionados ao líder ou ao mandato. Nada! Apenas segue trabalhando como se cada dia fosse o único. Sem antes nem depois. O que conta é o agora. Sempre que um repórter pede informação, a resposta é a mesma: “Vou verificar e retorno em seguida”. E lá se vão algumas horas até descobrir a pessoa responsável por aquela informação. Mais algum tempo até localizar essa pessoa e o prazo por ela fornecido para, finalmente, passar a informação para a Comunicação. Sem falar nos casos em que o assessor de imprensa simplesmente não consegue a informação. Nossos colegas da Mídia ficam furiosos conosco. Consideram falta de vontade, preguiça, descaso... O fato é que eles não conseguem entender como um assessor de imprensa pode demorar tanto para repassar uma simples informação. Nos veículos de comunicação estruturados, basta abrir o banco de dados, digitar a palavra-chave e lá está a informação, clara, completa e precisa. Eles não conseguem imaginar a produção de informações sem a existência do banco de dados. Nem eu.

Cíntia Cury é jornalista especializada em Assessoria de Imprensa para Órgãos Públicos. Diretora da Exterior Editora/MarcoIten.Com atua em trabalhos de Assessoria de Imprensa; treina equipes de Comunicação e elabora o Planejamento Estratégico de Comunicação para Órgãos Públicos e Mandatos; atua na formação da imagem pública de políticos e pessoas públicas; e coordena conteúdo (impresso e on-line) para campanhas eleitorais. Atuou na Assessoria de Imprensa/Secretaria de Comunicação do Governo do Estado de São Paulo, durante os governos de Mário Covas, Geraldo Alckmin, Cláudio Lembo e José Serra. É autora do livro Assessoria de Imprensa para Prefeituras, Órgãos Públicos e Mandatos (Executivo e Legislativo), publicado pela Exterior Editora.

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IMAGEM

Fotografia para redes sociais por Daniel Guimarães

Daniel Guimarães é repórter fotográfico, com atuação em campanhas eleitorais, na Mídia (Jornais Vale Paraibano e Folha de São Paulo) e no Governo do Estado de São Paulo. Ministra o curso de fotografia para assessores de imprensa de prefeituras, órgãos públicos e mandatos promovido pela MarcoIten.Com.

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A expansão das redes sociais tornou obrigatória a iteração dos candidatos com seus eleitores nas diversas mídias. Todavia, esse processo de aproximação candidato/eleitor não pode ser feito de forma aleatória, sem qualquer planejamento. Como sabemos, o grande volume de informações trocadas diariamente exige do comunicador uma sofisticada capacidade de síntese. E não tem nenhum canal que sintetize melhor uma informação que uma fotografia. A imagem certa – e também a errada – pode gerar centenas, milhares ou milhões de compartilhamentos, likes, retweets, seguidores, page views, etc. Nesse contexto, a fotografia aliada às redes sociais transformou-se em ferramenta poderosa, capaz de estabelecer uma conexão única entre o candidato e o eleitor.

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Por esse motivo, as fotografias para as redes sociais devem retratar não somente os feitos do candidato, mas também ter um toque de ‘humanização’, tornando o contato mais pessoal: por exemplo, é possível retratar o candidato em seu trabalho, em reuniões informais com seus assistentes, num domingo em família, etc. Lembrando que não adianta adicionar qualquer foto ou ainda postar inúmeras fotos em um mesmo dia. Imagens com aperto de mão ou aquelas mostrando o candidato cercado por inúmeras pessoas ao seu lado devem ser usadas com parcimônia. Afinal de contas, alianças mudam constantemente e muitas delas podem irritar o eleitor. O mesmo ocorre com as fotos pessoais. Como o público é muito diversificado, deve-se buscar o equilíbrio. É recomendável monitorar os acessos, de modo a encontrar uma


linha de audiência com poucas variações e, na medida do possível, tentar decifrar seu público-alvo. O mais importante nesse processo é que as fotos transmitam a essência do candidato, de modo que os eleitores percebam na fotografia uma imagem que condiz com sua propaganda. Assim, a foto não pode desmentir o discurso que é passado para os eleitores. Ela deve ser a continuação

da mensagem transmitida pelo candidato, pois caso isso não ocorra, toda estratégia de comunicação soará como falsa, causando sérios danos à imagem do candidato. Para ilustrar quais tipos de imagens despertam o interesse do público em compartilhá-las, selecionei três fotografias do ex-presidente Barack Obama postadas no Flickr da Casa Branca:

RETRATO DA FAMÍLIA OBAMA, tirado em 2011: a fotografia alcançou 1,821 milhão de likes e 71 mil compartilhamentos

REELEIÇÃO: esta fotografia alcançou 2,93 milhões de likes e quase 82 mil compartilhamentos

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BARACK E MICHELLE OBAMA: foto que alcançou 4 milhões de compartilhamentos, tornando-se viral

Como se vê nessas imagens e nas fotos postadas no Flickr da Casa Branca, Obama é retratado como um homem comum, que exerce a função de pai, marido, jogador de basquete, adorador de hambúrguer e, naquele período, presidente dos Estados Unidos. O lado humano do político costuma atrair positivamente o público, pois o eleitor se vê projetado no candidato, acompanhando sua rotina, inclusive no que se refere a dificuldades do cotidiano, como uma mesa lotada de papéis.

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Fotos institucionais bem produzidas (desde que não utilizadas em excesso) também podem resultar em inúmeros compartilhamentos, pois não existe um tipo padrão de público a ser considerado. Desse modo, considerando que na internet praticamente não existe consenso, o objetivo principal das trocas de informações nas redes sociais, tendo como foco imagens fotográficas, é promover de maneira espontânea a interação candidato/eleitor, de modo a criar um impacto positivo no maior número possível de eleitores.


LIVROS

Estratégia Eleitoral é o foco do livro Eleição de Deputados A cada eleição fica mais evidente que campanha eleitoral não é distribuir papel. A judicialização das eleições, as redes sociais (que inauguraram um novo modelo de comunicação), o amadurecimento do eleitor e o aumento da rejeição à classe política graças aos constantes escândalos políticos – com impressionantes cifras que já chegam na casa dos bilhões, têm tirado o sono de muita gente. Candidatos e equipes se debatem sem saber ao certo por onde começar. Pior: perdem tempo precioso. Acreditam que o encurtamento da campanha na rua também vale para o planejamento e a organização da campanha e quando começam, já é tarde demais. Campanhas bem-sucedidas são realizadas antes, muito antes dos fatídicos 45 dias de exposição do nome e número do candidato. E é esse o ponto central do livro Eleição de Deputados – Estratégia Eleitoral, do especialista em marketing político Marco Iten. “O ato de votar é apenas a consagração de um trabalho que necessita ser pensado, planejado e executado muito antes da data de votação. Venho falando isso há muito tempo em cursos e palestras que realizo país afora”, afirma o autor. No livro, ele aborda as etapas de estruturação, planejamento e organização da campanha. A equipe, as etapas do planejamento, a formação (ou reposicionamento) da imagem do candidato, a comunicação e, finalmente, a campanha eleitoral são minuciosamente detalhados, com especial atenção para o planejamento. “Planejar a campanha eleitoral de um deputado é Arte porque não depende apenas de seus méritos, de seu reconhecimento popular, de seu trabalho, de sua equipe e de uma eficiente coordenação eleitoral. São necessários muitos cálculos, estimativas e informações antes disso”, defende. Para Marco Iten, candidato bem sucedido é

aquele que sabe usar o que há de melhor em planejamento estratégico, gestão de pessoas, organização de dados e informações, gerenciamento de crises e comunicação para buscar legitimidade e representatividade e, com isso, atrair os eleitores e, consequentemente conquistar votos. “Campanha eleitoral não é para amadores. É preciso muito trabalho prévio para alcançar legitimidade e representatividade junto à sociedade”, ressalta. Ele também chama a atenção para a falta de profissionais realmente capacitados para o trabalho de planejamento, comunicação e conceituação/posicionamento da imagem do futuro candidato. Segundo Iten, essa ausência é sentida até mesmo nas equipes de detentores de mandato. Ao longo do livro, o especialista deixa claro que campanha eleitoral é um processo constante, que deve ser iniciado com muita antecedência, de maneira profissional, organizada e planejada e que deve ser realizado por profissionais qualificados e preparados para essas demandas. Ficha técnica Livro: Eleição de Deputados – Estratégia Eleitoral Autor: Marco Iten Número de páginas: 240 páginas Editora: Exterior Editora ISBN: 978-85-6345212-2 Preço: R$ 55,00 Onde comprar: www.exterioreditora. com.br

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GESTÃO

A nova configuração das equipes de Comunicação Muitas prefeituras e câmaras municipais ainda estão trabalhando na estruturação de suas equipes. Quem está assumindo – ou reassumindo – chega com o vigor renovado. Novas metas, novas ideias. Mesmo assim, opta por uma estrutura ultrapassada na hora de formar o time, especialmente na área da comunicação. “Grande parte dos detentores de mandato ainda trabalha com a ideia de que a equipe de comunicação só precisa de um jornalista e um fotógrafo. Isso funcionava há cinco ou dez anos. Hoje, não mais”, destaca o especialista em marketing político e comunicação pública Marco Iten. Ele ressalta que as novas tecnologias permitiram que a sociedade desenvolvesse uma nova maneira de se comunicar, muito mais rápida e direta. Mas muitas instituições, principalmente as públicas, ainda relutam em se adaptar. “Ainda atendo gestores que acreditam que o site institucional e/ou pessoal é sua única ferramenta de comunicação com a população. Eles querem melhorar suas imagens, mas não percebem que é impossível estabelecer uma relação com quem quer que seja usando apenas essa ferramenta”, explica. Para estabelecer uma comunicação eficiente com a população, ensina Iten, é necessário utilizar todos os mecanismos disponíveis: mídias tradicionais, alternativas e sociais. Ou seja, é necessário ter o assessor de

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imprensa e o fotógrafo, mas também é preciso ter pessoas com expertise em mídias sociais, em planejamento de comunicação, um videomaker e um bom designer gráfico. “É preciso cobrir todas as frentes, com produtos diferentes e linguagens adequadas a cada um dos diversos públicos atendidos”, esclarece. Atualmente, não é possível prescindir deste ou daquele meio de comunicação. “É preciso se dedicar ao site oficial e ao relacionamento com a mídia, mas também é necessário saber criar e alimentar perfis nas diversas redes sociais disponíveis, com material e linguagem adequados, produzir imagens, vídeos, banners e impressos. É preciso focar ainda na comunicação individual e direta, que conta hoje com diversas ferramentas, atingindo quase todos os públicos”, acrescenta. Marco Iten destaca que a qualificação do time nunca foi tão importante quanto nos dias de hoje. “Atualmente, temos milhões de maneiras de fazer uma informação


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circular com rapidez. Mas é preciso conhecer e saber usar cada uma delas. A comunicação hoje é instantânea. Um passo em falso pode afetar de maneira irreversível a imagem de um gestor. Portanto, não é possível atuar nessa área sem conhecimento e qualificação”, afirma. O especialista realiza cursos, palestras e seminários sobre marketing político, redes sociais e comunicação pública. O próximo curso, que será realizado dia 31 de março, em São Paulo, abordará as novas estratégias da comunicação pública e o bom uso das redes sociais na comunicação de prefeituras, câmaras municipais, assembleias legislativas, governos estaduais, órgãos públicos e mandatos. Para saber mais, acesse www. marcoiten.com.br/cursos.html ou entre em contato com a MarcoIten. Com. WhatsApp (11) 96179-9054, paula@marcoiten.com.br, antonio@ marcoiten.com.br , fone: (11) 20681873, ou em nossa página no facebook /MarcoItenExteriorEditora.

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DIREITO ELEITORAL

A reforma política em curso no Congresso Nacional por Arthur Rollo

A reforma política está em andamento há anos. Desde 1997, quando foi editada a atual lei 9504, tivemos inúmeras alterações nas nossas leis eleitorais. Nos últimos anos, essas alterações estão acontecendo antes de cada eleição e, pior, às vésperas dos pleitos. Após cada uma dessas alterações, o Tribunal Superior Eleitoral tem que se posicionar sobre a aplicação ou não das modificações ao pleito imediatamente seguinte, gerando insegurança jurídica. No último pleito eleitoral de 2016 foram inúmeras as alterações legislativas que passaram a ser aplicadas, umas boas e outras ruins. Como alteração boa podemos citar a impossibilidade da substituição de candidato considerado inelegível às vésperas do pleito. De acordo com a atual redação do art. 13, §3° da Lei n° 9504/97, o prazo limite para a substituição é de 20 antes do pleito, 38

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ressalvados os casos de morte. Como alteração ruim podemos citar o atraso do calendário dos registros das candidaturas, que passaram a ocorrer até o dia 15 de agosto (a data limite anterior era o dia 5 de julho), atrasando o exame dos recursos e fazendo acumular os processos para julgamento nas vésperas do pleito. Por força dessa alteração, até hoje não foram julgados muitos recursos nos processos de registros das candidaturas pelo TSE. Muitas cidades do Brasil ainda têm sua situação indefinida pelos julgamentos pendentes. Para as próximas eleições o cenário continua sendo de insegurança jurídica e de incertezas políticas. Tudo indica que mais uma vez teremos alterações legislativas nas vésperas do pleito, com surpresa para os aplicadores da lei eleitoral e, principalmente, para os candidatos leigos. Existem em trâmite no Congresso Nacional diversos projetos


de leis e de emendas constitucionais que alteram substancialmente o processo eleitoral. A Câmara dos Deputados já aprovou a volta do financiamento empresarial exclusivamente aos partidos políticos que, posteriormente, poderão repassar esses recursos aos candidatos. Para que não se alegue a inconstitucionalidade dessas doações, a iniciativa tramita na forma de projeto de emenda constitucional. Mesmo assim, a votação dessa matéria já foi submetida à análise do Supremo Tribunal Federal. Também foi aprovada em primeira votação na Câmara a chamada “cláusula de barreira”, que consiste em condicionar o acesso dos partidos ao tempo de TV e ao fundo partidário à eleição de, pelo menos, um parlamentar na Câmara ou no Senado. Partido sem uma quantidade mínima de votos suficiente para eleger ao menos um representante ficaria sem o dinheiro público do fundo partidário e também sem espaço na televisão para a divulgação de suas ideias e propostas. Foi aprovado na Câmara dos Deputados o fim da reeleição para cargos do Executivo. De acordo com essa proposta, o fim do segundo mandato consecutivo viria a atingir os mandatários eleitos a partir de 2018. O assunto, no entanto, ainda está longe de ser resolvido porquanto existem propostas de limitação do número de mandatos consecutivos também no poder Legislativo. A reforma política aprovada na Câmara também alterou o tempo dos mandatos para cinco anos para todos os cargos eletivos. Por emenda aglutinativa foi criada uma regra de transição estabelecendo que o mandato de cinco anos valerá para as

eleições municipais de 2020 e para as eleições gerais de 2022. A idade mínima para os Deputados, de acordo com a proposta aprovada na Câmara, será de 18 anos e para governadores, vice-governadores e senadores será de 29 anos. De acordo com a proposta que tramita na Câmara, a fidelidade partidária passará a ser exigida por lei, que substituirá a resolução do TSE tratando desse tema. Basicamente a Câmara manteve o que o TSE já havia instituído por resolução. Continuaria excepcionada a mudança de partido nos casos de: grave discriminação pessoal; mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário e de fusão ou incorporação do partido político. De todas as propostas que tramitam atualmente talvez a que causa maior preocupação nos congressistas diga respeito à proibição da permanência dos órgãos provisórios dos partidos políticos, levada a efeito pelo TSE através da alteração do texto da resolução 19.406/1995, que disciplina o funcionamento dos partidos políticos. Em sessão administrativa de 23/02/2017, o TSE prorrogou por mais 150 dias o prazo concedido aos partidos para a extinção dos seus diretórios e comissões provisórias. Esse prazo se encerrará em 3 de agosto de 2017. Para regulamentar a questão e assegurar a manutenção dos comandos dos partidos, tramita na Câmara dos Deputados o PL n° 4.424/2016 que estabelece que as anotações relativas a órgãos provisórios terão validade de 120 dias, salvo se os estatutos partidários estabelecerem prazos razoáveis diversos. Vale dizer, o projeto de lei assegura aos partidos o direito à sua regulação

Arthur Rollo é advogado especialista em legislação eleitoral. Sócio de Alberto Rollo Advogados Associados, é professor Titular de Direitos Difusos e Coletivos da Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo. Consultor da Rádio Jovem Pan e do programa Tribuna Independente da Rede Vida de Televisão em temas ligados a Direito do Consumidor e Eleitoral. Mestre e Doutor pela PUC/SP.

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interna, estabelecendo prazos de validade dos seus órgãos provisórios contra a atual regulamentação do TSE feita por resolução. Diante de um cenário de tantas possíveis alterações apenas se tem a certeza de insegurança jurídica nos próximos pleitos, porque as reformas acabam ocorrendo sempre em cima da hora, surpreendendo os aplicadores da lei e especialmente os candidatos. Urge o restabelecimento dos prazos do calendário anterior dos registros das candidaturas, mesmo com a manutenção do prazo de início da propaganda eleitoral para o dia 16 de agosto. A antecipação do calendário permitirá o julgamento dos recursos nos processos de registros das candidaturas antes do início dos julgamentos dos processos relativos à propaganda eleitoral. A alteração do calendário fez coincidir o período de julgamento de todos os processos, comprometendo os prazos dos julgamentos que não foram cumpridos de forma muito mais evidente do que em eleições anteriores. Provavelmente também será aprovada uma maior flexibilidade dos prazos dos órgãos partidários provisórios, ainda que seja uma tendência a necessidade de maior observância da democracia interna dos partidos, com representantes eleitos em substituição às dinastias familiares que ainda hoje vemos. Tende a ser definitivamente aprovada a proibição de reeleição para cargos do Executivo, assim como a definição de um limite razoável de eleições consecutivas para cargos do Legislativo, porque a política não deve ser entendida como uma profissão em si, sendo fundamental a alternância dos mandatários também no Legislativo. 40

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A proibição do financiamento empresarial, embora tenha diminuído sobremaneira os recursos das campanhas, provavelmente continuará, sobretudo pelas recentes descobertas de caixa 2 nas campanhas e de relações espúrias entre mandatários e empresas que firmam contratos com o poder público. Embora esteja longe de ser garantia de eliminação do caixa 2, a proibição do financiamento de empresas foi vista com bons olhos pela maior parte dos integrantes da Justiça Eleitoral e por isso certamente continuará. A cláusula de barreira precisa ser pensada, porque a razão de ser dos partidos políticos é o voto. Talvez seja também o caso de permitir as candidaturas avulsas. No entanto desconhecemos propostas viáveis nesse sentido tramitando no Congresso. O mais importante é que as alterações substanciais do processo político aconteçam muito antes do pleito, para permitir sua discussão e possibilitar seu melhor enfrentamento pelos candidatos e pelos operadores do direito. Embora a maior parte da lei seja mantida, estamos voltando aos tempos das leis elaboradas para cada eleição, porque todas as últimas eleições foram precedidas de alterações legais importantes e que modificaram sobremaneira o processo eleitoral. Esperamos que o legislador faça as alterações que entender necessárias com bastante antecedência dos pleitos, a fim de permitir uma maior segurança jurídica e a preparação dos candidatos e dos aplicadores da legislação eleitoral. Com certeza a reformulação do processo político brasileiro continuará ocorrendo.


no resultado

das eleições

DIREITO ELEITORAL

A interferência do Direito Eleitoral

por Fernanda Caprio

Participar do processo eleitoral é um direito do cidadão, e no atual contexto sócio-político brasileiro, parece ter se tornado um desejo. É novo, e muito empolgante, observar a que população vem se interessando mais por questões políticas, jurídicas e econômicas, do que por entretenimentos populares. Infelizmente, este interesse não nasceu de uma boa fase do país, mas sim, de uma preocupante crise ins-

titucional e recessão econômica. Ser afetado diretamente pelas decisões de agentes políticos e de tribunais vem fazendo o brasileiro amadurecer enquanto povo, bem como trocar assuntos amenos por debates políticos, o que ocorre no ambiente doméstico, empresarial, no consumo de notícias e nas redes sociais. Isso deverá conduzir a uma nova dinâmica social, na qual teremos mais pessoas interessadas em forRevista Estratégia Marketing Político - nº 3

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Fernanda Caprio é advogada eleitoral. Mestranda em Políticas Públicas pela UNESP/ Franca-SP. Pós-graduada Direito Eleitoral e Processo Eleitoral pela Claretiano Centro Universitário. MBA Gestão Estratégica de Marketing pela Fundação Getúlio Vargas FGV. MBA Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas FGV. Pós-graduada em Direto das Obrigações pela UNESP-Faperp. Graduada em Direito pelo Centro Universitário de Rio Preto UNIRP. fernandacaprio.ma@ gmail.com

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mação educacional para que possam entender como são construídas as leis, qual é a base legal para a atuação de gestores públicos e legisladores, como atua o Ministério Público e a inegável interferência política das decisões do Poder Judiciário. Mas um efeito já ficou bastante visível nas eleições municipais de 2016. A revolução política e jurídica que estamos enfrentando refletiu diretamente no voto. De um lado, em 2016 as abstenções, os votos brancos e nulos corresponderam a 32,5% dos votos do país, enquanto que nas eleições municipais de 2012 corresponderam a 26,5%, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Isso demonstra a desesperança dos eleitores para com a política, num contexto de crise econômica, desemprego crescente e corrupção sendo descortinada. Por outro lado, este cenário contribuiu para desacelerar a reeleição para cargos majoritários (prefeitos) em 2016. Dados eleitorais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tabulados pelo Jornal Folha de S.Paulo, demonstraram que 2.945 prefeitos se candidataram à reeleição, e destes, 1.385 foram reeleitos, o que leva a reeleição de 47% dos candidatos. Segundo levantamento da Confederação Nacional dos Municípios, em eleições anteriores a reeleição superou 55%; em 2008, 66% dos prefeitos foram reeleitos. Em 2016, portanto, a reeleição para cargos majoritários caiu significativamente e novas lideranças ocuparam o cenário político. Mas mesmo as novas lideranças enfrentaram, e ainda enfrentam, a enorme interferência do Direito Eleitoral no resultado do pleito 2016. Em 2015, a Reforma Eleitoral foi pauta do Congresso Nacional duran-

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te boa parte do ano, culminando na Lei 13.165/2015 e na Emenda Constitucional 91/2016. Com isso, tivemos inúmeras regras eleitorais alteradas, o que representou um enorme esforço de adaptação e compreensão por partidos políticos e candidatos. Em suma: o prazo de filiações passou de um ano para seis meses antes da eleição; o tempo de campanha foi encurtado de 90 dias para 45 dias; a propaganda eleitoral de rua sofreu inúmeras restrições; a presença de candidatos a vereador na TV e no rádio foi reduzida; a pré-campanha foi instituída, mas provocou sérias dúvidas e debates judiciais ao longo da campanha; a doação empresarial foi proibida; foi instituído um teto legal para gastos de campanha por município; foi instituída nota de corte de 10% do quociente eleitoral para votação individual de candidatos; a prestação de contas eleitoral também sofreu mudanças que levaram a justiça eleitoral a fixar prazos para explicações (diligências) durante a própria campanha. Estas modificações trouxeram a muita dúvida jurídica, inúmeras ações judicias, mudanças repentinas na intepretação da lei pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e pelo Supremo Tribunal Federal (STF), tornando a eleição confusa e juridicamente muito insegura. A interferência do Direito Eleitoral nas eleições foi drástica, constante e perpassou todas as instâncias do Poder Judiciário. Neste contexto, o Direito Eleitoral teve enorme impacto na campanha eleitoral 2016. Candidatos e partidos que tentaram disputar as eleições sem equipes de apoio técnico-jurídico, em muitos momentos, não sabiam o que fazer e acabaram perdendo pra-


zos vitais para a campanha ou foram atingidos por multas eleitorais. E não foi só. Encerradas as eleições, tivemos um efeito que já era esperado. Diante do encurtamento da campanha, Convenções Partidárias e Registros de Candidatura também foram empurrados no calendário eleitoral, resultando em candidaturas sem definição, mesmo após o encerramento do pleito. Sem falar na violência das impugnações e no rigor da interpretação judicial à legislação eleitoral e à Lei da Ficha Limpa. Estamos, ainda, às voltas com municípios nos quais as eleições não foram definidas, governados por Presidentes de Câmaras, com eleições suplementares em andamento. Além disso, tivemos muito vereadores que dormiram eleitos e acordaram suplentes em razão do deferimento posterior de Registros de Candidatura de seus concorrentes, que inicialmente tinham sido indeferidos e alteraram o resultado eleitoral com recursos na justiça eleitoral. E ainda há pela frente o julgamento das prestações eleitorais dos candidatos não eleitos, que se estenderá por 2017, à luz do Direito Eleitoral. Como se constata, o Direito Eleitoral interferiu enormemente nas eleições 2016, começando pela Reforma Eleitoral 2015 e se propagan-

do nas incontáveis dúvidas jurídicas acerca da interpretação das novas regras para formação de chapas, organização das campanhas, utilização da propaganda eleitoral, registro das receitas e gastos de campanha, julgamento de Registros de Candidatura, e agora, com mudanças no quadro de eleitos e suplentes das Câmaras Municipais, eleições suplementares para cargos de Prefeito e julgamento dos processos de prestação de contas pendentes. E não paramos aí. Vem pela frente outra Reforma Eleitoral, que já tramita pelo Congresso em forma de projetos de lei (PL) e propostas de emenda constitucional (PEC), e que exigirá ainda mais atenção ao Direito Eleitoral por partidos e candidatos que pretendam participar das eleições gerais de 2018. Em 2016 ouviu-se muito a expressão “o risco ganhar e não levar”, que foi confirmada, na prática, para muitos candidatos. E em 2018, a interferência do Direito Eleitoral no resultado das eleições será ainda mais intensa e exigirá de partidos e candidatos a profissionalização das campanhas, com equipes técnicas focadas tanto no marketing político e redes sociais, quanto nos aspectos jurídicos que envolverão todas as fases da disputa eleitoral.

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CULTURA

Hora da Pipoca

O cinema, a TV e os serviços de streamig (como Netflix, GooglePlay, etc.) têm sempre uma opção para quem só-pensa-em-política. com.br. Séries podem ser bem interessantes se você é do tipo que não gosta de perder tempo procurando bons títulos. A dica desta edição é a série Designated Survivor, que no fim de março terá disponível a 2ª temporada na Netflix. Imagine que o Capitólio americano foi alvo de um ataque a bomba durante discurso do presidente. Congressistas e o alto escalão do Governo, incluindo o presidente e o vice, morreram. O único integrante do alto escalão que não estava no local do atentado era o secretário de habitações 44

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e desenvolvimento urbano, Tom Kirkman (interpretado por Kiefer Sutherland) – funcionário de conduta exemplar, porém inexpressivo e gentilmente “convidado” pelo próprio presidente a deixar o cargo horas antes do atentado. Pela legislação americana, numa situação extrema como essa, quem assume a presidência é o “sobrevivente designado” do título. E da noite para o dia, o apático secretário vira presidente. Sem legitimidade e sem credibilidade – nem mesmo entre os integrantes da equipe de comunicação, o novo presidente precisa trabalhar depressa para construir sua imagem. Tarefa nada fácil quando tudo parece conspirar para piorar ainda mais sua situação.


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ENTREVISTA

Entrevista com Renato Ribeiro de Almeida

A legislação e suas dificuldades

A complexidade da legislação, tanto administrativa quanto eleitoral, e a falta de equipes qualificadas para assessorar detentores de mandato e candidatos têm tirado o sono 46

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de muitos políticos. Deslizes em questões administrativas, como licitações e contratações, e na prestação de contas eleitorais podem levar um político a perder o mandato e ficar


inelegível por oito anos. Nesta entrevista para a Revista Estratégia, o advogado de direito eleitoral e administrativo Renato Ribeiro de Almeida fala sobre os deslizes que podem levar à perda do mandato. REVISTA ESTRATÉGIA: Quais são os principais problemas que os governantes - principalmente os prefeito, enfrentam com a Justiça e/ou o Tribunal de Contas? RENATO RIBEIRO DE ALMEIDA: Entre os principais problemas estão a contratação sem licitação, tanto de produtos quanto de serviços – inclusive a contratação de advogado. Muitas vezes, o prefeito contrata quando deveria abrir concurso público. Também ocorrem muitos equívocos em licitações: deveria ter sido feita por pregão, mas feita por carta convite. As prefeituras, muitas vezes, se confundem. Outra questão bastante relevante é a diminuição de receitas. Os pequenos municípios têm dificuldade muito grande de arrecadar, mas as despesas continuam subindo – inflação, aumento de custo de energia elétrica, combustível, etc. Por mais que os prefeitos se esforcem, ficam no vermelho e isso acarreta problemas com a Lei de Responsabilidade Fiscal. A maioria das condenações decorre de reprovação das contas dos prefeitos e presidentes de Câmaras Municipais. Creio que exista certa negligência em relação a importância das prestações de contas. Isso pode acabar com a carreira de um político. Além da cassação, a pessoa fica inelegível por oito anos. É necessário que as prefeituras sejam cada vez mais bem assessoradas para

que possam preservar seus direitos. Muitas vezes, quando o político nos procura o problema já é irreversível. REVISTA ESTRATÉGIA: Quais são os ‘deslizes’ eleitorais e administrativos que mais geram cassações? RENATO R. ALMEIDA: Nas eleições, o que gera mais cassações são as condenações criminosas – previstas na Alínea E do artigo 1º da Lei da Ficha Limpa; reprovação de contas de mandatos anteriores e condução de ação civil pública – como improbidade administrativa. Essas questões podem levar a condenações, cancelamento de eleições e convocação de novas eleições. É muito sério. Logo após o pleito do ano passado, contabilizavam-se 674 municípios brasileiros que tiveram ou têm algum tipo de judicialização com os novos prefeitos, de acordo com o TSE. Alguns desses eleitos conseguiram assumir, outro não. Em alguns municípios novas eleições já estão marcadas. Mas é o tipo de situação que prejudica o município, porque gera insegurança, a administração fica sem comando. Até que a situação seja definida, o interino não sabe até quando ficará no cargo. É um risco assumir algo que você sabe que é temporário e, ao mesmo tempo, todo o ônus de uma administração pública. REVISTA ESTRATÉGIA: A maioria dos prefeitos já tem uma vida política na cidade – foi vereador, ou ocupou algum cargo público. Muitos já presenciaram ou até enfrentaram problemas com a Justiça ou o Tribunal de Contas, mesmo assim, os “erros” são recorrentes. Por que isso acontece?

Renato Ribeiro de Almeida é advogado. Sócio-fundador de Renato Ribeiro de Almeida Advocacia e Consultoria, Professor de Direito da Universidade Anhembi Morumbi e do Instituto de Educação à Distância Interativa (IEDI)

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RENATO R. ALMEIDA: Existem basicamente dois fatores principais: o mal assessoramento contábil e o mal assessoramento jurídico. Normalmente, o candidato é um líder político. Ele não tem experiência nessas áreas e a legislação é muito complicada, então precisa de pessoas experientes e com sólidos conhecimentos para não correr riscos. A ansiedade do político – a necessidade de mostrar a cara, dizer que está fazendo – o leva a não observar questões importantes nessas áreas e, em vez de melhorar a imagem, transmitir uma mensagem positiva, acaba se “enrolando”. É preciso lembrar que tudo deve ser feito com cautela. REVISTA ESTRATÉGIA: Em sua opinião, a legislação eleitoral e administrativa é adequada? Ela é clara o suficiente? O senhor mudaria alguma coisa na atual legislação (na eleitoral e na administrativa)? RENATO R. ALMEIDA: Hoje as sanções são tão graves para os prefeitos que cometeram equívocos jurídicos em sua administração que muitos ficam desmotivados a permanecer na política. Esse é um ponto sério. Creio que a legislação deve ser interpretada levando em consideração a realidade econômica e social dos pequenos municípios. Não se pode comparar a estrauturação jurídica e contábil de São Paulo com a maior parte dos municípios brasileiros. A lei é a mesma para todos, mas quem está numa cidade pequena, não consegue ter a mesma resposta. Não tem assessoramento qualificado nem dinheiro para contratar esses profissionais. Outro ponto é a própria legislação. Se fosse mais clara, facilitaria muito o entendimento por todos. 48

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Já a legislação eleitoral tem um problema adicional: ela tem mudado a cada eleição. Isso gera muitas dúvidas e insegurança. Além disso, hoje, as doações não podem ser feitas por empresas e as de pessoas físicas diminuíram. As doações públicas, pelo fundo partidário, aumentam e a prestação de contas precisa ser mais criteriosa. REVISTA ESTRATÉGIA: Na área administrativa, o senhor vê mais ou menos problemas por questões legais? Podemos falar em judicialização nessa área? Por quê? RENATO R. ALMEIDA: A política sempre é judicializada. Quem perde, não quer perder. É muito natural que os candidatos deem atenção especial, além do marketing político, às equipes jurídicas de campanha. Nesse ponto, ressalto a importância de que essas equipes sejam especializadas em direito administrativo e político. REVISTA ESTRATÉGIA: Atualmente os prefeitos cometem mais deslizes legais? Por quê? RENATO R. ALMEIDA: Vejo que hoje há mais cautela. Mesmo assim, são muitos os deslizes – principalmente dos pequenos e médios municípios. E aí voltamos às questões anteriores: falta assessoramento qualificado e recursos para contratar equipes para esse trabalho. REVISTA ESTRATÉGIA: O que pode e o que não pode ser divulgado no site oficial de uma Prefeitura? RENATO R. ALMEIDA: O importante é que não se confunda a figura da prefeitura, institucional, com a personalidade do prefeito. A população sabe quem é o prefeito,


então ele não deve se manifestar pelos perfis institucionais na internet atribuindo as realizações a si mesmo. Isso gera ações por promoção pessoal. Frases do tipo “hoje o prefeito fez tal coisa” não pode entrar nos perfis institucionais. O ideal é sempre “a prefeitura fez...”. O limite é sempre o que atende ao interesse coletivo. Isso é o que deve ser divulgado nos canais oficiais. REVISTA ESTRATÉGIA: E quanto às fotografias? A equipe de comunicação pode incluir fotos nas quais o prefeito apareça na área do site destinada à imprensa? RENATO R. ALMEIDA: Recomendo não colocar fotos do prefeito em eventos. Exemplo: entregou ambulância, publique a foto da ambulância e não do prefeito na frente dessa ambulância. No site de uma prefeitura, a fotografia do prefeito deve apare-

cer apenas na página que contem informações sobre o prefeito, o currículo dele, sem nenhum tipo de promoção pessoal. Recomendo que não se coloque foto do prefeito nem em jornais comemorativos produzidos pela prefeitura. Novamente, é preciso ter cuidado para não confundir a personalidade do prefeito com a instituição. REVISTA ESTRATÉGIA: E nas redes sociais? O que é permitido e o que não pode ser feito? RENATO R. ALMEIDA: As mesmas regras devem ser observadas nos perfis institucionais nas redes sociais. Nada de promoção pessoal no perfil institucional. Já no perfil pessoal, o político é livre para postar seus feitos. Ele pode até reproduzir uma postagem publicada no institucional, mas o contrário não é permitido. Não pode, por exemplo, marcar o prefeito nas publicações do perfil da prefeitura.

Nada de promoção pessoal no perfil da instituição. Para isso, use o perfil pessoal.

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comunicação

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de Prefeituras, Câmaras Municipais, Órgãos Públicos e Mandatos As redes sociais transformaram definitivamente a maneira de se comunicar das pessoas e das instituições. As técnicas de comunicação pública e assessoria de imprensa usadas há cinco ou dez anos, hoje, se mostram inócuas. Que o digam os que insistem no uso exclusivo do envio de releases por e-mail e site oficial. A velocidade das mudanças exige atualização e adaptações constantes. É hora de atualizar conhecimentos de sua equipe e traçar as estratégias de comunicação do mandato, gestão e/ou da instituição utilizando as mais novas técnicas e tecnologias disponíveis. A MarcoIten.Com promove o curso Assessoria de Imprensa e Uso das Redes Sociais para Prefeituras, Órgãos Públicos, Mandatos, Partidos e Câmaras Municipais, dia 19 de maio/17, em São Paulo/SP, ministrado pelos profissionais especializados em marketing político e comunicação pública, Marco Iten e Cíntia Cury. No programa: as novas estratégias de comunicação em Assessoria de Imprensa para Prefeituras, Câmaras Municipais, Órgãos Públicos, Mandatos e Partidos Políticos; Redes Sociais – identificação e públicos; o que postar em cada rede social; estratégia, linguagem e ferramentas.

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GESTÃO

Excelência em Gestão: um novo marco institucional para o Brasil por Jairo Martins da Silva

Qualquer organização ou instituição, independentemente do seu setor, porte e natureza, pública ou privada, deve ter o propósito de transformar recursos em valor coletivo para a sociedade. Por recursos entende-se capital humano, natural, financeiro e valores morais, que devem ser transformados em entregas econômicas, sociais, 52

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ambientais e éticas. Se alguma entidade não é capaz de cumprir essa missão, a sua existência é desnecessária. Esse conceito se aplica, de forma abrangente e sem exceção, a organizações, instituições, países, estados, municípios e comunidades. Nesse contexto, devemos enxergar o Brasil como uma grande cadeia de valor, que, por


meio do alinhamento de todas as partes interessadas – governo, empresas, sociedade e cidadãos -, precisa ser eficiente e eficaz, de Norte a Sul e de Leste a Oeste, na transformação de recursos em valor para o seu povo. Há algum tempo, sinais e fatos têm mostrado um certo descontentamento dos brasileiros com as entregas feitas pela “Cadeia de Valor Brasil”. As manifestações desencadeadas a partir de 2013 e os resultados das últimas eleições deixaram clara a insatisfação da população com a forma que estamos gerindo os nossos recursos, fazendo entregas que ninguém deseja. Se de um lado, somos privilegiados em termos ainda uma natureza exuberante, um clima favorável, um povo pacífico, paciente e trabalhador e um perfil demográfico equilibrado, do outro lado estamos na contramão do mundo civilizado. Somos um dos últimos no ranking mundial de produtividade e competitividade, um dos mais corruptos e inseguros do mundo, além de termos nos tornado um país caro e com baixa qualidade de serviços, o que tem nos deixado isolados do comércio internacional. Diagnósticos existem e as demandas da população são claras. A voz das ruas precisa ser ouvida e respeitada. Terminar um ano e iniciar outro não é mera contagem de dias. Assim como terminar um governo e iniciar outro não deve ser a manutenção do status quo. São transições que nos dão esperança de renovação, com novos planos e novos projetos para um novo período. Também é uma oportunidade para avaliarmos as nossas realizações, competências, conquistas e aprendizados. Fazendo um balanço analítico do desempenho da “Cadeia de Valor Brasil”, a conclusão é que, na maioria

dos casos, não estamos sendo eficientes e eficazes no uso dos nossos recursos para gerar bem-estar para a população. A má notícia é que estamos diante de problemas de gestão quase que generalizados. A boa notícia é que temos no Brasil um Modelo de Excelência da Gestão (MEG), disseminado pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), atualizado e respeitado mundialmente, que pode ser utilizado imediatamente. Assim, para que o Brasil retome definitivamente a trilha do desenvolvimento sustentável é preciso promover o alinhamento Público-Privado, estabelecer claramente duas frentes: os planos de governo, estes logicamente atrelados aos diferenciais estratégico-partidários, e planos de estado, apolíticos, apartidários e que passe de governo a governo, sem risco de descontinuidade, para resolver as grandes questões do Brasil, como educação, saúde, segurança, infraestrutura, mobilidade e saneamento. Não há dúvidas de que em um mundo em constante mutação, os setores público e privado devem estar atentos e se unir para, corajosamente, enfrentar os desafios atuais. Nesse processo de alinhamento de esforços é imprescindível que cada um assuma um papel questionador, ativo e convergente, formando cidadãos, promovendo o bem-estar econômico-social coletivo e preservando os recursos naturais. É preciso, portanto, que a Excelência da Gestão seja o novo marco institucional do Brasil, que alinhe a sociedade e os setores público e privado, resgatando a produtividade e a competitividade do País, para que possamos retomar o desenvolvimento sustentável que tanto queremos e precisamos.

Jairo Martins da Silva é superintendente-geral da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) desde 2011. O executivo trabalhou por mais de 20 anos na área de telecomunicações da Siemens do Brasil e da Alemanha, onde foi responsável pelo departamento de Vendas para América Latina e Europa. Também na Siemens, ocupou o cargo de CIO, coordenando a área de Tecnologia da Informação no Brasil, Argentina e Chile. Foi ainda vice-presidente mundial da Siemens, na Alemanha.

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COMUNIC AÇ ÃO

Trump falou para a Maioria por Marco Iten

As eleições legislativas (vereador, deputado) são marcantemente determinadas pela capacidade de cada candidato construir e representar determinados segmentos da sociedade – geografia (o reduto eleitoral do candidato), profissional (a categoria), minorias (segmentos não ou pouco representados), esportivo, demandas, Meio Ambiente, etc. Para as eleições executivas conceitua-se que todas a definições da Linguagem e Mensagem de campanha deverão estar associadas a temas globais, genéricos e que o ideal seria que o candidato ao cargo Executivo evitasse a segmentação de temas, deixando isso para seus apoiadores e candidatos ao Poder Legislativo correspondente. Nos EUA, as eleições têm impacto global e a observação de seus resultados permite avaliar com detalhes as tendências e também as grandes falhas de opção da comunicação política. 54

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As eleições de 2008 e 2012, vencidas por Barak Obama, pareciam ter consolidado uma inversão da realidade dos pleitos presidenciais, uma vez que os Democratas pautaram a linguagem da campanha Executiva federal no que chamavam de oportunidade para os segmentos, as minorias, “Yes, We Can” – “SIM, NÓS PODEMOS”, personalizando numa frase um sentimento de agregação de minorias ao sonho do comando da Nação: Negros, Mulheres, Diversidade Sexual, os Excluídos, os Índios, etc. O sucesso da campanha em muito pode ser creditada a própria figura do ex-presidente, um negro, com ascendentes muçulmanos, vindo de um Estado relativamente importante no jogo político norte-americano. E veio 2016. Donaldo Trump e os republicanos apostaram na lógica da comunicação eleitoral presidencial, marcantemente generalista. Trump falou


para a maioria dos americanos, evitou os Nichos. Falou para a maioria dos eleitores do país. A oposição de lá logo buscou rotular a mensagem como de “direita”, ou “racista”, como aqui também foi reproduzido pela imprensa ideologizada e com pequena capacidade de reflexão sobre como um processo de massificação de linguagem acaba por inserir ou excluir uma percepção de representação. Os Republicanos basearam-se em números – e esse é, sem dúvida, um argumento e tanto quando falamos de eleições... Os caucasianos, os “brancos”, os conservadores, os segmentos mais afinados com o discurso republicano representam cerca de 60% do eleitorado dos EUA. Trump falou para eles. Simples assim. Os “latinos” - grande foco e alvo permanente dos Democratas - representam 17% dos eleitores registrados

nos EUA. E Hillary Clinton não conquistou o bloco “fechado” desse segmento da população, diferentemente de Obama, em 2008 e 2012, que se fez o “legítimo” representante destes. Ela não conseguiu – nem conseguiria – se fazer passar por uma representante dessas minorias. Não foi surpresa. Não houve, nesta eleição norte-americana, nenhum fato novo a modificar a leitura sobre o processo de comunicação de uma eleição para um cargo executivo: quem falou para a maioria teve estratégica vantagem numérica. Nichos, Segmentos, Estratos da sociedade devem ser foco dos representantes aos cargos legislativos. Lá e aqui. Dificilmente veremos novamente um efeito Obama onde essa lógica pode ser – e foi – invertida. Aos candidatos presidenciais às eleições 2018, no Brasil, caberá construir um discurso macro, num país sedento de soluções para todos os grandes problemas econômicos, sociais, políticos e até mesmo os Éticos. Não haverá espaço para a segmentação. Nossos candidatos já começam a pesquisar os grandes temas para o alinhamento de questões de grande impacto para a Maioria. A experiência das eleições municipais de 2016 indica que o eleitor busca um processo rápido de comunicação política. Com Trump aconteceu o mesmo. É de se prever que a paciência do eleitor brasileiro, em 2018, seja semelhante, com pouca flutuação a partir do momento das candidaturas definidas. Para as campanhas de deputados e senadores, o mistério se apresenta: qual a dosagem da Mensagem Política deverá ser aplicada na Comunicação Social? Debate aberto!

Marco Iten é especialista em comunicação pública e Mídias Sociais, planeja e coordena campanhas eleitorais em todo o país. É autor de 5 livros sobre Marketing Político. Ministra cursos e consultoria para candidatos, partidos políticos, detentores de mandatos e prepara equipes para o bom uso das Mídias Sociais na comunicação. fale@marcoiten.com.br facebook: /marcoiten. estrategia

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COMUNIC AÇ ÃO

Discurso o bom e o longo por Cíntia Cury

Uma pessoa pública deve estar sempre pronta a discursar. “Imprevistos” acontecem o tempo todo. É comum ser convidado para “fazer uso da palavra” sem que isso tenha sido previamente combinado. E, convenhamos, não há nada mais desagradável do que alguém pegar o microfone e começar com aquela ladainha: “Desculpem, fui pego de surpresa...”, “Eu não falaria aqui hoje...”. Também não é aceitável despejar sobre o público um “caminhão de bobagens” e achar que cumpriu com sua obrigação e falou “de improviso”. No imaginário popular, discursar para plateias é um dom. Algumas pessoas já nascem com essa incrível habilidade de falar bem em público. Nesse grupo, presumem-se, estão políticos, líderes religiosos, artistas, professores e outros privilegiados que escolheram a profissão a partir de uma dádiva divina. O problema começa quando o político também acredita ter o dom da palavra e prefere não se preparar com a devida antecedência. Na maioria dos casos, o resultado não é bom. Na melhor das hipóteses, a pessoa perde a oportunidade de transmitir sua mensagem ao público. Alguns chegam a realmente arranhar a imagem pública com 56

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discursos que mais parecem tiradas de programas humorísticos, como a saudação à mandioca, o vento estocado e tantas outras pérolas que “bombaram” nas redes sociais. Mas e quanto ao tempo de duração do discurso? Deve ser telegráfico ou o orador tem a seu dispor todo o tempo do mundo? O governador Mário Covas, reconhecidamente um bom orador, costumava dizer que existem dois tipos de discurso: o bom e o longo. Ou seja, o bom discurso deve durar o tempo suficiente para informar (motivar, empolgar, ou atrair) a plateia, mas não o bastante para cansa-la. Na maioria dos eventos públicos, as pessoas ficam pé, sob sol, chuva ou frio. Por melhor que seja o orador, o desconforto não permite que a atenção da plateia se fixe por muito tempo. Mesmo quando estão sentadas confortavelmente e com a temperatura ambiente controlada, as pessoas não conseguem prender a atenção por muito tempo. Se o orador for muito bom e o tema interessar, é possível que a plateia se fixe no assunto por cerca de 7 a 10 minutos. Depois disso, vai se dispersar. Mais ainda nos dias de hoje, com os smartphones com seus WhatsApp, Facebook, Twitter, Instagram, Snapchat e tantas


fim. E, principalmente, com conteúdo para que efetivamente transmita sua mensagem ao público. Aulas de discurso e oratória que ministramos e/ou coordenamos têm se mostrado muito úteis no dia a dia de pessoas públicas cujo trabalho acompanho. Falar bem em público é algo que toda pessoa pode aprender e, com treinamento adequado, aprimorar. O conhecimento das técnicas ajuda na hora de elaborar o conteúdo da fala, a expressão corporal e o posicionamento em palanque. Já o treino constante proporciona segurança e confiança, que se traduz em qualidade no contato com a plateia. Parece óbvio, mas a regra de ouro - quase nunca é respeitada é: prenda a atenção de seu público com informações que sejam interessantes a ele. Desenvolva técnicas para interagir com as pessoas. E, principalmente, não prolongue sua fala inutilmente.

PAULO TOZATTO

outras redes sociais competindo pela nossa atenção. Já quando o assunto não é de nosso interesse ou o orador nos entedia, poucos segundos são suficientes para que lancemos mão do smartphone para ver as últimas postagens das redes sociais – essas, sim, muito mais atraentes. Então, vamos aos fatos: o improviso não existe – ou pelo menos não deveria existir para políticos e pessoas públicas. A preparação é fundamental, portanto, é necessário ter uma equipe de comunicação atenta e capaz de manter o líder bem informado, sempre. Antes de sair para qualquer evento público, é necessário que a pessoa pública saiba qual o assunto em questão, detalhes sobre o tema, quem estará presente, etc. O líder deve ter todas as informações necessárias para poder elaborar um discurso com começo, meio e

Cíntia Cury é jornalista especializada em Assessoria de Imprensa para Órgãos Públicos. Diretora da Exterior Editora/MarcoIten.Com atua em trabalhos de Assessoria de Imprensa; treina equipes de Comunicação e elabora o Planejamento Estratégico de Comunicação para Órgãos Públicos e Mandatos; atua na formação da imagem pública de políticos e pessoas públicas; e coordena conteúdo (impresso e on-line) para campanhas eleitorais. Atuou na Assessoria de Imprensa/Secretaria de Comunicação do Governo do Estado de São Paulo, durante os governos de Mário Covas, Geraldo Alckmin, Cláudio Lembo e José Serra. É autora do livro Assessoria de Imprensa para Prefeituras, Órgãos Públicos e Mandatos (Executivo e Legislativo), publicado pela Exterior Editora.

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GESTÃO

Uma saída para a crise por José Paulo Grasso

Chegou a hora do empresariado e da sociedade civil enfrentarem a cruel realidade e decidirem qual rumo a nação tomará, pois é impossível continuar! A Operação “Mãos Limpas” na Itália é um parâmetro para o nosso futuro: se insistirmos - como fizeram por lá e deu errado - com essa imoral corrupção institucionalizada que nos atirou numa crise sem precedentes, jamais sairemos dessa barbárie que arrasou a nação. Por outro lado, há o caminho da reinvenção. Países com problemas iguais ou piores que os nossos escolheram se unir em torno de um planejamento e conseguiram se tornar economias modelares e aumentar a 58

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qualidade de vida de suas populações. A reinvenção não é utopia, mas sim necessidade urgente! A operação Lava-Jato e a divulgação pela mídia de informações obtidas nas delações premiadas comprovam a relação promiscua entre empresários e políticos no Brasil. Muitos figurões já foram para a cadeia. Alguns ficarão lá por um bom tempo. O envolvimento dos políticos que compõem a gestão em escândalos desse porte inviabiliza qualquer governo. Não dá mais para insistir em desgovernos que se sustentam numa pinguela. Chega de voos de galinha. É preciso investir no crescimento autossustentável. É hora de trabalhar para revitalizar a economia, restituir


a ética e buscar efetivamente a melhoria da qualidade de vida da população. Exemplos de sucesso não faltam. É sintomático e vergonhoso que nas 5.565 prefeituras do país, apesar da crise que tem lavado estados e municípios a falência, ainda não haja um prefeito sequer falando em administração modelar, para que o investimento público traga retorno. É inadmissível que a gestão pública não apresente resultados. Tudo o que vemos é corrupção, desvio de verbas, escândalos. Até quando assistiremos, revoltados, uma minoria corrupta “assaltar” no descaro a maioria trabalhadora e ficar tudo por isso mesmo? A Operação Lava-Jato e seus desdobramentos estão dando ao empresariado e à sociedade civil a rara oportunidade de virar o jogo. Note que nos países “civilizados”, onde a justiça funciona, o planejamento está acima da troca de políticos. O sistema de saúde inglês, que existe desde 1948, é um exemplo. O político passa, mas o planejamento continua e promove resultados. É impossível que uma nação prospere sem políticas públicas de longo prazo. É espantoso que, no Brasil, o planejamento seja ignorado e a corrupção seja cinicamente chamada “desperdício”. Falta de eficiência nos gastos públicos e justiça tributária. É notório que os governos gastam muito acima do arrecadado. É absurdamente urgente que seja feito um rigoroso ajuste fiscal, que se acabe com cabides de emprego, mordomias e privilégios dos três poderes. É necessário moralizar a administração pública para que a máquina passe a funcionar. Urge abandonarmos essa imoral “democracia de coalizão”, vil criação de partidos ditos

“políticos”, que mais se assemelham a facções criminosas que representam apenas de seus integrantes. Chega de enxugar gelo com políticas públicas tipo “cobertor curto”, que ao cobrir aqui descobre ali. Como mudar isso se, maquiavelicamente, o país continua dividido? Se continuamos sem planejamento e sem perspectiva de melhora? Afinal, o que impede que nosso país se transforme no que poderia ser e permaneça nesse clima de falência dos entes públicos, com os motores estatais do crescimento queimados e a construção civil, a indústria imobiliária e outras partes da cadeia produtiva completamente estagnadas e sem horizonte de futuro? É preciso fomentar o desenvolvimento de forma geral. Somente num ambiente que estimule a inovação é que se criará um ciclo de prosperidade para os brasileiros. Esta reação começará pelo Rio de Janeiro, onde há uma área abandonada de cerca de 5,5 milhões de m², na zona portuária, para ser instalado o melhor conceito mundial de turismo de negócios e de lazer. Tal ação tem potencial para unir e beneficiar toda a sociedade, além de resultar na melhoria dos serviços públicos e privados que, obrigatoriamente, passarão a ser modelares, de forma que a Cidade volte a ser Maravilhosa pela revitalização de sua economia. Imagine o marketing positivo: passaremos a ser vanguarda mundial do setor, graças a um planejamento de curto, médio e longo prazos, no qual a sociedade civil e o empresariado promoverão um transparente pacto socioeconômico, cultural e ambiental, feito de forma sustentável e, principalmente, autossustentável - porque o investimento público

José Paulo Grasso é Coordenador do Movimento Acorda Rio.Engenheiro civil estrutural, que se transmutou em arquiteto, paisagista, empresário, hoteleiro, jornalista, vídeomaker e economista para dar vazão a nossa imprescindível necessidade de mudanças! projetozeppelin@uol.com.br

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retornará em qualidade de vida e aumento da arrecadação, levando desenvolvimento autossustentado, num ciclo virtuoso a todo o Brasil. Há espaço para que todos cresçam muito em suas áreas, e sem brigas. Chega de escândalos. Produziremos resultados! A indústria da construção civil e a imobiliária serão os dois vértices deste triângulo de desenvolvimento e disporão de um cenário de 5, 10, 15, 20, 50 até 100 anos, no qual a infraestrutura será permanentemente atualizada, movimentando o potencial instalado de todas as outras indústrias, produtos e serviços ao mesmo tempo, produzindo um desenvolvimento sustentado e autossustentável. O terceiro vértice, e mais importante - pois será o que bancará os outros dois, é a indústria do turismo, que atrairá milhões de pessoas que aqui deixarão centenas de bilhões, num crescimento planejado ano após ano. Em curto prazo, nos tornaremos a vanguarda mundial do setor, aproveitando o imenso potencial de nosso país, que será explorado de forma a eternizar a atividade, reciclando o modo como o turismo é comercializado nos dias atuais. Temos atrações espetaculares do Oiapoque ao Chuí, que serão, pela primeira vez, vendidas de forma a atender a individualidade do visitante, permitindo o enriquecimento cultural, de acordo com suas preferências pessoais e transformando sua estadia por aqui num acontecimento memorável, cheia de histórias para contar! A geração de empregos será colossal. O rol de atividades que será incrementado irá desde a Embraer que verá um extraordinário aumento na demanda de aviões, passará pela infraestrutura geral, e chegará ao 60

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Proálcool. O universo de produtos e serviços contemplados impactará centenas de micro e pequenas empresas, sem falar da plataforma que conduzirá toda a relação com os visitantes, pois, na verdade, tudo é turismo. Onde se olhar, em todos os segmentos da sociedade, aparecerão oportunidades de negócios, empregando até o analfabeto. Já a conscientização cidadã irá inserir toda a juventude num universo onde cada um saberá qual é o seu papel, otimizando a relação da família com as novas oportunidades de emprego. Utilizaremos o sucesso das ações como marketing para unir cada vez mais a sociedade, fazendo com que todos remem para o mesmo lado, alcançando resultados de forma mais rápida e duradoura. Como, aliás, aconteceu em todos os lugares onde o turismo foi utilizado como instrumento de transformação. Com isso, em cerca de 10 anos, receberemos algo entre 25 milhões a 50 milhões de turistas estrangeiros, que deixarão por aqui bilhões de reais anualmente, produzindo um mercado interno forte, com novos empregos de qualidade e renda digna. Será o início de um ciclo virtuoso, no qual todos se sentirão incluídos num cenário de futuro, porque finalmente poderemos vislumbrar a saída do subdesenvolvimento e alcançaremos os melhores índices de IDH. Nosso país passará a ser o lugar que todos querem conhecer, visitar, morar, se divertir, se tratar, trabalhar e até empreender, oferecendo condições para que qualquer atividade produtiva prospere, desde que respeitem as normas de sustentabilidade desse paraíso democrático no qual a nação se converterá. Que tal conversarmos sobre isso?


GESTÃO

Cidades Criativas desenvolvem a economia local e geram empregos por Alvaro Guillermo

A criatividade tem sido ao longo da história do desenvolvimento da cultura humana a melhor ferramenta para superar crises e inovar, encontrando novos meios e formatos fora do comum. Isso significa que precisamos estar abertos e atentos para mudar o que fazemos por tradição. Por exemplo, até pouco tempo atrás (cinco anos para ser exato) não se contabilizava na administração das cidades os números oriundos da criatividade. Ou seja, não havia contas da economia criativa. Festivais de criatividade movimentam cidades no mundo todo, a

exemplo do Festival de Design de Londres. Pessoas de todas as nações viajam para conhecer o que Londres tem a oferecer em design ao longo de uma semana ou dez dias. Milhares de pessoas visitam a cidade para conhecer objetos de design que não irão comprar. Mas ficam hospedados em hotéis, se alimentam em diversos restaurantes e bares, compram em lojas, andam em transporte local (taxi e metrô), postam fotos em redes sociais promovendo a cidade, entre outras coisas. Estes visitantes eram tratados como turistas e as contas iam para o turismo e o comercio. No Revista Estratégia Marketing Político - nº 3

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Alvaro Guillermo é diretor da Mais Grupo Agência Criativa de Inovação e Marca; professor do MBA Ciências do Consumo da ESPM; palestrante no Brasil e no exterior; autor de livros e artigos (Branding Design; estratégias de Marca e Design: do virtual ao digital e outros). Colaborador de Programas Nacionais e Internacionais de Design. Desenvolveu programas de ações de Marca cooperadas. Escreve periodicamente e mantém o blog www.maisgrupo. com.br/alvaroguillermo

entanto, o que gerou tudo isso foi a criatividade. Se o festival não existisse o Turismo e o comércio não poderiam contabilizar esses números. Assim o mais importante é o festival e os criativos que nele se apresentam, e de modo incrível, eles não vendem nada, atraem negócios para a cidade. São inúmeros os ganhos na economia que este criativos levam para a cidade, alguns imensuráveis, como as fotos postadas nas redes sociais pelos expositores e visitantes. Estas geram valor agregado à cidade. Todos que visualizam essas imagens passam a falar bem da cidade, em função de um criativo que estava presente no Festival. “Nossa, Londres é o máximo! Fui ao Festival de Design, é muito Cool! Super diferente e criativo! Só Londres mesmo para oferecer isso! Conheci um grupo da Tailândia com objetos super diferentes!” Não é difícil ouvir coisas desse gênero. Perceba que um criativo da Tailândia, que apresentou sua criação no Festival de Londres e que não vendeu nada, fez a imagem de Londres melhorar e se espalhar no mundo, além de promover a economia local, hospedando visitantes,

vendendo alimentos, bebidas, presentes, moda, transporte, etc. E não pense que apenas as grandes cidades permitem isso. Muito pelo contrário: as cidades pequenas podem obter melhores resultados, por vários motivos, dentro os quais, mobilidade, menor dispersão dando mais atenção ao foco dos eventos, segurança, preparação da economia local. O Brasil tem algumas características que que ajudam muito a inserir a criatividade na economia local: uma grande diversidade cultural, o que contribui para circuitos entre cidades, evitando a repetição de temas; uma grande produção artesanal, do feito a mão; atrações Naturais que ajudam a promover eventos; e os recentes eventos esportivos (Futebol e jogos olímpicos) que promoveram o Brasil mundialmente. Lógico que a grande maioria das cidades brasileiras, inclusive as grandes, não está preparada para este tipo de ação. Mas é algo que pode ser conquistado em pouco tempo, com resultados quase que imediatos. E isso motiva os cidadãos a se envolverem e promoverem junto com os gestores públicos estes eventos.

Alguns números da economia criativa:

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Festividade

período

pessoas/valores

Festa São João (Junina) Campina Grande

9 de junho a 5 de julho

2 milhões

Oktoberfest Blumeau

7 a 25 de outubro

500 mil

Bloco Galo da Madrugada - Recife

carnaval

2 milhões

Festival de Design de Milão

abril de 2016

400 mil

Superbowl50 Santa Clara - San Francisco

fevereiro de 2016

US$ 1 bilhão

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GESTÃO

Escolas do Legislativo formam cidadãos por Roberto Eduardo Lamari

As escolas do legislativo são uma realidade. Estão presentes no Senado Federal, na Câmara dos Deputados, no Tribunal de Contas da União, nas 26 Assembleias Legislativas, na Câmara Legislativa do Distrito Federal, em Tribunais de Contas Estaduais e em várias Câmaras Municipais, totalizando mais de 148 escolas. No entanto, grande parte delas não tem recursos suficientes para implantar seus programas, e seu potencial como agente de aproximação do legislativo com a sociedade ainda não foi percebido.

A Constituição de 1988, no artigo 39, parágrafo 2º, prevê a necessidade de se manter escolas de governo para formação e aperfeiçoamento de servidores públicos. No primeiro momento surgiram as escolas de governo nos Executivos; a primeira escola do legislativo começou em 1992 na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, mas graças a um movimento articulado e coordenado pela Associação Brasileira das Escolas do Legislativo e Contas (Abel) que vem promovendo encontros bianuais, Revista Estratégia Marketing Político - nº 3

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de troca de experiências, é inegável seu papel para o fortalecimento das escolas do legislativo, e tem seguido fielmente seus objetivos:

Roberto Eduardo Lamari é advogado especialista em Gestão Pública Legislativa pela USP; professor da Fundação Konrad Adenauer e Oficina Municipal nas disciplinas de Poder Legislativo Teoria do Estado; membro da Comissão de Assuntos Legislativos da OAB/ SP, vice-presidente da Associação Brasileira de Escolas do Legislativo e Tribunais de Contas.

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1. Promover o aperfeiçoamento das atividades legislativas, através de eventos educativos de formação, capacidatação e qualificação de servidores, e incentivar o intercâmbio de informações de interesse comum. 2. Difundir informações sobre os programas de ensino, pesquisa e extensão desenvolvidos pelas Escolas do Parlamento. 3. Estimular, divulgar e fortalecer programas de educação para cidadania desenvolvidos pelas Escolas, como forma de apoio às comunidades e à sociedade civil; 4. Incentivar e orientar parcerias e programas de racionalização e otimização dos recursos alocados às escolas; 5. Apoiar as formas de comunicação entre as Escolas, com eventos periódicos, publicações, listas de discussão, videoconferências, dentre outros meios; 6. Fomentar e apoiar a criação de Escolas nas Casas Legislativas, em níveis estaduais e municipais, onde estas ainda não existam; 7. Defender interesses das Escolas associadas; 8. Apoiar e desenvolver programas para fortalecimento do Poder Legislativo; 9. Ser fórum de debates em assuntos de relevância nacional, e de interesse específicos das associadas.

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As Escolas do Legislativo surgem com o intuito de formação e aperfeiçoamento dos servidores públicos, mas rapidamente assumem outras funções, descritas ns seus atos de fundação, geralmente Resoluções. Têm como missão a produção e divulgação de conteúdo científico dos Legislativos, a promoção de intercâmbio com outras instituições e a sociedade civil, prestação de assessoria qualificada a setores da Casa através de seus funcionários ou de seus parceiros e, por fim, a promoção da democracia, mediante a educação política para a cidadania. Sem dúvida, as Escolas do Legislativo cooperam muito na qualificação do servidor público, e têm um importante papel na discussão desse Poder, o que pode ajudar a melhorar a produção legislativa, os processos administrativos, a gestão interna, colaborar na criação de indicadores de gestão e também podem ser importantes centros de inovação legislativa. Duas missões das Escolas de Legislativo chamam a atenção: uma é a de trazer para o Legislativo as instituições públicas ou privadas e a sociedade civil organizada para participar do processo legislativo, qualificando o debate, legitimando esse processo; a outra é a educação para a cidadania ou democracia, que tem como objetivo principal oferecer ao cidadão educação política, formação para exercício pleno da cidadania – a nosso ver, essa é a tarefa mais importante das escolas do legislativo, e por que não dizer, do próprio Poder Legislativo, que deveria assumir a educação para a democracia como sua nova função. A educação para a cidadania é o meio mais fácil de estimular a participação política. Um homem do


povo que tem cultura política e é conhecedor dos seus direitos é um cidadão; a formação de cidadãos é a garantia de uma qualidade melhor de eleitor, e por efeito de eleitos, é a certeza de um Poder Legislativo forte, porque todos conhecem sua importância para a manutenção do Estado Democrático de Direito. Na organização das atividades das Escolas do Legislativo alguns procedimentos asseguram sua solidez, tornando-a perene. São procedimentos de capital importância: o Projeto Pedagógico (conteúdo programático), o Regimento Interno e a Lei/Resolução de Pagamento de Professores. No que concerne ao conteúdo programático, o planejamento é desenvolvido a fim de se tornar adequado ao público-alvo: Capacitação Profissional, Capacitação de Agentes Políticos, Formação Cidadã, etc. Para o atendimento de suas finalidades as escolas devem criar programas de atuação como o de capa-

citação profissional, capacitação de agentes políticos e comunitários e de formação para a cidadania, de aproximação dos legislativos aos Ensinos fundamental e médio, programa de parceria com instituições de ensino superior e pesquisa, programa de intercâmbio com casas legislativas, programa de difusão cultural, programa de pós graduação, programa de ensino à distância As disposições sobre o Regimento Interno de cada Escola do Legislativo -- após aprovadas pela Casa Legislativa -- são promulgadas por uma Resolução, a qual contempla, entre outros, o recrutamento, contratação e pagamento de professores, palestrantes, conferencistas e instrutores. Em linhas gerais, o recrutamento é de caráter temporário, e a remuneração dos serviços prestados pelos professores, palestrantes, conferencistas e instrutores é processada de acordo com a tabela de valores previamente aprovada.

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GESTÃO

Desafios do site governamental por Cristiano Matsuda

Cristiano Matsuda é designer gráfico. Pósgraduado em produção e tecnologia gráfica, trabalhar com web desde 2000. Atuou no Governo do Estado de São Paulo, e na Prefeitura de São Paulo, onde desenvolveu o portal do cidadão entre outras ferramentas voltada para a população.

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Assim que comecei a escrever este artigo pensei: Como posso passar tantas informações neste espaço? Falar de portais para instituições públicas é algo que não tem fim; uma coisa puxa a outra e quando vemos, lá se vão páginas e páginas. Então, decidi falar às pessoas que vão gerenciar ou participar de um futuro projeto online direcionado ao cidadão. Tão importante quanto a construção de um site desse porte, é mantê-lo. Quando se coloca um pro-

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jeto em pauta, planejamento é, sem dúvida, a fase decisiva para chegar a resultados satisfatórios. Não vou tratar da construção do site ou da linguagem de programação. Deixemos as questões técnicas para a equipe de desenvolvimento. Meu objetivo aqui é destacar como podemos oferecer conteúdo de qualidade e comunicação transparente ao cidadão. O conhecimento é a chave do sucesso, então, é preciso, antes de tudo, entender o objetivo dessa ferramenta.


Cidadão Num site governamental, o alvo é o cidadão, portanto é necessário planejar uma ferramenta que ofereça serviços, informações e notícias que possam ser acessados de maneira prática. Disponibilizar serviços online e fazer com que os usuários consigam, pelo menos, obter uma resposta objetiva e clara do que procuram já é um ótimo começo. Parece óbvio, mas poucos portais governamentais conseguiram se transformar efetivamente num canal para atendimento das dúvidas e demandas da população de forma sucinta e satisfatória. É claro que algumas questões continuarão exigindo atendimento presencial, mas quando essas informações também estão claramente explicadas nos portais, observamos uma sensível redução nas filas de atendimento – presencial e/ou telefônico. Ao começar a planejar sua ferramenta, imagine um balcão de informações: de um lado o cidadão, do outro, o atendente – ágil e atencioso – que em pouco tempo apresenta o passo-a-passo para a solução da questão apresentada. Esse “atendente”, nos sites, recebe o nome de BUSCA, aquela ferramenta com o símbolo de lupa e espaço para que possamos escrever o que queremos encontrar. O sistema de busca é a principal ferramenta de um portal. Com ele, o cidadão não precisa saber navegar nem conhecer cada detalhe do portal para encontrar um serviço. Basta digitar o que deseja e o site apresenta todas as alternativas em poucos segundos. Sempre defendi que sites governamentais deveriam apresentar em destaque, na primeira tela, os dizeres: “digite aqui o que procura”,

a exemplo do que já fazem os portais do Sebrae (http://www.sebrae. com.br) e do estado de Utah - EUA (http://utah.gov), que valorizam esta ferramenta.

No portal do Sebrae a ferramenta de busca aparece no no topo da página: facilita a navegabilidade

Página inicial do portal governamental de Utah (EUA): uma boa fotografia e o espaço para busca, apenas!

Tenha em mente que o site governamental atende a milhares de pessoas, com diferentes níveis de conhecimento, cultura e escolaridade, o que requer um trabalho minucioso no desenvolvimento de seu mecanismo de busca. A ferramenta Revista Estratégia Marketing Político - nº 3

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deve ser capaz de encontrar sinônimos, palavras com erros ortográficos e, principalmente, busca fonética. Exemplo: se alguém digitar “CAZA”, o sistema deve estar preparado para deduzir que o usuário quer informações relacionadas à palavra CASA e listar informações sobre IPTU, sorteio de moradia, etc. Cabe ao sistema apresentar ao cidadão todas as opções existentes no portal e evitar o desencontro de informações ou dados desnecessários. Não é cabível ter um portal burocrático, no qual o usuário precise de vários cliques até chegar ao objetivo final. Escute a população Transforme reclamações em soluções. Crie canais de comunicação no portal e escute o que seu público tem a dizer. Formulários para sugestões ou “fale conosco” são bastante relevantes em um portal público. Mas lembre-se: a comunicação na internet é muito dinâmica, por isso, o retorno deve ser quase imediato. Crie um sistema de resposta automática para agradecer o contato e, depois (no máximo 48 horas), responda os questionamentos do usuário. Não tente esconder ou ignorar questões. Tenha o cidadão como seu aliado. Todo canal de diálogo é válido, desde todos recebam retorno. O ideal é ter uma equipe para esse serviço. A linguagem deve ser simples, de fácil entendimento para incentivar que as pessoas procurem cada vez mais o site. Sempre que possível, transforme informações em gráficos, infográficos e outros tipos de imagens. Quanto mais visual e didática for a informação, melhor será a absorção. Outra questão a ser levada em consideração é o crescimento do acesso à internet em smartphones e tablets. A adaptação de seu site para dispositivos móveis é fundamental no planejamento de desenvolvimento. Lembre-se de que pessoas com deficiência visual ou física também navegam na internet e precisam ter acesso com a mesma eficiência. Busque informações sobre níveis de acessibilidade em portais. Você pode ler mais sobre leis e decretos de acessibilidade no Portal Brasil: http://www. brasil.gov.br/acessibilidade. 68

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Atenção para as regras Leis, normas e boas práticas: eis outro assunto complexo. Todo cuidado é pouco na hora de produzir conteúdo para um portal público. Fotos e determinados termos usados podem se transformar em transtorno. Informe-se antes sobre o que é permitido e o que é proibido no site governamental e mantenha a equipe que atualiza o portal bem orientada. Seja cauteloso ao falar de inaugurações, inserir nomes e fotos de autoridades. Se ultrapassar determinados limites, estará sujeito a penalidades que podem ir da retirada do site do ar até multas ou outras punições. Este link pode ajudar a aprofundar no assunto http://www.governoeletronico.gov.br. Redes Sociais Formulários e e-mails são ótimas ferramentas de comunicação, porém, as mídias sociais são um complemento importante neste estreitamento com o cidadão. As redes sociais, porém, devem ser levadas a sério. Nelas, uma pessoa pode até compartilhar uma ação bem-sucedida, mas 10 mil se sentirão motivadas a compartilhar se a postagem descrever uma falha de atendimento. O ideal é que todo canal em rede social tenha uma equipe de profissionais preparados para acompanhamento e atualização. Também é preciso lembrar que não basta ter uma conta no Facebook, Twitter, Google+ ou Youtube. É necessário produzir conteúdo relevante, do tipo que traga engajamento, vontade de consumir a informação. Portanto, convide a população a participar do crescimento da cidade, faça com que enviem sugestões, vídeos, fotos, enfim, aproveite as redes sociais para fortalecer a relação com o cidadão. As redes sociais são poderosas ferramentas de comunicação. Capazes até de eleger presidentes, mas, por falta de equipe especializada, muitas instituições públicas perdem oportunidades nessa área. Por último, cuide da saúde de seu portal, analise as estatísticas, veja como está sua reputação nas redes sociais, saiba sempre o que estão falando de suas ferramentas online e nunca se acomode. Procure sempre oferecer o melhor serviço à população.


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ANÁLISE

Primavera de Praga

Outono em Brasília

Em 1968, a Guerra Fria entre o Ocidente e os países comunistas vivia seus momentos mais tensos e a então Tchecoslováquia – uma das repúblicas-satélites da antiga União Soviética – buscou ares mais liberais e um distanciamento do rígido controle financeiro, econômico e político imposto por Moscou. A resposta foi dura: Moscou mandou seus tanques, massacrou as lideranças libertárias e impôs um regime ainda mais perverso e repressivo àquele até então em vigor. A tentativa de liberalização política e ideológica, fortemente in70

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fluenciada pelo movimento mundial da contracultura da Europa - e, por parte da sociedade norte-americana em crescente oposição à Guerra do Vietnã - sofria, em Praga, um revés e foi componente para aumentar ainda mais a tensão entre os blocos antagônicos. A cada dia era aguardado um novo foco de tensão, de risco de confronto bélico e, pior, até mesmo de algum incidente nuclear-militar. Em Março de 2017, hoje, nesta semana, Brasília vive a iminência de um desastre de proporções atômicas para a política, para os partidos políticos e para as principais lideranças


partidárias do país. Dia 20 de Março terá início o Outono no Brasil. E as perspectivas são bastante sinistras para a política, para a economia e para o desenvolvimento do país. A razão de todo esse potencial explosivo está na materialização dessa gigantesca corrupção que institucionalizou-se em Brasília a partir do governo petista. A Operação Lava Jato trouxe à luz da consciência nacional o que já se tinha como herança maldita da cultura política brasileira: o famoso “jeitinho”, o “molha -mão”, o forte jogo de interesses, a política usada para benefício próprio e de grupos determinados. Mas saímos da escala da roubalheira comedida para o mais desavergonhado saque do dinheiro público. Houve um verdadeiro ataque à PETROBRAS e demais estatais e recursos públicos. É senso comum que até a ascensão do PT essa corrupção existia, mas era “moldada”, “controlada” por “taxas” que o país já admitia como - veja que absurdo assim denominar...: razoáveis!!!! Sim, argumentariam os corruptos de uma geração mais antiga: a corrupção e a proximidade dos favores vindos dos governantes é coisa das tais Capitanias Hereditárias, das famosas “canetadas”, das tais “prerrogativas” que os políticos queriam fazer crer que possuíam para justificar a impunidade e demais privilégios. Foi-se moldando a consciência de que esse era o “Custo-Brasil”, uma soma de burocracia excessiva, uma regulamentação quase que incompreensível, bancos oficiais para financiar os amigos do Rei, leis protecionistas para impedir a livre concorrência, proteção aos burocratas e servidores públicos, Justiça morosa e seletiva e... taxas

de corrupção administráveis, já que “ninguém é de ferro”, afinal. E eis que chega ao Poder o Inácio da Silva e sua turma... Se era um projeto ideológico ou a mais rasa das megalomanias, cada um com sua liberdade para julgar. Mas no caminho dos malfeitores havia um posto de gasolina, uma casa de câmbio na sobreloja, fortes suspeitas envolvendo um falecido deputado federal do PP, José Janene, e aquele sentimento de impunidade que campeou por séculos o nosso país. Atuação cirúrgica PT no poder, e partidos como o PP, o PMDB, o PCdoB e demais agremiações que faziam parte da tal “base de apoio” de Lula foram sendo identificadas. Os volumes inicialmente apurados de recursos envolvidos cresciam e logo a Polícia Federal (PF) se convenceu de que seriam necessários doleiros – vários deles – para manipular, transferir e tentar dar um caráter sério às transferências de vultosos recursos que inicialmente foram entendidos como dinheiro da eterna corrupção, uma operação como tantas outras que já se via como parte de nossa “cultura”. Ocorre que... Ocorre que a PF teve uma atuação precisa e cirúrgica e se deparou com quadrilheiros já tão acostumados com as práticas nocivas que facilmente se configurava o delito – agora, em escala bilionária. Os grampos telefônicos registravam o uso abundante de codinomes e palavras típicas de organizações criminosas: dinheiro era tratado como “documento”, dentre tantos jargões... Cada integrante da quadrilha tinha seu codinome. O mais citado era um tal de PRIMO. Revista Estratégia Marketing Político - nº 3

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E rapidamente PRIMO foi identificado como sendo o doleiro Alberto Youssef, já protagonista de um rumoroso e gigantesco escândalo financeiro, o caso BANESTADO. Em seu poder, dezenas de telefones celulares... A evolução das investigações encontrou o “elo” pagador de muitos daqueles recursos: PRIMO avistava-se frequentemente com um dos diretores da PETROBRAS... O que veio depois (e o que ainda está em processo de apuração) estamos atentamente acompanhando – muitos de nós boquiabertos com a grandiosidade da roubalheira, alguns ainda cinicamente duvidando de que “trabalhadores” pudessem gerar tanta decepção e saques bilionários contra a Nação. PETROBRAS, Fundos de Pensão das estatais, obras por todo o país, Olimpíadas, Copa do Mundo, Transposição do Rio São Francisco, linhas de transmissão, derrame de investimentos via BNDES para poucas e seletivas empresas amigas, parcerias com Eike Batista, concessões de rodovias, reforma de aeroportos, enfim...: onde havia a possibilidade de desvios, falcatruas eram operadas, 72

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com verbas bilionárias. Agora, todas são alvo a Operação Lava Jato. Desde sua deflagração oficial a Operação Lava Jato teve seu maior impacto com a prisão do “empresário” Marcelo Odebrecht – ainda preso – e, para muitos, a certeza de que aquela ação da PF tinha muito maior grau de efetividade do que queriam, alguns, desmerecer. E Marcelo Odebrecht não ficou apenas um ou dois dias na prisão. Seu sorriso de deboche ao ser levado à prisão foi transformado, Brasil afora, na certeza de que algo começara a mudar na relação Poder-Dinheiro na Ilha da Fantasia, Brasília. As apurações, as prisões, as diferentes etapas e operações, os indiciamentos, as quedas de ministros, os “marqueteiros” de Lula e Dilma trancafiados, citações e a avalanche das delações premiadas foram emparedando e destruindo o PT e seus aliados, inclusive o PMDB de Temer, e foram essenciais para a queda da ex-presidente Dilma, a que saudava a mandioca. A eleição municipal de 2016 já deu demonstração clara do repúdio da população às evidências da tomada do poder por uma quadrilha travestida de políticos: o PT foi aniquilado; a estrela em ascensão não é mais vermelha, mas a de um não-político, João Dória, em São Paulo. Em Março de 2017, hoje, nesta semana, Brasília vive a iminência de um desastre de proporções atômicas para a política, para os partidos políticos e para as principais lideranças partidárias do país. Dia 20 de março terá início o Outono no Brasil. E as perspectivas são bastante sinistras para a política, a economia e o desenvolvimento do país. Talvez tenhamos a infeliz oportunidade de chama-la de OUTONO EM BRASÍLIA. Se a Primavera de Praga foi uma


tentativa juvenil de se libertar do jugo de um comunismo opressor e tacanho, o risco é de, nesse Outono que se aproxima, vermos o Brasil perder a oportunidade de limpar a casa, faxinar Brasília, aposentar políticos matreiros, extinguir partidos políticos como se extirpam organizações criminosas de dentro da sociedade. O Outono em Brasília pode chegar com uma conjugação de fatos positivos (alguns) e negativos (muitos) que poderão tornar nossos próximos dias verdadeiro caldeirão e um nível de tensão social e política comparada com os tempos da Guerra Fria. Vejamos como anda a economia: 1. Estamos, literalmente, no fundo do poço na economia. Dois anos seguidos de forte recessão: retração de 3,8% do PIB em 2015 e retração de 3,6% do PIB em 2016. 2. Taxa de desemprego nunca registrada desde o início da aferição. 3. A menor taxa de investimento produtivo dos últimos 20 anos. 4. O menor índice de consumo das famílias – a principal fonte de receita tributária.

políticos também podem ser consideradas ilegais pois, em outras palavras, elas tinham o destino certo de corromper/privilegiar aqueles políticos que seriam diretamente beneficiados, destruindo uma ficção (e um entendimento jurídico até então) de que se a Justiça Eleitoral entendesse como corretas as “contas” dos partidos, todo aquele dinheiro – legal, ilegal ou imoral – havia sido analisado e referendado como legal (típico caso brasileiro em que o dinheiro sujo de empreiteiras era “higienizado” na Justiça Eleitoral...). 3. Dilma já caiu – mas a chapa, em 2016, era Dilma-Temer. Ela já se escafedeu. E ele, era/é um “santo”? Ele não sabia de nada, como Lula? A Justiça Eleitoral caminha, a passos largos, para que Temer tenha a faca no pescoço. 4. Temer prometeu reformas necessárias para o ajuste fiscal e tributário. Estabeleceu

Vejamos como anda a política: 1. Brasília anda em pânico com a iminência de citação de cerca de 50% dos integrantes do Congresso Nacional nas delações premiadas, notadamente da ODEBRECHT e dos doleiros já identificados. Outras delações ainda virão, certamente. 2. A 2ª Câmara do STF julgou que as doações de empresas (todas, mas notadamente as empreiteiras) feitas a partidos Revista Estratégia Marketing Político - nº 3

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O sucesso da Operação Lava Jato e o enquadramento moral e criminal dessa “elite política” de péssima qualidade vão nortear as próximas décadas do Brasil

como meta a aprovação de duas das três principais reformas que são consenso dentre os que desejam o bem para o país. A Reforma Previdenciária e a Reforma Trabalhista, na promessa de Temer, deverão ser analisadas e aprovadas até o mês de jJunho deste ano. No Outono. As ruas poderão protestar, de forma natural ou como artífice dos petistas, sindicalistas e demais incendiários. 5. Lula, Paulo Okamoto, Palocci, JBS, Friboi, Cerveja Itaipava, Mantega, Pezão, Eliseu Padilha, José Serra, Cunha, Aécio, Skaf, Moreira Franco, Renan Calheiros, Valdir Raupp, quem, enfim, dorme tranquilo nesses dias que antecedem o Outono? O natural desenrolar da Operação Lava Jato vai trancafiar mais “empresários”, derreter campanhas políticas antecipadas, desmoralizar os “Tribunais de Contas”, questionar a omissão da Receita Federal, cancelar o registro de partidos políticos, promover uma estrondosa renovação da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e das Assembleias Legislativas, calar os movimentos “sociais” e, possivelmente, moralizar parte de nossas práticas criminosas travestidas de “política”. Ato Institucional Irracional Ocorre que os principais dirigentes políticos brasileiros e os quadros dirigentes das atuais agremiações - em grande parte, congressistas – tentam antecipar as jogadas da Justiça e, em qualquer madrugada, em silêncio, articulam aprovação

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Revista Estratégia Marketing Político - nº 3

de “anistia” a todas as falcatruas cometidas cujo enredo se repete – do PT de Lula e do PCdoB com cínicos comunistas ao PMDB de Renan e Temer, passando pelo PP de Maluf, PSDB de Aécio, PROS e outras pequenas máfias de ilustres desconhecidos. Todos deverão buscar a votação de algo parecido com um Ato Institucional Irracional que legitime e anistie as práticas de financiamento de dinheiro roubado aos partidos políticos (quase todos eles) sob a ótica de uma tal “contribuição” de recursos as 300 malandros-picaretas com anel de “dotô”. Esse Ato Institucional Irracional deve/pode ser o estopim para que o Brasil indignado, em forte recessão, o Brasil do desemprego, das Altíssimas taxas de juros, do descalabro, o Brasil dos altos impostos, da saúde largada, o Brasil da educação primitiva, enfim, ROMPA com sua letargia e troque o comando da Nação. Nem sindicalistas salafrários, nem cínicos ou sanguessugas engravatados. Podemos sair deste Outono como uma grande Nação. Podemos, em 2018, renovar efetivamente as práticas políticas e os protagonistas. Podemos varrer partidos políticos que são antros de vagabundos e ladrões. Podemos cobrar pelo que pagamos e exigir Ética e decência. O sucesso da Operação Lava Jato e o enquadramento moral e criminal dessa “elite política” de péssima qualidade vão nortear as próximas décadas do Brasil. Somos um país que nos envergonhará, eternamente? Estamos vocacionados para o sucesso ou somos apenas pagadores de impostos escorchantes? Somos sonhadores ou vamos – nós, o povo – pegar esse país na unha e expulsar esses malfeitores?




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