MANGUARÉ
Pequenos(as) Produtores(as) e Trabalhadores(as) por um Comércio Justo Edição 17 - setembro 2019
1
5 IGUALDADE DE GÊNERO
8
2
ERRADICAR A POBREZA
TRABALHO DIGNO E CRESCIMENTO ECONÔMICO
ERRADICAR A FOME
4 EDUCAÇÃO DE QUALIDADE
O COMÉRCIO JUSTO
Um aliado no cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
www.clac-comerciojusto.org
POTÁVEL 6 ÁGUA E SANEAMENTO
10 REDUÇÃO DAS DESIGUALDADES
16
PAZ, JUSTIÇA E INSTITUIÇÕES EFICAZES
17
12
CONSUMO E PRODUÇÃO RESPONSÁVEIS
13
AÇÃO CONTRA A MUDANÇA GLOBAL DO CLIMA
PARCERIAS E MEIOS DE IMPLEMENTAÇÃO
RESUMO
3 5 6 8 10 12 14 16 18
Editorial
Miguel Ángel Munguía Presidente Conselho de administração de CLAC 2019-2021
Uma publicação de
Coordenadora Latino-Americana e do Caribe de Pequenos(as) Produtores(as) e Trabalhadores(as) de Comércio Justo.
Notícia
Edição: Xiomara J. Paredes José Luis Casuso
Notícias
Desenho e Diagramação: Comunicações CLAC
II Fórum de Banana Fairtrade Guayaquil, Equador -República Dominicana -Honduras -Bolívia -Argentina -Trabalhadores(as)
Artigo principal
Dia Internacional do Comércio Justo
Artigo
A crise nos preços do café
Marcas de mulher
Zuly Granados - Guatemala Silvia Herrera - México
Organização de sucesso ACOPAGRO - Peru
Artigo
Perigo! Glifosato
MANGÜARÉ Os manguaré são tambores amazônicos que representam o homem e a mulher, que são utilizados para os rituais das comunidades indígenas que o possuem. Também, servem como meio de comunicação entre os vizinhos, porque o seu som se escuta a 30 ou 40 quilômetros nos arredores. Por conter elementos musicais, de comunicação, de arraigo territorial e a sonoridade do seu nome, esta revista leva o nome de Mangüaré.
Artigo
Renda digna cacau
CLAC Todos os direitos reservados Setembro 2019
A
população mundial enfrenta na atualidade grandes desafios. Por um lado, os relacionados ao clima e por outro os de índole socioeconômico. Se comentamos os primeiros, observaremos que, o ritmo atual de desmatamento, presença de pesticidas, mortalidade de abelhas, emissão de gases de efeito estufa, etc., provocarão que o aquecimento do planeta chegue a níveis insustentáveis para o ano 2040. Os efeitos da mudança climática já começam a se sentir, temporadas de muita chuva versus temporada de seca prolongada; furacões mais intensos nas regiões tropicais, desprendimento de grandes blocos de gelo no polo norte e sul, pragas novas que afetam os cultivos como a ferrugem no café, besouro da colmeia, entre outros.
EDITORIAL Miguel Ángel Munguía Presidente CLAC 2019-2021
Desde um ponto de vista socioeconômico, a desigualdade no mundo convida a refletir sobre o neoliberalismo como modelo de desenvolvimento implementado nos últimos 30 anos. Esta desigualdade tem provocado, de um lado, uma enorme concentração da riqueza, e do outro, pobreza extrema e ondas de migrantes expulsos do seu lugar de origem por falta de oportunidades. Assim vemos as pessoas da Ásia e da África querendo chegar à Europa e as pessoas da América Central e América do Sul querendo chegar aos Estados Unidos. Em paralelo a estes 30 anos de neoliberalismo na economia, desde o Comércio Justo construímos uma opção mais ética de intercâmbio comercial. Uma opção desde a transparência, a prestação de contas, a democracia, a equidade, a solidariedade, a proteção do meio ambiente, o respeito das culturas originárias, a proteção social e do território, entre outros, tem se traduzido em bem-estar e desenvolvimento sustentável para mais de 900 organizações em 24 países que os nossos associados em CLAC agrupam na atualidade. O Comércio Justo coloca as pessoas no centro do comércio e não o produto como elemento dominante à custa do que for. Entretanto, aproximam-se novos desafios, como a queda dos preços internacionais do café, cacau, banana, mel, entre outros. Isto implica desenvolver novas estratégias para incidir nos corações dos consumidores(as) para manter estreito o vínculo entre as redes de produtores(as) e trabalhadores(as) com os(as) consumidores(as), buscando o bemestar global desde o Comércio Justo. Na busca de um diálogo aberto e direto, as redes de produtores da Ásia (NAPP), África (FTA) e América Latina (CLAC) construímos a plataforma CAN que agrupa as três redes continentais com o espírito de trocar posições e definir estratégias desde as organizações de pequenos(as) produtores(as) e trabalhadores(as). Paralelamente, mantemos comunicação fluída com os escritórios comerciais do sistema Fairtrade - NFOs - (National Fairtrade Organizations) dos diversos países Europeus, Asiáticos, Norte América e Oceania, a fim de construir juntos melhores estratégias para desenvolver o Comércio Justo. Prova disso é a recente Assembleia Geral de Fairtrade International em Bonn (Alemanha), onde sentados todos em um mesmo espaço alcançamos acordos importantes pelo bem do Comércio Justo.
QUEM SOMOS?
CLAC SOMOS TODOS
905
REPRESENTAMOS: 352,351
CLAC é a rede que representa todas as organizações certificadas “Fairtrade” da América Latina e do Caribe, bem como outras organizações de Comércio Justo.
Pequenos(as) Produtores(as)
15,993
Trabalhadores(as)
A missão de CLAC é a de representar e promover os interesses, o empoderamento e o desenvolvimento dos seus membros e suas comunidades.
905
ORGANIZAÇÕES DE PEQUENOS(AS) PRODUTORES(AS) E TRABALHADORES(AS) DE COMÉRCIO JUSTO
PRODUZIMOS: Café Banana Açúcar Cacau Mel Quinoa Sucos e Frutas
Sementes Frutas Frescas Ervas aromáticas Chá Flores Infusões Vegetais Artesanatos.
NOSSA VISÃO: ESTAMOS EM: México Belize Guatemala El Salvador Nicarágua Costa Rica Panamá Colômbia Equador Peru
Bolívia Chile Argentina Paraguai Brasil Cuba Haiti Jamaica Rep. Dominicana Ilhas de Barlavento
Somos uma instância de representação de organizações de pequenos(as) produtores(as) e trabalhadores(as) democraticamente organizados, dirigida ao fortalecimento e desenvolvimento das organizações de base. Facilitamos assistência a nossos(as) associados(as), promovemos os seus produtos e valores e incidimos em instâncias sociais, políticas e econômicas.
OPINIÃO EXTERNA A aliança com CLAC nos permitiu conhecer detalhadamente o movimento de Comércio Justo e sensibilizar funcionários, acadêmicos e consumidores em geral sobre sua importância e potencial como estratégia de desenvolvimento sustentável. Tem sido uma relação de ganhar-ganhar na qual mobilizamos recursos técnicos e financeiros, para, por uma parte, avaliar as oportunidades para colocar produtos de Comércio Justo nos mercados locais e também para fortalecer capacidades associativas e empresariais das organizações de produtores. A proposta do agroturismo como estratégia de diversificação produtiva para as organizações e de valorização da experiência do movimento Comércio Justo tem tido uma grande aceitação, e hoje já vemos iniciativas em prática em Coobana R. L do Panamá, com o tour da banana e em Coopevictoria R. L, da Costa Rica com o tour de café e cana de açúcar. Marvin Blanco M. Especialista em Agronegócios Sustentáveis, acordo IICA-CLAC marvin.blanco@iica.int
Esperamos seguir cooperando com CLAC por muitos anos mais para poder beneficiar um número maior de organizações na América Latina e no Caribe.
U
m dos eixos fundamentais da estratégia de incidência da Coordenadora LatinoAmericana e do Caribe de Pequenos(as) Produtores(as) e Trabalhadores(as) de Comércio Justo (CLAC) é o fomento de espaços de intercâmbio, aprendizagem e crescimento que envolvam todos os atores do sistema. Nesse contexto, foi realizado o II Fórum de Banana Fairtrade nos dias 4 e 5 de junho de 2019 na cidade de Guayaquil, Equador. O fórum teve um objetivo duplo: por um lado, debater sobre as tendências na produção e no mercado de banana Fairtrade e, por outro, comunicar as contribuições e o impacto do movimento de Comércio Justo a nível global.
Sem dúvida, a diversidade de atores que participaram no fórum constituiu um fator fundamental para o diálogo entre diferentes perspectivas e contextos. Produtores(as), trabalhadores(as), empresários(as), pesquisadores(as), políticos(as) e colaboradores(as) de organizações de Comércio Justo aproveitaram o encontro para expor as suas experiências, expor as suas preocupações e propor alternativas que fortaleçam a justiça social e a sustentabilidade econômica e ambiental nos sistemas produtivos de banana Fairtrade. No espaço de expositores técnicos falou-se de temas fundamentais como os riscos atuais diante da grande ameaça do fusarium R4T e, como mecanismos alternativos no processo de produção, foram expostos temas fundamentais como a implementação do Programa de Incremento da Produtividade (PIP) liderado por CLAC a nível continental e o uso do ozono no cultivo da banana, um resultado da longa pesquisa que o senhor Ángel Llerena, professor da Universidade de Guayaquil, vem desenvolvendo. A relevância dos temas propostos neste evento atraiu a participação dos diferentes atores do sistema e da cadeia de valor da banana. Em consequência, Guayaquil se tornou o nó de convergência de mais de 250 pessoas provenientes de diferentes cantos do planeta que, apesar de sua condição de distanciamento geográfico, decidiram juntar-se por um mesmo produto e um mesmo ideal: a banana de Comércio Justo. Finalmente, este espaço de troca de experiências e conhecimento em torno do cultivo da banana Fairtrade, fechou com uma visita as associações Corporação São Miguel do Brasil e ASOGUABO, onde as e os visitantes puderam observar diferentes atividades inovadoras financiadas pela prima Fairtrade no cultivo da banana. O II Fórum de Banana Fairtrade deixa uma satisfação enorme e nos motiva a seguir promovendo este tipo de eventos. Estamos convencidos de que promover espaços de encontro, aprendizagem e reflexão fortalece as relações entre todos os atores do sistema e nos permite avançar a um comércio cada vez mais justo, equitativo e sustentável.
NOTÍCIAS CLAC participa do Fechamento de estudo primeiro Fórum sobre de trabalho infantil na Consumo Responsável e Guatemala Sustentável na República O trabalho infantil é um fator de risco na Guatemala. Por tal motivo, foi realizado um projeto de proteção Dominicana infantil na organização “Manos Campesinas” (Mãos No mês de junho foi realizado o primeiro Fórum Nacional sobre Consumo Responsável e Sustentável da República Dominicana. A iniciativa nasce do Observatório Nacional para a Proteção do Consumidor (ONPECO). Tal fórum esteve focado na apresentação de painéis onde se desenvolveram temas como o Comércio Justo, o uso do plástico, gestão de resíduos, produção orgânica, as inovações que as indústrias deverão assumir para readaptar a sua produção com materiais menos contaminantes, entre outros. Em representação da Coordenadora Latino-americana e do Caribe de Pequenos(as) Produtores(as) e Trabalhadores(as) de Comércio Justo (CLAC), Doris Rodríguez, Gestora de Fortalecimento e Desenvolvimento, apresentou a plenária: Consumo Responsável dentro do Comércio Justo e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Os principais pontos tratados foram: a necessidade de que mais pessoas se animem a conhecer o Comércio Justo e decidam fazer compras de produtos que foram trabalhados sob padrões de responsabilidade social, a busca constante de condições trabalhistas adequadas entre empregadores(as) e trabalhadores(as) dentro das plantações e a importância de começar a dar valor ao que foi plantado e colhido no solo dominicano, tomando em conta que o país é um produtor de alta qualidade em banana, café e cacau. Paralelamente, fez-se uma vinculação de como o Comércio Justo abona para a consecução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e em como, também, desde a mesma comunidade e as instituições educativas podem começar a fazer um consumo responsável e sustentável sendo parte das campanhas: ¨Cidades e Povos pelo Comércio Justo¨ e ¨Universidades Latinoamericanas pelo Comércio Justo”.
camponesas) com o suporte da Rede Café e a Assessora de Cumprimento Social de CLAC. Através de diagnósticos participativos desde 2017, meninos e meninas puderam expressar-se com dinamismo e naturalidade. Também, foram dadas oficinas de conscientização sobre atividades arriscadas dirigidas a famílias e professores das comunidades. Também tem se conseguido o estabelecimento de uma política de trabalho infantil e se conseguiu passar de uma discussão teórica para uma aplicação prática na redução do trabalho infantil e com isso buscar o bem-estar das famílias.
Projeto INTERCÂMBIO na Bolívia: formação de jovens líderes diante da mudança climática CLAC junto com a Coordenadora Nacional de Comércio Justo da Bolívia (CNCJ-Bolívia), desenvolveram, a partir de agosto de 2019, o projeto educativo focado em temas como inclusão de jovens e gênero, para enfrentar a Mudança Climática nas 5 redes de produtos da CNCJBolívia (café, cacau, quinoa, nozes e artesanatos). O projeto pretende ir além de uma simples transferência de conhecimentos, pelo que foi estabelecido convertêlo em um Diplomado mediante a participação da Pósgraduação em Ciências do Desenvolvimento (CIDES) da Universidade Mayor de San Andrés.
O objetivo principal do projeto é desenvolver conhecimentos, habilidades e capacidades nas/os jovens das redes da CNCJ-Bolívia, que permitam a reflexão em uma dimensão crítica - prática para a adaptação e mitigação da mudança climática sob um enfoque de inclusão de gênero. No projeto participarão 30 jovens provenientes das 5 redes da CNCJ-Bolívia, os quais obterão e replicarão conhecimentos sobre habilidades em adaptação e mitigação em mudança climática, para logo gerar e apresentar propostas no interior das suas organizações. Os participantes vão elaborar 5 propostas diante da mudança climática, de acordo com a rede para a qual pertencem (cacau, café, artesanato, quinoa e nozes) e sempre em base às necessidades identificadas previamente. Finalmente se impulsará a conformação de uma 1 Rede Nacional de Jovens do Comércio Justo, diante da Mudança Climática. O projeto se desenvolverá em 8 módulos, distribuídos em 6 meses com 6 dias por mês; em base a 8 eixos temáticos: História e identidade cultural, estratégias para inclusão de jovens, o sistema de Comércio Justo, Mudança Climática, medidas de mitigação e adaptação, bases para a elaboração de projetos e planos e marco legal das organizações.
Relações comerciais fortalecidas para a produção de açúcar no Paraguai A Cooperativa Canavial, ASAGOC, Associação Independência, APOY, CORA e APACACU realizaram reuniões com a Açucareira Paraguaia Sociedade Anônima AZPA no início da safra 2019. O objetivo da reunião é o de afiançar acordos comerciais que permitem fortalecer a relação de confiança e garantir a compra/venda da cana em condições que beneficiam as partes envolvidas. Durante as reuniões foram acordados os planos de entrega da cana de açúcar, foi compartilhada informação sobre o mercado Fairtrade, foram assinados acordos comerciais e foi realizada uma capacitação sobre os critérios de cana de açúcar Fairtrade, principalmente o capítulo “Negócios e Desenvolvimento”.
Rede de Trabalhadores(as) construindo sinergias Durante o primeiro semestre do ano em curso, a Rede de Trabalhadores(as) de Comércio Justo participou ativamente das atividades desenvolvidas no marco do Projeto Rede de Trabalhadores(as) Construindo Sinergias, financiado por Fairtrade Finlândia através do Programa Finlândia da Unidade de Gestão de Programas e Projetos de CLAC. O projeto tem como objetivo geral fortalecer a capacidade de representação e participação da Rede de Trabalhadores(as) da América Latina e do Caribe no interior de CLAC e a seus empregadores. Desenvolvese em 5 países da região: República Dominicana, Equador, Argentina, Brasil e Colômbia. Para conseguir o objetivo, foram implementadas três estratégias, a primeira relacionada com formação e transferência de conhecimentos para os líderes da Rede; a segunda, focada a melhorar capacidades de relacionamento dos(as) trabalhadores(as) com outros atores do sistema, entre estes, os seus empregadores; e finalmente uma terceira, melhorar os canais de comunicação a nível interno e externo, de tal maneira que se visibilizem os benefícios e impactos do Comércio justo na qualidade de vida dos e das trabalhadores(as). Das atividades desenvolvidas durante este semestre se ressaltam as oficinas grupais sobre gênero realizados na República Dominicana, Brasil e Equador para o levantamento da informação que permitirá conhecer a situação das trabalhadoras de Plantios de Comércio Justo. Houve a participação massiva de 140 trabalhadoras e trabalhadores representantes de 20 plantios de banana na República Dominicana e Equador, 8 plantações de flores no Equador e 7 plantios de frutas para suco do Brasil. Ressaltam-se como principais resultados dos encontros: a troca de experiências e conhecimentos entre os homens e mulheres participantes dos diferentes plantios, a abordagem e reflexão sobre a situação trabalhista das mulheres no interior dos plantios, bem como a identificação dos principais impactos da implementação da estratégia de transversalização de gênero CLAC nos espaços de trabalho. Com a informação obtida durante estas jornadas, serão definidos os lineamentos para fortalecer o eixo transversal gênero, estratégico no marco do Projeto de fortalecimento da Rede de Trabalhadores(as).
DIA INTERNACIONAL DO COMÉRCIO JUSTO
D
esde 2001, foi instituído que cada segundo sábado do mês de maio seja comemorado o Dia Internacional do Comércio Justo como um dia para celebrar que existe um comércio alternativo, mais humano e sustentável. É assim que, durante todo o mês, nos 24 países da América Latina e do Caribe onde estão presentes as nossas organizações membros, são desenvolvidas diferentes atividades. A América Latina e o Caribe se enchem de cores, aromas, alegrias, e, principalmente, se convertem em um período de muita reflexão. Este ano, a comemoração esteve focada em como o Comércio Justo, através de suas ações converteu-se em um aliado para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
É uma comemoração por uma vida mais digna para o pequeno(a) produtor(a) e trabalhador(a), por um comércio mais justo, melhores oportunidades, processos transparentes, um pagamento justo e o direito de boas condições de trabalho. Pela busca de processos amigáveis com o meio ambiente, entre outros princípios que regem o Comércio Justo. Sem dúvida, são o motor para uma sociedade mais justa, consciente e sustentável e, consequentemente, para um futuro melhor. Cada país do continente se esforçou na preparação de suas comemorações. Juntos e juntas, Coordenadoras Nacionais, pequenos(as) produtores(as) e trabalhadores(as), universidades e cidades que são parte da campanha por um Comércio Justo, em conjunto com organismos aliados e a sociedade civil se esforçaram em preparar cada detalhe, nos quais se viu presente o entusiasmo, a dedicação, o carinho e a atenção posta nesta grande comemoração. Sem dúvida, é uma festa que permite trocas de conhecimentos, de experiências. Uma comemoração que se converte em uma doce oportunidade para experimentar os diferentes produtos que são elaborados por pequenos(as) produtores e produtoras que cultivam a sua terra com amor. O Dia Internacional do Comércio Justo é uma data para reconhecer que existe um tipo de Comércio aliado à vida, à natureza, ao crescimento humano, ao respeito de direitos. Celebramos que existe um Comércio Justo e que juntos e juntas o construímos e fortalecemos dia a dia.
ARGENTINA
BRASIL
COLÔMBIA
COSTA RICA
PANAMÁ
EL SALVADOR
NICARÁGUA
EQUADOR
PERU
REP. DOMINICANA
PARAGUAI
GUATEMALA
BELIZE
MÉXICO
CHILE
BOLÍVIA
NICARÁGUA
BELIZE
A CRISE NOS PREÇOS DO CAFÉ
O
café é um pilar fundamental do desenvolvimento nas economias dos países produtores, estando entre os principais produtos agrícolas e de exportação, gerando muitos empregos e bem-estar para as regiões produtoras.
A declaração anterior tem sido historicamente parafraseada por anos por catedráticos, políticos, comerciantes e até por produtores. Apesar disso, faz uma década, os preços têm se mantido abaixo de $1.40 por libra (em média). Devido a isto os cafeicultores estão em uma difícil situação, que atualmente se denomina: a crise do preço do café. Recentemente, em São Paulo, Brasil, foi realizado o segundo Fórum mundial de produtores de café, convocando representantes da Ásia, África e América Latina, com o propósito de apresentar e discutir eventuais soluções globais a esta crise que tem piorado nos últimos meses chegando a baixos níveis históricos. Em maio deste ano os preços do café caíram ao seu ponto mais baixo nos últimos 10 anos, US$0,88 por libra de café. Representantes CLAC, estiveram presentes para expor as abordagens e propostas nas diferentes mesas de discussão com o objetivo de incidir e defender as mudanças no sistema atual de comércio. Embora seja verdade que foram geradas muitas iniciativas a nível de pronunciamentos institucionais, estratégias de comunicação a nível dos países, protestos nas ruas, e demais, algo que está constante e presente, são as terríveis consequências que toda esta crise implica, e no que se trata a seguir:
INSEGURANÇA ALIMENTAR Não é um segredo para ninguém que a queda nas rendas familiares causa que indiscutivelmente sejam realizadas reduções em gastos tais como, educação, diversão e lazer, investimentos e outros tantos, mas quando se trata de necessidades básicas e fundamentais como a saúde e alimentação, a seriedade da situação se multiplica, provocando ainda mais problemas locais e regionais. Na última década, mais de 60% dos agricultores de café na Guatemala, Nicarágua, El Salvador e México denunciaram insegurança alimentar durante o ciclo de colheita, segundo a Associação de Cafés Especiais (SCAA, por suas siglas em inglês).
PERDAS DE EMPREGOS O emprego é um indicador fundamental no desenvolvimento dos países, tanto a nível econômico como social, é por isso que, ao reduzir a renda dos produtores, automaticamente, se reduz a produção de emprego tanto direto (colheita de cereja), como indiretos (comércio e serviços locais).
INCREMENTO DA POBREZA Na atualidade, cada governo luta incansavelmente por reduzir os índices de pobreza e gerar riqueza para o bem-estar do país, porém, a crise atual dos preços do café exerce constante pressão no incremento da brecha entre os ricos e os pobres, (influído por maior pobreza relativa e extrema) aumentando em si, a desigualdade social. Estudos nacionais e internacionais demonstraram que é a desigualdade, e não a pobreza, a que se converte no caldo de cultivo para uma maior incidência de atos delitivos.
MIGRAÇÕES MASSIVAS O aumento da pobreza, além de incidir diretamente na desigualdade social, ao mesmo tempo causa outro grande problema que é a migração. Os(as) produtores(as) de café, ao não poderem manter as suas parcelas, pela baixa renda que recebem por seu produto, abandonam a atividade, se dedicam a outros cultivos ou inclusive a cultivos ilícitos, e outros tantos tomam a decisão de emigrar a outros países em busca de melhores oportunidades para viver.
MARCAS DE MULHER
S ZULY GRANADOS Guatemala
V
ive em Nuevo Cantinil município de Huehuetenango, Guatemala. Tem 23 anos, teve uma infância feliz e graças ao apoio dos seus pais estudou o básico. Como tinha vontade de continuar realizou os seus estudos a distância, conseguindo completar 2 anos para ser professora. Zuly é mãe de um belo menino de 6 anos. Forma parte da organização produtora de Café ACODIHUE, organização de segundo nível que conta com uma Rede de Mulheres Produtoras chamada AWAL NAN. Esta rede se dedica principalmente à produção de café de Comércio Justo, café que atualmente exportam aos Estados Unidos. Ela lembra com emoção que quando os grupos de mulheres começaram a se organizar pediram que ela fosse a secretária e ainda com um pouco de medo, aceitou. É assim que hoje é a representante legal de um grupo de 700 mulheres. Vendem café de maneira direta a compradores da Europa. Zuly conta que quando a Escola de Liderança e Empoderamento para Mulheres foi desenvolvida, foram repartidos os temas que seriam desenvolvidos e ela escolheu o tema de autoestima: “que bonito quando nos empoderamos, eu era uma pessoa muito tímida e cresci muito com as oficinas que recebi”. Enquanto observa um desenho que fez, comenta: “No futuro, imagino umas asas porque vou começando e o arco-íris porque tenho muitos sonhos que estão se realizando. Tem labirintos porque em minha vida tem coisas boas e más. Mas, tudo sai bem se ponho da minha parte e luto. Em outubro vou participar no Encontro de Mulheres do Mundo na Bélgica, em representação da Rede Anahual de ACODIHUE.”
ilvia Herrera pertence à Sociedade de Produção Rural Unión de Ejidos e Comunidades San Fernando S.P.R. de R.L. do México. Ela lembra que desde muito criança se viu caminhando entre os sacos que continham café, observando principalmente o seu pai, quem era um mestre rural que chegou a uma comunidade de San Fernando e começou a se envolver com os(as) pequenos(as) produtores(as) motivando-os a criar uma organização. No contexto do café, Silvia menciona que ela enfrentou não só dificuldades em temas de gênero senão que também por sua idade: “Tenho o compromisso de sobressair, aqui sempre estamos rodeadas de muitos homens, às vezes é difícil ser escutada sendo jovem e mulher, é necessário se esforçar mais que os demais, mas esse esforço também tem os seus resultados.” “Sempre deve existir paixão no que fazemos, para mim é uma bênção muito grande trabalhar em uma empresa social, você tem o crescimento profissional, mas também a oportunidade de ajudar os outros. Isso é o bonito do café, que sempre existe algo para se fazer, isso prende você e lhe dá vontade de seguir.” Para Silvia, a paixão e o desejo de aprender são peças fundamentais. Concentrar-se e estar à vontade, isso é evidente na atitude no trabalho e com a sua equipe. Quando lhe foi perguntado sobre como se vê em um futuro, Silvia respondeu: “Me imagino em constante aprendizado, nos aspectos gerais da vida, mas também desta indústria. Acho que seguirei aprendendo e deixarei um grão de areia com o meu trabalho.” “No café como pequenos(as) produtores(as) de Comércio Justo temos muito por diante. Temos tudo por ganhar, e como estão os preços, nada por perder, e tudo se consegue através da qualidade.”
SILVIA HERRERA México
Pontos de venda produtos de Comércio Justo CLAC desenhou a ROTA DO COMÉRCIO JUSTO, um mapa que busca agrupar os empreendimentos turísticos ou de produtos e serviços desenvolvidos pelas organizações de Comércio Justo na América Latina e no Caribe, de tal modo que facilite a sua busca e visibilidade destas iniciativas. Na sua organização tem algum empreendimento turístico, uma lanchonete, uma mercearia de produtos de Comércio Justo, entre outras iniciativas. Você pode escrever ao e-mail: info@clac-comerciojusto.org solicitando poder acrescentá-lo no mapa.
Acesse em:
www.clac-comerciojusto/mapa
Pressione o país que lhe interessa para conhecer a diversidade de opções.
COOPERATIVA AGRÁRIA DE CACAU
ACOPAGRO
A
cooperativa agrária ACOPAGRO iniciou como Associação de Comitês de Produtores Agropecuários de San Martín em 1992 no meio de uma forte crise socioeconômica em el Huallaga Central (Peru), produzido pelo cultivo da coca e a presença de grupos armados subversivos. Foi então quando o Programa das Nações Unidas, impulsionou e financiou um programa integral do cultivo de cacau como alternativa do cultivo da folha de coca. Em 1997, com a presença de 27 agricultores de cacau, foi criada a Cooperativa Agrária de Cacau ACOPAGRO Ltda; esta nova organização foi criada com um foco empresarial, com o objetivo de comercializar os produtos, melhorar a renda do produtor e de contribuir para elevar a qualidade de vida, o nível econômico, cultural e social dos associados, através da pesquisa, tecnificação, transformação agroindustrial do cacau e a sua comercialização, atualmente são 2080 sócios.
No ano 2000 começam a trabalhar com a certificação orgânica, até a data são 1,160 produtores(as) certificados orgânicos que representa o 60% do total dos produtores(as) e a certificação de Comércio Justo - Fairtrade - o obtêm a partir de 2005. Desde então vêm trabalhando em concordância com os princípios do Comércio Justo, a qual tem sido a raiz de seu crescimento através dos anos. A partir de 2002 ACOPAGRO começou a trabalhar na melhora da qualidade do cacau, conseguindo desenvolver um produto de alta qualidade muito apreciado no mercado externo pelas principais empresas chocolateiras, isto graças à assistência técnica que oferece, as exigentes normas de qualidade e ao estímulo aos melhores produtores, mas também a seu sistema organizativo, ACOPAGRO é a empresa líder em exportação de cacau no Peru.
Nos últimos anos, ACOPAGRO cresceu a um ritmo sustentável, em número de sócios e volumes de venda, para o qual também teve o apoio de diversos projetos como PDAUSAID, Governo Regional de San Martín, Governo Nacional (AGROIDEAS, PNIA), SNV – BID FOMIN, Pur Project, quem ao mesmo tempo trabalham no desenvolvimento de novas áreas de cacau como políticas de substituição de coca por cacau, o qual em sua maior parte estão passando a formar parte de ACOPAGRO. ACOPAGRO veio investindo o prêmio de Comércio Justo em: melhora da qualidade e produtividade, assistência técnica e tours técnicos, programas de responsabilidade social, construção de armazéns, laboratórios e implementação de unidades de transporte. Este ano entrarão em novos negócios tais como o kion (gengibre) e cúrcuma, que têm mercados na Europa. Também, está se começando a cultivar Ají Tabasco (pimenta) e a comercializar madeira. A diversidade produtiva é importante para incrementar as rendas do produtor e da cooperativa já que ajuda ao agricultor(a) a proteger-se dos baixos preços e obter entradas de outros produtos, menciona o gerente geral sr. Gonzalo Ríos. ACOPAGRO atualmente tem cultivado 2,832,000 em 2,549 hectares que beneficia 2,000 sócios(as) em 103 comunidades das províncias de províncias de Mariscal Cáceres, Huallaga, Bellavista e Picota na região San Martin isto graças ao seu Projeto de reflorestamento e captura de carbono “aposentadoria segura” e “Alto Huayabamba”. A prima de Comércio Justo tem sido investida na melhoria da qualidade e produtividade através das seguintes atividades: assessoramento em fermentação e secado de cacau, reparações de mini módulos de fermentação e secado, implementação de materiais nos centros de coleta, capacitação de coletores, oficinas e supervisão em campo com o objetivo de manter a qualidade e os volumes coletados, e seguir sendo a primeira organização de produtores exportadora de cacau orgânico e de Comércio Justo do Peru. Ao mesmo tempo tem se investido em assistência técnica e tours técnicos, programas de responsabilidade social, construção e armazéns de grãos.
PERIGO! GLIFOSATO
CLAC E COORDENADORAS NACIONAIS LUTANDO CONTRA A SUA APLICAÇÃO O glifosato tem adquirido grande popularidade a nível mundial e o seu uso está muito estendido ao ser um herbicida de amplo espectro que causa também, a eliminação de ervas e arbustos. Da mesma forma, desde o ano 2000, vêm se desenvolvendo produtos genéricos, que incluem o glifosato a preços mais baixos, devido a que a patente comercial foi liberada e isto potencializou o seu uso. Por outro lado, o tema do glifosato tem chamado a atenção de vários meios de comunicação a nível mundial já que diariamente se apresentam notícias em torno deste herbicida e os diferentes conflitos ao redor dele. Para este artigo nos centraremos no mercado europeu e no ingresso de produtos agrícolas tanto convencionais como orgânicos, um mercado composto por 28 estados membros e um pouco mais de 500 milhões de habitantes, sendo este um destino muito importante para os produtores de Comércio Justo Fairtrade. O glifosato é de uso comum e permitido na produção convencional do café e proibido absolutamente na produção de café orgânico certificado. Porém, para a comercialização tanto a nível local como para exportação de café convencional, existem níveis máximos permitidos por lei, segundo a normativa europeia e que varia de país para país. Sob este contexto, a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (por suas siglas em inglês EFSA), é a organização de assessoramento científico da Comissão Europeia, o Parlamento Europeu e os Estados membros da UE, que emite as conclusões e recomendações acerca dos níveis máximos permitidos para os alimentos que entrarem na Europa. Em 12 de dezembro de 2017, a Comissão Europeia concedeu uma prorrogação, aprovando o uso do glifosato até o dia 15 de dezembro de 2022 como data limite, tanto para produtos cultivados em seus mercados locais como aqueles provenientes do resto do mundo. Na atualidade, o nível máximo permitido para café convencional é de 0,1 mg / kg.; isto significa que qualquer amostra extraída de um lote de café, que entra na Europa, superando tais níveis de residualidade, não será admitido e a comercialização nos mercados europeus estará excluída nestes casos.
A aplicação de glifosato de acordo com o nível máximo permitido está vigente por lei até finais de 2022. A proposta da Comissão Europeia para o fim de 2022 é fortalecer as medidas de segurança alimentar para a entrada de produtos agrícolas (incluído café), reduzindo os níveis máximos permitidos (glifosato) a 0,05 mg / Kg. (sugere uma redução de 50%). O uso de glifosato na agricultura ecológica está proibido no início. Os produtos orgânicos se definem pelo processo de sua produção e fabricação. Portanto, a normativa legal para a agricultura ecológica não estabelece deliberadamente um valor limite separado para os pesticidas nos produtos ecológicos, já que os mesmos também podem verse afetados pela contaminação do meio ambiente. Assim, não há nenhum valor de resíduo oficial de glifosato para os produtos procedentes da agricultura ecológica. Mas, não existe nenhuma tolerância, já que a contaminação por glifosato pode produzir-se em áreas agrícolas vizinhas. Na prática, o “valor guia” se utiliza para resíduos de glifosato de 0,01 mg/kg. Isto aplica também no caso de café orgânico. Este chamado “valor guia” não é um valor máximo permitido legalmente da UE ou de seus Estados membros. Foi introduzido pela “Bundesverband Naturkost Naturwaren (BNN) Herstellung und Handel e.V.” da Alemanha e tem se estabelecido na prática. Independentemente, se isso tratasse de um valor limite estadual ou de uma recomendação de uma associação. Em caso de que o “valor guia” do glifosato (0,01 mg/kg) seja excedido, o café orgânico deixa de ser apto para a sua venda no mercado orgânico. Contextualizando a situação, se uma amostra de café (Fairtrade Orgânico), representativa de um lote de café exportação, entra na Europa com níveis superiores a 0,01 mg/kg, o café seria eventualmente aceito única e exclusivamente como café convencional, recebendo o produtor o prejuízo econômico que isso implica. No pior dos casos, o importador ao receber um produto que não cumpre com as condições especificadas no contrato (café CERTIFICADO FAIRTRADE ORGÂNICO) poderia rejeitar o lote em sua totalidade, enfrentando assim o produtor uma situação ainda mais complexa, tendo que incorrer em altos custos econômicos.
O anterior nos leva a concluir que é necessário contar com um sistema de controle interno capaz de identificar e minimizar os riscos de contaminação com glifosato e/ ou outros pesticidas para o café orgânico, além de planos para a redução progressiva do uso do glifosato para a produção convencional. Além de um fortalecimento do sistema de rastreabilidade física e documentária na cadeia produtiva e comercial do café. Também é importante apontar que existe uma enorme pressão pública sobre a UE para que proíba completamente o glifosato devido a sua nocividade para a saúde e para o meio ambiente. A Áustria foi o primeiro país em proibir o seu uso, e é possível que a UE proíba completamente o uso do glifosato depois de 2022. Enquanto isso, Vietnam também proibiu a importação de produtos que contenham glifosato. Suspeita-se que o glifosato interfere com a produção de hormônios e é cancerígeno. O seu produto de degradação aminofosfonato (AMPA) e a seboamina auxiliar também podem danificar as células humanas. Na América Latina, os produtos são borrifados em grandes áreas, às vezes por ar, e, portanto prejudicam diretamente as pessoas através da ingestão, através da pele e o trato respiratório. Vários observadores informam um aumento nas taxas de câncer, defeitos congênitos, mortalidade neonatal, enfermidade imunológicas, problema renal, problemas de pele e respiratórios. Além dos efeitos tóxicos diretos do glifosato, o seu efeito como herbicida de amplo espectro também põe em perigo muitos outros organismos. Isto se deve a que a destruição da flora silvestre de vegetação rasteira conduz à perda de fontes de alimento e habitat. Os herbicidas reduzem a diversidade do solo e, portanto, têm um efeito negativo a longo prazo sobre a biodiversidade.
“O GLIFOSATO É UM HERBICIDA QUALIFICADO PELA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE COMO “PROVAVELMENTE CANCERÍGENO”
RENDA DIGNA CACAU
PRODUTORES(AS) DE CACAU AVANÇAM A UNA RENDA DIGNA MELHORANDO EM PRODUTIVIDADE, DIVERSIFICAÇÃO E ESPÍRITO EMPRESARIAL O projeto de renda digna em cacau (ie. Living income cocoa project) é uma iniciativa que começou a ser executada em meados de 2018 pela associação de agricultores de cacau Juan Cruz de Guaranal na República Dominicana. Tem como objetivo que as e os produtores de cacau tenham a oportunidade de alcançar uma renda digna que lhes permita aceder a uma melhor qualidade de vida, não só para eles e elas, senão que também para suas famílias e sua comunidade através da melhoria da produtividade e a diversificação de suas colheitas. O projeto foi financiado pela empresa chocolateira Clif Bar & Company e com parte do prêmio Fairtrade que a organização recebe. Esta iniciativa se baseia em três intervenções relacionadas entre si que ajudam a estabelecer a sustentabilidade econômica das e dos produtores(as) bem como a sustentabilidade meio ambiental da área. Na primeira fase (atualmente em execução), os(as) produtores(as) estão aprendendo a administrar as suas propriedades rurais como sistemas agroflorestais, onde buscam implementar normas e técnicas que estão orientadas a obter uma melhor produção mediante a associação de espécies vegetais. Em todo o processo, toma-se em conta o cuidado do solo, a importância da biodiversidade, a diversificação e o papel da fauna autóctone como um complemento fundamental. Além disso, nesta fase se pretende reduzir a dependência de um único cultivo, adquirir novas plântulas e incrementar a quantidade de terras cultivadas. Outro ponto importante que destaca este projeto, que também é um dos princípios básicos do comércio justo, é o empoderamento e o fortalecimento das organizações de pequenos(as) produtores(as). Para isso e através de diversas oficinas de capacitação, buscase o desenvolvimento empresarial do agricultor(a) para que administrem as suas propriedades rurais como uma unidade produtiva profissionalizada, nas quais se implementarem registros contábeis e sejam medidas as melhorias nos níveis de produção e de rendas. Se esta iniciativa resultar exitosa, poderia converter-se em uma estratégia geracional para os(as) produtores(as) de cacau e suas famílias. Por um lado, aumentariam as rendas e, ao mesmo tempo, seriam criados planos de negócios de cacau viável para as gerações futuras.
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