Maiara elias tcc

Page 1

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MAIARA ELIAS

PROJETO DE MOBILIÁRIO MULTIFUNCIONAL PARA APARTAMENTOS PEQUENOS SOB A ÓTICA DO DESENHO UNIVERSAL

Florianópolis 2008


MAIARA ELIAS

PROJETO DE MOBILIÁRIO MULTIFUNCIONAL PARA APARTAMENTOS PEQUENOS SOB A ÓTICA DO DESENHO UNIVERSAL

Trabalho de Conclusão do Curso de Design, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Design.

Orientadora: Prof.ª Cristina Colombo Nunes

Florianópolis 2008


MAIARA ELIAS

PROJETO DE MOBILIÁRIO MULTIFUNCIONAL PARA APARTAMENTOS PEQUENOS SOB A ÓTICA DO DESENHO UNIVERSAL

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Design e aprovado em sua forma final pelo Curso de Graduação em Design da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Florianópolis, 20 de novembro de 2008.

______________________________________________________ Professora e orientadora Cristina Colombo Nunes Universidade do Sul de Santa Catarina ______________________________________________________ Professor Marcelo Kammer Universidade do Sul de Santa Catarina ______________________________________________________ Professor Célio Teodorico Universidade do Sul de Santa Catarina


“Onde você vê um obstáculo Alguém vê o término da viagem E o outro vê uma chance de crescer. [...]” Fernando Pessoa


RESUMO

Os apartamentos estão cada vez mais se apresentando de forma compactada, oferecendo menos espaços aos seus moradores. No caso dos apartamentos populares, a situação é mais critica, pois os apartamentos que já são pequenos vêm tendo a sua área ainda mais reduzida. Sendo assim, os moradores devem adaptar os seus móveis a essa realidade. O objetivo deste trabalho é criar um móvel que atenda às necessidades dessas pessoas. Para tal, propõe-se um móvel multifuncional, que possa ser utilizado em diversos ambientes da casa e que possa ser aproveitado no caso de uma eventual mudança. Ainda, leva-se em conta a usabilidade do móvel para o maior número possível de pessoas (considerando pessoas de diferentes capacidades). O desenvolvimento do projeto iniciou-se com pesquisas bibliográficas, pesquisas com o público-alvo abordado no projeto e pesquisas de concorrentes e similares. Essas pesquisas serviram como referência para a conceituação do projeto, geração de alternativas, escolha e execução do projeto. Como resultado de projeto, obteve-se um móvel multifuncional que proporciona ao usuário diversas opções de uso e que pode ser usado em mais de um cômodo da residência.

Palavras-chave: Apartamentos populares. Móvel. Multifuncional.


ABSTRACT

Apartments are becoming more and more compact, offering less space to those living in them. This situation is even more critic in popular apartments, as they were already compact to begin with. Therefore, residents must adapt their furniture to this reality. The purpose of this work is to create a piece of furniture that answers to these people’s necessities. As such, multifunctional furniture is proposed, which may be used in many places and can be reused when people move to another home. Also, the furniture’s usability to as many different people as possible (considering people with different capabilities) is taken in account. The project’s development started with bibliography, target-audience and competitors researches, which were used as references to the project’s concept, alternatives generation and project choice and execution. As a result, a multifunctional piece of furniture was developed, which allows many options to the end-user and may be used in many places in a household.

Keywords: Small Apartments. Furniture. Multifunctional.


LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Estrutura do OSB ...................................................................................... 40 Figura 2 - Processo de fabricação do MDF ............................................................... 42 Figura 3 - Principais variáveis usadas em antropometria estática............................. 47 Figura 4 - Número de pessoas com deficiência ........................................................ 49 Figura 5 - Módulo de referencia para a projeção no piso do espaço necessário para uma pessoa de cadeira de rodas. ............................................................................. 57 Figura 6 - Áreas de giro ............................................................................................. 57 Figura 7 - Área de transferência em um sanitário . .................................................. 58 Figura 8 - Exemplos de áreas de aproximação e transferência em um sanitário ...... 58 Figura 9 - Espaços necessários para circulação ....................................................... 59 Figura 10 - Alcances máximo e mínimo para cadeirantes. ........................................ 59 Figura 11 - Medidas de referência............................................................................. 60 Figura 12 - Metodologia de Baxter. ........................................................................... 70 Figura 13- Móvel usado para a sala .......................................................................... 85 Figura 14- Móvel usado para o quarto ...................................................................... 86 Figura 15- Móvel sugerido para o banheiro ............................................................... 86 Figura 16- Móvel usado para a sala .......................................................................... 87 Figura 17- Móvel usado para o quarto ...................................................................... 87 Figura 18- Móvel usado para a sala .......................................................................... 88 Figura 19- Móvel usado para o quarto ...................................................................... 88 Figura 20 - Móvel da empresa Tok & Stok ................................................................ 90 Figura 21 - Móvel da empresa Ikea ........................................................................... 90 Figura 22 - Técnica de Brainstorming. ...................................................................... 92 Figura 23 - Mapa Conceitual. .................................................................................... 93 Figura 24 - Painel Estilo de Vida. .............................................................................. 94 Figura 25 - Painel Expressão do Produto. ................................................................. 96 Figura 26 - Geração de alternativas 1 ....................................................................... 97 Figura 27 - Geração de alternativas 2 ....................................................................... 97 Figura 28 - Geração de alternativas 3 ....................................................................... 98 Figura 29 - Geração de alternativas 4 ....................................................................... 98 Figura 30- Geração de alternativas 5 ........................................................................ 98 Figura 31 - Refinamento de formas e medidas ......................................................... 99 Figura 32 - Móvel na posição inicial .......................................................................... 99


Figura 33 - Móvel sem partes intermediárias da lateral, pode ser usado como mesa de centro. ................................................................................................................ 100 Figura 34- Móvel com reorganização das partes da posição inicial, pode ser usado como bancada de cozinha. ..................................................................................... 100 Figura 35 - Medidas finais do móvel ........................................................................ 101 Figura 36 - Renderização do móvel ........................................................................ 101 Figura 37 - Númeração das peças do móvel. .......................................................... 102 Figura 38 - Peças laterais do móvel ........................................................................ 105 Figura 39 - Caixa do móvel ..................................................................................... 105 Figura 40 - Configuração 1 ...................................................................................... 106 Figura 41 - Configuração 2 ...................................................................................... 106 Figura 42 - Configuração 3 ...................................................................................... 107 Figura 43 - Configuração 4 ...................................................................................... 107 Figura 44 - Configuração 5 ...................................................................................... 108 Figura 45- Minifix ..................................................................................................... 108 Figura 46 - Montagem do Minifix, etapa 1 ............................................................... 109 Figura 47 - Montagem do Minifix, etapa 2 ............................................................... 109 Figura 48 - Montagem do Minifix, etapa 3 ............................................................... 110 Figura 49 - Máquina utilizada para a furação .......................................................... 111 Figura 50 - Plano de corte para as chapas de 18 mm ............................................. 112 Figura 51 - Plano de corte para as chapas de 8 mm. .............................................. 112 Figura 52 - Revestimento nas cores Wenge Supremo e Noce Maré ...................... 113 Figura 53 - Revestimento na cor Branco Diamante ................................................. 113


LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1- Faixa etária dos entrevistados .................................................................. 74 Gráfico 2- Renda familiar mensal dos entrevistados ................................................. 74 Gráfico 3- Número de pessoas que vivem na casa ................................................... 75 Gráfico 4- Número de quartos que há na casa.......................................................... 75 Gráfico 5- Cômodos mais utilizados da casa ............................................................ 76 Gráfico 6- Tempo que possui os móveis ................................................................... 76 Gráfico 7- Primeiro móvel comprado ......................................................................... 77 Gráfico 8- Características mais importantes na hora da compra............................... 77 Gráfico 9- Opção de maior comodidade em móvel para armazenar ......................... 78 Gráfico 10- Preferência por colocação dos móveis ................................................... 79 Gráfico 11- Objetos que sentem falta de um móvel para guardá-los (Sala) .............. 79 Gráfico 12- Itens que sentem falta de um móvel para guardá-los (Quarto) ............... 80 Gráfico 13- Itens que sentem falta de um móvel para guardá-los (Banheiro) ........... 81 Gráfico 14- Preferência por imagens 01 .................................................................... 81 Gráfico 15- Preferência por imagens 02 .................................................................... 82 Gráfico 16- Preferência por imagens 03 .................................................................... 82 Gráfico 17- Preferência por imagens 04 .................................................................... 83 Gráfico 18- Preferência por imagens 05 .................................................................... 83


LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Áreas Mínimas dos Cômodos Residenciais ............................................. 30 Tabela 2 - Principais aplicações do MDP e do MDF ................................................. 44 Tabela 3 - Consumo de MDF no mundo ................................................................... 44 Tabela 4 - Dimensões antropométricas ..................................................................... 47 Tabela 5 - Etapas do processo de design de Löbach. .............................................. 68 Tabela 6 - Cálculo dos custos. ................................................................................ 103


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 15 1.1. Problematização .............................................................................................. 15 1.1.1. Público-Alvo .................................................................................................. 15 1.2. OBJETIVOS..................................................................................................... 16 1.2.1. Objetivo Geral ............................................................................................... 16 1.2.2. Objetivos Específicos.................................................................................... 16 1.3. Justificativa ...................................................................................................... 16 1.4. Plano Metodológico ......................................................................................... 17 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................................... 18 2.1. Design.............................................................................................................. 18 2.1.1. Design Industrial ........................................................................................... 18 2.1.2. Design de Móveis ......................................................................................... 19 2.1.3. Início e Evolução do Design ......................................................................... 19 2.2. Habitações Populares ...................................................................................... 22 2.2.1. Histórico das habitações populares .............................................................. 23 2.2.1.1. Habitações populares na Europa ............................................................... 23 2.2.1.2. Habitações Populares no Brasil ................................................................. 24 2.2.1.2.1. Final do século XIX à década de 30 ....................................................... 24 2.2.1.2.2. Década de 30 até 1964 ........................................................................... 25 2.2.1.2.3. De 1964 até 1986 ................................................................................... 26 2.2.1.2.4. De 1986 até o presente .......................................................................... 28 2.3. Cômodos e medidas mínimas ......................................................................... 29 2.3.1. Dormitório ..................................................................................................... 29 2.3.2. Sala de Estar ................................................................................................ 29 2.3.3. Sala de Jantar ............................................................................................... 30 2.3.4. Banheiro ....................................................................................................... 30 2.3.5. Áreas Mínimas .............................................................................................. 30 2.4. A classe C........................................................................................................ 31 2.4.1. Características sócio-econômicas ................................................................ 31 2.4.2. Características de Consumo ......................................................................... 32 2.4.3. As mulheres da classe C .............................................................................. 35


12

2.5. A estética Kistch .............................................................................................. 36 2.5.1. Comunicação de Massa e o Kitsch ............................................................... 38 2.6. Indústria de Móveis .......................................................................................... 39 2.7. Materiais .......................................................................................................... 39 2.7.1. OSB (Oriented Strand Board) ....................................................................... 40 2.7.2. MDF (Medium Density Fiberboard) ............................................................... 41 2.7.3. MDP (Medium Density Particleboard) ........................................................... 43 2.7.4. Aglomerado .................................................................................................. 44 2.7.5. Compensado ................................................................................................ 45 2.8. Ergonomia ....................................................................................................... 46 2.8.1. Desenho Universal........................................................................................ 48 2.8.1.1. Princípios do Desenho Universal ............................................................... 49 2.8.1.2. Identificação das dificuldades de utilização dos ambientes ....................... 53 2.8.1.2.1. Pessoas com mobilidade reduzida ......................................................... 54 2.8.1.3. Referenciais para Projetos ......................................................................... 56 2.8.1.3.1. Normas Técnicas .................................................................................... 60 2.8.2. Pesquisas Usadas pela Ergonomia .............................................................. 61 2.8.2.1. Métodos de pesquisa ................................................................................. 62 2.8.2.1.1. Observação ............................................................................................ 62 2.8.2.1.1.a. Observação assistemática ................................................................... 62 2.8.2.1.1.b. Observação sistemática ....................................................................... 63 2.8.2.1.1.b.1. Observação direta e observação indireta ......................................... 63 2.8.2.1.1.b.2. Planejamento da observação sistemática ......................................... 63 2.8.2.1.1.c. Registro de comportamento ................................................................. 64 2.8.2.1.2. Inquirição ................................................................................................ 64 2.8.2.1.2.a. Entrevistas ........................................................................................... 64 2.8.2.1.2.b. Verbalização ........................................................................................ 65 2.8.2.1.2.c. Questionário ......................................................................................... 65 2.8.3. Etapas e fases da intervenção ergonomizadora ........................................... 66 2.8.3.1. Apreciação ergonômica ............................................................................. 66 2.8.3.2. Diagnose ergonômica ................................................................................ 66 2.8.3.3. Projeção ergonômica ................................................................................. 66 2.8.3.4. Avaliação, validação e/ou testes ergonômicos .......................................... 67 2.8.3.5. Detalhamento ergonômico e otimização .................................................... 67


13

2.9. Metodologia de Projeto .................................................................................... 67 3. Projeto ................................................................................................................ 72 3.1. Metodologia de projeto adaptada .................................................................... 72 3.2. Pesquisa Público-Alvo ..................................................................................... 72 3.2.1. Análise do publico alvo ................................................................................. 83 3.2.2. Pesquisa de público-alvo com Usuários de Cadeira de Rodas .................... 84 3.3. Pesquisa de Concorrentes e Similares ............................................................ 85 3.3.1. Pesquisa de Concorrentes............................................................................ 85 3.3.2. Análise da pesquisa de concorrentes ........................................................... 89 3.3.3. Similares ....................................................................................................... 89 3.4. Requisitos de Projeto ....................................................................................... 91 3.5. Conceito........................................................................................................... 91 3.5.1. Técnica de Criatividade ................................................................................ 91 3.5.2. Mapa Conceitual ........................................................................................... 92 3.5.3. Painéis Semânticos ...................................................................................... 93 3.5.3.1. Painel do Estilo de Vida ............................................................................. 93 3.5.3.2. Painel da Expressão do Produto ............................................................... 95 3.5.4. Conceito de Projeto ...................................................................................... 96 3.6. Criatividade ...................................................................................................... 97 3.6.1. Geração de Alternativas ............................................................................... 97 3.6.2. Definição do mobiliário................................................................................ 101 3.6.3. Materiais e Tecnologias .............................................................................. 102 3.6.4. Detalhamento ............................................................................................. 102 3.6.5. Relatório de procedimentos e custos de móvel .......................................... 103 3.6.6. Memorial Descritivo .................................................................................... 104 3.6.6.1. Princípios da Gestalt ................................................................................ 104 3.6.6.2. Função estético-formal: ........................................................................... 104 3.6.6.3. Materiais e acabamentos ......................................................................... 105 3.6.6.4. Função Técnica ....................................................................................... 105 3.6.6.5. Função operacional ................................................................................. 108 3.6.6.6. Função de Uso (Função Prática) ............................................................. 110 3.6.6.7. Função Ergonômica ................................................................................. 110 3.6.7. Processo de Fabricação ............................................................................. 111 3.6.7.1. Plano de Corte ......................................................................................... 111


14

3.6.8. Variação de Cores ...................................................................................... 113 3.6.9. Manual de uso ............................................................................................ 114 4. Conclusão ......................................................................................................... 115 4.1. Considerações Finais .................................................................................... 115 4.2. Futuros Estudos ............................................................................................. 115 5. Referências....................................................................................................... 117 APÊNDICES............................................................................................................ 120 APÊNDICE A – Questionário para Público-Alvo ..................................................... 121 APÊNDICE B – Desenho técnico e detalhamento da peça 1A ............................... 130 APÊNDICE C – Desenho técnico e detalhamento da peça 1B ............................... 131 APÊNDICE D – Desenho técnico e detalhamento da peça 1C ............................... 132 APÊNDICE E – Desenho técnico e detalhamento da peça 1D ............................... 133 APÊNDICE F – Desenho técnico e detalhamento da peça 2A................................ 134 APÊNDICE G – Desenho técnico e detalhamento da peça 2B ............................... 135 APÊNDICE H – Desenho técnico e detalhamento da peça 2C ............................... 136 APÊNDICE I – Desenho técnico e detalhamento da peça 3 ................................... 137 APÊNDICE J – Desenho técnico e detalhamento da peça 4A ................................ 138 APÊNDICE L – Desenho técnico e detalhamento da peça 4B ................................ 139 APÊNDICE M – Desenho técnico e detalhamento da peça 4C............................... 140 APÊNDICE N – Desenho técnico e detalhamento da peça 4D ............................... 141 APÊNDICE O – Vista explodida da configuração 1 ................................................. 142 APÊNDICE P – Vista explodida da configuração 2 ................................................. 143 APÊNDICE Q – Vista explodida da configuração 3 ................................................. 144 APÊNDICE R – Vista explodida da configuração 4 ................................................. 145 APÊNDICE S – Vista explodida da configuração 5 ................................................. 146 APÊNDICE T – Manual de uso ............................................................................... 147 ANEXOS ................................................................................................................. 150 ANEXO A – Móveis Pesquisados nas Lojas Koerich .............................................. 151 ANEXO B – Móveis Pesquisados nas Lojas Salfer ................................................. 152 ANEXO C – Móveis Pesquisados nas Casas Bahia ............................................... 153


15

1. INTRODUÇÃO

1.1.

Problematização

De maneira geral, os prédios que vêm sendo lançados pelas construtoras nos últimos tempos vêm seguindo a tendência de apresentar apartamentos cada vez mais compactos. Como resultado, os moradores desses apartamentos acabam tendo pouco espaço para acomodar os seus pertences e objetos de uso pessoal. Dessa forma, tornam-se desejáveis móveis que possam permitir aos moradores aumentar a área disponível para o armazenamento de objetos. Uma possibilidade que visa aproveitar ainda mais a área disponível no apartamento é fazer com que os móveis utilizados acumulem mais do que uma função. Assim, se um móvel que possui uma função de apoio (como, por exemplo, um assento, criado-mudo ou mesa de centro) tiver o seu volume aproveitado para armazenamento de diversos tipos de objetos, então uma melhora na utilização do espaço e na organização do ambiente torna-se possível. Dessa forma, propõe-se nesse trabalho o projeto de um móvel que seja capaz de agregar as funções de armazenamento de objetos diversos e de apoio para uso geral. 1.1.1. Público-Alvo O público-alvo focado inicialmente nesse trabalho será o segmento popular. No entanto, esse público-alvo pode ser estendido, já que outros segmentos podem também se beneficiar de um melhor aproveitamento do espaço nas residências, como por exemplo, recém-casados ou jovens que acabaram de deixar a casa dos pais.


16

1.2.

OBJETIVOS

1.2.1. Objetivo Geral Realizar o projeto de design de um móvel multifuncional para apartamentos pequenos atendendo aos mais diversos usuários. 1.2.2. Objetivos Específicos  Delimitar o público-alvo do produto;  Pesquisar quais são os objetos mais guardados nos diferentes cômodos de uma residência, e criar um móvel que se adapte a esses cômodos e possa ser usado no caso de mudanças;  Criar forma esteticamente atraente, considerando as diferentes capacidades dos usuários e o padrão estético do público-alvo.

1.3.

Justificativa

Nos últimos anos, os apartamentos que vêm sendo oferecidos pelas construtoras diminuíram consideravelmente de tamanho. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Núcleo de Estudos sobre Habitação e Modos de Vida (Nomads), da Universidade de São Paulo (USP), as salas de estar diminuíram 37,8%, e as cozinhas que costumavam em média ter 10,44m² hoje dificilmente passam de 9m². Essa redução é motivada principalmente por conta do elevado custo da construção civil, e tem com objetivo aumentar a ocupação dos imóveis construídos. Em entrevista ao site pernambuco.com, o presidente do Sindicato da Habitação de Pernambuco (Secovi-PE) Antenor Lino afirma que reduzir a área útil dos apartamentos, além de auxiliar a redução de custos, aumenta o número de unidades por andar. Isso permite que o valor de venda diminua e o empreendimento torne-se comercialmente viável. No caso dos apartamentos populares, a redução da área dos apartamentos faz com que os moradores, que já vivem num espaço limitado, tenham


17

que se adaptar a um espaço ainda mais reduzido, e consequentemente adaptar também seus móveis e pertences a esse novo contexto. Por esses motivos, torna-se interessante o projeto de um móvel multifuncional, que possa servir tanto como um apoio ou assento quanto como um espaço para armazenamento de objetos e pertences. Dessa forma, pode-se introduzir nos pequenos cômodos dos apartamentos um móvel que traga conforto aos usuários, sem abrir mão da utilidade e da funcionalidade. Outro ponto que deve ser levado em consideração, principalmente no caso das pessoas que moram em apartamentos alugados, é que é comum a mudança de residência ao longo dos anos (podendo acontecer até mais de uma vez por ano). É interessante que o móvel projetado possa ser utilizado nos diferentes apartamentos em que a pessoa venha a morar. Uma maneira de tornar isso possível é fazer com que o móvel projetado possa ser utilizado em diferentes cômodos (como, por exemplo, nos quartos, na sala ou no banheiro) de acordo com as necessidades do usuário em um determinado momento.

1.4.

Plano Metodológico

Para a realização do Trabalho de Conclusão de Curso, será elaborada pesquisa bibliográfica nas publicações relacionadas ao tema de Design, Design de Produto, Design de Mobiliário, Ergonomia, Materiais e Processos de Fabricação, entre outros. Através dessas pesquisas, é possível construir e consolidar a fundamentação teórica do trabalho. Buscando um maior conhecimento sobre o público-alvo, será conduzida uma pesquisa exploratória e realizada também pesquisa de campo com amostras de usuários. Uma sugestão para a pesquisa exploratória é a realização de entrevistas com perguntas sobre os seus costumes, como se relacionam com os ambientes trabalhados no projeto e quais os objetos mais armazenados nesses ambientes. No caso da pesquisa de campo, é importante observar como as pessoas interagem com os ambientes de suas casas e seus pertences, e sobre como as pessoas utilizam os seus móveis.


18

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1.

Design

A palavra design costuma causar confusão entre as pessoas, pois nem sempre fica claro o seu significado. Para LÖBACH (2000), o design consiste na corporificação de uma idéia, com a ajuda de meios que ajudem a transmitir essa idéia a outras pessoas. De maneira geral, um projeto de design tem como finalidade a resolução de problemas resultantes das diversas necessidades humanas. Como nossa linguagem nem sempre é a maneira mais eficiente de transmitir uma idéia, muitas vezes a solução de problemas é apresentada através da confecção de croquis, projetos ou amostras. “O conceito de design compreende a concretização de uma idéia em forma de projeto em modelos, mediante a construção e configuração resultando em um produto industrial passível de produção em série.” (LÖBACH,2000,p.16) Além de resolver problemas, o design é também uma poderosa ferramenta para diferenciação de artigos. Através do design, é possível alterar a maneira como consumidores percebem a qualidade e o valor dos produtos, podendo inclusive inspirar seu desejo de consumo. O profissional que trabalha com design é denominado designer. Uma definição dessa profissão é apresentada pelo conselho internacional de design: “Designer é aquele que se classifica por sua formação, seus conhecimentos técnicos, sua experiência e sua sensibilidade para a tarefa de determinar os materiais, as estruturas, os mecanismos, a forma, o tratamento de superfícies e a decoração dos produtos fabricados em série, por um meio de procedimentos industriais” (ICSID- International Council of Societies of Industrial Design).

2.1.1. Design Industrial Em termos gerais, o design industrial engloba o planejamento e produção de objetos endereçados à aceitação pelo Homem. “Por design industrial podemos entender toda atividade que tende a transformar em produto industrial passível de fabricação, as idéias para a satisfação de determinadas necessidades de um indivíduo ou grupo”. (LÖBACH,2000,p.17)


19

O design industrial inclui um conjunto de medidas que se toma tendo em vista a função, a utilidade e o aspecto de um produto ou objeto antes mesmo de entrar em linha de produção. Para LÖBACH, o designer industrial deve realizar um desenvolvimento contínuo de produtos, especialmente em empresas que estão sempre crescendo e aprimorando seus produtos. Este desenvolvimento normalmente pode ser efetuado seguindo dois princípios distintos: a diversificação e a diferenciação. A diversificação é a atividade pela qual uma empresa adiciona mais tipos de produtos ao seu programa de produção. Na maioria das vezes, os novos produtos que são incluídos relacionam-se com os produtos já existentes através de características técnicas (para que possam utilizar os mesmos recursos de produção) e de características de mercado. Através da diversificação, torna-se possível uma proteção contra mudanças no mercado que sejam negativas para a empresa. Já a diferenciação é o programa que busca versões diferentes de produtos já existentes na linha de uma empresa. Isso representa a oferta simultânea de modelos diferentes dos produtos que atendam às necessidades de classes sociais distintas, por exemplo. Dessa forma, diversas alternativas de compra apresentam-se aos potenciais consumidores, e há a possibilidade de que um indivíduo consuma produtos de um mesmo fabricante durante todas as fases da sua ascensão social. “A diferenciação do programa de produção significa para o designer industrial o desenvolvimento continuado de produtos. Em muitas empresas essa tarefa ocupa a principal atenção do designer industrial. "(LÖBACH,2000,p.114) 2.1.2. Design de Móveis O design de móveis é uma vertente do design industrial, cujo foco está nas funções utilitárias e/ou estéticas dos móveis. São levados em conta, por exemplo, o ambiente onde o móvel está inserido (relacionando-se com a decoração de interiores), os materiais utilizados e a sua ergonomia. 2.1.3. Início e Evolução do Design Desde tempos ancestrais, podem ser encontrados produtos com funções otimizadas para a realização de diversas tarefas. A concepção desses objetos pode ser considerada um primeiro exemplo do que hoje é considerado design.


20

Em relação a trabalhos escritos, pode-se citar como precursor o artista e engenheiro romano Vitruvius, que atuou no século I AC. Seus trabalhos escritos estão entre os mais antigos registros sobre arquitetura. Em particular, o seu tratado De Architectura (em português, “Dez livros sobre a arte da construção”) é um dos primeiros trabalhos sobre regra de projeto e configuração. Já no terceiro capítulo do seu primeiro livro, Vitruvius escreveu uma frase que entrou para a história do design: “Toda construção deve obedecer a três categorias: a solidez, a utilidade, e a beleza”. Com isso, ele lançou o conceito do funcionalismo, que só no século XX foi retomado pelo mundo. Em tempos mais modernos, pode-se dizer que o design é fruto da produção em série para o consumo em massa, em um processo que se iniciou na revolução industrial. A revolução Industrial, iniciada na Inglaterra, constituiu a troca de ferramentas pela máquina. Essa mudança de energia humana para motriz, é o ponto alto da evolução econômica que vinha se instaurando na Europa desde a Idade Média. A linha de montagem aumentou a produção. Produtos que eram fabricados manualmente, agora eram fabricados pelas máquinas de forma barata. Na metade do século XIX, surgiu (também na Inglaterra) o movimento estético Arts and Crafts. O movimento foi influenciado pelas idéias de John Ruskin, e liderado por William Morris. A maior preocupação deste movimento era o fato de que os fabricantes da era das máquinas guiavam-se basicamente pela busca da quantidade, e não da qualidade. Para Morris, arte e artesanato tinham valores iguais. Suas criações empregavam ao mesmo tempo aptidões de artistas e artesões, com objetivo de distingui-las de objetos provenientes de máquinas. Enquanto houve designer que seguisse a linha da Arts & Crafts, outros se distanciaram dessas doutrinas e adotaram ao mesmo tempo a Art Nouveau e o Modernismo. “Art Noveau” é um movimento cujo nome provém de uma loja do negociante de arte Samuel Bing, l’Art Nouveu. Os representantes desse movimento aceitavam com mais facilidade o uso de novos materiais e a produção em massa, em comparação aos artistas do movimento anterior (Arts & Crafts). A característica marcante desse movimento é o estilo orgânico, com formas que costumavam ser inspiradas na natureza.


21

No caso do modernismo, uma das maiores manifestações desse movimento na arquitetura ocorreu na escola Bauhaus. A escola fora iniciada em 1919 sob a direção de Walter Gropius, e difundiu as ramificações do construtivismo, procedentes da Holanda e Rússia, as quais posteriormente foram difundidas em âmbito mundial. É também nessa escola que surge formalmente o design. Em 1925, surge o “Art Déco”, considerado um movimento estilístico e não de design. Porém este movimento causou impacto tanto no design quanto na arquitetura. Nesse período, designers famosos que haviam se destacado

com

artigos ao estilo “Art Noveau”, adequaram suas criações a este novo estilo. Em 1929, após o "Wall Sreet Crash", o governo americano decidiu aumentar o consumo de produtos e estimular a economia. Assim, tornou-se fundamental para os designers criarem produtos cuja aparência instigasse o consumo. O resultado desse "estado da arte", em que os objetos não assumiam características em termos funcionais, ambientais e ergonômicos, denominou-se "Slyling". Este movimento defendia a valorização da função simbólica dos produtos e a preocupação em satisfazer os caprichos, a moda, muitas vezes aproximando do kitsch, em detrimento da função prática desses produtos. Em 1941, o governo da Inglaterra iniciou um projeto de racionamento, procurando gerir melhor o uso de recursos escassos. Afinal, a Segunda Guerra Mundial havia causado grande impacto sobre os designers e a fabricação de bens. Nos países envolvidos na guerra, as fábricas tiveram que diminuir a utilização de matéria-prima, enquanto outras se dedicaram a produção militar. Com o racionamento, o mobiliário, por exemplo, deveria ser forte e chamar a atenção do consumidor, mas sem causar desperdícios e perda de material. Materiais como prata e alumínio, foram proibidos ou dificilmente encontrados. A década de 50 foi um momento eminente do design. Países como Dinamarca, Finlândia e Suécia desempenharam grande papel no panorama internacional do design, principalmente pelo mobiliário. Em 1952 o checo Zdenek Kovar foi o pioneiro no uso da ergonomia em produtos e no ano 1953 foi fundado a "Hochsschule für Gestaltung" em Ulm, na Alemanha. Esta escola de design tinha abordagem racionalista, que buscava orientar e conduzir o design para o futuro, retratando a vida moderna entrelaçada à tecnologia. Em 1959, liderada por Roy Lichenstein e Andy Warhol surge a "Pop Art".


22

Nos anos 60 a guerra termina. Os nascidos no pós guerra cresceram, formando uma multidão de consumidores. Assim se iniciou a sociedade do descartável, onde a obsolescência foi colocada como fator de progresso. Na década de 70 a Itália segue como o centro do design e líder do mercado, nessa época os polímeros começaram a ser utilizados em produtos mais elaborados e caros. Os avanços tecnológicos deram origem a modificações na década de 80. O computador possibilitou que os designers utilizassem programas para realizar trabalhos antes feitos à mão. O design atinge também a consciência social e começa a preocupar-se com o meio ambiente. Nasce, então, o termo eco design, e surgem os primeiros produtos reciclados. Em 1985, Philippe Starck criou a cadeira “Pratfall” Em 1990 foi lançado o programa Photoshop 1.0. Esta foi a década de maior crescimento de todo o século XX, tanto na Europa quanto nos EUA. Porém junto com os avanços tecnológicos, surgiram também catástrofes ambientais fruto de alterações climáticas proveniente da degradação ambiental provocada pelo ser humano. (FAGGIANI, 2006).

2.2.

Habitações Populares

Quando se fala em “Habitação Popular” neste trabalho, está se referindo à habitação para a classe trabalhadora que vive na cidade e que possui uma renda familiar baixa. FOLZ (2002) considera que uma família que possua renda familiar de até cinco salários mínimos seja a maioria das famílias que moram na habitação popular, estas por iniciativa pública ou privada. Segundo FOLZ (2002), as habitações de tamanho pequeno também têm o problema de como vem sendo equipadas.

Ainda, é comum encontrar nessas

residências famílias numerosas dividindo o mesmo espaço. Foi visto que os móveis oferecidos pelo mercado para essas habitações não atende as necessidades destes moradores e não é adequado para este espaço. Um grande problema dos moradores das habitações populares é o congestionamento de pessoas. Segundo ROSSO apud FOLZ (2002), Chombart de Lawe determinou através de estudos que abaixo de 14m²/pessoa a probabilidade de


23

perturbação à saúde física e mental aumenta. Entre 12 e 14m²/pessoa Chombart considera como limite crítico, e de 8 a 10m²/pessoa como limite patológico. Já abaixo dos 8m²/pessoa as condições físicas e mentais seriam prejudicadas. Para os órgãos financiadores, a área para o padrão popular encontra-se entre 30m² a 50m². Porém, existe limite para a diminuição das habitações, pois um grande aglomerado de pessoas em um mesmo espaço poderá causar efeitos psicossociais imprevisíveis. A compactação das habitações deve ser considerada como algo inevitável dentro do contexto atual econômico, e dentro desse contexto é necessário buscar soluções para o problema. Além dos pequenos espaços das habitações populares, existe também o problema de como se tem equipado estas moradias. É visto que não é oferecido pelo mercado, móveis adequados para as habitações mínimas. (FOLZ, 2002) 2.2.1. Histórico das habitações populares 2.2.1.1. Habitações populares na Europa As

habitações

populares

surgiram

como

uma

necessidade

do

planejamento urbano nas cidades que vinham rapidamente se expandindo no início do século XIX na Europa, e no Brasil no início do século XX. É constatado que a industrialização de centros urbanos traz consigo uma necessidade habitacional, quando levas da população rural são atraídas para a cidade. No início da industrialização da Europa, a moradia dos trabalhadores tinha péssima qualidade, com condições de higiene precárias e grande concentração de pessoas em pequenos cômodos. Esse fato, aliado à falta de infraestrutura nas cidades (que tinham grandes dificuldades de eliminar seus dejetos), fez com que surgissem epidemias como a cólera, peste bubônica e tifo, que dizimaram boa parte da população dos maiores centros. Assim, a partir aproximadamente da segunda metade do século XIX, começaram a surgir leis que regulamentavam a construção de habitações e facilitavam a construção de habitações para a classe trabalhadora. Em um primeiro momento, havia imóveis mistos, nos quais a classe mais rica ocupava os primeiros


24

andares (com apartamentos maiores), enquanto os trabalhadores mais pobres ocupavam apartamentos apertados nos últimos andares. Após algum tempo, no entanto, esses imóveis mistos começaram a desaparecer, surgindo modelos de urbanização que exilavam as classes mais pobres (consideradas mais perigosas) na periferia. Surgiram também vilas operárias, de iniciativa tanto das fábricas quanto do governo, mas que eram recebidas com certa resistência pelo proletariado. Dessa forma, a maioria dos trabalhadores moravam em casas superlotadas, com um mínimo número de móveis que garantiam o conforto dos moradores. Os bairros onde os trabalhadores moravam cresciam de forma anárquica, sem respeitar as regulamentações e medidas de higiene, alimentados por crescente especulação imobiliária. Esse modelo de ocupação urbana cruzou o oceano, onde os recém industrializados Estados Unidos também sofriam com a escassez habitacional. O modelo de habitação popular lá implantado assemelhava-se ao alemão, no qual as casas eram construídas não eram produtos do acaso, e sim frutos de estudos sobre como aproveitar os espaços reduzidos da maneira mais rentável possível. Havia também habitações ainda mais baratas nos porões, iluminadas por grades horizontais embutidas no chão. (FOLZ, 2002) 2.2.1.2. Habitações Populares no Brasil Um pouco mais tarde, a partir do final do século XIX, os mesmos problemas surgidos nas capitais européias começavam a repetir-se no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro e São Paulo. A evolução da ocupação urbana no Brasil pode ser divida em quatro partes: • Do fim do século XIX até a década de 30; • Da década de 30 até 1964; • De 1964 até 1986; • De 1968 até o presente.

2.2.1.2.1.

Final do século XIX à década de 30

O final do século XIX foi marcado no Brasil por uma explosão do crescimento populacional, causado principalmente em São Paulo pelo complexo cafeeiro. Ainda, a abolição da escravatura e a proclamação da república provocaram


25

mudanças com o florescimento das atividades comerciais e industriais, tornando as cidades os centros das atividades econômicas. Também no Brasil, como na Europa, esse crescimento populacional não foi acompanhado em um primeiro momento por uma melhoria de infra-estrutura nas cidades, causando problemas como a falta de saneamento básico e a falta de habitação para as pessoas que se dirigiam à cidade. Com isso, surgiram espontaneamente formas de suprir essas carências, como a ocupação de alguns porões e construções, formando os cortiços. Esses cortiços, devido às precárias condições de habitação, eram foco de doenças endêmicas. Surgiram, então, algumas leis que visavam regulamentar e fomentar a construção de habitações para as classes mais pobres. Assim, empreendedores particulares, que viram na carência de residências para trabalhadores uma boa oportunidade de negócio, começaram a construir habitações visando o mercado de aluguel. Esses empreendedores construíam cortiços, formados normalmente por duas fileiras de cômodos separados por uma estreita passagem. Nos fundos, havia sanitários, e os cômodos continham cozinha, quarto e sala em um só ambiente. Havia também nos cortiços habitações com aluguel mais caro, nas quais já existia alguma separação dos ambientes. Inspiradas no modelo desses cortiços surgiram também vilas, com duas fileiras de casas com uma rua no meio. Essas vilas eram construídas ora por empreendedores particulares, ora pelas fábricas para seus trabalhadores. Essas casas possuíam quartos, sala e cozinha, e as latrinas localizavam-se às vezes no quintal. Nas vilas operárias de maior porte, eram oferecidas casas diferenciadas, com plantas de um a três quartos e banheiro já no corpo da casa. (FOLZ, 2002)

2.2.1.2.2.

Década de 30 até 1964

A partir da revolução de 1930, com a criação do Departamento Nacional do Trabalho, instituiu-se uma legislação previdenciária e trabalhista que pretendia atender às necessidades habitacionais dos trabalhadores. A iniciativa privada ainda atuava também nessa área, pois a construção de imóveis de aluguel ainda era muito rentável (e só deixou de ser na época da Lei do Inquilinato, na década de 40). Nesse período, a ação do Estado no setor habitacional se reflete na construção em massa


26

de habitações por intermédio dos Institutos de Aposentadorias e Pensões e pela criação da Fundação da Casa Popular. Os Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs), criados nos anos 30, são as primeiras instituições públicas que passaram a tratar a questão habitacional. Esses institutos, organizados por categorias de profissionais, construíam conjuntos, alugavam e financiavam moradias aos seus associados. Os IAPs foram responsáveis pela construção de muitos conjuntos habitacionais, vários deles compostos por uma nova modalidade de habitação: os apartamentos. Muitos desses conjuntos apresentavam como proposta de planta o tradicional “sala, quarto, cozinha e banheiro”, porém alguns projetos buscavam incorporar alguns conceitos de arquitetura moderna, visando a racionalização do espaço. A Fundação da Casa Popular, criada em 1946, era um órgão federal com função exclusiva de solucionar o problema da falta de habitação, e foi o primeiro nessa área em âmbito nacional (já que os IAPs atendiam apenas os seus associados). A produção conjunta dos IAPs e da Fundação Casa Popular, no entanto, não era suficiente para suprir a enorme necessidade habitacional existente. Assim, uma alternativa que surgiu frente ao pequeno desempenho dos órgãos públicos foi a construção espontânea, chamada autoconstrução. Esse tipo de construção procurava suprir as necessidades imediatas, sem se preocupar com algum plano geral. Dessa forma, nasceram programas desordenados, nos quais as casas cresciam conforme as necessidades. Nessas moradias, havia normalmente um isolamento do local de dormir (cujo espaço era minimizado), enquanto a sala de estar se confundia com a cozinha. Já nos apartamentos da classe média, o espaço de dormir coabitava com o de estar e lazer. (FOLZ, 2002)

2.2.1.2.3.

De 1964 até 1986

Após o golpe militar em 1964, os IAPs foram extintos, substituídos pelo Banco Nacional da Habitação (BNH). A política habitacional dessa época foi marcada por uma preocupação em estimular o setor da construção civil (gerando empregos), sem necessariamente articular a questão habitacional com a problemática urbana. As novas construções tinham como objetivo a venda dos


27

imóveis, ao contrário do que havia anteriormente, quando o objetivo principal era o aluguel. As propostas de arquitetura moderna presente em alguns conjuntos habitacionais dos IAPs foram gradativamente substituídas por um padrão mais conservador, com maior ênfase no espaço privado em detrimento dos espaços coletivos. Havia uma preocupação com o preço das habitações, o que causava o uso de materiais e projetos de baixa qualidade. As tipologias básicas do padrão de construção do BNH eram blocos repetitivos de apartamentos e casas isoladas. Os blocos de apartamentos apresentavam as seguintes características básicas: • No máximo quatro pavimentos, sem elevadores; • Equipamentos assistenciais e de recreação constituindo construções térreas isoladas; • Portas de ingresso sem relação consistente com ruas internas e periféricas; • Os espaços abertos não ocupados por ruas e estacionamentos são livres e não compartimentados; • Apartamentos pequenos, em torno de 50m²; • Áreas de serviço minúsculas.

Já as características dos conjuntos de casas eram: • Lotes de 160² a 240m²; • Quarteirões estreitos e compridos. Além dos problemas dos projetos do BNH, a idéia de criar uma alternativa de habitação para a população de baixa renda não funcionou. Apesar de ter se buscado um preço barato para as moradias (rebaixando suas qualidade e tamanho), a maioria da população ainda não conseguia ter acesso aos financiamentos dos BNH. Dessa forma, a autoconstrução continuava presente como uma alternativa, acontecendo em loteamentos precários e favelas. As casas autoconstruídas normalmente começavam com apenas um cômodo, onde havia total superposição de funções. Caso houvesse necessidade e recursos, esse embrião da casa podia ter acréscimos. Os quintais dessas casas serviam como áreas de lazer e trabalho. Nas cozinhas, aconteciam também as refeições, sendo o local onde se desenvolve a vida


28

familiar. À noite, as cozinhas permanecem vazias, e os quartos ficam abarrotados, com os filhos dormindo com os pais. Muitas vezes, as casas podem levar décadas para desenvolverem a sua forma, onde uma geração passa a construir no mesmo lote da anterior, até não haver mais espaço. (FOLZ, 2002)

2.2.1.2.4.

De 1986 até o presente

Com o fim do BNH, em 1986, houve uma desestruturação da política habitacional no país. A partir desse momento, o Estado se exime da responsabilidade de financiar programas habitacionais para a população de baixa renda. Dessa forma, os programas que surgem para a produção de habitações populares são pontuais, com a participação de algumas administrações municipais e estaduais. Como exemplo dessas iniciativas, pode-se citar a Secretaria da Habitação e Desenvolvimento Urbano (SEHAB), em São Paulo, de 1989 a 1992. Lá, havia dois órgãos produtores de habitação, a COHAB-SP e a Superintendência da Habitação Popular (HABI). A HABI, que atendia famílias com rendimento de até cinco salários mínimos, atuava tanto na construção de moradias quanto em intervenções em cortiços e favelas. Nessas intervenções, havia certa diversificação dos tipos de moradias, e era levada em consideração uma consulta popular para conhecer as vontades e os anseios dos futuros moradores. Havia também a autoconstrução assistida, que se encaixava em um contexto projetual contava com toda uma assistência técnica. A carência habitacional é um problema latente nas cidades brasileiras, e, portanto, faz parte da estratégia político-eleitoral de alguns prefeitos e governadores. Por exemplo, os projetos Cingapura (em São Paulo) e Favela-Bairro (no Rio de Janeiro) destacam-se tanto pelo número de unidades quanto pela sua visibilidade. (FOLZ, 2002)


29

2.3.

Cômodos e medidas mínimas

2.3.1. Dormitório O ambiente de dormir sempre foi importante, mas nos últimos anos este acabou sendo mais evidenciado, pois foi agregando outras funções. O dormitório deixou de ser somente o dormitório. O que interfere no contexto é a versatilidade e a dimensão atual do ambiente. A versatilidade faz com que móveis ultrapassados sejam substituídos por móveis de múltiplas funções. Hoje, os dormitórios diminuíram de tamanho em razão da redução dos ambientes face à minimização de espaços. Isso faz com que se procure explorar o uso de móveis encaixados e embutidos, aproveitar espaços verticais, usar beliches, descobrir formas de liberar áreas de circulação. Nas classes sociais mais privilegiadas a cama normalmente é o foco de interesse, colocada de modo a se destacar, refletindo o modo de vida das pessoas. Também é comum encontrar nos dormitório das classes mais altas, os closets. Já para as classes sociais menos privilegiadas, a versatilidade é mais importante. O design deve atender funções como estética, funcionalidade e custo. 2.3.2. Sala de Estar A sala de estar é o ambiente destinado a receber visitas, conversar, assistir programas de televisão, confraternização, ler, enfim múltiplas funções. A sala vem ganhando cada vez mais notoriedade, cada vez mais utilizada pelas pessoas. É possível que cada vez mais a sala venha a ser usada, pois as pessoas vêm ficando mais em casa fruto das atribulações e conturbações do dia-a-dia. Desse modo a sala de estar passa a ter maior importância na vida de todos. A crescente violência e o medo de permanecer em locais públicos vêm mudando o comportamento da população urbana. As peças da sala de estar devem atendas às necessidades da moradia, e dos espaços reduzidos. A multifuncionalidade é uma opção, onde um móvel vira outro, estante vira aparador, e também serve de mesa, etc.


30

2.3.3. Sala de Jantar O conceito de sala de jantar vem mudando ultimamente. As condições sócio-econômicas juntamente com as limitações de espaço contribuíram para a modificação desta definição de sala de jantar. Inicialmente a sala de jantar era uma grande mesa no centro junto de um completo jogo de móveis ao seu redor. Até tempos atrás, a sala de jantar era o maior cômodo da casa, o cômodo de maior importância, apesar de passar maior parte do dia vazio. Com o surgimento da sala de estar acompanhada da sala de jantar, esta perdeu um pouco sua importância, reduzindo-se ao mínimo indispensável e, em alguns casos, é inexistente. Longe da realidade de muitos lares brasileiros em virtude do espaço que requer, a sala de jantar, quando aparece, se encontra freqüentemente conjugada com a de estar e/ou cozinha. 2.3.4. Banheiro O banheiro ultimamente não é somente um local destinado unicamente à higiene. É um local onde as pessoas procuram descanso, recuperação física, relaxamento e a fuga do intenso estresse do mundo moderno. Como todos os outros cômodos da casa o banheiro também sofreu redução em seu tamanho. Os móveis projetados para esse local devem levar em conta a movimentação em um espaço reduzido, os objetos mais guardados nesse ambiente pelos moradores e também a questão da umidade. 2.3.5. Áreas Mínimas De acordo com o código de obras definido pela Prefeitura Municipal de Santa Catarina, as áreas mínimas destinadas ao uso residencial podem ser vistas abaixo (Tabela 1): Tabela 1 - Áreas Mínimas dos Cômodos Residenciais


31

Cômodos Sala / dormitório Sala-de-estar 1º dormitório ou único 2 º dormitório Demais dormitórios Banheiro Cozinha

Área Mínima (m²) 18m² 12m² 11m² 9m² 7m² 3,25m² 4m²

De acordo com o art. 155 do artigo de obras, a área mínima de uma residência não deverá ser menor que 27m². Art. 155 Exceto nas edificações residenciais transitórias e coletivas, toda unidade residencial deverá ter área útil não inferior a 27,00m² (vinte e sete metros quadrados), e, pelo menos, quatro compartimentos: I – sala/dormitório; II – cozinha; III – instalação sanitária; IV – área de serviço. Parágrafo Único - A cozinha poderá constituir-se em ambiente integrado à sala, sendo dispensada sua compartimentação.

2.4.

A classe C

A classe C é a classe mais populosa no Critério Padrão de Classificação Econômica Brasil (Critério Brasil). Essa classe divide-se em C1 e C2. Segundo dados de 2007, a C1 tem renda média de R$1.194 mil e tem 21% da população do Brasil. Já a classe C2 tem 22% da população, com renda média de R$726. Estudos recentes mostram que é cada vez maior a participação no mercado das pessoas enquadradas na classe C. Portanto, é interessante entender as características de vida e de consumo desse importante mercado consumidor. 2.4.1. Características sócio-econômicas Baseando-se em estudo realizado através de pesquisas feitas em loteamentos populares e em um conjunto habitacional, realizado por BROSSIG apud FOLZ, 2002, pode-se montar um quadro das características sócio-econômicas das classes mais populares. No que se refere à renda familiar, a maior parte da população consultada tinha renda abaixo de cinco salários mínimos, com a média de renda total familiar ficando em torno de 3,7 salários mínimos (enquadrando-se, portanto, na


32

classe C). Nesse mesmo estudo, observou-se que o número de pessoas por domicílio estava acima de cinco pessoas em 40% das casas, que possuíam uma média de 50m² de área. Ainda, em torno de 30% dos apartamentos de 42,83m² e 80% dos apartamentos de 31,96m² do conjunto habitacional moram mais de quatro pessoas. Em um outro estudo (FAGGIN apud FOLZ, 2002), realizado em dois conjuntos habitacionais da COHAB-SP, observou-se que em 25% das casas havia 2 núcleos familiares, e 4% delas abrigavam mais do que 2 núcleos familiares. Um levantamento realizado pelo Grupo ARCHTEC (Arquitetura, Tecnologia e Habitação) apud FOLZ, 2002, na Vila Tecnológica de Ribeirão Preto (portanto, em uma cidade do interior), esta caracterização sócio-econômica não mudou muito. De 85 famílias entrevistadas, 12 possuíam renda familiar de 2 a 3 salários mínimos, 17 entre 3 a 4 salários mínimos e 11 entre 4 a 5 salários mínimos. Há ainda outras faixas, sendo que 13 famílias possuíam renda acima de 7 salários mínimos. Neste levantamento, observou-se que havia 55 homens e 30 mulheres chefes de família. Destes 85 chefes de família, 65% estavam na faixa etária entre 30 a 49 anos. Dos 413 moradores das 85 unidades (resultando em uma média de aproximadamente cinco pessoas por unidade), 29,55% tinham entre 26 a 45 anos, 22% tinham de 7 a 14 anos, 20,1% tinham de 0 a 6 anos, 18% tinham entre 15 a 25 anos e os demais, 9,4%, estavam com mais de 46 anos. A composição familiar mais comum era a de casal com filhos (61,18%), seguida de mãe com filhos (20%), casal com filhos e parentes (8,24%), mãe com filhos e parentes (7%), casal sem filhos e com parentes (1,18%) e outras configurações (2,4%). O nível de escolaridade apresentava-se da seguinte forma: 115 pessoas tinham primeiro grau incompleto, 111 tinham o primeiro grau em andamento e apenas 34 o primeiro grau completo. Apenas 24 pessoas possuíam o segundo grau completo, e 78 tinham menos de seis anos (fora da idade escolar). 2.4.2. Características de Consumo No estudo supracitado de BROSSIG, observou-se que aproximadamente 80% daquela população está comprometida com algum tipo de prestação, que muda de natureza conforme o tempo de assentamento. Inicialmente, as prestações estão


33

ligadas a materiais de construção, televisão, aparelhos e utensílios domésticos. Com o tempo, essas prestações são substituídas por aquelas ligadas à aquisição de móveis e automóveis. Nas residências observadas neste estudo, os móveis existentes foram quase na sua totalidade comprados em lojas, e raramente ganhos. Além dos móveis, a presença de aparelhos de uso doméstico é evidente, onde acima de 70% dos domicílios possuem fogão, geladeira, máquina de costura, liquidificador e televisão, e acima de 60% possuem chuveiro elétrico e enceradeira. Já no estudo do grupo ARCHTEC, observou-se que 99% das casas possuíam chuveiro elétrico, geladeira e ferro de passar roupa. A televisão estava presente em 96,5% dos domicílios, e aparelho de som e liquidificador em 82,35%. A minoria, em torno de 30%, possuía batedeira e vídeo-cassete, e 21,18% possuíam máquina de lavar roupa. Percebeu-se também nesse estudo a penetração lenta de outros aparelhos domésticos, como vídeo-game e forno elétrico. Ainda, 59 das 85 famílias consultadas expressaram o desejo de adquirir novos móveis e aparelhos eletro-eletrônicos. O publicitário e sócio diretor do Data Popular, Renato Meirelles, disse em entrevista a Paulo Amorim no seu site Conversa Afiada, que a nova classe média é a classe C. “É um conjunto que está melhorando muito de vida” afirmou Meirelles. Ele afirmou que a população de baixa renda no Brasil é 87% de toda a população. “Não é uma parcela, é a maioria do mercado”, disse Meirelles. Conforme visto anteriormente, cerca de 43% da população pertence à classe C. Para o publicitário o desafio das empresas hoje é se colocar no lugar da classe C. Para ele, “o desafio é incluir esse consumidor em um universo do qual até então ele não fazia parte”. Renato Meirelles citou exemplos como as propagandas do Nescafé, que reposicionou seu produto. Os comerciais do Nescafé no Brasil falavam de Alpes Suíços. Agora eles explicam como se usa o produto e mostra como o Nescafé rende mais para os seus consumidores. Esse reposicionamento obteve bom resultado para a empresa. Segundo Meirelles, desde o Plano real há uma camada da população que passou a ter acesso a uma série de coisas que antes não era possível. Ele cita como exemplo o consumo de DVDs, TVs de 29 polegadas, computadores, entre outros. Meirelles também afirma que a população de baixa renda não gosta de


34

produtos de baixa qualidade, pois o orçamento apertado dessa população não permite que o produto ruim recém adquirido seja descartado e trocado por um novo. No Paraná, observando um nicho interessante de atuação para as indústrias moveleiras, a Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar) lançou um projeto denominado Projeto de Mobiliário Popular. Esse projeto consiste em criar uma linha de produção e financiamento de móveis para moradias populares, com medidas adequadas aos tamanhos dessas casas. Em entrevista ao site Portal Moveleiro, o presidente da Copahar Rafael Greco afirma que em uma casa de 40m², há mercado para até 20 peças de mobiliário, desde que de tamanho adequado. Ainda, apenas em 2007, foram financiadas 642,315 novas habitações populares, além de 94.074 habitações no sistema COHAB. Esse fato, aliado ao aumento do poder de compra das classes mais baixas mostra que o segmento de habitações populares pode ser interessante e rentável para a indústria moveleira. Greco afirma que os móveis ofertados às classes populares devem ser corretamente dimensionados para as suas moradias. Segundo ele, é necessário evitar “sofás de espaldar imenso e bojudos encostos que sempre avançam sobre o vão das portas e os corredores das casas”. Greco afirma ainda que o móvel não precisa ser mal desenhado para ser popular, valendo a máxima “bom, bonito e barato”. O empresário Michael Klein, que dirige a rede de varejo Casas Bahia, tem há muitos anos experiência em vender produtos para a classe C. Em entrevista à revista Veja, Klein afirma que a classe C vem mudando bastante. No passado, “o preço era o que, de longe, mais definia a compra, ainda que o produto em questão fosse de baixa qualidade”. Segundo Klein, há agora uma maior preocupação com a qualidade. “Hoje, as pessoas não só ambicionam comprar uma TV maior ou uma geladeira nova como querem uma boa marca – e já conhecem todas. Isso tem evidente relação com a expansão do crédito, que lhes permite gastar mais, mas também se deve a uma mudança fundamental na classe C: ela está muito mais informada e instruída”. Klein afirma ainda que outro padrão que vem mudando é a preferência geral das classes mais populares por produtos maiores e mais vistosos. Hoje, há critérios bem mais objetivos na tomada de decisões, com sofisticadas variáveis que são pesadas no momento da compra. “A questão ambiental, por exemplo, começou a preocupar a classe C no Brasil”. Dessa forma, para ter sucesso ao vender


35

produtos para a classe C, deve-se compreender que “esses brasileiros já almejam o melhor”. Uma questão que não muda no padrão de consumo das pessoas de renda mais baixa, segundo Klein, é a atração por móveis de verniz. Ele acredita que a razão para isso é que “além de embelezar, essas pessoas atribuem ao verniz um efeito de limpeza, algo que prezam acima de tudo”. Portas espelhadas, também, fazem sucesso, “porque conferem amplitude às casas populares, nas quais os cômodos são cada vez mais espremidos”. 2.4.3. As mulheres da classe C Conforme visto anteriormente, as mulheres têm uma importante participação como chefes de família na classe C. Ainda, mesmo que não sejam chefes de família, as mulheres têm sempre participação importante nas decisões de consumo das famílias. Portanto, é interessante conhecer as preferências, o estilo de vida e as opiniões desse grupo. A editora Abril realizou uma pesquisa em parceria com a Ibope Solution para tentar compreender melhor as mulheres da classe C. “A principal conclusão é que se trata de um publico com diferentes perfis com um potencial de consumo que não deve ser desprezado”, diz o diretor-superintendente da Unidade Alto consumo, Andrés Bruzzone. As publicações da editora Abril destinadas à classe C incluem as revistas “Viva”, “Minha Novela”, “Ana Maria”, “Faça e Venda” e também a “Tititi”. Para a realização da pesquisa foram consultadas três mil mulheres de baixa renda, com idades entre 18 e 49 anos, nas nove principais capitais do país. Dados mostram que estas mulheres da classe C estão divididas em pelo menos cinco grupos, considerando expectativas pessoais, profissionais e familiares. No fragmento definido pela editora Abril como “Eu me Amo” estão 26% das entrevistadas. Neste segmente grande parte das mulheres têm entre 24 e 34 anos. É destacado a auto estima e a vaidade, testam novas marcas e produtos. O segmento “Eu acredito” é formado por mulheres acima dos 35 anos, que estão em busca de harmonia e aceitação social e estabilidade. Na hora de gastar muitas vezes acabando agindo por impulso.


36

Dentre as entrevistadas, 14% estão no segmento “Eu vou conseguir”. Esse segmente trata de mulheres voltadas para o desenvolvimento profissional. Lutam para conseguir um bom emprego ou um negócio próprio. A finalização dos estudos entra como um dos objetivos de vida, têm idades entre 18 e 24 anos e reconhecem o valor da leitura. Já 10% das entrevistadas estão no segmento “Eu não aceito”, são insatisfeitas e desiludidas. Não esperam muito da vida e não confiam na família. O restante, 6% não se encaixam em nos grupos citados. De acordo com a pesquisa, mesmo se tratando de um publico de baixa renda, 70% têm casa própria e 31% possuem carro. Entre os produtos mais consumidos, 79% das mulheres compram creme hidratante para o corpo e 73% alegam não deixarem de comprar o creme facial. Já o batom, está na lista de compras de 80% das entrevistadas. A pesquisa revela que 81% compram amaciante, 91% desinfetante e 95% adquirem sabão em pó. “Se hoje uma estratégia de comunicação considerar apenas idade, sexo e classe social certamente ela não será bem feita. Comportamento e estilo de vida precisam e devem receber muita atenção” diz Paulo Sério Quartiermeister, professor da área de marketing estratégico na pós-graduação da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

2.5.

A estética Kistch

A palavra Kitsch, surgiu por de 1860 em Munique. Palavra conhecida do alemão kitschen, que significa fazer móveis novos com velhos, verkitschen, significa trapacear, vender algo no lugar de outro que havia sido combinado. (MOLES,1994) De acordo com SÊGA (2008) o Kitsch está ligado a negação à autenticidade da obra mediante suas reproduções em série com finalidade comerciais. Vem daí o sentido de vender uma coisa no lugar de outra, sendo que as primeiras coisas a serem vendidas foram replicas das obras de artes em lugar dos originais. Ultrajando os horizontes da arte, o kitsch veio percorrendo as artes plásticas, a arquitetura, decoração de ambientes, literatura, música, vestuário, culinária e outros campos. Apoiado pelos meios de comunicação de massa, o kitsch


37

atingiu a sociedade de consumo ou sociedade de massa à qual de destinam os produtos integrantes da cultura de massa. O kitsch se apóia na indústria cultural e na mídia compondo o dia o dia das pessoas. Sustenta-se por meio das novelas televisivas, musicas e publicidade. “A cultura de massa calcada na indústria cultural, consegue transformar arquétipos em estereótipos, estandartizando padrões da moda por meio da repetição desses modelos ate serem consumidos massivamente pela sociedade” (SÊGA,2008,pg.17). Para SÊGA, o kitsch tem quatro características básicas:  A primeira característica do kitsch é a imitação, e a imitação tem como conseqüência a perda de autenticidade de uma arte original.“Tratandose de imitação, o kitsch serve tanto à arte quando aos objetos não considerados artísticos. Um casaco que imite o legítimo couro, um terno ou um vestido de linho misto imitando um outro confeccionado em

cem

por

cento

(SÊGA,2008,pg.19)

de

linho

são

considerados

kitsch.”

A mesma situação ocorre ao se usar marcas

famosas falsificadas, como no caso de falsificações de perfumes, vestuários, etc.  A segunda característica do kitsch é o exagero. SÊGA (2008) dá o exemplo de uma sala cheia de móveis em que mal sobra espaço para as pessoas circularem.  Já a terceira característica diz respeito a estar ocupando o lugar errado. A autora supracitada diz que paredes foram feitas para dividir ambientes e não serem cobertas com panelas de cobre e pratos de porcelana, por exemplo.  A quarta característica é a perda da função original, isto é, o objeto deixa de exercer a sua função primaria e adota uma função secundaria. “É o caso da carriola, mais conhecida como carrinho de mão, pintada a óleo, servindo de canteiro ou jardineira de gerânios ou margaridas, como opção decorativa de um jardim.” (SÊGA,2008,pg.20) Para MOLES (1994) o século Kitsch manifesta-se como a época da medida, no sentido da metrologia. “Substitui a transcendência pelo preço justo e estabelece a escala contínua dos valores em lugar da dicotomia do belo e do feio” (MOLES,1994,pg.90). Segundo o autor, componentes fundamentais do Kitsch são os seguintes:


38

segurança diante das eventualidades do muido exterior, proposta como um valor ideal; afirmação de si próprio: jamais se coloca em questão um modo de vida ou sistema econômico baseados na acumulação criadora e na conservação, seja de capital, de mercadorias, de lojas gigantescas ou de objetos; sistema possessivo como valor essencial onde o ser é o que ele parece através de suas posses: tamanho do apartamento, altura dos tetos, ou prataria; Gemütlichkeit ligado à alma e ao coração, conforto do coração, intimidade agradável e afetuosa, virtude de sentir-se à vontade, cosyness da civilização anglo-saxônica; ritual de um estilo de vida: o chá, a organização do serviço, as regras de recepção, o "Dia de Madame", ritos transmitidos até nossa época, constitutivos da burguesia, pela imitação dos grandes, em uma primeira difusão de massa que cessa na parede que separa o burguês do operário, deixando este último de fora. O apogeu do século XX consistirá em conquistar o operário para este estilo de vida, ou melhor, de seduzi-lo para tal estilo. (MOLES,1994,pg.91)

2.5.1. Comunicação de Massa e o Kitsch As telenovelas brasileiras alcançaram uma elevada audiência em vários paises pelo talento criativo de seus escritores, desempenho dos diretores e atores, que sempre buscam inovar nas temáticas abordadas. Diante da multiplicidade de cenários, personagens e tramas, é inevitável a presença do kitsch, que acaba por se incorporar ao cotidiano das telenovelas, minisséries e programas semanais brasileiros. Para elucidar a presença do kitsch nesse tipo de programação televisiva pode-se citar uma novela de uma emissora de TV brasileira que em meados dos anos 80 exibiu a telenovela “Rock Santeiro”. A protagonista era uma figura exagerada em seus gestos, usava trajes coloridos e brilhantes. Colocava uma faixa de tecido na cabeça como adorno, amarrando-a com um grande laço. A moda espalhou-se pelas ruas e vitrines. O telejornalismo é o tipo de programa informativo em que há a possibilidade maior de se encontrar uma linguagem kitsch. No Brasil, o ancora do telejornalismo costuma opinar sobre as noticias e acontecimentos, finalizando, certas vezes, seus comentários com provérbios populares, parodias ou frases clichês. As citações mais comuns de serem encontradas vão desde “ser ou não ser” até o provérbio “nem tudo que brilha é ouro” (SÊGA,2008)


39

2.6.

Indústria de Móveis

A indústria de móveis é segmentada em função dos materiais (madeira, metal, entre outros) com que os móveis são produzidos, e de acordo com os usos a que são destinados (em especial, móveis para residências e escritórios). Os móveis de madeira detêm grande parte do valor da produção do setor moveleiro. Podem ser de dois tipos: retilíneos, que são feitos principalmente de painéis de compensado, aglomerado e MDP, e os torneados, que são caracterizados por detalhes mais trabalhados, misturando curvas e retas, sua matéria-prima é principalmente a madeira maciça e os painéis de MDF. Esses materiais são apresentados em maior detalhe na seção seguinte. Os móveis podem ser divididos conforme o tipo de produção que define a matéria prima principal. Nos móveis torneados, na produção seriada, é usada a madeira de reflorestamento (normalmente pinus). Nos móveis torneados feitos sob encomenda, a madeira utilizada é a de lei. Os móveis retilíneos, diferentemente dos móveis torneados seriados, possuem um processo produtivo mais simples. O processo de fabricação dos móveis torneados é composto por etapas como secagem de madeira, usinagem, acabamento, montagem e embalagem, já o processo dos móveis retilíneos envolve uma produção de grande escala e poucas etapas, reduzido à corte de painéis, usinagem e embalagem. No último processo as etapas de acabamento e montagem foram eliminadas, pois os painéis normalmente utilizados já são vendidos com acabamento e a montagem é feita pelo varejista. Dentre os móveis retilíneos produzidos em grande escala por grandes empresas, destacam-se aqueles móveis tradicionais para quarto e cozinha, que destinam-se à parcela da população com menor poder aquisitivo, e se utilizam de redes atacadistas como distribuidores.

2.7.

Materiais

Os materiais mais utilizados na indústria de móveis são os painéis de madeira transformada. De maneira geral, como vantagem de utilizar os painéis de madeira transformada sobre chapas simples de madeira, pode-se destacar:


40

 Qualidade consistente;  Estabilidade de oferta;  Economia de custos;  Melhoria de características mecânicas. Dentre os painéis mais comuns, podem-se destacar os painéis de madeira reconstituída, como o OSB, o MDP, o MDF, e o aglomerado, e os painéis de madeira processada mecanicamente, no qual se destaca o compensado. 2.7.1. OSB (Oriented Strand Board) O OSB (da sigla oriented strand board, painel de fibras orientadas em português) é um painel estrutural de alta resistência e baixo custo, formado por várias camadas formadas por tiras de madeira. As tiras utilizadas são obtidas de toras de madeira de pinus, que vêm de florestas reflorestáveis. As toras de madeira utilizadas para a fabricação do OSB são cortadas em tiras no sentido longitudinal da fibra. Essas tiras são então processadas (com a aplicação de resinas a prova d’água, parafina e inseticidas anti-cupim) e seguem para formar as camadas, que são orientadas no sentido da fibra da madeira. Para a formação do painel, são normalmente utilizadas de três a cinco camadas de tiras, orientadas perpendicularmente de acordo com o sentido da fibra. Na Figura 1 está ilustrada a estrutura do OSB, com destaque para a orientação perpendicular das camadas.

Figura 1 - Estrutura do OSB (fonte: www.portalosb.com)


41

O OSB possui ótima resistência físico-mecânica. Uma característica importante é que a sua estrutura interna não contém “nós” ou vazios. Em outros produtos, é comum a ocorrência de falhas e densidades diferentes em seu interior, o que pode comprometer a resistência à ruptura e à elasticidade e a estabilidade do painel. Comparando o OSB com outros materiais, o produto apresenta resistência superior ao MDF (2,5 vezes maior) e ao aglomerado quando submetido a ensaios de resistência à ruptura e à elasticidade. Dessa forma, o OSB possibilita trabalhar com espessuras menores para uma resistência similar ou superior. Como resultados dos materiais utilizados e do processo de fabricação dos painéis destacam-se as seguintes vantagens do OSB:  Resistência à umidade;  Sem vazios internos e nós soltos;  Grande resistência ao empenamento;  Versatilidade de usos;  Preço competitivo;  Ecologicamente mais eficiente. As aplicações do OSB são diversas. Na construção civil, o OSB pode ser utilizado tanto durante o período de construção (por exemplo, nos tapumes, na construção de instalações provisórias ou nas passarelas) quanto na obra definitiva (por exemplo, em mezaninos e coberturas). Outra área importante de aplicação do OSB é na indústria de móveis. Como elemento estrutural, pode ser utilizado em sofás, poltronas, cadeiras. Ainda, pode ser integrado á outros móveis, sendo utilizado, por exemplo, como lateral de balcões, estrutura para mesas, estandes e estrados. O OSB pode também ser incorporado aos móveis por fins decorativos, atuando como um elemento de composição. 2.7.2. MDF (Medium Density Fiberboard) Assim como o OSB, o MDF é um painel de madeira industrializada. A sigla MDF é a abreviação de medium density fiberboard ou painel de fibras de média densidade. É um painel produzido de madeira reflorestada de pinus e/ou eucaliptus.


42

A matéria prima mais utilizada na fabricação do MDF é o pinus, pois proporciona uma chapa clara, muito valorizada no mercado. O painel de MDF é produzido pela aglutinação de fibras de madeira e resina sintética sob ação de calor e pressão, resultando assim em uma chapa maciça, com superfícies lisas, dimensionalmente estável, indicada especialmente para a indústria de transformação. Na Figura 2, pode-se acompanhar o processo de fabricação do painel de MDF.

Figura 2 - Processo de fabricação do MDF (http://www.duratex.com.br)

O MDF tem consistência e algumas características condizentes com a madeira maciça, e a maioria de suas características físicas é superior que as da madeira aglomerada. Tem como características principais a excelente estabilidade dimensional e a facilidade de usinagem. A distribuição das fibras de forma homogênea proporciona uniformidade, o que permite ao MDF acabamentos envernizados. Podem ser também torneados, perfurados, e unidos lateralmente. Como vantagem à madeira natural, o MDF não apresenta “nós”, veios e imperfeições, características usuais do produto natural. O MDF apresenta-se em três formas: in natura (chapas sem tratamento, processadas pelo usuário e que podem ser revestidas com lâminas de madeira natural ou laminado plástico e PVC), pintado e revestido com laminado baixa


43

pressão (uma folha de papel especial impregnada com resina específica é fundida ao MDF por meio de baixa pressão e alta temperatura) ou finish foil -FF (película celulósica que é aplicada ao MDF) 2.7.3. MDP (Medium Density Particleboard) Em português a sigla MDP significa Painel de Partículas de Média Densidade. O MDP é um painel de madeira industrializada, cujas tecnologias de produção e de materiais oferecem características distintas aos painéis de madeira aglomerada. A fabricação do MDP se dá pelo processo de aglutinação de partículas de madeira (ao contrário da fibra de madeira utilizada no MDF) com resinas especiais, aplicando simultaneamente pressão e calor. Assim, possibilita-se a formação de um painel homogêneo e de grande estabilidade dimensional. As partículas são dispostas em camadas, onde as mais grossas ficam no meio do painel, e as mais finas ficam na superfície. Essa disposição das partículas tem como objetivo fornecer ao painel uma maior resistência à flexão. Dentre as características dos painéis MDP, destacam-se as suas boas propriedades mecânicas, tais como resistência ao arrancamento de parafusos e ao empenamento, e a sua pouca absorção de umidade. A alta densidade nas camadas superficiais permite um melhor acabamento nos processos de pintura e revestimento. Ainda, o MDP é considerado um produto ecologicamente correto, pois são utilizadas para a sua fabricação madeiras provenientes de florestas plantadas justamente para este fim. Normalmente, um móvel fabricado com MDP é mais barato do que um móvel fabricado com MDF. Segundo Andréa Krause, gerente de Marketing da Indústria Moveleira da Eucatex, "o MDF, por ser fabricado com fibras, necessita de mais madeira e de mais resina no seu processo, portanto o seu custo é superior, de 25% a 50% em relação ao MDP". O MDP é utilizado tanto por grandes empresas moveleiras como por marceneiros em geral na fabricação de móveis tais como portas, prateleiras, tampos, enfim, partes verticais e horizontais do móvel. Na Tabela 2, estão listadas algumas das principais aplicações do MDP e do MDF. Já na Tabela 3, observa-se o


44

percentual de utilização de MDF e de MDP na fabricação de móveis em alguns países. Tabela 2 - Principais aplicações do MDP e do MDF (fonte: http://www.satipel.com.br)

Partes de móveis Laterais Divisórias Prateleiras Portas retas Portas usinadas baixo-relevo / arredondadas Portas baixo-relevo para revestimento PVC Fundos de móveis Frentes de gavetas Laterais de gavetas Fundos de gavetas Tampos retos Tampos pós-formados Base superior / inferior

MDP

MDF

Tabela 3 - Consumo de MDF no mundo (fonte: http://www.satipel.com.br)

Países Alemanha Eua França Brasil

MDP

MDF 72% 66% 82% 55%

28% 34% 18% 45%

2.7.4. Aglomerado O aglomerado é formado pela redução da madeira de pinus e/ou eucaliptos em partículas. Essas partículas são então aglutinadas com resina sintética, calor e pressão, resultando no material final. Este processo difere do painel de MDF, que é produzido com fibras de madeira, e difere do MDP por ser de fabricação muito mais simples. Pode-se destacar como vantagens de uso do painel de aglomerado:  Densidade igual ou superior à madeira;  São painéis feitos com madeiras de reflorestamento;  Baixo custo;


45

 Possuem boa resistência a cupins. No quesito desvantagem, tem-se principalmente:  Não possui boa resistência à umidade;  Esfarela-se facilmente com uso inadequado de dobradiça e parafuso;  Não é facilmente entalhada e torneada. Dentre as aplicações destacam-se a construção civil, a produção de móveis, embalagens, entre outros. É indicado para peças onde é desejável um bom acabamento e uniformidade. Um dos principais atributos que justificam a escolha do aglomerado como material são suas características mecânicas, grandes dimensões e versatilidade de uso. Dentre os painéis de madeira reconstituída, os aglomerados são os mais consumidos no mundo. Já na questão de produção mundial os Estados Unidos destacam-se como os maiores produtores (25%). Com 2% da produção, o Brasil fica em nono lugar. No Brasil, entre 80 e 90% da produção local de aglomerado é destinada à pólos moveleiros. Para o acabamento do aglomerado, costuma-se utilizar resinas melamínicas e folhas de madeira natural. 2.7.5. Compensado O compensado pertence à família dos painéis de madeira processada mecanicamente. As chapas de compensado são formadas por finas camadas de madeira, coladas uma sobre a outra. As camadas que compõem o compensado são dispostas de forma que as fibras de uma camada estejam orientadas em ângulos de 90 graus em relação às camadas adjacentes (superior e inferior). As chapas são coladas utilizando resinas e aplicando calor e pressão. Esse alinhamento perpendicular entre as lâminas faz com o que o compensado tenha bastante resistência em todas as direções, ao contrário das chapas de madeira sólida, que são muito mais resistentes em uma direção do que na outra. Normalmente, utiliza-se um número ímpar de camadas de madeira na fabricação, já que essa simetria torna as chapas menos susceptíveis ao


46

empenamento. Esse fato aliado ao alinhamento perpendicular das camadas de madeira fornece às chapas de compensado suas boas características mecânicas. O compensado é oferecido em diversos tipos, diferindo principalmente no tipo de madeira utilizada, no tamanho e na espessura das chapas e no tipo de resina utilizada para colar as camadas (o que pode conferir às chapas uma maior resistência à umidade). Dentre as principais vantagens do compensado, pode-se destacar:  Boa resistência mecânica, uniforme em todas as direções;  Baixa susceptibilidade para encolher, inchar ou empenar;  Não forma rachaduras quando pregado ou aparafusado;  Disponibilidade de tamanhos diversos;  Facilidade na fabricação de formas curvilíneas. O compensado é utilizado principalmente onde são desejáveis excelentes durabilidade e características mecânicas. Além da construção civil e da construção de móveis de alta qualidade, o compensado pode ser também na fabricação de navios.

2.8.

Ergonomia

O conforto de um produto está intimamente relacionado com a aplicação de um estudo ergonômico no projeto do mesmo. É nesta etapa em que são analisadas as medidas antropométricas do homem e as dimensões ideais do produto, para que assim ocorra uma apropriada interação entre ambos. “A ergonomia objetiva sempre a melhor adequação possível do objeto aos seres vivos em geral. Sobretudo no que diz respeito à segurança, ao conforto e à eficácia de uso ou de operacionalidade dos objetos, mais particularmente, nas atividades e tarefas humanas”. (GOMES,2000,p.17)

Vários aspectos são estudados dentro da ergonomia, um deles é a postura e o movimento do corpo humano; a biomecânica é a ciência que auxilia neste tipo de estudo, analisando, entre outras coisas, como ocorrem tensões em músculos e articulações perante um movimento ou postura adotada por um indivíduo.


47

A postura ideal é aquela onde as articulações ocupam uma posição neutra ou o mais próximo disso, quando o indivíduo encontra-se nesta postura as articulações tendem a sofrer o mínimo de tensões. A antropometria também é um fator bem considerado quando se faz um estudo ergonômico, ela é constituída de técnicas utilizadas para medir o corpo humano ou suas partes. Ela torna-se importante, pois é sempre necessário considerar que existem diferenças significativas entre os corpos humanos, portanto, os produtos – inclusive os móveis – precisam se adaptar ao maior número de usuários possível e para isso é imprescindível realizar um estudo com medidas antropométricas. A Figura 3 mostra as principais variáveis usadas em medidas de antropometria estática.

Figura 3 - Principais variáveis usadas em antropometria estática

Abaixo, na Tabela 4 é possível observar as dimensões antropométricas e compreender o funcionamento da tabela antropométrica. As numerações usadas nesta tabela referem-se à figura anterior. Tabela 4 - Dimensões antropométricas


48

A aplicação das medidas antropométricas pode ter princípios diferentes, ou seja, pode-se projetar um produto para indivíduos com tipo médio, para indivíduos extremos, para apenas uma faixa da população ou para um indivíduo específico. 2.8.1. Desenho Universal O conceito de desenho universal visa a concepção de produtos e ambientes que sejam acessíveis para todos os indivíduos. Quanto mais um ambiente se ajusta ás necessidades do usuário, mais confortável ele é. Todavia, se ocorre o inverso, quando o ambiente construído não leva em conta as necessidades ou limitações humanas, ele pode chegar a ser mais inóspito que o meio natural. Se no processo de concepção do projeto não for considerada a diversidade de usuários quanto a sexo, dimensões, idade, cultura, força, destreza e demais características, é possível que apenas uma porcentagem reduzida da população possa utilizar os espaços confortavelmente. Em particular, o conceito do desenho universal leva á uma preocupação com as pessoas com deficiências. A pessoa com deficiência é um indivíduo é um


49

indivíduo que tem reduzidas, limitadas ou anuladas as suas condições de mobilidade ou percepção das características do ambiente em que se encontra. Entretanto, esses indivíduos podem ter a sua deficiência minimizada na medida em que lhe sejam oferecidos recursos para que sua relação com o espaço se dê de maneira adequada. Apesar da heterogeneidade das limitações físicas existentes, podem ser estabelecidos alguns grupos com características similares: 1. Usuários de cadeiras de rodas; 2. Pessoas com dificuldade ambulatória parcial, que apresentam dificuldades ao executar determinados movimentos, e que podem ou não contar com a ajuda de aparatos ortopédicos (como muletas ou bengalas); 3. Pessoas com dificuldades sensoriais, principalmente visual e auditiva. Deve-se também levar em consideração as pessoas que não possuem nenhum tipo de deficiência, mas que podem encontrar dificuldades de locomoção por estarem carregando crianças ou volumes. Na Figura 4, pode-se observar dados do IBGE, coletados no Censo Demográfico de 2001, relativos ao número de pessoas com deficiência conforme a sua tipologia.

Figura 4 - Número de pessoas com deficiência (fonte: CAMBIAGHI, 2007, pg.153).

2.8.1.1. Princípios do Desenho Universal O Center for Universal Design – centro de pesquisa, informação e desenvolvimento e promoção de iniciativas que tem como metas o desenho universal, sediado na Schooll of Design of North Carolina State University (Escola de


50

Design da Universidade da Carolina do Norte) desenvolveu sete princípios para pesquisa técnica e informação referencial, bem como para incorporação no desenho universal. Esses princípios e suas diretrizes podem ser aplicados para orientar novos projetos e também para avaliar os existentes. São eles: 1. Equiparação nas possibilidades de uso: o desenho universal não é elaborado para grupo especifico de pessoas; portanto, para conseguir atender a todos os grupos, deve-se: a. disponibilizar os mesmos recursos de uso para todos os usuários – idênticos sempre que possível, equivalentes caso não sejam; b. evitar segregar ou estigmatizar qualquer usuário; c. disponibilizar privacidade, segurança e proteção igualmente para todos os usuários; d. fazer o produto atraente para todos os usuários. 2. Flexibilidade no uso: o desenho universal atende a uma ampla gama de indivíduos, preferências e habilidades. Portanto deve: a. poder ser acessível e utilizado por destros e canhotos; b. facilitar a acuidade e a precisão do usuário c. oferecer adaptabilidade ao ritmo do usuário 3. Uso simples e intuitivo: o desenho universal tem o objetivo de tornar o uso facilmente compreendido, idependete da experiência do usuário, do seu nível de formação, conhecimento do idioma ou de sua capacidade de concentração. Portanto deve-se: a. eliminar as complexidades desnecessárias, ser coerente com as expectativas e intuição do usuário; b. acomodar ampla gama de capacidades de leitura e habilidades lingüística do usuário; c. disponibilizar as informações facilmente perceptíveis em ordem de importância. 4. Informação perceptível: o desenho universal tem o objetivo de comunicar ao usuário as informações necessárias, independente das condições ambientais ou da capacidade sensorial deste. Portanto deve-se a. utilizar meios diferentes de comunicação – símbolos, informações sonoras, táteis, etc. b. disponibilizar contraste adequado; c. maximizar a clareza das informações essenciais; d. tornar fáceis as instruções de uso do espaço ou equipamentos; e. disponibilizar técnicas e recursos para serem utilizados por pessoas com limitações sensoriais. 5. Tolerância ao erro: o desenho universal tem o objetivo de minimizar o risco e as conseqüências de ações acidentais. Portante deve-se a. isolar e proteger elementos de risco; b. disponibilizar alerta em caso de risco; c. disponibilizar recursos que reparem as possíveis falhas de utilização. 6. Mínimo esforço físico: o desenho universal prevê a utilização de forma eficiente e confortável, com um mínimo esforço. Portanto, deve: a. possibilitar a manutenção de uma postura corporal neutra; b. necessitar pouco esforço para a operação; c. minimizar as ações repetitivas; c. minimizar os esforços físicos que não puderem ser evitados. 7. Dimensionamento de espaços para acesso e uso de todos os usuários: o desenho universal tem o objetivo de oferecer espaços e dimensões apropriadas ao uso, independente do tamanho ou da mobilidade do usuário. Portanto, deve:


51

a. possibilitar o alcance visual dos ambientes e produtos a todos os usuários, sentados ou em pé. b. oferecer acesso e utilização confortáveis de todos os componentes, para usuários sentados ou em pé; c. acomodar variações de tamanho de mãos e pegadas;


52

1

d. adequar espaços ao uso de órteses , como cadeira de rodas, muletas e qualquer outro elemento necessário ao usuário para suas atividades cotidianas. (CAMBIAGHI,2007,pgs.74-78)

1

Órtese: Qualquer tipo de aparelho que auxilie ou complemente uma função natural do


53

2.8.1.2. Identificação das dificuldades de utilização dos ambientes

ser humano.


54

CAMBIAGHI (2007) afirma que proposta de atendimento a programas de necessidade (conjunto sistematizado dos usos de uma construção) devem levar em conta as necessidades básicas dos usuários, impacto físico e psicológico causado pelo ambiente e também segurança e satisfação. A autora dá o exemplo das pessoas idosas, que podem apresentar capacidade mais lenta de visão e audição deficientes em relação ao usuário médio, estas serão mais suscetíveis a sentir os efeitos negativos de uma concepção inadequada de produtos e serviços. Isto geralmente acontece pois as capacidades motoras e sensoriais dos idosos costumam sofrer reduções graduais. De acordo com CAMBIAGUI (2007) são muitas as situações em que as pessoas com deficiências foram discriminadas devido a um projeto negligente ou inadequado. “No ambiente construído, pessoas em cadeiras de rodas são muitas vezes excluídas por barreiras ambientais criadas já na fase do projeto (...).” (CAMBIAGUI,2007,pg.44)

2.8.1.2.1.

Pessoas com mobilidade reduzida

A expressão pessoas com mobilidade reduzida veio para definir o grupo de pessoas com problemas de acesso de utilização de ambientes. Foi visto que não era somente pessoas com deficiência que enfrentavam problemas com o ambiente. A denominação pessoas com mobilidade reduzida inclui pessoas com alguma deficiência, idosos, crianças, pessoas carregando pacotes, empurrando carrinhos de bebes, carrinhos de compra e também as que possuem algum tipo de lesão temporária. CAMBIAGUI (2007) afirma que todas as pessoas terão problemas com o ambiente quando não forem respeitadas as suas diferenças, dificuldades e características funcionais. Para efeito de analise das dificuldades de acesso e utilização, a autora, organiza as pessoas nos seguintes grupos:  Pessoas que andam, porém tem mobilidade reduzida: é o caso das gestantes, obesos, crianças, idosos, usuários de próteses e órtese. Estas pessoas possuem dificuldade para vencer desníveis, subir escadas, equilibrar-se, abrir e fechar portas, manipular objetos, acionar mecanismos que requeiram o uso das duas mãos.


55

 Pessoas com deficiências sensoriais: são pessoas que têm dificuldade de percepção devido a uma limitação total ou parcial de sua capacidade sensitiva, principalmente visual e auditiva. Essas pessoas possuem dificuldade em identificar objetos, detectar obstáculos salientes e desníveis, determinar direção e seguir itinerários e também de identificar sinalização. De acordo com CAMBIAGUI (2007) as principais dificuldades no uso dos espaços pelos usuários de cadeiras de rodas são: a impossibilidade de vencer desníveis bruscos, usar escadas, rampas íngremes, têm limitação do alcance manual e visual, necessitam de um amplo espaço para girar a sua cadeira, têm grande dificuldade de abrir e fechar portas e também de passar por locais estreitos. A autora supracitada, diz que pequenos ajustes nas alturas nas mesas, por exemplo, é o suficiente para acomodar pessoas com mais conforto, e também a observância de espaços adequados para as manobras de uma cadeira de rodas cria maior autonomia para o cadeirante. CAMBIAGUI (2007) afirma que há diversos níveis de manifestação possível de deficiência visual, e a maior dificuldade é a orientação em espaços internos. É importante garantir autonomia e segurança para as pessoas com deficiência visual. Quando houver obstáculos que representem perigo, é preciso que as pessoas com deficiência visual sejam orientadas e, quando necessário, que sejam criadas rotas alternativas para sua locomoção. De acordo com a autora, a bengala é um instrumento que serve como prolongamento do tato. Ela ajuda a locomoção em ambientes conhecidos e desconhecidos. Com a ajuda da bengala, a pessoa pode perceber os obstáculos que estão à sua volta e de se locomover com independência. De acordo com CAMBIAGUI (2007) os idosos são suscetíveis a influencias

ambientais,

como

variações

de

temperatura,

cores,

formas,

luminosidade, etc. Por isso é importante que o ambiente em que o idoso viva seja apropriado para o convívio deste. “É preferível que os indivíduos que convivem com os idosos que adaptem ao ambiente feito para este do que o contrário” (CAMBIAGUI,2007,pg.50). A autora diz que recomendações ergonômicas aliadas a antropometria são muito importantes, pois proporcionam referenciais importantes para nortear


56

pesquisas e a análise pré-uso das habitações por idosos, com o intuito de classificalas como especialmente eficientes e eficazes. De mesmo modo que pessoas com algum tipo de deficiência, os idosos vivem inúmeras situações de inseguranças e riscos em suas moradias, especialmente relacionados a projetos inadequados ou omissos. Não é incomum também quando o idoso se torne um usuário de cadeira de rodas, sendo assim na maioria das vezes ele se verá impossibilitado de habitar sua própria casa. De acordo com CAMBIAGUI (2007) essas e outras barreiras ambientais são criadas pela falha de formação dos profissionais em relação à necessidade de prever o uso das moradias considerando as mudanças por que passam os indivíduos ao longo de sua vida. A autora relaciona as dificuldades encontradas em algumas atividades da vida diária e na utilização dos ambientes pelos idosos:  Transitar em entroncamentos de corredores e por entre mobiliários,  Permanecer em ambientes com monotonia de cores ou excesso de padronagens;  Apertar teclas de aparelhos eletrodomésticos e de controle remoto (sintonia fina);  Levantar de locais baixos, como sofás e vasos sanitários. 2.8.1.3. Referenciais para Projetos Muitas são as formas de redução de mobilidade, porém há um consenso em se adotar como parâmetro as necessidades dos usuários de cadeiras de rodas, em razão de ser um tipo de necessidade que requer um espaço maior nos ambientes para a circulação e impõe maior limitação de alcance visual e manual. A medida que compreende a cadeira de rodas com o usuário é de 0,80m de largura por 1,20m de comprimento, conforme observa-se na Figura 5.


57

Figura 5 - Módulo de referencia para a projeção no piso do espaço necessário para uma pessoa de cadeira de rodas ( fonte: CAMBIAGHI, 2007, pg.153).

Já a área de giro, que é a área que compreende o espaço necessário utilizado para uma cadeira de roda girar, é:  Giro de 360°, um círculo de 1,50m de diâmetro;  Giro de 180°, uma área de 1,50m por 1,20m;  Giro de 90°, um quarto de círculo de 1,20m. Na Figura 6, observa-se as áreas de giro de 360°, 180° e 90°.

Figura 6 - Áreas de giro (fonte: CAMBIAGHI,2007, pgs. 153-154) .

Quando se estiver projetando mobiliário do tipo mesa, tampos de pias, etc., é necessário prever altura livre de, no mínimo 0,73m do piso. A área de transferência constitui-se na área para que uma pessoa utilizando cadeira de rodas possa posicionar próxima ao objeto para o qual ira se transferir. A projeção é de 0,80m por 1,20m. A área de transferência devera ser prevista sempre que necessário deixar a cadeira de rodas para ocupar um outro local ou o contrario. São exemplos de situações de transferências: junto a vasos sanitários, camas e macas, boxes de chuveiro, veículos, etc. Na Figura 7, observase um exemplo de um sanitário, onde aparece destacada a área de transferência.


58

Figura 7 - Área de transferência em um sanitário (fonte: CAMBIAGHI,2007, pg. 154) .

Já a área de aproximação consiste em uma área para que a pessoa possa se aproximar, utilizar e manipular com autonomia e segurança mobiliários e equipamentos. Sua medida deve ser de 0.80m por 1,20m. Na Figura 8, observa-se exemplos de áreas de aproximação e transferência em um sanitário.

Figura 8 - Exemplos de áreas de aproximação e transferência em um sanitário (fonte: CAMBIAGHI,2007, pg. 154) .

Para que seja possível um cadeirante passar entre portas, é necessário tem uma largura mínima de 0,80cm. Já em corredores e espaços entre mobiliários que possam ter largura de 0,40 a passagem deve ter um espaço de circulação de no mínimo 0,90m livre. No caso de área de circulação entre obstáculos com tamanhos inferiores a 0,40m, como entre mesinhas, o espaço de circulação poderá ser de 0,80m. Esses espaços são mostrados na Figura 9.


59

Figura 9 - Espaços necessários para circulação (fonte: CAMBIAGHI,2007, pg. 154).

Existem alcances máximo e mínimo vividos pelos usuários de cadeira de rodas, mostradas na Figura 10.

Figura 10 - Alcances máximo e mínimo para cadeirantes.

O alcance máximo deve ser respeitado, pois existe um limite de avanço de um cadeirante, visto que este precisa de apoio para que não ocorra tombos da cadeira de rodas. Dessa maneira, prateleiras e produtos que precisem do deslocamento frontal ou lateral do cadeirante devem respeitar o máximo de avanço a que um usuário de cadeira de rodas possa realizar.


60

Segundo o Manual de Acessibilidade, os armários devem ter sua parte inferior instalada a 0,30m do piso, deixando espaço livre de qualquer saliência ou obstáculo, de moda a permitir a aproximação frontal. A utilização de cadeiras de rodas impõe limites à execução de tarefas, por dificultar a aproximação aos objetos e ao alcance a elementos acima e abaixo do raio de ação de uma pessoa sentada. A dificuldade no deslocamento frontal e lateral do tronco sugere a utilização de uma faixa de conforto entre 0,80 e 1,00m para as atividades que exijam manipulação das mãos do cadeirante.

2.8.1.3.1.

Normas Técnicas

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) fixa, com a NBR 9050 (aprovada em setembro de 1985 e modificada em 1994), as condições exigíveis, bem como os padrões e medidas que visam propiciar às pessoas portadoras de deficiência melhores e mais adequadas condições de acesso. Nos trabalhos e projetos referentes a usuários de cadeiras de rodas devese levar em conta medidas e parâmetros antropometricos, para poder detectar as distâncias máximas e mínimas de conforto e alcance a que um cadeirante pode atingir. Abaixo, na Figura 11, pode-se analisar algumas dessas medidas.

Figura 11 - Medidas de referência (fonte: NBR9050).


61

A3 = Altura do centro da mão com antebraço formando 90º com o tronco. B3 = Altura do centro da mão estendida ao longo do eixo longitudinal do corpo. C3 = Altura mínima livre entre a coxa e a parte inferior de objetos e equipamentos. D3 = Altura mínima livre para encaixe dos pés. E3 = Altura do piso até a parte superior da coxa. F3 = Altura mínima livre para encaixe da cadeira de rodas sob o objeto. G3 = Altura das superfícies de trabalho ou mesas. H3 = Altura do centro da mão com braço estendido paralelo ao piso. I 3 = Altura do centro da mão com o braço estendido, formando 30o com o piso (alcance máximo confortável). J3 = Altura do centro da mão com o braço estendido formando 60o com o piso = alcance máximo eventual. L3 = Comprimento do braço na horizontal, do ombro ao centro da mão. M3 = Comprimento do antebraço (do centro do cotovelo ao centro da mão). N3 = Profundidade da superfície de trabalho necessária para aproximação total. O3 = Profundidade da nádega à parte superior do joelho. P3 = Profundidade mínima necessária para encaixe dos pés. 2.8.2. Pesquisas Usadas pela Ergonomia De acordo com MORAES (2003), a ergonomia utiliza métodos das ciências sociais e da engenharia ao realizar as suas pesquisas e intervenções. “As classificações de pesquisa em sociologia e psicologia baseiamse, principalmente, em métodos de pesquisa que incluem diferentes abordagens lógicas para o projeto de investigações, assim como a escolha de uma variedade de técnicas, tais como a construção de questionários e escalas de avaliação. As classificações vão desde a consideração de vários métodos para alcançar um único objetivo até a consideração de um único método para alcançar diversos objetivos. Há, em termos gerais, dois tipos de pesquisa – a pesquisa descritiva e a pesquisa experimental. A diferença que geralmente se estabelece entre o conceito descrever e explicar pode, aproximadamente, indicar como a pesquisa descritiva se distingue da experimental. Descrever é narrar o que acontece. Explicar é dizer como acontece. Assim, a pesquisa descritiva está interessada em descobrir e observar fenômenos, procurando descreve-los, classifica-los e interpreta-los. A


62

pesquisa experimental pretende dizer de que modo ou por quais causas o fenômeno é produzido”. (MORAES,2003,pg.35)

2.8.2.1. Métodos de pesquisa Quando se considera a pesquisa descritiva, pode-se citar a observação e a inquirição como suas principais subdivisões. A observação apresenta-se como observação assistemática, observação sistemática e registro de comportamento. A inquirição compreende entrevistas, questionários e escalas de avaliação.

2.8.2.1.1.

Observação

MORAES (2003) afirma que a observação é um dos meios que o ser humano utiliza com mais freqüência para compreender pessoas, coisas, acontecimentos e situações. “No sentido mais amplo da palavra, observar significa aplicar os sentidos a fim de obter uma determinada informação sobre algum aspecto da realidade. Entretanto, não podemos observar muitas coisas ao mesmo tempo. Por isso, uma das condições fundamentais para a observação é limitar e definir o que se deseja observar” (MORAES,2003, pg.37) De acordo com Thiollent (1981) apud MORAES (2003), após a informação selecionada, se categoriza e se expressa em forma de dados. “Os dados são marcados pelos objetivos de sua produção, tendo em vista diversos tipos de processamento ou a comprovação de certas hipóteses. De acordo com a concepção do papel ativo do dispositivo da pesquisa, pode-se dizer que os dados são mais tomados que dados.” (MORAES, 2003,pg.37) 2.8.2.1.1.a.

Observação assistemática

A observação assistemática é também chamada de ocasional ou não estruturada. Ela se realiza sem planejamento e sem controle ----- definidos, sobre fenômenos que ocorrem de modo imprevisto. “Define a observação assistemática o fato de se obter o conhecimento através de uma experiência casual, sem que se determine a priori quais os aspectos relevantes a observar e que meios utilizar para observá-los. Cabe, então, ao observador estar atento ao que acontece a cada momento durante a observação.” (MORAES,2003,pg.38)


63

Durante a apreciação ergonômica, seja na fase de problematização ou durante a sistematização, o ergonomista lança mão da observação assistemática. 2.8.2.1.1.b.

Observação sistemática

A observação sistemática recebe também as denominações de planejada, estruturada ou controlada. “Para o seu desenvolvimento, requer planejamento e necessita de operações específicas, instrumentos e documentos particulares” (MORAES,2003,pg.38) 2.8.2.1.1.b.1.

Observação direta e observação indireta

Há duas maneiras de realizar a observação sistemática, de modo direto e indireto. No primeiro, aplicam-se diretamente os sentidos sobre o fenômeno que se deseja observar. No segundo, utilizam-se instrumentos para registrar ou medir a informação que se deseja obter. “Cumpre mencionar que a diferença entre um e outro não reside no uso de instrumentos, mas no fato de a obtenção da informação depender ou não de uma inferência, isto é, se a partir do registrado e medido é necessário ou não concluir a informação que se deseja.”(MORAES,2003,pg.39) 2.8.2.1.1.b.2.

Planejamento da observação sistemática

De acordo com Rudio (1982) apud MORAES (2003), o planejamento de uma observação sistemática inclui:  a delimitação da área da realidade empírica onde as informações podem e devem ser obtidas;  a indicação do campo que compreende a população (a que ou a quem observar), as circunstâncias (quando observar), o local (onde observar); para limitá-lo mais ainda, pode-se dividi-lo em unidades de observação, que são grupamentos de pessoas, coisas, acontecimentos etc., que sob o ponto de vista de nossos conceitos ( ou da compreensão que temos dos mesmos), possuem características comuns e, de alguma forma, são significativas para a pesquisa em questão;


64

 a determinação do tempo e da duração da observação;  a definição dos instrumentos que se utilizarão e a explicitação do modo de utilizá-los;  a preparação do material de apoio – planilhas de registro, fichas de entrevista etc. 2.8.2.1.1.c.

Registro de comportamento

“Durante o levantamento de dados, para apreciação e/ou diagnóstico ergonômico, interrogam-se os operadores sobre suas atividades e sobre as suas exigências da tarefa. No entanto, como o demonstram vários estudos, apenas esse procedimento não é suficiente. Portanto, é necessário, também, lançar mão de observações sistemáticas/registros de comportamento – posturas, exploração visual/tomadas de informação, manipulação acional, deslocamentos e comunicações ”(MORAES,2003,pg.39). Os gestos de observação e ação ligam-se a modalidades sensoriais e motrizes utilizadas. O conjunto desses gestos constitui uma parte do que podemos chamar a etologia do homem no trabalho. São exemplos destes gestos:  palpação de uma superfície para apreciar seu polimento ou da parte inferior de uma máquina para liberar a capata de seu ferrolho;  virar a cabeça e cheirar em direção a um odor;  movimentos da cabeça e do corpo para escutar melhor uma ordem ou precisar a origem de um assobio;  aproximação prudente de uma superfície que se acredita quente. (MORAES,2003,pg.30-40)

2.8.2.1.2.

Inquirição

O termo inquirição implica a busca de informações e a quantificação dos resultados. 2.8.2.1.2.a.

Entrevistas

MORAES (2003) define entrevista como a técnica que o investigador se apresenta em frente ao investigado ao lhe formular perguntas. Tem como o objetivo obter dados interessantes à investigação. “A entrevista é, portanto, uma forma de


65

interação social. Mais especificamente, é uma forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes busca coletar dados e uma constitui-se da fonte de informação.” (MORAES,2003,pg.41) De acordo com a autora, para o ergonomista, em uma pesquisa o interlocutor fundamental é o operador. “Por melhor que seja o conhecimento do dispositivo técnico e das instruções escritas e orais destinadas ao trabalhador, por mais cuidado e atenção que se tenha com a observação de sua atividade, não apenas operatória mas também perceptiva (movimento dos olhos), falta a palavra do operador.” (MORAES,2003,pg.42) MORAES (2003) explica que perguntar para um operador sobre o seu trabalho fora do cenário da tafera não é suficiente para entender o trabalho realmente realizado. A autora afirma que a descrição dentro do posto de trabalho é mais fácil. 2.8.2.1.2.b.

Verbalização

Na verbalização, “o ergonomista procura, através do depoimento do trabalhador, compreender o seu modus operandi, face às restrições do sistema, aos contrangimentos

da

tarefa

e

a

sua

experiência

e

competência”

(MORAES,2003,pg.42). Segundo a autora, a exploração das palavras que o operador emite pode apresentar alguns perigos, conforme a forma como ele percebe o observador (como um entrevistador estranho ou mais como um colega). 2.8.2.1.2.c.

Questionário

Gil (1978) apud MORAES (2003) define questionário como técnica de investigação composta por um numero de questões apresentado às pessoas, e que tem por objetivo conhecer suas opiniões, crenças, expectativas, sentimentos, etc. Os questionários podem ser abertos os fechados. Os questionários de perguntas

fechadas

podem

ser

de

alternativas

dicotômicas,

alternativas

hierarquizadas e múltiplas escolhas. O entrevistado deve assinalar a alternativa que mais se ajusta ou correspondem às suas características, idéias ou sentimentos.


66

2.8.3. Etapas e fases da intervenção ergonomizadora A intervenção ergonomizadora pode ser dividida nas seguintes etapas: Apreciação ergonômica, diagnose ergonômica, projeção ergonômica, avaliação, validação e/ou testes ergonômicos e detalhamento ergonômico e otimização 2.8.3.1. Apreciação ergonômica De acordo com MORAES (2003) a apreciação ergonômica é uma fase exploratória que compreende o mapeamento dos problemas ergonômicos da empresa. Ela consiste na sistematização do sistema homem-tarefa-máquina e também na delimitação dos problema ergonômicos posturais, informacionais interacionais, movimentacionais, espacionais. A

etapa

de

sistematização

e

problematização

podem

ocorrer

simultaneamente. “Fazem-se observações no local de trabalho e entrevistas com supervisores e trabalhadores. Realizam-se registros fotográficos e em vídeo. Esta etapa termina com o parecer ergonômico que compreende a apresentação ilustrada dos problemas, a hieraquização dos problemas, a partir dos custos humanos, segundo a gravidade e a urgência; a priorização dos postos a serem diagnosticados e modificados; sugestões preliminares de melhorias; predições que se relacionam à provável causa do problema a ser enfocado na diagnose.”(MORAES,2003,pg.47) 2.8.3.2. Diagnose ergonômica A diagnose ergonômica proporciona um aprofundamento nos problemas priorizados e também permite testar predições. Pode-se fazer a análise macroergonômica e/ou a análise dos sistemas homem-tarefa-máquina, através de gravações em vídeo, entrevistas, verbalizações e questionários. 2.8.3.3. Projeção ergonômica MORAES (2003) define projeção ergonômica da seguinte maneira: “A projeção ergonômica trata de adaptar as estações de trabalho, equipamentos e ferramentas às características físicas, psíquicas e cognitivas do trabalhador/operador/usuário/consumidor/manutenidor/instrutor. Compreende o detalhamento do arranjo e da conformação das interfaces, dos subsistemas e componentes


67

instrumentais, informacionais, acionais, comunicacionais, interacionais, instrucionais, movimentacionais, espaciais e físico ambientais” (MORAES,2003,pg.48)

A autora afirma ainda que a projeção ergonômica termina com projeto ergonômico: conceito do projeto, sua configuração, conformação, perfil e dimensionamento, consideração de espaços, estações de trabalho, subsistemas de trabalho, transporte e manipulação, telas e ambientes 2.8.3.4. Avaliação, validação e/ou testes ergonômicos Compreende a simulação e avaliação através de modelos de testes, com a participação dos usuários. Para fundamentar escolhas, realizam-se experimentos com variáveis controladas. 2.8.3.5. Detalhamento ergonômico e otimização “O detalhamento e a otimização ergonômica compreendem a revisão do projeto, após sua avaliação pelo contratante e validação pelos operadores, conforme as opções do decisor, segundo as restrições de custo, as prioridades tecnológicas da empresa solicitante, a capacidade instalada do implementador e as soluções técnicas disponíveis”(MORAES,2003,pg.48) Esta etapa termina com especificações ergonômicas para os subsistemas e componentes interfaciais, instrumentais, informacionais, etc. De acordo com a autora supracitada, a proposta de uma intervenção ergonomizadora pode compreender:  a apreciação ergonômica;  a apreciação ergonômica + a diagnose ergonômica;  a apreciação + a diagnose + a projetação ergonômica;  a apreciação + a diagnose + a projetação ergonômica + a avaliação.

2.9.

Metodologia de Projeto

Segundo MUNARI (1998) “o método de projeto não é mais do que uma série de operações necessárias, dispostas em ordem lógica, ditada pela


68

experiência”, assim, o método de projeto não é definitivo; deve-se modificá-lo de acordo com as necessidades ou com valores que possam melhorar o processo. Para o desenvolvimento do presente projeto é necessário definir e seguir alguns métodos. Para que isto seja possível, é preciso conhecer e analisar os métodos existentes e posteriormente ver qual se encaixará melhor ao trabalho proposto. LÖBACH (2000) afirma que todo o processo de Design é tanto um processo criativo como um processo de solução de problemas concretizado em um projeto industrial e incorporando as características que possam satisfazer as necessidades humanas de forma duradoura, podendo se desenvolver de forma extremamente complexa dependendo da magnitude do problema, e a divide em quatro fases distintas: Análise do Problema, Geração de Alternativas, Avaliação das Alternativas e Realização da Solução do Problema. Embora nunca sejam separáveis no caso real, elas se entrelaçam umas às outras com avanços e retrocessos durante o processo de projeto. Na tabela abaixo é possível analisar as quatro etapas do processo de design de LÖBACH (2000) de forma mais detalhada: Tabela 5 - Etapas do processo de design de Löbach.

Processo Criativo

Processo de solução do problema

Processo de design (desenvolvimento do produto)

Análise do problema

Análise do problema de design

Conhecimento do problema

Análise da necessidade

Coleta de Informações

Análise da relação social (homem-

Análise das Informações

produto) Análise da relação com o ambiente (produto-ambiente)

1. Fase de preparação

Desenvolvimento histórico Análise do mercado Análise da função (funções práticas) Análise estrutural (estrutura de construção) Análise da configuração (funções


69

estéticas) Análise de materiais e processos de fabricação Patentes, legislação e normas Análise de sistema de produtos (produto-produto) Distribuição, montagem, serviço a clientes, manutenção Definição do problema,

Descrição das características do

clarificação do problema,

novo produto

definição dos objetivos

Exigências para com o novo produto

2. Fase da geração

3. Fase da avaliação

Alternativas do problema

Alternativas de Design

Escolha dos métodos de

Conceitos do design

solucionar problemas,

Alternativas de solução

produção de idéias, geração de

Esboço de idéias

alternativas

Modelos

Avaliação das alternativas do

Avaliação das alternativas de

problema

design

Exame das alternativas,

Escolha da melhor solução

processo de seleção, processo

Incorporação das características

de avaliação

ao produto Solução de Design Projeto Mecânico

Realização da solução do problema 4. Fase de realização

Realização da solução do problema, Nova avaliação da solução

Projeto Estrutural Configuração dos detalhes (raios, elementos de manejo etc.) Desenvolvimento de modelos Desenho Técnico, desenho de representação Documentação do projeto, relatórios

BAXTER (1998) prioriza as questões mercadológicas quando diz que “a inovação é um ingrediente vital para o sucesso dos negócios”. Segundo o autor, “o planejamento, incluindo identificação de uma oportunidade, pesquisa de marketing, análise dos produtos concorrentes, proposta do novo produto, elaboração das especificações da oportunidade e a especificação do projeto” são quesitos fundamentais para fazer frente à concorrência.


70

A metodologia de Baxter segue o esquema apresentado na Figura 12.

Figura 12 - Metodologia de Baxter.

MUNARI (1998) apresenta seu método de projeto de maneira didática e enfatiza a criatividade como fator de sucesso de um projeto. A metodologia de Bruno Munari pode ser definida pelos seguintes passos, que abrangem desde a definição do problema até a construção de um protótipo para a sua solução. 1. Problema: Para MUNARI, os problemas de design são originados por necessidades das pessoas. Esses problemas podem ser especificados pelo designer e propostos á indústria, ou pode ser a indústria que pede ao designer a solução de algum problema. 2. Definição do Problema: Nessa etapa, devem ser definidos os limites e os parâmetros que a solução proposta deve atender.


71

3. Componentes do Problema: Ao se dividir o problema em seus componentes, facilita-se o projeto, além de sistematizar a busca da solução.

A

solução

total do

problema,

portanto,

está

na

coordenação criativa das soluções dos subproblemas. 4. Coleta de dados: Nessa etapa, devem ser pesquisadas as soluções já existentes no mercado, observando características técnicas de cada componente do problema. 5. Análise de dados: Ao analisar as outras soluções do problema, pode-se encontrar sugestões do que não se deve fazer, além de orientar o projeto de outros materiais e tecnologias. 6. Criatividade: A criatividade para a busca da solução do problema é aplicada em cada subproblema, levando em consideração os dados anteriormente analisados. 7. Materiais e tecnologias: O designer deve levar em conta os materiais e as tecnologias que estão disponíveis para ele quando considera as possíveis soluções. 8. Experimentação: Nessa etapa, o projetista experimenta os materiais e as técnicas disponíveis para o seu projeto.

Nessa

experimentação, pode-se recolher informações sobre novas formas de aplicação dos materiais e dos instrumentos. 9. Modelo: Nessa etapa, inicia-se a estabelecer relações entre os dados recolhidos, agrupam-se os subproblemas e elabora-se alguns esboços para a construção de modelos parciais. Esses esboços podem mostrar soluções parciais de agrupamentos de dois ou mais subproblemas, e podem ser postos em prática, reunidos no objeto global acabado. 10. Verificação: Nesse momento, o modelo em funcionamento é apresentado a prováveis usuários, e as opiniões mais relevantes são consideradas. 11. Desenho Construtivo: O desenho construtivo deve comunicar todas as informações úteis á confecção de um protótipo. Caso seja necessário, o projetista pode fazer um modelo em tamanho natural, com materiais semelhantes aos definitivos.


72

3. Projeto

3.1.

Metodologia de projeto adaptada

Com base nas metodologias analisadas anteriormente, é possível adaptar a este projeto uma metodologia própria. Para esta metodologia será levado em conta o tempo disponível para a pesquisa e desenvolvimento do móvel proposto. A metodologia se divide em:  Definição do problema – Objetivos, justificativa e metodologia de pesquisa;  Pesquisa bibliográfica – Utilização de livros e fontes de consulta para pesquisa. A fundamentação teórica se desenvolverá em torno de assuntos pertinentes ao projeto;  Coleta de dados – Pesquisa de público alvo, pesquisa de concorrentes e similares. Pesquisa de campo;  Analise dos dados – Conclusões sobre as pesquisas realizadas anteriormente;  Conceituação do Projeto – Definição do que será projetado;  Criatividade – Geração de alternativas;  Materiais e tecnologias – Escolha dos materiais e processos de produção que serão utilizados na produção do móvel;  Detalhamento – Representação bi e tridimensional do móvel com suas especificações.

3.2.

Pesquisa Público-Alvo

A pesquisa de público alvo foi realizada durante os dias 08 a 19 de setembro na cidade de Florianópolis. A pesquisa de público-alvo desenvolveu-se de duas maneiras. A primeira foi realizada através de entrevista com aplicação de questionário com o público-alvo trabalhado no projeto. A segunda foi realizada através de pesquisa bibliográfica e


73

refere-se às pessoas usuárias de cadeira de rodas. Esta última foi realizada através de pesquisa bibliográfica, pois viu-se a dificuldade de encontrar um contingente expressivo de portadores de necessidades especiais. A pesquisa realizada através de entrevista deu-se através de questionário realizado pessoalmente com 22 entrevistados. Nesse questionário (ver apêndice A) havia questões relativas a características pessoais dos entrevistados, preferências em relação a móveis e padrões de imagens, faixas etária e de renda, etc. Para que a análise dos dados obtidos seja de mais fácil entendimento os resultados das pesquisas foram convertidos em gráficos. 1.

Portador de necessidade especial

Dos 22 entrevistados, apenas 1 apresentava algum tipo de necessidade especial. 2.

Sexo

54,5% dos entrevistados são mulheres e 45,5% são homens. 3.

Faixa etária

Em 36% das respostas os entrevistados têm entre 16 e 25 anos, 36% entre 26 e 35 anos, 14% ente 36 a 45 anos, 14% entre 46 a 55 anos. Dentre os entrevistados, ninguém marcou as opções entre 56 a 65 e mais de 65 anos. Ver gráfico 1.


74

Gráfico 1- Faixa etária dos entrevistados

4.

Renda mensal

Dos 22 entrevistados, 27% apresentam renda entre 1 e 2 salários mínimos, 46% 2 a 4 salários mínimos, 27% 4 a 6 salários mínimos. Dentre os entrevistados, ninguém marcou as opções de 6 a 8 salários mínimos nem a opção de outro valor de rendimento. Ver gráfico 2.

Gráfico 2- Renda familiar mensal dos entrevistados

5.

Quantidade de pessoas na residência

Em 27% das respostas os entrevistados afirmam morar com 1 a 2 pessoas, 59% com 2 a 4 pessoas, 9% com 4 a 6 pessoas, 5% com 6 a 8 pessoas. Dentre os entrevistados, ninguém marcou a opção de morar com outro número de pessoas. Ver gráfico 3.


75

Gráfico 3- Número de pessoas que vivem na casa

6.

Quantidade de quartos nas residências

De acordo com os entrevistos, 9% afirmam que nas suas casas há 1 quarto, 64% afirmam ter 2 quartos, 23% afirmam ter 3 quartos, 4% afirmam ter 4 quartos. Entre os entrevistados não houve resposta para a opção de outro número de quartos. Ver gráfico 4.

Gráfico 4- Número de quartos que há na casa

7.

Cômodo mais utilizado da casa:

Nesta questão onde o entrevistado deveria escolher os dois cômodos mais utilizados da residência, houve os seguintes números de votos: 14 para cozinha, 11 para o quarto, 3 para o banheiro e 15 para a sala. Ver gráfico 5.


76

Gráfico 5- Cômodos mais utilizados da casa

8.

Tempo que possui os móveis

Dos 22 entrevistados, 9% afirmam que os móveis de suas casas têm entre 1 a 3 anos, 32% afirmam que os móveis tem 3 a 5 anos, 41% afirmam que os móveis têm 5 a 7 anos, 18% afirmam que os móveis têm mais de 7 anos. Ver gráfico 6.

Gráfico 6- Tempo que possui os móveis

9.

Primeiro móvel comprado:


77

De acordo com as entrevistas, 14% dos entrevistados afirmam que o primeiro móvel comprado foi a mesa de jantar, 14% compraram o sofá, 23% o armário, 4% estante de TV, 41% a cama, 4% afirmam ter comprado primeiros outro móvel. Ver gráfico 7.

Gráfico 7- Primeiro móvel comprado

10.

Na hora da compra de móvel para armazenar, o que levam em

conta: Nesta questão onde o entrevistado deveria escolher as três respostas mais importantes, houve os seguintes número de votos. 20 para preço, 7 para conforto, 2 para segurança, 14 para funcionalidade, 3 para beleza, 5 para praticidade, 7 para durabilidade, 2 para material e 4 para acabamento. Ver gráfico 8.

Gráfico 8- Características mais importantes na hora da compra


78

11.

Para que o móvel de guardar seja cômodo, o que seria ideal:

28% responderam que o ideal seria portas de correr, 9% responderam portas com dobradiças, 18% responderam prateleiras fixas, 18% responderam prateleiras deslizantes e 27% afirmam que o ideal seria gavetas. Ver gráfico 9.

Gráfico 9- Opção de maior comodidade em móvel para armazenar

12.

Móveis abertos ou fechados

Dos entrevistados, apenas um afirmou ter preferência por guardar seus pertences em moveis abertos, os outros 21 preferem guardar em móveis fechados. 13.

Preferência por móveis:

59% dos entrevistados preferem os móveis de sua casa suspensos (fixos na parede), 4% preferem móveis no chão com pés de apoio, 23% preferem móveis com rodinhas, 14% móveis no chão com rodapés. Ver gráfico 10.


79

Gráfico 10- Preferência por colocação dos móveis

14.

Itens que sentem falta de um móvel para guardá-los (Sala)

Em 23% das respostas, os entrevistas afirmam que sentem falta de um local para guardar revistas/jornais, 14% relatam a falta de um local para CDs e DVDs, 18% falta de local para papéis em geral, 45% falta de um local para aparelhos eletrônicos. Não houve resposta para a opção de móvel que guarde outros itens não relacionados anteriormente.Ver gráfico 11.

Gráfico 11- Objetos que sentem falta de um móvel para guardá-los (Sala)


80

15.

Itens que sentem falta de um móvel para guardá-los (Quarto)

Em 86% das respostas, os entrevistados afirmam que sentem falta de um móvel para guardar cobertor/edredom, 14% sentem falta de móvel para guardar livros. Dentre os entrevistados, não houve respostas para sentir falta de um móvel que guarde roupas, nem de um móvel que guarde itens não relacionados anteriormente. Ver gráfico 12.

Gráfico 12- Itens que sentem falta de um móvel para guardá-los (Quarto)

16.

Itens que sentem falta de um móvel para guardá-los (Banheiro)

32% dos entrevistados afirmam que sentem falta de um móvel para guardar maquiagem, 9% sentem falta de um móvel para guardar cremes, 23% sentem falta de móvel para guardar creme de barbear/barbeador, 23% sentem falta de um móvel que guarde perfume, 13% sentem falta de móvel que guarde papel higiênico. Dos entrevistados, nenhum escolheu a opção de preferir um item não relacionado. Ver gráfico 13.


81

Gráfico 13- Itens que sentem falta de um móvel para guardá-los (Banheiro)

17.

Preferência por imagens

No grupos de imagens 1, 77% preferiu a imagem número 1 e 23% a número 2. Ver gráfico 14.

Gráfico 14- Preferência por imagens 01

. No grupos de imagens 2, 36% preferiu a imagem número 1 e 64% a número 2. Ver gráfico 15.


82

Gráfico 15- Preferência por imagens 02

No grupos de imagens 3, 64% preferiu a imagem número 1 e 36% a número 2. Ver gráfico 16.

Gráfico 16- Preferência por imagens 03

No grupos de imagens 4, 77% preferiu a imagem número 1 e 23% a número 2. Ver gráfico 17.


83

Gráfico 17- Preferência por imagens 04

No grupos de imagens 5, 41% preferiu a imagem número 1 e 59% a número 2. Ver gráfico 18.

Gráfico 18- Preferência por imagens 05

3.2.1. Análise do publico alvo A partir dos questionários feitos com 22 pessoas, foi possível definir as características do público alvo a que o projeto do presente trabalho se destina. São

pessoas

que

trabalham

e

têm

uma

renda

mensal

de

aproximadamente 5 salários mínimos. Normalmente são casadas e moram com filhos.


84

As pessoas têm a sala como o cômodo mais utilizado, e este é o local onde recebem visitas, se juntam para assistir a programas de televisão e também é a hora de confraternização. Este público consumidor considera que preço é o fator mais importante na hora da compra, seguido da funcionalidade e conforto. Foi visto que as pessoas têm preferências por móveis ornamentados em detrimento de móveis clean (ver gráfico 14), e preferem móveis escuros aos claros (ver gráfico 15). Entre opção de móvel alto e baixo, as pessoas preferiram os mais altos (ver gráfico 16). Entre imagens com brilho e sem brilho, foi visto que a preferência por brilho é maior (ver gráfico 17). Quando foi mostrado a essas pessoas imagens de referencias pop e clássicas, a preferência foi pela clássica (ver gráfico 18). 3.2.2. Pesquisa de público-alvo com Usuários de Cadeira de Rodas De acordo com a pesquisa de SILVA (2001), realizada com 12 pessoas portadoras de necessidades especiais, 58,% dos entrevistados preferem que seus móveis sejam suspensos na parede, porém, 25% o preferem no chão com pé de apoio, e 16,3% acham melhor que os móveis possuam rodinhas. Para que seus móveis tornam-se mais confortáveis itens como porta de correr (91% dos entrevistados) e prateleiras deslizantes (66,6% dos entrevistados) foram as opções mais consideradas, e ainda portas de embutir, gavetas e prateleiras fixas foram igualmente selecionados com 16,6%. Na questão de manuseabilidade, 91% dos entrevistados sentem-se mais confortáveis ao manusear móveis abertos do que os fechados. Todos os entrevistados acham importante o fato de que os móveis serem adaptados a sua condição física. Dos entrevistados, 41,6% tem seus móveis adaptados, outros 41,6% não o possuem e 16,8% têm móveis adaptados em alguns casos. Dos consultados, 41,6% fizeram seus móveis em marcenarias, 33,3% o compraram em lojas populares e 16,8% o fizeram parte em lojas especializadas parte em marcenaria e ainda 8,3% os compraram em lojas especializadas.


85

Dos 12 entrevistados, 8,4% residem sozinhos e 91,6% moram com outras pessoas. Esse número mostra que os móveis da casa devem ser ainda mais pensados, pois deve atender a todos.

3.3.

Pesquisa de Concorrentes e Similares

A análise de concorrentes e similares foi realizada para comparar os produtos encontrados no mercado e definir seus pontos positivos e negativos, a fim de utilizá-los no desenvolvimento do projeto. Compararam-se

aspectos

como:

marca,

material,

acabamento,

dimensões e diferenciais, como por exemplo, estética, a quantidade de objetos que acomoda, ergonomia e funcionalidade. 3.3.1. Pesquisa de Concorrentes A pesquisa de concorrentes foi realizada em 3 lojas de Florianópolis que têm o seu público alvo a classe C, e desenvolveu-se entre os dias 17 e 18 de setembro. Nos anexos A, B e C são apresentadas as tabelas com as pesquisas realizadas nas Lojas Koerich, Lojas Salfer e Casas Bahia, respectivamente. Foram buscados nessas lojas móveis para sala, quarto e banheiro. São apresentadas na seqüência imagens dos itens analisados. Os primeiros são das Lojas Koerich.

Figura 13- Móvel usado para a sala


86

Figura 14- M贸vel usado para o quarto

Figura 15- M贸vel sugerido para o banheiro

S茫o apresentados agora os m贸veis analisados nas Lojas Salfer.


87

Figura 16- M贸vel usado para a sala

Figura 17- M贸vel usado para o quarto

S茫o apresentados agora os m贸veis analisados nas Casas Bahia.


88

Figura 18- M贸vel usado para a sala

Figura 19- M贸vel usado para o quarto


89

3.3.2. Análise da pesquisa de concorrentes Levando-se em consideração os locais de pesquisa, pode-se de notar que os móveis analisados têm baixo custo. São móveis populares. Nesses móveis é muito comum o uso de materiais como MDF e MDP e acabamentos com painéis melamínicos e em verniz. De acordo com André, vendedor da Loja Salfer, hoje as pessoas perguntam muito sobre o material que em que é feito os móveis. Essas pessoas não querem mais móveis feito de aglomerado, “perguntam muito sobre o MDF” diz André. Ainda, segundo o vendedor, a loja se preocupa em comprar de fornecedores que trabalham com móveis em MDF e MDP, justamente para agradar a este público. Ele também acrescentou que hoje são vendidos móveis mais baixos e com espaço já destinado a TV de plasma. Normalmente o acabamento dos móveis vistos não é bom, os móveis expostos já se apresentam rachados, com as pontas amassadas/quebradas, puxadores quebrados, etc. Na questão funcionalidade, os móveis analisados geralmente apresentam gavetas e portas que correm mal. Dos móveis visto, a maioria apresenta fácil limpeza e manutenção, salvo os móveis que possuem espaços estreitos entre as prateleiras, dificultando dessa maneira tanto o acesso quando a limpeza. Nas lojas visitadas não foi encontrado móvel especifico para “armazenar coisas” no banheiro, foi sugerido então usar móvel de cozinha. Os móveis são muito parecidos de uma loja para outra, tendo o mesmo apelo estético. Foi visível a falta de modularidade e multifuncionalidade dos móveis. 3.3.3. Similares Para a pesquisa de similares, foram considerados pontos negativos e positivos de produtos nacionais e internacionais. A seguir é possível analisar os similares e suas características.  Móvel da Tok & Stok, definido pela empresa como criado-mudo. Por suas características pode ser usado em outros ambientes. É apresentado na Figura 20.


90

Figura 20 - Móvel da empresa Tok & Stok (fonte: http://www.tokstok.com.br)

Pontos positivos: Possibilidade variada de uso, preço acessível. Pontos negativos: Móvel sem rodinhas, prateleiras não são deslizantes, possui acabamento em forma de pintura diretamente ao MDF.  Móvel para guardar objetos da empresa Ikea. Apresentado na Figura 21.

Figura 21 - Móvel da empresa Ikea (fonte: http://www.ikea.com/pt/)

Pontos positivos: Móvel com rodinhas, possui gaveta que pode ser montada sem o fundo para armazenar pastas suspensas. Pontos negativos: Preço é não muito acessível, o “recheio” entre as chapas de MDF é feito de papel, o acabamento é feito através de pintura.


91

3.4.

Requisitos de Projeto

Para a definição dos requisitos de projeto foram analisadas as pesquisas de público alvo e as dos concorrentes e também a fundamentação teórica. O projeto deverá seguir os seguintes requisitos:  O móvel deve ser projetado seguindo os conceitos de ergonomia e antropometria – considerando também o desenho universal  Ser condizente com a realidade dos pequenos apartamentos e adaptável a diferentes áreas onde o móvel será utilizado;  Fazer uso de bons materiais;  Deverá ter bom acabamento;  Ter preço baixo;  Ter apoio para objetos de uso intuitivo e prático;  Ser um móvel confortável, de fácil entendimento e manuseio;  Ter mais de uma função;  Atender ao padrão estético do público alvo.

3.5.

Conceito

3.5.1. Técnica de Criatividade A geração do conceito do projeto foi realizada utilizando a técnica de brainstorming, onde são listadas palavras relacionadas ao perfil do público alvo e ao objetivo do projeto. Essa lista de palavras é mostrada na Figura 22.


92

Figura 22 - TĂŠcnica de Brainstorming.

3.5.2. Mapa Conceitual Com

base

no

brainstorming,

foram

escolhidas

palavras

mais

representativas, e com elas foi criado um mapa conceitual. Esse mapa ĂŠ mostrado na Figura 23.


93

Figura 23 - Mapa Conceitual.

Após essa etapa, foram criados painéis semânticos, que auxiliam a etapa conceitual. 3.5.3. Painéis Semânticos Segundo Baxter (2000), os produtos devem ser projetados para transmitir certos sentimentos e emoções, e isso pode ser contemplado de diversas maneiras durante o processo conceitual de desenvolvimento de um produto. Um exemplo disso é a criação de painéis de imagens visuais, onde são buscadas referências das formas, texturas e cores em geral. Foram elaborados, portanto, painéis semânticos, para que em seqüência eles auxiliem na etapa de geração de alternativas. Os painéis semânticos elaborados são o painel de estilo de vida e o painel da expressão do produto. 3.5.3.1. Painel do Estilo de Vida O primeiro painel trata de uma representação do público-alvo que o projeto atinge. Este público-alvo, como já citado, é formado por pessoas de classes mais baixas, mas que nem por isso gostam menos de se divertir ou de descansar.


94

Querem ter um espaço para relaxar em casa, gostam de assistir televisão, ouvir música e descansar dentro de ambientes de sua própria residência. A residência é geralmente considerada como área de lazer, e deve transmitir paz ao individuo, fazendo com que o mesmo fique alienado de seus problemas e stress do cotidiano. Ou seja, é um público acostumado a utilizar suas horas livres para descansar e relaxar dentro de seu lar. Segundo Baxter, as imagens que serão escolhidas e organizadas para representar o estilo de vida do público-alvo “devem refletir os valores pessoais e sociais, além de representar o tipo de vida desses consumidores. Esse painel procura retratar também os outros tipos de produtos usados pelo consumidor e que devem se compor com o produto a ser projetado” (BAXTER,2000,p.190). A Figura 24 mostra o painel de estilo de vida.

Figura 24 - Painel Estilo de Vida.


95

A partir da elaboração do painel de estilo de vida, unido aos dados coletados durante as pesquisas, estabeleceram-se alguns conceitos que procuram identificar a expressão do produto com o objetivo de guiar a etapa conceitual e a geração de alternativas. Os conceitos escolhidos são qualidade, beleza e multifuncionalidade. O conceito de qualidade foi escolhido pois as pessoas a desejam independentemente da classe social. O conceito de beleza foi incluído por ser um fator muito levado em conta na hora da compra. O conceito de multifuncionalidade foi pensado para representar o fato de o usuário poder usar um mesmo móvel para mais de um fim. Ainda, há outras características que a solução final do móvel proposto precisa atender. Essas características podem ser observadas nas informações obtidas nas pesquisas e com os requisitos de projeto. 3.5.3.2. Painel da Expressão do Produto A partir dos conceitos selecionados foi desenvolvido um painel de expressão do produto. “Essa expressão deve ser uma síntese do estilo de vida dos consumidores, ela representa a emoção que o produto transmite ao primeiro olhar.” (BAXTER, 2000, p. 190). O painel representa a expressão do produto de cada conceito selecionado. Dessa forma, o painel apresenta imagens referentes aos conceitos anteriormente citados (qualidade, beleza e multifuncionalidade). No conceito de qualidade, robustez, integridade e simplicidade construtiva são características escolhidas para a representação deste conceito. No de beleza, as cores escuras e o brilho são as características que definem beleza para o publico alvo estudado. Já no conceito de multifuncionalidade, variadas funções e possibilidades de uso são características que apresentam este conceito. As imagens que compõe o painel de expressão do produto com os conceitos citados podem ser observadas na Figura 25.


96

Figura 25 - Painel Expressão do Produto.

3.5.4. Conceito de Projeto O conceito foi estabelecido com base nas palavras-chave qualidade, beleza e multifuncionalidade. Entretanto, houve a preocupação em aproximar estes conceitos tão genéricos da realidade das pessoas de baixo poder aquisitivo, onde robustez, integridade e simplicidade construtiva podem ser características de qualidade, cores escuras e brilho caracterizam a beleza de um móvel e variação de uso e múltiplas funções definem a multifuncionalidade. O produto proposto é um produto multifuncional, compacto que tem qualidade como característica. Quanto a sua disposição, favorece à organização, e na questão de limpeza as superfícies devem ser lisas. O estilo clássico foi o escolhido, para ir de encontro ao gosto do público alvo. O móvel projetado é destinado às pessoas com baixo poder aquisitivo, sem condições de comprar móveis de lojas renomadas. A principal função do móvel


97

é a armazenagem, e está baseada na multiplicidade de uso. Outras funções que complementam o móvel serão analisadas na etapa de criatividade.

3.6.

Criatividade

3.6.1. Geração de Alternativas A geração de alternativas se iniciou com a observação dos painéis de estilo de vida e de expressão do produto. Tentou-se adaptar todas as alternativas a linguagem do público-alvo, incluindo as características citadas anteriormente. A seguir, na Figura 26, Figura 27, Figura 28, Figura 29 e Figura 30 é apresentada a geração de alternativas.

Figura 26 - Geração de alternativas 1 (fonte: arquivo pessoal).

Figura 27 - Geração de alternativas 2 (fonte: arquivo pessoal).


98

Figura 28 - Geração de alternativas 3 (fonte: arquivo pessoal).

Figura 29 - Geração de alternativas 4 (fonte: arquivo pessoal).

Figura 30- Geração de alternativas 5 (fonte: arquivo pessoal).


99

Após estas alternativas foram feitos alterações e refinamentos na forma da alternativa escolhida. Essa alternativa permite a montagem do móvel em diversas configurações distintas, algumas das quais mostradas na Figura 31.

Figura 31 - Refinamento de formas e medidas

Foram feitos testes em papelão para se ter uma idéia física do projeto, e depois a correção e definição das medidas.

Figura 32 - Móvel na posição inicial (fonte: arquivo pessoal)


100

Figura 33 - Móvel sem partes intermediárias da lateral, pode ser usado como mesa de centro. (Fonte: arquivo pessoal)

Figura 34- Móvel com reorganização das partes da posição inicial, pode ser usado como bancada de cozinha. (Fonte: arquivo pessoal)


101

3.6.2. Definição do mobiliário Nesta etapa foram feitos a definição do módulo com suas medidas finais, formas de encaixe e materiais utilizados. Na Figura 35 é apresentada a versão final do móvel.

Figura 35 - Medidas finais do móvel (Fonte: arquivo pessoal).

Abaixo, na Figura 36, observa-se uma renderização da alternativa escolhida.

Figura 36 - Renderização do móvel (fonte: arquivo pessoal)


102

3.6.3. Materiais e Tecnologias Pelas suas características físicas e mecânicas, qualidade e também pela facilidade de uso e acabamento, o material utilizado é o MDF. As superfícies terão revestimento melamínico em baixa pressão, fornecidos pela empresa Duratex. Os encaixes entre as peças são feitos por meio do sistema Minifix. Esse sistema é apresentado em detalhe no memorial descritivo, oferece ao mesmo tempo uma fácil montagem pelo usuário final nas configurações desejadas e uma boa firmeza quando montado. 3.6.4. Detalhamento O móvel será detalhado atrás de desenhos técnicos. A numeração das peças do desenho técnico segue a Figura 37, mostrada abaixo.

Figura 37 - Númeração das peças do móvel.

Desenho técnico e detalhamento da peça 1A. Ver apêndice B. Desenho técnico e detalhamento da peça 1B. Ver apêndice C. Desenho técnico e detalhamento da peça 1C. Ver apêndice D. Desenho técnico e detalhamento da peça 1D. Ver apêndice E. Desenho técnico e detalhamento das peças 2A. Ver apêndice F. Desenho técnico e detalhamento das peças 2B. Ver apêndice G. Desenho técnico e detalhamento das peças 2C. Ver apêndice H. Desenho técnico e detalhamento da peça 3. Ver apêndice I. Desenho técnico e detalhamento das peças 4A. Ver apêndice J. Desenho técnico e detalhamento das peças 4B. Ver apêndice L. Desenho técnico e detalhamento da peça 4C. Ver apêndice M.


103

Desenho técnico e detalhamento da peça 4D. Ver apêndice N. Vista explodida da configuração 1. Ver apêndice O. Vista explodida da configuração 2. Ver apêndice P. Vista explodida da configuração 3. Ver apêndice Q. Vista explodida da configuração 4. Ver apêndice R. Vista explodida da configuração 5. Ver apêndice S. 3.6.5. Relatório de procedimentos e custos de móvel Por se tratar de um móvel que possui diferentes possibilidades de usos e também ter um tamanho relativamente reduzido, os custos não são altos. Na produção de uma grande quantidade, o custo de produção é sempre menor, pois o plano de corte aproveitará uma maior quantidade de material e poupará tempo. Para o cálculo dos custos de fabricação do móvel, devem-se levar em conta os custos relacionados às chapas de MDF (material e acabamento) e do sistema de encaixes Minifix. Para o cálculo dos custos relacionados ao MDF, foram utilizadas as informações da Tabela 6, que indica as características de cada peça e a quantidade de peças utilizadas. As chapas de MDF utilizadas têm espessura de 18 mm, a menos da chapa utilizada como base para a caixa, que tem 8 mm de espessura. De acordo com uma consulta em uma fábrica de móveis, o custo total das peças de MDF (incluindo mão-de-obra) é de R$86,75. Tabela 6 - Cálculo dos custos.

São também utilizados no móvel 12 parafusos, com custo unitário de R$0,03, e 32 unidades do sistema Minifix, com custo unitário de R$2,33. Assim, o custo dessas peças resulta em R$74,92.


104

O custo total do móvel considerando a matéria prima e mão-de-obra é de R$161,67. 3.6.6. Memorial Descritivo O móvel descrito é um móvel multifuncional, que pode ser usado em diversos ambientes e serve principalmente como apoio e um lugar para guardar objetos. 3.6.6.1. Princípios da Gestalt Os princípios da Gestalt que o móvel atende são a simplicidade, a clareza e a minimidade. O princípio da simplicidade foi escolhido, pois “ela cria a organização mais harmoniosa e unificada possível” (GOMES, 2000, pg.78).

Muitas vezes, a

simplicidade está associada ás técnicas da clareza e da minimidade. A clareza “é uma técnica muito funcional, sobretudo, onde se exige facilidade de leitura e rapidez na decodificação e/ou compreensão imediata do objeto” (GOMES, 2000, pg.77). Já a minimidade “realça visualmente os aspectos de clareza e simplicidade em função, sobretudo, de um mínimo de unidades ou elementos informacionais, quase sempre apenas o essencial” (GOMES, 2000, pg.80). O móvel possui claramente simplicidade construtiva tanto para ser mais econômico (devido ao poder aquisitivo do público-alvo), quanto para facilitar o seu entendimento. Dessa forma, consegue-se atender o princípio da clareza, já que as suas funções e os seus modos de utilização são de fácil compreensão. A minimidade é atendida, pois o móvel possui poucas peças funcionais, sendo composto apenas pelo que é essencial ao seu funcionamento. 3.6.6.2. Função estético-formal: No móvel, há predominância de linhas retas. A base é retangular, e os cantos são retos. Dessa maneira, o seu posicionamento dentro das residencias é facilitado, podendo ser usado, por exemplo, em cantos entre paredes.


105

3.6.6.3. Materiais e acabamentos O material utilizado na fabricação do móvel e o MDF. Este material foi escolhido devido a sua grande resistência, durabilidade e facilidade de acabamento. O MDF foi escolhido por ser mais econômico durante o processo de fabricação do móvel. Para efeito de comparação, o compensado aceita acabamento em Fórmica, e este processo inclui laminação da chapa e

corte manual das partes extras de

material colado nas chapas, encarecendo assim o processo. Já o MDF é comprado com o acabamento, sendo necessário somente o corte. 3.6.6.4. Função Técnica O móvel é constituído pelas peças laterais, mostradas na Figura 38, e por uma caixa mostrada na Figura 39.

Figura 38 - Peças laterais do móvel (fonte: arquivo pessoal).

Figura 39 - Caixa do móvel (fonte: arquivo pessoal).


106

Essas peças podem ser organizadas para formar o móvel em cinco configurações distintas:  Configuração 1: Mostrada na Figura 40, essa configuração utiliza todas as peças disponíveis, e é a que possuiu a maior largura (60cm).

Figura 40 - Configuração 1 (fonte: arquivo pessoal).

 Configuração 2: Essa configuração, mostrada na Figura 41, também utiliza todas as peças disponíveis, e possui a maior altura. Nessa configuração, a caixa localiza-se no meio do móvel, onde também é encontrada uma prateleira.

Figura 41 - Configuração 2 (fonte: arquivo pessoal).


107

 Configuração 3: Ela é uma reorganizaçao da configuração 1, onde são retiradas as partes intermediárias da lateral. Desse modo, o móvel resultante tem uma altura compatível com o de uma mesa de centro.

Figura 42 - Configuração 3 (fonte: arquivo pessoal).

 Configuração 4: Nesta configuração, são utilizadas somente as peças das laterais.

Figura 43 - Configuração 4 (fonte: arquivo pessoal).

 Configuração 5: Essa configuração é idêntica à configuração 4, porém sem as peças intermediárias das laterais.


108

Figura 44 - Configuração 5 (fonte: arquivo pessoal).

3.6.6.5. Função operacional Os encaixes dos componentes do móvel são realizados através do sistema de Minifix, que é destacado na Figura 45.

Figura 45- Minifix (fonte: arquivo pessoal)

O Minifix funciona da seguinte maneira: primeiro deve-se encaixar a haste do minifix na sua furação, depois é colocado o tambor e dado meia volta para a sua fixação. Para a finalização é colocado uma tampa encaixada no tambor, na cor desejada. Esse procedimento está ilustrado nas figuras abaixo. Na Figura 46, as hastes fixas na peça de baixo são encaixadas na furação correspondente na peça


109

de cima. Na figura seguinte (Figura 47), é mostrada a colocação de um dos tambores. Finalmente na Figura 48, é mostrada a colocação da tampa do tambor na cor desejada.

Figura 46 - Montagem do Minifix, etapa 1 (fonte: arquivo pessoal).

Figura 47 - Montagem do Minifix, etapa 2 (fonte: arquivo pessoal).


110

Figura 48 - Montagem do Minifix, etapa 3 (fonte: arquivo pessoal).

3.6.6.6. Função de Uso (Função Prática) A função principal do móvel é servir como armazenagem para objetos diversos. Destaca-se no móvel uma caixa superior, para guardar objetos menores, e o seu interior (que pode ter uma prateleira) para guardar objetos maiores. Quando montado na sua configuração de maior tamanho, se utilizado na sala, podem ser guardados controles ou papéis na sua caixa superior, e no seu interior podem ser empilhados revistas, cds e dvds ou um aparelho de som. Quando retiradas as partes intermediárias da lateral, por ter uma altura menor (35 cm), pode ser utilizado como mesa de centro, servindo como apoio para objetos decorativos e objetos diversos. Na sua configuração de maior altura, podem ser armazenados talheres ou panos de copa na caixa, e na prateleira podem ser armazenados travessas ou empilhados pratos. 3.6.6.7. Função Ergonômica De acordo com a pesquisa realizada com cadeirantes, há nesse grupo uma preferência por móveis abertos. O projeto do móvel, então, visou atender a


111

necessidade desses consumidores. Dessa forma, por ter o seu acesso e manuseio facilitado, o móvel pode ser utilizado por uma grande faixa de usuários. 3.6.7. Processo de Fabricação A fabricação do móvel inicia-se com o corte das chapas com revestimento em baixa pressão (BP), de acordo com o tamanho específico de cada peça. Após essa etapa, aplica-se a fita de bordo na cor do revestimento nas laterais, e as chapas seguem para que seja realizada sua furação. A máquina utilizada para essa furação é mostrada na Figura 49. Após esses processos, o móvel já está pronto para ser montado e utilizado.

Figura 49 - Máquina utilizada para a furação (fonte: arquivo pessoal)

3.6.7.1. Plano de Corte Em um processo industrial de fabricação, é desejável a utilização de um plano de corte para melhor aproveitar as chapas de MDF. Nas figuras a seguir, é apresentado um exemplo de plano de corte considerando chapas de 2745 mm X 1825 mm. Na Figura 50, é mostrado o plano de corte para as chapas de 18 mm de espessura, e na Figura 51, o plano para as chapas de 8 mm.


112

Figura 50 - Plano de corte para as chapas de 18 mm (fonte arquivo pessoal).

Figura 51 - Plano de corte para as chapas de 8 mm (fonte arquivo pessoal).

Considerando os planos de corte apresentados, o aproveitamento das chapas de 18 mm e 8 mm ĂŠ, respectivamente, de 87,12% e de 90,97%.


113

3.6.8. Variação de Cores A maior parte do móvel é produzida em cores escuras, pois isso vai de acordo com a preferência do público-alvo. Sugere-se a combinação entre cores claras e escuras que foi apresentada na Figura 36, com os revestimentos nas cores Wenge Supremo e Noce Mare. Outras opções são totalmente escuro, na cor Wenge Supremo, ou ainda todo na cor clara (Branco Diamante). Todos esses revestimentos são fornecidos pela empresa Duratex.

Figura 52 - Revestimento nas cores Wenge Supremo e Noce Maré (fonte: arquivo pessoal)

Figura 53 - Revestimento na cor Branco Diamante (fonte: arquivo pessoal).


114

3.6.9. Manual de uso Foi elaborado um manual de uso para auxiliar os usuários na montagem das diferentes configurações possíveis para o móvel. O manual desenvolvido é apresentado no apêndice T.


115

4. Conclusão

4.1.

Considerações Finais

Para o desenvolvimento do projeto apresentado nesse trabalho foram cumpridas diversas etapas. Ao longo do projeto foram coletados dados e informações que serviram de base para a definição dos requisitos do produto e conseqüentemente de suas especificações. A pesquisa para a composição da fundamentação teórica, juntamente com as pesquisas de público-alvo, auxiliaram nas decisões relativas a tamanhos e formas. Buscou-se, assim, um produto final que atendesse da melhor forma possível os requisitos apresentados. O móvel projetado cumpriu com quase todos os seus requisitos propostos: ele é confeccionado com matéria-prima de qualidade, foi projetado seguindo os conceitos da ergonomia, é condizente com a realidade dos pequenos apartamentos e adaptável a diferentes áreas, tem bom, apoio para objetos de uso intuitivo e pode ser utilizado e acessado por uma ampla gama de usuários. Como resultado final, conclui-se que o projeto cumpre com os objetivos iniciais de ser um projeto multifuncional adaptável a diferentes cômodos de uma residência. Acredita-se que o produto final apresentado neste projeto tenha boa aceitação no mercado, principalmente por ser um produto que apresenta inovação. O fato de poder inseri-lo em diversos ambientes de uma residência também pode despertar a atenção do consumidor, visto que este tem a possibilidade de mudar a decoração da sua casa com o uso de um único móvel.

4.2.

Futuros Estudos

Uma proposta para futuros estudos sobre o móvel apresentado é a inclusão de rodízios, que o tornará mais funcional devido à mobilidade proporcionada pelas rodinhas (especialmente quando feito em espaços limitados).


116

Outra proposta para estudos futuros, com objetivo de reduzir os custos do móvel, é pesquisar outras formas para o encaixe das peças. Porém de alguma forma que não prejudique a estabilidade do móvel.


117

5. Referências

ABIMOVEL: Associação Brasileira da Indústria do Mobiliário. Disponível em <http://abimovel.com> Acesso em 10 ago. 2008. ABIPA: Associação Brasileira da Indústria de Painéis de Madeira. Disponível em <http://www.abipa.org.br>. Acesso em 18 ago. 2008. AKZONOBEL. Disponível em <http://www.akzonobel-ti.com.br/>. Acesso em 18 ago. 2008. BAXTER, Mike. Projeto de produto: guia prático para o desenvolvimento de novos produtos. São Paulo: E. Blücher, 1998. BNDS: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Disponível em <www.bnds.gov.br>. Acesso em 13 ago. 2008. BÜRDEK, Bernhard E. Design: história, teoria e prática do design de produtos. São Paulo: Edgard Blücher, 2006. CAMBIAGHI, Silvana. Desenho universal: métodos e técnicas para arquitetos e urbanistas. São Paulo: Editora Senac, 2007.

CONVERSA

AFIADA.

Disponível

em

<http://www.conversa-afiada.ig.com.br/>.

Acesso em 02 ago. 2008.

FAGGIANI, Kátia Cristina Coelho. O poder do design: da ostentação à emoção. Brasília, DF: Thesaurus, 2006.

FOLZ, Rosana Rita. Mobiliário na habitação popular. 2002. Tese (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) - Curso de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo, Escola de Engenharia de São Carlos, São Paulo, 2002.


118

LÖBACH, Bernd. Design industrial: bases para a configuração dos produtos industriais. Rio de Janeiro: E. Blücher, 2001. GOMES FILHO, João. Ergonomia do objeto: sistema técnico de leitura ergonômica. São Paulo: Escrituras, 2003. GOMES FILHO, João. Gestalt do objeto: sistema de leitura visual da forma. 5. ed. São Paulo: Escrituras, 2003. ICSID: International Council of Societies of Industrial Design. Disponível em <www.icsid.org>. Acesso em 10 ago. 2008. IIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: E. Blücher, 1990. MASISA. Painéis de madeira. Disponível em < http://www.masisa.com>. Acesso em 10 ago. 2008. MOLES, Abraham A.. O kitsch: a arte da felicidade. 4. ed. São Paulo: Perspectiva, 1994. MORAES, Anamaria de; MONT'ALVÃO, Cláudia.

Ergonomia: conceitos e

aplicações. Rio de Janeiro: 2AB, 1998. MUNARI, Bruno. Das coisas nascem coisas. São Paulo: Martins Fontes, 1998. NOMADS. Núcleo de Estudos sobre a Habitação e Modos de Vida. Disponível em: <http://www.eesc.usp.br/nomads/>. Acesso em 24 de jul. 2008. PERNAMBUCO. Disponível em <http://www.pernambuco.com>. Acesso em 26 jul. 2008. Portal Moveleiro. Disponível em <http://www.portalmoveleiro.com.br/>. Acesso em 01 ago. 2008. Portal OSB. Disponível em <www.portalosb.com> Acesso em 08 ago. 2008 SATIPEL. Soluções em painéis de madeira para a indústria moveleira. Disponível em: <http://www.satipel.com.br>. Acesso em 13 ago. 2008.


119

SILVA, Gisiane Liena da Silva. O design e o universo do usuário de cadeira de rodas: recomendações para projetos residênciais. 2001. Tese (Graduação em Design de Produto) - Curso de Graduação em Design, Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis, 2001. SEGA, Christina Maria Pedrazza. O kitsch e suas dimensões. Brasília, DF: Casa das Musas, 2008. 143 WOLLNER, Alexandre. Textos recentes e escritos históricos. São Paulo Rosari, 2002. 105


120

APÊNDICES


121

APÊNDICE A – Questionário para Público-Alvo

Portador de necessidades especiais: ( ) Sim ( ) Não Qual? _______________________

Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino

1) Você se encaixa em qual faixa etária? ( ) 16 a 25 anos ( ) 26 a 35 anos ( ) 36 a 45 anos ( ) 46 a 55 anos ( ) 56 a 65 anos ( ) Acima de 65 anos

2) A renda mensal de sua família se aproxima com qual das opções listadas abaixo? ( ) 1 a 2 salários mínimos (R$415,00 a R$830,00) ( ) 2 a 4 salários mínimos (R$830 a R$1.660,00) ( ) 4 a 6 salários mínimos (R$1.660,00 a R$2.490,00) ( ) 6 a 8 salários mínimos (R$2.490,00 a R$3.320,00) ( ) Outro valor _______________

3) Contanto com você, quantas pessoas moram na sua residência? ( ) De 1 a 2 pessoas ( ) De 2 a 4 pessoas ( ) De 4 a 6 pessoas ( ) De 6 a 8 pessoas ( ) Outro valor _____


122

4) Quantos quartos possui a sua casa? ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( ) Outro número ______

5) Qual o cômodo mais utilizado da sua casa? (Marcar os dois mais utilizados) ( ) Cozinha ( ) Quarto ( ) Banheiro ( ) Sala ( ) Outros ___________

6) Há quanto tempo você possui os móveis de sua casa? ( ) 1 a 3 anos ( ) 3 a 5 anos ( ) 5 a 7 anos ( ) Mais de 7 anos

7) Qual foi o primeiro móvel comprado para a casa onde vive? ( ) Mesa de jantar ( ) Sofá ( ) Armário ( ) Estante de TV ( ) Cama ( ) Outro ___________

8) Na hora da compra de um móvel para armazenar coisas, o que você leva mais em conta? (Marcar as 3 opção mais importantes) ( ) Preço ( ) Conforto ( ) Segurança ( ) Funcionalidade


123

( ) Beleza ( ) Praticidade ( ) Durabilidade ( ) Material ( ) Acabamento

9) Para que um móvel que guarde seus pertences seja mais cômodo ao uso, o que você acha que seria ideal? (Múltipla escolha) ( ) Portas de correr ( ) Portas com dobradiças ( ) Prateleiras fixas ( ) Prateleiras deslizantes ( ) Gaveta

10) Você tem preferência por armazenar objetos em móveis abertos ou fechados? ( ) Aberto ( ) Fechado

11) Você prefere os móveis de sua casa: ( ) Suspenso - fixos na parede ( ) No chão com pés de apoio ( ) Móveis com rodinhas ( ) No chão com rodapés

12) Na sala, quais dos itens relacionados abaixo você sente falta de um móvel para guardá-los: ( ) Revistas / Jornal ( ) DVDs e CDs ( ) Almofadas ( ) Papéis em geral (Contas, propagandas, etc.) ( ) Aparelho Eletrônicos (especificar) _________________ ( ) Outros _______________


124

13) No quarto, quais dos itens relacionados abaixo você sente falta de um móvel para guardá-los? ( ) Cobertor / Edredom ( ) Roupas ( ) Livros ( ) Outros __________________

14) No banheiro, quais os itens relacionados abaixo você sente falta de um móvel para guardá-los? ( ) Maquiagem ( ) Cremes ( ) Creme de barbear / barbeador ( ) Perfume ( ) Papel higiênico ( ) Outros __________________

15) Das imagens mostradas a seguir quais são de sua preferência?

Padrão de Imagens 1 Figura 1 ( ) Figura 2 ( ) Padrão de Imagens 2 Figura 1 ( ) Figura 2 ( ) Padrão de Imagens 3 Figura 1 ( ) Figura 2 ( ) Padrão de Imagens 4 Figura 1 ( ) Figura 2 ( ) Padrão de Imagens 5 Figura 1 ( ) Figura 2 ( )


125

Padr達o de Imagens 1

Imagem 1

Imagem 2


126

Padr達o de Imagens 2

Imagem 1

Imagem 2


127

Padr達o de Imagens 3

Imagem 1

Imagem 2


128

Padr達o de Imagens 4

Imagem 1

Imagem 2


129

Padr達o de Imagens 5

Imagem 1

Imagem 2


130

APÊNDICE B – Desenho técnico e detalhamento da peça 1A


131

APÊNDICE C – Desenho técnico e detalhamento da peça 1B


132

APÊNDICE D – Desenho técnico e detalhamento da peça 1C


133

APÊNDICE E – Desenho técnico e detalhamento da peça 1D


134

APÊNDICE F – Desenho técnico e detalhamento da peça 2A


135

APÊNDICE G – Desenho técnico e detalhamento da peça 2B


136

APÊNDICE H – Desenho técnico e detalhamento da peça 2C


137

APÊNDICE I – Desenho técnico e detalhamento da peça 3


138

APÊNDICE J – Desenho técnico e detalhamento da peça 4A


139

APÊNDICE L – Desenho técnico e detalhamento da peça 4B


140

APÊNDICE M – Desenho técnico e detalhamento da peça 4C


141

APÊNDICE N – Desenho técnico e detalhamento da peça 4D


142

APÊNDICE O – Vista explodida da configuração 1

A


143

APÊNDICE P – Vista explodida da configuração 2


144

APÊNDICE Q – Vista explodida da configuração 3


145

APÊNDICE R – Vista explodida da configuração 4


146

APÊNDICE S – Vista explodida da configuração 5


147

APÊNDICE T – Manual de uso

Pessoas necessárias para montagem

Ferramentas necessárias (não fornecidas)

Partes do Produto Peça 1A (1x)

Peça 1D (1x)

Peça 1B (1x)

Peça 2A (2x)

Peça 1C (1x)

Peça 2B (2x)


148

Peça 2C (2x)

Peça 3 (1x)

Peça 4A (2x)

Peça 4B (2x)

Peça 4C (1x)

Peça 4D (1x)

Furações Furos 7mm - Encaixar pino Furos 8mm - Fixar pino Furo 15mm - Minifix

Componentes Minifix

Tambor

Tampa do Tambor


149

Montagens

Instruções para Encaixes das Peças

1

2

1) Encaixar o Minifix (A) na furação.

2) Encaixar e girar o tambor (B) em sentido horário. Encaixar as tampas (C) nos tambores.


150

ANEXOS


151

ANEXO A – Móveis Pesquisados nas Lojas Koerich Puxador

X

Padrão de madeira

MDF

MDF

MDP

Cor

X

Claro

X

Escuro

X

Sala

X

X

Banheiro

Local

X

Quarto

Preço

De R$ 550 até R$ 1.000

Funcionalidade

Limpeza e manutenção

X

X

De R$ 350 até R$ 550

Ergonomia

Fácil limpeza

Fixação / rodinhas

rodinhas

Fácil limpeza

Portas e gavetas

boa

Pés de apoio

Fácil limpeza

Compreensão do uso

fácil

boa

Pés de apoio

Acesso aos produtos

Bom na gaveta ruim na parte de CDs

média

boa

Facilidade de abertura

fácil

bom

fácil

Qualidade do acabamento

fácil

bom

ruim

ruim

fácil

X

médio

Até R$ 150

De R$ 150 até R$ 350

Estética

X

Fosco

Acabamento

prateado

X

prateado

Prateado

Brilho

Mais de R$ 1.000


152

ANEXO B – Móveis Pesquisados nas Lojas Salfer

Puxador

madeira

prateado

X

Fosco

Estética Padrão de madeira

MDF

MDF E MDP

Sala

X

Banheiro

Local

X

Quarto

Preço

De R$ 550 até R$ 1.000

Funcionalidade

Limpeza e manutenção

X

X

De R$ 350 até R$ 550

Ergonomia

Não muito fácil

Cor

Fixo no chão

Fácil limpeza

Fixação / rodinhas

Ruim (corre mal)

Pé de apoio

Portas e gavetas

fácil

boa

Compreensão do uso

ruim

fácil

Acesso aos produtos

ruim

bom

Facilidade de abertura

ruim

médio

Qualidade do acabamento

X

médio

Até R$ 150

X X

Escuro

De R$ 150 até R$ 350

Claro

Acabamento

X

Brilho

Mais de R$ 1.000


153

ANEXO C – Móveis Pesquisados nas Casas Bahia

Puxador

prateado

prateado

X

Fosco

Estética Padrão de madeira

MDF

MDF

Sala

X

Banheiro

Local

X

Quarto

Preço

De R$ 550 até R$ 1.000

Funcionalidade

Limpeza e manutenção

X

De R$ 350 até R$ 550

Ergonomia

Fácil limpeza

Cor

rodinh as

Fixação / rodinhas

boa

Fácil limpeza

Portas e gavetas

fácil

Pé de apoio

Compreensão do uso

bom

bos

Acesso aos produtos

fácil

fácil

Facilidade de abertura

médio

bom

Qualidade do acabamento

X

fácil

X médio

Até R$ 150

X X

Escuro

De R$ 150 até R$ 350

Claro

Acabamento

X

Brilho

Mais de R$ 1.000


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.