MICHEL TÉO SIN
PROJETO GRÁFICO DO LIVRO DE FÁBIO BIOCA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Design da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requsito parcial à obtenção do título de Licenciado em Design.
Orientador: Prof. Roberto Forlin Pereira
Florianópolis 2008
MICHEL TÉO SIN
PROJETO GRÁFICO DO LIVRO DE FÁBIO BIOCA
Este trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Design e aprovado em sua forma final pelo curso de graduação em Design da Universidade do Sul de Santa Catarina.
Florianópolis, 10 de novembro de 2008
______________________________________________________ Professor e orientador Prof. Roberto Forlin Pereira Universidade do Sul de Santa Catarina ______________________________________________________ Prof. Luciana Sayuri Oda, Esp. Universidade do Sul de Santa Catarina ______________________________________________________ Prof. Cláudia Batista Universidade do Sul de Santa Catarina
RESUMO
O presente projeto de design gráfico tem por finalidade o desenvolvimento de um livro de poemas de Fábio Bioca. A obra tem como objetivo estimular a interatividade do leitor com a obra, tanto no seu manuseio como na leitura do livro com o objetivo de estimular a sensibilidade do leitor para a compreensão dos poemas. Para tal, foi utilizado como recurso gráfico principal em conjunto com o texto, imagens fotográficas produzidas pelo próprio autor do projeto.
Palavras-chave: Design gráfico 1. Fotografia 2. Poemas 3.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Esquema da metodologia ………………………………………………..
13
Figura 2 – Partes das letras …………………………………………………………
18
Figura 3 – Classificação de tipos por famílias ……………………………………...
19
Figura 4 – Espaçamento entre letras ………………………………………………..
21
Figura 5 – Espaçamento entre letras ………………………………………………..
21
Figura 6 – Espaçamento entre linhas ……………………………………………….
21
Figura 7 - Painel semântico do público alvo ……………………………………….
40
Figura 8 – Capa do livro Portal de Sonhos …………………………………………
42
Figura 9 – Imagem das páginas 36 e 37 do livro Portal de Sonhos ………………..
42
Figura 10 – Imagem das páginas 40 e 41 do livro Portal de Sonhos ……………….
43
Figura 11 – Imagem das páginas 64 e 65 do livro Portal de Sonhos ……………….
43
Figura 12 – Imagem das páginas 66 e 67 do livro Portal de Sonhos ……………….
44
Figura 13 – Disposição de texto 1 ………………………………………………….
51
Figura 14 – Disposição de texto 2 ………………………………………………….
51
Figura 15 – Dispoisição de texto 3 …………………………………………………
52
Figura 16 – Dispoisição de texto 4 …………………………………………………
52
Figura 17 – Dispoisição de texto 5 …………………………………………………
52
Figura 18 – Estudo de disposição de texto 1 e 2 …………………………………..
53
Figura 19 – Estudo de disposição de texto 3 e 4 …………………………………..
53
Figura 20 – Estudo de disposição de texto 5 e 6 ……………………………………
54
Figura 21 – Desenhos de referências visuais do poema “Desengano” …………….
55
Figura 22 – Desenhos de referências visuais do poema “Foz” …………………….
56
Figura 23 – Desenhos de referências visuais do poema “Amanhã” ………………..
56
Figura 24 – Desenhos de referências visuais do poema “Oásis” …………………..
57
Figura 25 – Desenhos de referências visuais do poema “Catatonia”…………….…
58
Figura 26 – Desenhos de referências visuais do poema “Insolação” ……………….
58
Figura 27 – Fotografia para o poema “Foz” ……………………………………….
58
Figura 28 – Fotografia para o poema “Amanhã” …………………………………..
59
Figura 29 – Fotografia para o poema “Oásis” ……………………………………..
59
Figura 30 – Fotografia para o poema “Catatonia” …………………………………
59
Figura 31 – Fotografia para o poema “Insolação” …………………………………
59
Figura 32 – Fotografia para o poema “Desengano” ………………………………..
60
Figura 33 – Fotografia para o poema “Segunda” …………………………………..
60
Figura 34 – Fotografia para o poema “Colisão” …………………………………..
61
Figura 35 – Geração de alternativa 1 ……………………………………………….
61
Figura 36 – Geração de alternativa 2 ……………………………………………….
61
Figura 37 – Geração de alternativa 3 ……………………………………………….
61
Figura 38 – Geração de alternativa 4………………………………………………..
62
Figura 39 – Alternativa com fonte Myriad Pro …………………………………….
63
Figura 40 – Alternativa com fonte Optima …………………………………………
64
Figura 41 – Alternativa com fonte Helvetica ……………………………………….
65
Figura 42 – Alternativa com fonte Arial ……………………………………………
66
Figura 43 – Alternativa com fonte Gill Sans ……………………………………….
67
Figura 44 – Alternativa final com fonte Myriad Pro ……………………………….
68
Figura 45 – Estudo com tamanho de fonte 10 pt …………………………………
68
Figura 46 – Estudo com tamanho de fonte 12 pt …………………………………
69
Figura 47 – Alternativa com fonte em preto …………………………………….
69
Figura 48 – Alternativa com fonte em preto com transparência ……………………
69
Figura 49 – Alternativa com fonte em branco ……………………………………
69
Figura 50 – Alternativa com fonte em branco com transparência ………………….
70
Figura 51 – Geração de alternativa para o poema “Colisão” 1 …………………..
70
Figura 52 – Geração de alternativa para o poema “Colisão” 2 ……………………..
71
Figura 53 – Alternativa selecionada para o poema “Colisão” ……………………..
72
Figura 54 – Geração de alternativa para o poema “Catatonia” …………………….
72
Figura 55 – Alternativa selecionada para o poema “Catatonia” ………………..
73
Figura 56 – Geração de alternativa para o poema “Foz” 1 ………………………
73
Figura 57 – Geração de alternativa para o poema “Foz” 2 …………………………
73
Figura 58 - Alternativa selecionada para o poema “Foz” …………………………
74
Figura 59 – Geração de alternativa para o poema “Amanhã” 1 …………………….
75
Figura 60 – Geração de alternativa para o poema “Amanhã” 2 …………………..
75
Figura 61 – Alternativa selecionada para o poema “Amanhã” …………………..
76
Figura 62 – Geração de alternativa para o poema “Insolação” 1 …………………
77
Figura 63 – Geração de alternativa para o poema “Insolação” 2 ………………….
77
Figura 64 – Geração de alternativa para o poema “Insolação” 3 …………………
77
Figura 65 – Alternativa selecionada para o poema “Insolação” …………………
78
Figura 66 - Geração de alternativa para o poema “Segunda” ……………………
79
Figura 67 – Geração de alternativa para o poema “Desengano” …………………
79
Figura 68 – Alternativa selecionada para o poema “Segunda” …………………. .
80
Figura 69 – Alternativa selecionada para o poema “Desengano” …………………..
81
Figura 70 – Alternativa para embalagem 1………………………………………….
82
Figura 71 – Alternativa para embalagem 2………………………………………….
82
Figura 72 – Alternativa para embalagem 3………………………………………….
83
Figura 73 – Desenvolvimento da embalagem 1……………………………………
83
Figura 74 – Desenvolvimento da embalagem 2……………………………………
83
Figura 75 – Desenvolvimento da embalagem 3……………………………………
83
Figura 76 – Desenvolvimento da embalagem 4……………………………………
84
Figura 77 – Desenvolvimento da embalagem 5……………………………………
84
Figura 78 – Desenvolvimento da embalagem 6……………………………………
84
Figura 79 – Planificação da embalagem…………………………………………..
84
Figura 80 – Embalagem planificada com imagem e textos aplicados ……………
85
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Tabela de produção e vendas do mercado editorial brasileiro ………….
37
SUMÁRIO
1 FASE INVESTIGATIVA ……………………………………………………….
10
1.1 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA ……………………………………..
10
1.2 OBJETIVOS ……………………………………………………………………
11
1.2.1 Objetivo Geral ………………………………………………………………
11
1.2.2 Objetivos Específicos ………………………………………………………..
11
1.3 JUSTIFICATIVA ………………………………………………………………
12
1.4 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO ………………………………………
14
2 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA ………………………………………………..
14
2.1 DESIGN ………………………………………………………………………..
15
2.1.1 Design Gráfico ………………………………………………………………
16
2.1.2 Design De Livros ……………………………………………………………
16
2.1.3 Tipografia ……………………………………………………………………
20
2.1.4 Legibilidade …………………………………………………………………
21
2.1.5 Espaçamento E Alinhamento ………………………………………………
22
2.2 PRODUÇÃO GRÁFICA ………………………………………………………
22
2.2.1 Papel …………………………………………………………………………
26
2.2.2 Formatos De Papel …………………………………………………………
26
2.2.3 Tintas ………………………………………………………………………..
28
2.2.4 Tipos De Impressão ………………………………………………………..
29
2.2.5 Acabamentos …………………………………………………………….….
32
2.3 IMAGEM ………………………………………………………………………
33
2.3.1 Fotografia ……………………………………………………………………
34
2.3.2 Fotografia E Realidade …………………………………………………….
34
2.3.3 Fotografia E Design ………………………………………………………..
35
2.3.4 Linguagem Fotográfica ……………………………………………………
36
2.4 CORES ………………………………………………………………………….
37
2.5 CARACTERÍSTICAS DO MERCADO………………………………………..
37
2.5.1 Mercado Editorial …………………………………………………………..
38
2.5.2 Público Leitor ……………………………………………………………….
39
2.5.3 Público Alvo …………………………………………………………………
41
2.5.4 Análise De Demanda ……………………………………………………..
41
2.5.6 Análise De Similares ……………………………………………………..
41
2.6 PROSPECÇÕES E TENDÊNCIAS DO MERCADO ……………………..
44
2.7 OPORTUNIDADES E AMEAÇAS ………………………………………….
45
2.8 ANÁLISE DA EMPRESA CLIENTE ………………………………………..
46
2.8.1 Fábio Bioca: O Profissional …………………………………………….
46
2.8.2 Fábio Bioca: O Escritor ………………………………………………….
47
2.8.3 Briefing ……………………………………………………………………..
47
3 FASE CONCEITUAL …………………………………………………………..
48
3.1 ANÁLISE DE DADOS ………………………………………………………..
48
3.2 CONCEITUAÇÃO …………………………………………………………….
48
4 FASE PRODUTIVA
50
4.1 CONTEÚDO / MIOLO
50
4.2 SUPORTE / EMBALAGEM
82
5 CONCLUSÕES GERAIS ………………………………………………………
87
REFERÊNCIAS …………………………………………………………………..
88
ANEXOS …………………………………………………………………………..
90
ANEXO A – POEMAS DE FÁBIO BIOCA ……………………………………...
91
ANEXO B – PLANO DE CORTE PARA FORMATO DE PAPEL BB (66X96CM) ………………………………………………………………………..
104
ANEXO C – ORÇAMENTO DA GRÁFICA GRAFINE ………………………..
106
ANEXO D - PESQUISA “RETRATOS DA LEITURA DO BRASIL” ………….
108
10 1
1.1
FASE INVESTIGATIVA
CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA
Devido a vários fatores do desenvolvimento humano, atualmente vivemos num período onde as pessoas geram e recebem uma grande quantidade de informações, possuem mais funções e conseqüentemente efetuam mais tarefas do que no passado. Assim, muitos produtos e serviços são focados para o consumo imediato, como também as informações são dispostas de modo que sejam absorvidas rapidamente sem a possibilidade das pessoas as analisarem. O cenário cada vez mais encontrado é composto por comidas prontas com sabores exagerados, imagens explícitas, sons indiscretos, cheiros fortes. Tudo isto condiciona os sentidos do ser humano a ser sensibilizado apenas por grandes estímulos. Como resposta a esses acontecimentos, o publicitário Fábio Bioca pretende lançar um livro com a coleção de poemas escritos por ele (em anexo) durante vários anos em seu tempo livre. Os textos são subjetivos e inspirados no cotidiano da sua vida pessoal. Bioca relata que as pessoas necessitam exercitar o seu lado sensível para entendimento dos poemas Fábio almeja publicar sua obra de forma diferente do padrão existente. Ele deseja que os vários recursos gráficos como a diagramação, fotografias, cores, texturas e materiais utilizados no livro, juntamente com os poemas, ajudem a estimular os sentimentos do leitor, para melhor apreciação da obra. O projeto é organizado em três fases: Investigativa, conceitual e produtiva. Os assuntos abordados nas etapas abrangem assuntos relacionados ao design gráfico, à imagem e fotografia, o mercado editorial, o público leitor e também do cliente do projeto.
11 1.2
OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo geral
Realizar o projeto gráfico de um livro de poemas do publicitário Fábio Bioca.
1.2.2 Objetivos específicos
- Projetar a capa e contra-capa - Diagramar o conteúdo - Produzir as fotografias - Definir materiais e acabamentos
1.3
JUSTIFICATIVA
O design gráfico é fundamental para o projeto gráfico de um livro, em especial ao deste projeto, por causa das necessidades apontadas e da singularidade do projeto. O design gráfico tem como objetivo principal, incentivar e facilitar a comunicação de uma informação para o usuário, de forma eficaz e atrativa. (KRAUSE, 2004:16). Os índices do mercado editorial brasileiro são bons. Em 2006, faturou-se 11,9% a mais e vendeu-se 14,8% mais livros que no ano de 2005 como apresentado no capítulo "Características do Mercado" desde projeto. Também no mesmo capítulo observamse dados positivos em relação ao público. Houve um aumento no número de leitores gerais, e
12 também dos que apreciam a poesia em 2007. Decorrente aos eventos culturais relacionados à leitura que acontecem pelo país em 2008, estima-se que a demanda por livros mantenha os bons índices ou até aumente. Com base nas informações contidas neste projeto, o mesmo justifica-se por causa da importância do design no projeto gráfico do livro, ainda com título indefinido, como também a importância da publicação pelo fator cultural e comercial.
1.4
PROCEDIMENTO METODOLÓGICO
Fuentes (2006:30) sugere que cada designer deve criar sua própria metodologia, porém para isto é necessária a escolha de uma metodologia base, para ser modificada de acordo com o modo de trabalho do designer. Ele apresenta três metodologias de autores diferentes, na qual a escolhida para este projeto é o de Jonas Riddenstale e Kjell Nordström.
Etapas da metodologia:
Problema; Definição do problema; Definição e reconhecimento de subproblemas; Recompilação de dados; Análise de dados; Criatividade; Materiais e tecnologia; Experimentação; Modelos; Verificação; Desenhos construtivos; Solução.
13
Figura 1 – Esquema da metodologia Fonte: FUENTES, Rodolfo. A prática do design gráfico. São Paulo: Edições Rosari, 2006, p. 28.
A metodologia foi escolhida pela sua objetividade e a possibilidade de retorno em etapas já realizadas para correção, re-análise ou aperfeiçoamento. O processo basicamente consiste em duas grades fases, a primeira consiste em coleta e análise de dados e a segunda é basicamente produtiva, onde gera-se a alternativa para a solução e posteriormente trabalha-se para tornar o projeto viável.
14 2
2.1
PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
DESIGN
A palavra design, de língua inglesa, provêm do latim designare, que significa desenhar ou designar. É usada no inglês para “referir-se à idéia de plano, desígnio, intenção quanto à de configuração, arranjo, estrutura”. Designer é a nomeação de quem pratica o design. (DENIS, 2000:16) O design é uma profissão relativamente nova, e por conseqüência disto alguns autores o definem de formas diferentes. A mais simples a abrangente trata o design como “uma atividade que gera projetos, no sentido objetivo de planos, esboços ou modelos” (DENIS, 2000:16). E que tem como objetivo “objetos fabricados em série por meios mecânicos com etapas distintas de projeto e execução, e ainda uma perfeita padronização do produto final.” (DENIS, 2000:17) É importante complementar que o design também “otimiza a função, valor e aparência de produtos e sistemas para o benefício mútuo do usuário e do fabricante”. Isto se dá através da “coleta, análise e síntese de dados guiados pelos requerimentos especiais do cliente ou fabricante”. (IDSA, 2008) Os fatores socioeconômicos, tecnológicos, culturais, históricos, políticos e ecológicos do universo onde o produto do design será inserido, também devem ser considerados no processo de desenvolvimento do projeto de design. (BÜRDEK, 2006:225) É evidente a importância do design com a constatação de Bürdek (2006:11): A vida da maioria das pessoas não é mais imaginável sem o design. O design nos segue de manhã até a noite: na casa, no trabalho, no lazer, na educação, na saúde, no esporte, no transporte de pessoas e bens, no ambiente público - tudo é configurado de forma consciente ou inconsciente.
15 2.1.1 Design gráfico
O design gráfico é a área do design referente “ao ordenamento estético-formal de elementos textuais e não-textuais que compõem peças gráficas destinadas à reprodução com objetivo expressamente comunicacional.” E que “têm como suporte geralmente o papel e como processo de produção a impressão.” (VILLAS-BOAS, 1963:7-11) Villas-Boas (1963:7) ainda complementa a definição com a seguinte afirmação:
[...] um projeto de design gráfico é um conjunto de elementos visuais - textuais e/ou não-textuais - reunidos numa determinada área preponderamente bidimensional e que resulta exatamente da relação entre estes elementos. Num projeto gráfico, os componentes tipográficos (ou seja, as “letras”) são tratados com a mesma importância visual que, por exemplo, um desenho ou uma foto.
O design gráfico tem como objetivo principal, incentivar e facilitar a comunicação de uma informação para o usuário. Os elementos gráficos são dispostos de modo que haja, além de uma comunicação eficaz, uma interação entre eles afim de criar interesse visual do usuário em relação à peça gráfica, como afirmam Krause (2004:16):
O objetivo do design é estimular e facilitar a comunicação entre o observador e a mídia que está sendo observada. Um design eficaz inicia esta conexão atraíndo e mantendo a atenção do observador através da satisfação estética e conteúdo intrigante.
E também Evans e Thomas (2004:3-4):
Design é uma linguagem visual construída com princípios e elementos fundamentais. Os principais são as regras de organização que são usadas em conjunto com os elementos para criar ordem e interesse visual. [...] Design gráfico é a arte de arranjos pictográficos e elementos tipográficos para criar uma comunicação eficaz.
As áreas do design gráfico de acordo com a ADG Brasil (2004)* são o do design de identidade corporativa, que engloba os sistemas referentes à imagem de uma corporação, design de publicações institucionais, que refere-se aos materiais informativos de uma instituição, design de embalagem, design de material promocional, como cartazes, brindes e displays em pontos de venda, design ambiental, que são as sinalizações que compõem ambientes como shopping centers, escolas e hospitais, design de mídia eletrônica, que projeta websites e CDs interativos, e o design editorial, que é a área onde projeta-se livros, revistas e
16 jornais. Área deste projeto. (*O Valor do Design. Guia ADG Brasil de prática profissional do designer gráfico. 2004:27-30)
2.1.2 Design de livros
O design de livros está inserido no universo do design gráfico, porém se comparado aos outros tipos de design gráfico, o de livros é diferente. De acordo com Hendel (1999:3), "o trabalho real de um designer de livro não é fazer as coisas parecerem legais, diferentes ou bonitinhas. É descobrir como colocar uma letra ao lado da outra de modo que as palavras do autor pareçam saltar da página." Hendel (1999:9) diz que "o design das coisas cotidianas é invisível". Ele observa que quanto mais comum e banal é um objeto, menos pensa-se no seu design, e o mesmo acontece com os livros. Presume-se que os livros padrão são "retângulos verticais com letras serifadas". E que qualquer mudança nesse padrão, seja discreta ou não, sugere-se que há algo muito diferente. (Hendel. 1999:9). Juntamente com o que o autor escreve, o formato, tipografia, imagens, materiais e acabamento do livro também ajudam o leitor a definir o assunto de um livro, porém o interessante é que muitos leitores não conseguem descrever o que exatamente o fazem perceber o tema do livro, como afirma Hendel (1999:11): "Cada escolha feita por um designer causa algum efeito sobre o leitor. Este efeito pode ser radical ou sutil, mas normalmente está fora da capacidade do leitor descrevê-lo". As escolhas que o designer realiza em um projeto de um livro, que Hendel refere-se, são apresentadas neste projeto nos capítulos seguintes.
2.1.3 Tipografia
De forma simples, pode-se dizer que a tipografia é a organização e aparência de um texto no seu suporte. A função da tipografia é de facilitar a comunicação da informação
17 textual, e também relacionar o aspecto visual do texto com o conteúdo e outros elementos gráficos. De acordo com Hurlburt (1977:98), "A tipografia sempre foi o principal elemento da página impressa" e que atualmente, "a tipografia atinge o seu ponto de mais alta prioridade no mundo do design". Para o uso eficaz da tipografia, é necessário o entendimento das possibilidades visuais e de comunicação dos tipos. (Evans 2004: 118). A tipografia é formada por diversos elementos, entre eles, a fonte tipográfica, espaçamentos entreletra, entrelinha, alinhamento, cor, tamanho, estilos, etc. Primeiramente é importante o conhecimento da nomenclatura das partes das letras, pois são a partir delas que surgem as classificações e os critérios para análise e escolha de fontes tipográficas. De acordo com Ribeiro (2003:74) uma letra é composta pela cabeça ou ápice, serifa, barriga ou pança, base ou pé, haste ou fuste, montante ou trave e barra:
a. Barra: todas as partes horizontais das letras. b. Haste ou fuste: as partes verticais das letras. c. Barriga ou pança: as partes curvas das letras. d. Serifas: os traços decorativos nas extremidades das letras. e. Cabeça ou Ápice: parte superior das letras. f. Base ou pé: parte inferior das letras. g. Montante ou trave: parte inclinadas das letras.
18
Figura 2 – Partes das letras Fonte: Ribeiro, Milton. Planejamento Visual Gráfico. Brasília: LGE Editora, 2003, p. 74.
Ribeiro (2003:58) adota a classificação de tipos de Francis Thibaudeau, que classifica os tipos em quatro famílias-tipo: Bastão, Egipciana, Elzevier e Didot. Essa classificação é feita de acordo com a serifa existente, ou não, na base da letra. A família-tipo bastão não apresenta serifa. Sugerido para publicações de caráter técnico e trabalhos comerciais, por ser o mais simples e legível dos caracteres gráficos. Já a família Egipciana caracteriza-se pela base retangular e o aspecto sólido, equilibrado, estável, porém é pouco legível. São bastante usadas para textos curtos como avisos, catálogos, cartazes e títulos. O que identifica a família-tipo Elzevir é a sua elegância e serifa triangular. A boa legibilidade dá-se pelo equilíbrio de finos e grossos. Indica-se o seu uso em textos de livros e publicações de caráter clássico. Enquanto a família-tipo Elzevir é reconhecida pelo equilíbrio de traços finos e grossos, a Didot é indentificada pelo exagerado contraste de finos e grossos com uma serifa de traço fino. É utilizado tanto em obras comuns como em obras tradicionais.
19
Figura 3 – Classificação de tipos por famílias Fonte: Ribeiro, Milton. Planejamento Visual Gráfico. Brasília: LGE Editora, 2003, p. 74.
Certas características de tipos ainda posssuem designações especiais, como o itálico, cursivo, comum, negrito e caixa alta. (Ribeiro 2003:67,68)
a. Itálico: são todas as letras inclinadas para a direita. Exemplo: Itálico b. Cursivo: consiste em letras oblíquas, como o itálico, porém possuem hastes que quando as palavras são formadas, as letras parecem juntas, dando idéia de manuscrito. Exemplo: Cursivo. c. Negrito: é chamado de negrito quando os traços do tipo são fortes. Exemplo: Negrito
20 d. Redondo ou comum: Trata-se de uma designação genérica para todos os caracteres que não são inclinados. Exemplo: Comum e. Caixa alta: Também chamado de versal, capital, ou versalete, são as letras maiúsculas. Quando as maiúsculas são do mesmo tamanho das minúsculas, são chamadas de versalete.
2.1.4 Legibilidade
Os fatores que influenciam na boa legibilidade dos caracteres de acordo com Ribeiro (2003:68) são: dimensão, simplicidade do caracter, força, orientação e harmonia.
a. Dimensão: O tamanho das letras estão diretamente ligadas à sua legibilidade. Quanto menores, menos legíveis e cansativas são para o leitor, mas também quando exageradamente grandes, geram sensações negativas. b. Simplicidade: Quanto mais adornos o caracter possuir, como os do tipo decorativos, menos legível o texto será. c. Força: O equilíbrio entre a altura e largura das letras também influenciam na legibilidade. Letras muito grossas e baixas, ou finas e altas prejudicam a legibilidade. d. Orientação: Caracteres orientados na vertical são mais legíveis que os oblíquos, como os itálicos. e. Harmonia: Um texto deve ser composto por uma família de fontes que sigam um estilo, pois vários estilos em um texto prejudicam a legibilidade. A variação de estilos deve ser feito de modo que o texto não perca sua unidade de construção tipográfica.
21 2.1.5 Espaçamento e alinhamento
Atualmente com a editoração digital, é possível modificar o espaço entre as letras, linhas e alinhamento de um parágrafo sem dificuldades. O espaço entre letras pode ser modificados pelo kerning e o tracking. "O kerning é o ajustamento de espaços horizontais entre pares de caracteres específicos em um texto". Este recurso "[...] atua sobre a parte da letra que se estende ao espaço de um outro caracter". Já o tracking consiste no "controle do espaço médio entre os caracteres num bloco de texto." (Niemeyer, 2003:61-62) O espaço entrelinha é a "distância entre a linha base de uma linha do texto à linha de base da seguinte." Para qualquer tamanho de tipo, a entrelinha que corresponde a 125% do tamanho do tipo, garante uma boa condição de leitura do texto. (Niemeyer, 2003: 63)
Figura 4 e 5 – Espaçamento entre letras. Fonte: Niemeyer, Lucy. Tipografia: uma apresentação. Rio de Janeiro: 2AB, 2003, p. 62-63
Em relação ao alinhamento do texto na página, pode ser alinhado à margem esquerda, ou direita da página, centralizado em relação às margens ou ainda justificado. (Niemeyer, 2003: 64)
Figura 6 – Espaçamento entre linhas. Fonte: Niemeyer, Lucy. Tipografia: uma apresentação. Rio de Janeiro: 2AB, 2003, p. 64 .
22 2.2
PRODUÇÃO GRÁFICA
2.2.1 Papel
O suporte mais comum para o design gráfico é o papel. É nele que o trabalho do designer gráfico se concretiza e é o suporte onde o usuário tem acesso à informação. (Fuentes. 2006: 78). Assim, a escolha do papel é uma etapa muito importante. Os parâmetros que podem ajudar na escolha do papel são o valor subjetivo, que é relacionado à beleza, sofisticação, diferenciação, aparência; o custo, que varia de acordo com a tiragem ou característica do papel; a disponibilidade no mercado, pois o mercado de papel é sazonal, com excessão dos mais usados, como couché e offset; e as restrições técnicas de processos com certos papéis que algumas gráficas possam ter. (Oliveira, 2002:79) As propriedades que norteiam a escolha do papel são: gramatura, opacidade, grau de colagem, revestimento, lisura e textura, alcalinagem e alvura e cor. A gramatura do papel, que é expressa em g/m2, indica a sua espessura. Quanto maior a gramatura, maior é a grossura, o peso, o seu custo, a opacidade e rigidez da folha, e a lombada de encadernações. As opções de gramatura variam de acordo com o fabricante e o tipo de papel. Tendo como referência o papel offset, as gramatura são classificadas em baixa (até 60g/m2), média (60g/m2 a 130g/m2) e alta (acima de 130g/m2). A baixa gramatura é indicada para materias impressos em apenas uma face da folha, já a média gramatura abrange folders, miolos de livros, folhetos, entre outros. Para projetos que necessitam que o papel possuam uma rigidez e durabilidade maior, como capas, cartões, embalagens, os papéis de gramatura alta são os mais indicados. É importante ressaltar que acima de 180g/m 2, os papéis podem ser chamados de cartolina, e cartão quando acima de 225g/m2. Impressões em papéis acima de 300g/m2 são feitas em gráficas de cartonagem. (Oliveira, 2002:79) A opacidade é relacionada à transparência do papel. Quanto mais opaco, menos transparente a folha é, o que possibilita a impressão de ambos os lados da folha, sem que a impressão de uma página prejudique a leitura da página oposta. Os fatores que influenciam a
23 opacidade são a gramatura, o revestimento (ou a falta de), a sua cor, o grau de absorção da tinta, e o grau de colagem. (Oliveira, 2002:81) Em relação ao grau de colagem, Baer (2002:167) explica que "os papéis que possuem um alto grau de colagem, são destinados à escrita ou ao desenho que utilizem nanquim líquido, assim como os papéis empregados na impressão offset." Isto se deve pois "a colagem tem como finalidade evitar que a tinta se expanda sobre o papel e que as fibras absorvam água." Com excessão do papel-jornal, todos os papéis e cartões apresentam grau de colagem. Já os revestimentos têm como objetivo melhorar a qualidade da impressão, tornando a superfície do papel mais lisa e uniforme, com mais opacidade, brilho e alvura. Além dos revestimentos, há outra forma de deixar o papel mais liso: a calandragem, que consiste em pressionar o papel em um cilindro aquecido para modificar sua lisura e diminuir a textura. A alcalinagem do papel é medida com valores de pH do papel. Quanto mais alcalino, ou menos ácido, menor o tempo de secagem e maior a qualidade de impressão, pois as tonalidades das tintas se preservam mais que em papéis ácidos. A desvantagem dos papéis mais alcalinos é o rápido amarelamento e envelhecimento. Em relação à alvura e cor, os papéis de alta alvura geralmente são mais caros pois recebem produtos químicos branqueadores na sua fabricação. Já os papéis coloridos podem ser coloridos na massa, onde todo o papel recebe o pigmento da cor desejada ou pintados, na qual recebem uma impressão de tinta colorida. Os principais tipos de papéis de acordo com Baer (2002:173) são o papeljornal, papel offset, papel acetinado, papel-bíblia, papel bufon, papel vegetal, papel couché, papel sulfite, papel florpost, papel westerpost, papel bond ou superbond, papel imprensa, papel kraft natural, papel kraft branco, papel monolúcido, papel manilha, capa de cartão ondulado, miolo de cartão ondulado, cartão duplex, cartão tríplex, cartão bristol, papéis saturados com látex, papéis sintéticos, papéis metalizados, papéis auto-adesivos, papéis autocopiativos e os papéis para fins especiais. Os papéis do tipo offset e couché são os mais utilizados. O offset é freqüentemente usado em miolos de livros. Tem como característica a alvura, o calandrado razoável, a textura fosca e o baixo custo entre os papéis branqueados. Já o couché é mais caro, porém possui acabamento gessado que dá um brilho acetinado e textura lisa na área impressa. É um papel mais delicado ao manuseio. Há uma variação do couché, que chama-se couché mate, ou couché fosco, que é um pouco mais barato e menos brilhoso que o couché comum. É
24 freqüentemente usado em materias gráficos com verniz localizado, que geram partes brilhosas no papel de natureza fosca. (Oliveira. 2002:86) As características dos outros tipos de papéis de acordo com Bauer (2002) são:
a. Papel-jornal: Tem como característica a fácil descoloração, o baixo grau de colagem, a aspereza e geralmente tem a cor parda e é quebradiço. Este tipo de papel é utilizado para jornais, folhetos e materiais baratos. b. Papel acetinado: É brilhoso e liso porque é produzido com pasta química branca com revestimento e calandrado, desta maneira as impressões nesse papel nos sistemas tipográficos e offset possuem um bom resultado. É utilizado em revistas, livros, folhetos, catálogos, etc. c. Papel-bíblia: A baixa gramatura (padrão de 45g/m2) é a principal característica do papel-bíblia. Para aumentar a sua opacidade é feito de celulose branqueada e recebe carga mineral na sua produção. Também conhecido como papel Índia, é bastante utilizado em livros com muitas páginas, como a Bíblia, de onde veio o seu nome. d. Papel bufon: A característica do papel bufon é o seu volume. Ele é leve, encorpado e de estrutura macia, porém seu acabamento é áspero e fosco. Com gramaturas que variam de 63 a 110g/m2, é bastante utilizado na impressão de livros. e. Papel vegetal: É utilizado para decalques por seu alto grau de transparência e lisura. As gramaturas variam de 30 a 100g/m2. f. Papel sulfite: É fabricado nas gramaturas de 48, 54, 60, 72, 90 e 120g/m 2. Tem como característica a alvura e a baixa aspereza. É utilizado na confecção de cadernos, formulários e envelopes. g. Papel florpost: Sua gramatura é de 30g/m2 e tem acabamento de baixa aspereza. É conhecido como segunda via e é produzido nas cores branca, azul, rosa, verde, ouro e canário. h. Papel westerpost: Este papel é diferenciado por possuir o seu nome impresso em transparência com marca d'água. As suas gramaturas são de 72 a 120g/m2. i. Papel bond ou superbond: É usado na confecção de envelopes, encartes, talões de notas fiscais e segunda via. É fabricado com pasta química branqueada, com algo grau de colagem, alvura e lisura. Vem nas cores azul, verde, rosa, ouro e canário, e nas gramaturas de 16, 18, 20, 24 e 30g/m2.
25 j. Papel imprensa: Como o papel-jornal, ele é utilizado para impressões de jornais e periódicos de baixo custo. Não possui colagem nem calandragem e é vendido nas gramaturas de 45 a 55g/m2. k. Papel Kraft natural e branco: Por serem muito resistentes, são utilizados em sacos e embalagens. O Kraft natural vem na cor parda e o branco recebe branqueamento no seu processo de fabricação. Vêm em bobinas de gramaturas de 30g/m2. l. Papel monolúcido: Tem como característica uma superfície bem lisa e lustrosa em um dos lados da folha e áspero no outro. As gramaturas variam de 30 a 120g/m2 e são largamente utilizados em cartazes, rótulos, sacos e embalagens. m. Papel manilha: A resistência é sua propriedade principal. Nas cores brancas, acinzentado ou cores tingidas, é usado na fabricação de fichas e embalagens. n. Capa e miolo de cartão ondulado: Estes papéis compõem o cartão ondulado. A capa tem gramatura mínima de 120g/m2 ou possui várias camadas e reveste o miolo do cartão ondulado, que por sua vez é composto por papel de 120 a 150 g/m2, que são rígidos e resistentes. O cartão ondulado é utilizado para fabricação de caixas e embalagens robustas. o. Cartão duplex e tríplex: Estes cartões possuem duas ou três camadas de composições normalmente diferentes. Isto garante gramaturas altas (de 200 a 600g/m 2) de forma econômica e com boa qualidade superficial geralmente em uma das faces. São usados em caixas, pastas, cartuchos e similares. p. Cartão bristol: Papel bem calandrado, liso, com boa alvura, fino e de qualidade. Pode ter uma a seis camadas. As gramaturas vão de 158g/m2 a 350g/m2. Indicados para trabalhos que necessitam de um papel de qualidade. q. Papéis saturados com látex: Indicados para ambientes que necessitam de limpeza, são papéis com camada protetora que fornecem mais durabilidade e resistência à umidade. São muito usados em mapas, capas de livros escolares, rótulos adesivos, etc. r. Papéis sintéticos: Tecnicamente não são papéis pois não possuem celulose na composição. Requerem tintas especiais e cuidados especiais em seu processo de impressão. As vantagens são a resistência à umidade, ao rasgo superficial e grande durabilidade. s. Papéis metalizados: São papéis que possuem um revestimento metálico, por isso são opacos e impermeáveis e são utilizados para decoração, embalagens, alimentos, etc.
26 t. Papéis auto-adesivos: Como o nome sugere, possuem a capacidade de aderir-se em superfícies. Isto acontece pois são recobertos por adesivo em uma face do papel. Estes papéis são encontrados em etiquetas e fitas adesivas de papel Kraft. u. Papéis autocopiativos: Quando folhas deste tipo são empilhadas, estes papéis produzem cópias duplicatas das pressões exercidas pela escrita manuscrita na primeira página sem a necessidade de papel-carbono. Também são conhecidos como papel NCR, siglas de "No carbon required", que significa sem necessidade de carbono, na língua inglesa. v. Papéis para fins especiais: Estes papéis são produzidos para atender necessidades especiais. São opções alternativas para eliminar a necessidade de plastificação e envernizamento, o que pode permitir melhores valores de custo.
2.2.2 Formatos de papel
Os formatos de papel, que atualmente quase todos os países adotam, inclusive o Brasil é o padrão DIN (normas da indústria alemã). No Brasil adotaram-se os formatos AA, BB e AM que medem 76 x 112cm, 66 x 96cm, 87 x 114cm respectivamente. (BAER, 2002: 179) Oliveira (2002: 85) afirma que o formato mais comum e conseqüentemente mais usado no Brasil é o BB, mas é sempre importante entrar em contato com a gráfica, para certificar a disponibilidade do formato do papel escolhido. No anexo B do projeto, Ribeiro (2003:28) apresenta 28 planos de corte que aproveitam melhor o papel de formato 66 x 96cm.
2.2.3 Tintas
Assim como o papel, as tintas são fundamentais para a produção de um material gráfico. Com elas, a máquina de impressão registra no papel o trabalho do designer. Dada à
27 importância das tintas no processo de produção gráfica, é importante para o designer ter o conhecimento geral dos tipos de tintas usadas em cada processo de impressão e as suas características. As tintas para impressão podem ser classificadas como tintas gordurosas ou pastosas e as outras, que geralmente são as tintas líquidas ou fluídas: (BAER. 2002:144-148).
a. Tintas pastosas: São as tintas para a impressão tipográfica e planográfica. b. Tintas líquidas: Utilizadas na impressão rotográfica e flexográfica. c. Tintas permeográficas: Usadas para a serigrafia, também são conhecidas como tintas serigráficas. d. Tintas especiais / Tintas "moisture-set": A característica desta tinta é que não possuem cheiro desagradável, por isto são usadas para embalagens de produtos alimentícios. Geralmente usadas nas máquinas rotativas tipográficas. e. Tintas de alto brilho: Como o próprio nome sugere, são tintas que proporcionam alto brilho na área impressa. O brilho está diretamente relacionado de acordo com o papel utilizado, que deve ter uma boa uniformidade superficial. f. Tintas magnéticas: As aplicações com este tipo de tinta geralmente são feitas quando necessita-se identificar ou analisar informação. A Associação de Banqueiros Americanos a utilizavam para selecionar cheques eletronicamente por meio da magnetização dos caracteres. Estão disponíveis para impressão tipográfica e em offset. g. Tintas metálicas: Também conhecidas como tintas "ouro e prata", apresentam várias dificuldades na impressão offset, seja na parte produtiva como em relação ao acabamento. O hot stamping também é uma alternativa para conseguir efeitos metalizados. h. Tintas fluorescentes: Como contêm pigmentos fluorescentes, esta tinta, após receber radiações ultravioleta, emite radiações luminosas por um período. Podem ser aplicados tanto em offset, rotogravura e serigrafia, este último de efeito mais marcante. i. Tintas "cold-set": Esta tinta tem como característica a secagem sem necessidade de estufa. Requer papéis sem revestimento para que a tinta penetre rapidamente e assim seque. Desta forma são largamente usadas em periódicos pelo baixo custo e processo de impressão rápido. j. Tintas "heat-set": Ao contrário das "cold-set", esta tinta requer a secagem por aquecimento, seja por estufa ou cilindros aquecidos. Após aquecido é resfriado para evitar que a tinta torne-se pegajosa.
28 k. Tintas "quick-set": De secagem rápida, são adequadas para impressões em máquinas planas ou rotativas sem secadoras acopladas. São freqüentemente usadas em impressos em papéis revestidos de trabalhos que demandam alta velocidade de impressão e prazos curtos. l. Tintas para secagem com raios UV: Inicialmente utilizadas na impressão offset em suportes metálicos, também são bastante usadas na impressão flexográfica. São secadas por raios UV. m. Tintas invisíveis: Estas tintas tornam-se visíveis em contato com certos químicos ou em exposição na luz ultravioleta, a conhecida luz negra. São utilizadas como recurso para evitar a falsificação de impressos ou em livros infantis onde as ilustrações aparecem quando esfregadas com o grafite de um lápis.
2.2.4 Tipos de impressão
De acordo com Oliveira (2002) pode-se classificar em cinco, os tipos de sistemas de impressão: planografia, eletrografia, permeografia, relevografia, e os processos digitais diversos. A classificação dá-se em relação ao funcionamento da matriz, elemento este que tem contato com o papel e desta forma gera as cópias no papel.
a. Planografia: Neste processo de impressão, a matriz é plana e a tinta é fixada através de fenômenos físico-químicos de repulsão e atração. O offset e a litografia são processos planográficos. b. Eletrografia: Como na planografia, a matriz também é plana, porém fixa-se a tinta a partir de fenômenos eletrostáticos. c. Permeografia: Neste tipo de impressão, a tinta passa por uma matriz permeável. A serigrafia é um processo permeográfico. d. Relevografia: A matriz possue os elementos que serão impressos em alto relevo, os quais recebem a tinta e são impressos através de pressão no papel. A flexografia e a tipografia fazem parte deste processo.
29 e. Encavografia: A matriz é em baixo relevo, os elementos que serão impressos são em forma de sulcos que armazenam a tinta, e através de pressão, será trasferida para o papel. f. Processos digitais diversos: Não há uma matriz física, a impressão ocorre através de uma matriz virtual formada por um sistema informatizado. Fazem parte deste processo a impressão à jato de tinta e de sublimação, como as impressoras a laser.
2.2.5 Acabamentos
O acabamento consiste nas operações após a impressão. O refile, dobraduras e encadernação são considerados etapas obrigatórias de acabamento, porém nem sempre são realizados na própria gráfica, o que implica em um prazo maior de entrega. É importante ter o conhecimento dos tipos de acabamento e como são realizados. (OLIVEIRA, 2002:07). Refile: Denomina-se refile os cortes no papel que são essenciais para a finalização do impresso, sendo que sua realização poderá ocorrer em diversas etapas da produção. Dependendo da etapa na qual ocorre, o refile pode ter quatro funções diferentes: 1. eliminar as margens e marcas da impressão reproduzidas na folha de entrada em máquina; 2. em lâminas soltas, para separar as diversas unidades impressas (corte linear); 3. em impressos paginados, para “abrir” os cadernos após eles serem formados pela dobradura da folha de entrada; 4. para definir o formato definitivo do impresso, já na etapa final do acabamento (OLIVEIRA, 2002:107). Cortes: Utilizado quando há necessidade de usar lâminas específicas, não sendo possível empregar guilhotinas comuns (é o caso do refile). É bastante utilizado na confecção de embalagens, quando estas precisam de cortes limitados para a geração de abas, bem como, na valorização de layouts, com a inclusão de formas vazadas no papel (OLIVEIRA, 2002: 109). Dobradura: É preciso observar a gramatura e o tipo do papel utilizado para a determinação do número de dobras. É importante consultar a gráfica em relação a dobraduras. (OLIVEIRA, 2002:108). Vincagem: “O vinco é um sulco aplicado ao papel para facilitar seu manuseio ou a realização de dobras” (OLIVEIRA, 2002:109).
30 No caso de facilitar o manuseio, usa-se principalmente em capas de brochuras com lombada quadrada para permitir que a capa seja aberta sem forçar o papel. Para a realização de dobras, o vinco é utilizado em papéis de maior gramatura, principalmente quando a dobra é transversal à direção das fibras (OLIVEIRA, 2002:108). Encadernação: “Em geral, é a última etapa do acabamento de impressos paginados” (OLIVEIRA, 2002:109). A encadernação é utilizada em qualquer operação que tenha como resultado a união de páginas de uma publicação. Sendo assim, a encadernação pode ser classificada em cinco tipos: a. Canoa (ou dobra-e-grampo, ou encadernação a cavalo): por causa dos cadernos serem encaixados uns dentro dos outros, utilizando grampos na dobra dos formatos abertos, é a forma mais simples, barata e rápida para a confecção de brochuras. “O número total de páginas tem de ser múltiplo de quatro. Comum em revistas semanais e de baixo custo” (OLIVEIRA, 2002:109). b. Lombada quadrada (ou brochura sem costura): é feita por adesivo térmico, o qual dá uma sofisticada na aparência por criar uma lombada. “É muito utilizada em revistas mensais, sendo adequadas para volumes entre 40 e 200 páginas e que não se destinem a grande manuseio […]” (OLIVEIRA, 2002:110). c. Com costura e cola: “Mais resistente e de custo maior, é adequada para impressos com mais de 200 páginas (total sendo múltiplo de quatro) destinados a grande manuseio […] ou que exijam apresentação mais nobre” (OLIVEIRA, 2002:110). d. Com tela: É a mais resistente de todas e como consequência, é de maior custo. Somente é usada em grandes volumes, em edições de luxo ou para intenso manuseio. “O número total de páginas tem de ser múltiplo de quatro” (OLIVEIRA, 2002:110). e. Mecânica: Relativamente de baixo custo, é utilizado acessórios plásticos ou metálicos por meio de furos, como por exemplo aspirais, garra dupla, entre outros. “Não permite lombada e, dependendo do tipo do impresso, ela pode depor contra a publicação, por ser associada a apostilas e cópias piratas” (OLIVEIRA, 2002:111).
Capa: Há três tipos de capa, as quais estão diretamente ligadas à forma de encadernação, quais sejam: a. Capa brochura: É realizada com o mesmo papel do miolo ou com um tipo de papel um pouco mais encorpado e brilhoso […], é típica da encadernação canoa, da lombada
31 quadrada e livros com costura e cola. Em livros, é em geral utilizado o papel triplex, em torno de 250g/m2 (OLIVEIRA, 2002:111). b. Capa dura: é rígida e utilizada para publicações luxuosas ou para uma maior resistência ao manuseio, bem como, conjugada à encadernação com costura e cola e sempre com tela. c. Capa flexível (capa integral): “Versão intermediária entre a capa dura e a brochura, sendo mais barata do que a primeira e mais resistente que a segunda”. Utiliza-se recursos da capa dura, porém,a diferença é que não tem a base de papelão, sendo assim, bem menos rígida. Como normalmente é impressa com papel mais encorporado, pode receber revestimentos como laminações e vernizes. É usada para obter um custo menor que a capa dura e/ou para publicações de grande manuseio. “Pode ser utilizada com qualquer tipo de encadernação, inclusive canoa” (OLIVEIRA, 2002:111-112).
Revestimentos: Os revestimentos têm como objetivo o aumento da durabilidade e aparência do impresso. Podem ser a plastificação, laminação e o uso de vernizes. (OLIVEIRA, 2002:113) Plastificação: Seu objetivo principal é o aumento da durabilidade do impresso. São filmes plásticos que são aplicados no papel por calor e pressão. É bastante usada em capas. (OLIVEIRA, 2002:113) Laminação: Com objetivos e efeitos semelhantes da plastificação, a laminação é mais aderente e há mais tipos de materias para o revestimento. (OLIVEIRA, 2002:113) Verniz: As utilidades do verniz podem ser tanto para valorizar o impresso, destacar elementos gráficos e até aumentar a resistência do impresso em relação ao calor, abrasão, etc. Os vernizes mais populares são o verniz de máquina, verniz de alto brilho e verniz U.V. (OLIVEIRA, 2002:113) Gravação a quente (hot stamping): Consiste em um processo relevográfico que consegue coloração e brilho semelhante ao de uma impressão em metal, dando ao material gráfico um aspecto nobre. O seu uso não é recomendado para elementos visuais muito detalhados devido à baixa definição obtida. Timbragem: É um processo de impressão em relevo, que consiste em chapas metálicas fortemente pressionadas contra o papel. As impressoras automáticas para este processo são muito raras no Brasil. Também é conhecida como relevo seco. (OLIVEIRA, 2002:112)
32 Relevo americano: Em realidade, não se trata de um relevo, mas uma impressão tipográfica cujo resultado produz uma textura espessa, com efeito tátil. (OLIVEIRA, 2002:112)
2.3
IMAGEM
É evidente que o século XXI é o século das imagens. "A segunda metade do século XIX marcou o início de uma nova etapa na valorização cultural, social e econômica das imagens. Nunca existirá ou circulará tamanha quantidade de imagens." (DENIS, 2000:55). Atualmente vive-se num mundo por onde se olhe, há imagens, sejam estas estáticas como uma pintura, ilustração ou fotografia ou em movimento como um vídeo. Até mesmo certas cenas vivenciadas no cotidiano são relacionadas com imagens como afirma Sontag (1977:102): "Pessoas saturadas de imagens tendem a achar piegas os pores-do-sol; agora, infelizmente, eles se parecem demais com fotos". Lucia Santaella e Winfried Nöth. (1997:15) sintetizam como a imagem se organiza e atua: O mundo das imagens se divide em dois domínios. O primeiro é o domínio das imagens como representaçãoes visuais: desenho, pinturas, gravuras, fotografias e as imagens cinematográficas, televisivas, holo e infográficas pertencem a esse domínio. Imagens, nesse sentido, são objetos materiais, signos que representam o nosso meio ambiente visual. O segundo é o domínio imaterial das imagens na nossa mente. Neste domínio, imagens aparecem como visões, fantasias, imaginações, esquemas, modelos ou, em geral, como representações mentais. Ambos os domínios da imagem não existem separados, pois estão inextricavelmente ligados já na sua gênese. Não há imagens como representações visuais que não tenham surgido de imagens na mente daqueles que as produziram, do mesmo modo que não há imagens mentais que não tenham alguma origem no mundo concreto dos objetos visuais.
Com esta explicação, percebe-se o porquê de que atualmente a grande maioria das imagens criadas pelo homem parecem que já foram vistas anteriormente, que não é única, como também há vezes que depara-se em cenas reais que remetem à algum vídeo ou fotografia já visto. É a relação direta das imagens mentais e das representações visuais.
33 2.3.1 Fotografia
A fotografia é a obtenção de imagens através de uma câmera fotográfica. Diferentemente em relação à pintura ou desenho, por mais que o fotógrafo intervenha no processo da criação de uma fotografia, a imagem é gerada de forma automática por meios óticos e químicos (ou eletrônicos) da câmera fotográfica. (SONTAG, 1977:174) A invenção da fotografia engloba um conjunto de descobertas e invenções de pessoas e datas diferentes, mas pode-se afirmar que a primeira fotografia foi feita por Nicéphore Niépce em 1826, quando ele reuniu essas invenções com o fim de gerar imagens fotográficas. A fotografia se tornou popular em 1888 com a Kodak, empresa fundada por George Eastman, que encarregava-se de todo o processo técnico da fotografia, restando para os fotógrafos, basicamente apenas apertar o botão da câmera fotográfica. (BAURET, 1992:18-20) A fotografia é uma forma de expressão visual, uma linguagem que possui diversas formas e aplicações. Bauret (1992:12) faz uma analogia da fotografia com a escrita: "o romancista e o jornalista ambos "escrevem", mas temos de admitir que o sentido e o alcance das suas "escritas" divergem constantemente". Com os vários recursos e técnicas disponíveis, o fotógrafo pode criar imagens diferentes a partir de uma mesma cena. O ato de fotografar não se restringe em apenas gerar imagens, mas também é uma forma de confirmar a presença em um certo local, como fazem as pessoas que viajam e registram os locais por onde passaram, essa relação da fotografia com a verdade também é observada na utilização de imagens fotográficas em laudos técnicos, processos jurídicos, etc. Fotografar também pode ser considerado em apossar-se do objeto, lugar ou ser fotografado. Muitas culturas indígenas não permitem que sejam fotografadas justamente por acreditarem que a alma das pessoas é aprisionada em fotos. Um fotógrafo pode também retratar a realidade como no jornalismo, ou distorcê-la como na fotografia artística. (SONTAG, 1977)
34 2.3.2 Fotografia e realidade
Decorrente à forma de obtenção de uma imagem fotográfica, esta tornou-se conhecida como uma representação do real. Para a fotografia, "foi-lhe atribuída uma credibilidade, um peso de real bem singular" (DUBOIS, 1993:25). A ligação da fotografia com a realidade foi "a princípio atribuído à semelhança existente entre a foto e seu referente" (DUBOIS, 1993:25). Alguns críticos e teóricos defendem a idéia que a fotografia não é a representação do real, e sim a interpretação e até transformação da realidade, tanto da parte do fotógrafo como do observador da imagem. Mesmo assim, as pessoas relacionam a fotografia com a verdade pois, de modo geral, pode-se dizer que essa associação faz parte da cultura do ser humano, como na afirmação de Dubois de que a imagem fotográfica gera "um sentimento de realidade incontrolável do qual não conseguimos nos livrar apesar da consciência de todos os códigos que estão em jogo nela e que se combinaram para a sua elaboração" (DUBOIS, 1993:26).
2.3.3 Fotografia e design
Embora a fotografia existisse desde 1839, somente começou a ser aplicada em peças gráficas a partir de 1890 por motivos tecnológicos em relação à impressão em série. Porém antes mesmo da fotografia ser aplicada nas peças gráficas, as suas características visuais como enquadramento, composição, luz e sombra, já influenciavam a produção de imagens como pinturas, gravuras e desenhos. Na segunda metade do século 19, a fotografia modificou a relação do homem com as imagens pois nunca tantas imagens foram feitas e expostas até então. (DENIS, 2000:54-55) Newmark (2002:100) cita que Moholy-Nagy, em 1925, já afirmava que a combinação da tipografia com a fotografia iria tornar-se na nova linguagem visual. Linguagem esta que possibilita ao leitor, através de uma combinação de seqüência de texto e imagem, a percepção de um significado. A vantagem de uma imagem com texto em relação a um texto puro é o comprendimento imediato da informação. Isto se dá por causa da sua evidência espontânea,
35 pois o leitor percebe o conteúdo e forma ao mesmo tempo. Esta interação do texto com a imagem possibilita o leitor um compreendimento mais rápido e correto da mensagem. Neiva Jr. (2006:67) também defende o poder de persuasão da fotografia na seguinte afirmação:
As imagens fotográficas têm o apelo da evidência, que é, por si mesma, capaz de nos persuadir. Se um relato verbal quiser produzir o efeito de realidade, seria preciso que uma enunciação exaustiva de detalhes fosse perfilada.
Imagens são capazes de atrair a atenção e estabelecer fortes conexões com os seus observadores, e que cada pessoa observa a imagem de forma diferente. Uma imagem, como uma fotografia, para atrair e manter a atenção do observador necessita pelo menos uma destas características: conteúdo informativo ou relevante, conteúdo intrigante ou que estimule a investigação (da imagem), ou que tenha apelo estético ou emocional. (KRAUSE, 2004:189) Existem duas formas de utilizar a fotografia em um projeto gráfico. A primeira consiste em interferir o mínimo possível na foto, para isto mantêm-se o tamanho, formato, não há recortes, colagens ou montagens, e a tipografia é discreta. A segunda maneira é utilizar a fotografia como mais um elemento gráfico, o que possibilita o designer recortes, colagens, modificações de cor, proporção, tamanho, etc. (NEWMARK, 2002:92)
2.3.4 Linguagem fotográfica
Os diversos recursos da técnica fotográfica, hoje disponíveis, possibilitam a criação de uma linguagem fotográfica, assim como os outros meios de expressão visual. Newark (2002:92) afirma que a fotografia, apesar de ter apenas 150 anos de existência, possibilita ao fotógrafo, através da técnica fotográfica, saber as caracterísiticas de uma imagem, antes mesmo de fotografar. Os elementos principais que criam a linguagem fotográfica são o enquadramento e composição, foco e/ou desfoque, cor e tons, luz e sombra, velocidade de captura. (SOUZA, 2004). Através deles é possível dar ênfase ou não em algo na cena fotografada, transmitir diferentes conceitos, enfim, comunicar como qualquer outro meio de expressão visual.
36 2.4
CORES
A cor está impregnada de informação e é uma das mais penetrantes experiências visuais que todos têm em comum. Constitui uma fonte de valor inestimável para os comunicadores visuais. (DONIS, 2000:64) Donis (1997:64) afirma que as cores possuem significados: Também conhecemos a cor em termos de uma vasta categoria de significados simbólicos. [...] Cada uma das cores tem inúmeros significados associativos e simbólicos. Assim, a cor oferece um vocabulário enorme e de grande utilidade para o alfabeto visual.
De acordo com Farina (1986), as cores possuem significados psicológicos para o ser humano. As associações afetivas em relação às cores são:
Branco: Ordem, simplicidade, limpeza, bem, pensamento, juventude, otimismo, piedade, paz, pureza, inocência, dignidade, afirmação, modéstia, deleite, despertar, infância, alma, harmonia, estabilidade, divindade. Para os ocidentais simboliza a vida e para os ocidentais, morte, fim. Preto: Mal, miséria, pessimismo, sordinez, tristeza, frigidez, desgraça, dor, temor, negação, melancolia, opressão, angústia, renúncia, intriga. Cinza: Tédio, tristeza, decadência, velhice, desânimo, serenidade, sabedoria, passado, finura, pena, aborrecimento, carência vital. Vermelho: Dinamismo, força, baixeza, energia, revolta, movimento, barbarismo, coragem, furor, esplendor, intensidade, paixão, vulgaridade, poderio, vigor, glória, calor, violência, dureza, excitação, ira, interdição, emoção, ação, agressividade, alegria comunicativa, extroversão. Laranja: força, luminosidade, dureza, euforia, energia, alegria, advertência, tentação, prazer, senso de humor. Amarelo: Iluminação, conforto, alerta, gozo, ciúme, orgulho, esperança, idealismo, egoísmo, inveja, ódio, adolescência, espontaneidade, variabilidade, euforia, originalidade, espectativa. Verde: Adolescência, bem-estar, paz, saúde, ideal, abundância, tranquilidade, segurança, natureza, equilíbrio, esperança, serenidade, juventude, suavidade, crença, firmeza, coragem, desejo, descanso, liberalidade, tolerância, ciúme. Verde-azulado: Persistência, arrogância, obstinação, amor próprio, elasticidade da vontade. Azul: espaço, viagem, verdade, sentido, afeto, intelectualidade, paz, advertência, precaução, serenidade, infinito, meditação, confiança, amizade, amor, fidelidade, sentimento profundo. Roxo: Fantasia, mistério, profundidade, eletricidade, dignidade, justiça, egoísmo, grandeza, misticismo, espiritualidade, delicadeza, calma. Marrom: Pesar, melancolia, resistência, vigor. Púrpura: Engano, calma, dignidade, autocontrole, estima, valor. Violeta: Engano, miséria, calma, dignidade, auto-controle, violência, furto, agressão. Vermelho-alaranjado: Desejo, excitabilidade, dominação, sexualidade.
37 2.5
CARACTERÍSTICAS DO MERCADO
2.5.1 Mercado editorial
De acordo com a pesquisa "Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro 2006", patrocinada pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), em 2006, o mercado editorial brasileiro faturou R$ 2,88 bilhões em 2006, o que representa um aumento de 11,9% em relação ao ano de 2005. São 310 milhões de exemplares vendidos, 14,8% a mais do que o ano anterior e o número de títulos editados foi de 46.026, que é 10,8% a mais que 2005.
Tabela 1 – Tabela de produção e vendas do mercado editorial brasileiro. Fonte: CBL. Tabeka de produção e vendas. Disponível em: <http://www.cbl.org.br/pages.php?recid=58>
38
Verifica-se que o mercado editorial no Brasil está em crescimento desde 1990. Apesar de algumas oscilações nos números de títulos e exemplares produzidos e vendidos, não chegam a interferir no aumento anual do faturamento, que chega a ser mais de 3 vezes maior que em 1990. A área editorial é um mercado com boas oportunidades, pois atualmente consomese e gera-se muita informação e os diversos tipos de arte. Porém, qualquer mercado, inclusive o editorial deve estar preparado com as instabilidades na economia que a crise mundial econômica está gerando ou pode gerar.
2.5.2 Público leitor
O Instituto Pro-Livro (IPL), através do Instituto Ibope, realizou uma pesquisa em 2007 sobre o comportamento do leitor brasileiro, chamada de "Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil". A pesquisa englobou 92% da população brasileira (172.731.959 pessoas) e foram considerados como leitores, as pessoas que declararam ter lido pelo menos um livro nos últimos 3 meses. Dos entrevistados, 55% são considerados leitores. A pesquisa aponta que o brasileiro lê em média 4,7 livros por ano. A maior média são dos leitores da região Sul, de 5,5 livros anuais, e o menor índice é na região Norte, de 3,9 livros por ano. A estimativa aumenta de acordo com a escolaridade, entre os que têm formação superior, o número de livros lidos por ano é de 8,3. Os dados apresentam que a leitura, seja de livros, jornais, revistas ou outro suporte, está em quinto lugar na preferência de lazer do brasileiro. Os quatro primeiros são "assistir televisão", "ouvir música", "descançar" e "ouvir rádio". Dos entrevistados, são 63% os que lêem por prazer, gosto ou necessidade espontânea. O perfil da maioria destas pessoas que gostam de ler é de pessoas que possuem formação superior (79%), renda familiar acima de 10 salários mínimos (78%), são chefes de família (76%), trabalham e estudam (73%), são da classe A (75%) e B (74%), moradores da região Sul (72%) e jovens e adultos de 18 a 24 anos (67%) e 30 a 39 anos (68%). Apesar de que 77,1 milhões de pessoas (45% dos entrevistados) não leram nenhum livro nos 3 meses anteriores à pesquisa, há um crescimento geral no índice de leitura,
39 e em especial um aumento na leitura de livros de poesias, chegando até superar, em alguns estados, os livros religiosos na preferência dos entrevistados. Do total de mulheres que lêem, 32% têm a poesia como gênero mais lido, contra 22% dos homens. Os sete gêneros mais lidos são respectivamente a Bíblia, livros didáticos, romance, literatura infantil, poesia, histórias em quadrinho e livros religiosos. Os fatores que mais inflenciam na compra de uma obra são o tema, o título, a capa e o autor. Também é importante destacar que um grande número de entrevistados dizem-se sensíveis a influências de outras pessoas na escolha de um livro. Para o público de maior grau de escolaridade, e de renda maior os fatores mais importantes na escolha da obra são o tema e o título, já o público oposto, que são os de baixa escolaridade e renda, escolhem os livros por causa do autor. Um dado interessante sobre a maneira que os brasileiros lêem um livro, é que 55% dos entrevistados lêem apenas trechos e capítulos, 38% lêem de uma só vez, 11% lêem livros pulando página e 16% têm o hábito da releitura, porém 45% já releram pelo menos um livro. O lugar onde mais costuma-se ler é em casa (86%). (Pesquisa Retratos da Leitura do Brasil. Instituto Pro-Livro. 2007)
2.5.3 Público alvo
Tendo em vista a pesquisa realizada pelo Instituto Pro-Livro, o público com maior potencial para o projeto é formado por pessoas da classe A e B, de 18 a 28 com formação superior, que lêem por prazer, admiram e consomem artes como o cinema, fotografia, literatura, música, teatro e vivem em regiões metropolitanas. Também de acordo com a pesquisa, as pessoas de 30 a 39 anos, que são chefe de família e que possuem renda superior a 10 salários mínimos também é um público leitor potencial, porém será considerado como secundário no projeto pois o foco será no público citado primeiramente. O público alvo do projeto faz parte do chamado geração Y, que consiste no grupo de pessoas pessoas nascidas entre os anos 80 e 90, vivem em regiões metropolitanas e que além de receber muita informação, também as gera e as divulgam geralmente pela internet, que é um dos principais meios de informação e comunicação. Profissionalmente, preferem ter mais tempo para atividades pessoais que um trabalho com boa remuneração financeira que exijam mais tempo e dedicação. Já lidam naturalmente com a grande quantidade de imagens,
40 informações imediatas e visuais que recebem a todo instante. Seu nível de educação é alto, tem gostos variados, em que possuem preferência por esportes, artes, a leitura e viagens. (LOMBARDIA. 2008:54-59) Pode-se observar o estilo e costume do público alvo no painel semântico abaixo.
Figura 7 - Painel semântico do público alvo. Fonte: Fotografias: www.fotosearch.com.br
41 2.5.4 Análise de demanda
A pesquisa do Instituto Pro-Livro aponta que há no Brasil 95,6 milhões de leitores, dos quais 72% (68,8 milhões) dos que declararam gostar de ler estão na região Sul do país, e conseqüentemente a maior média de livros lidos anualmente por pessoa é na região Sul, que é de 5,5 livros por ano. Observa-se que há sim demanda no mercado editorial, e que tende a crescer. Também houve um aumento no índice de leitura no Brasil e destaca-se o crescimento da poesia na preferência dos leitores. Outro dado relevante é de que o ano de 2008 é marcado por eventos culturais, literários e sociais incentivando a literatura. Isto se deve por causa da homenagem ao centenário da morte de Machado de Assis. Esses eventos têm a grande chance de incentivar a aquisição de livros e conquistar novos adeptos, assim então mantendo ou até aumentando a demanda existente atualmente. (MinC, 2008)
2.5.5 Análise de similares
Através de uma consulta presencial no acervo presente nas livrarias Saraiva, Nobel, Eurobooks, Catarinense e Siciliano, todas de Florianópolis, chegou-se nos seguintes livros de poemas com algum tipo de imagem: a. “Brasil Natureza e Poesia” de Raimundo Gadelha b. “Cantáteis: Cantos e elegíacos de amozade” de Chico Cesar c. “Como que é que chama o nome disso: antologia” de Arnaldo Antunes d. “Longe é um lugar que não existe” de Richard Bach e. “Poemas dos becos de Goiás e estórias mais” de Cora Coralima f. “Portal de Sonhos” de Antônio Campos g. “Rremembranças da menina de rua morta nua e outros livros” de Valêncio Xavier h. “Tudos” de Arnaldo Antunes
42 i. “Villa Boa de Goyaz” de Cora Coralima
As obras citadas têm em comum imagens de linguagem objetiva como desenhos, colagens ou fotografias que são relacionadas com os poemas. Os materiais, acabamentos e os projetos gráfico dos livros listados não saem muito do padrão conhecido atualmente dos livros de poesia, que são textos com fontes serifadas, capa e contra capa de papel com revestimento, papel sem revestimento no miolo e encadernados com lombada quadrada. Destaca-se a obra de Antônio Campos, “Portal de Sonhos” (Campos, 2008), na qual há uma relação entre texto e imagem:
Figura 8 – Capa do livro Portal de Sonhos Fonte: Campos, Antônio. Portal de sonhos. São Paulo: IMC, 2008
Figura 9 – Imagem das páginas 36 e 37 do livro Portal de Sonhos Fonte: Campos, Antônio. Portal de sonhos. São Paulo: IMC, 2008, p. 36-37.
43
Figura 10 – Imagem das páginas 40 e 41 do livro Portal de Sonhos Fonte: Campos, Antônio. Portal de sonhos. São Paulo: IMC, 2008, p. 40-41.
As fotografias do livro “Portal de Sonhos” são em preto e branco, com excessão da capa e contracapa. Há uma variação entre imagens objetivas como pode-se observar nas imagens referentes às páginas 36 e 40 da obra de Antônio Campos. Somente o texto referente ao título do poema interage com a fotografia, já que o texto do poema está na página seguinte, que é branca. Em certos intervalos a fotografia ocupa duas páginas e o poema segue nas páginas seguintes como pode-se observar nas imagens referentes às páginas 64 e 65, 66 e 67.
Figura 11 – Imagem das páginas 64 e 65 do livro Portal de Sonhos Fonte: Campos, Antônio. Portal de sonhos. São Paulo: IMC, 2008, p. 64-65.
44
Figura 12 – Imagem das páginas 66 e 67 do livro Portal de Sonhos Fonte: Campos, Antônio. Portal de sonhos. São Paulo: IMC, 2008, p. 66-67.
2.6
PROSPECÇÕES E TENDÊNCIAS DO MERCADO
A internet é a grande tendência mundial, e o mercado editorial sentirá mudanças por causa da popularização do computador e do acesso à internet. Decorrente da queda dos preços dos computadores, do aumento do número de internautas, da facilidade de pagamento, e segurança do comércio on-line, as vendas pela internet subiram 45% no primeiro semestre de 2008, em relação ao mesmo período do ano passado. O número de consumidores na internet atingiu 11,5 milhões de pessoas no primeiro semestre, 42% a mais que no ano passado. (AGÊNCIA ESTADO, 2008) Desta forma, a compra pela internet é uma tendência que irá abranger mais pessoas, e conseqüentemente prospecta-se que o mercado editorial irá se beneficiar com isso através da venda de títulos pela internet. Outro fato relevante, é o acordo fechado da Google com associações norteamericanas de editoras em relação ao Google Book Search (Pesquisa de Livros do Google), que permitirá ao Google, disponibilizar na internet versões digitais de livros, para consulta, compra ou empréstimo e formas facilitadas para a compra de lívros físicos. Dependendo do livro, o conteúdo será disponibilizado integralmente ou parcialmente. De acordo com o próprio Google, essa biblioteca virtual está sendo inplantado incialmente nos Estados Unidos e futuramente em outros países que tenham interesesse no projeto.
45 2.7
OPORTUNIDADES E AMEAÇAS
Pode-se considerar a atual crise econômica como a maior ameaça para o mercado editorial, pois pode afetar todas as áreas ligadas a ele, como a indústria do papel, tintas, mão de obra, e o consumidor final. A popularização da internet no Brasil pode ser considerado tanto como uma oportunidade e também como uma ameaça ao mercado editorial. Em 2008 o Ibope contabilizou 42 milhões de usuários de internet no país, número que provavelmente crescerá a cada ano. (FOLHA ONLINE, 2008) Como oportunidade, é importante destacar o aumento das vendas pela internet. De acordo com os dados do e-bit (apud AGÊNCIA ESTADO, 2008), instituto de pesquisas sobre o comércio eletrônico, e pela Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico, as vendas pela internet em 2008 chegou ao valor de R$ 3,8 bilhões, 45% a mais em relação a 2007, e o produto mais vendido via web foi o livro, tendo 17% do volume de pedidos. Também é importante ressaltar que muitos países estão implantando o comércio do livro eletrônico, o chamado e-book, e em breve deve torna-se popular no Brasil. Este novo suporte é uma oportunidade para o mercado editorial, pois permite uma grande redução nos preços das publicações, mas também pode tornar-se uma grande ameaça por causa da pirataria, grande problema enfrentado pelo mercado fonográfico e cinematográfico atualmente, e que poderá atingir o mercado eletrônico de livros. (FOLHA ONLINE, 2008) A popularização do meio áudio-visual pode ser considerado como uma ameaça, pois de acordo com a pesquisa do Instituto Pró-Livro, a leitura está atrás da televisão, rádio e música na preferência de lazer dos brasileiros. Com o desenvolvimento e popularização da tecnologia, os meios audio-visuais vêm se expandindo cada vez mais e isto pode ser uma ameaça. (INSTITUTO PRÓ-LIVRO, 2007) A diminuição da taxa de analfabetismo, o aumento do número de estudantes do ensino médio e superior e o aumento na renda do brasileiro e as leis de incentivo à cultura podem ser eventos benéficos ao mercado editorial. Também é importante destacar que foi sancionada por Lei que o ano de 2008 é considerado como "Ano Nacional Machado de Assis", em homenagem ao centenário da morte do escritor. Desta forma o ano de 2008 é marcado por vários eventos literários e sociais promovendo a literatura brasileira e
46 incentivando a leitura. Estas ações certamente irão influenciar também no mercado editorial no ano de 2009. (IBGE, 2008) (MinC, 2008).
2.8
ANÁLISE DA EMPRESA CLIENTE
2.8.1 Fábio Bioca: O profissional
Em 1991, após ter trabalhado como vendedor de móveis tubulares em uma loja da fábrica, no Shopping Itália, em Curitiba, trabalhou como assistente administrativo em uma administradora de consórcio e, em seguida, como impressor serigráfico e desenhista ampliador, até ingressar no Banco Safra como escriturário. Começou o curso de Administração de Empresas na FAE/Bom Jesus e desistiu dois anos após. Selecionado pelo banco Econômico, trabalhou mais 3 anos no setor e, em 1994 entrou no jornal Gazeta do Povo como diagramador e na Z. Publicidade, como estagiário. Iniciou, neste mesmo ano, o curso de Desenho Industrial, na PUC-PR, que seria trancado 2 anos e meio depois. No início de 1996, ingressou na Zest Marketing Direto como artefinalista, de onde saiu 4 anos depois, como diretor de arte, para trabalhar na Heads Fischer América e Nextcomm Comunicação Dirigida. Algum tempo depois, pediu demissão da agência e passou a atuar como freelancer para várias agências, por ter identificado como um negócio mais rentável. Neste período, cursou 1 ano e meio da graduação em Gravura, na Escola de Música e Belas Artes do Paraná, até mudar para Santa Catarina. Em 2003, já em Florianópolis, trabalhou na então Eugênio WG, Macarson e Talens, quando decidiu empreender na criação da sua própria agência Uniqe, em sociedade com mais dois publicitários. No final de 2007, saiu da sociedade e já no início de 2008 abriu a Sinqo! Comunicação.
47 2.8.2 Fábio Bioca: O escritor
A poesia o influenciou desde cedo, quando em contato com a música e com obras de Vinícius de Morais, Chico Buarque e Luis de Camões, interessou-se pela arte. O interesse aumentou muito quando conheceu os trabalhos de Fernando Pessoa e quando ganhou um livro da Antologia Poética Brasileira, que decora sua estante até hoje. A identificação com escritores destes estilos se fortaleceu quando identificou a mesma necessidade e dificuldade de expressar idéias e sentimentos de maneira que se fizessem compreendidas e que causassem efeitos sugeridos através da percepção humana. Começou a escrever na escola e passou a fazê-lo durante as madrugadas, na sua adolescência. Desde então, escrever passou a ser um hobby e uma terapia para expulsar angústias e celebrar as alegrias da vida. Após receber o incentivo de algumas pessoas que tiveram acesso aos seus textos, Bioca começou a colecioná-los e cogitar a idéia de uma publicação. Seus textos são poemas que possuem uma linguagem subjetiva, inspirados nos sentimentos do cotidiano de Fábio. A temática da obra é a diversidade de sentimentos que o cotidiano da vida pode proporcionar.
2.8.3 Briefing
Para obter diretrizes que nortearão o projeto, Fábio Bioca informou os requisitos que a obra deverá possuir:
a. Ser diferente do convencional b. Haver interação entre fotografia e texto c. Ter fotografias e textos com o mesmo grau de importância d. Haver mais interação do leitor com a obra que os similares e. Estimular a sensibilidade do leitor
48 3
3.1
FASE CONCEITUAL
ANÁLISE DE DADOS
Analisando os dados da fase investigativa, nota-se a importância da imagem fotográfica no projeto de design gráfico, como também o cuidado da escolha da tipografia, materiais e processo de impressão. Outro dado relevante analisado em relação ao público alvo, tendências e requisitos dados pelo cliente, é a interatividade. De acordo com as pesquisas, o público alvo convive freqüentemente com mídias interativas, como a internet e também imagens, e mídias áudio-visuais. O leitor, que é formado por um público jovem, que possui fácil acesso à informação e consegue facilmente lidar com grandes volumes de dados, e que conseqüentemente é bem informado e crítico. Admira e consome os diversos tipos de cultura, artes e informação, como viagens, livros, revistas, fotografias, cinema, desenhos, literatura, dança, música e esportes.
3.2
CONCEITUAÇÃO
O conceito que irá nortear o projeto é a interatividade. Isto acontecerá por meio da interação do leitor com a obra, seja no quesito físico, este relacionado ao suporte, como também entre os elementos gráficos, e da interação da informação com o leitor. O objetivo é a sensibilização do leitor e a diferenciação do livro em relação à outros. A interatividade em relação ao suporte se dará por meio da adoção de formato, tipo de papel, e acabamento diferenciados. Utilizando um tipo diferente de encadernação ou o
49 fato de não utilizá-la estimularia a percepção do leitor em seu manuseio e armazenamento. Como foi constatado na pesquisa, 55% dos leitores brasileiros lêem apenas trechos e capítulos dos livros por vez, o que fundamenta a possibilidade de projetar um livro com as páginas de alguma forma soltas, modulares, ou não encadernadas. Isto abrangerá diferentes maneiras de interação da obra com o leitor. A aplicação de poemas nas imagens fotográficas, geraria a interação entre o texto e a imagem desejada tanto pelo cliente, como também pelo poder de comunicação que o conjunto imagem e texto têm. Também é importante ressaltar que as pesquisas de tendências e hábitos do público alvo, indicam que este convive com mídias interativas que exploram imagens, textos e sons, e desta forma, um livro com a interação de imagens e textos seria um atrativo para este público. As imagens, por sua vez, seguirão uma linguagem subjetiva, com a informação implícita, justamente para atrair a atenção e intrigar o leitor para a leitura do poema, que também possui uma linguagem subjetiva. Desta forma a leitura conjunta da fotografia com o texto, ajudarão o leitor a interpretar o poema. Texto e imagens serão elementos complementares entre si, para que o leitor exercite a sua sensibilidade para a interpretação do poema e entendimento da poesia. O conceito da interatividade, aqui adotado, tem como objetivo a sensibilização do leitor e a percepção ou criação de um valor agregado que a obra possuirá, de forma que deixará apenas de ser um livro, para tornar-se algo mais significativo para ele, como um instrumento de relaxamento ou exercício da sensibilidade ou até mesmo uma peça de arte.
50 4
4.1
FASE PRODUTIVA
CONTEÚDO / MIOLO
A obra conterá no total 38 poemas, porém serão apresentados neste projeto apenas 8 pois a produção das imagens ainda não foi finalizada por causa da sua extensão e também porque o processo de design é o mesmo em todas as imagens, não necessitando portanto da apresentação do desenvolvimento de todas as fotografias, visto que o processo de produção pode ser descrito com as oito imagens disponíveis. O primeiro passo em relação ao miolo, é definir a sua forma de apresentação e formato. Como apresentado na fase conceitual, as páginas sem algum tipo de encadernação, ou seja, lâminas soltas possibilitariam uma experiência diferente no manuseio da obra se comparado aos livros encadernados. Uma vez definido que as páginas serão soltas, é necessária a definição da sua dimensão. O formato de papel mais usado nas gráficas do Brasil é o BB, que mede 66 x 96 cm. Baseado nos vários planos de corte apresentados por Ribeiro (2003:28), o formato de página escolhido é de 15,5x23cm, que provem do 16,5 x 24cm, com decréscimo de 0,5cm em cada lado por causa da sangria que é necessária para o refile. O motivo da escolha é o seu bom aproveitamento da folha BB, que rende 16 folhas, a sua proporção que é próxima das imagens fotográficas, que é de 2:3, e pela sua dimensão média, que juntamente a um papel de gramatura alta, confere uma rigidez maior que um papel de dimensões maiores da mesma gramatura, já que é uma característica importante para o projeto. Inicialmente foi cogitado a utilização de papel reciclado para um menor impacto ambiental, porém a impressão perde a sua qualidade neste tipo de papel e desta forma esta opção foi descartada pois a qualidade de impressão, principalmente da fotografia é de suma importância neste projeto pois o público alvo convive e prefere imagens de boa qualidade. Portanto, o tipo de papel que será utilizado para as páginas é do tipo cartão com revestimentos nas duas faces (pois receberá impressão nas duas faces) com gramaturas de 250 a 300g/m2. Este papel proporciona rigidez sem ser muito espesso e também é importante
51 ressaltar que o papel cartão com gramatura de até 300g/m2 é compatível com o processo de impressão da maioria das gráficas, pois acima dessa gramatura é necessário recorrer às gráficas de cartonagem. Atualmente os papéis cartão evoluíram bastante ao ponto de aceitarem todo tipo de aplicação, tinta e acabamento nas duas faces. Com o formato de página definido, geraram-se alguns estudos em relação à interação da imagem com o texto com base nos exemplos de disposição de texto de Koren e Meckler. Como a produção das fotografias é especificamente para o projeto, é importante a definição de como o texto será disposto e como irá interagir com a imagem para que as fotografias tenham uma linguagem compatível à solução adotada. (KOREN; MECKLER, 1989) Exemplos de disposição de texto
Figura 13 – Disposição de texto 1 Fonte: Koren, Leonard; Meckler, R. Wippo. Graphic Design Cookbook. San Francisco: Chronicle Books, p. 74.
Figura 14 – Disposição de texto 2 Fonte: Koren, Leonard; Meckler, R. Wippo. Graphic Design Cookbook. San Francisco: Chronicle Books, p. 78.
52
Figura 15 – Disposição de texto 3 Fonte: Koren, Leonard; Meckler, R. Wippo. Graphic Design Cookbook. San Francisco: Chronicle Books, p. 77.
Figura 16 – Disposição de texto 4 Fonte: Koren, Leonard; Meckler, R. Wippo. Graphic Design Cookbook. San Francisco: Chronicle Books, p. 82.
Figura 17 – Disposição de texto 5 Fonte: Koren, Leonard; Meckler, R. Wippo. Graphic Design Cookbook. San Francisco: Chronicle Books, p. 79.
A partir dos modelos apresentados por Koren, foram gerados alguns estudos da disposição dos textos e a interação com a imagem fotográfica.
53
Figura 18 – Estudo de disposição de texto 1 e 2
Figura 19 – Estudo de disposição de texto 3 e 4
54
Figura 20 – Estudo de disposição de texto 5 e 6
Entre as alternativas geradas, as de número 4, 5 e 6 apresentam uma interação maior com a imagem que as alternativas 1, 2 e 3. Isto porque o modo que o texto é disposto é baseado pelos elementos da imagem fotográfica. Apesar da alternativa 6 ser a que apresenta mais interação com a imagem, a legibilidade e organização pode ser prejudicada com a aplicação de textos mais longos. Com essas observações, a opção escolhida para nortear o trabalho é a de número 5, que consiste em alinhar o texto tendo como referência algum elemento da imagem fotográfica e mantendo a orientação horizontal do texto, e o sentido de leitura das linhas ser da esquerda para a direita. É importante que a fotografia tenha grandes áreas limpas, ou seja, que possibilitem a aplicação do texto sem que os elementos da fotografia prejudiquem a legibilidade e que haja espaço suficiente para todo o texto. Para a produção das fotografias, Fábio Bioca forneceu desenhos de referências visuais e palavras chave relacionadas a cada poema. A partir dessas referências, foram realizadas as imagens fotográficas com atenção em relação à composição e os elementos da imagem, para uma melhor aplicação do texto. A seguir, os poemas com as respectivas referências visuais de Fábio Bioca:
55 Desengano Sangra, ao marulhar das tuas lembranças absurdas, minha memória insana. As rôtas lamentações que adornam meus pavilhões ensurdecidos são as rezas débeis do que me fôra a fé, incrédula. Foram-se os dias felizes... Foi-se a alegria, restam-me os dias... Sonhos emboloram-se feitos tolices obscenas rebocadas nas paredes frias do meu coração infanto. E o riso? Jaz só riso, desdentado e enjaulado pelo delito insólito de crer na candura dos teus olhos incontempláveis. Que seriam as fontes da purificação do corpo, refrigério da alma e teu colo acolheria todo o desalento da espera da tua primeira vista. Sangro ao banhar em tuas lembranças absurdas, minha esperança humana.
Desenhos de referências visuais do poema:
Figura 21 – Desenhos de referências visuais do poema “Desengano” Fonte: Fábio Bioca Foz Jorram minhas águas das nascentes e, ao franzí-las pretejando a escuridão, já retalham-me a face os afluentes escorrendo até as tramas do algodão. Tanta dor, espasmos, prantos incontidos na bacia do meu rosto contraído, cachoeiras, corredeiras invisíveis, inaudíveis num gemido agonizante vão sumindo no efeito ressecante da erosão no meu sorriso destruído. Submergem no teu mar indiferente pra acordar em meu deserto amanhecido.
56
Figura 22 – Desenhos de referências visuais do poema “Foz” Fonte: Fábio Bioca Amanhã Sentado à beira do cais Avisto o navio partindo. E, a água que o vento traz, Ao tocar meus dedos faz Eu relembrar, sorrindo, O quanto quis chegar ao cais... Em terra firme, agora, Solitário nesse inverno... A nau Tempo indo embora Na tristeza de quem chora Querendo que fosse eterno O terceirão de outrora...
Figura 23 – Desenhos de referências visuais do poema “Amanhã” Fonte: Fábio Bioca Oásis Ah, quem me dera toda peregrinação vertesse ao aconchego dos teus lábios e a aridez da minha boca se fartasse dos teus beijos à inundação... Toda dor seria riso e o improviso, minha flor, pra adornar o paraíso seria tudo que preciso, sem voltar nem dar aviso, só pensar no meu amor.
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Figura 24 – Desenhos de referências visuais do poema “Oásis” Fonte: Fábio Bioca Catatonia A violência das tuas lembranças me sequestram sorrisos espásmicos. Enquanto meu mundo eclode aqui continuo sedado, ignóbil, como ontem. Sou planta, balançando ao vento à espera do sol que bate às quatro para cauterizar em minha carne as úlceras que nasceram da tua ausência. Nada faz sentido. Nem som, nem cor ou movimento. Só o vácuo... A inanição. Nunca chega o então. Não há novidade na repetição... Sigo o compasso religiosamente pontual. A inconclusiva cardiopatia. Já não houve. Não havia mais.
Figura 25 – Desenho de referência visual do poema “Catatonia” Fonte: Fábio Bioca Insolação Incandesça, solidão maldita! Escaldando, impiedoso sol sobre meus lombos, extraindo o meu sumo em lágrimas púrpuras e me gerando angústia grave... Tão aguda que me dilacera como onda entre recifes e encostas dos meus próprios anseios.
58 Escorra-me o chôro em fiapos de mar exaustos, salguando a minha carne e as escaras da tua ausência. Ainda assim, a imensidão do meu sentimento oceano, apesar da exaustão opróbria, não se exala ante teu hálito incendiário, mas se arrebenta sobre pausas pontiagudas entre os abraços tão ausentes daquela que me é sombra fresca e agradável.
Figura 26 – Desenhos de referências visuais do poema “Insolação” Fonte: Fábio Bioca
Após a análise dos desenhos referentes aos poemas, foram produzidas as seguintes fotografias:
Figura 27 – Fotografia para o poema “Foz” Figura 28 – Fotografia para o poema “Amanhã”
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Figura 29 – Fotografia para o poema “Oásis” Figura 30 – Fotografia para o poema “Catatonia”
Figura 31 – Fotografia para o poema “Insolação” Figura 32 – Fotografia para o poema “Desengano”
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Figura 33 – Fotografia para o poema “Segunda” Figura 34 – Fotografia para o poema “Colisão”
Com as fotografias produzidas, iniciou-se o processo de geração de alternativas, começando com a aplicação do texto na primeira imagem. A legibilidade do texto ficou prejudicada na aplicação da fotografia original por causa do alinhamento pela direita, tendo como referência a área escura da imagem. A fotografia foi invertida no sentido horizontal com o fim de alinhar o texto pela esquerda, porém o sentido da leitura do texto ficou da direita para a esquerda, o que é o oposto das culturas ocidentais. Como solução, a imagem foi novamente invertida, mas no sentido vertical. Desta maneira o texto foi alinhado pela esquerda e o sentido de leitura é da esquerda para a direita, criando uma interatividade do texto com a fotografia, sem prejudicar a legibilidade, portanto esse padrão será mantido nas outras aplicações. A seguir, as imagens da geração de alternativas:
61
Figura 35 – Geração de alternativa 1 Figura 36 – Geração de alternativa 2
Figura 37 – Geração de alternativa 3 Figura 38 – Geração de alternativa 4
62 Após a definição do padrão de aplicação e organização do texto nas fotografias, gerou-se então alternativas com algumas fontes tipográficas sem serifa para a seleção da que será usada no projeto. As fontes aplicadas foram a Myriad Pro, Optima, Helvetica, Arial e Gill Sans. A selecionada foi a Myriad Pro por causa das suas linhas simples que oferecem uma boa legibilidade e pelo curto comprimento das palavras que são formadas com essa fonte, o que resulta em linhas menos extensas.
Figura 39 – Alternativa com fonte Myriad Pro
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Figura 40 â&#x20AC;&#x201C; Alternativa com fonte Optima
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Figura 41 â&#x20AC;&#x201C; Alternativa com fonte Helvetica
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Figura 42 â&#x20AC;&#x201C; Alternativa com fonte Arial
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Figura 43 â&#x20AC;&#x201C; Alternativa com fonte Gill Sans
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Figura 44 â&#x20AC;&#x201C; Alternativa final com fonte Myriad Pro
68 As alternativas de estudo de fonte, foram realizadas com tamanho de fonte 11pt e espaçamento entrelinhas de 20pt, para sanar dúvidas em relação ao tamanho da fonte, e espaçamento entrelinhas foram geradas algumas alternativas com o tipo de fonte escolhida nos tamanhos 10 pt e 12pt para analisar o espaço ocupado e a legibilidade. O tamanho que proporcionou uma boa legibilidade sem que o texto ocupasse muito espaço foi o de 11pt com espaçamento entre linhas de 20pt. Já o tamanho do título é de 85pt, com espaçamento entreletras de -60.
Figura 45 – Estudo com tamanho de fonte 10pt Figura 46 – Estudo com tamanho de fonte 12pt
Já em relação à cor da fonte, desejou-se uma opção que se integrasse com a imagem. Foram geradas alternativas com cores semelhantes à área da fotografia onde o texto é aplicado (Figuras 45 e 46), como também em branco (Figura 49) e em preto (Figura 47). Constatou-se que utilizando as fontes em branco nas áreas escuras e preto nas claras, com porcentagens de transparência de 45% a 75% (Figuras 48 e 50), dariam os resultados almejados de integração com a imagem e com legibilidade. Então isto foi definido como padrão. Imagens de estudo de cor das fontes:
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Figura 47 – Alternativa com fonte em preto Figura 48 – Alternativa com fonte em preto com transparência
Fiigura 49 – Alternativa com fonte em branco Figura 50 – Alternativa com fonte em branco com transparência
70 Para o poema "Colisão", o texto inicialmente foi aplicado em preto e mudado para branco por causa da legibilidade. Após rotacionar a imagem com o propósito de posicionar o texto em outra área, verificou-se que nas duas alternativas, o texto estava alinhado na direita, o que dificulta a sua leitura. Na alternativa final, a fotografia foi mantida na sua orientação original, porém redimensionada na página para a aplicação do texto com alinhamento à esquerda.
Figura 51 – Geração de alternativa para o poema “Colisão” 1 Figura 52 – Geração de alternativa para o poema “Colisão” 2
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Figura 53 – Alternativa selecionada para o poema “Colisão”
72 As fotografias referente ao poema "Catatonia" e "Foz" possuem em comum uma grande área escura, onde o texto foi colocado. O alinhamento do texto segue o formato da área escura da imagem. Para um alinhamento à esquerda, a fotografia do poema "Foz" foi invertido horizontalmente, como também nas imagens do texto "Amanhã" e "Insolação", neste último também foi necessário a inversão no sentido vertical para que o conjunto ficasse equilibrado.
Figura 54 – Geração de alternativa para o poema “Catatonia” Figura 55 – Alternativa selecionada para o poema “Catatonia”
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Figura 56 – Geração de alternativa para o poema “Foz” 1 Figura 57 – Geração de alternativa para o poema “Foz” 2
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Figura 58 – Alternativa selecionada para o poema “Foz”
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Figura 59 – Geração de alternativa para o poema “Amanhã” 1 Figura 60 – Geração de alternativa para o poema “Amanhã” 2
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Figura 61 – Alternativa selecionada para o poema “Amanhã”
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Figura 62 – Geração de alternativa para o poema “Insolação” 1 Figura 63 – Geração de alternativa para o poema “Insolação” 2
Figura 64 – Geração de alternativa para o poema “Insolação” 3
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Figura 65 – Alternativa selecionada para o poema “Insolação”
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Figura 66 – Geração de alternativa para o poema “Segunda” Figura 67 – Geração de alternativa para o poema “Desengano”
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Figura 68 – Alternativa selecionada para o poema “Segunda”
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Figura 69 – Alternativa selecionada para o poema “Desengano”
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4.2
SUPORTE / EMBALAGEM
Com o miolo definido, é necessário projetar um suporte que irá permitir o armazenamento, o acesso e a exposição do conteúdo, como uma embalagem, já que as páginas serão lâminas soltas. É importante também que o suporte também contenha informações sobre a obra, como nas capas e contracapas de livros. Foram geradas três alternativas de embalagens para o conteúdo. A primeira consiste em uma caixa com uma pequena abertura na parte superior, na qual as folhas seriam retiradas deslizando-as para cima. O objetivo desta alternativa é de estimular o leitor a sacar todas as páginas e manuseiá-las ou apenas retirando uma página aleatoriamente para a leitura do poema. A segunda alternativa também é uma caixa, porém com uma abertura maior, facilitando o acesso ao conteúdo, com o objetivo de estimular o usuário a retirar todas as páginas para uma maior manipulação do conteúdo. Já a terceira alternativa consiste em um tipo de pasta, que através de dobras e abas, armazena o conteúdo e possibilita a exposição de uma lâmina como um porta-retrato.
Figura 70 – Alternativa para embalagem 1 Figura 71 – Alternativa para embalagem 2
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Figura 72 – Alternativa para embalagem 3
A alternativa selecionada para ser o suporte do conteúdo é a de número 3 por causa do seu processo de producão que é mais simples que as outras alternativas e pela característica de ser um expositor, o que possibilita ao leitor uma experiência de uso diferente. O poema sái do contexto do livro, de obra literária, para um contexto de apreciação e exposição como uma peça de arte ou um objeto afetivo que irá estar exposto no ambiente que o usuário se encontra. Após a seleção da alternativa, iniciou-se a etapa de desenvolvimento da embalagem. Após alguns estudos, testes e ajustes, a planificação da embalagem foi produzida.
Figura 73 – Desenvolvimento da embalagem 1 Figura 74 – Desenvolvimento da embalagem 2 Figura 75 – Desenvolvimento da embalagem 3
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Figura 76 – Desenvolvimento da embalagem 4 Figura 77 – Desenvolvimento da embalagem 5 Figura 78 – Desenvolvimento da embalagem 6
Figura 79 – Planificação da embalagem
85 Com a planificação definida, o próximo passo é a aplicação das informações referentes à capa e contra-capa. Como muitos dados ainda não foram definidos por parte do cliente, como o texto da contra-capa, que é provisório.
Figura 80 – Embalagem planificada com texto e imagens aplicados
86 Especificações técnicas para produção
Lâminas dos poemas:
Papel cartão 300g/m2 com revestimento couché nas duas faces da folha
Formato 15,5 x 23 cm
Impressão 4 cores em ambas as faces (4x4) com aplicação de verniz a base d'agua
Embalagem:
Papel cartão 300g/m2 com revestimento couché em uma face
Dimensão planificado: 58,4 x 47,1 cm
Dimensão aproximada fechado: 23,2 x 15,7 x 1,2 cm
Impressão 4 cores em uma face (4x0) com aplicação de verniz a base d'agua
Corte em faca especial e vincagem.
Orçamento para produção Foi orçado na Gráfica Grafine, no dia 10 de Setembro de 2008, a produção do material, prevendo que o conteúdo seja composto por 20 lâminas de papel cartão Suzano Supremo Alta Alvura20 de 300g/m2, papel este também utilizado na embalagem. Os valores do miolo da obra para uma tiragem de 1000, 5000 e 10.000 exemplares são respectivamente de R$8.800,00, R$30.900,00 e R$55.400,00 e para a embalagem os valores são de R$2.550,00, R$8.495,00 e R$15.700,00 para 1000, 5000 e 10.000 exemplares.
87 5
CONCLUSÕES GERAIS
Com o desenvolvimento deste projeto, observa-se que apesar da popularização da informática, da internet e das mídias áudio-visuais, o mercado editorial ainda tem potencial no Brasil. Apesar dos dados relacionados aos leitores no Brasil não serem satisfatórios, o número de brasileiros que possuem o hábito da leitura está aumentando e também a preferência dos leitores nos livros de poesia. A escolha do público alvo para o projeto foi baseada na pesquisa do perfil das pessoas que lêem por prazer, que são jovens de aproximadamente 18 a 28 anos, universitários ou com formação superior, com boa escolaridade e acesso à informação. Estas pessoas fazem parte de um grupo chamado de geração Y, que são grandes consumidores de serviços, produtos, informação e cultura, o que o tornam um público potencial para o produto deste projeto, que abrange as áreas da cultura, informação, e de certa forma artes visuais. É evidente a importância do design no projeto, tanto para evitar falhas como otimizar recursos e gerar soluções viáveis e inovadoras. A teoria e regras do design são de fato importantes para nortear o processo de desenvolvimento, principalmente para este projeto, que apesar do produto final parecer simples, o trabalho de produção é extensa e demorada. Depende-se das condições climáticas para a realização de algumas imagens, como também uma pesquisa de locais ou objetos a serem fotografados. Fato marcante também é o fator facilitante das imagens fotográficas serem criadas pelo designer responsável pelo material gráfico. Apesar de que muitos dados não foram definidos por parte do autor até a entrega deste trabalho acadêmico, foi possível a elaboração deste trabalho de conclusão de curso, descrevendo as etapas do processo de design adotado e apresentando uma solução viável para o problema inicial. Conclue-se que a obra de Fábio Bioca não limita-se apenas no meio impresso, mas este pode servir de base para outros futuros suportes, como a internet, o vídeo, até mesmo uma intervenção urbana ou um tipo de movimento cultural. Atualmente, na era digital, quase todo objeto material está ligado de certa forma no mundo virtual, mais especificamente a internet. Ao mesmo tempo que as pessoas podem adquirir CDs de músicas, revista e livros em estabelecimentos comerciais, a aquisição destes objetos, seja físico ou digitalizados, podem ser realizados virtualmente pela internet. Esta realidade irá se tornar cada vez mais freqüente já que a internet está se tornando cada vez mais popular no Brasil e no mundo.
88 REFERÊNCIAS
ADG, O Valor do Design: Guia ADG Brasil de prática profissional do designer gráfico AGÊNCIA ESTADO. Disponível em < http://g1.globo.com > . Acessado em 30/09/08 BAER, Lorenzo. Produção Gráfica. São Paulo: Senac, 2002 BAURET, Gabriel. A fotografia. São Paulo: Edições, 1992 BÜRDEK, Bernhard. História, teoria e prática do design de produtos: Edgard Blücher, 2006 CBL. Disponível em < http://www.cbl.org.br >. Acessado em 25/09/08 DENIS, Rafael Cardoso. Uma introdução à história do design: Edgard Blücher, 2000. DONDIS, Donis. Sintaxe da Linguagem Visual. São Paulo: Martins Fontes, 2000 DUBOIS, Philippe. O ato fotográfico e outros ensaios. Ofício de arte e forma, 1993 FARINA, Modesto. Psicodinâmica das cores em comunicação. São Paulo: Edgard Blücher, 1986 FOLHA ONLINE. Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u451040.shtml>. Acessado em 27/10/08 FUENTES, Rodolfo. A prática do design gráfico. São Paulo: Edições Rosari, 2006 HENDEL, Richard. O design do livro. Granja Viana: Ateliê Editorial, 1999. HURLBURT, Allen. Layout: o design da página impressa. São Paulo: Nobel, 1977. IBGE. Disponível em <www.ibge.gov.br>. Acessado em 25/09/08 IDSA. Disponível em <http://www.idsa.org/absolutenm/templates/default.aspx?a=89&z=23>. Acessado em 27/08/08 INSTITUTO PRÓ-LIVRO. Disponível em < www.prolivro.org.br >. Acessado em 21/09/08 KRAUSE, Jim. Design basics index. HOW Design Books, 2004 KOREN, Leonard; MECKLER, R. Wippo. Graphic Design Cookbook. San Francisco: Chronicle Books, KOSSOY, Boris. Fotografia e história. São Paulo: Ática, 1989
89 LOMBARDÍA, Pilar Garcia. Quem é a geração Y. Revista HSM Management, São Paulo, p. 54-59, setembro-outubro. 2008 MinC. Disponível em < http://www.cultura.gov.br/site/2008/06/09/ano-nacional-machado-deassis-2 >. Acessado em 26/09/08 MUNARI, Bruno. Das coisas nascem coisas. São Paulo: Martins Fontes, 1998 NEIVA JR, Eduardo. A Imagem. São Paulo: Ática, 2006 NEWMARK, Quentin. What is Graphic Design: Gustavo Gili, 2002 NIEMEYER, Lucy. Tipografia: uma apresentação. Rio de Janeiro: 2AB, 2003. NÖTH, Winfried. Imagem: Cognição, semiótica, mídia. São Paulo: Iluminuras, 1997. OLIVEIRA, Marina. Produção gráfica para designers. Rio de Janeiro: 2AB, 2002. RIBEIRO, Milton. Planejamento visual gráfico. Brasília: LGE, 2003 SONTAG, Susan. Sobre Fotografia. São Paulo: Schwarcz, 1977 SOUZA, Jorge Pedro. Fotojornalismo. Florianópolis: Lohas Contemporâneas, 2004 VILLAS-BOAS, André. O que é [e o que nunca foi] design gráfico. Rio de Janeiro: 2AB, 2003.
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ANEXOS
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ANEXO A – Poemas de Fábio Bioca
Desengano Sangra, ao marulhar das tuas lembranças absurdas, minha memória insana. As rôtas lamentações que adornam meus pavilhões ensurdecidos são as rezas débeis do que me fôra a fé, incrédula. Foram-se os dias felizes... Foi-se a alegria, restam-me os dias... Sonhos emboloram-se feitos tolices obscenas rebocadas nas paredes frias do meu coração infanto. E o riso? Jaz só riso, desdentado e enjaulado pelo delito insólito de crer na candura dos teus olhos incontempláveis. Que seriam as fontes da purificação do corpo, refrigério da alma e teu colo acolheria todo o desalento da espera da tua primeira vista. Sangro ao banhar em tuas lembranças absurdas, minha esperança humana. 30/11/99 - 1h05 Fração Fecho os olhos, ergo a cabeça e sinto algo tênue povoar minhas entranhas. Meio prazer, meio dor, percorre-me corpo e alma a tua ausência. Meio pecado, meio dom, arranha-me o peito tua possível presença. Meio repulsa, meio atração, abraçam minhas idéias tuas palavras. Meio loucura, meio razão, te desenham os meus atos mais ingênuos. Meio abstrato, meio real, desvanece meu pensamento... Abro os olhos, baixo a cabeça e dentro de mim mantém-se o rarefeito. Meio real, meio abstrato evanesce meu pensamento. Meio você, meio eu, defronto-me dia a dia, cada vez mais você. Sem título Um dia tive saudade de tudo. Pobre de mim, não vencera o tempo, Mas em tudo o tempo me vencera. Vivemos bem eu e a saudade... Reforma Resolvi mudar o amor. Decidi fazer valer a liberdade. Desisti da onipresença. Descobri que amar você vai muito além de tê-la. É te fazer feliz. E ser feliz com uma simples risada tua.
92 Instituí uma nova ordem. A de doar simplesmente. Qualquer coisa que eu tenha de melhor. O companheirismo, a sinceridade, a admiração... E daqui, a um palmo apenas, não espero quase nada. Um sorriso apenas e a tua lembrança. Um bom papo e, quem sabe, um vinho. Mudar o amor foi simples. Amar você é fácil. O difícil é te esquecer. Isso eu nem tento. Sem Título Há mistério, com certeza E depõe contra o meu olhar Que no espelho da lapela Aviltado, ao sorrir dela Foi relapso, tristeza... Evitando o desviar. Foram horas, num segundo. No segundo, foram dias. Já no próximo, paixão. Criminoso de intenção, Deu-se cego o moribundo Num ato de covardia. E o encanto crepitado, Conspirado em petição, Escorria em versos brandos Dando pistas sobre quando O seu rosto emoldurado Caberia em minhas mãos. Sem Título A noite escura fascina Cura, faz a sina. Obscura, a alguns refaz E a outros assassina. Oásis Ah, quem me dera toda peregrinação vertesse ao aconchego dos teus lábios e a aridez da minha boca se fartasse dos teus beijos à inundação... Toda dor seria riso e o improviso, minha flor, pra adornar o paraíso seria tudo que preciso, sem voltar nem dar aviso, só pensar no meu amor. Beijo.
93 Sinto o calor da tua respiração moldar as reentranças da minha face, umidecendo os meus olhos que se apagam. Sinto a tua pele roçar o meu nariz, e cada minúscula sensação da tua textura me causa dor por todo o corpo. Sinto-me sair do prumo e inclinar meu corpo involuntário em todas as tuas direções. Sinto a úmida paz embebecer os meus lábios trêmulos, ungüentando minha boca e acalmando a minha tensão. Sinto tua forma se ajustar entre meus braços e os espasmos entre força e fragilidade pulsarem na fricção. Sinto invadir minha boca a tua saliva citro-doce contaminando meu pensamento com os que nos são comuns. Sinto o suor frio em tuas costas hidratarem minhas mãos atônitas. Sinto o retorno da realidade à minha volta e abro os olhos. Sinto o chão. Sinto falta. Croupier Eu vi o nascer do sol como se escorresse da sua cabeça E tudo que havia ao entorno era penumbra e breu. Suas mãos eram suaves com as asas de uma Danaus Enquanto o seu perfume embaralhava todas as minhas idéias Abrindo-as sobre o veludo com a precisão de uma ilusionista. Não me cabia o blefe, nem me inspiravam os naipes Então, em cada olhar pasmo me denunciei na angústia De exibir minha falência ante seu cêrco implacável. Em um campo avassalado, caí sob minha nudez. Não havia dor, nem rancor ou qualquer repreensão, Apenas pulsava o prazer e o riso me enchia a face, No delírio de falir paralisado e consciente, inconseqüente... Sentindo o gosto do orvalho que brota da sua boca, Dando outra vista aos olhos e arritmia ao peito De quem se aventura a fitar os seus olhos E desejar algo mais que admirar sua beleza exposta. Venham Diamantes, Corazones, Piques y Treboles! Sucumbiram os meus coringas mas permanecem o ócio e o vício de receber das suas mãos, as cartas do meu próximo jogo. Sem título Ó razão estúpida!... Musa do assalto que acometo à minha paixão, Tanto me proteges com tuas garras que devoras Irracionalmente vinho, sangue, carne-pão. És tão viril ao combater-te em teu profano, Aliás, razão de tanta insensibilidade, Que definhas escondendo a insanidade
94 Por ter medo de gostar do que é humano. Colisão Às vezes, o anseio descarrila para a ganância e tudo entra em desconformidade. Em poucos passos, tudo parece plausível e a insanidade corrompe a brisa a furacão capaz de arrancar árvores centenárias e jogá-las no mar, longe de tudo o que faria sentido. Assim, o abraço sufoca e o afago fere. E tudo o que resta é assolação e flagelo. Sobras, migalhas e pisadas de Quasímodo. No palco molhado, subsistem apenas um trio de atores: A morte, o erro e o imprevisto. Tenho sido o erro grosseiro sonhando ser o imprevisto. Mas, se uma atitude pode mudar acontecimentos, me perdoe mais uma vez. UTI O coração, por si, é um tanto ignorante, não acha? Impele-se como lâmina contra alvos móveis, absurdos, impróprios e inalcançáveis... Mas, o fruto disso não deve ser culpa, rancor, nem arrependimento, tantas vezes. E sim intensidade, paixão, entrega e aliança com o que realmente é amável, gentil, sincero e verdadeiro. Mesmo que em algum momento qualquer não pareça tão instigante ou passional... Porque o amor não é um pulsar, mas um córrego. O que pulsa morre enquanto que o que flui transborda. Florianópolis, 02 de outubro de 2005. 10h53. Sem título O que se vende por aí? Vida barata a preço alto, Prazer em lata, medo de assalto Ou um sabão em pó que tira manchas, não solta tiras E ainda limpa os seus pecados. 22/11/93 Sem Título É quase o fim da linha. O eco dos risos perturba a paz dos pensamentos vazios. Longas massas brancas se impõe no celeste azul. "Acho que limparam os vidros hoje..."
95 Amanhã Sentado à beira do cais Avisto o navio partindo. E, a água que o vento traz, Ao tocar meus dedos faz Eu relembrar, sorrindo, O quanto quis chegar ao cais... Em terra firme, agora, Solitário nesse inverno... A nau Tempo indo embora Na tristeza de quem chora Querendo que fosse eterno O terceirão de outrora... Cárcere Pena-anistia, culpa-perdão? O crime incendiou-me a alma fria. Fêz-me provar o que jamais poderia e a histeria inflou asas no meu coração. O meu peito entregou-se a esse amor bastardo, órfão do desejo e da ingenuidade, que jogado ao lixo na maturidade, trouxe a tempestade, mas me fêz canção. Catatonia A violência das tuas lembranças me sequestram sorrisos espásmicos. Enquanto meu mundo eclode aqui continuo sedado, ignóbil, como ontem. Sou planta, balançando ao vento à espera do sol que bate às quatro para cauterizar em minha carne as úlceras que nasceram da tua ausência. Nada faz sentido. Nem som, nem cor ou movimento. Só o vácuo... A inanição. Nunca chega o então. Não há novidade na repetição... Sigo o compasso religiosamente pontual. A inconclusiva cardiopatia. Já não houve. Não havia mais. Solitude O silêncio debilita-me o ouvido encarcerando-me em profunda solidão. A saudade de qualquer palavra tua me tortura até a alma semi-nua
96 e, com fúria de animal enraivecido me devora, corroendo o coração. Muito embora saiba eu que tu és minha, ‘inda tendo estado junto a ti há pouco, me debato em meio aos sonhos como louco almejando-te em meus braços, como tinha. Foz Jorram minhas águas das nascentes e, ao franzí-las pretejando a escuridão, já retalham-me a face os afluentes escorrendo até as tramas do algodão. Tanta dor, espasmos, prantos incontidos na bacia do meu rosto contraído, cachoeiras, corredeiras invisíveis, inaudíveis num gemido agonizante vão sumindo no efeito ressecante da erosão no meu sorriso destruído. Submergem no teu mar indiferente pra acordar em meu deserto amanhecido. Curitiba, 22/02/2000 - 2h30. Sem Título Autuado em flagrante Com sorriso nem desfeito Alvejado na flor do peito ...Sirenes gritando: Desejo! Pus-me em fuga, lentamente Prestando atenção no seu jeito. Nem percebera o farol, Sonhando com o primeiro beijo.
Sem Título 12 Finalmente fiquei só. Calei-me. A tua voz, porém, não se calou em minha mente. Sinto a emanação da paz por através de mim, como se eu fosse apenas uma projeção e ela a realidade absoluta. Tudo me faz rir. Sorrir, sorrir... Tenho sorrido durante todo o dia. Todos os dias. Pego-me suspirando boquiaberto quando te lembro. Tento acreditar que tudo isso é verdade... Sem Título
97 Ó razão estúpida!... Musa do assalto que acometo à minha paixão, Tanto me proteges com tuas garras que devoras Irracionalmente vinho, sangue, carne-pão. És tão viril ao combater-te em teu profano, Aliás, razão de tanta insensibilidade, Que definhas escondendo a insanidade Por ter medo de gostar do que é humano. Sem título O vento varre a estradinha, Joga as folhas na janela. Bate forte a porteirinha, Rangem as tábuas da casinha, O céu azul já se amarela. E o balanço lá da mata, Acariciando a lagoa, Em saudades me arrebata. A lembrança então relata Aquela época tão boa. 7/11/91 Cheque-mate. Lá estava eu novamente, bem diante de toda aquela escuridão. Enquanto tua atenção em brisa me massageava os cabelos, os tufões da dispersão assolavam tudo o que preservei a cada dia. Frente ao caos, fechei os olhos. Nem senti a falta do ar... Sequer ouvi meu rosto tocar o chão. Apenas regorgitava o féu das asas dos teus pensamentos que pareciam querer saltar-te dos olhos. Tão cinzentas quanto a fumaça sobre o lago dos desejos estancados em meu peito. Macias a ponto de esculpir escaras letais às costas da alma. Sarcásticas presílhas das luvas de um carrasco, que tilintam aos ouvidos do réu até a rendição absoluta. Talvez, se eu tivesse conseguido capturar um único vôo dessas sombras, teria conseguido sobreviver à dor de perdê-la da vista. Talvez não tivesse fechado os olhos. Mas minhas armadilhas faliram em seus propósitos e despedaçadas adornaram minha vergonha crua. Não há nenhum memorial. Mal sabe quem me pisoteia todos os dias. Pois nem houve batalha. Apenas um massacre. E pra mim o fim, mais uma vez. Florianópolis, 03 de maio de 2006. 10h20.
98 Senzala Toda madrugada tem alguns minutos quando não é dia ainda, nem noite mais. Eu chamo de anácrono. É quase um ritual. Tudo se indefine, não há formas, nem volumes, nem luz, nem escuridão. O próprio tempo parece adormecer por uns momentos... Era um desses anácronos. O cheiro da palha queimada ungia todos os corpos suados. A paz varria nossas almas com o primeiro vento fresco da manhã. O tilintar das correntes embalavam uma canção desconhecida, de tons já íntimos e profundos. Somos tantos, pensei. Tão fortes, insisti. Mas meu peito parecia querer me denunciar, tantos tambores rufavam aqui dentro. Tentei dormir, virei-me sobre as sacas. Que fizeram estes? Quantos mais haverão? O tempo despertara... Já era possível enxergar as sombras do meu primeiro dia sob as vigas pardas que percebera agora, pela primeira vez. Florianópolis, 11/2002 Sem Título Não importa o quanto eu sonhe. Morro sempre, dia-a-dia. Assassino o teu amante e morro amante, que ironia... Se pra poder tocar-te. (Tocar-te... Tudo que quero). Sufoco meu próprio sangue Me arranco os olhos de ciúmes, Quando me apanho, perplexo. Tudo que quero é um beijo, um toque, um sussurro. Tudo que tenho é desejo, um sorriso, um perfume... E depois, enfurecido, me arrasto entre os escombros, Lançando-me sobre as escoras. Grito e lamento a saga De ser cão, passando frio. Sonhando que um dia me tragas Redenção a este hediondo Monstro que trago pra fora. Imagens: Sofrimento com suavidade, rosa machucando mão, sofrer por amor, se machucar por causa de um prazer. prazer com dor. Irreversão Abismo, já precipitado... Pouco depois da pausa um surdo estampido me acalma. Estarrece-me o fôlego d'alma, tamanho terror que me causam presságios que tenho do trauma. Numa fração de segundo despedem-me os pés do terraço,
99 os olhos cerram, abro os braços; De alma e sangue no espaço desfaleço em vôo profundo. Incandeço no peito e a ardência escorre-me acima das costas. No torpôr traz a esperança que extasia-me a demência, descarnando-me à mostra as asas que tanto gostas... Morro vil, vivido santo; Refém do desejo incauto, Aviltado como em assalto. Nem velho, nem tão infanto, lúcido, frio e infausto, Incólume em meu recanto. Submersão Quase não sinto o frio. O chão e suas marinas abraçam meu corpo inânime. Quase não sinto a areia assentar-se em minha boca. Quase não ouço o silêncio iname. Então, desertam-me os olhos e mergulham entre as fendas do teu olhar, despindo-me a lucidez entorpecida diante da turva paz das tuas profundezas obscuras. Quem dera um fôlego sobejo me povoasse as lúgubres entranhas... Mas um náufrago infortúnio afogou-me fatalmente o vazio dos pulmões. Restam-me tua visão colossal e a morte lenta lenida pelo desejo de te habitar e diluir-me no abismo dos teus mistérios mais secretos. Já não ouço o silêncio... Sem Título O castelo de areia ruiu, A criança não quer mais brincar. Suicidou-se a esperança de ter uma vida legal. A escuridão tomou conta do seu infinito, E a imundícia virou o cenário de um dia normal. As moedas do teu dia-a-dia: Medo, dor, solidão e agonia. Ainda chove encharcando a cabeça de quem quer o sol. A miséria é geral e abundante. Deve anão desejar ser gigante? Não há morte pra quem está morto, só há ressurreição.
100 A clareza dos tons anoitece, A firmeza das mãos adormece, Sobe um gosto de morte à saliva. Chá das 5. Tantas janelas tem esta sala que quase não percebi tua chegada. Você, também... Entra e sai assim tão à vontade que te incorporei ao meu ambiente. Estava olhando ali ao leste. Vai chover daqui a pouco. O vento já mudou... Venha. Esqueça as janelas. São largos os beirais. Sinta o cheiro das folhas. Parecem gritar exalando a evocação da garoa. Logo o entardecer ungirá isso tudo como um manto terroso-amarelado. E o embalo dos relâmpagos os fará lúcidos em centenas de momentos ínfimos, até que atinjam a fadiga absoluta. Então, enquanto todos, ébrios e obscuros adormecerem em seus sonhos profundos, sentaremos ao chão, com chá, para dividirmos nossas confissões sobre o tapete. E as janelas... Que permaneçam abertas. Já se foi a tempestade. Florianópolis, 01 de julho de 2005. 3h05. Calabouço Recolhe-me a fala, a vista, o som... Tua ausência me exala o aroma de um tom que passeia, dilui-se em meu pensamento criando o eterno, de um simples momento; Vibrando um vazio, gerando implosão. Ruindo o tangível e tornando exprimível o meu sentimento ao invés da razão. Sinfônica irrompe tua voz da surdez: suave, tal qual chuva. Não mais vejo o mundo que há pouco desfêz-se. E a visão como luva retorna-me aos olhos, moldando os desejos, fazendo possível tocar-te com um beijo. Só falta-me a fala pra obra completa... Arrisco a voz, mas me dói. Me afeta! Quis tanto falar-te da minha afeição... Saiu-me um gemido tão puro e exclusivo que neste improviso eu quase consigo expressar-te a emoção. Paralelos Vivo sonhando em ter o poder da simultaneidade... Imagine se eu pudesse ter sido, desde criança o piloto, o atleta, o
101 músico, o vagabundo, o mochileiro, o artista de rua, o cdf, o bom filho, o relapso, o namorado fiel, os infiéis, o correto, o corrupto, o ingênuo sempre, o esperto nato, o inventor, o contemplador, o contemplado, o inventor, o cabeça oca, o amigo, o mais que amigo, o inesquecível, o impercebido, o inconseqüente, o responsável, o apaixonado, o indiferente e tantos outros. Na verdade sou um pouco de tudo isso. Talvez pouco demais de tanto. Quem sabe isso seja um flash da deidade que há em nós? A ânsia da onipresença. Acho que é hereditário. Que bom. Vou continuar sonhando. É o mais próximo que chego desses "superpoderes". Então, se eu tivesse os tais poderes, certamente seria este o feriado mais gostoso de todos. Florianópolis, 12 de novembro de 2004. 11h11. Sem título O frio resseca a pele preta do sol E no vento navega um cheiro de fruta tropical Um silêncio e tudo volta ao normal Sinto-me um peixe preso ao anzol E a peça é que não me sai da cabeça Essa menina travêssa Aprisionando o meu querer. Provo a mescla desse amor azêdo Consumido pelo medo de temer em te perder Sem mesmo Ter. Naipe Rá! corram, corram! Vão alêm das núvens pálidas e ecoem sobre as águas. Mas parem diante da singeleza de coração. quando um suspiro sair da alma, pausem caladas. Porém, no momento em que o ar faltar nos pulmões, vibrem tão alto que todas sejam uma só e envolvam a alma aflita. Porque qualquer lugar que entrarem nunca mais será o mesmo. E quando se calarem por completo, continuarão ressonando no espírito daquele que as ouviu, na cadência eterna capaz de mudar o andamento da vida. Num estalar do compasso, aos quatro tempos voltem para mim, através dos meus tímpanos. Enchendo a nave e recheando os vitrais até que tudo adormeça e o calor tome conta deste lugar. Então, vão! O mais rápido que puderem. Tão forte quanto for possível.
102 Tão longe quanto alcançarem. Vão. E não se demorem. Insolação Incandesça, solidão maldita! Escaldando, impiedoso sol sobre meus lombos, extraindo o meu sumo em lágrimas púrpuras e me gerando angústia grave... Tão aguda que me dilacera como onda entre recifes e encostas dos meus próprios anseios. Escorra-me o chôro em fiapos de mar exaustos, salguando a minha carne e as escaras da tua ausência. Ainda assim, a imensidão do meu sentimento oceano, apesar da exaustão opróbria, não se exala ante teu hálito incendiário, mas se arrebenta sobre pausas pontiagudas entre os abraços tão ausentes daquela que me é sombra fresca e agradável. Curitiba 20 de janeiro/2000. O Amor Não se repete, não se corrompe, não se corrói nem se reflete. Fantasticaos Quanta estupidêz tentar contê-la Se ela escorre e queima. Intra. Demole paredes e extrai janelas Perturba, intensa, esmiúça. Repele. Alavanca ao alto as frágeis portelas Às mil catapultas, assola. Excele. Antes que espere por força retê-la, Transijo de mento ao chão sem que sinta. Que vão-se os telhados, que em vão resistiram À fúria rajada de nitro que impele. Suas ondas explodem os diques. Suspiro. Inspiro e mergulho. De arrasto feriram, Mas não deceparam. Com força me viro, Voltando meus olhos à origem que viram. E como um infante guerreiro me atiro Na volta aos teus braços e à paz que me excede. Das áridas marcas que sobram de herança Borbulham meus rios em tom de canção. Farão das planícies a fértil lembrança
103 Das coisas mais puras, quando vi, criança, Tua pele rosada, teu toque, tua dança. Tua fuga gentil ante à provocação Que fez cataclisma e pôs fim à razão, Ebulindo do caos nossa nova esperança. 10.10.07
104 ANEXO B â&#x20AC;&#x201C; Plano de corte para formato de papel BB (66x96cm)
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106 ANEXO C – ORÇAMENTO DA GRÁFICA GRAFINE
GRAFINE GRAFICA E EDITORA INES LTDA
ORCAMENTO GRAFINE No.026908 Data emissao: 10/11/2008 Validade proposta: 15 dias. Cliente.: Contato.: Prev.Ent: 10 dias Condicao: 30 dd CA: 15 - Frete: CIF
REFERENCIA UM QTDE VLR.UNIT. TOTAL ITEM DESCRICAO DO PRODUTO -------------------------------------------------------------------------------LAMINAS PC 1000 8,8000 8.800,00 LAMINAS x 20 MODELOS, F = 16, Tam. 15,50 x 22,50, Qtd.Cores: 4 FOTOLITO - PLASTIFIC. BRILHO FRENTE E VERSO Vias: 1a. SUPREMO 300G ALTA ALVURA20 - Cores: 4 X 4
LAMINAS PC 5000 6,1800 30.900,00 LAMINAS x 20 MODELOS, F = 16, Tam. 15,50 x 22,50, Qtd.Cores: 4 FOTOLITO - PLASTIFIC. BRILHO FRENTE E VERSO Vias: 1a. SUPREMO 300G ALTA ALVURA20 - Cores: 4 X 4
LAMINAS PC 10000 5,5400 55.400,00 LAMINAS x 20 MODELOS, F = 16, Tam. 15,50 x 22,50, Qtd.Cores: 4 FOTOLITO - PLASTIFIC. BRILHO FRENTE E VERSO Vias: 1a. SUPREMO 300G ALTA ALVURA20 - Cores: 4 X 4 -------------------------------------------------------------------------------CAIXA PC 1000 2,5500 2.550,00 CAIXA PARA LAMINAS, F = 2, Tam. 47,00 x 58,40, Qtd.Cores: 4 - - FOTOLITO - CORTE E VINCO - FACA ESPECIAL CORTE Vias: 1a. SUPREMO 300G ALTA ALVURA - Cores: 4 X 0
CAIXA PC 5000 1,6990 8.495,00 CAIXA PARA LAMINAS, F = 2, Tam. 47,00 x 58,40, Qtd.Cores: 4 - - FOTOLITO - CORTE E VINCO - FACA ESPECIAL CORTE Vias: 1a. SUPREMO 300G ALTA ALVURA - Cores: 4 X 0
107 CAIXA PC 10000 1,5700 15.700,00 CAIXA PARA LAMINAS, F = 2, Tam. 47,00 x 58,40, Qtd.Cores: 4 - - FOTOLITO - CORTE E VINCO - FACA ESPECIAL CORTE Vias: 1a. SUPREMO 300G ALTA ALVURA - Cores: 4 X 0
------------------------------------ GRAFINE GRAFICA E EDITORA INES LTDA CHRISTINE RIBEIRO Depto. Comercial - 49 3224-9999
108 ANEXO C – PESQUISA “RETRATOS DA LEITURA DO BRASIL”