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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

TAÍS DE AMORIM

DESIGN DE PRODUTO: PROJETO DE MÓVEIS DE COZINHA ADAPTADOS PARA CADEIRANTES

Florianópolis 2013


TAÍS DE AMORIM

DESIGN DE PRODUTO:

PROJETO DE MÓVEIS DE COZINHA ADAPTADOS PARA CADEIRANTES

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Design e aprovado em sua forma final pelo curso de Design, da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Orientador: Prof. Tiago André da Cruz, Msc.

Florianópolis 2013


TAÍS DE AMORIM

DESIGN DE PRODUTO: PROJETO DE MÓVEIS DE COZINHA ADAPTADOS PARA CADEIRANTES

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Design e aprovado em sua forma final pelo curso de Design, da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Florianópolis, 03 de dezembro de 2013.

Prof. e orientador Tiago André da Cruz, Msc. Universidade do Sul de Santa Catarina

Prof.ª Adriana De Luca Sampaio Canto, Msc. Universidade do Sul de Santa Catarina

Prof. César Pereira Azevedo Universidade do Sul de Santa Catarina


RESUMO Os cadeirantes enfrentam diversos problemas em seu dia-a-dia. Além do preconceito, a falta de acessibilidade é um problema constante que contribui consideravelmente para a falta de sua inclusão na sociedade. Até mesmo dentro de suas residências os problemas se estendem, como na cozinha por exemplo, tendo dificuldades para cozinhar, lavar louça, alcançar itens e até mesmo circular confortavelmente. Isso acontece porque os móveis que se encontram no mercado e também os imóveis não são projetados para esse público, o que exclui essas pessoas de seu meio de convivência e ainda muitas vezes as afasta de suas tendências culinárias. O projeto tem o objetivo de desenvolver módulos de mobiliário de cozinha para cadeirantes para que eles possam ter autonomia, segurança e beleza em suas cozinhas, contribuindo para a sua inclusão social.

Palavras-chave: Cozinha. Mobiliário. Inclusão social.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Processo de Design de Bürdek.................................................................14 Figura 2 – Exemplo de cozinha modular I..................................................................19 Figura 3 – Exemplo de cozinha modular II.................................................................20 Figura 4 – Móvel em MDF e MDP..............................................................................21 Figura 5 – Exemplo de MDF usinado com curvas.....................................................22 Figura 6 – Chapa de MDF..........................................................................................23 Figura 7 – Chapa de MDP.........................................................................................24 Figura 8 – Fogão de piso............................................................................................26 Figura 9 – Fogão de embutir......................................................................................27 Figura 10 – Cooktop...................................................................................................27 Figura 11 – Exemplo de Coifa de parede...................................................................28 Figura 12 – Tampo com cooktop................................................................................33 Figura 13 – Alcance manual frontal de cadeirante.....................................................34 Figura 14 – Dimensões das partes da cadeira de rodas............................................35 Figura 15 – Cozinha para cadeirante.........................................................................35 Figura 16 – Alcance manual lateral............................................................................36 Figura 17 – Área para manobra sem deslocamento..................................................36 Figura 18 – Superfície de trabalho.............................................................................37 Figura 19 – Cones visuais da pessoa em cadeira de rodas......................................37 Figura 20 – Cozinha Hability I....................................................................................40 Figura 21 – Cozinha Hability II...................................................................................41


Figura 22 – Cozinha Hability III..................................................................................41 Figura 23 – Cozinha Hability IV..................................................................................42 Figura 24 – Cozinha para idosos e deficientes físicos I ............................................42 Figura 25 – Cozinha para idosos e deficientes físicos II............................................43 Figura 26 – Cozinha para idosos e deficientes físicos III...........................................44 Figura 27 – The Liberty Project..................................................................................45 Figura 28 – Simulação do despenseiro aberto..........................................................51 Figura 29 – Simulação do despenseiro fechado........................................................51 Figura 30 – Simulação dos módulos e prateleira para micro-ondas..........................52 Figura 31 – Simulação das torres melhoradas...........................................................53 Figura 32 – Simulação da torre para micro-ondas fechada e aberta.........................54 Figura 33 – Simulação da torre do micro-ondas com lava-louças.............................54 Figura 34 – Simulação das torres melhoradas com lava-louças................................55 Figura 35 – Simulação do módulo para pia................................................................56 Figura 36 – Simulação do módulo para pia aberto.....................................................57 Figura 37 – Simulação do módulo para fogão............................................................57 Figura 38 – Simulação do gaveteiro...........................................................................58 Figura 39 – Simulação do gaveteiro aberto com divisor de talheres.........................59 Figura 40 – Simulação de bancada com os três módulos..........................................59 Figura 41 – Planta baixa com modulação proposta em cozinha grande...................60 Figura 42 – Perspectiva da modulação proposta em cozinha grande.......................61 Figura 43 – Perspectiva do despenseiro proposto em cozinha grande.....................61 Figura 44 – Planta baixa com modulação proposta em cozinha média.....................62


Figura 45 – Modulação proposta em cozinha média I................................................63 Figura 46 – Modulação proposta em cozinha média II...............................................63 Figura 47 – Perspectiva do despenseiro proposto em cozinha média.......................64 Figura 48 – Figura 33 – Simulação da torre do micro-ondas e forno.........................65 Figura 49 – Simulação cozinha mínima.....................................................................65 Figura 50 – Vistas do módulo para cooktop...............................................................66 Figura 51 – Perspectiva e vista explodida do módulo para cooktop..........................67 Figura 52 – Vistas do módulo gaveteiro.....................................................................78 Figura 53 – Perspectiva e vista explodida do módulo gaveteiro................................69 Figura 54 – Vistas do módulo para pia.......................................................................70 Figura 55 – Perspectiva e vista explodida do módulo para pia..................................71 Figura 56 – Vistas do módulo despenseiro................................................................72 Figura 57 – Perspectiva e vista explodida do módulo despenseiro...........................73 Figura 58 – Vistas do módulo para forno e micro-ondas............................................74 Figura 59 – Perspectiva e vista explodida do módulo para forno e micro-ondas.......75 Figura 60 – Planta baixa do projeto humanizado.......................................................76 Figura 61 – Perspectiva A do projeto humanizado.....................................................77 Figura 62 – Perspectiva B do projeto humanizado.....................................................77 Figura 63 – Perspectiva C do projeto humanizado....................................................78 Figura 64 – Detalhe módulos abertos da perspectiva C do projeto humanizado.......78 Figura 65 – Perspectiva D do projeto humanizado....................................................79 Figura 66 – Detalhe módulo aberto da perspectiva D do projeto humanizado..........79


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................9 1.1 OBJETIVO GERAL..............................................................................................10 1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...............................................................................10 1.3 JUSTIFICATIVA..................................................................................................11 1.4 METODOLOGIA..................................................................................................12 1.4.1 Metodologia de Pesquisa..............................................................................12 1.4.1.1 Coleta e tratamento de dados.......................................................................13 1.4.2 Metodologia de Projeto..................................................................................14 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.............................................................................16 2.1 DESIGN DE PRODUTO......................................................................................16 2.1.1 Design de Mobiliário......................................................................................17 2.1.1.1 Mobiliário Modular.........................................................................................18 2.1.1.2 Materiais .......................................................................................................20 2.1.1.2.1 MDF............................................................................................................21 2.1.1.2.2 MDP............................................................................................................23 2.2 COZINHA............................................................................................................25 2.2.1 Eletrodomésticos...........................................................................................25 2.3 DEFICIENTE FÍSICO..........................................................................................28 2.3.1 Inclusão Social...............................................................................................29 2.4 ERGONOMIA......................................................................................................30 2.4.1 Inquirição........................................................................................................32


2.4.2 Normas Brasileiras e Ergonomia da Cozinha..............................................32 3 MERCADO.............................................................................................................38 3.1 ANÁLISE DE DEMANDA....................................................................................38 3.2 ANÁLISE DE OFERTA........................................................................................39 3.3 CONCORRENTES E SIMILARES......................................................................40 3.4 CARACTERÍSTICAS DO MERCADO.................................................................45 3.5 PROSPECÇÃO E TENDÊNCIAS DE MERCADO..............................................46 3.6 OPORTUNIDADES E AMEAÇAS.......................................................................48 3.6.1 Oportunidades................................................................................................48 3.6.2 Ameaças..........................................................................................................48 3.7 PESQUISA DE MERCADO.................................................................................48 4 CONCEITO.............................................................................................................49 4.1 GERAÇÃO E ANÁLISE DAS ALTERNATIVAS...................................................50 4.2 DETALHAMENTOS TÉCNICOS.........................................................................66 4.3 AMBIENTAÇÃO DA ALTERNATIVA ESCOLHIDA.............................................76 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................80 REFERÊNCIAS..........................................................................................................82 APÊNDICES...............................................................................................................86


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1 INTRODUÇÃO

Nos tempos de hoje os portadores de necessidades físicas encontram problemas para se locomover e até mesmo para fazer as atividades diárias dentro de suas próprias casas. Quando essas pessoas precisam mobiliar suas casas não existem empresas preparadas para esse público em Florianópolis, o que faz com que tenham que pagar mais caro pela personalização ou tenham que optar por mobiliários comuns que dificultam as atividades diárias. A cozinha é um ambiente da casa que vem ganhando cada vez mais importância, onde antes era isolado do restante da casa, hoje passou a ocupar uma posição de prestígio dentro dos lares. As pessoas estão cada vez mais integrando suas cozinhas à área de receber visitas, além de grande parte dos apartamentos já virem com cozinhas americanas integradas à sala de estar, permitindo que a pessoa que cozinha, converse e interaja com os familiares e visitas. Quando os cadeirantes não tem condições de comprar móveis sob medida para suas necessidades, eles encontram problemas que não permitem realizar as atividades mais básicas deste ambiente, como cozinhar algum alimento, por exemplo. Para cozinhar, o usuário precisa enxergar dentro da panela, e a altura padrão dos fogões é muito alta para uma pessoa em cadeira de rodas, além disso, ela precisa se aproximar mais da panela e os fogões embutidos ou de piso não permitem essa aproximação. Felizmente hoje em dia existem os cooktops ou fogões de mesa, como também são chamados, e eles estão mais acessíveis. Esses fogões são instalados em tampos, sem necessitar de móveis embaixo, permitindo a aproximação e encaixe das pernas do cadeirante embaixo da bancada. Deve-se tomar cuidado para que forno e micro-ondas fiquem na altura adequada também, não só de alcance, mas também de segurança. São regras básicas, e às vezes simples, que permitem que essas pessoas possam fazer coisas como qualquer outra. Projetos para as pessoas com necessidades especiais são muito importantes para a inclusão social, é tão importante um fogão na altura certa para um cadeirante como uma rampa para favorecer seu acesso aos ambientes públicos,


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pois permitir atividades básicas ao portador de necessidades especiais o torna tão comum quanto qualquer outra pessoa, levando a ele auto estima e independência. Desta forma, propõe-se mobiliário de cozinha modular com adaptações especiais para cadeirantes, que permita independência e segurança do usuário nas atividades diárias, promovendo também sua inclusão social.

1.1 OBJETIVO GERAL

Desenvolvimento de mobiliário modular para cozinhas de cadeirantes, permitindo melhor mobilidade e independência de cadeirantes.

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Identificar as necessidades e dificuldades dos cadeirantes em suas cozinhas; - Levantar os fundamentos da ergonomia que se referem às necessidades de cadeirantes e ao específico ambiente de cozinha; - Descrever as normas da ABNT para cadeirantes e cozinhas; - Levantar as medidas específicas de cozinhas adaptadas a cadeirantes; - Desenvolver modelo virtual para demonstração e visualização do projeto.


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1.3 JUSTIFICATIVA

A inclusão social cada vez mais está sendo abordada em diversas áreas, o mundo está mais voltado à conscientização e aberto à diversidade. Segundo a Legislação Brasileira sobre pessoas portadoras de deficiência (2009, p.25), é importante “trazer questões relativas à deficiência ao centro das preocupações da sociedade como parte integrante das estratégias relevantes de desenvolvimento sustentável”. No Artigo 9 da Legislação (2009, p.34) também consta “…possibilitar às pessoas com deficiência viver de forma independente e participar plenamente de todos os aspectos da vida…” mas as empresas de móveis do Brasil não possuem especialização nessa área, que permita independência aos cadeirantes dentro de suas próprias residências. Alguns tipos de produtos estão sendo lançados com a finalidade de facilitar a vida dos portadores de necessidades especiais, pois tarefas que parecem simples podem ser de grande dificuldade para algumas pessoas, mas a área de mobiliário para esse público ainda é pouco explorada, e esse público continua excluído e com dificuldades diárias. O design tem papel fundamental em facilitar a vida das pessoas, por isso não deve esquecer-se do grupo dos deficientes, promovendo sua inclusão ao meio de convívio e tornando a vida dessas pessoas mais confortável e prática. O design também pode estudar e aplicar ergonomia, contribuindo para as dimensões mais adequadas e confortáveis para um cadeirante executar suas tarefas. O projeto tem como objetivo permitir a mobilidade do cadeirante dentro de sua cozinha, promovendo sua independência na realização das atividades básicas diárias e contribuindo para sua inclusão social, de maneira que possa receber pessoas no seu ambiente caseiro, sem constrangimentos por meio de sua necessidade especial. Outro ponto a destacar, é que o pesquisador possui conhecimento em mobiliário, já que possui curso técnico de design de interiores e trabalha com projeto de ambientes há aproximadamente cinco anos, podendo contribuir para a pesquisa com sua experiência na área. Além disso, estudar essa área específica das


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necessidades especiais agregará conhecimento em uma área ainda não muito explorada, permitindo futuros projetos e novas possibilidades de atuação.

1.4 METODOLOGIA

Para a realização deste trabalho realizou-se 2 etapas distintas, a metodologia de pesquisa e em seguida e metodologia de projeto de produto.

1.4.1 Metodologia de pesquisa

Para esse trabalho foi realizada uma pesquisa aplicada, que é a pesquisa a qual os conhecimentos adquiridos poderão ser utilizados para a solução de problemas que ocorrem na realidade. “Esse tipo de pesquisa é definido como pesquisa aplicada, em função de seu objetivo ser mais imediatista, pois o investidor tem pressa no retorno do recurso aplicado.” (PARRA FILHO e SANTOS, 1998, p. 102). Além disso, trata de uma pesquisa social, que de acordo com Markoni e Lakatos (1999) é quando a pesquisa engloba a intenção de melhorar a compreensão de um grupo, que neste caso são os deficientes físicos. A pesquisa é de objetivo exploratório, pois segundo Santos (2005), esse tipo de pesquisa busca criar familiaridade com um tema não muito conhecido. A abordagem é qualitativa, pois as exigências e as dificuldades de cadeirantes não podem ser quantificadas, dependendo da interpretação subjetiva do pesquisador. (SANTOS, 2005). O procedimento é inicialmente bibliográfico, que é a pesquisa que utiliza de fontes secundárias:


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Abrangendo desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico etc., até meios de comunicação orais: rádio, gravações em fita magnética e audiovisuais: filmes e televisão. (LAKATOS e MARCONI, 1999)

Tem de base publicações de normas técnicas brasileiras e regionais, ergonomia, entre outros assuntos relacionados com o problema de pesquisa. O trabalho também envolve uma pesquisa de campo para a coleta de dados do público-alvo, que posteriormente é feita interpretação e análise para melhor entendimento do caso.

1.4.1.1

Coleta e tratamento de dados

Para a coleta de dados foi feita uma pesquisa de campo, que de acordo com Lakatos e Marconi (1999) “é a pesquisa utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema para o qual se procura uma resposta.” Para essa etapa foi realizado um questionário com o público-alvo, pessoas adultas cadeirantes, através da internet. Segundo Lakatos e Marconi (1999), o questionário é um instrumento de coleta de dados constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador. Essa modalidade foi escolhida pela especificidade do público e pelo número reduzido de possíveis pesquisados, podendo ser respondida por pessoas distantes do pesquisador. Com

esse

questionário

foram

buscadas

informações

como

as

dificuldades que os portadores de necessidades físicas enfrentam no dia-a-dia quando precisam cozinhar ou manusear os utensílios dentro de suas cozinhas, além das necessidades que não são supridas.


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1.4.2 Metodologia de projeto

Após o levantamento do conhecimento acadêmico e das necessidades do público, foi definido e utilizado para o projeto o método de Bernhard E. Bürdek (2006), que pode ter as etapas retornadas a qualquer momento, sempre que necessário, como mostra na figura 1.

Figura 1: Processo de Design de Bürdek.

Fonte: Burdek (2006, p.255).

Para essa metodologia existem as seguintes etapas: Problematização, análise da situação corrente, definição do problema seguido da definição de metas, projeto de conceitos seguido da construção de alternativas, valoração e precisão das alternativas, planejamento do desenvolvimento e de produção. A problematização consiste na definição do problema e os objetivos que se busca alcançar com o projeto.


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Para a análise da situação corrente, foi utilizado a pesquisa de campo através de questionário com o público alvo, e pesquisa bibliográfica de normas técnicas, ergonomia e outras relacionadas, com posterior análise. Após essa análise, o problema foi definido, juntamente com as metas. Com as metas estabelecidas, foram projetados o conceito e as alternativas afim de suprir essas metas. Com isso, as melhores alternativas foram refinadas no decorrer do desenvolvimento, com o intuito de chegar em um projeto final. Com a definição do projeto, se determinou o planejamento do desenvolvimento e de produção, através de ambientação e desenho técnico.


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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 DESIGN DE PRODUTO O termo produto, conforme Losekann e Ferroli (2006), pode representar uma máquina, uma ferramenta, um utensílio etc. Segundo eles, a maioria dos produtos é formada pela aglomeração das partes, que também são chamadas de peças. Pode-se entender por design industrial “toda a atividade que tende a transformar em produto industrial possível de fabricação, as idéias para a satisfação de determinadas necessidades de um indivíduo ou grupo.” (LOSEKKAN; FERROLI, 2006, p.36). De acordo com Peres (2004), o designer industrial “é responsável pela aparência e forma do produto”. Segundo ele, a forma de um produto é resultado da forma de fabricação do mesmo, dessa maneira, o designer deve conhecer os processos de fabricação disponíveis para selecionar o mais adequado. Segundo Losekann e Ferroli (2006, p.36),

para alguns projetistas, projetar é uma atividade realizada com o objetivo de suprir alguma necessidade. Para outros, o projeto é uma atividade mais elaborada de planejar uma peça ou um sistema, para atender, de forma otimizada, necessidades estabelecidas, sujeito à restrições da solução.

Olke (1978, apud BURDEK, 2006, p.15) afirma que o significado do design não deveria se ater somente aos aspectos sensoriais e perceptivos dos objetos, mas também a meios de satisfazer as necessidades da vida social ou individual. Burdek (2006) também afirma que o termo “produto” está em mutação e não se refere mais apenas ao objeto em si, mas também na interface de uso configurada pelo designer. Losekkan e Ferroli (2009, p.37) afirmam que há bastante dificuldade de distinguir desenho de projeto, mas denomina designer como “um projetista de produtos para a indústria, desenvolvendo claramente uma atividade projetual, portanto, tecnológica, mas relevando da estética.”


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Conforme cita Burdek (2006), uma descrição abrangente foi elaborada pelo Internacional Design Center de Berlim, em 1979, afirmando que o bom design: • Precisa expressar uma configuração própria, não se limitando à técnica do revestimento; • Deve tornar a função do produto visível; • Deve se preocupar com o meio ambiente, tomando cuidado com a economia de energia, reutilização e duração, não apenas com o produto em si; • Fazer relação do homem e do objeto como ponto de partida para a configuração. Neste sentido, foi formulada por Erlhoff (apud BURDEK, 2006, p. 16) a definição de que o Design “(...) diferentemente da arte – precisa de fundamentação prática, acha-se principalmente em quatro afirmações: como ser social, funcional, significativo e objetivo.” A ampla definição de design permaneceu até o final dos anos 80, quando começou a se diluir em diversas disciplinas. Notou-se que a diversidade de definições se devia ao fato da sua pluralidade. Então na virada do século 20 para o 21, Bernhard Bürdek sugeriu que

(...) ao invés de uma nova definição para o design, fossem nomeados os problemas que o design deveria atender. Como por exemplo: • Visualizar progressos tecnológicos; • Priorizar a utilização e o fácil manejo de produtos; • Tornar transparente o contexto da produção, do consumo e da reutilização; • Promover serviços e a comunicação, mas também, quando necessário, exercer com energia a tarefa de evitar produtos sem sentido. (BURDEK, 2006, p. 16).

Levando em consideração esses tópicos que devem ser atendidos, fica mais claro para todas as áreas existentes do design seguirem o padrão correto que a profissão determina. 2.1.1 Design de Mobiliário

O design de mobiliário é uma vertente do design de produto e uma das


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áreas de grande importância no design de produto brasileiro. A indústria do mobiliário tem evoluído constantemente a medida que a atividade industrial se desenvolve e os avanços tecnológicos vão se adaptando às matérias-primas disponíveis e às necessidades do mercado. De acordo com Devides (2006, p.), “os móveis residenciais formam hoje a maior parte da produção do setor moveleiro e a estabilização da economia dos últimos anos no Brasil incorporou ao mercado de móveis novos consumidores”. De acordo com Franceschi (2006, p.12),

o mobiliário é um elemento ligado às transformações comportamentais da sociedade. Auxilia na construção do espaço e no diálogo entre lugar e sujeito, o que provoca uma mudança na concepção do projeto. O sujeito tem necessidade de espaços e de objetos que permitam outras configurações e usos, o que exige, da arquitetura e do design, uma nova relação com o espaço e com o usuário. As relações se intensificam e cada vez mais se tornam dinâmicas e mutáveis. O olhar atento e agudo a essas transformações se faz necessário nos momentos atuais de extrema mutação.

Argan (2001 apud FRANCESCHI, 2006, p.63) afirma que “o ideal é que a função se expresse na forma, dando ao objeto uma forma correspondente à função. O tamanho e a forma definem a porção de espaço que o objeto ocupa matematicamente.” Por esse motivo, é importante saber para onde se destina o móvel a ser projetado, além de para quem.

2.1.1.1

Mobiliário Modular

De acordo com Soares (2010, p.17), “A modularização é o ato de se aplicar o conceito de módulo a um determinado objeto e torná-lo modular; e modularidade é uma qualidade atribuída a um sistema de objetos a partir de sua modularização.” A modularidade, segundo Soares (2012), aumenta a flexibilidade funcional dos produtos, além de contribuir para o aumento da sua vida útil. Para Holtta (2005, apud SOARES, 2012, p. 10), “a modularidade é um modo comum de


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prover flexibilidade, o que habilita variações de produto e desenvolvimento de tecnologia sem mudanças em todo o design”. O mobiliário modular consiste em módulos padronizados pelas empresas de móveis, as quais possuem profissionais que projetam os ambientes em programas computadorizados, podendo compor de acordo com a necessidade, disposição e dimensão dos ambientes, propiciando melhor custo-benefício com o foco no cliente. Com esse tipo de mobiliário também é possível trocar algum módulo ou acrescentar outro posteriormente, sem que seja necessário perder ou danificar os outros existentes. De acordo com Silva e Miguel (2006, p. 7), a superioridade de produtos modulares também pode contribuir para a facilidade de desmontagem e remontagem afim de construir sistemas e produtos diferentes, criando mais variação e flexibilidade dos produtos finais, como mostram as figuras 2 e 3.

Figura 2: Exemplo de cozinha modular I.

Fonte: http://www.podagaita.com/cozinhas-planejadas-muitas-alternativas/


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Figura 3: Exemplo de cozinha modular II.

Fonte: http://www.podagaita.com/cozinhas-planejadas-muitas-alternativas/

As vantagens em utilizar a modularidade são muitas, conforme Fixon (2002, apud SOARES, 2012, p. 10), “pode agilizar o processo produtivo, ampliar a variedade de produtos, diminuir os custos e aumentar o poder de inovação.” Além disso, Ventura (2004, apud SOARES, 2012, p.10) enfatiza que além das vantagens comerciais, a modularidade torna possível às empresas buscar mais rapidamente diferenciais. Um diferencial importante do mobiliário modular é a possibilidade de se adaptar às necessidades de cada usuário com facilidade, juntamente com a redução de erros na sua manipulação. Por esse motivo, a boa interface do produto torna-se de grande importância para sua manipulação. (SOARES, 2012, p. 11).

2.1.1.2 Materiais Segundo a Abipa (2012), Associação Brasileira de Painéis de Madeira, “o Brasil está entre os mais avançados do mundo na fabricação de painéis de madeira reconstituída” e “as placas de MDF e MDP disputam a preferência dos fabricantes de móveis e dos consumidores”. De acordo com a Abipa (2012), ambos os materiais possuem a mesma matéria-prima, o pinus e/ou eucalipto de reflorestamento , por isso são considerados ecologicamente corretos e sustentáveis. A diferença está no tamanho das suas


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partículas, mas a escolha deve ser feita conforme as necessidades e características desejadas para o móvel. A diferença entre eles não interfere na qualidade do mobiliário modular, inclusive os dois materiais podem ser utilizados no mesmo mobiliário, aproveitando as melhores características de cada. A figura 4 mostra exemplo de mobiliário modular confeccionado com os dois materiais.

Figura 4: Móvel em MDF e MDP.

Fonte: http://www.moveisfacil.com.br/ecommerce_site/

2.1.1.2.1 MDF

O MDF é uma chapa fabricada através de fibras de madeira aglutinadas por resinas sintéticas prensadas em alta temperatura. De acordo com a Abipa, “o MDF foi desenvolvido para substituir a madeira sólida, por isso aceita usinagens de todos os tipos”, ilustrado na figura 5 a seguir.


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Figura 5: Exemplo de MDF usinado com curvas.

Fonte: http://www.arteprati.com.br/letras-em-mdf.html

O MDF permite mais criatividade no design do móvel, que pode receber formas arredondadas e com riqueza de contornos. Isso pode conferir ao móvel maior valor comercial. Ele recebe mais facilmente a aplicação tanto de pintura como de PVC. É recomendado para os casos que necessitem de usinagens de superfície ou topo, pois ele proporciona melhor resultado de acabamento. Usinagens em baixo relevo, entalhes ou cantos arredondados também pedem MDF. (SINDMÓVEIS, 2007)

Segundo Grimbergas (2011), o MDF pode ser encontrado em chapas de 2,75 x 1,83m com espessuras de 3 a 30mm, podendo vir sem revestimento, já laminados ou com impressões. Quando cru, pode receber pintura simples ou laqueada. Na figura 5 pode-se observar o aspecto da chapa de MDF.


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Figura 6: Chapa de MDF.

Fonte: http://projetar-interiores.blogspot.com.br/2011/11/mdf-mdp-aglomerado-ecompensado-quem-e.html

2.1.1.2.2 MDP

O MDP é uma chapa de partículas de madeiras dimensionadas especificamente para cada uma das suas três camadas, as partículas maiores ficam no meio do painel e as mais finas nas superfícies externas. Essas partículas são aglutinadas e compactadas com resina sintética por meio de pressão e calor, ilustrado na figura 7 a seguir.


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Figura 7: Chapa de MDP.

Fonte: http://projetar-interiores.blogspot.com.br/2011/11/mdf-mdp-aglomerado-ecompensado-quem-e.html

Segundo a Abipa, “o MDP foi desenvolvido pela exigência do mercado por um produto de menor custo, com grande estabilidade para todos os tipos de revestimento e baixa absorção de tinta”. De acordo com Grimbergas (2011), o MDP também é encontrado em chapas de 2,75 x 1,83m, porém, com espessuras de 9 a 28mm. Essas chapas também podem vir já revestidas, com impressões ou laminadas, e também aceitam pinturas simples e laqueadas. Conforme a Sindimov (2007), o MDP tem menos aplicações, limitando-se a peças retas, sem rebaixs, relevos ou curvas. Porém, possui extrema resistência a empenamentos, por possuir fibras maiores e pequenos espaços vazios em seu interior. É indicado para portas, laterais, prateleiras, tampos retos e quaisquer outras peças retas que compõem o móvel.


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2.2

COZINHA De acordo com Gurgel (2005), “a cozinha reflete o estilo de vida de uma

família.” Segundo ela, o tamanho, a forma, a ventilação, a circulação, a manutenção que exige e outros fatores indicam o quanto um projeto é prático e funcional. A cozinha é, sem dúvida, o cômodo da casa onde se percebe com maior claridade a evolução, os avanços tecnológicos e os estilos de vida. Até poucas décadas era um espaço reservado exclusivamente à servidão, hoje se converteu no ambiente de socialização mais importante das residências. De acordo com Druesne (2010), a cozinha é o novo espaço de convivência. Há vários anos vem passando por uma metamorfose e se embelezando. Isso porque novos estilos de vida passam a existir, aliados ao interesse crescente pela arte culinária e pela decoração. “A cozinha da nova geração se abre, ocupa metros quadrados das salas de jantar ou de estar, e se expõe orgulhosamente.” (Druesne, 2010, p.9) Por isso, as divisões desaparecem e as fronteiras entre os cômodos diminuem, tornando o cômodo em um local de compartilhamento, acolhendo e recebendo amigos e familiares. Então, além de ter de ser um local prático e multifuncional, deve conter a estética que reflete a maneira de viver de seus proprietários. Segundo Bahamón (2005), pode-se apreciar a última tecnologia na cozinha, além dos materiais de revestimentos, os eletrodomésticos estão cada vez mais potentes, práticos e pequenos, possibilitando ao ambiente um projeto completo, mesmo com dimensões limitadas. Segundo Bessi (2012), os eletrodomésticos devem ficar de fácil acesso na cozinha, por isso, na hora de projetar é importante deixa-los próximos.

2.2.1

Eletrodomésticos Alguns eletrodomésticos são indispensáveis em uma cozinha, para

projetá-la é necessário saber quais são os equipamentos que serão utilizados e suas dimensões,

assim

o

mobiliário

poderá

ser

desenhado

para

comportar

adequadamente esses itens. De acordo com Ferreira (2007), os eletrodomésticos essenciais em uma


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cozinha são: a geladeira, o fogão e a coifa. Segundo ela, por mais simples que seja a cozinha, deverá ter esses itens. Para a maioria das pessoas o micro-ondas também é indispensável, após ter esses elementos, os demais podem ser comprados aos poucos, conforme a necessidade. Existem três tipos de fogões, o de piso, o de embutir e o de mesa. O de piso é o modelo convencional, ilustrado na figura 8, que pode ser colocado em qualquer lugar, sem necessidade de instalação. Tem funcionamento a gás, podendo ter um ou dois fornos e quatro, cinco ou seis queimadores.

Figura 8: Fogão de piso.

Fonte: http://www.americanas.com.br/produto/108485126/fogao-depiso-clean-bf050br-4-bocas-inox-bivolt-brastemp

O fogão de embutir também possui um ou dois fornos e de quatro a seis bocas, ilustrado na figura 9, a diferença está na necessidade de ser embutido em algum móvel, ficando suspenso ao chão como mostra a figura abaixo.


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Figura 9: Fogão de embutir.

Fonte: http://www.angeloni.com.br/eletro/produto?grupo=110

26&idProdut o=2634305

Já o modelo de mesa, também conhecido como cooktop, não possui forno, apenas o tampo com os queimadores, como mostra a figura 10, podendo ser de uma, duas, quatro ou cinco bocas. Eles têm a necessidade de ser instalados em algum tampo, que pode ser de vários materiais, mais comumente em tampos de granito. Eles podem ser a gás ou elétricos, sem a necessidade de gás.

Figura 10: Cooktop.

Fonte: http://www.magazineluiza.com.br/cooktop-a-gas-4-bocas-electrolux-

gt60x-tripla-chama-e-botoes-removiveis-inox/p/0122511/ed/cook/

A coifa, ilustrada na figura 11, tem a função de puxar a gordura, eliminando o cheiro e facilitando na limpeza da cozinha. Segundo Ferreira (2007), ela deve ter o tamanho do fogão.


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Figura 11: Exemplo de coifa de parede.

Fonte: http://www.dicarapida.com/img/fotos/coifa

Depois, eletro-portáteis como liquidificador e batedeira acrescentam praticidade ao preparo de alimentos e estão presentes na maioria das cozinhas. Portanto, é importante prever local para guardá-los.

2.3 DEFICIENTE FÍSICO De acordo com as Regras Gerais sobre a Igualdade de Oportunidades para as Pessoas com Deficiências (1990), existem pessoas com deficiência em todas as partes do mundo e o número dessas pessoas tende a aumentar. Segundo a Aflodef (Associação Florianopolitana de Deficientes Físicos, 2000), 14,7% da população de Florianópolis tem algum tipo de deficiência, aproximadamente 118 mil pessoas. Conforme o Guia Prático de Acessibilidade (2004, p.4), deficiência física é

alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanis mo, mem bros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções

As causas e consequências da deficiência física variam de acordo com a região do mundo, estando relacionadas às diferentes circunstâncias sócio-


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econômicas e das disposições que cada Estado adota em favor do bem estar de seus cidadãos. (SACI, 2000). De acordo com Gurgel (2002, p.37), “deficientes físicos pertencem à categoria das pessoas que necessitam de cuidados especiais e, consequentemente, um design politicamente correto, que lhes garanta segurança, conforto e bem-estar.” Essas pessoas necessitam de adaptações no meio urbano e residencial para conseguir realizar suas atividades com independência e se incluírem no mercado como profissionais. A política atual em relação a deficiência é o resultado da evolução ao longo dos últimos 200 anos. Mas além das políticas adotadas, outros fatores influenciam nas condições de vida dessas pessoas, como a ignorância, o abandono, a superstição e o medo, fatores sociais que ao longo da história isolaram as pessoas com deficiência e atrasaram o seu desenvolvimento. (SACI, 2000). Com o tempo, a política em relação à deficiência passou de cuidados essenciais à educação de crianças com deficiência e à reabilitação das pessoas que ficaram deficientes na vida adulta. Por causa dessa política, essas pessoas foram ficando mais ativas e juntamente com seus familiares passaram a lutar por melhores condições de vida. (SACI, 2000). Para o trabalho foi considerado como público as pessoas que utilizam de cadeira de rodas para se locomover, mas não possuem nenhum comprometimento neurológico e sensorial dos membros superiores, portanto têm capacidade de realizar muitas tarefas sem ajuda dentro de suas casas, inclusive cozinhar.

2.3.1 Inclusão Social

De acordo com Barros (2013), a inclusão está ligada a todas as pessoas que não têm as mesmas oportunidades dentro da sociedade. Mas os excluídos socialmente são também os que não possuem condições financeiras dentro dos padrões impostos pela sociedade, além dos idosos, os negros e os portadores de deficiências físicas, como cadeirantes, deficientes visuais, auditivos e mentais. Existem as leis específicas para cada área, como a das cotas de vagas nas universidades, em relação aos negros, e as que tratam da inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho.


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Então a inclusão social é uma ação para combater a exclusão social, geralmente ligada a classe social, nível educacional, portadores de deficiência física ou mental, idosos e minorias raciais. É comum hoje em dia a discussão sobre a inclusão de pessoas com algum tipo de deficiência, mencionando seus direitos. Essa atitude tende a mudar a sociedade, de maneira que suas estruturas e serviços oferecidos abram espaços conforme as necessidades de adaptação específicas para que cada pessoa com deficiência seja capaz de interagir naturalmente na sociedade. Nos dias de hoje já se nota uma série da adaptações em lugares públicos e privados em benefício dos deficientes. Calçadas adaptadas para deficientes visuais com rampas para cadeirantes e ônibus com elevadores são exemplos, embora ainda a maioria não esteja de acordo com as normas, pode-se dizer que está no caminho para o benefício amplo. Além disso, rampas ou elevadores na entrada de edifícios, banheiros adaptados e cinemas com vagas especiais são algumas das adaptações com o propósito da inclusão social. Há a necessidade de se construir uma sociedade inclusiva, onde todos tenham seu lugar. De acordo com a Legislação Brasileira sobre Pessoas Portadoras de Deficiência (2009), o Brasil é hoje um dos países com uma das legislações mais avançadas sobre acessibilidade, pois os deficientes vêm lutando ao longo dos anos para isso, por ter notado que a acessibilidade é o principal caminho para a inclusão. Porém, outras áreas além da arquitetura necessitam de adaptações para contribuir pra a inclusão social. Por exemplo, objetos pessoais e mobiliários devem ser adaptados ou criados de maneira a facilitar o seu uso por essas pessoas.

2.4 ERGONOMIA De acordo com Iida (2000),

a ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho ao homem. (...) Isso envolve não somente o ambiente físico, mas também os aspectos organizacionais de como esse trabalho é programado e controlado para produzir os resultados desejados.


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Segundo Moraes e Mont’Alvão (2003), a ergonomia é uma tecnologia que estuda o comportamento dos homens e suas reações em relação ao seu trabalho, levando em consideração os equipamentos que ele opera e sua estação de trabalho. O design deve ser centrado no humano, baseando-se nas características físicas e mentais do usuário, buscando a melhor integração possível entre produto e usuário. Ou seja, a ergonomia tem o objetivo de adaptar o produto ao usuário. “Tudo que o homem cria é destinado ao seu uso pessoal. As dimensões do que se fabrica devem, por isso, estar intimamente relacionadas com as do seu corpo”. (NEUFERT, 1997, p.18) De acordo com Iida (2000), para realizar o seu objetivo, a ergonomia estuda o homem, a máquina, o ambiente, a informação, a organização e as consequências do trabalho. A

Ergonomia

tem

foco

em

levantamentos,

análises,

pareceres,

diagnósticos, recomendações, proposições e avaliações, com o objetivo de valorizar o trabalho como agir humano, através do qual o homem supera os limites da natureza. “Projeto ergonômico é a aplicação da informação ergonômica ao design de ferramentas, máquinas, sistemas, tarefas, trabalhos e ambientes para o uso humano seguro, confortável e efetivo.” (MORAES e MONT’ALVÃO, 2003, p. 11, 12 ed.) Moraes e Mont’Alvão (2003) ainda destacam que não importa a área de atuação ou os métodos que se utiliza, o objeto da Ergonomia é o homem no seu trabalho trabalhando, realizando sua tarefa cotidiana.

O atendimento aos requisitos ergonômicos possibilita maximizar o conforto, a satisfação e o bem-estar, garantir a segurança, minimizar constrangimentos, custos humanos e carga cognitiva, psíquica e física do operador e/ou do usuário e otimizar o desempenho da tarefa, o rendimento do trabalho e a produtividade do sistema homem-máquina. (MORAES e MONT’ALVÃO, 2003, p. 16, 12 ed.)


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2.4.1 Inquirição Conforme Moraes e Mont`Alvão (2003), inquirição é a busca metódica de informações e a quantificação dos resultados, quando possível. Para o trabalho em questão, foi escolhido o questionário como técnica de investigação, por poder ser feito à distância. O questionário é a técnica de investigação composta por um número de questões apresentadas por escrito às pessoas, com o objetivo de conhecer opiniões, crenças, sentimentos, expectativas e situações vivenciadas. (Moraes e Mont`Alvão, 2003, p. 20, 12 ed.)

Os questionários podem ser abertos ou fechados. Os fechados podem ser de alternativas diferentes, hierarquizadas ou múltipla escolha. As respostas já são previamente estabelecidas, de maneira que o entrevistado deve assinalar a alternativa que mais se ajusta às suas características, ideias ou sentimentos. As escalas de avaliação são instrumentos que medem a intensidade das opiniões e das atitudes. Consistem numa série graduada de itens que devem ser assinalados pelo respondente conforme sua percepção sobre o fato pesquisado.

2.4.2 Normas Brasileiras e Ergonomia da Cozinha

Para projetar é necessário seguir uma série de normas que facilitam o trabalho do designer e ainda contribuem para que o projeto tenha menos chance de dar errado. Existem normas gerais e normas mais específicas para determinado grupo de pessoas ou atividade. Segundo a Organização Mundial de Saúde, uma grande parcela da população global “são portadores de anomalias sensoriais, físicas, mentais ou outro tipo de lesões ou fraquezas que inibem a capacidade de desempenhar funções básicas. Elas constituem o segmento dos indivíduos portadores de deficiência.” (NBR 9050, 1990) Segundo Fernandes (2012), a cozinha para um cadeirante deve possuir


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várias adaptações para que possa ser utilizada com conforto e segurança. Primeiramente o fogão deve ser baixo o suficiente para que o cadeirante consiga ver por cima da panela, e não pode ter forno para possibilitar a aproximação, entrando com a cadeira embaixo. Ou seja, o fogão cooktop é o mais indicado para o cadeirante, como mostra a figura 12 a seguir. Ele pode ser instalado em um tampo de pedra, o qual pode ser instalada também a pia. Figura 12 – Tampo com cooktop

Fonte:<http://blogdocadeirante.blogspot.com.br.html>

De acordo com Fernandes (2012), a altura dessa bancada deve ser estabelecida com muito cuidado, pois todas as atividades da cozinha são feitas ali. A NBR 9050 estipula a altura de 80 a 85cm para a bancada, mas de acordo com Fernandes (2012), essa altura deve ser estipulada pelo cadeirante que vai usar, pois existem cadeirantes de várias alturas. Além disso, ele afirma que não se deve medir a altura pelo descanso de braço da cadeira, pois a bancada ainda ficará muito alta. O ideal é calcular de acordo com o conforto do usuário e retirar os braços da cadeira ao utilizar a cozinha. Segundo Fernandes (2012) ainda, é um problema dispor os armários para cadeirantes, pois abaixo do fogão e da pia não se pode ter nada que dificulte a entrada da cadeira de rodas e os armários superiores não podem ser muito altos para não dificultar o alcance, além do tamanho das cozinhas atualmente não serem


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muito grandes. Uma dica que ele sugere, é projetar armário desde baixo até uma altura alcançável, deixando um vão para entrar os pés. Esse vão para os pés deve ser calculado com cuidado, cerca de 20cm acima dos pés é suficiente para não causar batidas desagradáveis. A ABNT é a Associação Brasileira de Normas Técnicas e tem o objetivo de levar o conhecimento à população brasileira de forma sistematizada, por meio de documentos normativos. A ABNT lançou a NBR 9050 – Adequação das edificações e mobiliário urbano à pessoa deficiente, a primeira norma brasileira com foco nos portadores de deficiência. O trabalho foi realizado por técnicos especializados, em conjunto com portadores de deficiência. Segundo a NBR 9050 (2004), existem medidas adequadas para um cadeirante exercer suas atividades, em termos de alcance vertical, lateral e diagonal, como mostra as figuras 13 e 14. A circulação deve ser garantida, além disso as pias devem possuir altura de no máximo 0,85m, com altura inferior livre de no mínimo 0,73m, conforme figura 15.

Figura 13 – Alcance manual frontal de cadeirante.

Fonte: NBR 9050 (2004)


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Figura 14 – Dimensões das partes da cadeira de rodas.

Fonte: Banco de dados pessoal.

Figura 15 – Cozinha para cadeirante.

Fonte: Banco de dados pessoal.

De acordo com a NBR 9050 (2004), deve-se respeitar as medidas de relação entre altura e profundidade para alcance manual lateral como mostra a figura 16 e as dimensões mínimas para a manobra da cadeira de rodas sem deslocamento conforme a figura 17.


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Figura 16 – Alcance manual lateral.

Fonte: NBR 9050 (2004)

Figura 17 – Área para manobra sem deslocamento.

Fonte: NBR 9050 (2004)

É importante que o cadeirante alcance em toda a profundidade da bancada para facilitar sua vida diária, a NBR 9050 (2004) também estabelece profundidades confortáveis para a bancada como mostra a figura 18. As dimensões de A1 x A2 são para alcance de atividades eventuais, as de B1 x B2 são para atividades sem precisão e as de C1 x C2 são para atividades de tempo prolongado.


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Figura 18 – Superfície de trabalho.

Fonte: NBR 9050 (2004)

Além das normas para alcance manual, a NBR 9050 (2004) também define medidas de alcance visual para cadeirantes, para quando for necessário. A figura 19 mostra o cone visual de um cadeirante, considerando que um cadeirante tenha de altura total entre 1,10 e 1,20m.

Figura 19 – Cones visuais da pessoa em cadeira de rodas.

Fonte: NBR 9050 (2004)


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3

MERCADO

3.1 ANÁLISE DE DEMANDA

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (2004), há 16 milhões de deficientes físicos no Brasil. Segundo Caetano (2013), as pessoas com deficiência

são

um

grande

mercado

consumidor,

mas

boa

parte

dos

estabelecimentos não está preparado pra recebê-los. No Brasil, há poucos anos atrás essas pessoas eram excluídas e não tinham seus lugares na sociedade, hoje essas pessoas estão passando a lutar por seus direito básicos como de ir e vir, ganhando sua independência e tendo espaço no meio de trabalho. O governo está cada vez mais fazendo campanhas e incluindo normas e leis que incluam os deficientes físicos na sociedade, como o sistema de cotas de vagas em empresas, por exemplo. De acordo com a SACI (2013), a Lei No 7.853/89 “assegurou às pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive o direito ao trabalho”. Além disso, a Lei No 8.213/91 em seu artigo 93 institui “no âmbito da iniciativa privada, uma reserva de mercado, estabelecendo um percentual de vagas a serem preenchidas por pessoas com deficiência e beneficiários reabilitados da Previdência Social”. Além das leis existirem, elas estão sendo cobradas com vigor.

E esta determinação deve ser cumprida pelas empresas com 100 ou mais empregados, independentemente da natureza da atividade desenvolvida. Com essas considerações, a 1ª Turma do TRT-MG negou provimento ao recurso de uma empresa atuante do ramo da construção civil, que alegava não conseguir preencher as vagas com portadores de deficiência.(SACI, 2013).


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Ganhando mercado de trabalho, os deficientes físicos ganham cada vez mais independência, necessitando de produtos que atendam suas necessidades sem necessitar da ajuda de outra pessoa. Para isso, é necessário que produtos sejam projetados especialmente para esse público, mas em vários segmentos não existe esse cuidado por parte das indústrias. Nota-se que o seguimento moveleiro é um desses campos não explorados para esse público, portanto, tem uma demanda considerável, uma vez que não existe essa particularidade no setor, havendo uma grande carência na área.

3.2 ANÁLISE DE OFERTA

De acordo com a RAIS (2012), Relação Anual de Informações Sociais, a oferta de produtos para esse nicho se aquece conforme mais pessoas são incluídas no mercado de trabalho. Segundo Oliveira (2013), para facilitar o acesso a esses produtos específicos, foram criadas linhas de crédito especiais para a compra de produtos para pessoas com deficiência no valor de até R$ 30 mil. Para o coordenador de Relações Institucionais da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, Cid Torquato, o aumento aquisitivo da população com deficiência fez crescer a oferta de serviços e produtos. (...) Porém, ainda existe uma demanda reprimida no Brasil por produtos mais sofisticados, especialmente os digitais. (OLIVEIRA, 2013).

Segundo ele, ainda é caro e burocrático lançar produtos no mercado, e as lojas especializadas, em geral, trabalham com produtos simples e com aspectos hospitalares. Não existe a oferta de mobiliário especializado para cadeirantes no Brasil. O que existe são móveis sob medida, o qual o marceneiro faz o mobiliário personalizado de acordo com as necessidades de cada cliente. Como o público cadeirante tem carência na área de móveis adaptados, é uma oferta válida para preencher um campo inexistente no mercado. Os móveis modulares estão em alta por proporcionar produto de


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qualidade com rapidez aos consumidores, incluir essa especialidade nas modulações existentes das lojas de móveis planejados seria uma atitude ideal para a inclusão social, facilitando a vida dos cadeirantes.

3.3 CONCORRENTES E SIMILARES Atualmente algumas empresas estão começando a perceber o potencial desse mercado, como é o caso da empresa italiana de móveis planejados chamada Valcucine, que lançou a cozinha Hability, projetada especialmente para cadeirantes por um arquiteto juntamente com um designer. De acordo com Lima (2010), a cozinha foi desenvolvida de acordo com as necessidades dos deficientes de maneira que ficasse não só acessível, mas também esteticamente agradável e que pudesse ser utilizada por não-cadeirantes também, como pode-se observar nas imagens 20, 21, 22 e 23 .

Figura 20 – Cozinha Hability I.

Fonte: http://designinnova.blogspot.com.br/2010/04/cozinha-para-cadeirantes.html


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Figura 21 – Cozinha Hability II.

Fonte: http://designinnova.blogspot.com.br/2010/04/cozinha-para-cadeirantes.html

Figura 22 – Cozinha Hability III.

Fonte: http://designinnova.blogspot.com.br/2010/04/cozinha-paracadeirantes.html


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Figura 23 – Cozinha Hability IV,

Fonte: http://designinnova.blogspot.com.br/2010/04/cozinha-para-cadeirantes.html

Recentemente a Valcucine abriu uma loja em São Paulo, mas a empresa é voltada para a classe A apenas. Nota-se uma carência muito grande nessa área, acessível para todas as classes. Lima (2010) mostra que outra empresa italiana, a Snaidero, também se preocupou com as necessidades especiais. Criou “uma cozinha baseada em estudos ergonômicos sobre o manejo de pessoas idosas e deficientes físicos”, como mostra as figuras 24, 25 3 26. Sem quinas para os usuários não se machucarem e as prateleiras e pia mais rasas, permite maior aproximação dos usuários e conforto.


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Figura 24 – Cozinha para idosos e deficientes físicos I.

Fonte: http://designinnova.blogspot.com.br/2010/09/cozinha-compacta-eergonomica-para.html.

Figura 25 – Cozinha para idosos e deficientes físicos II.

Fonte: http://designinnova.blogspot.com.br/2010/09/cozinha-compacta-e-ergonomicapara.html.


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Figura 26 – Cozinha para idosos e deficientes físicos III.

Fonte: http://designinnova.blogspot.com.br/2010/09/cozinha-compacta-e-ergonomicapara.html.

Garcia (2011) mostra que a Brastemp também notou esse público e criou o The Liberty Project, um conceito de cozinha que oferece praticidade, tecnologia, sustentabilidade e acessibilidade. A cozinha foi projetada por uma equipe de designers com base nos princípios do Desenho Universal¹, permitindo que usuários de diferentes perfis pudessem usá-la com a mesma facilidade se acesso. A cozinha é modular, podendo ser distribuída conforme a necessidade e a dimensão do ambiente e o diferencial desse projeto é uma plataforma de preparo de alimentos com altura adaptável, permitindo que cadeirantes possam utilizá-la, como mostra a figura 27.


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Figura 27 – The Liberty Project

Fonte: http://arquitetandoideias.blogspot.com.br/2011/08/liberty-cozinha-comacessibilidade-e.html

Porém, essa cozinha é apenas conceitual e sem previsão para lançamento. Caso essa cozinha fosse lançada no mercado, seria de custo muito elevado, pois o projeto possui eletrodomésticos integrados nos módulos, envolvendo muita tecnologia. Lançando esse produto no mercado, seria o pioneiro, sem concorrentes iniciais diretos. Porém, podem surgir concorrentes que percebam a prosperidade nesse tipo de público. Apesar de não existir concorrentes diretos no mercado, que sejam especializados

nesse

público,

pode-se

considerar

as

marcenarias

como

concorrentes, porém, elas não possuem o estudo necessário nesse público, o que faz com que o produto proposto ganhe vantagem em relação à concorrência.

3.4 CARACTERÍSTICAS DO MERCADO O mercado de produtos adaptados para cadeirantes vem crescendo conforme a conscientização vem sendo divulgada e as empresas vem percebendo a lucratividade desse público . Nota-se em entrevistas que mobiliário ainda é um campo pouco explorado


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para esse público, o que dificulta a vida dos cadeirantes na hora de mobiliar suas casas, deixando a desejar em alguns itens, obrigando-os a fazer adaptações improvisadas. Observando mostras de decoração para acessibilidade pela internet (REVISTA MOBLY, 2013), percebe-se comentários de alguns cadeirantes informando que muitas daquelas adaptações não são funcionais, apenas bonitas. Levando isso em consideração, o mercado atual no segmento moveleiro parece não está preparado para projetar para os deficientes físicos, pois não possui os conhecimentos necessários e não vivencia a necessidade desse tipo de cliente. Para projetar para um cadeirante é necessário saber suas dificuldades e necessidades do dia-a-dia. Para o trabalho em questão, será considerado como público os cadeirantes acima de 30 anos, independentes, que trabalham dentro ou fora de casa. Dentre estes, estão solteiros, casados e divorciados, inclusive casais cadeirantes. A razão de compra do produto seria a intenção de total liberdade e independência dentro de suas cozinhas, para que consigam cozinhar com conforto e segurança sem precisar da ajuda de um não-cadeirante.

3.5 PROSPECÇÃO E TENDÊNCIAS DE MERCADO O mercado de trabalho para deficientes físicos está aquecido. Um levantamento feito pela Plura Consultoria e Inclusão Social (2011) revelou que dentre as empresas pesquisadas, todas estão tomando providências para incluir profissionais com deficiência no seu quadro de funcionários. Segundo notícia no site Boas Novas (2011), Alex Vincintin, CEO da Plura, afirma em entrevista que essa é uma tendência da sociedade, os deficientes cada vez mais ter seu lugar garantido no mercado. Segundo ele, esse aumento se deu pelo aumento de fiscalização nas empresas que tem cotas para deficientes. Antes da fiscalização havia 600 deficientes físicos empregados, atualmente estima-se 200 mil. Esse fato leva às empresas começarem a se voltar para o público de deficientes físicos, percebendo a necessidade que esse público tem de adaptações


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e de produtos específicos, notando também a grande possibilidade de investimento rentável. Os deficientes físicos estão cada vez mais buscando seu lugar na sociedade, trabalhando, viajando e se relacionando como qualquer outra pessoa, essa tendência tende a aumentar, necessitando de mais produtos voltados para esse público, já que muitos objetos devem ser adaptados para que os cadeirantes possam utilizar normalmente. A conscientização também vem sendo aplicada através de meios de comunicação, além de o governo brasileiro vir implantando leis que atendam melhor as pessoas com deficiência. Segundo a ABRIDEF (2013), Associação Brasileira das Indústrias e Revendedoras de Produtos e Serviços para Pessoas com Deficiência, “a presidenta Dilma Rousseff, ao lançar o Viver sem Limites, obrigou os centros de saúde a se organizar para atender esses cidadãos para que possam viver plenamente, sem limites, com qualidade de vida e autonomia”. Há também normas técnicas de acessibilidade para meios públicos que cada vez mais estão sendo cobradas, como consta no artigo 9, sobre acessibilidade, da Legislação Brasileira sobre Pessoas Deficiência (2009): A fim de possibilitar às pessoas com deficiência viver de forma independente e participar plenamente de todos os aspectos da vida, os Estados-Partes tomarão as medidas apropriadas para assegurar às pessoas com deficiência o acesso, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, ao meio físico, ao transporte, à informação e comunicação, inclusive aos sistemas e tecnologias da informação e comunicação, bem como a outros serviços e instalações abertos ao público ou de uso público, tanto na zona urbana como na rural. Essas medidas, que incluirão a identificação e a eliminação de obstáculos e barreiras à acessibilidade (…)

Quanto mais as cidades estiverem adaptadas aos cadeirantes, mais eles terão suas independências, fazendo com que participem mais ativamente do mercado, necessitando cada vez mais de produtos destinados a eles.


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3.6 OPORTUNIDADES E AMEAÇAS 3.6.1 Oportunidades Além de contribuir muito para a inclusão social, pode ser um ramo muito lucrativo, visto que o seguimento de mobiliário para cadeirantes é muito falho no Brasil. Muitas empresas de móveis modulares mantém a fábrica em um estado, geralmente no sul, e possui franquias em vários estados do território nacional. Considerando essa estrutura, esses móveis adaptados poderiam ser incluídos na biblioteca, listagem de módulos pré-estabelecidos, de uma dessas lojas, sendo distribuídos para todo o Brasil, ganhando um público antes inexplorado, conquistando-os e contribuindo para sua independência.

3.6.2 Ameaças O público alvo é restrito aos cadeirantes adultos, que costumam cozinhar ou usam a cozinha com frequência ou os cadeirantes que moram sozinhos. Os concorrentes são os móveis planejados e os móveis sob medida, que a população já confia há anos.

3.7 PESQUISA DE MERCADO Foram realizados questionários via internet com 5 pessoas cadeirantes, de ambos os sexos e idades variadas entre 30 e 61 anos. Com essa pesquisa buscou-se saber as dificuldades e necessidades que os cadeirantes têm na realização de suas atividades diárias dentro de suas cozinhas, além de onde costumam guardar os acessórios utilizados da cozinha.


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4 CONCEITO

Mobiliário de cozinha modular adaptado para cadeirantes, adaptável a diversos ambientes e também podendo ser incluído na modulação de lojas existentes. Será considerado para o projeto um tampo de granito ou outra pedra compatível com 20mm de espessura para instalação do cooktop e da cuba. Essa espessura é o mínimo indicado, permitindo melhor aproveitamento de espaço, sem atrapalhar a aproximação e o alcance. O móvel será produzido com chapas de MDF de 15mm, por ser um material de ótima resistência à fungos, bactérias e cupins, além de ser padrão em diversas empresas de mobiliário planejado e já vir revestido nas duas faces, o que facilitará sua produção. O revestimento mais comum em móveis planejados é o laminado melamínico, que já vem nas chapas, possuindo diversos padrões que podem ser escolhidos de acordo com o gosto de cada usuário. Além disso, protege a chapa contra umidade, que pode deformar a chapa, e ainda é de fácil limpeza. O fundo deverá ser de 6mm, porque não tem necessidade de muita espessura, revestido nas duas faces, e encaixado, para não ficar diretamente encostado na parede e se proteger ao máximo da umidade, caso exista. Composto por 6 módulos básicos: um para armazenar louças e mantimentos, um para o fogão, um para a pia, um para o forno, uma para o microondas e um gaveteiro para talheres. Esses módulos poderão se repetir na cozinha de acordo com a necessidade e dimensão do ambiente, além de serem suspensos, permitindo adequar a altura à dimensão do usuário e da cadeira de rodas, devendo ficar acima de 30cm do chão, facilitando a aproximação da cadeira de rodas. O módulo para pia deverá ter 90cm de largura para permitir a aproximação da cadeira de rodas confortavelmente, e a altura deverá ser o suficiente para esconder a cuba. Como existem numerosos modelos de cubas de cozinha, será adotado para o projeto os modelos com até 12cm de altura, pois mais


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que isso dificultará a aproximação do cadeirante. O móvel será principalmente para esconder a cuba, devendo ter 13cm de altura total, com um espaço aproveitável na frente da cuba. O módulo para o fogão deverá ter as mesma medidas do módulo da pia, para permitir aproximação e também manter um padrão estético, já que o cooktop tem altura menor que a cuba. O módulo despenseiro deverá ter largura igual ou superior a 1m, para quando aberta ter bastante espaço alcançável. A última prateleira deverá ter altura máxima do chão de 1,30m para permitir alcance do usuário e deverá ser com portas de correr para melhor aproximação. O gaveteiro de talheres deverá possuir um divisor para organizar os talheres e altura compatível com os outros módulos de bancada para manter um padrão estético.

4.1 GERAÇÃO E ANÁLISE DAS ALTERNATIVAS

Seguindo os requisitos pré-estabelecidos, projetou-se um despenseiro que a prateleira mais alta pudesse ser alcançada pelo cadeirante sem maiores esforços, ficando ela a uma altura do chão de 1,30m. Ficando com pouca profundidade, de 30cm, também possibilita que o usuário alcance todos os produtos ali guardados sem dificuldades, e suspenso a pelo menos 30cm do chão possibilita que as pernas do cadeirante entrem embaixo do armário, garantindo maior aproximação, como mostra a figura 28.


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Figura 28: Simulação Despenseiro aberto.

Fonte: Elaboração do autor, 2013.

O sistema de abrir com portas de correr também permite maior aproximação do armário, já que a porta não ocupa espaço para fora do armário quando aberto e a largura permite isso, ilustrado na figura 29.

Figura 29: Simulação despenseiro fechado.

Fonte: Elaboração do autor, 2013.


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Para projetar o módulo para o forno de embutir, levou-se em consideração as alturas de alcance manual do cadeirante e a dimensão do despenseiro já pré-projetado, para combinarem entre si. Além disso, observou-se que a abertura do forno ficasse acima das pernas do cadeirante, de forma que facilitasse o seu manuseio e aproximação, demonstrado na figura 30 a seguir.

Figura 30: Simulação módulos e prateleira para micro ondas.

Fonte: Elaboração do autor, 2013.

Na figura 30 o espaço para o forno não está centralizado na altura do módulo, ficando vãos de diferentes tamanhos em cima e embaixo. Porém, já se percebeu que não era possível colocar o micro-ondas no vão superior, sendo uma altura acima de 1,30m do chão, por se tratar de uma altura desconfortável para o cadeirante e até pouco segura para manusear pratos quentes e pesados. O micro-ondas na imagem acima está em uma altura confortável, porém há desperdício de espaço, o que poderia ser solucionado com outro módulo de mesmas dimensões, para acomodar o aparelho e guardar o que mais for necessário. A solução resultou em mais um armário que pode servir para guardar os eletro-portáteis ou o que mais se desejar ter mais à mão. Na figura 31 a seguir o projeto foi melhorado. O forno foi centralizado na altura do módulo, permitindo ficar um gavetão abaixo do forno, o que facilita para pegar as coisas de baixo com mais facilidade, e uma basculante acima do forno, que


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facilita o manuseio do que está mais no alto, sendo que a abertura da porta pode ser regulada para a altura que o usuário desejar que seja o máximo. Na figura 31 a seguir também é simulado o módulo do micro ondas ao lado, ficando um armário grande embaixo com uma porta simples e um nicho acima do micro ondas, que pode servir para decoração ou apoio. Nessa etapa do projeto foi decidido usar puxadores embutidos, para não correr o risco de machucar o usuário caso esbarre na peça.

Figura 31: Simulação torres melhoradas.

Fonte: Elaboração do autor, 2013.

Quando projetou-se o módulo do micro-ondas, percebeu-se que no mesmo módulo poderia ser embutida uma máquina de lavar louças, já que cadeirantes podem possuir esse eletrodoméstico em suas residências, por facilitar suas atividades domésticas.


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Figura 32: Simulação torre micro-ondas fechada e aberta.

Fonte: Elaboração do autor, 2013.

O módulo da figura 32 acima, possui uma porta simples e uma prateleira, mas se o cadeirante optar por comprar uma lava-louças, basta retirar o modulo interno, ficando apenas um nicho que pode ser embutida a lava-louças, como mostra a figura 33. Nesse nicho a lava-louças de 8 serviços se encaixa perfeitamente.

Figura 33: Simulação torre micro ondas com lava-louças.

Fonte: Elaboração do autor, 2013.


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Na figura 34 a seguir, imagem das torres alinhadas com simulação de um usuário próximo, para melhor visualização.

Figura 34: Simulação torres melhoradas com lava-louças.

Fonte: Elaboração do autor, 2013.

Depois das torres estarem projetadas, começou-se o projeto do módulo para a pia. Nota-se que nos projetos de cozinha de cadeirantes, normalmente suas pias não possuem armário algum embaixo, apenas a pedra de granito com a cuba embutida, o que permite ver com facilidade os encanamentos de água e esgoto. Esse fato deixa a cozinha do cadeirante sem acabamento, como se ele não tivesse o direito de ter uma cozinha agradável aos olhos, além de funcional. Pensando nisso, optou-se por projetar um móvel que esconda a parte de baixo da pia e seus encanamentos, mas que permita a aproximação e o encaixe da cadeira de rodas por baixo da pia, como na figura 35.


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Figura 35: Simulação módulo pia.

VISTA

Fonte: Elaboração do autor, 2013.

Para que esse projeto fosse possível, foi necessário escolher uma cuba com profundidade compatível com os cadeirantes, então adotou-se como base a profundidade máxima de 12cm já existente, dessa maneira foi possível criar um módulo que cobrisse a cuba e o cadeirante ainda pudesse entrar com a cadeira embaixo da bancada. Somente o módulo não seria possível esconder os encanamentos existentes embaixo da pia, então criou-se uma espécie de vista que ficasse na frente da saída de esgoto da pia para baixo, e ainda acima de 30cm do chão para não atrapalhar a aproximação dos pés do cadeirante, como mostra a figura 35 acima. Buscando não perder espaço e aumentar a praticidade, projetou-se para a pequena parte livre na frente da cuba desse módulo, uma espécie de armário basculante que viesse para fora quando aberto, permitindo guardar próximo à pia detergente, esponja e outros pequenos utensílios usados na pia, como mostra a figura 36 a seguir. Porém, sendo de MDF, deveria ter uma proteção contra umidade, então esse item terá uma capa protetora em alumínio, que possa ser extraível, podendo ser retirada sempre que preciso para limpeza e sem correr o risco de oxidar.


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Figura 36: Simulação módulo pia aberto.

Fonte: Elaboração do autor, 2013.

Seguindo o mesmo padrão do módulo da pia, projetou-se o módulo para o fogão com as mesmas dimensões e aparência, conforme figura 37. Porém, como o cooktop ocupa menos espaço que a cuba em se tratando de espessura, sobra mais espaço abaixo do fogão, permitindo guardar outras coisas pequenas, como temperos, por exemplo, ou até bandejas, então se fez apenas uma porta simples na frente.

Figura 37: Simulação módulo fogão.

Fonte: Elaboração do autor, 2013.

Depois dos módulos de pia e fogão, notou-se a necessidade de um


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gaveteiro para organizar os talheres e panos de prato, mas que se enquadrasse na estética dos demais módulos de bancada. Então projetou-se um módulo de altura compatível com a altura total dos dois módulos anteriores, mas alinhado com o fundo inferior, já que não precisa do encaixe da cadeira de rodas embaixo da bancada, porque as gaveta abrem para fora. Conforme a imagem 38 abaixo, resultou em uma linguagem única e complementar, de maneira que a primeira gaveta ficasse alinhada com a portinha dos módulos da pia e fogão, a segunda gaveta com mesma dimensão e um gavetão inferior maior.

Figura 38: Simulação gaveteiro.

Fonte: Elaboração do autor, 2013.

A primeira gaveta deve ter um divisor de talheres em polipropileno, na dimensão interna da gaveta, como mostra a figura 39 abaixo.


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Figura 39: Simulação gaveteiro aberto com divisor de talheres.

Fonte: Elaboração do autor, 2013.

Na figura 40 pode-se observar como ficaria uma bancada com esses três módulos juntos.

Figura 40: Simulação bancada com 3 módulos.

Fonte: Elaboração do autor, 2013.


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Na simulação da Figura 40, os módulos estão suspensos a 30cm do chão, com um tampo de granito de 2cm de espessura. Os módulos estão com altura total de 53cm, resultando em uma bancada de trabalho de 85cm de altura, dentro da NBR9050 para cadeirante. Nessa simulação também foram retirados os puxadores, pensou-se em utilizar o sistema “fecho-tok” de abertura, o qual basta um leve empurrar para as portas ou gavetas se abrirem, diminuindo o risco de lesões e acidentes, além de resultar numa linguagem clean e atraente. Para melhor análise dos projetos, os itens propostos foram virtualmente dispostos em diferentes tamanhos de cozinha. Inicialmente se propôs em uma cozinha de tamanho grande, de 2,70x4,50m, que seria a ideal para um usuário cadeirante. Esta planta baixa foi retirada como exemplo de um apartamento de mais de 80 metros quadrados, com quatro dormitórios. Como pode ser observado na figura 41 abaixo, toda a modulação coube no espaço e ainda sobrou uma circulação muito confortável.

Figura 41: Planta baixa com modulação em cozinha grande.

Fonte: Elaboração do autor, 2013.

Além de caberem todos os módulos propostos, sobrou espaço para que algum módulo fosse repetido, aumentando as opções para guardar o que fosse


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necessário, como mostra a figura 42 a seguir.

Figura 42: Perspectiva da modulação proposta em cozinha grande.

Fonte: Elaboração do autor, 2013.

O módulo despenseiro também coube nessa simulação, como mostra a figura 43 abaixo, sobrando ainda um espaço para refeições rápidas.

Figura 43: Perspectiva do despenseiro proposto em cozinha grande.

Fonte: Elaboração do autor, 2013.

Depois da simulação do mobiliário em uma cozinha grande, iniciou-se uma simulação em uma cozinha média, pois entre os entrevistados, os usuários que


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possuem cozinha grande e cozinha média estão em números iguais. A cozinha média está dentro dos padrões da maioria das cozinhas dos apartamentos atuais, e para que ela fosse confortável para um cadeirante foi necessário fazer alterações arquitetônicas no ambiente. Essas cozinhas não possuem circulação suficiente para que um cadeirante entre, consiga fazer a volta e sair do ambiente. Por isso, retirou-se a parede que divide a cozinha da sala, fazendo com que a cozinha avance para o lado da sala, abrindo a circulação na cozinha, como na figura 44 abaixo.

Figura 44: Planta baixa com modulação em cozinha média.

DESPENSEIRO

Fonte: Elaboração do autor, 2013.

PAREDE DE GESSO ACARTONADO

Nessa opção, a solução para caberem todos os módulos foi construir uma pequena parede de gesso acartonado, para que o despenseiro pudesse ficar suspenso, fixo nesta parede, como mostra a figura 44 acima. Dessa forma, ainda couberam todos os módulos propostos, mas o gaveteiro teve que ser diminuído de 60cm de largura para 50cm, demonstrado na


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figura 45 a seguir.

Figura 45: Modulação proposta em cozinha média.

Fonte: Elaboração do autor, 2013.

Figura 46: Modulação proposta em cozinha média.

Fonte: Elaboração do autor, 2013.

Na imagem 46 acima consegue-se ter uma ideia da circulação que ficaria com esse projeto. Já na figura 47 abaixo pode-se visualizar o despenseiro suspenso na parede de gesso acartonado.


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Figura 47: Perspectiva do despenseiro proposto em cozinha média. PAREDE DE GESSO ACARTONADO

Fonte: Elaboração do autor, 2013.

Analisando essas duas simulações, observou-se que as propostas dos módulos de forno e de micro ondas ainda podem ser reduzidos a apenas um módulo, se o forno comprado for com abertura lateral, não necessitando ter a porta aberta acima das pernas do cadeirante. Dessa maneira, ocuparia menos espaço do ambiente, integrando dois eletros no mesmo móvel e eliminando um módulo, como na figura 48 abaixo.


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Figura 48: Simulação torre micro-ondas e forno.

Fonte: Elaboração do autor, 2013.

Com esse módulo, foi possível equipar uma cozinha pequena, simulada na figura 49, com alguns do módulos projetados, onde praticamente apenas a esposa do cadeirante é que utiliza a cozinha.

Figura 49: Simulação cozinha mínima.

Fonte: Elaboração do autor, 2013.

Essa opção é para casos extremos em que não há espaço disponível,


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sendo que louças, panelas e talheres terem que ficar organizados aparentes. 4.2 DESENHOS DE REPRESENTAÇÃO Para melhor representação da modulação proposta, fez-se os desenhos técnicos com vista explodida com as dimensões das partes.

Figura 50: Vistas do módulo para cooktop.

Fonte: Elaboração do autor, 2013.


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Figura 51: Perspectiva e vista explodida do módulo para cooktop.

Fonte: Elaboração do autor, 2013.


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Figura 52: Vistas do módulo gaveteiro.

Fonte: Elaboração do autor, 2013.


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Figura 53: Perspectiva e vista explodida do módulo gaveteiro.

Fonte: Elaboração do autor, 2013.


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Figura 54: Vistas do módulo para pia.

Fonte: Elaboração do autor, 2013.


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Figura 55: Perspectiva e vista explodida do módulo para pia.

Fonte: Elaboração do autor, 2013.


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Figura 56: Vistas do módulo despenseiro.

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Fonte: Elaboração do autor, 2013.


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Figura 57: Perspectiva e vista explodida do módulo despenseiro.

Fonte: Elaboração do autor, 2013.


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Figura 58: Vistas do módulo para forno e micro-ondas.

Fonte: Elaboração do autor, 2013.


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Figura 59: Perspectiva e vista explodida do módulo para forno e micro ondas.

Fonte: Elaboração do autor, 2013.


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4.3 AMBIENTAÇÃO DA ALTERNATIVA ESCOLHIDA

A modulação proposta foi simulada e ambientada em um apartamento existente, de tamanho médio padrão, para melhor visualização. Figura 60: Vista superior do projeto humanizado.

Fonte: Elaboração do autor, 2013.


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Figura 61: Perspectiva A do projeto humanizado.

Fonte: Elaboração do autor, 2013.

Figura 62: Perspectiva B do projeto humanizado.

Fonte: Elaboração do autor, 2013.


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Figura 63: Perspectiva C do projeto humanizado.

Fonte: Elaboração do autor, 2013.

Figura 64: Detalhe módulos abertos perspectiva C do projeto humanizado.

Fonte: Elaboração do autor, 2013.


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Figura 65: Perspectiva D do projeto humanizado.

Fonte: Elaboração do autor, 2013.

Figura 66: Detalhe módulo aberto perspectiva D do projeto humanizado.

Fonte: Elaboração do autor, 2013.


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CONSIDERAÇÕES FINAIS

As medidas específicas para uma cozinha adaptada confortavelmente para um cadeirante foram estabelecidas e foi possível desenvolver o projeto de módulos para cozinha de cadeirantes, com o objetivo de facilitar o dia-a-dia dessas pessoas, melhorando sua ergonomia na realização de tarefas como cozinhar, lavar a louça, alcançar utensílios e até mesmo circular com conforto e segurança. É importante salientar que os projetos propostos não vinculam-se a uma empresa de móveis planejados específica, mas sim ao usuário em questão. Por esse motivo, não foram especificadas as formas de fixação e ferragens, uma vez que cada empresa costuma ter um padrão específico. Porém, se o projeto em questão for adquirido por uma empresa, haverá alterações e adaptações nos projetos, podendo ser especificados mais detalhadamente. Também cabe ressaltar que o estudo de cores e acabamentos também não foram levados em questão, pois cada loja de móveis planejados possui seus padrões de acabamento, que podem ser escolhidos pelo cliente de acordo com o gosto pessoal. No decorrer da pesquisa de campo, contatos foram realizados, através da internet, com cadeirantes que relataram suas dificuldades de realizar tarefas simples, pelo simples fato de não haver adaptações necessárias. Nesse momento da pesquisa houve um contato inesperado: um anão de 89cm de altura entrou em contato para relatar suas dificuldades em mobiliar sua casa. Sua residência é “adaptada” com banquinhos por todos os lados para que ele e sua esposa, também anã, possam alcançar tudo, inclusive a pia da cozinha. Esse relato abriu a mente do pesquisador para que futuramente o projeto possa abranger não só cadeirantes, mas pessoas portadoras de necessidades especiais em geral. Essas pessoas também são esquecidas pelas empresas de mobiliários prontos, dificultando a realização de suas tarefas diárias, implicando até mesmo na falta de sua segurança. A realização deste trabalho também desenvolveu no pesquisador o interesse em se especializar na área do design de mobiliário especial, uma vez que


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o design universal não abrange esse público. Com isso, o pesquisador poderá ajudar essas pessoas excluídas, trazendo-as de volta para o convívio social e melhorando suas vidas.


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APÊNDICE 1 - Entrevista 1

Sexo feminino, 30 anos. P1: Quem cozinha na sua casa?

R1: Eu mesma.

P2: Qual o tamanho da sua cozinha? a) pequena – até 5m2 b)média – entre 5 e 9m2 c)grande – mais de 9m2

R2: Grande. P3: Onde costuma guardar panos de prato?

R3: Em um suporte, suspenso.

P4: Onde você costuma guardar mantimentos e produtos de limpeza da pia?

R4: Em armários inferiores.

P5: Onde você costuma guardar panelas?

R5: Em armário alto, chamado de paneleiro, que começa embaixo e vai até onde alcanço.

P6: Onde você costuma guardar louças e talheres?

R6: Em armário inferior.


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P7: Que dificuldades você encontra na realização das tarefas diárias na cozinha?

R7: Cozinhar, não me aproximo corretamente do fogão e a altura não está adequada.

P8: Como você realiza as atividades de lavar e secar louça, limpar pia, fogão e chão?

R8: Sentada na cadeira de rodas, então dificulta bastante, como me locomover pela cozinha, me aproximar da pia e alcançar as coisas.

P9: Quais necessidades você tem para as atividades diárias na cozinha que os móveis padrões não suprem?

R9: As Alturas dos armários e utensílios não privilegiam meu acance.


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APÊNDICE 2 - Entrevista 2

Sexo feminino, 61 anos. P1: Quem cozinha na sua casa?

R1: Eu mesma. P2: Qual o tamanho da sua cozinha? a)Pequena – até 5m2 b)Média - entre 5 e 9m2 c)Grande – mais de 9m2 R2: Grande

P3: Onde costuma guardar panos de prato?

R3: Nas barras acima da pia e acima da prateleira das panelas.

P4: Onde você costuma guardar mantimentos e produtos de limpeza da pia?

R4: Os mantimentos num armário “dispensa” no corredor lateral à cozinha e os de limpeza da pia numa armário acima da pia da cozinha. P5: Onde você costuma guardar panelas?

R5: Numa prateleira ao longo da cozinha. P6: Onde você costuma guardar louças e talheres?

R6: As louças no armário “dispensa” e numa cristaleira para copos e louças, e os talheres em potinhos que permitem até que escorram enquanto molhados, potinhos que isolam garfos, facas, colheres e que ficam ao lado das panelas.


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P7: Que dificuldades você encontra na realização das tarefas diárias na cozinha?

R7: Alcançar os produtos que estão mais altos ou muito baixos. Retirar coisas da geladeira. P8: Como você realiza as atividades de lavar e secar louça, limpar pia, fogão e chão?

R8: Lavar e secar louça, assim como limpar a pia é simples. Mas para limpar fogão e chão conto, usualmente, com um garoto que vem varrer e passar pano para mim. Para emergências tenho um rodo “molhado” que limpa rapidamente qualquer superfície do piso. P9: Quais necessidades você tem para as atividades diárias na cozinha que os móveis padrões não suprem?

R9: As barras são fundamentais para mim e já as instalei durante a construção da casa.


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APÊNDICE 3 - Entrevista 3

Sexo masculino, 53 anos. P1: Quem cozinha na sua casa?

R1: Em grande parte, eu. P2: Qual o tamanho da sua cozinha? a)Pequena – até 5m2 b)Média - entre 5 e 9m2 c)Grande – mais de 9m2 R2: Média.

P3: Onde costuma guardar panos de prato?

R3: Dispositivo próprio do armário, lateral oposto ao gaveteiro da pia.

P4: Onde você costuma guardar mantimentos e produtos de limpeza da pia?

R4: Armários. Fiz armários projetados e condiciono mantimentos sempre na parte inferior. Outros utensílios na parte superior intermediária. Fiz uma bancada de serviços onde fiz uma disposição para forno de micro-ondas e elétrico como também espaço para outros eletrodomésticos. P5: Onde você costuma guardar panelas?

R5: Nos armários inferiores. P6: Onde você costuma guardar louças e talheres?


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R6: Copos, pratos e utensílios do dia-a-dia ficam na parte superior a bancada num armário suspenso, mas com aproximadamente 60cm de altura da bancada e os talheres no gaveteiro, parte lateral à pia.

P7: Que dificuldades você encontra na realização das tarefas diárias na cozinha?

R7: Como fiz a minha cozinha, os aspectos de mobilidade e ergonomia não me atrapalham. Muito embora por não dispor de muito espaço nos armários, tive que optar pelo fechamento no balcão da pia. Com isso dificulta o uso da pia para lavar louças. A solução encontrada foi colocar a máquina de lavar-louças parte inferior dessa bancada. Onde ela fica a uns 20cm do chão, mas diminui sensivelmente o espaço do armário. P8: Como você realiza as atividades de lavar e secar louça, limpar pia, fogão e chão?

R8: Louças de fato evito lavar sem o auxílio da lavadora de louças. Pequenas louças, talheres do uso diário para máximo 3 pessoas sem grandes problemas. Já panelas e artefatos maiores é complicado sem a ajuda de uma diarista ou pessoal da casa. Idem ao fogão. Chão para pequenas sujeiras faço com o auxilio de um rodo especial com um dispositivo de grande absorção. P9: Quais necessidades você tem para as atividades diárias na cozinha que os móveis padrões não suprem?

R9: Bem, é muito difícil aliar tudo para se ter uma boa autonomia dentro de uma cozinha, logicamente também tendo uma segurança contra os riscos de queimaduras e cortes. Os móveis não tem qualquer preocupação com a altura, profundidade, quinas, aberturas de portas, fechaduras e resistência a partes molhadas.


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APÊNDICE 4 - Entrevista 4:

Sexo masculino, 33 anos. P1: Quem cozinha na sua casa?

R1: Apenas eu, mas costumo comer mais fora de casa. P2: Qual o tamanho da sua cozinha? a)Pequena – até 5m2 b)Média - entre 5 e 9m2 c)Grande – mais de 9m2 R2: Média.

P3: Onde costuma guardar panos de prato?

R3: Em gavetas.

P4: Onde você costuma guardar mantimentos e produtos de limpeza da pia?

R4: Em armários baixos na cozinha e sala. P5: Onde você costuma guardar panelas?

R5: Em gavetões inferiores. P6: Onde você costuma guardar louças e talheres?

R6: As louças e gavetões e armários superiores. Os talheres em gavetas.


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P7: Que dificuldades você encontra na realização das tarefas diárias na cozinha?

R7: Fiz minha cozinha de forma planejada para eu poder executar todas as tarefas. Lavar a louça acaba sendo uma das tarefas mais difíceis, pois a cadeira de rodas tem que ficar de lado. P8: Como você realiza as atividades de lavar e secar louça, limpar pia, fogão e chão?

R8: Lavar a louça, como disse anteriormente, coloco a cadeira de rodas de lado pra pia, as demais tarefas faço normalmente. O fogão tem um espaço aberto abaixo dele, o que facilita minha aproximação. P9: Quais necessidades você tem para as atividades diárias na cozinha que os móveis padrões não suprem?

R9: Minha cozinha é planejada, mas as maiores dificuldades que observo nas cozinhas em geral são a altura dos móveis e pia, e a falta de espaço para manobrar a cadeira de rodas.


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APÊNDICE 5 - Entrevista 5

Sexo masculino, 39 anos. P1: Quem cozinha na sua casa?

R1: Minha esposa. P2: Qual o tamanho da sua cozinha? a)Pequena – até 5m2 b)Média - entre 5 e 9m2 c)Grande – mais de 9m2 R2: Pequena.

P3: Onde costuma guardar panos de prato?

R3: Em gavetas.

P4: Onde você costuma guardar mantimentos e produtos de limpeza da pia?

R4: Em armário embaixo da pia. P5: Onde você costuma guardar panelas?

R5: Em armário embaixo da pia. P6: Onde você costuma guardar louças e talheres?

R6: As louças em armários superiores e os talheres em gavetas.


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P7: Que dificuldades você encontra na realização das tarefas diárias na cozinha?

R7: Pegar pratos, pois fica no armário superior. P8: Como você realiza as atividades de lavar e secar louça, limpar pia, fogão e chão?

R8: Raramente faço, pois não consigo me aproximar corretamente, tendo que ficar de lado. P9: Quais necessidades você tem para as atividades diárias na cozinha que os móveis padrões não suprem?

R9: Ter o fogão mais baixo e não ter abertura embaixo da pia para melhor aproximação.


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APÊNDICE 6 - ANÁLISE DAS ENTREVISTAS

De acordo com as entrevistas, 2 em cada 5 das cozinhas é de tamanho médio, como na maioria dos apartamentos atuais, fazendo com que a circulação do usuário seja dificultada se os móveis não forem bem planejados. Depois disso, 2 das 5 são de tamanho grande, o ideal para que esse público tenha maior mobilidade, e 1 de tamanho pequeno, praticamente inaceitável para esse público, por isso esse usuário não é tão atuante em sua cozinha. Pode-se perceber também que para utilizar bem a pia para lavar louça, não pode haver móveis embaixo. Porém, 4 dos 5 entrevistados ocupam esse lugar com armários por não ter outro espaço disponível, o que trás desconforto em realizar essa atividade, necessitando da ajuda de uma outra pessoa ou tendo que fazer de lado. Quando tem condições, os cadeirantes optam por ter uma máquina de lavar louças para auxiliá-los nessa tarefa, como o caso de 1 entre os 5 entrevistados. Dentre os 5 entrevistados, 4 costumam guardar talheres em gavetas, como a maior parte dos usuários não cadeirantes, e 1 entre 5 prefere deixá-los mais à mão, armazenados em potes com divisões, mas as gavetas além de mantê-los organizados, os deixam protegidos da sujeira. Para os cadeirantes alcançarem o que está muito no alto ou muito embaixo é uma dificuldade constante. É fundamental ter barras que eles possam se apoiar, porém, se não há coisas no alto, não há porque ter essas barras. Caso o ambiente seja muito pequeno e um armário no alto seja fundamental para guardar as coisas, é necessário incluir essas barras fixadas na parede. Quando podem financeiramente, os cadeirantes preferem guardar seus utensílios da cozinha em gavetões, como 1 entre 5 entrevistados, que possibilitam enxergar e alcançar o que está atrás com mais facilidade, ou armários não muito profundos que permitem alcance em todas as partes. As maiores dificuldades dos cadeirantes em suas cozinhas, além da circulação, causada pela diminuição constante das residências, o alcance superior e inferior, a aproximação à pia e fogão e a altura das bancadas são problemas que esses usuários tendem a enfrentar constantemente na realização de suas tarefas.


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