UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA LILIAN RODRIGUES RÉGIS
MOBILIÁRIO PARA PLANTAS E UTENSÍLIOS DIRECIONADO PARA SACADAS PEQUENAS
Florianópolis 2010
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LILIAN RODRIGUES RÉGIS
MOBILIÁRIO PARA PLANTAS E UTENSÍLIOS DIRECIONADO PARA SACADAS PEQUENAS
Trabalho de Conclusão de Curso, do curso de Design da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito para aprovação no curso.
Orientadora: Cristina Colombo Nunes.
Florianópolis 2010
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Este trabalho é dedicado, em primeiro lugar, ao Senhor Jesus, por sua infinita graça e misericórdia, pela sua fidelidade e pelo seu amor.
Também dedico aos meus pais e irmãs, por todo auxílio e paciência dada.
Ao meu futuro esposo, Thiago, por todo apoio, carinho e incentivo dados durante este processo.
Agradeço em especial à minha orientadora, Cristina, que, com sabedoria, me auxiliou neste projeto, contribuindo significativamente com a minha formação acadêmica.
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RESUMO
O presente trabalho de conclusão de curso aborda o problema de sacadas pequenas, as atividades nela praticadas, a criação de um projeto de mobiliário para plantas e o processo de desenvolvimento do mesmo. Após a criação de um modelo para testes, verificou-se que o produto criado é adequado para a solução do problema proposto.
PALAVRAS CHAVE Design de móveis, sacada e cultivo de plantas.
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ABSTRACT
This present study of graduation final work focuses on the problem of small balconies, the activities practiced in it, creating a design from furniture to plants and the development process of it. After creating a model for testing, it was found that the product created is suitable for solving the proposed problem.
KEY- WORDS Design furniture, balconies and plant cultivation.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Fluxograma ................................................................................................ 21 Figura 2: Exemplo de Madeira, Aglomerados e MDF ............................................... 25 Figura 3: Exemplo de Madeira, Aglomerados e MDF ............................................... 25 Figura 4: Exemplo de Madeira, Aglomerados e MDF ............................................... 25 Figura 5: Exemplo de Madeira Reconstituída e OSB ................................................ 25 Figura 6: Exemplo de Madeira Reconstituída e OSB ................................................ 25 Figura 7: Exemplo de Madeira Autoclavada e Policarbonato .................................... 25 Figura 8: Exemplo de Madeira Autoclavada e Policarbonato .................................... 25 Figura 9: Sacada fechada com muxarabiê ................................................................ 36 Figura 10: Sacada isolada e corrida. ......................................................................... 37 Figura 11: Exemplos de fechamentos em muxarabiê e galerias mourescas ............ 37 Figura 12: Ed. Nova Cintra, Parque Guinle, de autoria de Lúcio Costa, Rio de janeiro, 1948 - 1954 ....................................................................................... 40 Figura 13: Conjunto Residencial do Pedregulho de autoria de Affonso Eduardo Reidy, Rio de Janeiro, 1946 - 1958 ........................................................................... 41 Figura 14: Tabela de atributos (adaptada) ................................................................ 71 Figura 15: Painel dos sentidos .................................................................................. 73 Figura 16: Painel do público e atividades .................................................................. 74 Figura 17: Sketches .................................................................................................. 75 Figura 18: Linha Varal ............................................................................................... 76 Figura 19: Linha Parede ............................................................................................ 77 Figura 20: Linha Módulos .......................................................................................... 78 Figura 21: Linha Zen. ................................................................................................ 79 Figura 22: Opção 1.................................................................................................... 80 Figura 23: Opção 2.................................................................................................... 81 Figura 24: Opção 3.................................................................................................... 82 Figura 25: Alternativa escolhida ................................................................................ 83 Figura 26: Modelo tridimensional .............................................................................. 84 Figura 27: Opções de cores (garapeira, itaubá, imbuia e jatobá, respectivamente). 87 Figura 28: Ações de usuário do percentil feminino.................................................... 94 Figura 29: Ações de usuário do percentil masculino ................................................. 95
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Figura 30: Exemplo de embalagem em papelão corrugado..................................... 97 Figura 31: Estudo de tipografias............................................................................... 98 Figura 32: Detalhes da tipografia.............................................................................. 98 Figura 33: Estudo de cores....................................................................................... 99 Figura 34: Logotipo escolhido................................................................................... 99 Figura 35: Exemplos da família de utensílios.......................................................... 101
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Número de lojas e produtos oferecidos.................................................... 47 Tabela 2: Tamanho da varanda................................................................................ 48 Tabela 3: Atividade de churrasco............................................................................. 49 Tabela 4: Freqüência de churrascos........................................................................ 49 Tabela 5: Número de pessoas que criam plantas.................................................... 49 Tabela 6: Número de pessoas que gostariam de um móvel para plantas............... 49 Tabela 7: Número de pessoas que gostariam de fechar a sacada........................... 50 Tabela 8: Número de pessoas que gostariam do móvel para o ateliê...................... 50 Tabela 9: Número de pessoas que secam roupas na sacada.................................. 50 Tabela 10: Resultado para falta de opções de varais............................................... 50 Tabela 11: Número de pessoas que descansam na varanda.................................. 51 Tabela 12: Tipos de móveis utilizados para descanso............................................. 51 Tabela 13: Tipos de plantas cultivadas.................................................................... 51 Tabela 14: Tipos de utensílios.................................................................................. 52 Tabela 15: Utensílios usados para irrigar plantas..................................................... 52 Tabela 16: Tipos de vasos........................................................................................ 52 Tabela 17: Tamanho do vaso................................................................................... 53 Tabela 18: Como transportam uma muda nova....................................................... 53 Tabela 19: Horas de sol na sacada, aproximadamente........................................... 54 Tabela 20: Tipos de material do parapeito............................................................... 54 Tabela 21: Altura do parapeito em relação ao chão................................................. 55 Tabela 22: Resposta para móvel para sacada.......................................................... 55 Tabela 23: Concorrentes indiretos (Florianópolis) – vasos...................................... 61 Tabela 24: Concorrentes indiretos (Florianópolis) – cachepots............................... 62 Tabela 25: Concorrentes indiretos (Florianópolis) – diversos.................................. 65 Tabela 26: Concorrentes indiretos (Internet e outras cidades) – vasos................... 67 Tabela 27: Concorrentes indiretos (Internet e outras cidades) – cachepots............ 68 Tabela 28: Concorrentes indiretos (Internet e outras cidades)– diversos................ 69 Tabela 29: Principais variáveis usadas em medidas antropométricas estáticas do corpo.................................................................................................................... 91 Tabela 30: Valores médios (em graus) de rotações voluntárias do corpo, na
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antropometria dinâmica............................................................................................ 91 Tabela 31: Alcance máximo da mão para diferentes distâncias e posturas do corpo......................................................................................................................... 92 Tabela 32: Alcance manual frontal – pessoa em pé................................................. 92
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LISTA DE GRテ:ICOS
Grテ。fico 1: Porcentagem por sexo.............................................................................. 48 Grテ。fico 2: Faixa etテ。ria encontrada............................................................................ 48
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................... 14 1.1 CONHECIMENTO DO PROBLEMA.................................................................... 14 1.2 OBJETIVOS........................................................................................................ 15 1.2.1 Geral................................................................................................................ 15 1.2.2 Específicos...................................................................................................... 15 1.3 JUSTIFICATIVA.................................................................................................. 16 1.4 ESCOPO............................................................................................................ 17 1.5 ADERÊNCIA À LINHA DE PESQUISA............................................................... 17 2 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO................................................................... 18 2.1 TIPO DE PESQUISA........................................................................................... 18 2.1.1 Quanto à natureza.......................................................................................... 18 2.1.2 Quanto aos objetivos.................................................................................... 18 2.1.2 Quanto aos procedimentos técnicos........................................................... 19 2.2 ESTRUTURA DO ESTUDO................................................................................ 19 2.3 FLUXOGRAMA DA METODOLOGIA DE LÖBACH (ADAPTADA)..................... 21 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................................. 22 3.1 DESIGN............................................................................................................... 22 3.1.1 Design de Produto.......................................................................................... 23 3.1.2 Design de Mobiliário...................................................................................... 24 3.2 MATERIAIS......................................................................................................... 24 3.2.1 Madeira............................................................................................................ 25 3.2.2 Aglomerado..................................................................................................... 27 3.2.3 MDF.................................................................................................................. 28 3.2.4 Madeira Reconstituída................................................................................... 28 3.2.5 OSB.................................................................................................................. 29 3.2.6 Madeira Autoclavada...................................................................................... 30 3.2.7 Policarbonato.................................................................................................. 30 3.3 MORADIA............................................................................................................ 31 3.3.1 A Verticalização das Cidades........................................................................ 31 3.3.2 Refúgio: Conceitos e Requisitos.................................................................. 32 3.3.3 Ambiente e Usuário........................................................................................ 34
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3.4 SACADA.............................................................................................................. 35 3.4.1 Definição e função......................................................................................... 35 3.4.2 Tipos de sacadas............................................................................................ 36 3.4.3 História............................................................................................................ 37 3.4.4 Normas............................................................................................................ 41 3.5 ATIVIDADES SOCIAIS E DOMÉSTICAS REALIZADAS EM SACADAS........... 42 3.5.1 Churrasco........................................................................................................ 43 3.5.2 Criação de plantas......................................................................................... 43 3.5.3 Descanso......................................................................................................... 44 3.5.4 Secagem de roupas em varal........................................................................ 45 3.5.4 Criação de artes (ateliê)................................................................................. 45 4 COLETA DE INFORMAÇÕES............................................................................... 47 4.1 TABULAÇÃO DOS DADOS................................................................................ 47 4.2 ANÁLISE DA PESQUISA.................................................................................... 56 5 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA................................................................................ 57 6 ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES........................................................................... 58 6.1 NECESSIDADE................................................................................................... 58 6.2 RELAÇÃO HOMEM/PRODUTO.......................................................................... 58 6.3 RELAÇÃO PRODUTO/AMBIENTE..................................................................... 59 6.4 MERCADO.......................................................................................................... 60 6.4.1 Concorrentes Diretos..................................................................................... 61 6.4.1.1 Vaso.............................................................................................................. 61 6.4.1.2 Cachepot....................................................................................................... 62 6.4.1.3 Diversos......................................................................................................... 65 6.4.2 Concorrentes Indiretos.................................................................................. 67 6.4.2.1 Vaso.............................................................................................................. 67 6.4.2.2 Cachepot....................................................................................................... 68 6.4.2.3 Diversos......................................................................................................... 69 6.5 FUNÇÃO............................................................................................................. 69 6.7 DISTRIBUIÇÃO, MONTAGEM, SERVIÇO Ã CLIENTES E MANUTENÇÃO...... 70 6.8 DESCRIÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DO NOVO PRODUTO....................... 70 6.8.1 Conceito.......................................................................................................... 70 6.8.2 Especificações Meta...................................................................................... 71 6.8.3 Público de Interesse......................................................................................... 72
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7 PAINÉIS SEMÂNTICOS........................................................................................ 73 8 GERAÇÃO DAS ALTERNATIVAS........................................................................ 75 8.1 SKETCHES......................................................................................................... 75 8.2 APERFEIÇOAMENTO DAS ALTERNATIVAS.................................................... 79 8.3 ALTERNATIVA ESCOLHIDA.............................................................................. 83 9 MODELO TRIDIMENSIONAL................................................................................ 84 10 MEMORIAL DESCRITIVO................................................................................... 85 10.1 FUNÇÃO DE USO............................................................................................. 85 10.2 FUNÇÃO ESTÉTICO-FORMAL........................................................................ 85 10.3 FUNÇÃO SIMBÓLICA....................................................................................... 87 10.4 FUNÇÃO TÉCNICA........................................................................................... 88 10.4.1 Sistema construtivo..................................................................................... 88 10.4.2 Materiais e processos de fabricação.......................................................... 88 10.5 FUNÇÃO ERGONÔMICA................................................................................. 89 10.5.1 AEP (análise ergonômica do produto)....................................................... 89 10.5.2 Usabilidade................................................................................................... 90 10.5.3 Adequação antropométrica......................................................................... 91 10.5.4 Adequação biomecânica............................................................................. 93 10.5.5 Adequação fisiológica / ambiental.............................................................. 96 10.5.6 Adequação cognitiva................................................................................... 96 10.6 FUNÇÃO DE MERCADO.................................................................................. 96 10.6.1 Parte informacional...................................................................................... 96 10.6.2 Marketing..................................................................................................... 100 11 DESENHO TÉCNICO......................................................................................... 102 12 CONCLUSÃO.................................................................................................... 103 REFERÊNCIAS....................................................................................................... 105 APÊNDICE.............................................................................................................. 108
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1 INTRODUÇÃO
Em dias presentes, a rotina de uma pessoa que vive na zona urbana é cansativa: horas de trabalho, trânsito, problemas diversos e contas para pagar. Nesse contexto, entrar em casa torna-se, praticamente, uma mudança de esfera: as coisas exaustivas do dia ficam do lado de fora, e sossego e descanso nos aguardam do lado de dentro. O lar é sinônimo de bem estar desde os tempos antigos. As horas de descontração e repouso se passavam no quintal da casa, onde a família se reunia para um momento íntimo e único. Este era o tempo reservado para conversar, brincar e discutir assuntos importantes. (BRANDÃO, 2005). No entanto, com o passar do tempo, o acúmulo de pessoas na zona urbana fez com que a verticalização das cidades se tornasse algo indispensável. Essa moradia vertical, o apartamento, apresenta agora um novo ambiente de descontração e descanso: a sacada. Mesmo sendo vinculada ao ambiente externo, a sacada pode funcionar como um espaço íntimo para o morador. Dessa forma, ela deixa de ser vista somente como um cômodo pequeno e sem importância, para se tornar um ambiente simbólico, que proporciona tranqüilidade e reflexão, preservando assim o mesmo sentimento de descanso de tempos antigos, tão importante em dias exaustivos. Cada pessoa tem uma forma peculiar de descansar e descontrair na sua sacada. O intuito do presente trabalho é retomar o valor simbólico que a sacada trás e pode trazer para o usuário, através de um móvel especifico para este ambiente.
1.1 CONHECIMENTO DO PROBLEMA
Com o crescente aumento da população de Florianópolis, a cidade tem se tornado cada vez mais vertical. Nas recentes edificações de padrão médio e alto, observa-se que as varandas são pequenas, em sua maioria, com área aproximada entre 2 a 9 m2. Mesmo sendo pequeno, se comparado aos outros ambientes, a
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sacada é um lugar importante para relaxar e descontrair, em meio à correria e estresse do dia a dia. No mercado, as opções de móveis e/ou objetos para sacadas são poucas, sendo que suas dimensões não são ajustadas para este tipo de varanda, como por exemplo, poltronas, chaise, conjuntos de mesa e artefatos para churrasco e plantas. Por serem grandes, ocupam muito espaço desse ambiente e podem prejudicar o usuário durante suas atividades cotidianas. Desta forma, o problema que o presente trabalho de pesquisa e desenvolvimento em design resolve é a criação de um mobiliário direcionado a pequenas sacadas de apartamentos para atividades pessoais e a sua promoção no mercado de Florianópolis.
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Geral
Criar um produto direcionado para o ambiente de varandas pequenas, com dimensões reduzidas a fim de se tornar adequado para o espaço, permitindo uma melhor circulação na área e auxiliando nas atividades de lazer, domésticas e/ou de convívio social. O produto deve proporcionar bem estar e conferir conforto ergonômico para seu usuário.
1.2.2 Específicos • Classificar tipos de sacada e suas normas (verificação das atuais e comparar com as antigas); • Levantar as principais atividades realizadas no ambiente; • Analisar o perfil do consumidor; • Conhecer os produtos relacionados existentes no mercado em Florianópolis;
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• Colher informações pertinentes ao projeto através de observações, entrevistas e questionários; • Analisar a adequação destes produtos para o ambiente proposto; • Averiguar quais medidas são adequadas para o produto e suas formas de uso; • Verificar a funcionalidade do produto com os futuros clientes, através de testes de uso; • Auxiliar outros designers no entendimento e compreensão de produtos para ambientes de varandas pequenas, observando suas dimensões.
1.3 JUSTIFICATIVA
A importância deste trabalho é a contribuição para a sociedade, a pesquisa na área de design e requisito para a conclusão do curso. A contribuição para a sociedade, no presente trabalho, constitui-se no objetivo de devolver ao indivíduo o valor simbólico que o quintal representa, trazendo-o para o ambiente da sacada. O móvel a ser criado deve despertar as sensações experimentadas pelo usuário, remetendo-o a momentos de descanso e descontração. Com relação à pesquisa na área, este documento aborda materiais utilizados na área moveleira, ergonomia, sustentabilidade (com respeito ao produto) e sistema, podendo auxiliar outros designers em futuras pesquisas e projetos. É pertinente também para a conclusão do curso de Design, na UNISUL, devido à complexidade do olhar sobre este tema. A multidisciplinaridade do curso auxilia na compreensão do todo. Para realizar este trabalho, por exemplo, são utilizadas as áreas de Ergonomia, Materiais e Processos de Produção, dentre outros.
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1.4 ESCOPO
O projeto tem como meta a criação de um produto direcionado para sacadas abertas, de apartamento, com área entre 2 e 9m2 . Visa atender ao mercado de Florianópolis, em específico, às lojas do ramo de móveis e de cultivo de plantas. O produto deve atentar para o tipo climático da ilha (ser resistente aos ventos e chuvas, por exemplo). Tem como público de interesse a classe média e/ou média alta, com relativo poder aquisitivo.
1.5 ADERÊNCIA À LINHA DE PESQUISA
Para uma melhor compreensão e solução do problema, serão utilizadas as seguintes linhas de pesquisa: • BioDesign – tal como era a sensação transmitida pelo quintal da casa de épocas passadas, onde se cultivava hortas e jardins, para o convívio e aprazimento familiar, esta linha de pesquisa visa resgatar esta dimensão simbólica nesses tempos atuais. O olor das flores, o barulho do vento e dos pássaros, o calor do sol, o colorido das plantas trazem memórias sensoriais lúdicas que contribuem para o bem estar do morador ao utilizar a sacada. Nesta esfera íntima, a pessoa pode descansar e relaxar, esquecendo-se dos conflitos e estresses diários causados pelo meio urbano. • ErgoDesign, afim de entender a tarefa para adequação do produto, para que o mesmo esteja de acordo com os padrões ergonômicos e próprio para uso. As duas linhas de pesquisa são pertinentes ao trabalho, pois um produto deve visar o bem estar e a segurança do consumidor, garantindo sua saúde e evitando o risco de vida. Para isso, deve-se atentar para a significância do objeto, bem como sua ergonomia, estrutura e função.
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2 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO
O procedimento metodológico responde a perguntas “Como? Com quê? Quando?” de um projeto. A metodologia da pesquisa pode ser compreendida como o conjunto detalhado e seqüencial de métodos e técnicas científicas a serem executados ao longo da pesquisa, a fim de atingir os objetivos inicialmente propostos e, ao mesmo tempo, atender aos critérios de menor custo, maior rapidez, maior eficácia e mais confiabilidade de informação (BARRETO; HONORATO, 1998).
2.1 TIPO DE PESQUISA
2.1.1 Quanto à natureza
Segundo Gil (2002, p.17), pesquisa é algo que se define “como o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa é requerida quando não se dispõe de informação suficiente para responder ao problema”. O tipo de pesquisa a ser utilizada neste projeto é do tipo aplicada, que objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática dirigida à solução de problemas específicos, envolvendo verdades e interesses locais.
2.1.2 Quanto aos objetivos
Para a realização deste trabalho, será utilizada a pesquisa do tipo exploratória, que, segundo Gil (2002, p.41) “tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses”. Este tipo de pesquisa envolve levantamento bibliográfico e entrevistas com pessoas familiarizadas com o problema pesquisado, podendo assumir a forma de pesquisa bibliográfica e estudo de caso.
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2.1.3 Quanto aos procedimentos técnicos
Visando adquirir conhecimento para a solução do problema, serão utilizados dois tipos de procedimentos técnicos: a pesquisa bibliográfica e levantamento. A pesquisa bibliográfica é organizada a partir de materiais já publicados, principalmente de livros, artigos de periódicos e materiais disponíveis na Internet. Já o levantamento envolve a interrogação direta das pessoas, tendo em vista conhecer seus comportamentos.
2.2 ESTRUTURA DO ESTUDO
Para uma melhor organização estrutural do projeto, foi adaptada a metodologia de Löbach. Na primeira fase, que compreende a Análise do Problema, serão discorridos pontos iniciais, a saber: conhecimento do problema, objetivo geral e objetivos específicos, justificativa, escopo, aderência à linha de pesquisa e procedimento metodológico. Tendo definido isto, tem-se início a coleta de informações, que abrange a pesquisa bibliográfica e de campo. Em seguida há a definição do problema, utilizando-se das oito perguntas de Baxter. No processo de análise das informações, há um maior aprofundamento sobre o conhecimento do problema. Na Geração de Alternativas, a segunda fase, são criadas alternativas de solução para o problema, em forma de desenho do tipo sketch. Há também o desenvolvimento de modelos, para melhor compreensão da solução. Na terceira fase, há a Avaliação das Alternativas, onde há realização de testes com o modelo criado. Por último, na fase de Solução do Problema, tem-se a escolha da solução do problema. Há a criação de um modelo para demonstração para melhor visualização de como será o produto. Em função do formato acadêmico do presente documento, as etapas Definição do problema e definição dos objetivos e Análise de Função, (referentes à primeira etapa da metodologia de Löbach), serão substituídas pelas
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nomenclaturas Definição do problema, Objetivos e Função, respectivamente, conforme explicitado no fluxograma a seguir.
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2.3 FLUXOGRAMA DA METODOLOGIA DE LÖBACH (ADAPTADA)
Figura 1: Fluxograma Fonte: Arquivo pessoal
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3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A fundamentação teórica do projeto foi realizada com base em pesquisas bibliográficas,
utilizando-se
livros,
revistas,
dissertação
e
sites
específicos
relacionados com varandas e produtos voltados para este ambiente. Para uma melhor compreensão do projeto como um todo, serão abrangidos tópicos referentes à área de atuação do Design, materiais utilizados, moradia e sacada (definições, aplicações e atividades).
3.1 DESIGN
O design é considerado, geralmente, como um solucionador de problemas. Pode ser também a melhoria e evolução daquilo que já fora projetado e/ou fabricado. Para chegar a este objetivo, o designer (profissional que trabalha com design) utiliza diversas ferramentas como brainstorm, projetos, sketches, modelos e assim por diante. Segundo LÖBACH (2000), o “design compreende a concretização de uma idéia em forma de projeto em modelos, mediante a construção e configuração resultando em um produto industrial passível de produção em série” (p.16). Conforme GOMES FILHO (2006), a definição do termo design é entendida como “concepção de um projeto ou modelo; planejamento” ou ainda como “concepção, plano ou interação de criar ou fazer alguma coisa” (p.12). O design pode ser compreendido como “... a concepção e planejamento de todos os produtos, feitos pelo homem...” (FIELL e FIELL, apud GOMES FILHO, 2006, p.12). Gomes Filho defende esta definição: A meu ver, a razão que legitima essa conceituação é que o campo do Design se fraciona cada vez mais em muitas especialidades ditadas pelo mercado, principalmente pelos meios de comunicação de massa, pela publicidade e propaganda e por várias formas de marketing. (...) Por meio da análise dessa relação (descrita por Thomas Haufle em seu livro Design Na Illustrated Historical Overview, 1996), contata-se que existe uma certa
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confusão na medida em que determinadas especialidades se desdobram e se superpõem, quando na verdade querem dizer a mesma coisa ou, no mínimo, possuem significados muito próximos. (GOMES FILHO, 2006, p. 15)
Para atender a demanda do mercado, o design hoje necessita de uma visão holística, de forma a ampliar sua área multidisciplinar, se estratificando em diversas áreas, como gráfica, produto, industrial, moda e assim por diante. Para a execução deste trabalho, será adotada a definição proposta por FIELL e FIELL, pois neste projeto serão utilizadas as áreas de design de produto, moveleiro e gráfico para uma solução mais completa para o problema proposto.
3.1.1 Design de Produto
Esta segmentação do design, também conhecida como design industrial, lida com o projeto e produção de produtos de uso (bens de consumo), prezando a vida e saúde de seus usuários, através de estudos ergonômicos por exemplo. Um produto deve atender as necessidades de seu consumidor, tanto psíquica como fisicamente. De acordo com a definição do ICSID (Conselho Internacional das Sociedades de Design Industrial: O design de produto é uma atividade criativa cujo objetivo é determinar as propriedades formais dos objetos produzidos industrialmente. Por propriedades formais não se deve entender apenas características exteriores mas , sobretudo, as relações estruturais e funcionais que fazem de um objeto(ou de um sistema de objetos) uma unidade coerente tanto do ponto de vista do produtor quanto do consumidor. O designer industrial abrange todos os aspectos do ambiente humano condicionado pela produção industrial. (ICSIDInternacional Council of Societies of Industrial Design / Conselho Internacional das Sociedades de Design Industrial).
O designer deve estar apercebido para reconhecer quais são as necessidades reais de seus consumidores. Através da criatividade e do uso de técnicas para realização de projetos, o designer cria produtos que visam uma melhor utilização dos mesmos pelos usuários. Para FUCHS (1988):
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Produtos não são apenas coisas que podem ser produzidas seja de um ponto de vista técnico, funcional ou comercial, o que possibilita uma acessibilidade cada vez maior, mas também integrando a vida cotidiana, impregnados no espírito da época formador de estilos, enfim, produtos de uma época. Está submetido a relações de tensão entre a racionalidade, o irracionalismo, à influência de uma lógica estrita e necessidades psíquicas. (FUCHS, 1988, p.6)
O design de produto possui várias especializações, como por exemplo, design de jóias, design de eletro-eletrônicos, de moda e de mobiliário. Este último será aplicado no projeto, pois se visa a criação de um móvel para a área da sacada.
3.1.2 Design de Mobiliário
Vertente do design de produto, o design de mobiliário destina-se a criação de móveis, tanto para ambientes externos quanto internos. Um móvel deve ser funcional, útil, seguro e ergonômico; além de agregar valor através da estética e materiais aplicados. De acordo com GOMES FILHO (2006, p.17), o design de móveis abrange produto “(...) configurados por móveis, componentes e acessórios, com tipos e modelos os mais diversificados e utilizados, interna e externamente, em espaços e ambientes residenciais, comerciais, culturais etc.” No mercado, os móveis podem ser divididos por materiais, por função ou por uso aos ambientes para que foram designados (cozinha, quarto, etc). Observouse, porém, que os móveis destinados para área de varanda são, em sua grande maioria, para áreas externas com certo espaço físico.
3.2 MATERIAIS
Neste tópico serão discorridos os principais materiais utilizados na área moveleira, a saber: Madeira, Aglomerado, MDF, Madeira Reconstituída, OSB, Madeira Autoclavada e Policarbonato.
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Figuras 2, 3 e 4: Exemplo de Madeira, Aglomerado e MDF. Fonte: FloorMall, Akzonobel-ti e Dasen Wood.
Figuras 5 e 6: Exemplo de Madeira Reconstituída e OSB. Fonte: Audiolist e Kamaci.
Figuras 7 e 8: Exemplo de Madeira Autoclavada e Policarbonato. Fonte: Indusflora e Toldos Condor.
3.2.1 Madeira
A madeira constitui um material natural, que oferece a possibilidade de renovação,
criação
de
reservas
(no
caso,
as
de
reflorestamento),
bio-
compatibilidade, ou seja, facilidade de absorção pelo meio ambiente e conforto para o homem.
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De acordo com LIMA (2006): A madeira constitui o mais antigo material utilizado pelo homem sendo até hoje explorada pela facilidade de obtenção, e pela flexibilidade com que permite ser trabalhada. Estes fatores aliados a possibilidade de renovação de reservas florestais por meio de manejos adequados, permite considerarmos este grupo de materiais praticamente inesgotável, se explorada de forma consciente. (LIMA, 2006, p.86)
A madeira apresenta as seguintes características gerais: • Baixa densidade; • Boa resistência à flexão, tração e ao impacto; • Bom isolante térmico e elétrico; • Possui diferentes tipos, com cores, desenhos e texturas distintos; • Baixo custo; • Material renovável e de fácil processamento; •
Seção estreita e comprimento longo;
• Material combustível; • Sensível à umidade (hidroscópico); • Vulnerável à ataques de fungos, bactérias e pragas; • Estrutura heterogênea (anisotrópica). Pode ser fixada através de meio mecânico (pregos, parafusos e entre outros) ou com adesivos de PVA ou à base de uréia-formol. Os tipos de acabamentos conhecidos são o verniz (poliéster), nitrocelulose e poliuretano. A madeira, segundo LIMA (2006), pode ser dividida em dois grupos: as reflorestáveis e nativas. No primeiro grupo, as madeiras de reflorestamento extensivo, temos como exemplo: Eucalipto Citriodora, Eucalipto grandis, Grevílea robusta, Pinus eliotis e Teca. No segundo, as madeiras nativas, que são oriundas de reservas naturais, citam-se: Andiroba, Castelo, Goiabão, Ipê, Jacareúba, Jatobá, Louro faia, Macaúba, Marupá, Muiracatiara, Muirapiranga e Roxinho. A madeira é utilizada na área de mobiliário em larga escala, desde os tempos antigos. Porém, vale ressaltar que seu uso sem consciência ecológica pode
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ser desastroso para o planeta. Por isso, as madeiras, principalmente as nativas, devem possuir certificado do IBAMA.
3.2.2 Aglomerado
A madeira aglomerada, conforme LIMA (2006), é um material composto de partículas do tecido lenhoso. Através de tratamentos, as partículas são reaglomeradas
com
resinas
sintéticas
termofixas
(fenol-formaldeído,
uréia-
formaldeído, uréia-melanina-formaldeído). Após esta adição, são submetidas a pressão e calor. Segundo LIMA (2006), a madeira aglomerada: “(...) é um importante material no que concerne ao aproveitamento econômico da madeira, redução do emprego de madeiras nativas e na modernização e produtividade das indústrias moveleiras do Brasil e no mundo” (p.104).
Tem como características gerais: • Excelente estabilidade dimensional; • Baixa densidade; • Muito hidroscópico; • Fácil de cortar; • Impossível de curvar. Para a fabricação de móveis, é comum utilizar aglomerados com espessuras entre 10 e 18 mm. Permite pintura, acabamento superficial com diferentes tipos de material ligante, revestimento melamínico ou com laminados, sendo estes essenciais para a conservação do material. Pode ser fixado através de meio mecânico (pregos, parafusos e entre outros) ou com adesivos de PVA, à base de uréia-formol ou silicone.
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3.2.3 MDF
Conforme LIMA (2006), o MDF, sigla do inglês Medium Density Fiberboard (painel de fibras de madeira de densidade média), é fabricado com as fibras do tecido lenhoso. Sofre tratamentos e são reaglomeradas através do acréscimo de resina sintética uréia-formaldeído e parafina; submetido em seguida por pressão e calor. Assim como o aglomerado, o MDF também aproveita a madeira de forma econômica. Passou a ser produzida nas indústrias moveleiras do Brasil a partir da década de 80.
Suas características gerais são: • Excelente estabilidade dimensional; • Muito hidroscópico; • Variadas espessuras; • Fácil de cortar, furar, lixar; • Excelente para usinar • Desaconselhável curvar. É um excelente material para receber pintura. Permite acabamentos superficiais de melanina, PET, PVC ou laminados de madeira. Pode ser fixado através de meio mecânico (pregos, parafusos e entre outros) ou com adesivos de PVA, à base de uréia-formol ou silicone.
3.2.4 Madeira Reconstituída
Conforme LIMA (2006), a madeira reconstituída é um material “feito das fibras provenientes do tecido lenhoso – partículas desfibriladas – que são tratadas e reaglomeradas como vapor e alta pressão por autoclave”. São utilizadas para junção do material “resina sintética termofixa ou a lignina contida na madeira original”. É conhecida também como CELOTEX, EUCATEX e DURATEX.
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As características deste material são: • Boa resistência mecânica (principalmente à flexão); • Fraco desempenho em contato com a água; • Fácil de cortar, lixar e curvar. Permite pintura revestimento. É de fácil fixação (mecânico e com adesivos), mas é necessário atentar ao colocar parafusos e rebites.
3.2.5 OSB
De acordo com LIMA (2006), o OSB, sigla do termo Oriented Strand Board (painel de madeira de lascas orientadas), é composto a partir de aglomerações de camadas de lascas de madeiras reflorestadas, que são ligadas através da adição de colas à base de resina fenólica, uréia-formol e melamina. Também sofre pressão e calor. Este material possui um custo reduzido se comparado ao aglomerado e outros derivados da madeira. Porém, não é fornecido com revestimentos tradicionais.
Tem como características gerais: • Boa resistência mecânica (impacto); • Bom isolante térmico e acústico; • Boa resistência ao fogo; • Fácil de corta e trabalhar. Permite pintura e pode ser utilizado com material de acabamento. Sua fixação é através de meio mecânico (pregos, parafusos e entre outros) ou com adesivos de PVA, à base de uréia-formol ou silicone.
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3.2.6 Madeira Autoclavada
A madeira autoclavada possui este nome devido ao processo que sofre a autoclavagem.
É um processo industrial que visa o tratamento da madeira,
combinando o vácuo e pressão de um produto químico, juntamente com um agente preservante,
proporcionando
assim
uma
relação
de
custo/benefício.
Este
procedimento visa proteger a madeira contra o apodrecimento e intempéries. Também é considerado um processo limpo, ou seja, não gera resíduo ou dano ambiental, pois todo o produto químico utilizado é reciclado.
Proveniente de madeiras reflorestadas, a madeira autoclavada apresenta as seguintes características: • Alta durabilidade; • Alta resistência mecânica; • Bom isolante térmico e elétrico; • Atóxico e reciclável; • Economia; • Segurança; • Versatilidade; • Fácil manutenção; • Livre de odores e óleo; • É inerte (não afeta outros componentes utilizados em suas aplicações; • Permite qualquer tipo de acabamento; • Ecológica (reduz o efeito estufa, pois seqüestra taxas importantes de carbono livre na atmosfera armazenando-o na forma de ativos).
3.2.7 Policarbonato
O policarbonato (PC) é conhecido no mercado como o “vidro inquebrável”, por ser translúcido. É um polímero termoplástico que, conforme LIMA (2006) tem como características: • Excelente resistência mecânica (em especial ao impacto);
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• Excelente nível de transparência; • Estabilidade térmica e dimensional; • Excelente isolante elétrico; • Baixa absorção d’água; • Chama auto-extinguivel; Os processos mais indicados, segundo LIMA (2006, p. 162) são: “extrusão de laminados e perfilados, injeção e termoformagem, aceita usinagem, pintura, decoração e boa pigmentação”.
3.3 MORADIA
Para compreender as sacadas de apartamentos, necessita-se primeiro compreender o lar como um todo. Nos tópicos a seguir, serão tratados acerca do surgimento das grandes cidades e com elas os edifícios, os conceitos e requisitos de um refúgio e a interação entre ambiente e usuário.
3.3.1 A Verticalização das Cidades
Na década de 20, com o início da expansão industrial no Brasil, o número de edifícios era considerado pequeno, pois as grandes cidades ainda estavam se desenvolvendo, como São Paulo e Rio de Janeiro. Ao longo do tempo e com o aumento do êxodo rural, a população urbana expandiu-se e o processo de verticalização das cidades teve início. A cidade vertical envolve a noção de edifício alto, de arranha-céu. A verticalização foi definida como a multiplicação efetiva do solo urbano, possibilitada pelo uso do elevador. A essa idéia associam-se a característica da verticalidade, o aproveitamento intensivo da terra urbana (densidade) e o padrão de desenvolvimento tecnológico do séc. XX, demonstrando-se a relação verticalização/adensamento. (p. 20, 1997, SOMEKH)
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Com este crescimento acelerado das cidades e regiões metropolitanas, verificou-se um aumento no número de condomínios verticais, de arranha-céus. Segundo SOMEKH (1997), o “crescimento vertical da cidade apresentou dois processos diferenciados: o terciário ou de escritórios (...), e a verticalização residencial, predominante até hoje (...)”. Para SANTOS (1959) “(...) os arranha-céus são o resultado da evolução da cidade, da necessidade de concentrar sobre espaços relativamente restritos o maior número possível de atividades; visando, também, obter sobre um determinado espaço a maior renda.” Atualmente, com pouco espaço útil para a construção de edifícios e a grande quantidade de oferta de moradores das grandes cidades, a dimensão dos apartamentos vem diminuindo, os tornando cada vez mais compactos. Porém, há certas condições para estas moradias se tornem adequadas ao ser humano e se tornarem um refúgio, ponto estes abordados a seguir.
3.3.2 Refúgio: Conceitos e Requisitos
Desde os primórdios, o ser humano utilizava materiais/artifícios que supriam suas necessidades básicas, como por exemplo, se proteger da chuva debaixo de uma árvore para não adoecer. Para ALLEN (1990), o refúgio não é algo proveniente de uma invenção humana, mas algo buscado instintivamente, em um mundo que, nem sempre, se adequa com as necessidades fisiológicas e sociais do homem. Com o desenvolvimento da humanidade, a definição de refúgio foi mudada, passando a ter novos valores e exigências. Segundo o autor, os edifícios modernos estão se “convertendo em mecanismos compressivos de apoio à vida” (tradução nossa - p. 35). Ao longo dos anos, as exigências básicas de um refúgio seguro que dê suporte à vida humana foram aumentando, criando certas expectativas funcionais dos edifícios atuais, como por exemplo: • Atender as necessidades imediatas do metabolismo humano, como promover água e ar limpos, facilidade de preparação e consumo de comidas, despejos de lixo e reciclagem;
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• Atender à comodidade térmica humana, como controle da temperatura irradiada e da temperatura do ar, controle das superfícies em contato com o corpo humano, umidade do ar, quantidade de vapor d’água e circulação do ar; • Controlar a entrada de todo tipo de ser vivo, distribuição de energia, meios de comunicação com o mundo externo como janelas, telefonia e etc; • Oferecer comodidade, segurança e atividade produtiva ao corpo, como o piso, paredes, escadas, etc; • Ter resistência estrutural contra intempéries e forças físicas e assim por diante.
Além de cumprir com estas exigências, as edificações ainda deveriam passar por mais um crivo: se adequarem às medidas humanas. As pessoas são a verdadeira medida de todos os componentes de um edifício. Os edifícios estão construídos para a gente, para ser habitado por ela. Em cada extremidade do processo arquitetônico, a construção e a habitação, as dimensões e os movimentos do corpo humano são os determinantes máximos das formas e tamanhos das coisas. (ALLEN, 1990, p. 140)
Porém, há o problema do tamanho, forma e mobilidade que varia de pessoa para pessoa. Os homens são, no geral, mais altos que as mulheres e as crianças crescem com certa freqüência até atingirem a idade adulta. Mas, segundo o autor, não existe uma resposta satisfatória para este problema, e sugere dar aos componentes dos edifícios medidas que se acomodem à preponderância da população adulta, ou seja, se adequar ao tamanho de uma maioria dos adultos, desconsiderando as porcentagens dos 5% e 95% da população. Entretanto, todos os requisitos e crivos que as edificações atuais passam são para o bem estar de seus moradores, para que os mesmos possam ter qualidade de vida no ambiente em que vivem, como será abordado no próximo item.
3.3.3 Ambiente e Usuário
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Ambiente é “tudo aquilo que nos envolve, que tem influencia em nossas vidas e em nossos caracteres” (Antoniades, 1980, p.1) e o usuário de um ambiente é aquele que ocupa de forma permanente ou transitória uma edificação (ABNT, 2002, p.4). Uma pesquisa de Ornstein (1996) aponta que os usuários passam aproximadamente 80% da vida no interior de edifícios e que o desempenho insatisfatório dos mesmos afeta definitivamente nas suas qualidades de vida. Um dos fatores que influenciam a qualidade de vida dos usuários, e que deve ser observado como condicionante de projeto de edificações é o “conforto”, que está relacionado como bem-estar, tanto físico como psicológico. O bem-estar físico pode ser conseguido através do controle da temperatura, da iluminação, do ruído e da ventilação e também pela ergonomia. O bem-estar psicológico depende dos aspectos estéticos, como uso da cor, texturas, etc. (Serra, 1999 apud IVANÓSKI,2004, p.17)
O conforto pode ser definido como “bem-estar material; comodidade.” (FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda, 1986, p.452). Na questão de habitabilidade de um espaço, o mesmo deve auferir conforto térmico, lumínico, acústico e ventilação natural, questões estas fundamentais para o bem-estar e saúde das pessoas, com sita a autora: As condições de conforto e qualidade de vida são parte de situações mais amplas de salubridade ambiental e segurança, dentro das quais se estabelecem padrões de garantia da integridade física e mental das pessoas e de seus direitos à saúde, ao bem-estar e a um ambiente seguro, tanto física como socialmente; daí concluir-se, que meios desconfortáveis são insalubres e perigosos (ADAM, 2001 apud IVANOSKI, 2004, p.18).
Segundo a autora, a iluminação natural adequada depende da disposição dos cômodos em relação à orientação do sol, dimensão e posição de janela e cores de elementos como as paredes e tetos, por exemplo, e etc. SALES (1988, p.103) destaca que “(...) uma arquitetura deve ser adequada ao ser humano e ao espaço que ele ocupa, e deve levar em consideração não somente os fatores estéticos, funcionais ou de estilo, mas também o conforto dos usuários, no que se refere principalmente, à aspectos de ventilação e de insolação”. Ressaltando também que a sacada tem por intuito promover a entrada de ventilação e iluminação natural no imóvel, e, tendo em vista que possui portas de
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correr (no geral) que permitem a entrada de grande quantidade de ar e de luz, tornase um espaço imprescindível para manter a vida dentro do apartamento.
3.4 SACADA
O presente tópico trata do ambiente problema em questão. Torna-se imprescindível o conhecimento básico da mesma. Portanto, serão tratados acerca de sua definição e função, tipos, história e normas aplicadas.
3.4.1 Definição e função
De acordo com dicionário Aurélio, de FERREIRA (1986), a sacada (também conhecida como varanda) pode ser definida como um balcão saliente numa fachada, ou seja, uma plataforma resaltada. Conforme a ABNT NBR 9077 (1993), a sacada é parte “de pavimento da edificação em balanço em relação à parede externa do prédio, tendo, pelo menos, uma face aberta para o espaço livre exterior”. Possui uma porta comunicante com o ambiente, grade ou balaústre como gurada-corpo, e um parapeito. Em construções de edifícios atuais, vem sido acompanhada de churrasqueira e pia para atividades sociais. Conforme BRANDÃO (2005), a sacada tem por função o ajuste climático entre ambiente externo e interno, espaço para descanso e convívio, circulação e contemplação. A autora defende que esta já não é mais um espaço qualquer, mas parte integrante da casa, sendo um “ambiente de transição senão física, visual, entre o público e o privado, entre o espaço da casa e o da rua, entre um universo conhecido e doméstico e um mundo estranho e arrisco; lugar eminente do encontro com o outro” (p.19). A necessidade de lazer dos tempos modernos se torna cada vez mais necessária, “frente ao agravamento da qualidade de vida pela industrialização e a conseqüente aglomeração cada vez maior dos centros urbanos” (BRANDÃO, 2005, p. 16). E tendo a função de ser um ambiente para tal, a sacada permite relaxamento e descontração para seus moradores, como por exemplo, na recepção de amigos
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para uma churrascada ou descanso, ao sentar-se em uma cadeira para admirar o ambiente externo. Confirmando esta afirmação, HOLSTON (1993), em uma pesquisa realizada na cidade de Brasília, afirma que a falta de sacadas em apartamentos fez com que os brasilienses reclamassem, afirmando que seus imóveis são “frios” e inóspitos. Justifica esta reação ao dizer que “(...) a falta de uma sacada impede as trocas costumeiras entre interior e exterior, entre o público e o privado, que as sacadas facilitam. Em conseqüência, as pessoas se sentem “trancadas” em seus apartamentos” (HOLSTON, 1993, p.190).
3.4.2 Tipos de sacadas
De acordo com BRANDÃO (2005), a sacada pode apresentar-se na frente, lateral ou fundo da fachada. A seguir, uma breve explicação de cada tipo: • Fechada: o morador fica dentro da casa; • Aberta: entra em contato com um ambiente externo; • Isolada: possui parapeito próprio, sem contato com outra janela; • Corrida: janelas ligadas por um mesmo parapeito; • Alpendrada: externa ao corpo da fachada, possuindo cobertura; • Embutida: dentro do corpo da fachada.
Figura 9: Sacada fechada com muxarabiê Fonte: BRANDÀO, 2005.
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Figura 10: Sacada isolada e corrida Fonte: BRANDAO, 2005.
3.4.3 História
Para se compreender a origem da sacada de apartamento, é necessário voltar no tempo e observar seu ponto de origem: a varanda da casa. Conforme BRANDÃO (2005), a varanda apresentada pelos portugueses teve origem moura, quando foram ocupados pelos povos norte-africanos. Esta influência moura é percebida nos fechamentos em gelosia e muxarabiê, elementos estes que foram adotados pela arquitetura lusitana.
Figura 11: Exemplos de fechamentos em muxarabiê e galerias mourescas Fonte: BRANDAO, 2005.
Ao citar a varanda de casas de chácaras brasileiras, DEBRET (1940) faz uma analogia com os mouros e com as casas antigas de Pompéia, definindo-a como “galeria, entrada da casa – protyrum dos antigos, o que significa: na frente das
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portas” (p.260). O autor defende que a varanda é resultante de “uma adequação climática da arquitetura portuguesa construída no Brasil. Produção que respeitou “judiciosamente, as exigências do clima e dos materiais existentes no país” (DEBRET,1940 apud BRANDÃO,2005 p.6). É muito natural que com uma temperatura que atinge às vezes 45° de calor, sob um sol insuportável durante seis a oito meses no ano, o brasileiro tenha adotado a varanda nas suas construções; por isso encontra-se, embora muito simplesmente construída, até nas habitações mais pobres (DEBRET, 1940, p.141 e 142).
A varanda também sofreu influência da oca dos indígenas brasileiros. BRANDÃO (2005) interpreta Lemos (1996) ao dizer que ”a casa brasileira “começa em terras lusitanas” (1996, p.11), mas, apesar de seguirem o padrão português, a semelhança é só externa, pois o funcionamento é diferente, tendo maior relação com as habitações indígenas” (p.7). O autor mencionado defende que a casa portuguesa no Brasil se familiariza com os costumes dos índios nativos ao colocar do lado externo da casa o preparo das refeições. A varanda possui, então, o papel de ligar a cozinha à edificação; onde havia reuniões familiares e posteriormente, se tornou a copa ou a sala de jantar. No período colonial, compreendido entre o século XVI e XVIII, a varanda de casas rurais “atuava como espaço de descanso, de convívio, de posto de vigília e de filtro da casa, separando a esfera pública da privada” (BRANDÃO, 2005, p.9). Justamente por estas características, ela se tornava “o espaço de reunião da família, o lugar das brincadeiras das crianças, do contato com os escravos (FREYRE, 1964) e de se acolher o visitante” (BRANDÃO, 2005, p.9). Devido aos costumes da época, o visitante ficava restrito a este ambiente, não lhe sendo permitido entrar em casa. Assim, o espaço funcionava como uma barreira entre o público e o privado. Perto do século XVIII, surgem os primeiros núcleos urbanos e com isso, o desenvolvimento da construção civil. Foram criadas a partir daí leis regulamentais, a fim de padronizar as moradias conforme o modelo lusitano, definindo dimensões, aberturas e gabaritos. Os lotes charutos (assim chamados devido à longa profundidade) eram muito comuns neste período, e as varandas se encontravam no fundo do terreno,
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tendo a função de adequar o clima, conforme a orientação do sol, e como área de convívio da família. A varanda de frente da casa reaparece, neste mesmo século, como sacada elevada nos sobrados – termo esse que refere ao aproveitamento da sobra da casa, comum para as classes abastadas. Mesmo neste meio urbano, a sacada continua com a função de transição entre o público e o privado, da exposição do morador com a rua de forma física e visualmente, contundo, dentro de casa. Conforme BRANDÃO (2005), o período do século XIX, época que começam a surgir os primeiros sinais da modernidade, D. João VI decreta a retirada de guarnecimentos como os muxarabiês, gelosias e treliças das varandas a fim de “limpar a cidade” de elementos mouros. Com a revolução industrial, surgem novos materiais como o vidro transparente e plano, substituindo os escuros e as janelas de madeiras. No meio urbano, surgem as clarabóias e lanternins, solucionando a má ventilação e iluminação de lotes como os charutos. Com a retirada dos muxarabiês, as varandas ficam expostas, e as pessoas passam a ser vistas e querem ser vistas. Com isso, as mulheres passam a ter uma nova atitude: de ficarem expostas na janela, a fim de ver a rua e seus pedestres, indo contra os costumes rigorosos da época patriarcal. Assim, a varanda passa a ser um local de exposição. As construções também passam a ter um recuo do terreno vizinho, de um lado só, fazendo surgir os jardins particulares, evidenciando assim uma maior preocupação com a ventilação e iluminação da casa. Com esses jardins laterais, a varanda volta a ser alpendrada, cobertas de vidro e esteios de ferro. Essa mudança da varanda e jardins laterais à casa, segundo BRANDÃO (2005), mostram um novo costume dos moradores: a exposição na hora do descanso para contemplar o jardim, porém protegido pelos limites da propriedade. Este horário compreendia conversas e reuniões de família, lazer e descanso em cadeiras de balanço. Para a autora, esta função da varanda (de contato entre morador com quem passa na rua) nunca se perdeu, mas se aprimorou ao longo do tempo. No século XX, com o movimento modernista, a vida cotidiana muda em decorrer das mudanças industriais. O momento de descanso do corpo e da mente juntamente com o contato com a natureza em horas de lazer se torna imprescindível
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para o homem moderno. A redução da jornada de trabalho para proporcionar um tempo livre é motivo de movimentos sociais para a melhoria de qualidade de vida. Tempo livre que é aproveitado não apenas nos dias de descanso, mas à noite, no retorno da lida para a casa, agora iluminada pela luz artificial, adiando o recolher nos aposentos. Junta-se, então, a possibilidade com a necessidade de lazer, frente ao agravamento da qualidade de vida pela industrialização e a conseqüente aglomeração cada vez maior dos centros urbanos. (BRANDÃO, 2005, p. 16)
BRANDÃO (2005) menciona que, com o avanço tecnológico e o surgimento do concreto armado e do elevador, tem-se início a verticalização da cidade com um novo tipo de habitação, os edifícios de apartamentos. Mesmo com esta mudança, a varanda permanece nesta nova construção. A iluminação e ventilação natural agora se dão através das esquadrias de vidro na fachada. A sala é iluminada e ventilada pelo jardim de inverno: Esse jardim de inverno, única ligação da sala com o exterior pode ser visto como uma releitura das varandas laterais que serviam de acesso às casas. Nos apartamentos, operando como o jardim de inverno inglês da habitação eclética, elas estão fechadas, talvez devido aos ventos que são tão mais fortes quanto mais alto são os edifícios e, provavelmente, para bloquear o barulho das ruas que se propaga para cima. Entretanto, elas também aparecem abertas na sua função de amenizar o calor e de ligação entre o interior e o exterior, sendo chamadas de balcão ou de varanda embutida no corpo da fachada. (BRANDÃO, 2005, p. 18)
Nos edifícios residenciais, a sacada tinha a opção de atuar ou não como adequação climática, mas não deixando de ser um ambiente de descanso e contemplação, mantendo o contato entre o exterior e o interior. Torna-se embutida no corpo da fachada, podendo ser aberta ou fechada.
Figura 12: Ed. Nova Cintra, Parque Guinle, de autoria de Lúcio Costa, Rio de janeiro, 1948 - 1954 Fonte: BRANDAO, 2005.
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Figura 13: Conjunto Residencial do Pedregulho de autoria de Affonso Eduardo Reidy, Rio de Janeiro, 1946 - 1958 Fonte: BRANDAO, 2005.
3.4.4 Normas As normas são documentos técnicos que tem por função estabelecer regras que um produto, serviço ou processo deve seguir, afim de trazer ordem e globalização dos produtos e atividades. Estas normas são criadas pela ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Foram encontradas as seguintes normas da ABNT, referentes às sacadas e/ou varandas: • NBR 7199 (1989), que aborda sobre o projeto, execução e aplicação de vidros na construção civil. Descreve sobre os vidros a serem usados (com relação à espessura, tipo, transparência, acabamento de superfície, laboração, colocação, quantidades de chapas, entre outros). Para cálculo da espessura a ser utilizada, leva-se em consideração a pressão do vento, peso próprio por unidade de área e pressão de cálculo. Também aborda questões e requisitos básicos para promover segurança para seus usuários, como colocação das chapas, quantidade de chapas e assim por diante; • NBR 12721 (2006), que trata da avaliação de custos de construção para incorporação imobiliária e outras disposições para condomínios edifícios. Na questão 5.7.3, aborda-se dos coeficientes médios utilizados
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no cálculo de equivalência dos projetos-padrão; e no ponto f, que trata sobre varandas, diz que tal coeficiente varia de 0,75 a 1,00; • NBR 14718 (2001), que aborda sobre guarda-corpos para edificação. Esta norma define como guarda-corpo como um “elemento construtivo de proteção, com ou sem vidro, para bordas de sacadas, escadas, rampas, mezaninos e passarelas”. Podem ser podem ser “compostos de chapas de vidro ou metálicas, ou de perfis metálicos, ou de qualquer outro material que atenda às exigências da seção 5. Devem sempre apresentar um peitoril, cuja superfície superior da seção transversal não seja plana horizontal, a fim de evitar a colocação de objetos”. As principais exigências nas questões de esforço estático horizontal e vertical são: não apresentar ruptura, não ocorrer afrouxamento ou destacamento de componentes e dos elementos de fixação. Com relação à resistência à impactos, as principais exigências são: não ocorrer ruptura ou destacamento das fixações, não ocorrer queda do painel ou de perfis, no caso de guarda-corpos do tipo gradil, caso ocorra a ruptura de qualquer componente não deve implicar risco de queda do agente causador do impacto.
Estas normas foram realizadas para garantir a saúde e a segurança do morador, para que o mesmo possa desfrutar do meio externo. O guarda corpo é um elemento obrigatório nas construções e as redes de proteção servem como complemento de segurança para crianças e animais, sendo estas opcionais. Para uma maior comodidade do morador, existem serviços disponíveis para o fechamento total da sacada com vidro. Este procedimento permite um melhor isolamento do som e de temperatura do apartamento, transformando a sacada em um ambiente interno. Esse processo, porém, faz com que a sacada perca sua função de ligação com o meio externo.
3.5 ATIVIDADES SOCIAIS E DOMÉSTICAS REALIZADAS EM SACADAS
Em tempos antigos, quando as casas eram o principal tipo de moradia, o quintal servia para diversas atividades, como secar roupas, criar animais e plantas,
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comer, fazer a “siesta” e apreciar a paisagem. Mesmo podendo ser visto pelo público externo, este ambiente da casa transmitia para seu morador a sensação de ser um espaço íntimo, um lugar de refúgio e descanso. Atualmente, em apartamentos, a sacada ainda é um vínculo com o meio externo, mas não deixa de ser um espaço privado, íntimo. Cada um utiliza a sacada da forma como lhe convém: uns realizam churrascos, outros criam plantas, descansam, secam roupas em varais ou até mesmo montam um ateliê. Estes cinco itens serão abordados a seguir, a fim de melhor compreender qual ou quais destas atividades possuem maior pertinência para o problema proposto, isto é, a criação de um mobiliário direcionado a pequenas sacadas de apartamentos.
3.5.1 Churrasco
Oriundo do Rio Grande do Sul, o churrasco envolve sociabilidade entre os presentes, pois a atividade não se limita apenas ao ato de assar a carne, mas sim a um grupo social. As refeições feitas em grupos sociais têm por função reforçar o grupo, permitindo que cada integrante manifeste sua identidade. Isso por que o grupo normalmente é composto por amigos e/ou familiares, o que remete também a sensações e memórias ao indivíduo. Fazer um churrasco, segundo MONTEBELLO e COLLAÇO (2007, p.102), “obedece códigos, normas e comportamentos previstos, aceitos e reconhecidos por todos, situação que permite a observação de aspectos diversos que implicam em relações sociais e expressam valores e julgamentos, o que leva a pensá-lo como um ritual de comensalidade e de partilha.”
3.5.2 Criação de plantas
Não se sabe ao certo a partir de que data começou-se a criar plantas nas sacadas dos apartamentos, porém é algo instintivo do ser humano querer ter algum contato com a natureza. Como o ambiente externo nem sempre possui árvores ou uma bela paisagem para ser apreciada, muitas pessoas optaram por cultivar plantas e flores em suas sacadas.
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A escolha da planta vai depender do gosto pessoal de quem a cultiva. É comum o cultivo de plantas pendentes, como o gerânio e a begônia, por exemplo. Conforme DAVIDSON e VINE (2008), ao colocar uma planta na sacada, deve se evitar a área exposta ao sol intenso. O ideal é escolher a face Sul ou Sudoeste, onde há boa incidência da luz do sol. De acordo com o site Bem Simples1, o ambiente da sacada do apartamento pode ser um lugar para relaxar. Portanto, a preservação da intimidade do mesmo se torna muito importante. As plantas, então, possuem o papel de formar uma barreira natural na sacada, proporcionando a intimidade e conforto necessários ao morador. Dependendo do tipo de sacada, do clima e da barreira que a pessoa deseja, as plantas podem variar desde trepadeiras até bambus. Com relação ao cuidado com as plantas, conforme a incidência de luz e clima (principalmente no inverno, com os ventos e geadas), no blog Plantas Sonya2, a autora ensina como montar uma mini-estufa para estes devidos cuidados. Ultimamente, tem-se percebido o cultivo de temperos, como o manjericão, que não precisa de muitos cuidados e pode ser cultivado em vasos e floreiras. As autoras DAVIDSON e VINE (2008) sugerem o cultivo de: alecrim, hortelã, manjericão, capim-limão, cebolinha e dentre outros. Conforme a reportagem da revista Veja3, a criação destes tipos de temperos são de fácil manejo, e deixam o ambiente mais alegre e cheiroso, além de serem livre de agrotóxicos. Mas quem deseja ter uma mini-horta precisa atentar para os requerimentos das mesmas, como pegar pelo menos quatro horas de sol por dia, rega três vezes por semana no mínimo e ter o solo adubado.
3.5.3 Descanso
Descansar, conforme FERREIRA (1986) é livrar-se de receio, cuidado, aflição; tranqüilizar, acalmar, sossegar. Vivemos em um mundo onde somos exigidos 1
Disponível em: <http://comunidade.bemsimples.com/bem-verde/w/bem-verde/Plantas-para-darprivacidade-a-sacada.aspx>.
2
Disponível em: <http://www.plantasonya.com.br/dicas-e-curiosidades/mini-estufa-na-sacada.html>.
3
Revista Veja, 13 de Janeiro de 2010, p. 114.
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(e nos exigimos) cada vez mais, no trabalho, na vida social e familiar. Por causa disso, a mente está em constante movimento, ou seja, está sempre pensando em alguém ou alguma coisa, mesmo quando não está realizando algum tipo de trabalho. O excesso de trabalho e obrigações diárias acaba por “tirar” um tempo, mesmo que curto reservado para o descanso, tanto físico como mental do indivíduo. No dia-a-dia, acabamos por nos contentar com pouquíssimo tempo que resta de um dia exaustivo e pleno de ansiedades e preocupações; tendo o risco de deixar de lado coisas prazerosas como, por exemplo, cuidar do jardim ou passear com os filhos. Por questão de saúde e do bem estar do ser humano, é necessário reservar um tempo para o descanso físico, mental e espiritual.
3.5.4 Secagem de roupas em varal
Nos apartamentos atuais, um dos menores cômodos é a área de serviço. Os varais tiveram de adaptar-se a esta mudança, tanto no tamanho como em tecnologia. Os mais comuns são os retráteis, elétricos, com manivela e de chão. Em alguns casos ela é tão pequena que não há espaço suficiente para estender as roupas. Nessa situação, o morador acaba por estender suas roupas em varais na sacada, onde há maior ventilação e área exposta ao sol, tornando-se mais rápida a secagem das roupas.
3.5.5 Criação de artes (ateliê)
Ateliê (do francês Atelier), segundo FERREIRA (1986), pode ser: • 1. Oficina onde trabalham em comum certos artesãos ou operários; • 2. Local de trabalho de pintor, escultor, fotógrafo, etc.; estúdio; • 3. O conjunto dos artistas que trabalham sob a direção de um mestre. Sendo assim, o ateliê é um lugar onde são realizadas as obras de um artista, podendo ser pinturas, esculturas, fotografias, ilustrações, músicas e etc. No
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termo em francês, refere-se mais ao local de trabalho de artesões e alfaiates, designers de moda. Torna-se cada vez mais comum o fechamento de sacadas com vidros em apartamentos para transformaçao deste espaço em um ateliê, visto não haver espaço o suficiente ou não haver um comôdo vago.
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4 COLETA DE INFORMAÇÕES
As informações coletadas através de observações e aplicação de questionário são de grande importância durante a pesquisa de campo, cuja função é aprofundar os conhecimentos sobre o assunto tratado. Conforme MINAYO (1996), “(...) o trabalho de campo se apresenta como uma possibilidade de conseguirmos não só uma aproximação com aquilo que desejamos conhecer e estudar, mas também de criar um conhecimento, partindo da realidade presente no campo” (p.51).
4.1 TABULAÇÃO DOS DADOS
A presente pesquisa foi realizada em maio de 2010, através de observações, entrevistas e aplicação de questionário a 50 pessoas (ver tópico 6.2.3 Questionário) em diferentes locais em Florianópolis. Os entrevistados são lojistas, funcionários e usuários. Conforme as informações resultantes da pesquisa de campo aplicada, verificou-se o seguinte:
Os lojistas do ramo que foram entrevistadas desconheciam a existência de móveis específicos para sacadas de apartamentos, e móveis para plantas. O que ofereciam, pode ser colocado no gráfico a seguir: Produto oferecido
Nº de lojas
Aparador com gavetas
2
Baú
5
Biombo com floreira
1
Cachepô
15
Caramanchão
1
Vaso
15
Suporte de ferro
3
Tabela 1: Número de lojas e produtos oferecidos. Fonte: Arquivo Pessoal
48
A grande maioria dos entrevistados é do público feminino, com faixa etária entre 21 e 30 anos. Os dados obtidos por meio da pesquisa são válidos para compreender melhor o público de interesse. Segue abaixo os gráficos e tabelas com os resultados obtidos através do questionário:
32% Homens 68% Mulheres
Gráfico 1: Porcentagem por sexo. Fonte: Arquivo Pessoal.
51 ou + anos 41-50 anos 31-40 anos 21-30 anos 15-20 anos 0
5
10
15
20
25
Gráfico 2: Faixa etária encontrada. Fonte: Arquivo Pessoal.
Referente à primeira pergunta (Qual o tamanho da sua varanda, aproximadamente?), constatou-se que a maioria dos entrevistados possui varanda com aproximadamente 5 m2. Tamanho da varanda
Nº de pessoas
3 m2
10
5 m2
22
7 m2
8
9m
2
+ de 10 m
3 2
Tabela 2: Tamanho da varanda. Fonte: Arquivo Pessoal.
7
49
Concernente a pergunta 2 do questionário (Você tem costume de fazer churrasco na varanda?), foi constatado que a maioria dos entrevistados não realizam churrasco. Se faz churrascos
Nº de pessoas
Sim
13
Não
37
Tabela 3: Atividade de churrasco. Fonte: Arquivo Pessoal.
Para os que realizam, a freqüência foi: Freqüência
Nº de pessoas
1 vez por mês
4
Nos fins de semana e
5
feriados A cada dois meses
2
3 vezes ao ano
2
Tabela 4: Freqüência de churrascos. Fonte: Arquivo Pessoal.
Na pergunta 3 (Você tem o hábito de criar plantas na varanda?), a grande maioria dos entrevistados disseram que possuem o costume de criar plantas. A seguir, a tabela com os resultados: Criam plantas na varanda
Nº de pessoas
Sim
40
Não
10
Tabela 5: Número de pessoas que criam plantas. Fonte: Arquivo Pessoal.
Para os que responderam sim, perguntou-se se gostariam de um móvel específico para criar plantas e hortaliças, e o resultado foi: Se querem um móvel
Nº de pessoas
específico Sim
45
Não
5
Tabela 6: Número de pessoas que gostariam de um móvel para plantas. Fonte: Arquivo Pessoal.
50
Para se ter um ateliê na sacada, se faz necessário fechar com vidros especiais. Na pergunta número 4 (Você acha prático fechar um ateliê na varanda?), obteve-se a seguinte resposta: Se acha prático ter um
Nº de pessoas
ateliê na varanda Sim
15
Não
35
Tabela 7: Número de pessoas que gostariam de fechar a sacada. Fonte: Arquivo Pessoal.
Para os que responderam sim, perguntou-se se gostariam de um móvel para essa atividade, e obteve-se o seguinte: Querem um móvel para
Nº de pessoas
ateliê Sim
6
Não
9
Tabela 8: Número de pessoas que gostariam do móvel para o ateliê. Fonte: Arquivo Pessoal.
Na quinta pergunta (Você costuma secar roupas na varanda?), os questionários revelaram as seguintes informações: Secar roupa na varanda
Nº de pessoas
Sim
30
Não
20
Tabela 9: Número de pessoas que secam roupas na sacada. Fonte: Arquivo Pessoal.
Ao perguntar, em seguida, na questão de número 6, (se sentem falta de mais opções de varais no mercado), a maioria dos entrevistados apontou que sim, conforme a tabela a seguir: Sentem falta de mais
Nº de pessoas
opções Sim
30
Não
20
Tabela 10: Resultado para falta de opções de varais. Fonte: Arquivo Pessoal.
51
A pergunta seguinte (Você descansa na varanda?) apontou que a maioria das pessoas costuma descansar na varanda, com redes, cadeiras, poltronas e/ou bancos, mostrados nas tabelas a seguir: Descansa na varanda
Nº de pessoas
Sim
37
Não
13
Tabela 11: Número de pessoas que descansam na varanda. Fonte: Arquivo Pessoal.
Com qual móvel descansa
Nº de pessoas
Rede
13
Cadeira
17
Poltrona
2
Banco
1
Tabela 12: Tipos de móveis utilizados para descanso. Fonte: Arquivo Pessoal.
Em seguida, perguntaram-se quais tipos de plantas as pessoas cultivam ou gostariam de cultivar. A grande maioria assinalou mais de uma opção, sendo elas: Tipo de plantas
Nº de pessoas
Suculentas
20
Bromélias
8
Orquídeas
17
Folhagens
13
Floríferas perenes
18
Floríferas anuais e bienais
4
Ervas
24
Tabela 13: Tipos de plantas cultivadas. Fonte: Arquivo Pessoal.
Para esse tipo de atividade, o uso de utensílios de jardinagens são fundamentais para a saúde e qualidade das plantas. Na opção “outros”, 6 pessoas responderam que, além dos citados, utilizam copo (1 pessoa) e tesoura (5 pessoas). Houve mais de uma alternativa assinalada por pessoa.
52
Tipo de utensílios
Nº de pessoas
Pás
22
Cultivados de 3 pontas
4
Garfo
12
Extrator de ervas daninha
6
Par de luvas
15
Esborrifador
18
Outros
6
Tabela 14: Tipos de utensílios. Fonte: Arquivo Pessoal.
Na pergunta número 10, perguntou-se como a pessoa irriga suas plantas, e o resultado é que a maioria utiliza regador. Na opção outros, surgiram as opções de esborrifador (4 pessoas) e mangueira (1 pessoa): Irrigação
Nº de pessoas
Regador
23
Bule
6
Copo
15
Direto na torneira
3
Outros
5
Tabela 15: Utensílios usados para irrigar plantas. Fonte: Arquivo Pessoal.
A pergunta 11 (Qual(is) tipo(s) de vaso(s) você utiliza? Que tamanho?) apontou que a grande maioria utiliza vasos de cerâmica e de plástico, de tamanhos médios e pequenos.Na opção outros, 7 pessoas alegaram utilizar vasos de madeira. Houve mais de uma opção assinalada. Tipo de vaso
Nº de pessoas
Cimento
7
Cerâmica
23
Resina
4
Plástico
19
Outros
7
Tabela 16: Tipos de vasos. Fonte: Arquivo Pessoal.
53
Tamanho do vaso
Nº de pessoas
Grande
9
Médio
20
Pequeno
26
Tabela 17: Tamanho do vaso. Fonte: Arquivo Pessoal.
Uma funcionária da Verde & Cia Garden Center, em uma entrevista informal, apontou que a maioria dos clientes da loja adquire vasos de cerâmica do tipo vidrado e do “vietnamita”. Este último, apesar de mais caro, é o mais resistente. Também ressaltou que os vasos e cachepots de madeira de demolição são ideais para sacadas que pegam muita chuva e muito sol.
Na questão 12, onde se perguntou como a pessoa transporta uma muda nova, a maioria revelou que a faz no próprio vaso em que a muda vem. Outras apontaram que o fazem com latas, em sacos plásticos, na mão ou em caixas, mostrada na tabela a baixo: Como transporta a muda
Nº de pessoas
Em vaso
21
Na lata
7
Sacolas plásticas
12
Na mão
7
Na caixa
3
Tabela 18: Como transportam uma muda nova. Fonte: Arquivo Pessoal.
Para a sobrevivência da planta por meio da fotossíntese, é necessário que ela pegue algumas horas de sol. Dependendo da planta, ela pode requerer 4 horas de sol consecutivas. Com relação a esta questão, a pergunta 13 (Quantas horas de sol sua sacada pega, aproximadamente?) abordou que a maioria dos entrevistados tem suas varandas banhadas pelo sol com pelo menos 4 horas de sol, o que garante uma melhor qualidade e sobrevivência da muda.
54
Horas de sol na sacada,
Nº de pessoas
aproximadamente 1
5
2
4
3
7
4
17
5
11
6 ou mais
6
Tabela 19: Horas de sol na sacada, aproximadamente. Fonte: Arquivo Pessoal.
A fim de saber sobre o parapeito das sacadas, perguntou-se na questão 14 o tipo de material de que era feito e qual altura do mesmo em relação ao chão. Caso um parapeito tenha essa medida muito baixa, ou seja, feita de um material não tão resistente, haveria um risco de acidente para a planta e principalmente para o morador. Na alternativa outros, surgiram pedra (2 pessoas), alumínio (2 pessoas) e madeira (2 pessoas) como material do parapeito. Com relação à altura, todas as sacadas possuem medidas dentro do padrão exigido. Porém, para edificações, a madeira é desaconselhável como material para parapeito, pois dependendo da qualidade da madeira, a mesma pode rachar ou estragar, podendo causar sérios riscos à vida do morador. Segue abaixo as respostas obtidas com relação ao material utilizado no parapeito dos apartamentos dos entrevistados: Material do parapeito
Nº de pessoas
Cimento
16
Ferro
8
Vidro
20
Outros:
6
Tabela 20: Tipos de material do parapeito. Fonte: Arquivo Pessoal.
55
Altura do parapeito em
Nº de pessoas
relação ao chão Menos de 0,7m
0
0,7m
3
0,8m
23
0,9m
16
Mais de 0,9m
8
Tabela 21: Altura do parapeito em relação ao chão. Fonte: Arquivo Pessoal.
A última questão, por fim, salientou se os entrevistados estariam interessados em adquirir móveis específicos para varandas de apartamento, caso surgisse alguma novidade, e 94% responderam que sim, o que confirma a realização de um produto para este ambiente. Se iriam adquirir um móvel
Nº de pessoas
para varanda Sim
47
Não
3
Tabela 22: Resposta para móvel para sacada. Fonte: Arquivo Pessoal.
A seguir, serão colocadas algumas opiniões dadas pelos entrevistados, que possuem relevância para o projeto:
“Utilizo a varanda como área social, quando faço jantares com amigos, a maioria fuma, então ficamos do lado de fora. Por ser um local aberto da mais liberdade em relação a barulho e etc.”
“Minha varanda é estreita e comprida. Móveis práticos e bonitos, contudo, funcionais seriam perfeitos.”
“Uma maneira de facilitar a vida de pessoas com sacadas muito pequenas seria interessante, especialmente para pessoas que gostam de ter plantas ou de ter um lugar para tomar um chimarrão. Minha sacada é muito pequena (aproximadamente
56
2,5m x 1m), o que torna a criação de plantas, que tenho como hobby e fonte de ervas e temperos (rsrs), mais difícil e restrita. Uma maneira de aproveitar espaço e embelezar o ambiente seria muito bem-vinda!”
4.2 ANÁLISE DA PESQUISA
A presença de mobiliários exclusivos para sacadas de apartamentos possui um segmento muito tímido no mercado, quase inexistente. Nas lojas entrevistadas, os produtos oferecidos possuíam medidas inadequadas para o espaço pequeno da sacada. Contudo, os poucos que existem não são divulgados o suficiente para que moradores de apartamentos possam adquiri-los. Por isso, faz-se necessário a utilização de um bom plano de divulgação. Ao realizar a pesquisa, constatou-se também que não há nas lojas em Florianópolis um móvel específico para plantas e seus cuidados, como a poda e rega, por exemplo. Ao perguntar se havia um móvel para tal, os vendedores e lojistas apresentaram vasos e cachepots como únicas opções para plantas, desconhecendo a existência de um mobiliário exclusivo para esta atividade. Os vasos e cachepots avaliados, em sua grande maioria, possuem como função principal mais a decoração do que a funcionalidade. .
57
5 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA
Conforme Baxter (2000, p. 59-60), a definição do problema pode ser promovida com as seguintes perguntas:
1) Qual é exatamente o problema que você está querendo responder? Resposta: Móvel para criação de plantas específico para área da sacada.
2) Por que este problema existe? Resposta: Porque ainda não existe um móvel para plantas no mercado de Florianópolis, nem específico para este ambiente.
3) Ele é uma parte específica de um problema maior ou mais amplo? Resposta: Mais amplo, pois envolve o tamanho, a disposição e configuração da sacada e o tipo de plantas cultivadas.
4) Qual é a solução ideal do problema? Resposta: Projetar um produto prático e com medidas adequadas para o ambiente e para a atividade de cultivar plantas.
5) O que caracteriza essa solução ideal? Resposta: Criar um espaço para guardar as plantas e seus utensílios em um mesmo móvel. O produto deve ser ergonomicamente correto, funcional, cômodo, de fácil manuseio e esteticamente agradável.
6) Quais são as restrições que dificultam o alcance dessa solução ideal? Resposta: Tipos de materiais a serem utilizados, meio de processos de produção e viabilidade econômica.
58
6 ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES
Nesta etapa da pesquisa serão analisadas e avaliadas as informações adquiridas por meio de visitas, observação e aplicação de questionário.
6.1 NECESSIDADE
Após pesquisas e consultas em lojas em Florianópolis, a existência de um móvel para criação de plantas em sacadas de apartamento é desconhecida. Ao perguntar para os funcionários das lojas sobre a existência deste tipo de produto, todos, sem exceção, disseram que tal móvel não existe, fazendo certa “confusão” com produtos como cachepots ou baús. Baseando-se nestas informações, a criação deste tipo de móvel direcionado para varandas de apartamentos é justificável, uma vez que o mercado local não oferece esta opção aos consumidores da área.
6.2 RELAÇÃO HOMEM/PRODUTO
Para a atividade de cultivo das plantas e hortaliças, são necessários alguns cuidados como a utilização de utensílios específicos, mudas adequadas para o clima e conhecimento mínimo de jardinagem. O vaso é imprescindível para a criação de uma muda, pois é ele quem a contem e sustenta. O tipo de vaso interfere diretamente na muda, pois dependendo do tipo de planta, a raiz precisa de espaços mínimos para crescer e florescer. Este produto deve ser resistente para suportar as ações de intempéries e o crescimento da raiz. Também deve estar adaptada à planta e ao jardineiro. Os utensílios mais utilizados para o cultivo das plantas são pás, luvas, garfo, esborrifador e/ou regador. Esses objetos auxiliam na hora de tratar a muda. As pás são utilizadas para a remoção ou transferência de terra e plantas, também
59
auxiliando na compactação da terra. As luvas são usadas para o cuidado do cultivador, para higiene das mãos e para que este não se machuque com eventuais espinhos. O garfo serve para retirar folhas, pedras, sujeira e afofar a terra. O esborrifador e o regador são utilizados para regar as plantas. Para plantas mais “sensíveis” ao toque, sugere-se o esborrifador, que possui jato de água menos agressivo e direcionado. O regador é direcionado, com saída de água maior, o que permite boa molhagem em plantas de médio porte. Após a pesquisa de campo, conforme informações e dados constatados, as pessoas que cultivam plantas apresentam preocupação com qual tipo de planta é adequada para o seu tipo de sacada. No caso de Florianópolis, a preocupação se volta para plantas resistentes aos fortes ventos. A criação de plantas depende totalmente de quem as cuida. Se aquele que cultiva procura ter cuidados e utiliza os utensílios certos para suas mudas, há bons resultados para ambos.
6.3 RELAÇÃO PRODUTO/AMBIENTE
Neste tópico, devido a grande variável de materiais empregados para objetos de jardinagens, serão abordados apenas os principais, como a cerâmica, madeira e plástico utilizados, por exemplo, para fabricação de vasos e cachepots. Conforme a entrevista dada pelo professor da UFSC, Sebastião Roberto 4
Soares , os impactos mais fortes no meio ambiente causado pela cerâmica são: a extração de matéria prima, o tipo de fonte de energia utilizada e a emissão dos restos de resíduos após a produção. O consumo exagerado da matéria-prima causa grandes modificações no local aonde foi retirada, como erosão e modificação da paisagem. Com relação a energia empregada, o combustível utilizado e a tecnologia aplicada podem causar conseqüências, como a queima de lenha, por exemplo, que lança resíduos no ar em grandes quantidades e emissões gasosas.
4
Notícia disponível em: http://www.agecom.ufsc.br/principal.php?id=1296
60
Porém, a cerâmica pode ser reciclada, uma vez que seus resíduos podem ser usados como matéria-prima em um novo processo de fabricação. Esta atitude, além de mais econômica para a empresa, diminui impactos ambientais citados anteriormente. A madeira, como já citado anteriormente, é um material encontrado na natureza em grande escala, podendo ser reflorestada. O consumo ideal é o de madeiras de reflorestamento, como o Pinus, que cresce rapidamente se comprada a outras árvores. O impacto ambiental mais grave é observado quando há o consumo desenfreado de árvores em extinção, que são cortadas sem autorização do IBAMA. Como redução de consumo de madeiras novas, nos últimos anos vem sendo freqüente a utilização de madeiras de demolição para fabricação de cachepots, por exemplo. Uma vez que estes são expostos ao sol (por causa da planta), não há grande necessidade de criar um produto com madeira nova. Os tipos de polímeros (plásticos) mais comuns para fabricar produtos para jardinagem é o PP (Polipropileno), PVC (Policloreto de Vinila) e PEAD (Poli Etileno de Alta Densidade). Tais elementos provêm do petróleo, uma fonte de energia nãorenovável. Conforme Élen Beatriz Pacheco5, o desperdício do lixo plástico é mais grave, no ponto de vista ambiental e econômico, se comparado com a extração do petróleo para a fabricação. A quantidade de plástico no lixo seletivo seco representa 15% do total. A reciclagem de polímeros, portanto, é uma grande solução para reduzir o impacto ambiental
6.4 MERCADO
Visto que não há no mercado local um móvel específico para plantas, neste assunto serão colocados alguns dos concorrentes indiretos no mercado, a saber, objetos relacionados com o plantio, como vasos e chachepots. Os produtos descriminados no primeiro tópico são de lojas de Florianópolis e no seguinte, de
5
Análise de impacto ambiental devido a resíduos poliméricos. Disponível em: <http://www.plastico.com.br/revista/pm308/poluicao.htm>.
61
lojas virtuais e de outras cidades. As informações e valores dos produtos analisados são do mês de maio do presente ano, 2010.
6.4.1 Concorrentes Indiretos - Florianópolis
6.4.1.1 Vaso
Imagem
Material
Medidas
Preço
Loja
Observação
Fibra de coco
Informação indisponível
R$ 118,13
Primavera Garden Center
Para fixar na parede. Os moldes são fixos.
Informação indisponível
R$ 19,00
Primavera Garden Center
Para fixar na parede. Permite apenas pequenas plantas.
A 28x25 cm
R$ 22,50
FloraBrasil
Vaso simples, sem detalhes.
A 30x35 cm
R$ 32,50
FloraBrasil
Vaso mais largo, permitindo plantas maiores.
FloraBrasil
Permite ser fixado na parede também. Possui gravura na parte frontal.
Cerâmica
Informação indisponível
R$ 12,50
62
A 30x30x30 cm
Cerâmica Vidrada
Cerâmica Vietnamita
Informação indisponível
Informação indisponível
R$ 34,50
FloraBrasil
Possui boca quadrada para plantas mais robustas.
R$ 240,00
Possui tamanhos diversos. É mais resistente do que Verde & Cia a cerâmica Garden Center comum. Possui maior apelo estético.
R$ 334,00
Devido ao seu peso, é Verde & Cia resistente aos Garden Center fortes ventos, não tendo o risco de cair/balançar.
Tabela 23: Concorrentes indiretos (Florianópolis) – vasos. Fonte: Arquivo Pessoal.
6.4.1.2 Cachepot Imagem
Material
Medidas
Informação indisponível
Preço
Loja
Observação
R$ 121,00
Pendurado no teto. O usuário Primavera deve atentar Garden Center para não bater a cabeça.
R$ 49,80
Apenas para plantas com altura relativamente grande. Material quebradiço.
Cerâmica
A 33x19x19 cm
FloraBrasil
63
Madeira e junco
50x40x50 cm
R$ 418,00
Rattan Móveis Artesanais
Madeira de demolição
Informação indisponível
R$ 150,00
Verde & Cia Garden Center
Madeira trançada
A37x37x37 cm
R$ 75,00
FloraBrasil
Madeira A 30x33x33 cm envernizada
R$ 46,00
FloraBrasil
Aço Escovado
P 30x28x30 cm M 40x38x40 cm G 50x48x50 cm
R$ 270,00 R$ 410,00 R$ 551,00
J. Ziliotto
Material não resistente às intempéries e pragas. Por ser hidroscópico, não é adequado para ambientes externos.
Material resistente à corrosão e às intempéries. Possui alto apelo estético.
64
P 32cm M 37,5 cm G 50 cm (diâmetro)
R$ 334,00
J. Ziliotto
M 53,6x50x53,6 cm G 53,2x75x53,2 cm
R$ 867,00 R$ 1.172,00
J. Ziliotto
A 50x35x35 cm
R$ 89,00
FloraBrasil
MDF
MDF com frente de vidro
Plástico
A 30x31x31 cm
R$ 59,00
FloraBrasil
A 27x27,5x23,5 cm
R$ 110,00
FloraBrasil
Informação indisponível
Informação indisponível
Tabela 24: Concorrentes indiretos (Florianópolis) – cachepots. Fonte: Arquivo Pessoal.
FloraBrasil
Este material é muito hidroscópico, sendo inviável para ambientes externos, principalmente em cidades litorâneas (com a influência das chuvas e maresia).
Material resistente às intempéries. Permite vários formatos e cores, se diferenciando pelo apelo estético.
65
6.4.1.3 Diversos Imagem
Material
Medidas
Informação indisponível
Preço
Loja
Observação
R$ 1.302,00
Primavera Garden Center
Floreira com 2 cachepot acoplados. Ideal para grandes áreas externas.
R$ 348,00
Primavera Garden Center
Base com espelho e dois suportes para vasos. Serve mais para o interior do apartamento do que para a área externa.
R$ 134,00
Verde & Cia Garden Center
Fixado à parede, permite apenas um vaso pequeno.
Primavera Garden Center
Para ser fixado na parede, já vem com a planta. O material, porém, não é muito resistente
Primavera Garden Center
Suporte de parede para 3 vasos. Possui pintura eletrostática. Porém é inadequado para cidades litorâneas.
Madeira Informação indisponível
Informação indisponível
Bambu
Ferro
Informação indisponível
Informação indisponível
R$ 56,00
R$ 96,56
66
Informação indisponível
Informação indisponível
Informação indisponível
Fibra de coco
R$ 74,50
R$ 56,30
R$ 23,80
Primavera Garden Center
Suporte de parede para 2 vasos. Possui pintura eletrostática. Porém é inadequado para cidades litorâneas.
Primavera Garden Center
Suporte de parede com corpo em vime. Este tipo de elemento é indicado para áreas não expostas à sol e chuva.
Primavera Garden Center
Suporte de parede para 5 vasos. Possui mais apelo decorativo do que funcional.
Informação indisponível
R$ 56,00
FloraBrasil
Possui vaso em alumínio. Possui mais apelo decorativo.
Informação indisponível
Informação indisponível
FloraBrasil
Suporte para fixar na parede.
Tabela 25: Concorrentes indiretos (Florianópolis) – diversos. Fonte: Arquivo Pessoal.
67
6.4.2 Concorrentes Indiretos – Internet e outras cidades
6.4.2.1 Vaso Imagem
Material
Porcelana (espessurado a prata)
Reciclagem (Tetra Pac com embalagens alimentícias)
Alumínio
Plástico
Medidas
18x26x11,5 cm
25x35x30 cm
Informação indisponível
Informação indisponível
Preço
R$ 119,00
R$ 3,00
Loja
Observação
Funciona como cachepot, mas Mercado Livre tem por função a decoração.
Mercado Livre
Este tipo de material ainda não foi testado para o uso em varandas.
Verde Vaso
É ideal para a plantação de pequenas plantas e ervas. Permite ser colocado em diferentes ambientes.
Verde Vaso
Para decoração. Pelo peso, é inadequado para áreas aberta (por causa do vento).
Informação indisponível
Informação indisponível
Tabela 26: Concorrentes indiretos (internet e outras cidades) – vasos. Fonte: Arquivo Pessoal.
68
6.4.2.2 Cachepot
Imagem
Material
Madeira
MDF
Medidas
39x45x39 cm
Informação indisponível
Preço
R$ 125,10
Informação indisponível
Loja
Observação
A madeira não possui boa resistência à Meu Móvel de intempéries e Madeira pragas, sendo inadequada para a sacada.
Verde Vaso
Possui maior apelo decorativo. É ideal para colocação de temperos.
Mercado Livre
Pode ser usado como cachepot, porém possui função mais decorativa que funcional.
Porcelana
23x17x16 cm
Metal (cromado)
17 cm (diâmetro)
R$ 15,00
Para decoração. Pelo peso, é Mercado Livre inadequado para área externa.
Vime Sintético
A 17x22 cm
R$ 20,00
Mercado Livre
R$ 1.200,00
Tabela 27: Concorrentes indiretos (internet e outras cidades) – cachepots. Fonte: Arquivo Pessoal.
Material não muito resistente ao sol e chuva.
69
6.4.2.3 Diversos
Imagem
Material
Medidas
Preço
Loja
Observação
Bronze
32x12 cm
R$ 139,00
Mercado Livre
Possui maior apelo decorativo.
Verde Vaso
Possui maior apelo decorativo. É ideal para colocação de temperos.
MDF
Informação indisponível
Informação indisponível
Tabela 28: Concorrentes indiretos (internet e outras cidades) – diversos. Fonte: Arquivo Pessoal.
6.5 FUNÇÃO
A função de vaso e cachepot são freqüentemente confundidas por ambos serem muito similares esteticamente. Conforme FERREIRA (1986), o vaso é um recipiente de diversos formatos, que tem por função conter líquidos ou sólidos, de caráter ornamental. Já o cachepot tem a finalidade de esconder vasos de plantas ou potes, além de resíduos e rachaduras dos mesmos, tendo como função maior a decoração. Vale salientar que, ao realizar-se a pesquisa, estes dois itens foram apontados como “móveis” para plantas, segundo lojistas e vendedores. Porém, para o projeto, a função destes dois objetos é insuficiente para a solução ideal do problema proposto, uma vez que sua complexidade é muito maior.
70
6.7 DISTRIBUIÇÃO, MONTAGEM, SERVIÇO À CLIENTES E MANUTENÇÃO
As lojas locais pesquisadas compram vasos e cachepots de artesões locais ou de outras empresas fabricantes. Os produtos são distribuídos já prontos e montados, não havendo necessidade de instalação por parte do comprador. Com relação à manutenção, grande parte dos produtos não possui garantia, pelo fato de vasos e cachepots serem feitos de materiais que não permitem concerto, como cerâmica e concreto. Em apenas uma das lojas contatas houve, por parte do funcionário, uma preocupação em indicar para o cliente qual material de vaso ou cachepot era adequado para cada planta. Esse tipo de preocupação auxilia os usuários que não possuem grandes conhecimentos sobre plantas. Quando esta informação é adquirida, a vida útil da muda pode aumentar, conforme os cuidados prestados pela pessoa. Vale atentar ainda sobre a estrutura de alguns vasos. O “prato” colocado em baixo do vaso deixa a água parada proveniente da rega da planta exposta, o que permite haver futuras doenças, como a dengue, por exemplo. Desta forma, se faz necessário uma reflexão maior sobre este objeto, e, para estudos futuros, pesquisar se de fato é necessário haver um prato para o escoamento da água.
6.8 DESCRIÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DO NOVO PRODUTO
Após a análise de pesquisas e com as informações coletadas, a concepção do produto a ser criado pode iniciar-se com fundamentos sólidos. Neste tópico serão descritos o conceito e as especificações meta do novo produto.
6.8.1 Conceito
Para auxiliar na construção do conceito do novo produto, foi utilizada uma tabela com atributos estéticos (sensoriais) e perceptivos (simbólicos e de estilo).
71
Essa ferramenta ajuda a desenvolver os atributos que o novo produto deve possuir, listados abaixo na tabela.
Figura 14: Tabela de atributos (adaptada). Fonte: tradução da tabela feita por Célio Teodorico.
Com os atributos como referência, propõe-se criar um mobiliário direcionado para criação de plantas na sacada, tendo os atributos principais de ser leve, organizado, geométrico e ergonômico. Possui estilo contemporâneo, e deve transmitir conforto, segurança e leveza para seu usuário.
6.8.2 Especificações Meta
Levando em conta as pesquisas e levantamentos abordados ao longo do trabalho, o produto a ser criado deve apresentar as seguintes características: • Conter organizador de utensílios para jardinagem;
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• Ter um espaço para a colocação de plantas em geral, como flores e temperos; • Possuir medidas adequadas, levando em consideração o pequeno espaço da sacada e a tarefa que será realizada na manutenção das plantas; • Ser leve, de fácil locomoção e atraente. Os atributos principais que o produto deve apresentar então são: • Leveza; • Atração; • Organização; • Geometria.
6.8.3 Público de Interesse
O público de interesse do produto são jovens adultos, com faixa etária entre 20 e 35 anos, de ambos os sexos, pertencentes à classe B e C e moradores de apartamentos com sacada. Possuem a prática de jardinagem caseira, como criação de flores e temperos. Pelo fato de haver no mercado opções de objetos para jardinagem mais tradicionais e conservadores (como jardineiras e vasos com estilo mais “antigo”), e também pelo aumento de interesse por parte de jovens adultos em cultivar plantas, escolheu-se este tipo de público para o produto criado, uma vez que não há conhecimento de móveis para plantas para este tipo de público jovem.
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7 PAINÉIS SEMÂNTICOS
Para auxiliar na criação das alternativas da solução e para melhor compreender o público alvo, foram criados 2 painéis semânticos: um sobre os sentidos relacionados à sacada e do público de interesse e as atividades que os mesmos praticam na sacada.
Figura 15: Painel de sentidos. Fonte: Arquivo pessoal.
O primeiro painel aponta imagens associadas às sensações que a sacada e a varanda remetem ao morador. O paladar aplica-se em cafés, chás e lanches tomados em uma tarde. O cheiro desses elementos se junta, no que diz respeito ao olfato, aos cheiros das plantas e flores, da chuva, da maresia e da cidade. A vista que o morador tem de sua sacada pode ser de um campo florido, um por do sol, uma praia ou o próprio meio urbano. Independente de qual seja, esse meio possui sons únicos, como no caso de avenidas, com o barulho dos carros. Tomando outro exemplo, o som produzido pelo vento é percebido na sacada, e este vento também é sentido pelo morador através do tato. Este tipo de sentido é passado à pessoa
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quando esta manipula as plantas, ou quando está na companhia de um ente querido ou companheiro. Em resumo, o intuito deste painel é demonstrar que as sensações percebidas pelo morador são interligadas. Ao mexer nas plantas, por exemplo, os sentidos de visão, olfato e tato são transmitidos. Logo, quando alguém entra na sacada, suas percepções em relação ao ambiente estão “acionadas”. Cada momento que a pessoa passa neste ambiente, gerará não apenas lembranças visuais, mas sensoriais.
Figura 16: Painel do público e atividades. Fonte: Arquivo pessoal.
No segundo painel, são abordadas algumas das atividades ou ações realizadas pelo morador. A pessoa pode utilizar a varanda para criar e cuidar de plantas e flores, relaxar e descansar após um dia cansativo, apreciar a vista, descontrair com os amigos, ouvir música, navegar na internet e assim por diante. Esses momentos de prazer fazem com que o morador se identifique mais com este ambiente, associando o estar na sacada como um tempo de descanso e lazer.
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8 GERAÇÃO DAS ALTERNATIVAS
Após realizar um brainstorming (técnica que visa escrever o máximo de palavras relacionadas a um determinado tema), e tendo em vista o conceito do projeto, partiu-se para a geração de alternativas até obter a solução ideal.
8.1 SKETCHES
Para
solução
demonstrados abaixo.
Figura 17: Sketches. Fonte: Arquivo pessoal.
do
problema,
foram
criados
sketches
diversos,
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Após esta geração de desenhos, percebeu-se que os mesmos podiam ser separados por segmentos diferentes: uma linha de varais, uma de móveis de parede, outra linha modular e uma de estilo “zen”. Para aperfeiçoar então estas idéias, foi aplicada a técnica do MESCRAI (sigla para as palavras modifique, elimine, substitua, combine, rearranje, adapte e inverta). Os desenhos são postos a seguir.
Figura 18: Linha Varal. Fonte: Arquivo pessoal.
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Esta primeira linha teve como inspiração o varal de roupa, uma vez que este elemento é presente e forte visualmente com respeito ao quintal e à varanda. Para criar os modelos, tiveram-se em mente os varais de parede e os de chão. Como ponto positivo dos desenhos gerados, obteve-se a idéia de se criar itens complementares, como pás, vasos e dentre outros, que remetessem às roupas, criando assim uma linha divertida. Outro aspecto notado foi que o móvel de parede ocupa um espaço menor, melhorando na circulação (algo necessário para sacadas pequenas). Como ponto fraco, os desenhos criados não diferenciavam muito de um varal comum, precisando assim melhorar a sua estética.
Figura 19: Linha Parede. Fonte: Arquivo pessoal.
A linha de parede tem como pontos positivos o que fora citado anteriormente (no que diz respeito ao espaço e circulação), a opção de pendurar os vasos e objetos de jardinagem e ainda de servir como mesa. Como pontos negativos, ser dobrável não se torna muito prático, uma vez que se pratica a atividade com certa freqüência e o tamanho da mesa e do próprio móvel pode atrapalhar o espaço de circulação na sacada.
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Figura 20: Linha Módulos. Fonte: Arquivo pessoal.
A linha de móveis modulados possui pontos fortes a criação de plantas no próprio móvel (como se fosse um vaso ou uma gaveta) e o aproveitamento de espaço, por ser um móvel dentro de outro. Um ponto fraco, porém, é a profundidade desse espaço para plantas, o que se limitaria a plantas de pequeno porte. Outra questão é que não haveria um espaço próprio para a colocação dos itens para jardinagem.
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Figura 21: Linha Zen. Fonte: Arquivo pessoal.
Por fim, a linha zen se inspira nos jardins japoneses, já que estes são um ramo da jardinagem. Esta linha tem como pontos positivos a simplicidade das formas, a facilidade de criação e possuir módulos emborrachados para sentar. Os pontos negativos são o tamanho de cada módulo (depende muito da área da varanda, além de algumas serem curvas) e a altura do espaço para planta (o usuário teria de agachar-se para mexer nas plantas).
8.2 APERFEIÇOAMENTO DAS ALTERNATIVAS
Após uma análise das linhas desenhadas e demonstradas anteriormente, verificou-se que a primeira linha, a de varais, seria a mais adequada para o projeto, uma vez que se adéqua ao público jovem e pelo fato de ser preso à parede, melhorando assim o espaço da sacada.
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Partindo disso, foi feito três projetos com os mesmos motivos da linha, a fim de refinar o projeto para o problema proposto, colocados e descritos abaixo.
Figura 22: Opção 1. Fonte: Arquivo pessoal
A primeira opção é um móvel feito todo de madeira. É fixado na parede por parafusos a fim de não balançar. As prateleiras superiores servem para pendurar ferramentas e vasos, podendo também servir de treliça para plantas trepadeiras. As prateleiras inferiores possuem também a mesma função que as superiores, servindo também como apoio para o usuário quando este estiver manuseando a muda. Ao examinar esta opção, será necessário pesquisar algum tratamento para a madeira, a fim de torná-la mais resistente ao clima da cidade. De igual forma, será verificado qual tipo de ferragens são adequadas para o produto.
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Figura 23: Opção 2. Fonte: Arquivo pessoal.
A segunda opção é um móvel feito de madeira e treliça de alumínio, suspenso por quatro correntes de metal. A chapa de madeira serve como apoio dos objetos durante o uso, e a treliça para pendurar os utensílios e vasos de plantas. Porém, ao analisá-la, percebe-se que o alumínio não suporta o peso das plantas, tendo o risco de entortar ou deformar. Além disso, pelo fato de em Florianópolis ventar muito, o móvel sofre o risco de balançar, e as coisas nele penduradas caírem, causando assim dano ao usuário.
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Figura 24: Opção 3. Fonte: Arquivo pessoal.
A última opção é um móvel feito todo de ferro galvanizado, fixado a parede por parafusos. As chapas laterais e a superior possuem furos para se colocar barras de ferro. Nestas barras, os vasos e ferramentas também são pendurados. O usuário tem a liberdade de colocar as barras na altura que deseja. A chapa inferior serve como apoio para o usuário durante as suas atividades. Ao verificar esta opção, entretanto, nota-se que o móvel será muito pesado, pelo fato de ser de ferro, além de ter o risco de danificar a parede aonde será fixado. Também se constata que a colocação da barra se dá pelas laterais, e dependendo da configuração da sacada e aonde o móvel será fixado, o usuário terá dificuldades em realizar esta tarefa.
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8.3 ALTERNATIVA ESCOLHIDA
Após a análise das alternativas finais, chegou-se a conclusão que a alternativa ideal será a primeira, pelo fato de ter as seguintes vantagens: • mais adequado para a atividade de cultivo e manipulação da planta; • estética remete melhor a idéia de quintal; • fixação adequada; • fácil de manusear; • despojado; • leve; • funcional.
Figura 25: Alternativa escolhida. Fonte: Arquivo pessoal.
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9 MODELO TRIDIMENSIONAL
Escolhida a alternativa ideal, criou-se um modelo tridimensional para a visualização de como será o produto final. Utilizou-se medidas e cor aproximadas (no caso, o mogno Sevilha) que o produto real terá. O modelo está ambientado em uma sacada fictícia de 5,2m²,fixado em uma parede. Os aparatos colocados na imagem são meramente ilustrativos. Para acompanhar o produto, idealizou-se uma família de produtos complementares, como ferramentas para jardinagem, vasos e ganchos para pendurar. Esses utensílios são abordados no tópico 11.6.2, referente à Marketing. Devido ao curto prazo de tempo, não foi possível a criação destes mesmos em modelos tridimensionais.
Figura 26: Modelo tridimensional. Fonte: Arquivo pessoal.
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10 MEMORIAL DESCRITIVO
10.1 FUNÇÃO DE USO
A função primária do produto criado é de armazenar e/ou pendurar mudas de plantas. Visa facilitar para o usuário a manipulação das plantas de um modo mais fácil e prático. Para auxiliar no momento da poda e cuidados especiais das folhas, tem como diferencial as duas parte inferiores, que podem ser abaixadas, servindo como apoio para a pessoa. Como função secundária, o produto promove o armazenamento de utensílios para plantio, como regador, pás e dentre outros, uma vez que sua estrutura entrelaçada permite que os mesmos sejam pendurados e/ou apoiados no móvel. Isso faz com que os apetrechos pertinentes aos cuidados das plantas estejam em um único lugar, sem que o usuário se locomova para outro cômodo para buscar os mesmos.
10.2 FUNÇÃO ESTÉTICO-FORMAL
Conforme Löbach (1981), a função estética de um produto se dá através do processo de percepção do mesmo pelo usuário. Essa percepção ocorre por meio dos sentidos, ou seja, pela cor, forma, cheiro, som, textura e/ou sabor do produto. O projeto criado inspirou-se diretamente nos elementos presentes no quintal. As formas retas foram inspiradas em um varal de roupas, e as cores e textura são provenientes das árvores, plantas e terra de um jardim. A organização e aparência visual do produto são importantes para que seja aceito pelo usuário. As linhas retas fazem uma analagia com o varal de roupas, fazendo com que o estilo do produto seja simples e despojado. As ripas entrelaçadas também traz a lembrança as treliças de floreiras, o que linca o produto à função proposta.
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Segundo as Leis da Gestalt, conforme Gomes Filho (2003), o produto possui características próprias. Uma delas é a unidade, que “pode ser entendida como o conjunto de mais de um elemento, configurando o “todo” propriamente dito, ou seja, o próprio objeto” (GOMES FILHO, 2003, p.29). Esse caractere pode ser percebidas nas formas retas e entrelaçadas, que se relacionam com o varal de roupas. As cores também remetem à terra e madeira, elementos esses relacionados com a jardinagem em si. Outra característica é a unificação, que, como o próprio nome diz, é a igualdade visual e coerência do todo percebida no objeto. A estética do produto possui um mesmo segmento, remetendo ao varal e à treliça. Também apresenta continuidade, que “é a impressão visual de como as partes se sucedem através da organização perceptiva da forma de modo coerente” (GOMES FILHO, 2003, p.33). As linhas retas e alongadas fornecem continuidade e fluidez ao produto. O produto apresenta ainda a característica de semelhança, que são estímulos visuais parecidos entre si, e que formam uma unidade ao se agruparem. A conexão das linhas e formas e as cores empregadas no projeto fazem referência com o varal e com as plantas. Outra lei aplicada é a da pregnância da forma, que “pressupõe que a organização formal do objeto, no sentido psicológico, tenderá a ser sempre a melhor possível do ponto de vista estrutural” (GOMES FILHO, 2003, p.37). O produto possui alta pregnância pelo fato de ter o formato que remete diretamente ao varal de roupas. As peças adicionais criadas para formar conjunto com o produto ressaltam ainda mais este tema, sendo facilmente assimiladas e interpretadas com o conjunto. Os materiais e acabamentos do produto também influenciam na percepção das características estéticas do mesmo. No caso, a predominância do material empregado é de madeira autoclavada. As ferragens empregadas são em ferro galvanizado, para maior durabilidade do produto em climas úmidos, como o de Florianópolis. O produto apresenta, a princípio, quatro tipos de madeira: garapeira, itaubá, imbuia e jatobá. Para criar um maior contraste entre as treliças e o restante do móvel, as mesmas serão pintadas com um verniz em tom mais claro do que o tom do móvel. Dessa forma, a treliça que tem função essencial no projeto possuirá
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um ressalte, chamando a atenção para o vaso e outros objetos que estarão pendurados no móvel. Estas madeiras possuem melhor durabilidade e resistência às intempéries se comparadas a outros tipos de madeiras encontradas. São indicadas para áreas externas, com maior exposição à água. Essas quatro opções de madeira reforçam a idéia de ligação com a natureza, com os elementos naturais de um quintal de casa, como árvores, plantas e terra. Uma vez ligada a estes elementos, as cores e texturas das madeiras transmitem a sensação de conforto, relaxamento, bem estar, tranqüilidade e comodidade ao usuário.
Figura 27: Opções de cores (garapeira, itaubá, imbuia e jatobá, respectivamente). Fonte: Tambores Imperial.
10.3 FUNÇÃO SIMBÓLICA
Buscando resgatar o valor simbólico da varanda de uma casa, o produto inspirou-se em elementos nela presentes como o jardim, o varal, vasos de plantas, entre outros. Cada item que compõe uma varanda pode transmitir lembranças de experiências vividas. Estas, quando agregadas ao significado que cada pessoa lhes atribui, constitui um valor simbólico. Dessa forma, a função simbólica relaciona-se ao significado que o usuário dá ao produto. O produto criado visa transmitir sensações de tranqüilidade, relaxamento, descanso e descontração, sentimentos estes vivenciados em um quintal, como sentar-se debaixo da árvore e descontrair com a família, por exemplo. As memórias relacionadas ao quintal e/ou à atividade de jardinagem são determinantes para que o usuário se identifique com o produto, agregando assim um
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valor simbólico para o mesmo. Ao comprar o produto, a pessoa materializa em forma de objeto as lembranças e experiências que vivenciou em algum quintal. Conforme o valor simbólico empregado, o produto se torna um objeto de status. Quando outras pessoas olharem para o produto na sacada, podem ter a mesma percepção de quem o adquiriu, ainda que possua experiências diferentes relacionadas ao quintal, pois nesse caso, o elo de ligação é o mesmo valor dado ao produto. Tendo em vista tal valor atribuído, a sacada pode se tornar um ambiente de destaque, uma vez que o produto transmite ao seu dono sensações conhecidas em tempos de outrora, como descanso e relaxamento. Ao entrar na sacada, o ambiente se torna íntimo e aconchegante. Ao utilizar o móvel, a pessoa relaxa através de atividades lúdicas que lhe fornecem a descontração necessária após um dia estressante.
10.4 FUNÇÃO TÉCNICA
10.4.1 Sistema construtivo
O produto é constituído por chapas de madeira autoclavada, unidas por parafusos. Possui dobradiças e tesoura articulada em ferro galvanizado a fim de que o usuário possa baixar e levantar as prateleiras inferiores durante o cuidado e manipulação das plantas. Possui ainda travas em ferro galvanizado para firmar as prateleiras inferiores ao corpo do produto, para que as mesmas não caiam, evitando que as mudas caiam de igual forma e promovendo assim a segurança do usuário.
10.4.2 Materiais e processos de fabricação
Os tipos de madeiras utilizadas no projeto são a garapeira, itaubá, imbuia e jatobá. A madeira é um material renovável, de baixo custo, com boa resistência à flexão, tração e ao impacto. É boa para receber diversos tratamentos, e no caso,
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para o projeto, o tratamento de autoclave. Este processo protege a madeira contra o apodrecimento, cupim e a ação de agentes deterioradores por um longo período. O processo de fabricação da madeira autoclavada ocorre da seguinte maneira: a madeira é submetida a um vácuo inicial, onde é retirado o ar e a umidade das células da madeira. Logo em seguida, ocorre a pressão dentro do tanque, onde é introduzido um agente químico preservativo nas camadas permeáveis, e por fim, o vácuo final, que remove o excesso de produto das superfícies das peças. As ferragens do produto (trava, dobradiça e tesoura articulada) são em ferro galvanizado. O ferro é um material de baixo custo, de elevada dureza, com ótima resistência ao desgaste mecânico e oscilações de temperatura, boa resistência à corrosão e à abrasão. O tratamento de galvanização auxilia na proteção e na estética do material, elevando sua resistência à corrosão e ao atrito. O processo da galvanização ocorre através da eletrólise, onde ocorre a transferência de íons, de um metal ligado ao pólo positivo e outro ao pólo negativo (no caso, o ferro) por meio do fornecimento de energia elétrica para gerar essa reação (a eletrodeposição). Com os materiais empregados e os processos aplicados nos mesmos, o tempo de vida do produto criado é de aproximadamente, vinte anos. Dependendo de como o usuário irá preservar o móvel, este pode durar ainda mais tempo do que o proposto.
10.5 FUNÇÃO ERGONÔMICA
10.5.1 AEP (análise ergonômica do produto)
O produto oferece ótimas qualidades estéticas, técnicas e ergonômicas. Seus atributos estéticos são percebidos nas formas e linhas geométricas. As cores e texturas semelhantes à de madeiras transmitem tranqüilidade e conforto visual. Apresenta propriedades técnicas como resistência do material à intempéries, ferragens adequadas para a atividade, facilidade de limpeza. Como qualidade ergonômica possui facilidade de manuseio, antropometricamente correto, adequado a estrutura física do usuário, sendo seguro e eficiente.
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10.5.2 Usabilidade
O produto apresenta facilidade no uso e manipulação das plantas e utensílios pendurados. É simples de ser conservado e limpo, uma fez que é fixo na parede. Os materiais empregados possuem boa qualidade, o que promove a resistência e durabilidade do produto. Apresenta boa resistência a intempéries, ao desgaste e ao impacto. Pelo fato de ser fixo, ao mexer no produto, principalmente nas prateleiras inferiores, o usuário fica livre de possíveis acidentes.
10.5.3 Adequação antropométrica
Conforme Iida (1997), a coluna vertebral de uma pessoa deve ser mantida na posição vertical o máximo possível, quando esta estiver transportando cargas manualmente. Para as mulheres no perfil dos 5% (com estatura aproximada de 1,60m), a altura dos ombros até o chão, em pé é de 133,9cm (ver item 1.3 da tabela abaixo). A altura do centro da mão com o braço pendido é de 73,8cm (ver item 1.5 da tabela abaixo). O cilindro de pega máxima, ou seja, o diâmetro é de 13,0cm (ver item 4.7 da tabela abaixo). Já para os homens no perfil dos 95% (com estatura aproximada de 1,75m) a altura dos ombros até o chão, em pé é de 144,5cm (ver item 1.3 da tabela abaixo). A altura do centro da mão com o braço pendido é de 76,7cm (ver item 1.5 da tabela abaixo). O cilindro de pega máxima, ou seja, o diâmetro é de 13,8cm (ver item 4.7 da tabela abaixo).
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Tabela 29: Principais variáveis usadas em medidas antropométricas estáticas do corpo. Fonte:IIDA, 2005, p.118.
O alcance máximo que o braço humano suporta é de 180º de flexão e o antebraço 90º externo e 90º interno. A mão suporta 65º de extensão e 75º de flexão. Com o punho fechado, suporta 90º de supinação e 80º de pronação. Confira na tabela 26 e 27 abaixo:
Tabela 30: Valores médios (em graus) de rotações voluntárias do corpo, na antropometria dinâmica. Fonte: IIDA, 2005, p.127.
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Tabela 31: Alcance máximo da mão para diferentes distâncias e posturas do corpo. Fonte: IIDA, 2005, p.126.
Conforme a norma da ABNT NBR 9050, durante atividades manuais em pé, a altura do piso até o centro da mão (com o antebraço formando ângulo de 45° com o tronco) da pessoa é entre 0,72 a 0.82 m. A altura do centro da mão com o antebraço em ângulo de 90° com o tronco é de 0,90 a 1,00 m. E a altura do centro da mão com o braço estendido formando 45° com o pis o (sendo isso o alcance máximo confortável) é de 1,40 a 1,55m. Estas e outras medidas podem ser confirmadas na tabela abaixo.
Tabela 32: Alcance manual frontal – pessoa em pé. Fonte: ABNT NBR 9050, 2004, p. 17.
Para que o usuário fique confortável durante suas atividades ao manusear o produto, as medidas apontadas e descritas acima serão levadas em consideração. Essas medidas são importantes para a ergonomia do produto, pra que promova o melhor manuseio possível pelo usuário. Tais dimensões e medidas proporcionam um uso adequado do produto, preservando assim a saúde do usuário.
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10.5.4 Adequação biomecânica
A fim de compreender melhor o produto e adequá-lo para o usuário, criouse um mock-up. Ao testá-lo, percebeu-se que o espaço entre a prateleira superior e a prateleira com a tesoura articulada é bom, mas para se tornar ideal, deve ser um pouco maior, a fim de que usuários que possuem a mão maior e os dedos mais largos possam abaixar a prateleira inferior com maior conforto. No percentil 5% feminino (no caso, a pessoa que utiliza o produto possui estatura de 1,69m) notou-se que a usuária consegue abaixar a prateleira articulada e apanhar os objetos pendurados com facilidade. Para pegar objetos apoiados na prateleira, a mulher também o faz sem problemas. Em todas as atividades, a coluna da usuária estava ereta, e a altura dos braços não passou do limite confortável. Abaixo, a imagem da usuária mexendo no móvel.
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Figura 28: Ações de usuário do percentil feminino. Fonte: Arquivo pessoal.
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Para o percentil 95% masculino (no caso, a pessoa que utiliza o produto possui estatura de 1,81m) notaram-se as mesmas condições de postura da mulher exemplificada acima.
Figura 29: Ações de usuário do percentil masculino. Fonte: Arquivo pessoal.
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Como o produto é fixado na parede, o usuário tem a possibilidade de ajustar a altura em relação ao chão conforme a sua altura, a fim de tornar as atividades durante o uso mais confortáveis. Como ressalte, conforme citado no item anterior, a altura confortável durante as atividades manuais é de 0,72 a 0,82m.
10.5.5 Adequação fisiológica / ambiental
A leitura visual do produto é facilmente interpretada pelo consumidor. Está sujeito à iluminação e temperatura para melhor execução do usuário. Possível ruído: movimentação dos vasos ao descer a prateleira (depende do peso da planta ou do material de que o vaso é feito).
10.5.6 Adequação cognitiva
O produto criado é facilmente compreendido no que se refere ao seu funcionamento e uso, pois as peças empregadas indicam sua função (a treliça, no caso, para apoiar e pendurar objetos). Ao perceber e averiguar a função do produto (colocar e pendurar as plantas e ferramentas para cultivo), o usuário se identifica com o mesmo.
10.6 FUNÇÃO DE MERCADO
10.6.1 Parte informacional
O produto virá com um manual de instrução, que conteria as seguintes seções: lista de componentes, instrução de uso, composições das peças, cuidados e recomendações e informações técnicas. O produto seria embalado em plástico-bolha para não danificar as peças enquanto é transportado, e a embalagem externa do mesmo será em papelão corrugado.
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Figura 30: Exemplo de embalagem em papelão corrugado. Fonte: Embalagem Sustentável.
Para a promoção do produto no mercado, criou-se um logotipo a fim de que o produto seja facilmente identificado pelo usuário. Para descobrir qual nome seria mais adequado e auxiliar na decisão, utilizou-se a técnica do brainstorming. Tendo em mente que o produto foi inspirado em um varal de roupas e está associado à jardinagem, destacou-se as seguintes opções: •
Pettit Jardin;
•
Meu jardim;
•
Jardim suspenso;
•
Varal divertido;
•
Varal verde;
•
Varal de sacada.
Seguindo a lógica que um varal serve para pendurar roupas, e que a função do móvel criado é pendurar as plantas e as ferramentas de jardinagem, o nome varal verde se destacou das demais, sendo assim o escolhido. Partiu-se então para a escolha de qual tipografia utilizar. Foram selecionados nove tipos de letras que remetessem ao tema de plantas e que fossem de acordo com conceito e requisitos do projeto. O estilo da letra deve procurar ser descontraído e ter formas orgânicas, remetendo assim ao formato das folhas.
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Figura 31: Estudo de tipografias. Fonte: Arquivo pessoal.
Ao analisá-las, a tipografia que se adequava melhor aos requisitos citados é a primeira da terceira coluna, a Gabriola. O detalhe da letra V remete a cabo das folhas, e as letras possuem formas orgânicas, por serem levemente arredondadas.
Figura 32: Detalhes da tipografia. Fonte: Arquivo pessoal.
Tendo em mente o detalhe da letra V que lembra o cabo de uma folha, idealizou-se a imagem da folha propriamente dita, a fim de reforçar a ligação do produto com a criação de plantas. A cor utilizada foi o verde, para enfatizar a palavra “verde” da logo e por ser também a cor predominante das plantas. Foram feitos três tons de verde, como demonstradas abaixo:
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Figura 33: Estudo de cores. Fonte: Arquivo pessoal.
Ao visualizar as três opções, notou-se que no tom mais claro de verde o detalhe da folha não se destacou e os veios das folhas ficaram praticamente imperceptíveis. A última opção, por sua vez, possui um tom de verde escuro que se aproxima do azul, o que não remete a primeira vista ao tom verde das plantas em geral. Dessa forma, a primeira opção foi selecionada, uma vez que seu tom de verde é mais comum entre as plantas, e também pelo fato das folhas e seus veios terem se destacado.
Figura 34: Logotipo escolhido. Fonte: Arquivo pessoal.
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Como a criação da identidade visual do produto não é o foco principal do projeto, a logo criada e o estudo de tipografia e cor são propostos como uma idéia inicial, não sendo necessariamente, a solução final a ser aplicada. Necessitase, portanto, amadurecer a idéia e melhora-lá com futuros estudos, a fim de ser consolidada e valorizada, se tornando pertinente ao produto.
10.6.2 Marketing
Para promover o produto, utilizou-se a técnica de marketing dos 4 P’s: preço, praça, promoção e produto. O preço aborda o custo, a praça envolve o ponto de venda, local onde será comercializado e a promoção trata de como convencer e persuadir o consumidor a comprar o produto através de uma boa divulgação. A princípio, o preço do produto seria em torno de R$ 400,00 reais, aproximadamente. Seria fabricado em série para atingir um preço mais acessível. O produto será comercializado em lojas e departamentos de jardinagem, como floriculturas por exemplo. O cliente conhecerá o produto através de feiras e eventos do ramo, onde será mais bem contextualizado, e também pela internet, podendo inclusive adquiri-lo através do site. A propaganda do produto seria através do próprio site, eventos, outdoors, anúncios em jornais e revistas. Como o público de interesse são jovens adultos, a forma como o produto será passado através dos meios promocionais deverá ser descontraída, alegre e divertida. Para isso, a linguagem, tipografia e cores utilizadas devem vir de encontro com este tipo de público. No entanto, devido ao curto prazo de tempo, não será gerado nenhum modelo de promoção para demonstração. Acompanhando o produto, pensou-se também em criar uma família de utensílios para o móvel, remetendo elementos do varal e da jardinagem. Estes objetos têm a intenção de interagir com o usuário de forma lúdica e descontraída, promovendo uma experiência alegre e divertida durante a atividade de jardinagem. Pensou-se em utilizar cores e grafismos de acordo com as preferências estéticas do público de interesse, que no caso, são jovens adultos. Porém, para a apresentação do presente trabalho, não haverá um estudo detalhado desta família de utensílios, pois seria necessário analisar qual material
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seria adequado, as preferências dos usuários em relação aos grafismos, as formas e cores empregadas e assim por diante. Abaixo, seguem sugestões em desenho demonstrativo de como seriam alguns destes utensílios.
Figura 35: Exemplos da família de utensílios. Fonte: Arquivo pessoal.
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11 DESENHO TÉCNICO
Para a compreensão da composição técnica do projeto, foi elaborado um desenho técnico e vista explodida do mesmo. Devido ao tamanho do desenho estar em escala 1:10, em uma folha A3; para uma melhor visualização do leitor, o desenho técnico encontra-se no apêndice.
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12 CONCLUSÃO
A partir dos estudos e pesquisas feitas durante a realização do projeto, constatou-se que os objetivos propostos inicialmente foram alcançados. O produto final possui dimensões próprias para sacadas pequenas (entre 2 e 9 m²), e por ser fixo na parede, permite que haja circulação neste espaço, além de auxiliar nas atividades de lazer, domésticas e/ou de convívio social. Após terem sido realizadas pesquisas sobre a história das sacadas foi possível classificar seus tipos e suas normas, averiguando e comparando as características das atuais com as antigas.
Ao levantar as principais atividades
realizadas neste cômodo, percebeu-se que os móveis para criação de plantas era um ramo muito tímido na cidade de Florianópolis. Dessa forma, ao contatar o público através de entrevistas e questionários, notou-se a necessidade de criação de um móvel específico para este tipo de atividade. Com estudos ergonômicos, verificou-se quais eram as medidas ideais para o produto, a fim de torná-lo confortável durante seu uso. Ao registrar as posturas adotadas pelos usuários feminino e masculino, confirmou-se que as medidas empregadas no projeto estão ergonomicamente corretas. Os atributos do produto, como funcionalidade e ergonomia foram assim testificados. Através das cores, materiais, formas e texturas empregadas no produto, a intenção de resgatar o valor simbólico da varanda foi contemplada. O produto remete ao usuário sensações e experiências vividas em um quintal ou jardim. Os elementos visuais presentes nesses lugares podem ser facilmente relacionados com o produto. A logomarca e a possibilidade de confeccionar uma família de utensílios que lembram roupas e/ou objetos de jardinagem, reforçam ainda mais a ligação simbólica com o quintal de forma lúdica. Para futuros estudos, apontam-se dois itens: o aperfeiçoamento da família de utensílios que acompanha o produto, isto é, pesquisar quais materiais são mais adequados para plantas, tipos de cores e formas apropriados para o público alvo, descobrir, através de novas pesquisas e questionários, quais são as suas preferências, e o refinamento da logomarca, com um estudo de cores e tipografia mais aprofundado.
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O objeto de estudo desse projeto reflete a importância que as pessoas dão de modo geral à sacada e as atividades de jardinagem que podem ser nesse ambiente desenvolvidas. Espera-se que o presente trabalho possa servir também como ferramenta de estudo ao auxiliar outros designers no entendimento, compreensão e, conseqüente, criação de produtos para ambientes de varandas pequenas.
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REFERÊNCIAS
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