UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA PAULA SALOMON PEREIRA
DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO PARA OTIMIZAÇÃO DA ATIVIDADE DE PASSAR ROUPAS
Florianópolis 2010
PAULA SALOMON PEREIRA
DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO PARA OTIMIZAÇÃO DA ATIVIDADE DE PASSAR ROUPAS
Trabalho de Conclusão de Curso Apresentado ao Curso de Design da Universidade do Sul de Santa Catarina, como Requisito Parcial para a Obtenção do Titulo de Bacharel em Design.
Orientador: Tiago André da Cruz
Florianópolis 2010
AGRADECIMENTOS
Agradeço todos os meus colegas e amigos que sempre me apoiaram, suportaram e me divertiram durante todo esse processo. Ressalto entre eles a Tálita, Juliana, Daniela, Ricardo, Felipe, Lucas e Renan. Agradeço minha mãe e meu padrasto, que me ajudam em tudo e que amo muito. Agradeço minhas avós, que são meus maiores exemplos de força de vontade. Agradeço meu falecido pai, meu maior mestre.
RESUMO
A partir da percepção da dificuldade das pessoas ao passarem roupas em casa com o ferro elétrico, realizou-se um estudo na busca do entendimento dos principais problemas existentes no processo. A tábua de passar roupas é parte integrante desse problema, e notou-se que seu uso amplia as dificuldades quando utilizada em áreas de serviço de tamanho incompatível e insuficiente para tal. Buscou-se na história a evolução das maneiras para a realização dessa tarefa doméstica através do aprimoramento de estudos baseado em referências bibliográficas. Partiu-se desta análise para a busca de uma alternativa viável de um apoio para realização dessa tarefa, unindo os conhecimentos em design e ergonomia, bem como a procura de uma escolha ecológica que facilitasse o trabalho do usuário.
Palavras-chave: Design. Tábua de passar roupas. Adaptação.
ABSTRACT
From the perception of the difficulty of people to iron the clothes at home, it was made a study in seeking to understand the main problems in this process. The ironing board is part of the problem, and it was noted that their use increases the difficulties when used in service areas of inconsistent and inadequate size for this. It was researched into the history the ways of evolution to achieve this task through the improvement of the studies based by references. Begining from this analysis to search for a viable support for this task, combining the knowledge in design and ergonomics as well as the demand for an ecological choice that would facilitate the work of the user.
Keywords: Design. Ironing board. Adaptation.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 1: Funcionamento da Wall Mounted............................................................................27 Quadro 2: Medidas da Wall Mounted.......................................................................................28 Quadro 3: Visualização da StowAway, fechada e aberta.........................................................29 Quadro 4: Disposições da área de serviço.................................................................................37 Quadro 5: Configurações da área de serviço.............................................................................38 Quadro 6: Adequação do produto em áreas de serviço.............................................................68 Figura 1: Primeiros ferros de passar ......................................................................................... 19 Figura 2: Passadeira a vapor ..................................................................................................... 22 Figura 3: Prensa a vapor aberta ................................................................................................ 23 Figura 4: Vista superior da prensa de passar ............................................................................ 23 Figura 5: Mesa de Passar .......................................................................................................... 24 Figura 6: Fluxograma da tarefa para o uso do ferro elétrico .................................................... 25 Figura 7: Manta magnética para passar .................................................................................... 29 Figura 8: Mesa de passar Viena ................................................................................................ 30 Figura 9: Vista inferior do tampo em grade ............................................................................. 31 Figura 10: Apoio de ferro elétrico ............................................................................................ 31 Figura 11: Tábua de passar Liika ............................................................................................. 32 Figura 12: Fixação da tábua Liika ............................................................................................ 32 Figura 13: Ligações de ambientes da casa ............................................................................... 36 Figura 14: Medidas ................................................................................................................... 38 Figura 15e Figura 16: Máquina elétrica ................................................................................... 39 Figura 17: Máquina embutida em armário ............................................................................... 39 Figura 18: Tábua de passar roupas ........................................................................................... 39 Figura 19: Medidas da tábua de passar ..................................................................................... 40 Figura 20: Uso de tábua na posição sentada ............................................................................. 40 Figura 21: Passadeiras .............................................................................................................. 48 Figura 22: Fluxograma do processo de produção de compensados ......................................... 49 Figura 23: Urdume e trama ....................................................................................................... 52 Figura 24: Painel estilo de vida ................................................................................................ 58 Figura 25: Painel expressões do produto .................................................................................. 59
Figura 26: Painel do tema visual .............................................................................................. 60 Figura 27: Alternativa 1 ............................................................................................................ 61 Figura 28: Alternativa 2 ............................................................................................................ 62 Figura 29: Alternativa 3 ............................................................................................................ 63 Figura 30: Alternativa 4 ............................................................................................................ 64 Figura 31: Alternativa 5 ............................................................................................................ 65 Figura 32: Alternativa 6 ............................................................................................................ 66 Figura 33: Modelo volumétrico vista lateral ............................................................................ 69 Figura 34: Modelo volumétrico vista superior ......................................................................... 69 Figura 35: Modelo digital ......................................................................................................... 70 Figura 36: Vista explodida ....................................................................................................... 71 Figura 37: Tubo do eixo ........................................................................................................... 72 Figura 38: Tampa ..................................................................................................................... 72 Figura 39: Bucha ...................................................................................................................... 73 Figura 40: Manipulo ................................................................................................................. 73 Figura 41: Flange ...................................................................................................................... 74 Figura 42: Sustentação ............................................................................................................. 74 Figura 43: Tipos de manejo ...................................................................................................... 77
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Definição de sexo .................................................................................................... 41 Gráfico 2: Definição de idade ................................................................................................... 41 Gráfico 3: Definição de habitação ............................................................................................ 42 Gráfico 4: Tipo da habitação .................................................................................................... 42 Gráfico 5: Existência de área de serviço .................................................................................. 43 Gráfico 6: Hábito de passar roupas........................................................................................... 43 Gráfico 7: Porque não passar roupas ........................................................................................ 43 Gráfico 8: Como passar roupas ................................................................................................ 44 Gráfico 9: Importância de passar roupas .................................................................................. 44 Gráfico 10: Porque passar roupas ............................................................................................. 44 Gráfico 11: Problemas da tábua comum................................................................................... 45 Gráfico 12: Porcentagem de pessoas que sentem dores nos ombros ........................................ 45 Gráfico 13: Porcentagem de pessoas que sentem dores nas costas .......................................... 46 Gráfico 14: Porcentagem de pessoas que sentem dores no pescoço ........................................ 46 Gráfico 15: Porcentagem de pessoas que sentem dores no ante-braço .................................... 46 Gráfico 16: Porcentagem de pessoas que sentem dores nas mãos ........................................... 46 Gráfico 17: Opinião sobre um novo produto ............................................................................ 47
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Comparação dos concorrentes .................................................................................. 33 Tabela 2: Atributos simbólicos ................................................................................................. 55 Tabela 3: Atributos estéticos .................................................................................................... 56 Tabela 4: Pontuações na matriz de seleção de alternativas ...................................................... 67
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 13 1.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA ........................................................................................... 13 1.2 PROBLEMA .................................................................................................................... 13 1.3 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................ 14 1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................................................... 14 1.5 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 14 1.6 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO ......................................................................... 15 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................... 16 2.1 HISTÓRIA DA TECELAGEM ......................................................................................... 16 2.2 TIPOS DE TECIDO ........................................................................................................... 17 2.3 CARACTERÍSTICAS DOS TECIDOS ............................................................................. 18 2.4 PASSAR ROUPAS.......................................................................................................... 19 2.5 MÉTODOS DE PASSAR ROUPAS ............................................................................... 21 2.5.1 Passadeira a Vapor: .................................................................................................... 21 2.5.2 Maquina Prensa a Vapor ............................................................................................ 23 2.5.3 Tábua de Passar Industrial ........................................................................................ 24 2.5.4 Ferro elétrico ............................................................................................................... 24 2.6 CONCORRÊNCIA .......................................................................................................... 26 2.6.1 Tábua de passar Wall Mounted ................................................................................. 26 2.6.2 Tábua de passar StowAway ....................................................................................... 28 2.6.3 Manta magnética para passar .................................................................................... 29 2.6.4 Mesa de passar Viena .................................................................................................. 30 2.6.5 Tábua de passar Iika ................................................................................................... 32 2.6.6 Tabela comparativa de produto ................................................................................. 33 2.7 ERGONOMIA ................................................................................................................. 33 2.7.1 Ergonomia nas atividades domésticas ....................................................................... 34 2.7.2 Acidentes domésticos................................................................................................... 35 2.7.3 Ergonomia na área de serviço .................................................................................... 36 2.8 PESQUISAS DE OPINIÃO E DE CAMPO ................................................................... 40 2.8.1 Pesquisa de opinião ..................................................................................................... 41
2.8.2 Pesquisa de campo na Lavanderia Ta Limpo ........................................................... 47 2.9 MATERIAIS E PROCESSOS DE FABRICAÇÃO ........................................................ 48 2.9.1 Madeira Compensada ................................................................................................. 49 2.9.2 Resina de mamona ...................................................................................................... 50 2.9.3 Pinus Eucalyptus .......................................................................................................... 51 2.9.4 Algodão......................................................................................................................... 51 2.9.5 Aço ................................................................................................................................ 52 2.9.6 Soldagem ...................................................................................................................... 53 2.9.7 Silicone.......................................................................................................................... 53 2.9.8 CNC .............................................................................................................................. 54 3 PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO .......................................... 54 3.1 CONCEITO DO PROJETO ............................................................................................ 55 3.2 DEFINIÇÃO DO CONCEITO ........................................................................................ 56 3.3 LISTA DE REQUISITOS: .............................................................................................. 57 3.4 PAINÉIS SEMÂNTICOS ................................................................................................ 57 3.5 GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS ................................................................................ 60 3.5.1 Alternativa 1 ................................................................................................................ 61 3.5.2 Alternativa 2 ................................................................................................................ 62 3.5.3 Alternativa 3 ................................................................................................................ 62 3.5.4 Alternativa 4 ................................................................................................................ 63 3.5.5 Alternativa 5 ................................................................................................................ 64 3.5.6 Alternativa 6 ................................................................................................................ 66 3.5.7 Alternativa escolhida................................................................................................... 66 3.6 ADEQUAÇÃO PROJETUAL ......................................................................................... 67 3.7 MODELO VOLUMÉTRICO .......................................................................................... 68 3.8 MODELO DIGITAL ....................................................................................................... 70 3.9 DETALHAMENTO TÉCNICO ...................................................................................... 70 4 MEMORIAL DESCRITIVO ........................................................................................... 75 4.1 FUNÇÃO ESTÉTICO-FORMAL ................................................................................... 75 4.2 FUNÇÃO DE USO .......................................................................................................... 75 4.3 FUNÇÃO ERGONÔMICA ............................................................................................. 76 4.4 FUNÇÃO OPERACIONAL ............................................................................................ 77 4.5 FUNÇÃO ECOLÓGICA ................................................................................................. 78 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 78
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 80 APÊNDICE ............................................................................................................................. 83 APÊNDICE A – DETALHAMENTO TÉCNICO ............................................................... 84
13 1
INTRODUÇÃO
Encontram-se hoje diversos produtos - que são necessários e de extrema importância para proporcionar o bem-estar e a higiene a casa – no mercado, voltados a auxiliar as atividades domésticas. Passar as roupas é uma dessas atividades que, para realizála, o usuário necessita de tempo, espaço adequado, e algumas ferramentas. Esse trabalho procura pesquisar sobre essa atividade e analisar outros meios de passar e desamassar as roupas para o desenvolvimento do projeto de um apoio que auxilie essa tarefa.
1.1
DELIMITAÇÃO DO TEMA
Buscar-se-á otimizar a atividade doméstica de passar roupas através do desenvolvimento de um projeto de apoio que auxilie e comporte o ferro e as roupas. O foco será desenvolver o apoio pensando em pessoas que moram sozinhas ou possuem uma área de serviço com espaço reduzido. Para se buscar uma alternativa viável ao problema, se levará em consideração quesitos como: transporte, manutenção, uso, estética, ergonomia; a fim de que o produto proporcione eficácia e desempenho.
1.2
PROBLEMA
A cada dia mais pessoas moram sozinhas, e por questão de economia preferem passar suas próprias roupas. Porém, seu tempo disponível para a realização de tal tarefa é reduzido, além das condições espaciais serem limitadas e os produtos encontrados no mercado não suprirem as necessidades de tais clientes. Desta forma, é pretendido uma solução viável para a otimização do trabalho de passar roupas, tendo em vista o espaço, o tempo e o custo.
14 1.3
OBJETIVO GERAL
Desenvolver um acessório de utilidade doméstica que auxilie a atividade de passar roupas, direcionado para área de serviço com espaço reduzido.
1.4
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
a. Fundamentar a ergonomia da tarefa de passar roupas; b. Levantar as normas e leis vigentes que determinam os tamanhos mínimos de área de serviço; c. Estudar o uso do ambiente e da disposição de seus utensílios em áreas de serviço utilizadas pelo público; d. Identificar soluções em produtos de mesma função existentes no mercado.
1.5
JUSTIFICATIVA
Observaram-se as dificuldades enfrentadas para obter as roupas higienizadas e desamassadas diariamente e notou-se que existem diversas falhas nos sistemas de passar. Percebe-se que este problema é também vivenciado por outras pessoas – principalmente pelas que moram sozinhas, tendo em vista que geralmente possuem apartamentos com área de serviço reduzida, espaço que deve comportar alguns móveis, eletrodomésticos e acessórios de limpeza, o qual inclui esses sistemas de passar roupas. Essa área de produtos domésticos é de grande potencial para a intervenção simultânea entre as áreas do design e da ergonomia e levar em consideração um estudo mais amplo e interventivo quanto à otimização do tempo e da qualidade do trabalho doméstico do público alvo poderá se findar. De acordo com Bonsiepe (1982) a maior contribuição do desenho industrial está na melhoria da qualidade de uso e da qualidade estética de um produto, compatibilizando
15 exigências técnico-funcionais com restrições de ordem técnico-econômicas. Optou-se então por abordar esse tema para procurar uma solução de projeto que minimize danos, alcance essas qualidades e facilite a rotina daqueles que precisam passar suas roupas em casa.
1.6
PROCEDIMENTO METODOLÓGICO
O capitulo um introduz o cenário de estudo e a estrutura da monografia, os objetivos gerais e específicos. O capitulo dois apresenta o estudo bibliográfico realizado através de livros, artigos e informações coletadas na internet sobre a concorrência. Também foram coletadas informações através de uma pesquisa quantitativa com o método de levantamento e uma pesquisa de campo em uma empresa para análise da tarefa. No capítulo três foi adotada a metodologia de Design para desenvolvimento do projeto de produto. O capítulo quatro aborda o Memorial Descritivo do produto desenvolvido. O capítulo cinco tratará das considerações finais, juntamente com as recomendações para trabalhos futuros. A Metodologia que será utilizada como base durante o projeto é a proposta por Munari (1998) com algumas alterações que a adéquam. Ela será composta pelas seguintes fases:
Problema: necessidade de mercado, apontada pelo público ou indústria
Definição do problema: limites dentro dos quais o projetista deverá trabalhar. Para que serve determinado objeto, onde vai ser utilizado, quem vai utilizar.
Coleta de dados: dados que contextualizem e situe o problema. Definições e conceitos da temática, estado do design, aspectos legais e normativos, aspectos tecnológicos/inovações, estudo cultural, estudo histórico-geográfico; estudo ergonômico.
Análise de dados: analisar todas as informações coletadas, estabelecer relações entre os dados recolhidos.
Conceituação: desenvolver memoriais descritivos, painéis semânticos e tabelas de atributos simbólicos, estéticos, sensoriais e de estilo para gerar um conceito.
Criatividade: técnica de criatividade Brainstorming, geração de alternativas.
16
Materiais e tecnologias: escolha de materiais e tecnologias que possibilitem o melhor resultado com mínimo custo.
2
Desenhos de construção: desenho técnico; modelo tridimensional.
Solução: ajustes finais; apontar estudos posteriores;
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Serão abordadas a seguir diversas pesquisas que auxiliarão no desenvolvimento de uma solução de projeto.
2.1 HISTÓRIA DA TECELAGEM
A primeira função da tecelagem foi a de proteção, criada pelos primeiros homens para fornecer abrigo, vestimenta e calçados. O mais antigo indício de têxteis data de 24 mil anos. Tecidos de linho foram descobertos no Egito (de 6000 a.C), na Suíça e Escandinávia a lã (de 3000ª. C a 1500 a.C), o algodão na Índia (tecido por volta de 3000 a .C) e seda na China (de pelo menos a.C). (PEZZOLO, 2007). Os teares manuais surgiram nos países mediterrâneos, e o processo fundamental é o mesmo até os dias de hoje. Pouco se desenvolveu até a era industrial na Europa. A Inglaterra na Idade Média tinha uma produção usando lã como matéria prima. (PEZZOLO, 2007). No Renascimento, houve mais trocas de tecidos entre as diversas civilizações do mundo. Nos anos 1700, a Inglaterra demonstrou avanços na indústria têxtil moderna, onde teares manuais foram trocados por mecanizados, dando avanço à colorização e impressão de desenhos nos tecidos. Já no século XIX, começaram a surgir as máquinas a vapor em indústrias, com o desenvolvimento das ligações marítimas, a Europa tornou-se responsável pela produção dos produtos. Hoje os tecidos são feitos como antes, porém, as indústrias possuem mais tecnologia, padrões e tipos de tecido. (PEZZOLO, 2007)
17 2.2 TIPOS DE TECIDO
Os tecidos possuem características que as diferenciam, fazendo com que cada um tenha um comportamento diferente e que seja melhor para cada tipo de uso. Existem diversos tipos destes que são hoje fabricados por máquinas têxteis ou manualmente, dentre os quais as fibras, que podem ser tanto obtidas de animais e plantas quanto quimicamente. “[...] estas podem ser de dois tipos básicos: fibras químicas artificiais, obtidas pelo tratamento da matéria prima natural vegetal, animal ou mineral, e fibras químicas sintéticas, sintetizadas do petróleo, do carvão mineral, etc.” (PEZZOLO, 2007, p. 118)
Alguns exemplos de fibras naturais vegetais são: o linho, o algodão, a juta e o sisal. Das fibras animais são: a lã, a seda, o cashmere, o mohair e a angorá. Como exemplo de fibras químicas artificiais tem-se: a viscose, o modal, o liocel e o lanital. E, entre as fibras químicas sintéticas – obtidas na transformação das moléculas de materiais de base, como o petróleo – se tem: o náilon, os acrílicos, o poliéster e o elastano. Dinah Pezzolo (2007) afirma que o algodão é a principal fibra têxtil do mundo, por possuir características como conforto, maciez e durabilidade. É produzido pelo algodoeiro, planta de região tropical. Tem baixo custo, é lavável, mais resistente que a lã não requer preparação mecânica nem tratamento químico caro. A lã é a fibra natural animal, vinda de cabras, lhama, coelho, carneiro ou iaque, adquiridos pela tosquia, lavados, penteados a fiados, onde as fibras são torcidas e esticadas para formarem fios e por ultimo tramados. A lã fria é produzida de modo a se tornar fina, é durável e amassa pouco se comparado a outros têxteis. Ela também isola de chuva e frio, e proporciona conforto e tem grande durabilidade. (PEZZOLO, 2007) O linho é extraído de uma planta herbácea. Segundo Dinah Pezzolo (2007), é de grande importância para a indústria da malha por ter valores positivos referentes a conforto, estética e funcionalidade. A seda é outro tipo de tecido que é obtida da fiação de filamentos naturais extraído de casulos de borboletas ou bicho-da-seda. É produzida naturalmente pelas larvas dessa borboleta, mas a maior parte da produção da seda é mecanizada. As qualidades da seda são: a elasticidade, a solidez, a finura, a leveza e a flexibilidade, além de nunca apodrecer. “Ela pode absorver até 30% de seu peso de água sem que o fio ou o tecido pareça úmido. A seda oferece igualmente proteção contra o calor e frio, contra a umidade e a transpiração”. (PEZZOLO, 2007, p. 103)
18 Os tecidos sintéticos possuem qualidades como: beleza, capacidade de ser térmico, não amassar, oferecendo bom toque e não impedindo a transpiração; assim como a seda.
2.3 CARACTERÍSTICAS DOS TECIDOS
A seguir algumas características das fibras têxteis, que são úteis para classificar os tipos de tecidos. (PEZZOLO, 2007).
Finura: relaciona-se com seu diâmetro ou espessura. Quanto mais fina for a fibra, mais agradável será o toque do tecido que produzirá. Vale lembrar a suavidade dos tecidos feitos com microfibras.
Elasticidade: A propriedade das fibras de voltar ao seu estado natural após terem sido alongadas por uma força de tração.
Resistência: A propriedade das fibras de voltar ao seu estado natural após terem sido amarrotadas.
Toque: a sensação de conforto que certas fibras proporcionam com o contato com a pele.
Hidrofilidade: a capacidade de absorção e retenção de água que certas fibras possuem. Essa propriedade é encontrada em fibras têxteis naturais.
Hidrofobilidade: a capacidade de absorver lentamente a água ou até mesmo de repeli-la, o que pode provocar sensação de desconforto (como em fibras sintéticas).
Comportamento diante de produtos químicos: Avaliação da reação da fibra quando em contato com ácidos, álcool e solventes orgânicos.
Desgaste: análise do comportamento das fibras mediante ação de agentes mecânicos.
Resistência ao calor: é a capacidade de uma matéria têxtil de resistir à mudança das suas propriedades sob a influência do calor e a capacidade de corresponder a certas exigências quando a temperatura aumenta. Os materiais que possuem maior elasticidade, estabilidade dimensional e estabilidade de forma, alteram menos.
19 As características dos tecidos mudam de acordo com efeitos climáticos, tempo, desgastes naturais ou quando em contato com algum reagente externo. Porém, em algumas situações, pessoas induzem algum tipo de mudança, como: coloração, corte ou alisamento. Quando se passa o tecido no ferro elétrico, as características são diretamente influenciadas, principalmente a de resistência ao calor, que induz as tramas dos fios a se alinharem. (PEZZOLO, 2007).
2.4
PASSAR ROUPAS
Desde o século IV já existiam formas de alisar as roupas, e os chineses foram os primeiros a utilizar como instrumento para a realização dessa tarefa uma panela de latão com brasa, manuseada por um cabo comprido. Nos séculos seguintes, madeira, vidro ou mármore foram os materiais mais comuns dos alisadores criados no Ocidente. (LEMOS, 2003). O ferro de passar ou ferro de engomar é um instrumento utilizado para alisar tecidos com a utilização de uma alta temperatura. Existiam os ferros de alimentação externa com esquentamento indireto, pelo século XVI e os com alimentação interna, certamente posteriores, aquecidos a óleo, a cunha (massa de metal à alta temperatura) e a carvão, como mostra a Figura 1. (LEMOS, 2003).
Figura 1: Primeiros ferros de passar
A evolução do ferro de passar começa quando o homem trocou pele de animais por tecidos e descobriu que podiam passá-los para ficarem mais confortáveis ao corpo. Faziam isso com pedras aquecidas ao sol utilizando o peso em cima das roupas para alisar. A evolução passou dessas pedras ao ferro, que possui além de um peso maior, um maior calor
20 específico. Os primeiros ferros de alimentação externa, fundidos ou forjados, eram de base curva ou arredondada, que permitiam a fricção intensa para dar brilho ao tecido o engomado ou fazendo vincos necessários às pregas. Segundo Lemos, “Paralelamente ao uso dos antigos ferros, desde o século XVI, outro aparelho de passar roupas a frio era também usado na Europa, em especial na Escandinávia: a prancha de calandrar. Esse instrumento era composto de duas partes, um rolo de madeira, à semelhança dos atuais rolos de abrir massa, e uma prancha também de madeira, dotada de um cabo. A roupa era prensada e friccionada com contínuos movimentos de vaivém.” (LEMOS, 2003, p 32)
Segundo o dicionário Aurélio da língua Portuguesa, “Engomar: v.t. Meter em goma (a roupa) para depois alisar com o ferro quente.” A goma, recurso já utilizado na Europa no século em que o Brasil foi descoberto, é a mistura a frio ou a quente de água e amido – substância hidrocarbonada existente em certas raízes, grãos, tubérculos, etc., tais como arroz, batata, mandioca, aveia e milho. Era preparada para enrijecer os tecidos, pois os ferros a carvão e os outros tipos não conseguiam alisar os tecidos de forma a eliminar inteiramente o micro amarrotado da roupa lavada. A goma não só alisava, armando ou polindo, como mantinha a melhor aparência da roupa por mais tempo. (LEMOS, 2003). Ela começou a ser utilizada principalmente por conta de uma moda espanhola que exigia o uso de camisas de colarinho, peito e punhos engomados. Para utilizar a goma precisava-se fazer a mistura e mergulhava-se nesta somente a parte da roupa que se queria engomar. Retirava-se e apertava-se intensamente a parte molhada, envolvendo-a num pano branco. Podiam-se acrescentar outras substancias para dar mais brilho. Depois se levava a roupa para uma superfície e passava-se o ferro – que deveria estar quente a ponto de evaporar a água rapidamente – sobre o lado direito dela. (LEMOS, 2003). A aplicação da goma de engomar criou uma indústria especializada no Brasil no início do século XIX, depois da chegada da família real em 1808, e incrementada a partir de 1816. A classe popular a utilizava somente nas roupas de domingo, porém, as famílias mais ricas passaram a ter uma negra lavadeira e uma mucama encarregada de passar as peças de roupas finas. (LEMOS, 2003). De acordo com Lemos (2003), os ferros já possuíam descanso para aqueles que não possuíam meios de ficarem de pé. Era uma peça metálica destinada a receber o ferro enquanto a passadeira ajeitava a roupa a ser passada ou quando o ferro já não estava mais sendo utilizado. Era uma peça necessária para evitar o contato do ferro direto com a mesa ou tábua de passar e eram feitos de ferro fundido ou forjado, de bronze, etc. Eram especiais para
21 cada modelo de ferro, assumindo formatos variados, alguns até decorados. Atualmente os métodos variaram e evoluíram.
2.5
MÉTODOS DE PASSAR ROUPAS
Existem alguns métodos de passar que utilizam a alta temperatura para mudar as propriedades do tecido. A seguir estão expostos alguns desses métodos como: a passadeira a vapor, a máquina prensa a vapor e o ferro elétrico.
2.5.1 Passadeira a Vapor:
Um método novo de passar roupas é através da passadeira a vapor. Esse exemplo pertence à marca FunKitchen (Figura 2), que foi criada em 2001 e produz uma linha de produtos de cozinha que são vendidos no Brasil através de propagandas na televisão, catálogos e pela Internet. A passadeira serve para remover o amassado das roupas, cortinas e tapeçaria ao mesmo tempo em que remove odores e elimina alergênicos tais como: pêlos de animais e ácaros.
22
Figura 2: Passadeira a vapor
Descrição técnica:
Material ABS
Capacidade do reservatório de água de capacidade para um litro e meio
Bocal para saída de vapor
Suporte para pendurar roupa
Haste retrátil
Mangueira flexível
Rodas deslizantes
Luz piloto
Fio de comprimento de 180centímetros
Possui duas opções de intensidade, para roupas mais grossas como algodão e mais finas como seda
Para passar uma camiseta usando esse método, por exemplo, pode-se utilizar de um objeto auxiliar feito de esponja e revestido com um tecido composto de amianto numa mão, para dar apoio, e o bocal com saída de vapor na outra. Mas para essa atividade percebese que é necessário se agachar, o que pode causar problemas na coluna se essa ação for mal executada.
23 2.5.2 Maquina Prensa a Vapor
O método de prensa a vapor é bastante utilizado em hotéis e em casas. A prensa aplica vapor para amaciar as roupas, remodela as roupa através da secagem rápida; remove manchas com ar ou a vácuo e aplica pressão às roupas. Esse exemplo é um produto da fabricante Westman (Figura 3 e 4). A parte superior da prensa solta o vapor, que é liberado pela base.
Figura 3: Prensa a vapor aberta
Figura 4: Vista superior da prensa de passar
Descrição técnica:
Produção automática de vapor
Sistema segurança eletrônica e controle de temperatura por botão
Placa de alumínio aquecida
Botão de travamento de tampa superior para locomoção do produto
Potência de 1600
Freqüência de 50/60 Hz
Peso de 18 Kg
24
Dimensão (Comprimento x Largura): 81x67 cm
2.5.3 Tábua de Passar Industrial
Esse método é comumente utilizado em hotéis e em lavanderias. O exemplo a seguir é uma mesa de passar da marca Sun Special (empresa de São Paulo), que possui uma área de trabalho aquecida, termostato com alta precisão com regulagem até 120°C, ajuste de altura com variação de 70 a100 cm e haste de sustentação para mangueira de vapor e cabo elétrico do ferro. Funciona com uma Caldeira industrial, que gera vapor para o ferro.
Figura 5: Mesa de Passar Fonte: Arquivo pessoal
2.5.4 Ferro elétrico
O ferro elétrico é um produto que surgiu no ano 1882, patente do americano Henry W. Seely. Somente em 1926, surgiria o primeiro ferro a vapor. “No Brasil, os
25 primeiros ferros de passar foram importados e sua nacionalização ocorreu durante os anos 50.” (BLACK&DECKER). A seguir um fluxograma do modo de uso do ferro elétrico, desde a ação de pegar a tábua de passar até guardar a tábua e o ferro.
Figura 6: Fluxograma da tarefa para o uso do ferro elétrico Fonte: Arquivo pessoal
O Inmetro1 traz algumas orientações quanto ao uso do ferro elétrico de passar:
Selecionar modelos que ofereçam diferentes benefícios que priorizam questões ergonômicas, ou seja, voltadas para o conforto do usuário;
Com ferros convencionais e com ferros a vapor, passar primeiro as roupas que necessitam de temperaturas mais altas e, depois, aquelas que precisam de menos calor;
Com ferros que não forem a vapor, mas tiverem regulagem de temperatura, comece a passar as roupas que necessitam de menor temperatura;
1
Sempre que puder, use vapor para alisar as roupas muito amassadas;
Não enrole o cabo no aparelho ainda quente;
Fonte: ‹http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/ferroeletrico.asp›.
26
Evite o contato do ferro ligado com o cabo que o liga na tomada;
Manter a tábua de passar em local firme e na altura do quadril;
Ficar sempre com postura reta, sem dobrar a coluna;
Deixar o fio solto para que o ferro possa deslizar com facilidade;
Sentar, relaxar e alongar os braços e as costas a cada meia hora;
Ajustar o termostato do ferro para o tipo de roupa a ser passada;
Quando tiver que interromper o trabalho, não se esquecer de desligar o aparelho.
2.6
CONCORRÊNCIA
O método de passar roupas, composto por ferro elétrico e superfície de apoio, é comumente utilizado existindo alguns concorrentes no mercado. Será feita a análise dessa concorrência, pois esse método é produzido para ocupar menos espaço o mais indicado para o público-alvo.
2.6.1 Tábua de passar Wall Mounted
Wall Mounted faz parte de uma linha BetterLifestyle, empresa americana. Um dos benefícios trazido por ela é a de reduzir a desordem e espaço físico de armazenamento. É um produto que possui suporte para o ferro cromado, rack de pendurar roupas, uma superfície de passar estável e pode ser montado em qualquer altura. No quadro a seguir tem-se o exemplo de utilização e montagem da mesa.
27 Quadro 1: Funcionamento
As medidas da Wall Mounted est達o representadas no Quadro 2 a seguir.
28 Quadro 2: Medidas da Wall Mounted
2.6.2 Tábua de passar StowAway
O StowAway é uma espécie de armário vertical para a tábua de passar roupas que deve ser instalada na parede, como mostra a seguir o Quadro 3. Para o seu uso, deve-se abrir a porta e puxar a tábua de baixo para cima. Permite regulagens de altura e possui descanso para ferro.
29 Quadro 3: Visualização da StowAway, fechada e aberta.
2.6.3 Manta magnética para passar
A Manta magnética é tanto para uso rápido quanto para uso com grande quantidade de roupa. É portátil e para a utilização do produto deve-se colocá-la em cima de alguma superfície plana, como sobre a máquina de lavar exemplificada na Figura 7. Ímãs firmam a manta no lugar enquanto se passa as roupas com o ferro elétrico. É feita de algodão, acolchoado, resistente ao calor, pode ser deixada no local de uso ou enrolada para armazenagem. Suporta o calor de até 260º C.
Figura 7: Manta magnética para passar Fonte: http://www.improvementscatalog.com
30 2.6.4 Mesa de passar Viena
A mesa de passar é o tipo comumente encontrado nas casas do público-alvo. A seguir, na Figura 8, tem-se o exemplo da mesa de passar Viena, da empresa MOR de Santa Cruz do Sul/RS, que tem produtos voltados para camping, lazer e casa.
Figura 8: Mesa de passar Viena Fonte: http://www.submarino.com.br/
Um dos diferenciais dessa tábua de passar é o tampo furado para possibilitar a passagem do vapor (Figura 9).
31
Figura 9: Vista inferior do tampo em grade Fonte: Arquivo pessoal
Possui uma trava que evita a abertura involuntária, um suporte para as roupas, uma haste para manter o cabo do ferro elétrico esticado para cima e um apoio para o ferro, mostrado na Figura 10 a seguir.
Figura 10: Apoio de ferro elétrico Fonte: Arquivo pessoal
32 2.6.5 Tábua de passar Iika
A tábua de passar Iika foi projetada pela estudante do interior do Canadá Tony Zakrajsek, imagem na Figura 11.
Figura 11: Tábua de passar Liika Fonte: http://www.liika.ca
Pode ser utilizada em diferentes locais, graças ao seu formato e ao tripé emborrachado que é fixado por sucção em superfícies não porosas, como por exemplo, numa janela na Figura 12.
Figura 12: Fixação da tábua Liika Fonte: http://www.liika.ca
33 2.6.6 Tabela comparativa de produto
Tendo em vista as concorrentes, foi realizada uma tabela comparativa levando em conta características específicas de cada produto.
Tabela 1: Comparação dos concorrentes Produto
Material
Uso
Conforto
Descanso
ergonômico
para o
Montável
Suporte de
Rack de
ferro
roupas
ferro Wall
Aço.
Mounted.
Em
Possibilidade de
somente
uma altura fixa.
Sim.
Sim
Não.
Sim.
Sim.
Sim
Não.
Não.
Não.
Sim.
Sim.
Não.
Sim.
Sim.
Sim.
Não.
Não.
Sim.
Não.
Não.
um local. StowAway.
Desco-
Em
Possibilidade de
nhecido.
somente
uma altura fixa.
um local. Manta
Cotton
Em
Possibilidade de
magnética.
resistente
diversos
diversas alturas,
ao calor,
locais.
porém pode não
imã.
ser a altura correta.
Mesa de
Aço
Em
Possibilidade de
passar.
expandi-
diversos
diversas alturas.
do.
locais.
Desco-
Em
Possibilidade de
nhecido.
paredes
diversas alturas
Tábua Iika.
não porosas.
2.7
ERGONOMIA
A única e especifica tecnologia da ergonomia é a da interface homem-sistema. Esta, como ciência, trata de desenvolver conhecimentos sobre capacidades, limites e outras características do desempenho humano e que se relacionam com o projeto de interfaces, entre
34 indivíduos e outros componentes do sistema, de acordo com Moraes e Man’tavâo (2000). Segundo Iida (1990) “a ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho ao homem.” Ela será estudada por conta da sua importância para o projeto, visando que o produto final possua segurança e medidas corretas para seus usuários. O projeto ergonômico é a aplicação da informação ergonômica ao design de ferramentas, máquinas, sistemas, tarefas, trabalhos e ambientes para o uso humano seguro, confortável e efetivo, segundo Chapanis (1994). A ergonomia tem contribuído para a melhoria da vida quotidiana, e isso inclui a mobília doméstica, tornando-a mais confortável, eficiente e segura.
2.7.1 Ergonomia nas atividades domésticas
Uma das maiores ocupações humanas atualmente são as atividades domésticas. Tarefa da qual é executada predominantemente por adultos do sexo feminino. O cômodo mais utilizado para esse tipo de atividade é a cozinha, segundo Iida (1990). Em relação ao esforço despedido pelo usuário, é considerada de média intensidade, exigindo um gasto de 2400 a2800kcal/dia em tarefas mais pesadas. As tarefas das quais consomem mais energia no trabalho doméstico são: esfregar e lavar paredes e janelas, passar roupas e arrumar as camas. Quanto maior a incidência dessas tarefas, maior o gasto energético (IIDA, 1990) Um ponto positivo desse tipo de trabalho, diferentemente do industrial, é a troca de posturas e existência de pausas. (MENDES, BERTOLINI, SANTOS, 2006). Grandjean (1998) cita diversas recomendações que podem ser aproveitadas para prevenir problemas de saúde àqueles que realizam esse tipo de tarefa, como a altura das superfícies de trabalho, que é de extrema importância. Se a superfície for muito alta, os ombros são elevados, o que leva a contrações musculares dolorosas na altura dos ombros e dorso. E se for muito baixa, o dorso é sobrecarregado pela curvatura do tronco. Nos trabalhos manuais feitos em pé, as alturas recomendadas são de 5 a10 centímetros abaixo da altura dos cotovelos. Para passar o ferro, Iida (1990) aponta uma altura de superfície cerca de quinze centímetros abaixo do cotovelo. Afirma ainda que o dimensionamento dos espaços de trabalho doméstico é baseado em medidas antropométricas
35 femininas, levaremos em conta a estatura média da mulher brasileira de 157 cm. Esse espaço é determinado de acordo com a postura adotada e os movimentos. A Academia Americana de Ortopedia, citada por Knoplick (1986), define “[...] postura como um arranjo relativo das partes do corpo e uma boa postura é quando existe equilíbrio entre suas estruturas de suporte, os músculos e os ossos, que protegem contra uma agressão (trauma direto) ou deformidades progressivas (alterações estruturais)”. (KNOPLICK, 1986)
A má postura, de acordo coma referida academia, é aquela causada pelo mal relacionamento das partes do corpo, que causa conseqüências nas estruturas que estão suportando o corpo, causando um equilíbrio menos eficiente nessas bases. A postura ortostática (em pé) requer maior consumo energético, pois existe mais quantidade de energia sendo gasta nas atividades musculares dos membros inferiores. Como a atividade de passar roupas é realizada geralmente nessa posição, além da energia gasta nos membros superiores, existe grande despendimento de energia igualmente nos inferiores (KNOPLICK, 1986). Fatores relacionados ao espaço e a má utilização dos objetos domésticos podem causar uma variedade de acidentes.
2.7.2 Acidentes domésticos
A área de serviço é um espaço utilizado em larga escala para a prática de serviços domésticos e, por este motivo deve ser planejada de forma a auxiliar a rotina de seus usuários. Muitos acidentes ocorrem em ambientes domésticos. Iida (1990) afirma que isso ocorre devido á grande variabilidade de ferramentas, instrumentos e máquinas quase sempre operados por pessoas sem treinamento. Porém, o maior registro de infortúnios são por quedas, tropeços, escorregamentos e caídas de nível. Um dos motivos de essas quedas ocorrerem é a existência de locais e apoios instáveis, como as mesas e tábuas de passar. Para Iida (1990), o projeto de objetos domésticos merece atenção especial, pois estão sujeitos ao uso não funcional ou por pessoas não habilitadas. A desatenção também causa acidentes como, por exemplo, esquecer o ferro elétrico ligado sobre a tábua de passar causando a queima de algum tecido. Iida (1990) afirma que
36 “Como os acidentes decorrem da interação do produto e da pessoa com o ambiente, eles podem ser evitados ou reduzidos se o produto e o ambiente forem seguros. Os acidentes mais freqüentes envolvendo a manipulação de objetos perigosos, referem-se a queimaduras e cortes”. (IIDA, 1990, p.423)
Certos tipos de acidentes podem ser evitados levando-se em consideração um projeto de produto pensado com certa margem de segurança e para suportar os usos indevidos e fora do contexto atribuído. Deve ser considerado, por exemplo, que crianças podem entrar em contato com partes do produto que uma mão adulta não alcançaria. Num ferro elétrico, por exemplo, pode acontecer de o usuário tocar na base de metal quente ou no suporte do ferro elétrico na tábua de passar, que também é de metal. Outros acidentes podem ser evitados com uma intervenção no espaço, considerando, como afirma Iida (1990), o arranjo físico das peças e o fluxo de movimentação. Numa área de serviço, uma tábua de passar roupas pode ficar na passagem de outras pessoas, que podem ir de encontro ou passar entre a tábua e o fio do ferro elétrico, fazendo com que este caia no chão ou na pessoa.
2.7.3 Ergonomia na área de serviço
Neufert (2004) aponta diversas disposições da área de serviço em uma residência e compõe um esquema de localização ideal da área de serviço em relação aos outros ambientes da casa, como mostra a seguir a Figura 13.
Figura 13: Ligações de ambientes da casa Fonte: Neufert 2004
37
Quadro 4: Disposições da área de serviço Fonte: Neufert 2004
Neufert (2004) também aponta disposições ideais de áreas de serviço, com medidas mínimas para um bom uso e circulação, como mostra o Quadro 5.
38 Quadro 5: Configurações de áreas de serviço Fonte: Neufert 2004
Figura 14: Medidas Fonte: Neufert 2004
Nas diferentes maneiras de passar roupas, Neufert (2004) sugere medidas antropométricas ideais (em centímetros). Medidas ideais para máquinas elétricas, em centímetros:
39
Figura 15e Figura 16: Máquina elétrica Fonte: Neufert 2004
Medidas ideais para máquinas de passar roupas construídas em armários:
Figura 17: Máquina embutida em armário Fonte: Neufert 2004
Medidas ideais para tábuas de passar articuladas na parede ou armário vertical:
Figura 18: Tábua de passar roupas Fonte: Neufert 2004
Medidas ideais para tábuas de passar com braço acessório, uso na posição de pé:
40
Figura 19: Medidas da tábua de passar Fonte: Neufert 2004
Medidas ideais para passar roupas em tábua de passar, na posição sentada:
Figura 20: Uso de tábua na posição sentada Fonte: Neufert 2004
2.8
PESQUISAS DE OPINIÃO E DE CAMPO
Realizou-se uma pesquisa de opinião para entender: o que os usuários pensam sobre o a atividade de passar roupas, sua finalidade, os meios para obter as roupas passadas e como eles utilizam esses meios. Aplicou-se também um questionário com perguntas estruturadas optativas como meio de pesquisa para obter informações sobre a mesa de passar industrial e sobre o que as
41 pessoas que trabalham diretamente com esse tipo de produto acham dele Para tanto, fez-se uma pesquisa de campo na lavanderia Ta Limpo.
2.8.1 Pesquisa de opinião
Foi realizada uma pesquisa quantitativa com o método de levantamento, com pessoas de diferente idade, sexo e comportamento. Esse método, segundo Limeira (2008), gera resultados que podem ser analisados estatisticamente e se pode chegar a determinadas conclusões. O questionário foi enviado e respondido pelos entrevistados através da internet, possibilitando assim a obtenção de dados como características, comportamento e opiniões dos consumidores. Foram entrevistadas 49 pessoas no período de 26 de Abril de 2010 a 29 de Abril de 2010. Os seguintes resultados foram obtidos: A primeira questão foi a respeito do sexo e idade dos entrevistados, tendo como resultado uma maioria do sexo feminino com uma média de idade entre 18 e 30 anos, como mostram respectivamente os gráficos 1 e 2 a seguir.
Gráfico 1: Definição de sexo
Gráfico 2: Definição de idade
42 Perguntou-se com quem o entrevistado mora atualmente e qual o tipo de habitação e no resultado observou-se que a grande maioria mora com os pais e possui casa ou apartamento próprio (gráfico 3).
Gráfico 3: Definição de habitação
A questão seguinte do questionário referia-se ao tipo de habitação e descobriu-se que a porcentagem de pessoas que moram em apartamento é ligeiramente maior que a porcentagem que moram em casa (gráfico 4).
Gráfico 4: Tipo da habitação
De um total de 31 pessoas que moram em apartamento, 24 têm uma área de serviço de tamanho médio de 9m², como revela o gráfico 5. Pode-se então afirmar que esses apartamentos possuem uma área de serviço pequena.
43
Gráfico 5: Existência de área de serviço
Descobriu-se que praticamente a metade do total de pessoas que responderam o questionário, como mostra o gráfico 6, costuma passar as próprias roupas.
Gráfico 6: Hábito de passar roupas
Na questão sobre o porquê de não passar as roupas, para aqueles que afirmaram não ter esse hábito, descobriu-se que 46% das respostas foi pelo motivo de ter outra pessoa que exerça esse trabalho, como mostra o gráfico 7 a seguir. A percentagem de 12,5% das respostas foi pelo motivo de “se possuíssem mais tempo, passariam as roupas” e 21% das respostas foi por não considerarem necessário.
Gráfico 7: Porque não passar roupas
44 Dezoito pessoas afirmam passar as roupas utilizando o ferro e a tábua de passar. Onze delas utilizam outra superfície no local da tábua e outras afirmaram usar como superfície substituta uma mesa ou a cama.
Gráfico 8: Como passar roupas
Quanto à importância dessa atividade, 14 pessoas a consideram de extrema importância, 10 de média, 13 consideram de média à baixa e 2 consideram desnecessária.
Gráfico 9: Importância de passar roupas
A grande maioria de 63% dos entrevistados, respondeu que passa as suas roupas para apresentar uma boa aparência. 17% responderam que é pelo motivo de deixar as roupas lisas com aparência de nova. Foi apontado também o benefício da facilidade de arrumar as roupas no armário que essa atividade proporciona.
Gráfico 10: Porque passar roupas
45 O problema que mais foi apontado pelas pessoas que responderam foi de a tábua possuir pouco espaço superficial. Dentre as opções, de múltiplas escolhas, o problema mais citado, 24%, foi de espaço insuficiente de superfície para passar.12% afirmaram a dificuldade de ajuste de altura e 16%, a dificuldade em montá-la. Os outros problemas citados, 18%, foram a dificuldade em armazená-la, a instabilidade tanto do ferro sobre a tábua quanto da própria tábua, a falta de segurança encontrada na montagem e desmontagem e a baixa qualidade da superfície, que pode queimar.
Gráfico 11: Problemas da tábua comum
Analisando esses cinco gráficos (do gráfico 12 ao gráfico 16) gerados com as respostas de perguntas sobre as dores sentidas nos usuários, causadas pelo uso do ferro elétrico e tábua de passar por mais de uma hora, chega-se a conclusão de que a parte do corpo citada que sofre mais com essa atividade é os ombros, onde a maioria afirma sentir num “nível médio”. A parte menos citada como sendo a mais dolorosa é as mãos. A lombar foi considerada pela mesma quantidade de pessoas como sendo muito prejudicada e pouco prejudicada.
Gráfico 12: Porcentagem de pessoas que sentem dores nos ombros
46
Gráfico 13: Porcentagem de pessoas que sentem dores nas costas
Gráfico 14: Porcentagem de pessoas que sentem dores no pescoço
Gráfico 15: Porcentagem de pessoas que sentem dores no ante-braço
Gráfico 16: Porcentagem de pessoas que sentem dores nas mãos
A porcentagem de 74% das pessoas afirmaram que utilizariam um outro apoio de baixo custo para passar roupas.
47
Gráfico 17: Opinião sobre um novo produto
Foi perguntado também sobre o local onde é guardado esse tipo de produto, que as respostas obtidas foram as mais diversas, como:
Atrás da porta, freezer;
Lateral do armário;
Dentro de armário;
Pendurada em gancho;
Num quarto pequeno ou inutilizado;
Afirmam possuir uma tábua embutida num armário.
Pode-se concluir que o objetivo é o de esconder e tirar a tábua de locais onde possa atrapalhar a circulação e a produtividade de uma área doméstica. Através dessa pesquisa, observou-se que os usuários que utilizam o tipo tábua de passar roupas comumente encontradas no mercado encontram dificuldades. Pode-se colher dados interessantes que comprovam a ineficiência dos produtos voltados a essa atividade e que as pessoas procuram resolvê-las de outras maneiras, como: a necessidade de ter um espaço de superfície maior, um ajuste de altura e um sistema de montagem melhor. As costas são a parte do corpo que as pessoas mais reclamaram de sentir dor utilizando a tábua, sendo assim, o produto deve ser desenvolvido ou ter recomendações de uso para que essas dores gerais sejam reduzidas.
2.8.2 Pesquisa de campo na Lavanderia Ta Limpo
Foi feita uma visita à lavanderia e tinturaria Ta Limpo, localizada no bairro Abraão, para observação do ferro e tábua de passar industrial e conversa com as trabalhadoras.
48 O estabelecimento conta com o trabalho de três mulheres contratadas para passar as roupas e diversos outros itens (como cortinas, lençóis, colchas, etc.). O setor de passar ocupa uma grande área, a maior parte dela usada para armazenamento das roupas. Para obter as roupas passadas, a empresa possui mesas de passar industriais da marca Sun Special. Foi questionado às mulheres se elas sentiam dores no corpo devido à realização duradoura dessa atividade e obteve-se a queixa de dores musculares nos ombros e braços.
Figura 21: Passadeiras Fonte: Arquivo pessoal
2.9
MATERIAIS E PROCESSOS DE FABRICAÇÃO
Foi realizado um estudo de materiais e processos que poderão ser utilizados no produto final. Será considerado o estudo de materiais como a resina de mamona, a madeira Pinus Eucalyptus, o aço, o algodão, o silicone e o estudo dos processos como a soldagem, a madeira compensada e a tecnologia CNC.
49 2.9.1 Madeira Compensada
De acordo com Itaramemnense (1998), madeiras compensadas são compostas por lâminas de madeira, justapostas em camadas ímpares, coladas entre si de maneira que a direção da grã de camadas adjacentes formem um ângulo de 90º entre si. A seleção das lâminas com maior qualidade e a possibilidade de mesclar espécies diferentes de madeira em um mesmo painel, permite a redução de custos de produção e, conseqüentemente, de custos do produto final. (MACEDO E ROQUE, 2002). As etapas de produção dos painéis de compensado se dão na ordem de descascamento, trancamento e cozimento das toras, laminação, secagem, aplicação de adesivo e confecção de painel, pré-prensagem, prensagem e, por fim, acabamento. A seguir, na figura 31, a seqüência de produção, podendo ter etapas que não foram citadas.
Figura 22: Fluxograma do processo de produção de compensados
A associação Brasileira de Normas técnicas (ABNT) apresenta algumas normas que especificam dimensões, tolerâncias e condições para classificar as chapas de compensado. A NBR 9531 (1986) classifica as chapas quanto o local de utilização. O tipo mais indicado para esse produto seria a IR – Interior: destinada a utilização em locais protegidos da ação de água ou alta umidade relativa. Os benefícios dos compensados são diversos, dentre eles, podem possuir melhores propriedades mecânicas do que as madeiras de alta densidade. Também apresenta
50 equivalência sobre a madeira maciça das propriedades de força no sentido de comprimento e largura do painel, com menor variação dimensional com as mudanças do teor de umidade. (FOREST PRODUCTS LABORATORY, 1964).
2.9.2 Resina de mamona
Para colar as lâminas é necessário o uso de adesivo que deva garantir boa umectação do aderente e não possuir resistência mecânica muito maior que o aderente, isto é, deve ser compatível, de acordo com Nock e Ritchter (1978). Os adesivos são polímeros de origem natural, derivados de animais e vegetais, ou de origem sintética, sendo termoplásticos ou termoendurecidos. Para não utilizar um adesivo sintético como o fenol-formaldeído, que necessita de altas temperaturas para cura (130°C a 160°C) consumindo assim mais energia e é oriundo do petróleo, o que acarreta toxidade e prejuízo ambiental, escolheu-se um adesivo alternativo. A resina em questão é derivada do óleo de mamona. Segundo a Revista da madeira (2001) ela é do tipo bicomponente com teor de sólido de 100%. Sua cura é a frio, podendo ter aceleramento do processo na temperatura de até 90ºC. Possui características como a impermeabilidade, elasticidade quando aplicada em compensados e é um recurso natural e renovável, representando uma tecnologia nacional. Suas aplicações se mostram viáveis, segundo estudos do Laboratório de Madeiras e de Estruturas de Madeira (LaMEM, do departamento de Engenharia de Estruturas de São Carlos, USP). (REVISTA DA MADEIRA, 2001). Essa resina é produzida pela KEHL Indústria Química de São Carlos – SP. Seu custo é de mesma ordem do custo do adesivo comercial, em média de R$ 32/Kg com rendimento aproximado de 8 a 10m².
51 2.9.3 Pinus Eucalyptus
O setor industrial de base florestal no Brasil tem sido marcado por um processo de utilização da madeira proveniente de reflorestamento, incentivando a implantação de florestas renováveis (Revista da madeira, 2001). Segundo Rech (2002), o Eucalyptus é uma espécie de múltiplos usos e um forte substituto para madeiras de espécies tropicais. O uso da madeira Eucalyptus ainda é restrito a poucas áreas da indústria moveleira, isso porque ainda existem algumas características indesejáveis, como ocorrência de colapso durante a secagem e a presença das tensões de crescimento (INTERAMNENSE, 1998). No Brasil, a madeira Pinus é bastante utilizada por sua grande disponibilidade.
2.9.4 Algodão
O processo de produção do algodão segue as seguintes etapas. Primeiro faz-se a colheita, onde a forma de colheita tem grande importância para a definição de qualidade da fibra, onde o resultado da produção é o caroço. Este passa por um exame para detectar impurezas depois para uma máquina que prensa os caroços para o enfardamento das fibras. (BERZAGHI, 1965). Após parte-se para a fiação, feito pelo método convencional de filantórios a anel, que estiram as mechas de fibras inserindo um grau mínimo de torção, e enrrolando-as em cones para após passarem por um monitoramento e limpeza (HURST; SARNO, 1994). A última etapa é a de tecelagem, onde esses fios são entrelaçados para a produção de tecidos, através de teares. O urdume ou urdidura é o conjunto de fios dispostos longitudinalmente através dos quais a trama é tecida, Figura 23.
52
Figura 23: Urdume e trama Fonte: http://www.territorioscuola.com
Para ser considerado orgânico, o algodão precisa ser certificado, que quer dizer que o algodão foi produzido dentro de um conjunto de normas. Toda a cadeia de produção deve, então, ser inspecionada e certificada como orgânica. Portanto, o algodão utilizado será o industrial comum.
2.9.5 Aço
Os metais possuem propriedades importantes como: dureza, tenacidade, ductibilidade , rigidez e a resistência do metal à deformação plástica que é a relação entre a dureza e a resistência a tração. A dureza é a medida de resistência de um material a uma deformação plástica localizada. A ductibilidade representa o grau de deformação plástica suportada antes da fratura. A tenacidade é a medida da habilidade de um material em absorver energia até a sua fratura. Sendo essas sensíveis ao teor de carbono. (CALLISTER 2002, p79). De acordo com Callister (2002) o aço é uma liga metálica ferrosa de ferro-carbono. São classificados de acordo com a concentração de carbono: baixo, médio, elevado teor de carbono. Aqueles produzidos em maior quantidade são os que possuem baixo teor de carbono, contendo aproximadamente 0,25% de carbono.
53 O aço com baixo teor de carbono possui ligas que são relativamente moles e fracas porem possuem ductilidade e tenacidade altas, podem ser usináveis, soldáveis e dentre os tipos de aço, são os mais baratos de serem produzidos. (CALLISTER 2002, p247).
2.9.6 Soldagem
Soldagem é o processo de união entre duas partes metálicas usando uma fonte de calor, com ou sem aplicação de pressão, que resulta na solda. È utilizado para fabricar produtos e estruturas metálicas. È classificado pelo tipo de fonte de energia ou pela natureza da união. As fontes de energia: mecânica, química, radiante e elétrica. (WAINER, BRANDI e MELLO, 1992). Na fonte elétrica, o calor é gerado ou pela passagem de corrente elétrica ou com a formação de um arco elétrico, esse condiz quando a descarga elétrica mantida é através de um gás ionizado. (WAINER, BRANDI e MELLO, 1992). O processo MIG (Metal Inert Gas) utiliza a fonte de calor de um arco elétrico, onde a proteção da região de soldagem é feito por um fluxo de gás. Suas vantagens são: versatilidade, alta velocidade, não há formação de escória, uniformidade e facilidade de execução. (WAINER, BRANDI e MELLO, 1992).
2.9.7 Silicone
O silicone é um polímero plástico altamente resistente que possui propriedades vantajosas que contribuem para a utilização em larga escala. Sua produção é feita através da mistura entre oxido de silício (areia) e carbono, ou mesmo do petróleo resultando em uma forma líquida, viscosa ou sólida. Possui características como:
Alta resistência térmica – agüenta variações de -36º C a 400º C
Baixa tensão superficial
Grande resistência ao intemperismo
54
Alta resistência elétrica
2.9.8 CNC
A tecnologia CNC é usada para a produção de peças, onde ocorre a transferência de modelagem digital para a produção de modelos através de uma máquina. Funciona por meio de movimentos mecânicos rotacionais cortantes, também chamadas de fresa, que subtraem, com grande precisão, massa de materiais como o aço, alumínio, plástico, madeira, entre outros. (LYRA, 2010). 3
PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO
O desenvolvimento do produto se dará com as informações coletadas ao longo das pesquisas junto com o conhecimento prévio de design e percepção das oportunidades para o novo produto. Segundo Baxter (1998, p 17), nas etapas finais as características do produto vão se definindo melhor. Mas elas são marcadas com avanços e retornos, onde uma etapa influencia na outra. As próximas etapas para o desenvolvimento do produto são: Conceituação: desenvolver memoriais descritivos, painéis semânticos e tabelas de atributos simbólicos, estéticos, sensoriais e de estilo para gerar um conceito. Criatividade: técnica de criatividade Brainstorming (termo criado por Alex Oborn 1953), geração de alternativas. Materiais e tecnologias: escolha de materiais e tecnologias que possibilitem o melhor resultado com mínimo custo. Desenhos de construção: desenho técnico; modelo tridimensional. Solução: ajustes finais; apontar estudos posteriores.
55 3.1
CONCEITO DO PROJETO
“É através do conceito do produto que se define quais são os requisitos a que o projeto em desenvolvimento deve atender” (BARBOSA FILHO, 2009, p76). E para definir qual o conceito de um produto, existem diversas técnicas que podem auxiliar a representação da área de atuação do projeto. Uma ferramenta é a matriz semântica (JONSON, KW, LENAU, T AND ASHBY,MF, Apud SANTOS, 2006), que auxilia a relação de atributos com características antagônicas para o desenvolvimento do conceito do produto. Atributos simbólicos são aqueles caracterizando as associações conduzidas pelo produto.
Tabela 2: Atributos simbólicos
Limpo
Sujo
Barato
Caro
Amigável
Irritante
Comum
Exclusivo
Maduro
Jovem
Elegante
Desajeitado
Funcional
Inútil
Complexo
Simples
Feminino
Masculino
Delicado
Forte
56 Tabela 3: Atributos estéticos
Características da forma
Características da cor
Características do tato
3.2
Orgânica
Angular
Equilibrado
Desequilibrado
Simétrico
Assimétrico
Industrial
Artesanal
Opaco
Transparente
Reflexivo
Texturizado
Metalizado
Liso
Duro
Macio
Quente
Frio
DEFINIÇÃO DO CONCEITO
Através de análise das pesquisas realizadas e levando-se em conta o problema a ser resolvido, o projeto deverá resolver a necessidade de pessoas que vivem sozinhas de deixar suas roupas lisas, numa restrição espacial de área de serviço. O produto deverá ser de fácil uso e seguro contra acidentes domésticos. Suas características formais deverão ser amigáveis para evitar o armazenamento em locais escondidos. Deverá ter-se a ergonomia como requisito de projeto, ser resistente e adaptável á diversos locais e pessoas. Para tanto, deverá ser fixo na parede, de modo a evitar que a pessoa se abaixe. A medida da tábua seguirá as recomendações ergonômicas de Neufert (2004), com comprimento de 1,70cm e largura de 30 cm, podendo ser mais larga para facilitar passar algumas partes da roupa, como manga de camisa. Quanto à altura, será indicado que a tábua ser regulada a 15 centímetros abaixo da altura dos cotovelos. (IIDA, 1990).
57 3.3
LISTA DE REQUISITOS:
Com o problema definido, podem-se estabelecer alguns requisitos que restringem desenvolvimento do produto e que deverão trabalhados dentro do processo criativo. (LÖBACH, 2001). A seguir serão listados os requisitos para esse projeto Função principal: Sustentar a roupa e o ferro-elétrico quente durante a tarefa. Função secundária: Apoiar a roupa ser passada e o ferro elétrico. Usabilidade: Resistente, adaptável, funcional. Características de composição material: Leve, resistente a temperatura e a impactos.
3.4
PAINÉIS SEMÂNTICOS
Segundo Baxter (1998, p 190), “os produtos devem ser projetados para transmitir sentimentos e emoções.” O painel semântico ajuda a remeter esses aspectos desejáveis para o produto final. O Painel do estilo de vida procura traçar a imagem do estilo de vida dos futuros consumidores do produto (Figura 24).
58
Figura 24: Painel estilo de vida Fonte: Arquivo pessoal
Painel Expressões do Produto deve retratar a emoção que o produto transmite ao primeiro olhar. O sentimento do produto deve ser demonstrado através de imagens (Figura 25).
59
Figura 25: Painel express천es do produto Fonte: Arquivo pessoal
O painel do Tema Visual mostra estilos de produtos que estejam de acordo com os requisitos de projeto (Figura 26).
60
Figura 26: Painel do tema visual Fonte: Arquivo pessoal
3.5
GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS
A geração de alternativas é a fase de produção de idéias baseando-se nas análises realizadas do problema. Löback (2001) afirma que as soluções podem ser buscadas usando métodos adequados para chegar a uma solução viável para o problema. Para que se tenha um bom resultado, a mente precisa trabalhar livremente e sem restrições. As alternativas foram realizadas usando o método de brainstorming inicialmente, onde as idéias são geradas sem muito julgamento e após foi-se as associando, gerando novas
61 combinações. A seguir, aquelas que melhor se adequaram ao projeto, que foram avaliadas dentro dos critérios de seleção de Baxter (1998. p. 145), definidos para chegar-se a uma alternativa que contemplasse melhor o conceito. São eles: leveza, apoio de ferro, resistência, funcionalidade, orgânico, simetria, amigável, equilíbrio, jovial, e a pontuação entre 1 á 5.
3.5.1 Alternativa 1
O desenho a seguir (Figura 27) representa um móvel que pode ser usado para guardar as roupas passadas e apoiar o ferro de forma inclinada para que o vapor não saia. O móvel é acoplado à tábua, que pode ter a altura regulada e pode ser guardada verticalmente.
Figura 27: Alternativa 1 Fonte: Arquivo pessoal
Avaliando-a com base nos critérios adotados, percebe-se que é pesada, possui um bom apoio para o ferro, possui resistência, não é funcional, simetria, não é amigável, falta equilíbrio e representação jovial.
62 3.5.2 Alternativa 2
A alternativa á seguir, representada pela Figura 28, é um móvel que acopla a tábua, que é composta por placas de plástico encaixadas. Para usá-la, a pessoa deve puxar a tabua que é guardada verticalmente ao lado do móvel.
Figura 28: Alternativa 2 Fonte: Arquivo pessoal
Avaliando-a com base nos critérios adotados, percebe-se que é pesada, possui apoio para ferro, não tem resistência e possui funcionalidade. É orgânica e amigável, mas falta simetria e equilíbrio e sua representação não é muito jovial.
3.5.3 Alternativa 3
A terceira alternativa (Figura 29) é um apoio preso na parede, com forma que auxilia a atividade de passar roupas.
63
Figura 29: Alternativa 3 Fonte: Arquivo pessoal
Avaliando-a com base nos critérios adotados, percebe-se que é leve, não possui apoio para o ferro elétrico, falta resistência e funcionalidade. Porém é orgânica e bastante amigável, possui equilíbrio e representação jovial.
3.5.4 Alternativa 4
Representado na Figura 30 a seguir, um apoio que é preso na parede, com formato que acompanha o movimento do braço na passagem de roupas. Possui também apoio para o ferro elétrico, preso á tábua.
64
Figura 30: Alternativa 4 Fonte: Arquivo pessoal
Com base nos critérios adotados, nota-se que é leve, possui bom apoio para o ferro, resistência, mas falta funcionalidade, simetria e equilíbrio. É bastante orgânica e amigável e sua apresentação é jovial.
3.5.5 Alternativa 5
A alternativa 5 (Figura 31) possui dois tubos de metal revestidos que são fixos na parede. Esses tubos permitem que a tábua suba e desça, permitindo a correta regulagem de altura, e rotaciona no mesmo eixo. Possui ganchos na lateral da tábua para apoiar as roupas em cabide e um gancho na parte superior de um dos tubos para passar o fio do ferro elétrico, como nas tábuas industriais.
65
Figura 31: Alternativa 5 Fonte: Arquivo pessoal
Avaliando-a com base nos critérios adotados, percebe-se que não é muito leve, possui bom apoio para o ferro, funcionalidade e equilíbrio, mas apresenta fraqueza. É orgânica, mas falta simetria e aparência amigável e jovial.
66 3.5.6 Alternativa 6
A sexta alternativa foi criada a partir do momento em que se percebeu que a largura das tábuas que estavam sendo criadas não eram compatíveis com o tamanho das áreas de serviço indicadas no início do projeto. A seguir, a Figura 32 representa a idéia de uma tábua que é fixa na parede e possui uma parte alternativa inferior, que pode ser puxada quando necessário passar calças e tecidos longos.
Figura 32: Alternativa 6 Fonte: Arquivo pessoal
Com base nos critérios adotados, nota-se que a alternativa é leve, possui apoio para ferro elétrico, é bastante resistente, funcional, orgânica, simétrica, amigável, possui médio equilíbrio e sua apresentação é jovial.
3.5.7 Alternativa escolhida
A partir das alternativas desenvolvidas, teve-se que escolher aquela que melhor se adéqua aos requisitos de projeto e resolve o problema proposto. Para tanto, utilizou-se o procedimento de Matriz de seleção proposta por Baxter (1998. p. 145), onde se adotou os seguintes critérios: leveza, apoio de ferro, resistência, funcionalidade, orgânico, simetria, amigável, equilíbrio, jovial. A Tabela 4 a seguir demonstra os pontos dados, de 1 a 5, para cada alternativa visando cada critério.
67
Tabela 4: Pontuações na matriz de seleção de alternativas
Critério/alternativa
Nº 1
Nº 2
Nº 3
Nº 4
Nº 5
Nº 6
Leveza
1
1
4
5
3
3
Apoio para ferro
5
5
1
4
4
4
Resistência
3
4
3
4
3
5
Funcionalidade
3
4
2
3
5
5
Orgânico
4
4
5
5
4
5
Simetria
1
1
2
3
2
5
Amigável
3
4
4
4
2
4
Equilíbrio
2
2
3
3
3
3
Jovial
1
1
3
3
3
3
Foi escolhida a alternativa número 6 que, através dessa seleção, contempla maior parte dos critérios de projeto.
3.6
ADEQUAÇÃO PROJETUAL
Após a geração de alternativas, entra-se na etapa de melhoria, onde são pesquisados processos e materiais, gerados e testados modelos, além de avaliações. A seguir o quadro 6, onde foi testado o tamanho e disposição da tábua de passar nas disposições de áreas de serviço propostas por Neufert (2004).
68 Quadro 6: Adequação do produto em áreas de serviço Fonte: Arquivo pessoal
A disposição da tábua foi proposta considerando espaço de circulação nos ambientes e o espaço de uma porta de largura de 90 centímetros, na última disposição. Conclui-se que a tábua pode ser bem localizada em diferentes tipos de áreas de serviço, sem que seu espaço útil de circulação seja obstruído.
3.7
MODELO VOLUMÉTRICO
Para uma melhor visualização do produto, foi realizado um modelo tridimensional. Ele auxilia a verificação das medidas, da ergonomia e funcionamento do produto. Foi desenvolvido na escala 1:5, feito de materiais como papel e papelão. A seguir algumas ilustrações 33 e 34, que permitem visualização do produto sendo utilizado.
69
Figura 33: Modelo volumĂŠtrico vista lateral Fonte: Arquivo pessoal
Figura 34: Modelo volumĂŠtrico vista superior Fonte: Arquivo pessoal
70 3.8
MODELO DIGITAL
Para o melhor entendimento do produto, é importante a existência de um modelo que o represente virtualmente, contendo características como cores, formas, medidas e materiais que o aproximam de um produto real. A Figura 35 a seguir representa esse modelo.
Figura 35: Modelo digital Fonte: Arquivo pessoal.
3.9
DETALHAMENTO TÉCNICO
Após feitas as definições e configuração do produto, passa-se para a parte de especificações como materiais e processos utilizados para a produção do produto final. Foi definido o material do produto, o material dos suportes, processos de fixação. A seguir (na
71 Figura 36) uma vista explodida do produto para melhor compreensão das disposições das partes.
Figura 36: Vista explodida Fonte: Arquivo pessoal.
O corpo do produto será de madeira compensada do tipo Eucalyptus Pinus, oriunda de reflorestamento. O adesivo usado na colagem das madeiras é uma resina de mamona. O compensado será cortado por uma máquina fresadora CNC, que possibilita precisão de corte, é uma tecnologia mais barata que o corte a laser. A flange terá uma capa de silicone. Esse composto servirá de apoio para o ferro elétrico. O material foi escolhido principalmente devido as suas propriedades de resistência térmica. Para revestimento da madeira será utilizada uma camada de algodão de 4 milímetros de espessura revestida com uma cobertura de tecido de algodão de trama fechada. O urdume e a trama ficarão próximos entre si, resultando um tecido mais rígido e diminuindo assim o atrito e aumentando o deslize quando em contato com o ferro elétrico. A cor do tecido, no padrão internacional de cores RGB, possui composição de R:102; G:181; B:255. Toda a parte da estrutura será de aço de baixo teor de carbono. O eixo (Figura 37) é de material aço 1020 fabricado pelo processo torneado (para a rosca). O perfil é padrão de mercado, chamado de perfil comercial, que pode ser encontrado em diversos fornecedores.
72
Figura 37: Tubo do eixo Fonte: Arquivo pessoal
A tampa (Figura 38) serve como montagem entre a flange e o eixo. É soldada com solda MIG.
Figura 38: Tampa Fonte: Arquivo pessoal
A bucha (Figura 39) é composta do material náilon, fabricada através do processo de injeção.
73
Figura 39: Bucha Fonte: Arquivo pessoal
O manipulo (Figura 40) serve como fixação e regulador da altura da tábua inferior. É de material aço 1020. Seu processo de fabricação é fresado para obtenção da forma hexagonal, e torneado, para obtenção do rebaixo e da rosca.
Figura 40: Manipulo Fonte: Arquivo pessoal
O flange (Figura 41) dá acabamento e serve como superfície de solda para o eixo. É composta do material aço 1020 e o seu processo de fabricação é o corte a laser.
74
Figura 41: Flange Fonte: Arquivo pessoal
A sustentação na parede (Figura 42) é composta pelo material aço 1020, com o processo de fabricação “dobra”, feita por uma máquina chamada dobradeira, e furação. Foi usado um perfil comercial, chamado de barra chata. Serão usadas duas sustentações, sendo que uma delas terá uma batente, que serve para bloquear a tábua inferior, impedindo-a de tocar na parede. A sustentação e o batente serão soldados pó solda MIG.
Figura 42: Sustentação Fonte: Arquivo pessoal
75 4
MEMORIAL DESCRITIVO
4.1
FUNÇÃO ESTÉTICO-FORMAL
De acordo com Lobäch (2001) os produtos devem dotar de funções estéticas que atendam a percepção multissensorial do usuário. Ela é percebida pela totalidade, com pouca atenção a detalhes. O produto possui forma simples, sendo, no geral, um retângulo com cantos arredondados que “quebram” as linhas retas e dão uma aparência mais amigável ao produto. As formas arredondadas existem também por conta da segurança no uso do produto. Já as retas ajudam a remeter resistência e acompanham a linha da parede onde será fixada. Quando o produto esta aberto, com a tábua inferior deslocada, é obtido a sensação de “duas asas abertas”, podendo essas formar diversos ângulos e simetria. A cor escolhida do tingimento do tecido de algodão que reveste a tábua é azul, que,segundo Gimbel (1995), é uma cor curativa que relaxa. Também é uma cor que combina facilmente com outras cores encontradas em uma área de serviço. No padrão internacional de cores CMYK, sua composição é C:57; M:20; Y:0, K:0.
4.2
FUNÇÃO DE USO
A tábua de passar é do tipo de uso para determinados grupos, no caso, uma família. Isso quer dizer que os usuários não possuem relação tão intensa com o produto como acontece com produtos de uso individual. O produto tem a função principal de apoiar roupas enquanto são passadas. É de fácil manuseio e entendimento para uso, já que se assemelha a uma mesa. Para usá-lo, é necessário prende-lo na parede somente uma vez, evitando assim constante transporte, montagem e necessidade de guardar.
76 Pode ser usado por diversos tipos de pessoas, com a possibilidade de ajuste de altura da tábua inferior. Como é feito de material compensado e aço carbono, é leve a conservação é simples.
4.3
FUNÇÃO ERGONÔMICA
Por possuir a maioria das partes, que podem entrar em contato com o usuário, arredondadas, o produto proporciona segurança. Sua seqüência de montagem também visa amenizar acidentes, primeiro a fixação dos suportes na parede, segundo a colocação da tábua superior acima dos suportes, terceiro o encaixe da tampa de fixação na tábua superior e após insere-se tábua inferior logo abaixo da tábua superior, encaixando as duas com uma rosca. Deve-se ter o cuidado com a aplicação da tábua inferior, pois é necessário abaixar-se elevá-la em direção a tabua superior, causando esforço nos braços e ombros. Para a montagem das peças, pode ser necessário o levantamento das peças, onde o usuário precisa prestar atenção para as recomendações para que a resistência da coluna não seja muito abalada. Iida (1990) recomenda que esse levantamento aconteça com a coluna reta e que se utilize a musculatura das pernas. A carga deve ser mantida próxima ao corpo e haver simétrica em relação aos braços. É aconselhável que ela esteja a 40 centímetros do piso e que os obstáculos pelo caminho sejam removidos. Gomes (2003, p.29) afirma que conforto é uma condição de comodidade e bem estar, encontrado nesse produto pelas condições de montagem e desmontagem desnecessárias a cada uso. Segue-se o estereótipo popular das tábuas de passar existentes no mercado, onde o apoio é uma superfície plana e, portanto, para o seu uso não há necessidade de treinamento. O movimento de puxar a parte inferior da tábua pode ser comparado ao movimento de abertura de portas, que giram em um mesmo eixo, causando assim, segurança na operacionalidade. A rosca encontrada abaixo das tábuas funciona como manipulo de fixação e regulador da altura da tábua inferior. O usuário tem um bom alcance desse envoltório: segundo Iida (1990, p.117), a medida do comprimento do antebraço, na horizontal até o centro da mão, numa mulher de percentil 5% é de 29,2 centímetros. A medida do envoltório a
77 ponta do apoio é de 18 centímetros. Portanto, esse alcance é facilmente realizado na postura em pé. Durante o uso do produto, a pessoa realizará pegas do tipo fino e grosso, como mostra a figura 43.
Figura 43: Tipos de manejo Fonte: IIDA (1990)
Em toda a extensão das tábuas, o manejo será do tipo grosseiro, onde os dedos prendem e o movimento é feito pelo punho e braço, transmitindo força e pouca precisão. Para regulagem de altura, o tipo de manejo é fino, feito com as pontas dos dedos, transmitindo maior precisão.
4.4
FUNÇÃO OPERACIONAL
O produto foi concebido focado para uso em área de serviço. Sua montagem deve ser feita pelo usuário comprador. Primeiro deve-se fixar as suportes na parede na altura correta, medindo a altura de 15 centímetros abaixo do cotovelo do usuário em pé. Deve-se fixá-la na parede através de parafusos e buchas. A tábua superior deve ser fixada acima dessa sustentação. Deve-se levar em conta que a sustentação que possui o batente necessita ficar do lado esquerdo, para que a tábua não toque na parede quando fechada. Após, deve-se encaixar a tampa de fixação na tábua superior. Logo abaixo, inserese a bucha, que vai ficar entre as duas tábuas. Para tanto, insere-se tábua inferior logo abaixo da tábua superior, prendendo-a um manípulo. Por último a capa de silicone, que deve ser ajustada na tampa.
78 4.5
FUNÇÃO ECOLÓGICA
O produto foi pensado para que causasse menos impacto ambiental possível, tendo em vista a escolha de madeira reflorestada, resina de origem natural renovável que tem o processo de cura em temperatura menor que as outras resinas. A escolha do tecido também foi visando àquele que não tivesse amianto em sua composição, material resistente a altas temperaturas, mas que causa malefícios ao ser humano durante sua produção. Escolheu-se tecido a base de algodão, que é uma fibra natural orgânica, com processo de produção menos agressivo ao meio ambiente.
5
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando o problema de projeto a resolução de dificuldades na atividade de passar roupas em um espaço reduzido, buscou-se uma solução através do desenvolvimento de um acessório de utilidade doméstica que pudesse facilitar a rotina daqueles que precisam realizar esse tipo de tarefa. O produto proposto foi pensado de forma a ficar preso na parede, evitando assim o trabalho de montagem, transporte e armazenamento. Sua configuração possibilita que o consumidor monte-o após a aquisição. Utilizando materiais resistentes, sua forma foi proposta para que o espaço fosse otimizado e seu uso seguro. Pode ser usado por diversos tipos de pessoas, apesar de a parte superior ser fixa na parede, pois um dos apoios é regulável. Suas medidas possibilitam que o produto seja usado em diversas disposições e tamanhos de áreas de serviço. O processo de desenvolvimento do produto foi de grande valia por conta de estudos realizados na área de ergonomia, sobre tecidos e história da tecelagem e sobre a concorrência. É um campo de estudo pouco abordado cientificamente, o que restringiu a pesquisa. Para trabalhos futuros propõe-se o projeto de embalagem do produto, de forma a conter todas as peças separadas. Também é sugerida a confecção de um manual de instruções
79 de uso e de manutenção do produto, que seja de fácil legibilidade e ilustrativa. Outra sugestão é a de adicionar opções de cores para o tecido de revestimento. Recomenda-se uma pesquisa em relação ao ambiente doméstico, aprofundado em outras tarefas realizadas nesse ambiente, como lavar roupas e estender roupas em varal ou secadoras elétricas. Pode-se realizar estudos em áreas de armazenamento, como de produtos para limpeza, vassouras e baldes, por exemplo, assim como estudos do uso de tanques.
80 REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9531- Compensado: clasificação. ABNT. Rio de Janeiro. 3p. 1986. BAXTER, Mike. Projeto de produto: guia prático para o desenvolvimento de novos produtos. São Paulo: E. Blücher, 1998. 261p. BARBOSA FILHO, Antonio Nunes. Projeto e desenvolvimento de produtos. São Paulo: Atlas, 2009, 176p. BÜRDEK, Bernhard E. Design: história, teoria e prática do design de produtos. SãoPaulo: Edgard Blücher, 2006. 496p. CALLISTER, William D., Junior. Ciência e Engenharia de Materiais: Uma Introdução. Rio de janeiro: LTC, 2002. CORREIA, Walter Franklin Marques; SOARES, Marcelo Márcio. Usabilidade e acidentes em produtos de consumo: um estudo na cidade de Recife, PE. XXIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção - UFPE, 21 a 24 de outubro de 2003. MOSLEMI, A. A. Particleboard: materials. Carbondale: Southern Illinois University Press, 1974. v. 1. 244 p. GIMBEL, Theo. A energia criativa através das cores. São Paulo: Pensamento, 1995. GRANDJEAN, Etienne. Manual de ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. 4ed. Porto Alegre: Bookman, 1998. GOMES, João Filho. Gestalt do Objeto: sistema de leitura visual da forma. 6 Ed. São Paulo: Escrituras Editora, 2004. GOMES, João Filho. A Ergonomia do objeto. Sistema técnico de leitura ergonômica. São Paulo: Escrituras Editora, 2003. FERREIRA, Aurélio B. de Hollanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. 1838 p. IIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgard Blüccher, 1990. INTERAMNENSE, M.T. Utilização das madeiras de Eucalyptus cloeziana (F. MUELL), Eucalyptus maculata (HOOK) e Eucalyptus punctata DC var. puntacta para produção de painéis compensados. 1998. 81p. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 1998. LEMOS, Fernando Cerqueira. O Ferro de Passar Passado a Limpo: anotações em torno de uma coleção. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2003.
81 LIMEIRA, Tania Maria Vidgal. Comportamento do consumidor brasileiro. São Paulo: Editora Saraiva, 2008. LÖBACK, Bernd. Design industrial, bases para a configuração dos produtos industriais. Rio de Janeiro: E: Blücher, 2001. LYRA, Pablo Vinícius Apolinário. Desenvolvimento de uma máquina Fresadora CNC Didática. Universidade de Brasília. Faculdade de Tecnologia, 2010. 98 p. Trabalho de Conclusão de Curso, Engenharia Controle e Automação, Distrito Federal, 2010. MACEDO, A.R.P. & ROQUE, C.A.L. Painéis de Madeira. Rio de Janeiro: BNDES Setorial, 1997. MENDES, Ana Paula; BERTOLINI, Sonia Maria Marques Gomes; SANTOS, Lucimary Afonso. Análise ergonômica em ambiente doméstico. Revista da Educação Física/ UEM, ano 17, n. 1. p. 01-10, sem. 2006. MORAES, Anamaria; MONT’ALVÃO, Cláudia. Ergonomia: conceitos e aplicações. Rio de Janeiro : 2AB, 1998. MUNARI, Bruno. Das coisas nascem coisas. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998. NEUFERT. A arte de projetar em Arquitetura. 17 ed. São Paulo: GG, 2004. NOCK, H.P.: RITCHER. H.G. Adesão e adesivos. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 1978. PEZZOLO, Dinah Bueno. Tecidos História, tramas, tipos e usos. São Paulo: Editora Senac, 2007. REVISTA DA MADEIRA. No eucalipto a opção de futuro. n. 31, 1997, p. 36-39. RECH, C. A alternativa do Pinus no Brasil. In: Pinus: uma alternativa de Mercado. Edição especial 10. Curitiba: Revista Madeira, dezembro de 2002. UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA. Pró-Reitoria Acadêmica. Programa de Bibliotecas. Trabalhos Acadêmicos na Unisul: apresentação gráfica para tcc, monografia, dissertação e tese. 2. ed. ver. E ampl. Tubarão: Ed. Unisul, 2008. WAINER, Emílio. Soldagem: processos e metalurgia/coordenação Emílio Wainer, Sérgio Duarte Brandi, Fábio Décourt Homem de Mello. 2 ed. São Paulo: Edgard Blücher, 1992. FERRO DE PASSAR Disponível em: ‹http://www.blackanddecker.com.br/BDInst/Ferr/ferr.asp› acesso em 26 de maio de 2010. NORMAS DO FERRO ELÉTRICO DE PASSAR ROUPAS DO INMETRO Disponível em: ‹http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/ferroeletrico.asp› acesso em 26 de maio de 2010.
82 MANTA MAGNÉTICA Disponível em ‹http://www.improvementscatalog.com/home/improvements/792928286-magnetic-ironingblanket.html› acesso em 26 de maio de 2010. MAQUINA DE ENGOMAR Disponível em‹http://www.cepolina.com/imagemgratis/v/V.asp?N=1.maiquina.de.engomar.Antiguidade. velho.carvaeo&S=car› acesso em 11 de abril de 2010. MESA DE PASSAR INDUSTRIAL Disponível em ‹http://www.sunspecial.com.br/passadoria/› acesso em 28 de abril de 2010. PASSADEIRA A VAPOR Disponível em ‹http://www.shoptime.com.br/ShopProdF/31/5102758&position=1&placeOrigin=busca› acesso em 14 abril de 2010 PRENSA DE PASSAR ROUPA Disponível em ‹http://tecnoblog.net/loja/maquinapassar-roupa/› acesso em 26 de abril de 2010 PROPRIEDADES DO SILICONE. Disponível em: ‹http://www.silaex.com.br/silicone.htm› Acesso em: 20 de maio de 2010. PROPRIEDADES DO SILICONE 2. Disponível em: ‹http://www.brasilescola.com/quimica/obtencao-uso-silicone.htm› Acesso em 20 de maio de 2010. TABUA VIENA Disponível em ‹http://www.mor.com.br/› acesso em 30 de abril de 2010. TABUA LIIKA Disponível em ‹http://www.liika.ca/index.php› acesso em 17 de maio de 2010. TABUA LIIKA Disponível em ‹http://www.coolest-gadgets.com/20070530/ironingboard-design-makes-daily-chores-hi-tech/› acesso em 17 de maio de 2010. TABUA WALL MOUNTED Disponível em ‹http://www.betterlifestyleproducts.com/› acesso em 24 de abril de 2010 TRAMA E URDUME Disponível em ‹http://www.territorioscuola.com/wikipedia/pt.wikipedia.php?title=Urdume› acesso em 24 de abril de 2010
83
APÊNDICE
84 APÊNDICE A – Detalhamento Técnico
85
86
87
88
89
90
91
92
93
94
95
96
97
98
99
100
101
102