Texto mariana l amboni

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1 INTRODUÇÃO 1.1 PROBLEMÁTICA No mundo hoje, observa-se o crescente número de prédios em construção, com apartamentos e espaços cada vez mais compactos. Os apartamentos são atualmente a preferência das pessoas que buscam um lugar para morar com preço mais acessível, boa localização e maior segurança. É necessário adequar-se a esta nova realidade e realizar as mesmas atividades cotidianas de lazer, estar, trabalho e etc., em ambientes mais funcionais e cada vez menores. Existe um público de classe média alta que opta por tais residências. São apartamentos pequenos, muitas vezes não mobiliados, seja ele próprio ou alugado onde é necessário encontrar uma maneira de solucionar seu problema de espaço, com móveis versáteis e funcionais que se adaptem à sua necessidade de uso. No mercado hoje existem diversas lojas de móveis, inclusive planejados e sob medida. O problema é que freqüentemente móveis com design custam caro e móveis populares encontrados em diversas lojas não atendem as necessidades de uso e estética esperadas pelo consumidor. O maior problema é encontrar um móvel multifuncional, projetado especialmente para espaços pequenos, de boa qualidade e com estética atraente. No caso de um apartamento pequeno, de 1 ou 2 quartos, a problemática está na sala. É um espaço restrito, habitado por uma família pequena, estudantes ou por quem mora sozinho e deve dar suporte às atividades de serviço, como estudo e trabalho; atividades de lazer, como assistir televisão, ler, receber amigos; e refeições, pois o espaço disponível na cozinha pode ser ainda menor. Pessoas de poder aquisitivo médio, que muitas vezes não querem ou não têm tempo de fazer um projeto todo sob medida para a sala pequena a ser mobiliada e procuram móveis já prontos que possam se adequar a diferentes tipos e tamanhos de ambientes, pois o apartamento pode ser alugado. Existe uma procura por móveis esteticamente bonitos, funcionais, de boa qualidade e com preço relativamente mais barato que produtos com design agregado.


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1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Objetivos gerais O presente trabalho tem como objetivo geral o desenvolvimento de um projeto flexível e adaptável para o interior de salas de apartamentos residenciais pequenos. Considerando a problemática de ter que desenvolver diferentes atividades no mesmo espaço, o projeto visa à criação de um móvel modulado e multifuncional que se adapte a diferentes residências, se moldando ao espaço e que atenda as necessidades do consumidor no aspecto funcional, estético e econômico. 1.2.2 Objetivos específicos Estudar e analisar os ambientes atuais. Apartamentos modernos de 1 ou 2 quartos, de espaço restrito ou compactos; Definir as principais atividades desenvolvidas em uma sala de estar multifuncional, como o morador se movimenta, e quais as características em comum de pessoas que optam por morar em espaços menores; Analisar preferências dos consumidores por móveis residenciais e condições atuais na hora da compra do mobiliário; Pesquisar mobiliário existente, suas relações de custo-benefício, materiais e processos de produção; Utilizar materiais que atendam às funções da condição e local de uso, pensando na sua procedência, valorizando e optando pela sustentabilidade dos mesmos, considerando também o custo, combinações e efeitos que eles causam em um ambiente; Definir os principais móveis utilizados no ambiente bem como o desempenho dos mesmos; Estudar

utilização

das

cores

como

criadora

de

sensações

e

individualidade; Projetar mobiliário modulado que de suporte às atividades do usuário, facilitando montagem e desmontagem, transporte, utilização no espaço e que atenda às necessidades funcionais;


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Montar, utilizando o produto criado, um ambiente funcional mostrando diferentes maneiras de utilizar o produto em espaços mínimos de medidas variadas. 1.3 JUSTIFICATIVA No mercado hoje não se encontra facilmente projetos de design que se proponham a adaptação bem como de um mobiliário com design, não necessariamente sob medida, e possível de ser utilizado em um espaço pequeno. É necessário analisar apartamentos e residências de hoje, considerando os de espaço restrito, conceituando suas características em comum para projetar de acordo com os ambientes, um móvel que se adapte a diferentes espaços, independente do formato e estrutura da sala. Os materiais escolhidos, uma vez que no mercado são encontrados os mais variados estilos, deve ser pensado no contexto ecológico priorizando a boa qualidade e procedência dos mesmos. Muitos estudos e constatações têm sido feitas ultimamente, porém pouco se aplica em projetos não conceituais. O projeto levará em consideração os materiais e processos disponíveis na região como forma de obter um resultado factível de produção. O público alvo do produto são pessoas que gostam de decorar e mobiliar suas casas com bom gosto e praticidade; que precisam de algo esteticamente bonito e versátil em caso de mudanças, mas não necessariamente exclusivo e planejado. O produto deve ser projetado para atender às necessidades do morador, sendo consideradas as atividades cotidianas nas residências, estilos de vida, preferências

por

materiais,

as

tendências

para

o

produto,

inovações

e

funcionalidade. No mercado atual existe a opção de móveis planejados e sob medida ou móveis convencionais que muitas vezes não se combinam para exercer funções específicas. Considerando o espaço restrito, é necessário que o mobiliário atenda as funções de uso com o máximo de aproveitamento do espaço mesmo não sendo sob medida. Considerando as mudanças na estrutura das famílias, observamos que cada vez mais estudantes moram sozinhos ou com amigos, que existem grupos pequenos como recém casados ou casais que não pensam em aumentar a família. Situações estas que, mesmo com poder aquisitivo para habitar um imóvel grande e


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fazer projetos de mobiliário sob medida, pessoas optam por apartamentos pequenos e ambientes conjugados, pela praticidade e até pela não necessidade de muito espaço e buscam um mobiliário prático, bonito e funcional que facilite a ocupação dos espaços. Relacionado a este estilo de vida e principalmente a estes espaços pequenos e compactos, é necessário um mobiliário adequado, que de suporte às atividades que se realizam dentro de casa, considerando os móveis como um sistema, ou um conjunto de elementos funcionais que proporcionem bem estar e conforto ao usuário, auxiliando na ambiência do espaço e que tenha estética atraente para conquistar o cliente na hora da compra. A escolha das cores é parte fundamental no projeto, pois através dela é possível identificar o consumidor com o produto, mesmo que este não seja exclusivo, tornando-o pessoal. 1.4 METODOLOGIA O método de pesquisa adotado para atingir os objetivos do projeto foram as pesquisas do tipo exploratória e descritiva. Pesquisa exploratória, segundo Alves (2003), se trata de aprofundar as idéias sobre o projeto de estudo, através do levantamento bibliográfico e de entrevistas com pessoas que estejam relacionadas à este objeto investigado. A pesquisa descritiva, como o nome já diz, descreve características de uma população ou fenômeno, através de entrevistas e observação, e em recursos como questionários e formulários. Quanto ao modelo de operação, a pesquisa é bibliográfica, baseada em livros, artigos científicos, entre outros e também experimental, onde se determina o objeto de estudo, as variáveis que o influenciam, bem como suas formas de controle e observação. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 DESIGN A origem remota da palavra design vem do latim designare que abrange os sentidos de designar e desenhar. A primeira aparição da palavra em dicionários


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foi em 1588 no “Oxford Dictionary”, descrita como “Um plano que possa ser desenvolvido pelo homem ou um esquema que possa ser realizado”. Segundo Cardoso (2000), a inserção do design acontece segundo uma conceituação tradicional, quando uma pessoa se limita a projetar o objeto, que então será fabricado por outra pessoa ou marca. Esta separação entre projetar e fabricar foi o marco para a caracterização do design. A transição entre o então chamado artesanato, para uma produção com separação nítida entre projeto e execução não acontecem de modo uniforme, portanto não há como indicar o momento exato da transição. Uma das primeiras inovações, com o proposto da utilização de meios mecânicos na produção, acontece na Europa no século 15 quando impressos são fabricados em série, por máquinas e com etapas distintas de projeto, execução e resultado de produto final padronizado. A fabricação mecanizada se multiplica e já no século 18 são introduzidos altos níveis de mecanização e de divisão do trabalho entre indivíduos. A troca do uso de ferramentas pela máquina, e a passagem do capitalismo comercial para o industrial, caracterizam a revolução industrial que iniciou na Inglaterra. Segundo Faggiani (2006), essa transição acontece principalmente nos países onde a reforma protestante destituiu a influencia da Igreja Católica. A Revolução Industrial surge posteriormente nos países que se conservaram católicos em um esforço para copiar o que já se fazia nos países protestantes. Assim como a Revolução Industrial, a independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa marcam a passagem da Idade Moderna para a Contemporânea. O designer surge então neste cenário, como profissional que projeta produtos para o consumo de massa, embora não os fabrique. Como

conseqüência

da

Revolução

Industrial

surgem

diversos

movimentos no mundo todo, cada um com suas características e preceitos, que juntos, montam um cenário da evolução do design. O movimento “Arts & Crafts” que significa Artes e Ofícios surge na Inglaterra na metade do século XIX. Considerava os fabricantes da “era da máquina”

mais preocupados com a quantidade do que com a qualidade e

defendiam a reprodução dos traços do artista nos produtos, buscando a distinção dos objetos fabricados pela máquina.


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O movimento “Art Nouveau” e o modernismo surgem posteriormente, buscando o uso de novos materiais, voltados para a produção em massa, com uma visão para o futuro que os diferenciava do movimento “Arts & Crafts”. Predominava o estilo orgânico e fluído, inspirados na natureza e relacionados à artes mais antigas como o Rococó. Nas primeiras décadas do século XX, muitos produtos já eram produzidos em série, com desenhos elaborados para facilitar sua produção e montagem final. Em 1903, nos Estados Unidos, Henry Ford fundou a “Ford Motor Company” e já aplicava estes conceitos com a padronização de peças de fácil montagem, tudo com o objetivo de racionalizar a produção. A Ford exerceu forte influência sobre o design e sua produção era feita em tarefas anônimas e repetitivas, como representada no filme de Charles Chaplin “Tempos Modernos”. Já em 1917 surge uma associação chamada “De Stijl” ou “O Estilo”, formada por pintores, arquitetos, designers e filósofos holandeses. Queriam criar um linguagem visual utilizando formas geométricas e paleta de cores limitada. O surgimento da escola Bauhaus na Alemanha, em 1919, caracteriza também o surgimento formal do design. Os designers da Bauhaus buscavam criar artigos sem referência histórica, valorizando o uso da máquina, a produção industrial, o desenho de produtos e a prática da Gestalt, dando ênfase ao aspecto social do design e a utilização de novos materiais. O método de ensino da Bauhaus foi um de seus melhores resultados, reproduzidos no mundo todo. O movimento “Art Déco” surge em 1925, considerado um movimento mais estilístico do que de design e foi estimulado pela influência da arte não ocidental, que causou influências na arquitetura e no design. Foi nesta época que alguns designers famosos se destacaram com algumas criações como a cadeira Barcelona de Mis van der Rohe em 1929. No mesmo ano de 1929, após a crise americana, o governo dos Estados Unidos buscou estimular a economia através do consumo de produtos, desconsiderando seus aspectos funcionais, ergonômicos e ambientais, tratando apenas de sua função simbólica para satisfazer a moda. Esse movimento denominou-se “Styling”. Mais tarde, com a Segunda Guerra Mundial, foco estava somente na produção militar e houve uma limitação do uso de matéria prima. A produção de mobiliário, por exemplo, segundo Faggiani (2006), precisava atrair o consumidor


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sem causar desperdício de material. Alguns materiais como prata e alumínio eram dificilmente encontrados. A Segunda Guerra também influenciou na história do design. Foram introduzidos diversos novos materiais na produção industrial, como os metais leves e os polímeros. De acordo com Moraes (1999), iniciou também nesta época, a ascensão da era eletrônica bem como a produção e consumo em excesso de embalagens e utilitários plásticos. Com o fim da Guerra nos anos 60, os nascidos nesta época formaram uma nova multidão de consumidores. “Iniciou-se a sociedade do descartável, onde a obsolência foi colocada como fator de progresso”. (FAGGIONI, 2006, p. 60). Na década de 80 o computador e as novas tecnologias permitem ao designer a utilização de programas para fazer o que antes era feito manualmente. Nesta época os produtos tornam-se mais ergonômicos, surge então a preocupação com o meio ambiente, o ecodesign e os primeiros produtos reciclados. O design é hoje diretamente atingido pela globalização. Segundo Faggiani (2006), o design é essencial para a sobrevivência das empresas, pois a concorrência com similares é muito grande e fatores como preço, qualidade e tecnologia já não são mais diferenciais reconhecidos pelos consumidores. O design é então, o que faz com que um produto seja selecionado entre tantos outros. Em uma visão mais abrangente, design significa também, segundo Manzini (1993), receber e processar estímulos, modelos de pensamento e valores. “Os conhecimentos técnicos e a linguagem são a fonte à qual o design vai buscar o estímulo para planear, e são também a base da organização dos meios que constituem a prática do design”. (MANZINI 1993, p. 51) O designer, dependendo de sua especialização, pode atuar em diversas áreas do mercado. Como afirma Faggiani (2006), o design por ser de natureza criativa, tem suas atuações e especialidades revisadas e atualizadas ao longo do tempo. Atualmente, podemos citar algumas áreas amplas de atuação com seus subníveis. Entre elas: •

Comunicação visual/Design Gráfico/Programação visual - inclui o desenvolvimento de Identidade visual, Identidade corporativa e Impressos, Computação gráfica e Interface eletrônica, Animação e Áudio visuais, Design editorial e Sinalização.

Projeto de produtos – inclui projetos de Embalagem, Bens de consumo e Bens de gosto


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Produtos orientados para a função – trata-se da criação Têxtil e Paterns, Bens de capital ou produção (produtos dedicados à fabricação de outros), Design arquitetônico ou Design de interiores e Saúde (atividade interdisciplinar com profissionais da saúde).

Serviços de apoio ao design – criação de Tipologia ou Tipografia, Manipulação de imagens, Ilustração, Arte final (produção de arte final digitalizada), Ergonomia (interface entre usuário e produto), Informatização (desenvolvimento de programas e sistemas para o design), Modelos e protótipos (representação tridimensional de projetos), Ecodesign e Promoção do design (planejar, organizar e projetar exibições, permanentes ou itinerantes).

Design teórico ou acadêmico – inclui os Direitos autorais (registro de projetos próprios para evitar cópias futuras em outra autoria), Gestão do design (gerenciamento das atividades de design) e Educação, Pesquisa e Teoria em design (criação e produção de material para a educação, formação e treinamento do exercício profissional de design).

2.1.1 Design de produto De acordo com Fiell & Fiell (2000 apud PAULA; PASCHOARELLI, 2007, p.2), o design industrial é vital na competição em uma escala global, devido à atual economia global de mercado livre. O design industrial desmistifica a tecnologia e a disponibiliza para um maior número de pessoas. O design de produtos visa atender às necessidades de um determinado usuário, suprindo suas carências e realizando suas aspirações. “O homem que experimenta uma determinada necessidade pode satisfazê-la mediante sua atividade pessoal e em seguida por meio do uso do próprio resultado, como ocorria antigamente, por exemplo, com a fabricação própria de ferramentas”. (LOBÃO 1976 apud CARDOSO 2000) Segundo Bürdek (2006), o termo design de produto ou industrial foi utilizado pela primeira vez em 1948, por Mart Stam. Stam classificava designer industrial aquele que se dedicasse, em qualquer campo, na indústria, especialmente


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à configuração de novos materiais. Porém mais tarde chamou-se atenção para que esta classificação também incluísse soluções de satisfazer necessidades sociais e individuais. Foi então formulada por Erlhoff (apud BÜRDEK, 2006, p.16) uma definição clara e atual de design: “Design que – diferentemente da arte – precisa de fundamentação prática, acha-se principalmente em quatro afirmações: como ser social, funcional, significativo e objetivo”. Uma referência para o design de produto foi a escola Bauhaus que se ligava ao pensamento de mudança do século 19 para o 20. Separando especialmente cultura e habitação, substituía os moveis pesados e sóbrios do século 19 por ambientes claros e modernos, proporcionando às pessoas do século 20, uma nova vida e forma de morar. Segundo Bürdek (2006), trocou-se a decoração e a pelúcia nas casas burguesas e entravam as questões tecnológicas. A fascinação pelos novos métodos de construção se traduzia em ‘móveis tipo’ que exploravam todas as novas possibilidades funcionais. Cardoso (2000) aponta que em paralelo às mudanças nas moradias, surgiam também inovações no local de trabalho. A evolução do design de móveis revoluciona inclusive a divisão e distribuição do trabalho. Um exemplo clássico são as escrivaninhas altas, com gavetinha e tampo de rolo, que são substituídas pelas mesas de trabalho baixas com poucas gavetas. Esta mudança na década de 1880 afeta inclusive a distribuição do trabalho, desmembrando tarefas e as dividindo entre mais funcionários. Surge também nesta época a maquina de escrever, fator que está diretamente ligado a inserção da mulher no ambiente de trabalho, ocupando cargos de secretária. No Brasil houve certa resistência tanto para o novo modelo de escritório quanto para ingresso feminino. No caso brasileiro, o design também interferiu na nova sociedade urbana, projetando a cultura material e visual da época. O papel do designer de produto é buscar meios e soluções ideais para resolver um problema apresentado, seja ele de diferentes espécies, e segundo Löbach (2001), satisfazer seu cliente ou usuário através do valor de uso deste produto.


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2.1.2 Design de interiores O design de interiores busca a solução ideal para reunir em um espaço, os itens necessários para o conforto e bem estar do usuário considerando funções ergonômicas, funcionais e estéticas. Muitas variáveis se relacionam à utilização de um espaço. De acordo com a Associação Brasileira de Design de Interiores (2008), o projeto de interiores baseia-se na natureza da utilização do ambiente, podendo ser: trabalho, lazer, tratamento, estudo, morar etc. O projeto de design deve considerar a ampla relação do ambiente em questão com seu arredores, incluindo o contexto social e cultural, bem como seu terreno, arquitetura, e fatores externos. Projetos de interiores são cada vez mais procurados nos dias de hoje. É uma área

em

regulamentada.

ascensão que esta Os

ambientes,

mais valorizada, embora ainda não

principalmente

residenciais

tornam-se

mais

compactos e é fácil perceber a necessidade de adequar o mobiliário à novas funções e espaços. A estrutura da família, se comparada há de algumas décadas atrás, mudou significativamente o que inconscientemente resulta em mudança de atividades e tamanhos dos ambientes residenciais. As alterações no interior das residências acontecem com o passar do tempo, de acordo com mudanças sociais, de trabalho, cultura e comportamento, mudanças arquitetônicas das edificações e conseqüentemente com as mudanças do mobiliário. As pessoas traduzem suas vidas em verbos e não numa lista de cômodos. Mais do que peças de mobiliário, o ser humano busca `sentir-se bem no seu pedaço’. Busca a composição de espaços que aconchegam, revigoram e reconfortam, porque abrigam valores importantes para seus ocupantes. (Caderno..., 2008, p. 10)

2.2 MOBILIÁRIO Analisando um contexto histórico do mobiliário, descobre-se que muito além da funcionalidade, o design dos móveis tem forte relação com o contexto social e cultural de cada época na sociedade. De acordo com Forty (2007), o design não só confirma a existência de distinções sociais, mas também mostra o que se pensava que eram estas diferenças entre categorias. O design no mobiliário ajuda


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inclusive a distinguir as diferenças entre as classes sociais, representando os valores ditados em cada época. No catálogo da Heal’s de 1896 ainda se pode observar tais diferenças. O mobiliário destinado à dependência da empregada não deixa dúvidas. O quarto da empregada, conforme figura 1 e 2, mobiliado por cerca de quatro libras, composto de cama, cômoda, cadeira e bacia, sem nenhum sinal de luxo ou conforto, serve para não dar à criada nenhum sinal de comparação entre ela e sua patroa, conforme figura 3.

Figura 1 – Quarto de empregada

Figura 2 – Quarto de empregada 2

Fonte: Forty (2007, p.116)

Fonte: Forty (2007, p.117)

Figura 3 – Quarto da patroa Fonte: Forty (2007, p.117)

As cadeiras do vestíbulo, representadas na figura 4, são outro demarcador destas desigualdades. Elas seriam vistas pelos patrões e convidados, portanto, deveriam ter padrões de beleza como o resto da casa. Como não iriam ser utilizadas pelas visitas, eram tão desconfortáveis quanto à mobília dos criados, com encosto e pernas ornamentadas, mas com assento de tábua.


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Figura 4 – Cadeiras de vestíbulo Fonte: Forty (2007, p.118)

Segundo Forty (2007), nesta época, a grande variedade de bens de consumo proporcionava um alto grau de escolha, que de certa forma lhes oferecia mais segurança em relação à individualidade. Ainda havia indústrias artesanais que produziam mais designs diferentes do que as indústrias mecanizadas. No inicio do século XIX surgia uma nova concepção de móveis que utilizavam novos materiais e técnicas de produção, apresentando-se mais compactos, versáteis e multifuncionais. Essas mudanças têm relação com a produção industrial, urbanização, novas tecnologias e mudanças nos tamanhos das residências da época, que ficavam cada vez mais compactas. Em um âmbito internacional, surgiam nos Estados Unidos os chamados móveis “Patente”, que valorizavam o conforto do móvel ocupando o mínimo espaço. Eram

móveis

multifuncionais

que

apresentavam

flexibilidade,

até

então

desconhecida neste contexto. Já no início do século XX, com o movimento moderno, surgiam os móveis “tipo”. Estes eram praticamente como os móveis “Patente”, porém com algum valor estético agregado pelos arquitetos modernos. Segundo Giedon (1975 apud FOLZ, 2003, p.59), os móveis “Patente” do século XIX e os surgidos com os arquitetos modernos, têm um ponto forte em comum: eram móveis “tipo”, e não peças únicas, individuais. No inicio do século XX, no Brasil, observou-se o surgimento de pequenas marcenarias na região da grande São Paulo dirigidas principalmente por artesões italianos, devido ao grande fluxo migratório da época. Aconteceu processo semelhante na região sul, nos pólos do RS e SC, onde já existia trabalho


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assalariado e o mesmo fluxo migratório. Com o aumento da demanda, estas marcenarias que eram negócios em sua maioria familiares, sentiam a necessidade de investir nos processos de produção, como maquinário e gestão administrativa, modificando antigos procedimentos gerenciais. A produção de móveis em série teve início na década de 50. Os móveis eram projetados principalmente para a classe média que habitava apartamentos cada vez menores nas grandes metrópoles. As formas dos móveis modernos eram lineares e adaptáveis à produção industrial da época. De acordo com a Abimóvel (2008) O pólo da região sul é hoje um dos mais modernos do país e responsável por metade das exportações de moveis brasileiros. A indústria brasileira está dispersa em todo país, sendo que 90% da produção nacional e 70% da mão-de-obra encontram-se na região centro-sul. A dinâmica da produção moveleira é composta basicamente por: máquinas, novos materiais e design. Do ponto de vista do maquinário, a substituição de uma base eletromecânica pela microeletrônica, permite maior qualidade nos produtos e redução de mão-de-obra. Tratando-se de materiais, várias empresas adotaram a inovação do MDF, novas tintas e superfícies, substituindo a madeira maciça. O design neste caso entra como fator que possibilita inovação constante, impulsionando as vendas e adaptando os produtos para melhor atender às satisfações dos clientes. Existem diversos motivos para a inserção do design no mobiliário. Diminuição do uso de materiais, de energia, de partes do produto e tempo de fabricação, são somente alguns fatores que o design possibilita. Infelizmente, o Brasil ainda não investe em uma pesquisa de consumidor muito aprofundada e ainda predominam os sistemas de cópias modificadas, baseadas em referências do mobiliário internacional. Segundo Folz (2003), mesmo grandes empresas que investem em maquinário com tecnologia avançada, ainda não investem em design. Cabe apontar que a tecnologia mais sofisticada se concentra particularmente na produção de móveis planos. Tem-se, portanto, a formação e uma cultura industrial na qual os processos produtivos e o maquinário passaram a determinar a forma do produto final, a matéria-prima utilizada e a qualificação da mão-de-obra envolvida na fabricação dos produtos. Toda essa estratégia produtiva conduziu a padronizações que restringiram as alternativas de um design diferenciado, de identidade nacional, tornando a aparência dos móveis residenciais cada vez mais similar entre si. (COUTINHO 2001 apud FOLZ, 2003, p.105)


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2.2.1 Mobiliário modulado Um sistema modular permite que o mobiliário seja versátil, distribuído e utilizado em diferentes espaços, e na posição desejada. Oferece também flexibilidade de execução, podendo ser construído em etapas, sem comprometer a qualidade final do produto. Nissen (1976 apud PEREIRA; SOUZA, 2007) define o módulo como componente mais importante de um sistema de coordenação modular. Fatores como: peças repetidas, simples montagem, redução de peças diversas e exatidão na fabricação e montagem, permitem racionalizar o processo de fabricação. Podemos considerar que a produção em série de um mobiliário modular reduz os custos de produção e conseqüentemente os custos finais e também melhora a qualidade de cada peça produzida. Em uma composição modular, as peças das estruturas se encaixam e permitem o maior número de peças repetidas possível. A soma total das peças do reticulado deve ser um número tal que contenham múltiplos ou submúltiplos do módulo relacionado ao estilo padrão. As variações estéticas são possíveis combinando-se esses módulos e submódulos, variando os reticulados em direções desejadas. (PEREIRA; SOUZA, 2007)

Em um sistema proposto por Almeida (1974 apud FOLZ, 2003, p.120), observa-se uma preocupação com a participação do usuário na construção de seus móveis. Adotaram-se neste projeto os chamados “kits” de móveis. Eram “kits” préfabricados que eram vendidos desmontados, para que o usuário pudesse montar em casa, diferente dos móveis desmontáveis comprados prontos. Este sistema tinha o objetivo de diminuir o efeito de produtos padrões industrializados e dar ao usuário a sensação de estar solucionando seu problema de espaço. A modulação nestes móveis ao mesmo tempo em que minimizava seu número de componentes, aumentava a possibilidade de composição entre os mesmos. 2.2.2 Mobiliário popular Ao contrário do que deveria acontecer, atualmente a produção de mobiliário popular em geral não apresenta uma preocupação com design ou preferência do consumidor. De acordo com Folz (2003) existem formas diferentes


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de considerar o móvel de habitação popular. Tem-se o móvel popular, de produção industrial e sem relação com a habitação; o móvel planejado e integrado com a casa e o móvel que tem a participação do morador em sua produção ou construção. [...] dentro das características dos móveis populares não é citado a necessidade de uma adequação deste móvel em espaços muito diferentes daqueles de outras demandas de consumidor. O móvel é simplesmente visto como um produto que precisa ser barato, não importando a distorção que possa existir entre a proporção de seus volumes e os espaços os quais estão destinados para eles ocuparem. (FOLZ 2003, P.108)

Com a situação econômica estável houve um aumento no segmento de móveis populares que são produzidos em série, por médias e grandes empresas, não existindo o móvel popular sob encomenda, devido ao seu alto custo. Segundo Coutinho (2001 apud FOLZ, 2003, p.106), pequenas e médias empresas não investem em design próprio por alguns motivos como: retorno financeiro do investimento em longo prazo; empresas deste setor de produção industrial investem no sistema de cópias, chegando a resultados e adaptações quase idênticas aos projetos originais; design próprio ainda se encontra em poucas empresas, onde existe um setor de design próprio ou contratam uma empresa para fazer o trabalho. Apontado por Folz (2003) como deficiência na formação de designers, o desconhecimento da relação entre os móveis populares projetados e o futuro ambiente em que será inserido pode ser consertado com um trabalho conjunto entre designers, arquitetos e sociólogos que podem interpretar essas relações sociais e traduzir as necessidades dos equipamentos mobiliários. É um trabalho que não terá retorno imediato, mas também não será, um `tiro no escuro’. 2.3 HABITAÇÃO POPULAR No final do século XIX acontece uma explosão populacional no Brasil, em diversas cidades e por diferentes motivos. Considerando fatores como abolição da escravatura e a proclamação da República e somando o aumento das atividades comerciais e industriais, as cidades se tornam o principal centro das atividades econômicas. Aumenta nesta época a migração para os centros econômicos e conseqüentemente a busca de lugar para morar.


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Neste contexto de procura por imóveis de baixo custo e rentáveis surge uma oportunidade de mercado para empreendedores, a construção da habitação popular. Para controlar a especulação imobiliária que acontecia neste período, estas

habitações

primeiramente

destinadas

à

classe

operária,

sofreram

significativas mudanças devido às intervenções do poder público por meio de leis trabalhistas. Surge então na década de 40 uma nova modalidade habitacional: os edifícios de apartamentos. “Os apartamentos de área mínima, com apenas um dormitório, se caracterizavam pela racionalização da planta e pelos exíguos espaços destinados à cozinha e ao banheiro.” (BONDUKI, 1998 apud FOLZ, 2003 p.27) Nesta época a área mínima destes apartamentos necessitava claramente de uma grande preocupação com o mobiliário. O fator financeiro não permitia a estes usuários a aquisição de móveis sob medida ou com design que pudesse auxiliá-los em suas reais necessidades. No

interior

da

habitação

popular

acontece

normalmente

um

congestionamento devido à sua área restrita e ao número de pessoas que habitam esse espaço. De acordo com Rosso (1980 apud FOLZ, 2002 p.80), qualquer área abaixo de 14m²/pessoa aumenta a probabilidade de perturbações na sua saúde física e mental. O espaço da casa, bem como seu mobiliário, deve atender a valores e expectativas que os moradores esperam de uma habitação, incluindo os aspectos sócio-cultutrais. A limitação econômica é um dos fatores que gera restrições na hora de atender a certas exigências. O processo de tomada de consciência por parte da própria massa de usuários de baixa renda, que tem suas necessidades e aspirações estimuladas pela carga de informações e apelo ao consumo veiculada pela publicidade comercial, deve contribuir para o estabelecimento do crescimento qualitativo e quantitativo das exigências de moradia. (SILVA, 1982 apud FOLZ, 2002, p. 82)

Considerando a realidade brasileira atual e sua evolução, percebe-se que o Brasil como um país urbano onde a maior parte da população habita as grandes cidades, é crescente a opção de morar em apartamentos. Um reflexo do efeito “cocooming” que em português “cocoo” significa casulo, os empreendimentos aumentam a áreas de lazer e reduzem a área dos apartamentos. Sendo assim, as


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mudanças os condomínios, que cada vez mais possuem infra-estrutura externa, o interior dos apartamentos também sofre mudanças significativas. Apesar da tradicional configuração que ainda separa os setores social, íntimo e de serviços, os ambientes tornam-se cada vez mais funcionais entre si. Como respostam a estas reduções significativas de área total, as atividades passam a acontecer em um mesmo ambiente, espaços únicos e multiuso que potencializam o convívio e o conforto dos moradores. O “jeito de morar” sofre mudanças de acordo com o comportamento da sociedade contemporânea. Segundo a filósofa e psicanalista Vivian Mosé, devido ao aumento da violência, a nossa casa passa a ser nosso refúgio e sustentação. A questão viver e morar, está em constante mudança e aberta para inúmeras possibilidades. (PUGLIESI, 2008) Em se tratando das mudanças na habitação em relação às estruturas familiares, Marcelo Tramontano afirma que: [...] a grande guinada do mundo doméstico aconteceu em 1965, época da disseminação da pírula anticoncepcional e da inclusão da mulher o mercado de trabalho. Desde então, a família nuclear, composta por mãe, pai e filhos, mudou bastante. Nascem grupos como os unipessoais, pessoas que moram só pelos mais diferentes motivos, desde jovens solteiros, até descasados e viúvos. (PUGLIESI, 2008, p.22)

A casa de cada um é vista no contexto moderno como um refúgio, onde se descansa ao fim de um dia de trabalho. Mesmo em dias de folga, os moradores preferem ficar em casa e receber seus amigos, do que sair para o ambiente urbano onde normalmente passam a maior parte do tempo. Fatores como este influenciam nas características dos ambientes residenciais de hoje em dia, de modo que tanto o espaço como o mobiliário ajudam a criar uma residência de referências pessoais que servem como um lugar de fuga para descanso lazer e até mesmo trabalho. As tendências de “morar” mudam muito com o passar do tempo. A combinação de elementos dentro de uma casa constrói o nosso “lar”. É neste espaço onde se refletem nossos valores, onde convivemos com a família, amigos, fazemos refeições e temos conforto e segurança. Um mundo em constante mudança nos leva a adotar diferentes atividades em nosso cotidiano e tais mudanças são a matéria-prima de institutos de pesquisa para entender como nos comportamos e como iremos “morar” daqui


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alguns anos. Segundo Catriona Macnab, editora- chefe de trends do site WGSN, “Identificar tendências é um processo criativo que consiste em tecer fios semelhantes de informação, observando mudanças culturais e estudando o comportamento do consumidor”. (Krause, 2008, p.15) Com avanços na tecnologia, muitas empresas já delineiam o desafio do futuro: muitas funções em poucos objetos indispensáveis. Segundo Stefano Marzano, diretor chefe da Philips Design, objetos como a TV, aparelho de som e microfones ficam embutidos e atendem aos nossos comandos. De acordo com matéria publicada pela Future Concept Lab, Francesco Morace ressalta a diferença entre o cenário e as tendências. Como tendência, a nossa casa representa um valor absoluto importantíssimo. Diz que não é somente um lugar de afeto ou gosto, mas também de expressão direta de qualidade de vida. O design não será mais como nos 30 anos. Não haverá mais valor de status e sim uma maneira diversa de se relacionar com o mundo. Considerando as inovações tecnológicas e conseqüentemente no design dos aparelhos eletrônicos, o mobiliário tende a suportar tais inovações, adaptandose a estas novas formas minimalistas. Com tantas reduções, estamos prestes a reestruturar nossos espaços. Especialista em tendências, Lid Edelkoont considera que daqui a 10 anos um consumidor ira criar sue próprio espaço retratando sua própria vida, interligando o antigo e o novo. (FUTURE..., 2008) 2.3.1 Salas multifuncionais O conceito de “sala de estar” mudou muito com o passar dos anos. Devem-se considerar as diferenças de conceitos nas diferentes classes sociais e estilos, mas mais que isto, a forma e função que este espaço e seus móveis exercem para os moradores. Segundo Baudrillard (2000) antigamente os espaços representavam status social e poder relacionados a uma época. Os móveis unifuncionais, imóveis, imponentes e com etiqueta hierárquica possuíam um emprego restrito e estavam mais em ordem moral que espacial. Os espaços estavam ligados à estrutura das famílias. “A dimensão real em que vivem é prisioneira da dimensão moral que tem que significar. Possuem eles tão pouca autonomia nesse espaço quanto os diversos


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membros da família na sociedade”. (BAUDRILLARD, 2000, p. 22) Assim como mudam as relações do indivíduo na família e na sociedade, mudam os estilos dos objetos mobiliários. As inovações não se caracterizam apenas por improvisos e sim pela necessidade de se adaptar à falta de espaço. “Se a velha sala de jantar era sobrecarregada por pesada convenção moral, os interiores “modernos” na sua engenhosidade produzem freqüentemente o efeito de expedientes funcionais”. (BAUDRILLARD, 2000, p.23). A tecnologia, sempre interagindo e sendo adotada pelo consumidor, as mudanças de comportamento da sociedade de consumo, a atividade industrial e o design entre muitos outros fatores a que estamos ligados, mudam a nossa maneira de encarar o mundo, a maneira como trabalhamos, como moramos, enfim, mudam nossos valores. As salas multifuncionais são um resultado deste novo estilo de vida cada vez mais presente na sociedade. Ao que tudo indica, a tecnologia coloca ao nosso alcance ambientes e produtos inteligentes, otimizando funcionalidade e praticidade. Deve-se considerar também que com significativas mudanças no espaço e no modo de morar, algumas pessoas sentem-se incomodadas e desorientadas pela forma e quantidade de informação que chega até elas. Ao invés de idéias organizadas e sintetizadas, as informações chegam rápido, em tempo real, são os chamados “blips” de informação. A velocidade, a simultaneidade, a informação e a universalidade estão presentes nas composições dos ambientes que devem agora abrigar essas novas senhas. Os espaços, além de integrados, tendem a se organizar funcionalmente de forma interligada ao lazer e às inovações eletrônicas e tecnológicas. Existe a necessidade de ampliar a qualidade e o tempo dos momentos em que as pessoas vivenciam suas casas. A sala de estar transforma-se em um espaço multimídia, que por sua vez se integra a outras necessidades humanas, como a alimentação. As atividades de trabalhos e estudo também poderão acontecer neste mesmo cenário. Movimento e flexibilidade também são evidencias nos elementos que compõe os ambientes. Eletrodomésticos e mobiliário ganham rodízios, podendo estar ainda mais próximo do usuário. Alturas e tamanhos também devem permitir ajustes, num universo em que perenidade é um conceito não conhecido. Produtos menores, que vão se somando e criando um sistema, fazem parte da nova concepção. (CADERNO..., 2008, p.42)


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2.4 MATERIAIS A seleção do material adequado ao projeto é fundamental para obter um produto que tenha bom desempenho e boa aceitação do consumidor. Segundo a LDSM, a inovação de produtos e processos necessita de recursos materiais para sua expansão. Diante do paradigma ambiental atual é imprescindível adotar uma posição sustentável e interferir nos impactos ambientais dos produtos. “Os materiais como fontes primárias – e como componente do produto como um todo – determinam varias formas de impacto ambiental e vários efeitos em nossa saúde e no ecossistema onde vivemos”. (MANZINI; VEZZOLI, 2002) Relacionado aos materiais, está a preocupação com os produtos efêmeros, as embalagens, por exemplo, com o ciclo de vida útil do produto e com a consciência ecológica e social. Ecodesign é basicamente produzir e conceber objetos sem destruir, tornando seu uso durável e seu fim assimilável por outros processos de vida. Segundo Manzini e Vezzoli (2002), ecodesign é um módulo de projeto orientado por critérios ecológicos. Dentre os materiais pertinentes ao projeto, destacam-se as madeiras industriais, madeiras naturais, fibras, vidro, couro e metais. A abordagem destes materiais resume-se em relatar as características físicas e mecânicas do material, possibilidades de uso e a possível associação entre eles.


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2.4.1 Painéis de madeira a) MDP;

Figura 5 – Painel de MDP Fonte: Eucatex 2008

O MDP significa Painel de Partículas de Média Densidade. É um painel de madeira industrializado, com características distintas dos painéis de madeira aglomerada de antigamente. É produzido com partículas de madeira de Pinnus e Eucalypto selecionadas, e aglutinadas com resina sintética e aplicação simultânea de calor e pressão. O resultado é um painel dimensionalmente estável, plano e de superfície lisa. Esta superfície lisa é muito fina, bastante fechada e de alta densidade, que causa menor inchamento das partículas da superfície e conseqüentemente menor absorção de tinta se comparado ao MDF. Pode ser, considerado, segundo a Satipel, uma evolução do aglomerado. Ver figura 5. Este produto é menos suscetível ao ataque de cupins em comparação à madeira sólida, pois contem resina na sua composição. Quando em contato com umidade, sofre o processo de inchamento, que pode ser evitado com a utilização de resinas especiais que conseqüentemente aumentam seu custo final. É indicado para produção de móveis em linhas retas e formas orgânicas, pois apresenta melhor resistência se comparado ao MDF, por um menor custo. É resistente ao arranque de parafusos, sofre menor empenamento e absorção de umidade.


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O MDP é utilizado na fabricação de portas retas, laterais de móveis, prateleiras, divisórias, tampos retos e pós-formados, base superior e inferior e frentes e laterais de gavetas. b) MDF;

Figura 6 – Painel de MDF Fonte: Masisa, 2008.

Segundo a Remade (2008), o MDF foi fabricado pela primeira vez nos anos 60 nos Estados Unidos, sendo produzido no Brasil somente em 1997. MDF é a sigla em inglês para Medium Density Fireboard, ou Painel de Fibras de Média Densidade. É produzido a partir de fibras de madeira, aglutinadas com resina sintética. Segundo a Satipel, o painel assim como o MDP, é dimensionalmente estável, plano e de superfície lisa, especialmente, indicado para a confecção de móveis que exijam entalhes ou usinagens em baixo relevo para a aplicação de pintura ou revestimento em PVC. Apresenta características mecânicas próxima, as da madeira maciça e resistência superior à madeira aglomerada. Ver figura 6. De acordo com a Masisa, o MDF oferece acabamento perfeito, qualidade homogênea, versatilidade e economia. Possui boa estabilidade dimensional e permite usinagem, pode ser fresado, lixado e pintado e é ideal para peças curvas devido ao seu material homogêneo. Outra vantagem do MDF é que não possui veios orientados, o que permite o corte com perfeição em qualquer direção. Reage da mesma maneira que o MDP em relação a cupins e umidade. Além das chapas “standard” convencionais, existem ainda as chapas MR que são resistentes à umidade, e as chapas HD com maior quantidade de resinas e fibras que proporcionam maior resistência ao impacto e flexão. É muito usado na produção de móveis que irão ter usinagens em baixo relevo, cantos arredondados, entalhes e aplicação de pintura. Está disponível em chapas de diversas espessuras que


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variam, segundo a REMADE, de, 3 mm até 60 mm de espessura, esta última podendo ser usada em elementos estruturais ou decorativos, como pés torneados para mesa por exemplo. Quanto aos revestimentos, aceita o melamínico PB, PVC, lâmina de madeira natural, laminado plástico de alta pressão, lacas, verniz PU e UV, tingidores e seladores. De acordo com Lima (2006), pode ser fixado por meio de pregos, parafusos e cavilhas, variando de acordo com as restrições do fabricante quando à profundidade, posição, etc. Este tipo de material é considerado sustentável quando utiliza madeiras provenientes de reflorestamentos e de consumo consciente. O MDP, segundo a Satipel, pode ser considerado mais sustentável devido ao menor consumo de matéria-prima, no caso a madeira. Os painéis de MDF podem ter ou não, o selo FSC e ao receberem alguns tratamentos de superfície, imitam fielmente a aparência e até mesmo textura de algumas madeiras. O uso dos painéis melamínicos atuais, como mostra a figura7, por exemplo, em uma ou em ambas as faces do painel, tornam o MDF, em termos de estética, semelhantes às madeiras naturais e em alguns exemplos, como mostra a figura 8, uma reprodução quase perfeita da madeira de lei.

Figura 7 – Painel com revestimento melamínico Fonte: Masisa, 2008.

Figura 8 – Painel Nature Fonte: Masisa, 2008


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c) OSB;

Figura 9 – Painel de OSB Fonte: Masisa, 2008.

A sigla quer dizer Oriented Strand Board, que significa Painel de Tiras de Madeira Orientada. É composto de tiras de madeira em forma cruzada, unidas por resina. É um painel que oferece resistência estrutural e aspecto inconfundível. É usado na construção civil, na estrutura de diversos móveis e também visível em alguns. Ver figura 09. De acordo com a Masisa, a produção do OSB não é sazonal, e tem custo reduzido se comparada a outros painéis, por utilizar toras de madeira de menor diâmetro, com árvores de rápido crescimento e baixo valor comercial. Considera-se um produto multiuso que pode receber massa acrílica, além de poder ser usado in natura e possuir boa relação de custo benefício. Existem diferentes tipos de OSB aplicáveis a cada projeto, portanto deve-se tem em mente o destino antes de escolher o tipo do painel. Apresenta resistência similar ao compensado em testes de resistência, flexão, tração e compressão, porém maior resistência ao cisalhamento. A exposição à umidade pode provocar aumento nas dimensões da borda. O OSB pode ser usinado e após usinagem deve-se recobrir sua superfície devido à aspereza entre as partículas que requerem preenchimento. Pode ser perfurado, escavado e ter as bordas alisadas. 2.4.2 Madeiras “A madeira constitui o mais antigo material utilizado pelo homem, sendo que até hoje explorada pela facilidade de obtenção, e pela flexibilidade com que permite ser trabalhada”. (LIMA, 2006, p.86) Dentro de um pensamento sustentável, a madeira utilizada em produtos deve ser madeira certificada. Este tipo de madeira possui garantia de procedência, rastreabilidade, que segundo os padrões internacionais (ISO 8402) significa


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descrever a história, aplicação, processos e localização de um produto a uma determinada organização por meio de registros e identificação, e o selo FSC de exploração sustentável da madeira. (MOREIRA, 2007) A oferta de madeira está sendo menor do que a demanda. Diante desses fatos, dados sobre os resíduos gerados pela indústria madeireira no Brasil se mostram incoerentes e preocupantes: estudos apontam que o setor madeireiro é um dos que mais geram resíduos, desde os resíduos primários no campo (tocos, galhos, etc.) até os gerados no processamento das tábuas. (REMADE, 2008)

Madeiras como pinho, imbuia, jacarandá, pau-marfim, sucupira, mogno, ipê, peroba, canela, cerejeira, entre outras, eram amplamente usadas no mobiliário. Muitas delas estão hoje em extinção. O mogno, por exemplo, segundo reportagem da revista Veja, uma madeira de tom avermelhado, quase foi extinta na década de 60. Hoje é uma das madeiras mais preciosas e requisitadas, devido à suas qualidades raras de versatilidade, resistência e beleza. (JUNIOR, 2002) Segundo a Apremavi (2008), a imbuia que antigamente era encontrada em abundância no estado de Santa Catarina, hoje é praticamente rara de ser encontrada em suas matas. www.apremavi.org.br Até o século XX, o uso de madeiras in natura predominavam na produção de móveis. De acordo com a Remade (2008), com a produção industrial e a grande demanda, foi necessário buscar alternativas para a indústria, que inseriu o uso de painéis de madeira, como opção de maior rendimento e aproveitamento de material. Algumas madeiras são mais utilizadas atualmente na região da grande Florianópolis para fabricação de móveis. Os dados baseiam-se em informações segundo o LDSM (2008), Remade (2008) e Lima (2006) a) Eucalipto; É uma madeira excelente para serrarias, com boas características de aplainamento, lixamento, furação e acabamento. Seu limite de compressão é de 640 kgf/cm² e de 1.238 Kgf/cm² à flexão. É utilizada na fabricação de mobiliário de utilidade geral e construção estrutural leve e interna entre outras aplicações. Apresenta fraca resistência e pouca duração. b) Jatobá; Tem coloração róseo-pardo, superfície pouco lustrosa e textura lisa e grossa. Pode ser classificada como de alto peso especifico, baixa retratibilidade e


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alta resistência mecânica, principalmente à flexão e compressão. Sua dureza é de 1420 Kgf/cm². Seca ao ar com pequenas deformações. É considerada difícil a moderadamente fácil de trabalhar e apresenta resistência para tornear e fraquear. Aceita acabamento em pintura, verniz, lustre e emassamento. É utilizada em construções externas e civil em geral, móveis e laminados entre outras aplicações. c) Teca; Madeira de cor amarelo-escura, com veios mais escuros. Apresenta alta resistência ao ataque de fungos e insetos. Seu limite de resistência a 15% de umidade é de 936 Kgf/cm² . Quanto à durabilidade apresenta alta resistência ao ataque de fungos e insetos e possui baixa permeabilidade em relação a soluções preservantes. De secagem rápida e fácil, é usada em moveis de alto luxo e marcenaria em geral. d) Cedro; Madeira de cor bege-rosado-escuro, de media densidade e baixa resistência natural contra fungos e insetos. Apresenta retratibilidade linear e volumétrica entre baixa e média e é mais resistente à flexão do que à tração e compressão. Apresenta dureza de 320Kgf/cm², é de fácil trabalhabilidade, boa retenção de pregos e parafusos e excelente absorção de pigmentos e polimentos. A secagem ao ar é rápida e é indicada para móveis finos, construção interna e construção naval. 2.4.3 Fibras naturais Segundo a LDSM, as fibras naturais, enquanto utilizadas, podem ser submetidas ao esticamento, retorcimento, cisalhamento e abrasão. Elas devem, portanto, ser utilizadas levando em consideração suas propriedades em relação à resistência à tração, módulo de elasticidade e resistência à abrasão. Podemos citar entre elas, algumas muito utilizadas na área do mobiliário:


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a) Vime; Segundo Calage (2002), popularmente, qualquer vara muito flexível é chamada de vime. É utilizada no trançado de baús, biombos e cestas. Pode ser utilizado também como revestimento de estrutura de móveis b) Bambu; De

acordo

com

Barelli...

(2007),

o

bambu

é

uma

planta

predominantemente tropical, que apresenta crescimento muito acelerado. Atinge até 40 metros de comprimento em espécies gigantes, é leve, resistente e pode ser trabalhado facilmente. Possui propriedades estruturais elevadas, com resistência comparada ao aço. O material permite acabamentos e processos como aplainagem, lixamento e curvamento, podendo também constituir laminas de bambu prensado, para confecção de mobiliário. c) Fibra de bananeira; Cor clara, marfim até marrom escuro, sendo que quanto mais clara a cor, mais valiosa a fibra. Unidas por meio de costuras ou tranças e o comprimento da fibra varia de 120 a 250 cm de comprimento. É dura ao toque e resistente à água doce e salgada e tem baixa resistência a chamas. O trabalho na produção de produtos com fibras naturais, normalmente é manual e relacionado ao artesanato. A utilização de fibras no mobiliário se caracteriza por ser um material durável, ecologicamente correto e que remete à natureza.

2.4.4 Couro O couro é composto de colágeno (proteína) e é utilizado na fabricação de peças de vestuário, revestimento de estofados, tapetes, entre outras aplicações. A união é feita por rebites e colagem e tem boa resistência ao desgaste. Seu limite elástico é de 20-50Mpa. Sua ductibilidade é de 0.18 – 0.75 e apresenta baixa resistência a chamas.


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2.4.5 Metais Dentro dos materiais metálicos, destacam-se entre os metais ferrosos, o aço, e entre os não ferrosos o alumínio. Tanto o alumínio quanto o aço são amplamente utilizados na indústria de mobiliário. Os dados são baseados segundo Lima (2006). a) Aço inoxidável; O aço trata-se de uma liga de ferro e carbono, sendo que o percentual de carbono por peso não ultrapasse o limite de 2%. Dentro dos aços, destaca-se o aço inoxidável, que possui características de um aço especial por possuir de 11 a 20% cromo em sua composição, o que lhe confere significativa resistência à oxidação. Para o uso em mobiliário, destaca-se o uso das chamadas “chapas finas”, em formatos padronizados ou pré-cortados. As espessuras variam entre 5,01 e 154,4 mm. Largura de 900 a 1580 mm e comprimento de 1800 a 12500 mm. O material pode ser perfurado, conformado, dobrado, solda e pintado. Segundo a Elinox (2008), o aço inox é um material amplamente utilizado por designers e arquitetos devido ás suas características de custo benefício – baixo custo de manutenção e custo benefício excelente, por ter um ciclo de vida longo e ser resistente à temperaturas baixas e elevadas. O aço inoxidável é 100% reciclável e é utilizado no mobiliário para construir estruturas nos móveis a serem revestidos por outros materiais, para criar móveis em aço inox e também nos mecanismos de aberturas, sustentação e ligação entre as partes de um móvel como parafusos, porcas, fechaduras e etc. Segundo catálogo de propriedades do aço da Acessita (2008), o material aplicável para estruturas e móveis apresenta-se em forma de tubos quadrados, retangulares e redondos, de variadas espessuras, diâmetros e dimensões. b) Alumínio; O alumínio é um material que proporciona versatilidade de aplicação e flexibilidade de processamento e transformação. Vale ressaltar que suas vantagens ficam comprometidas pela complexidade e consumo de energia no processo para


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obtenção do material. Dentre suas características, destaca-se a resistência à corrosão e sua leveza. Apresenta boa elasticidade, média a fraca resistência à tração e alta refletividade da luz e calor. O alumínio é encontrado em diferentes formatos para ser posteriormente transformado em lingotes, tarugos ou chapas. São utilizados no mobiliário os perfis extrudados e as chapas laminadas de alumínio.Os laminados permitem variados processos como estampagem, dobramento, corte, usinagem soldas, entre outros acabamentos. 2.4.6 Vidro O vidro pode ser descrito como um material relativamente forte, resistente e impermeável. Tem alta viscosidade e apresenta transparência, embora existam os vidros opacos e translúcidos. É resistente à água, líquidos salgados e substancias orgânicas, é reciclável e permeável à luz. Possui baixa condutividade térmica e elétrica e dilatação térmica muito baixa. De acordo com Lima (2006), o vidro, embora seja um material cerâmico, não apresenta a mesma resistência a elevadas temperaturas e a choques térmicos. Possui elasticidade ideal e suporta grandes pesos quando a superfície não possui riscos ou falhas. Os vidros planos, mais utilizados no mobiliário apresentam uma densidade padrão de 2,5 g/cm³. A produção econômica do vidro é considerada alta com aproximadamente 200 toneladas/dia. Dependendo ao tipo de processo submetido, o vidro pode ser: laminado, temperado, metalizado, térmicos, entre outros. O processo float garante ao vidro perfeito equilíbrio em contato com o metal. Torna-se um vidro de maior resistência, alta qualidade e brilho. O processo de laminação permite a obtenção de vidros com ambas as faces planas, ambas gravadas, ou plana e gravada no mesmo vidro, em lados opostos. O processo de conformação proporciona o curvamento do vidro, de acordo com recomendação do fabricante.


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2.5 ERGONOMIA Um dos conceitos de ergonomia descritos por Iida (1990) é a seguinte: “Ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e o seu trabalho, equipamento e ambiente, e particularmente a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas sugeridos desse relacionamento” (Ergonomics Research Society, Inglaterra) Segundo Iida (1990) a ergonomia melhora a vida cotidiana tornando a mobília doméstica mais confortável e os aparelhos eletrodomésticos mais eficientes e seguros. A existência da ergonomia foi formalizada no dia 12 de julho de 1949 quando um grupo de cientistas e pesquisadores reuniu-se pela primeira vez na Inglaterra. O termo já havia sido utilizado anteriormente, mas foi só na década de 50 que a ergonomia expandiu-se no mundo industrializado. O período de gestação da ergonomia, ao contrário de seu nascimento “oficial”, começou provavelmente quando o homem pré-histórico escolheu a pedra que melhor adequava-se a sua mão e a utilizou como arma. De acordo com Iida (1990) a adaptação dos objetos e dos ambientes ao homem sempre esteve presente mesmo na produção não mecanizada. A ergonomia, com seus quase 60 anos de existência, tem evoluído constantemente. De acordo com Iida (1990) já se deixou de estudar apenas parte do produto para estudá-los como um todo, ainda que unitariamente. Atualmente já estuda-se este mesmo produto como componente de um sistema maior e mais complexo. Considerando as características desejáveis em um produto, do ponto de vista ergonômico, destacam-se as: •

Qualidades técnicas – funcionalidade, eficiência, rendimento, manutenção e assim por diante.

Qualidades

ergonômicas

facilidade

de

manuseio,

adaptação

antropométrica, conforto e segurança que proporciona. •

Qualidade estética – combinação de formas, cores, materiais e assim por diante.


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Para

satisfazer

certas

necessidades

humanas

que

direta

ou

indiretamente entram em contato com o homem, é necessário que haja uma interação entre essas três qualidades, solucionadas de forma integrada. De acordo com Iida (1990), alguns aspectos funcionais devem ser considerados quando se trata de projetos de bens de consumo: •

Os objetivos, ou seja, o destino de uso do produto será selecionado pelo usuário e pode variar.

Entre a variedade de operadores e usuários deve-se considerar os sem instruções ou treinamento.

É difícil quantificar o custo que uma falha no produto pode causar.

Não existe acompanhamento de uso. Segundo os conceitos de ergonomia, os fatores de conforto ambiental

como iluminação, temperatura e cores, devem ser considerados em um ambiente onde determinadas atividades serão realizadas. “A sensação de luz e cor, associada com a forma dos objetos, é um dos elementos mais importantes na transmissão de informações”. (IIDA, 1990 p.263) De acordo com Iida (1990), as cores exercem influencia sobre o estado emocional, produtividade e qualidade de trabalho. Em um ambiente de trabalho por exemplo, as cores claras das grandes superfícies em contraste com os objetos, aliados a uma iluminação adequada, economizam em até 30% o consumo de energia e aumentam a produtividade em até 90%. De acordo com Panero e Zelnik (2002), hoje em dia a engenharia humana ou ergonomia é aplicada em desde um simples controle até complicados projetos de consoles de batalhas. O profissional deve considerar não só aspectos fisiológicos e psicológicos, mas também os dados antropométricos dos usuários. A antropometria é uma das configurações mais importantes para relacionar a adequação ergonômica do usuário ao ambiente, pois se trata do estudo das medidas do corpo humano. O conceito de “projetar a partir do próprio homem” encaixa-se perfeitamente no campo de design de produtos e interiores. As alturas de superfícies, os espaços livres e as dimensões ideais, refletem as configurações humanas de dimensões corporais e suas implicações ergonômicas.


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Os dados antropométricos adotados devem ser adequados ao usuário do espaço ou mobiliário a ser projetado, considerando fatores como idade, sexo, ocupação e etnia. Com base no estudo de percentis, adota-se, segundo Panero e Zelnik (2002), o percentil 5 quando se trata de alcance e o percentil 95 quando se trata de espaço livre necessário. Os dados antropométricos apresentados por Panero e Zelnik são feitos com amostras da população em varias posições e a natureza estática dos dados relaciona-se mais com a posição do corpo ao término da tarefa. A seguir, figuras com demonstração de medidas sugeridas por Panero e Zelnik (2002): a) Dimensões corporais estruturais;

Figura 10 - Dimensões corporais estruturais Fonte: Panero e Zelnik (2002, p. 98)

b) Dimensões corporais funcionais;

Figura 11 - Dimensões corporais funcionais Fonte: Panero e Zelnik (2002, p. 100)


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c) Altura do assento;

Figura 12 - Altura do assento Fonte: Panero e Zelnik (2002, p. 61)

d) Espaรงos livres e medidas na sala de estar;

Figura 13 - Espaรงos livres e medidas na sala de estar Fonte: Panero e Zelnik (2002, p. 136)


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e) Zonas de alcance na sala de estar;

Figura 14 - Zonas de alcance na sala de estar Fonte: Panero e Zelnik (2002, p. 137)

f) Estofamentos; Os estofamentos nos assentos distribuem a pressão do peso do corpo no ponto de interface, sobre uma superfície maior. “Assentos duros e planos são desconfortáveis

para

uso

prolongado.

Porém

assentos

almofadados,

excessivamente profundos e macios, podem resultar em extremo desconforto”. (PANERO; ZELNIK, 202, p.67) Segundo

Panero

e

Zelnik

(2002),

algumas

medidas

são

recomendáveis para uma almofada correta: 3,8 cm de revestimento de espuma média, mais 1,3 cm de revestimento firme; ou 5,1 cm no total para compressão máxima de um assento de cerca de 3,8 cm. Estes dados são baseados em um peso de 78 quilos. Para cada 13,6 quilos a menos, reduz-se 6,4 mm. Para cada 13,6 cm a mais, acrescenta-se 6,4 mm.


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g) Mesas de refeições individual;

Figura 15 - Mesas de refeições individual Fonte: Panero e Zelnik (2002, p. 140)

h) Mesas de refeições para três pessoas;

Figura 16 - Mesas de refeições para três pessoas Fonte: Panero e Zelnik (2002, p. 141)


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i) Mesa de refeições para quatro pessoas;

Figura 17 - Mesas de refeições para quatro pessoas Fonte: Panero e Zelnik (2002, p. 142)

j) Mesas de refeições para quatro pessoas 2;

Figura 18 - Mesas de refeições para quatro pessoas 2 Fonte: Panero e Zelnik (2002, p. 143)


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2.6 METODOLOGIA DE PROJETO Serão abordadas metodologias de projeto segundo três autores com procedimentos diferentes. 2.6.1 Metodologia segundo Bruno Munari Segundo Munari (1998), um método de projeto consiste em uma série de operações necessárias, em ordem lógica, que tem como objetivo atingir o melhor resultado com o menor esforço. Deve-se antes de qualquer idéia pesquisar o que já foi feito de semelhante, pesquisar materiais e definir sua exata função. A série de funções é formada por valores objetivos que se tornam instrumentos de trabalho para a criatividade do designer. O método de projeto não é absoluto ou definitivo. Ele pode ser modificado caso o designer encontre com sua criatividade, valores objetivos que melhorem o processo. Munari (1998) também ressalta a questão de que luxo não é design. Segundo ele, o luxo está ligado a um falso sentido de autoridade. Antigamente essa autoridade mostrava-se coberta de riquezas e objetos que somente ele poderia ter. Atualmente procura-se o conhecimento da realidade das coisas e não das aparências. O design, neste caso, caracteriza-se pela exploração de um setor industrial e resolução de um problema, sendo que nada tem a ver com idéias ligada a moda ou ao gosto corrente do publico, que caracteriza-se como “styling”. A metodologia de projeto de Bruno Munari baseia-se na solução de um problema, que tratando-se de design considera também o valor estético. Seu esquema metodológico, representado na figura 19 divide-se em:


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Figura 19 – Metodologia de projeto Fonte: Munari (1998, p.55)

Problema – Distinguir se tem solução ou não Definição – Definir o problema como um todo. Definir tipo de solução, se é definitiva, provisória, comercial e etc. Componentes – Dividir o problema em seus componentes. Pequenos problemas isolados Coleta de dados – informações úteis ao projeto Análise de dados – Conclusões. Sugestões Criatividade – Dentro dos limites do problema Materiais e Tecnologia – O que está disponível. O que é aplicável. Experimentação – Novas formas de aplicação Modelos – Construção e modelos Verificação – Apresentação ao público usuário. Constatações Desenho de construção – Comunicar informações do projeto Solução – Solução encontrada


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2.6.2 Metodologia segundo Bernhard E.Bürdek Segundo Bürdek (2006), teoria e método estão relacionados as condições histórico-culturais e sociais, à mudança do mundo em função do conhecimento e do caminho da humanidade. Os conceitos metódicos estão relacionados à teoria, que segundo Bürdek, conduz ao emprego da filosofia. Após a Segunda Guerra Mundial, o design teve que se adaptar a condições de concorrência internacional e integrar métodos científicos nos projetos, deixando de lado os métodos de configuração subjetivos e emocionais. Tudo isso para ser aceito pela indústria como parceiro de diálogo. A partir disso, a tradicional metodologia do design se ateve ao método do “manejo físico” e pouco explorou os ajustes sensoriais. Sendo assim, nas novas tendências do design, aplicam-se cada vez mais os princípios da semiótica, hermética e dos fenômenos. Na atualidade os problemas sensoriais são cada vez mais importantes no design. “Design é uma disciplina que não produz apenas realidades materiais, mas especialmente preenche funções comunicativas”. (BÜRDEK, 2006, p.230) Segundo Bürdek (2006), o interesse dos designers é o atendimento das funções práticas, sendo elas funcionais e técnicas, das questões de uso ou atendimento de necessidades e das funções sociais. O Processo de design definido por Bürdek, como mostra a figura 20, funciona da seguinte forma:

Figura 20 – Processo de design Fonte: Bürdek (2006, p.255)


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Sistema de manipulação de informações – caracteriza-se por varias possibilidades de realimentações, como um processo não linear de resolução de problemas Análises – análise de mercado, informações úteis e aspectos funcionais. Faz-se uma lista de fatores e exigências Métodos de resolução ou criatividade Métodos de representação – bi ou tridimensionais Método de análise de valor – testes “O repertório metodológico a ser utilizado é dependente da complexidade do problema”. (BÜRDEK, 2006, p.256). Até os anos 70 os métodos eram dedutivos, de fora para dentro, desenvolvendo soluções especiais para um problema geral. Atualmente o processo é indutivo, perguntando-se para quem o projeto deve ser colocado no mercado, ou seja, de dentro para fora. 2.6.3 Metodologia segundo Mike Baxter De acordo com o Guia prático para o design de novos produtos (BAXTER 1995), projetar novos produtos é uma tarefa importante e arriscada, podendo ser eles bem sucedidos, ou um fracasso comercial. Algumas etapas no desenvolvimento de produtos são descritas por Baxter como fatores importantes para atingir metas e objetivos a ele atribuídos. Uma delas é o estilo. Segundo ele, todos os segmentos da sociedade aceitam a idéia de que o estilo adiciona valor ao produto, mesmo sem mudanças no seu funcionamento técnico. Quando se fala em estilo do produto, refere-se ao seu apelo visual, considerando que a visão humana é predominante sobre os demais sentidos. “A partir dessa propriedade da visão pode-se formular o seguinte princípio do design: ‘chamar a atenção e depois prender a atenção’.” (BAXTER, 1995, p. 27) Relacionado aos princípios da percepção, vale citar a referência à teoria da gestalt, formulada nas décadas de 1920 a 40. As regras da gestalt funcionam como programas que existem em nossa mente, e, segundo Gomes Filho (2003), são fundamentadas no princípio da pregnância da forma e baseadas em pesquisas sobre o fenômeno da percepção. Dentro do estilo de um produto, em um aspecto específico, a gestalt faz com que as peças de um produto se relacionem entre si,


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parecendo agrupadas, considerando que trata de regras como simetria, similaridade e continuidade, entre outras. Baxter (1995) cita alguns conceitos-chave do estilo, como: a visão determina aquilo que gostamos; efeitos sociais, culturais e comerciais; atratividade de produtos. Outra etapa é a criatividade. Baxter (1995) considera a criatividade o coração do design, sendo ela dedicada a projetos inovadores ou mesmo o redesenho de algo existente. A criatividade permite ao designer promover diferenciações nos produtos, não necessariamente diferenças radicais, mas diferenças que os consumidores consigam perceber. Baxter também chama atenção para a etapa de planejamento do produto, fase em que decisões importantes são tomadas mesmo antes de começar o desenvolvimento. O planejamento inclui a identificação de oportunidades, pesquisa de marketing, análise de concorrentes, proposta de novo produto, especificação da oportunidade e especificação do projeto. Estes fatores incluem: características do produto, justificativa financeira, examinar concorrentes que oferecem as mesmas funções, pesquisa bibliográfica, necessidades fundamentais dos consumidores, planejamento de estilo de acordo com o mercado e com as necessidades que ele procura atender.

Figura 21 – Etapas do desenvolvimento de produtos Fonte: Baxter (1995, p.16)


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“Alguns designers não concordam com a divisão de projetos em etapas. Eles argumentam que o processo, na prática, não segue uma seqüencia linear, tendendo a ser aleatório”. (BAXTER, 1995, p.13). Baxter considera que as atividades de projeto são marcadas por avanços e retornos, podendo fazer reciclagens que permitam enxergar oportunidades e problemas que passaram despercebidos. Conforme a figura 21, podemos observar um exemplo de atividades de projeto em diferentes etapas do desenvolvimento de produtos, cada etapa compreende um ciclo de geração de idéias e da seleção das mesmas.

3 PROJETO 3.1 METODOLOGIA DE PROJETO ADAPTADA Com base na metodologias citadas acima, foi criada uma adaptação à este projeto, levando em consideração o tempo disponível para a pesquisa, desenvolvimento e execução do mobiliário, bem como as necessidades do projeto. As etapas se dividem em: •

Definição geral do problema – Objetivos, justificativa e metodologia de pesquisa.

Pesquisa bibliográfica – Utilização de livros, revistas, editais, materiais de congressos, internet e pesquisas. Fundamentação teórica através de assuntos relacionados ao projeto, relação histórica, contexto atual.

Coleta de dados – Pesquisa de público alvo, verificação de características e necessidades. Pesquisa de mercado, verificação de similares nacionais, internacionais e concorrentes diretos, fatores e exigências do mercado. Pesquisa de campo, dimensionamento de salas de estar de apartamentos de 1 e 2 quartos.

Análise de dados – Conclusões das pesquisas feitas, verificação de oportunidades de produtos e de mercado.

Conceito de projeto – definição do que será projetado, conceituação social, cultural, comercial e estética.

Criatividade – Geração de alternativas, processo indutivo para definição de mobiliário e layout.


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Materiais e tecnologia – escolha de materiais e processos de produção baseados na pesquisa do item 2.4 e coleta de dados.

Detalhamento – representação bi e tridimensional do mobiliário com suas especificações. Inserção do produto no ambiente e representação digital.

Execução do projeto.

3.2 PESQUISA DE PÚBLICO ALVO A pesquisa de público alvo foi realizada no período do dia 16 ao dia 23 de abril, na região sul e sudeste, através de questionários relativos à algumas características dos entrevistados, estilos de morar e configuração do espaço residencial. O resultado das pesquisas foi convertido em gráficos para melhor analisar os dados obtidos. A pesquisa foi feita de três maneiras: em ambiente acadêmico, pessoalmente com a entrega dos questionários; através de email (Ver apêndice A) e pela internet, disponível por um período de sete dias (ver apêndice B). Quanto às características e estilo de vida no sentido de “morar”, foram feitas algumas observações em relação ao resultado das respostas. 1 - Idade do respondente: A grande maioria, 90%, tem até 35 anos e apenas 10% têm acima de 35 anos. Ver gráfico 1;

Gráfico 1 – Idade do respondente Fonte: Arquivo pessoal


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2- Tipo de habitação: Dos 60 entrevistados, 60% mora em apartamento e 37% em casa. Outros 3% responderam kitinete. Ver gráfico 2;

Gráfico 2 – Tipo de habitação Fonte: Arquivo pessoal

3 - Situação atual: 90% são estudantes e 95% deles não mora com criança. Outra observação é que 62% das pessoas possui animal de estimação e 38% não. Ver gráfico 3;

Gráfico 3 – Situação atual Fonte: Arquivo pessoal

4 - Com quem mora: Em 28% das respostas, os entrevistados moram com mais uma pessoa, seguidos de 25% que moram com mais duas e 20% com mais três pessoas. Os que moram sozinhos e com mais de três pessoas, representam 18% e 8% respectivamente. Ver gráfico 4;


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Gráfico 4 – Com quem mora Fonte: Arquivo pessoal

Analisando a sala de estar como ambiente ao qual o projeto de mobiliário está direcionado, foi possível observar que: 5 - Ambientes conjugados: Em 52% das respostas, a sala de jantar ou o espaço para refeições está conjugado com a sala de estar, seguidos de 28% que não possui ambientes conjugados e 20% que possuem cozinha junto com a sala. Ver gráfico 5;

Gráfico 5 – Ambientes conjugados Fonte: Arquivo pessoal


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6 – Atividades que acontecem na sala de estar: Em relação às atividades que acontecem na sala, receber amigos e assistir TV, estão em 93% e 90% das respostas, respectivamente. As demais atividades citadas, como estudar, trabalhar, fazer refeições e ler ficam em terceiro lugar com porcentagem muito próxima. Ver gráfico 6;

Gráfico 6 – Atividades que acontecem na sala de estar Fonte: Arquivo pessoal

7 – Elementos de apoio às atividades: Os elementos mais citados, que dão apoio às atividades citadas acima, foram cadeira, em primeiro lugar com 70%, sofá com 63%, mesa com 48% e estante, mesa de centro e pufe ou banco em quarto lugar com porcentagem média de 25%. Ver gráfico 7;


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Gráfico 7 – Elementos de apoio às atividades Fonte: Arquivo pessoal

8 – Elementos que encontram-se na sala de estar: Os elementos ou objetos que as pessoas guardam na sala de estar são consecutivamente, pela quantidade de respostas: objetos de decoração, TV, DVD’s, CD’s e aparelho de som. Possuem também, em menor número de respostas: portaretratos, revistas e livros. Ver gráfico 8;

Gráfico 8 – Elementos que encontram-se na sala de estar Fonte: Arquivo pessoal


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9 – Fatores decisivos na hora da compra: Entre os fatores considerados importantes para a compra de mobiliário, foram apontados como principais a qualidade do produto, a aparência ou estética e sua funcionalidade. Estes fatores ficaram com uma porcentagem muito próxima na pesquisa, praticamente sem diferenciação de mais ou menos importante. Em quarta posição fica o preço do produto, seguido do acabamento e da marca.

Gráfico 9 – Fatores decisivos na hora da compra Fonte: Arquivo pessoal

3.2.1 Análise do público alvo A partir de pesquisa feita com 60 pessoas, foi possível definir características do público alvo ao qual o projeto se destina. Estas pessoas têm até 35 anos, ou seja, é um público considerado jovem, moram em apartamento e são estudantes. A maioria não mora com criança e possui animal de estimação. Possuem sala de estar e jantar conjugadas e neste espaço recebem amigos, assistem TV e fazem refeições. Para dar apoio a estas atividades, a sala de estar dispõe basicamente de mesa, cadeira, sofá, estante, mesa de centro e pufes ou bancos. Objetos de decoração, TV, DVDs, CDs, aparelho de som, revistas e livros encontram-se também na sala de estar, utilizando estes móveis como suporte. Este tipo de público alvo considera que qualidade,


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estética e a funcionalidade dos móveis são os fatores mais importantes e considerados na hora da compra. O cliente tem um perfil prático, exigente com a estética, e busca por algo que facilite suas atividades de maneira elegante. São pessoas que optam por morar sozinhas, ou em pequenos grupos e que escolhem espaços reduzidos pela praticidade ou pelo estilo de vida que levam. Trata-se de um segmento de mercado intermediário, de clientes com poder aquisitivo para investir em qualidade, que valorizam o conceito estético dos seus móveis para criar sensações e também a funcionalidade dos mesmos, por tratarem-se de utilitários. 3. 3 PESQUISA DE CAMPO 3.3.1 Pesquisa de mercado local A pesquisa de mercado local foi feita em seis lojas na região da grande Florianópolis, abrangendo diferentes empresas no sentido de qualidade, preço e público alvo dos produtos. Desenvolvida no período de 29 de abril a 5 de maio, foi possível visitar os departamentos e fazer a análise de seus produtos em relação aos fatores levantados pelo público alvo como mais importantes, incluindo materiais, preço e diferenciais que algumas lojas apresentam (ver apêndice C). Analisando as respostas obtidas nas pesquisas em seis lojas diferentes, foi possível resumir algumas características comuns entre elas. Observou-se que a maioria das cadeiras tem estrutura de metal e oferecem boa qualidade de material. São minimalistas, ou seja, não possuem ornamentos, apenas a parte estrutural. Favorecem a postura correta e conforto, considerando o tempo de uso. Os preços variam de R$ 100,00 a 300,00 e de R$500,00 a 1.000,00, dependendo da loja. Os sofás são considerados um mobiliário a parte, no sentido de que os clientes normalmente vão até a loja a procura de estofados e não os relacionam com os demais mobiliários. O sofá é algo que se vende por si só, não sendo dependente de mobílias como estante, mesa ou cadeiras. Pela pesquisa, conclui-se que normalmente a estrutura é de madeira e o revestimento de tecido, couro ou imitações de couro. Oferecem boa estabilidade e resistência, formas mais


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quadradas e poucos detalhes ornamentais, podendo ser fabricado de acordo com o tamanho do ambiente do cliente. O preço é acima de R$1.000,00 Entre as mesas de copas ou refeições, destaca-se o uso de painéis de madeira e vidro como materiais. São normalmente materiais de boa qualidade e com ornamentos. São, assim como as cadeiras, favoráveis á postura e com preços que variam ente R$100,00 a 300,00 e entre R$500,00 e 1.000,00. As estantes analisadas são na maioria feitas de MDF e MDP, com painéis melamínicos ou de madeira ou até imitação de madeira natural. Destaca-se o uso de vidro nas prateleiras e materiais de boa qualidade. O formato é retangular ou quadrado, com alguns ornamentos. São normalmente multifuncionais e custam acima de R$1.000,00. As mesas de centro estão cada vez mais baixas e são normalmente feitas de painel de madeira com imitação de madeira natural. Os materiais são de boa qualidade, sem muitos ornamentos e as formas são mais retangulares e quadradas. Custam em média de R$500,00 a R$1.000,00. As banquetas, bancos e pufes têm estrutura em metal e revestimento em tecido, ou imitação de couro. As formas são a maioria das vezes arredondadas e sem ornamentos. Oferecem conforto considerando o uso não muito prolongado e custam em média até R$100,00. 3.3.1.1 Análise da pesquisa de mercado local Considerando os lugares de pesquisa e seus clientes, pode classificar as lojas em três grupos de acordo com o preço dos produtos, qualidade dos materiais e apelo estético. Grupo 1 – mobiliário popular, de baixo custo. Grupo 2 – mobiliário popular, com maior qualidade, preço mais alto, estética atraente e funcionalidade. Grupo 3 – mobiliário de alto custo, materiais exclusivos, caros e de qualidade, alto valor estético, peças de design. Nas lojas do grupo 1 utiliza-se muito materiais como MDF e MDP, painéis melamínicos, PVC e aço cromado, enquanto nas lojas do grupo 3, utiliza-se mais madeira maciça, painéis de madeira natural para revestimentos, madeira de demolição e alumínio. Outro material que se destaca é a laca, que cria efeito vitrificado muito parecido com o vidro. O revestimento dos estofados são na maioria de tecidos ou couro sintético, muito parecido com o material natural. As marcas são variadas, entre as analisadas estão Rudnik,


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Carraro, Artely, Madesa, Tokstok, produtos de designers e também muitas imitações de produtos famosos de design como, por exemplo, a cadeira “Bee” a bancos italianos fabricados com outros materiais e vendidos por preço mais acessível. Em um contexto geral, analisando os dados da pesquisa foi possível concluir que os aspectos funcionais são os menos atendidos. Os aspectos estéticos têm um apelo que varia de acordo com o público alvo de cada loja, mas que dentro de seus grupos acima citados, são muito parecidos esteticamente. Não se encontra muita modularidade e muitas vezes a montagem do móvel não pode ser feita pelo cliente. 3.3.2 Pesquisa de mercado nacional Para a pesquisa de similares nacionais, foi considerada a funcionalidade dos produtos, a qualidade e o apelo estético. Os produtos foram observados em uma feira de móveis que aconteceu no mês de março no Rio Grande do Sul, a MOVELSUL, onde foi possível observar os produtos pessoalmente e fazer análises. Foram selecionados alguns exemplos que representam estas características. 1 – Coleção “Hi-Fi” da empresa Tremarim Móveis. Descreve a coleção como valorização da estética, recuperação da essência das pessoas, minimalismo e apelo ecológico na escolha das matérias primas. Ver figura 22.

Figura 22 – Coleção Hi-Fi Fonte: Arquivo pessoal

2 – Mesa Pufe da estudante Paula Pilan. Ganhou prêmio na modalidade estudante no salão de design Movelsul 2008. O móvel é multifuncional, servindo como mesa, banco e porta objetos. Ver figura 23.


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Figura 23 – Mesa Pufe Fonte: Arquivo pessoal

3 – Sistema tubos da empresa Pratika. Trata-se de um sistema de móveis tubulares e modulares, que podem ser comprados de acordo com a necessidade e espaço. São utilizados os materiais alumínio com pintura epóxi e painéis de aglomerado. Ver figura 24.

Figura 24 – Estante tubular Fonte: Arquivo pessoal

4 – Estante e rack Íris da empresa Dimare. Adota os conceitos tradicionais de estante e móvel para TV, utilizando materiais e cores encontrados na maioria dos similares e possui rodízios. Ver figura 25.


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Figura 25 – Estante Íris Fonte: Arquivo pessoal

5 – Sistema Carrapixo do escritório Indio da Costa Design. O produto ganhou primeiro lugar na categoria profissional no Salão de design Casa Brasil em 2007. Trata-se de uma estação de trabalho fixa na parede que ocupa pouco espaço e suporta as necessidades básicas de trabalho. Ver figura 26.

Figura 26 – Sistema Carrapixo Fonte: Arquivo pessoal


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3.3.2.1 Análise de pesquisa de mercado nacional As lojas expositoras vinham de todo Brasil e a feira é considerada como uma oportunidade para o lançamento de novidades e tendências na área de mobiliário. Visitando as lojas e percebendo os variados estilos e conceitos, algumas se destacam por adotar completamente tendências de cores e formas atuais, outras pelo baixo custo final, e outras, pela característica funcional de seus produtos, além de qualidade, materiais entre outros. Dentre os vários expositores, poucos trabalham com mobiliário compacto, alguns oferecem opções multifuncionais e existe uma grande preocupação com o estilo e estética dos produtos. 3.3.3 Pesquisa de mercado internacional Na pesquisa de mercado internacional, buscou-se relacionar um contexto próximo da finalidade do projeto. A loja Ikea foi selecionada como segmento internacional de grande atuação no setor de mobiliário internacional, com venda pela internet e rede de lojas em todo mundo. Oferece móveis modulares, em variadas cores e tamanhos e com preços razoáveis. Entre as diversas opções no segmento de móveis, foram selecionados alguns para representar os similares do projeto, considerando o tipo material utilizado, a função do produto e a estética. 1 – As opções de cadeiras são muitas. Existe opção de materiais como fibras, madeira e polímero (ver figura 27), bem como serem empilháveis ou com mecanismos de armar e desarmar.

Figura 27 – Cadeiras Ikea Fonte: Ikea 2008


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2 – Mesas de centro em variadas cores, modelos e materiais. Podem ser empilháveis, com mecanismos para aumentar o tamanho, e em diferentes formas (ver figura 28). O material utilizado normalmente são os painéis de madeira, metal e vidro.

Figura 28 – Mesas de centro IKEA Fonte: Ikea 2008

3 – Estantes e móveis para TV, modulares ou não, utilizam normalmente painéis de madeira como material e prevêem a utilização de televisores grandes e periféricos como DVD (ver figura 29). Existem diversas opções com rodízios e estão disponíveis em variadas cores.

Figura 29 – Estantes Ikea Fonte: Ikea 2008

4 – Pufes em variados formatos, cores e preços. A capa de cobertura permite fácil lavagem e variação de cor (ver figura 30). A estrutura é normalmente de madeira ou metal, estofado de espuma e revestimento em tecido.


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Figura 30 – Pufes Ikea Fonte: Ikea 2008

3.3.3.1 Análise da pesquisa de mercado internacional A grande variedade de móveis e módulos permite a montagem de acordo com a necessidade do cliente. A opção de variação de cores também auxilia na personalização do produto. A loja IKEA é reconhecida no mundo todo pela praticidade e pelos bons preços que oferece. Observa-se que os móveis são individuais, ou seja, não existe um conjunto já pronto, modular ou não, para montar um ambiente, os produtos são soltos e comprados separados. Oferece variados materiais para atender diversos gostos. 3.3.4 Pesquisa de dimensionamento de salas de estar A pesquisa de apartamentos foi feita em imobiliárias e construtoras da região da grande Florianópolis, analisando apartamentos recém entregues ou ainda em fase de construção. Entre as imagens encontradas, foram selecionados três espaços que exemplificam o conceito de morar em ambientes pequenos. Trata-se de apartamentos de ótima localização, novos ou ainda em fase de construção. As dimensões apresentadas mostram, portanto, a tendência de medidas para salas de estar e jantar atualmente, o que nos leva a concluir que os dimensionamentos são realmente cada vez menores.


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1 – Na figura 31 abaixo, está representado a planta de um loft tipo, mostrando o piso inferior do apartamento onde se encontra a sala de estar. A sala está conjugada com o espaço para refeição e separada da cozinha por uma bancada e apresenta um formato quadrado.

Figura 31 – Loft Fonte: Dirani 2008

2 – Na figura 32, observa-se que o apartamento de 1 dormitório, possui sala de estar e jantar em uma área de 15,73m². O acesso à cozinha, à sacada e aos quartos é feito a partir da sala. O espaço de refeições e jantar é conjugado e o formato é retangular.

Figura 32 - Apartamento de um dormitório Fonte: Hantei 2008


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3 – Na figura 33, o apartamento de dois dormitórios possui área da sala de estar e jantar de 13,23m². O acesso à sacada e aos demais cômodos é através da sala que está totalmente separada da cozinha. O formato da sala é retangular.

Figura 33 - Apartamento de dois dormitórios Fonte: Criciúma 2008

3.3.4.1 Análise da pesquisa de dimensionamentos de salas de estar Analisando as figuras demonstrativas acima, pode-se concluir que os apartamentos atuais apresentam medidas médias de sala de estar e espaço para refeição de 13m². Os formatos são normalmente retangulares ou quadrados. A sala de estar não fica isolada, ou seja, é espaço de circulação para outros ambientes e está conjugada com outros espaços. O mobiliário para este espaço deve então ser adaptável aos formatos encontrados e ao tamanho médio definido, podendo ser distribuído de maneira que não interfira na circulação das pessoas no ambiente. 3.4 REQUISITOS DO PROJETO Os requisitos do projeto estão baseados na pesquisa de público alvo e de mercado e na fundamentação teórica, como base para a evolução do conceito de mobiliário, de maneiras de morar e das atividades que se realizam nestes espaços. É necessário ao projeto: •

Resolver um problema - espaços menores, salas multifuncionais, mobiliário para suporte


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Disponibilizar design para mais pessoas – design e qualidade também nos produtos de menor custo, com estética atraente e qualidade

Mobiliário modulado – que facilite possíveis mudanças e mudanças de layout

Conforto – proporcionar conforto enquanto utilizado, dar suporte, facilitando as atividades

Público alvo jovem e estudante – estética que corresponda ao estilo e necessidades dos jovens de hoje

Estética atraente – com base na pesquisa de público alvo e mercado, a estética é um dos fatores mais considerados na hora da compra

Materiais de qualidade – utilizar materiais de qualidade que dêem vida útil longa ao produto e fácil manutenção

Qualidade de acabamentos – acabamentos e encaixes de fácil montagem, que não interfiram na estética do produto

Formas e modulação que facilite a mobilidade e funcionalidade do produto

Salas multifuncionais – mobiliário compacto que caiba em diferentes formas de sala e que de suporte à diferentes atividades que acontecem na sala de estar, como assistir TV, receber amigos e fazer refeições

Ergonomia e antropometria – mobiliário projetado dentro dos conceitos de dimensões corporais e espaciais, considerando a atividade que dele será necessário.

Produto com características intermediárias, acessível a mais pessoas com relação custo-benefício.

3.5 CONCEITO INICIAL A geração do conceito inicial do projeto foi feita através de brainstorming (ver figura 34), com idéias relacionadas ao objetivo co projeto e ao perfil do público alvo.


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Figura 34 – Brainstorming Fonte: Arquivo pessoal

A partir do brainstorming foi feita uma matriz semântica (ver figura 35), que ajuda a fazer conclusões sobre as características e sensações que o projeto quer transmitir.

Figura 35 – Matriz semântica Fonte: Arquivo pessoal


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Baseado na matriz semântica foram gerados painéis semânticos com imagens referentes ao estilo de vida do público alvo (ver figura 36) e referentes à expressão do produto, com imagens referentes aos conceitos que ele deve transmitir (ver figura 37).

Figura 36 – Painel do estilo de vida Fonte: Arquivo pessoal

Figura 37 – Painel de conceitos do produto Fonte: Arquivo pessoal


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3.5.1 Análise do conceito inicial A leitura da matriz semântica descreve um produto multifuncional, compacto, prático, modular, de qualidade e com aparência leve e discreta. Versátil para atender às necessidades do público alvo ativo, com formas mais sóbrias e com relação à natureza. Reforça a idéia de estilos próprios e tem características joviais ou de jovens adultos. A sua disposição deve favorecer à organização e sua superfície deve ser limpa e lisa, para facilitar a limpeza. O estilo é mais clássico e neutro para agradar aos diversos gostos e estilos do público alvo. Serão projetados móveis para a sala de estar, para pessoas que moram sozinhas ou com amigos, como estudantes ou famílias pequenas, que moram em apartamento com espaço reduzido. Está destinado à pessoas que têm poder aquisitivo para comprar mobiliário de qualidade, não querem investir em projetos sob medida e que procuram móveis funcionais que aproveite o espaço disponível. Os móveis serão modulares visando a praticidade de movimentação e adequação ao espaço. A função do mobiliário será baseada nas atividades de receber amigos em casa, fazer refeições, assistir TV e descansar. 3.6 ZONEAMENTO FUNCIONAL O zoneamento funcional serve para visualizar as áreas de circulação e de atividades dentro do ambiente. Neste caso, os espaços são as salas nas plantas dos apartamentos selecionados no estudo de dimensionamentos de salas de estar. As atividades consideradas foram Assistir TV, receber amigos e fazer refeições. Receber amigos é parte dos demais itens, uma vez que podem acontecem ao mesmo tempo. A cor vermelha representa a área de lazer e descanso e espaço para TV. A área verde representa o espaço para refeição. As flechas pretas representam a circulação dentro do apartamento, considerando entradas, saídas e posição das portas. Ver figura 38.


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Figura 38 – Zoneamento funcional Fonte: Arquivo pessoal

Com os espaços pré-definidos, foram colocadas opções de disposição de móveis, considerando que o espaço para refeição fica mais próximo à cozinha e a área de lazer mais próximo às paredes e cantos ou sacada, quando houver. Ver figura 39.

Figura 39 – Disposição dos móveis Fonte: Arquivo pessoal

3.6.1 Análise do zoneamento funcional Por tratar-se de um espaço reduzido, as áreas conjugadas devem se relacionar, sem bloquear a passagem de uma para a outra e assim dando sensação de amplitude e de mais espaço para movimentação. Os móveis modulares facilitam a disposição em diferentes salas sendo que os sofás aparecem normalmente em dois e três lugares. Para criar um ambiente “limpo”, não existe muito espaço para periféricos e pequenos móveis aleatórios. Os mesmos módulos deverão, portanto,


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servir para diferentes funções como sentar, comer e suportar objetos como TV, aparelho de som, CDs, DVDs, livros e revistas. As dimensões devem ser proporcionais para que haja relação entre um módulo e outro. Observando a figura 39 acima, percebe-se que o sofá necessita de dois ou mais módulos; o suporte para TV pode ter medida de largura maior que os módulos do sofá, porém menor profundidade; a mesa de centro no centro da sala não permite o uso de pufes ou descansa pés perto do sofá; a sacada está ligada à área de estar; a área de refeições está perto da cozinha e mesmo estando no mesmo ambiente, possui espaço isolado. 3.7 CRIATIVIDADE 3.7.1 Geração de alternativas 1 – Primeiras alternativas de mobiliário modular. Objetivo de obter móveis multifuncionais e práticos de montar. Ver figura 40.

Figura 40 – Geração de alternativas 1 Fonte: Arquivo pessoal


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2 – Continuação da geração. Definição de “o que vira o que”. Ver figura 41. Objetos pequenos que pudessem se juntar e formar algo. Observa-se no zoneamento funcional, que se houver sofá, mesa de centro e rack de TV ou outro sofá, um de frente para o outro, não existe espaço suficiente para nenhum outro objeto. Cria-se então, a opção de um banco, descanso de pés que pudesse ser mesa de centro, já que não podem ser usados ao mesmo tempo. Opção de criar uma prateleira que pudesse ser usada também no chão, para suporte da TV. Ver figura 41.

Figura 41 – Geração de alternativas 2 Fonte: Arquivo pessoal

3 – Continuação da geração. Prateleira que dê suporte aos objetos citados na pesquisa de público alvo, sempre considerando a facilidade de montagem e praticidade de uso. Definição de formas e detalhes. Abertura lateral que permite colocar objetos por todos os lados da prateleira. A abertura lateral tornaria a prateleira muito profunda, pesada e quase impossível de ser fixada facilmente na parede. Utilização da abertura lateral no rack que fica no chão. Ver figura 42.

Figura 42 – Geração de alternativas 3 Fonte: Arquivo pessoal


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4 – Continuação da geração. Móvel que sirva como sofá ou suporte para descanso. Por ser um público alvo jovem, não teria problema trabalhar com mobiliário mais baixo, que de acordo com a pesquisa de mercado, está sendo muito utilizado atualmente. O sofá pode ter a mesma altura do pufes, podendo um complementar o outro. Uma abertura inferior serviria como suporte para livros e controles de TV e vídeo. A parte superior do pufe pode ser removível, pois a parte inferior vira uma mesa de centro e as almofadas podem ser usadas para sentar no chão. Como a intenção é produzir um mobiliário modular, que otimize a produção, e facilite a montagem para o cliente, foi pensado em um único módulo que pudesse servir como rack para TV, sofá e pé da mesa. Dependendo do tamanho do espaço, podem ser necessários uma ou mais unidades do mesmo produto. Com isso, a prateleira por exemplo, deve ter um elemento que de continuidade a uma possível seqüência de móveis que podem estar um ao lado do outro, sem necessariamente parecer que é mais de um módulo.Ver figura 43.

Figura 43 – Geração de alternativas 4 Fonte: Arquivo pessoal


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5 – Continuação da geração. Nesta fase os conceitos de módulo e forma já estavam pré-definidos. Os produtos necessários seriam: rack, sofá, mesa de centro, banco, mesa de refeições e estante. Para facilitar a compra, montagem e funcionalidade dos móveis, foram criados: rack de TV; dois racks de TV mais almofada que viram sofá; pufe com almofada que vira mesa de centro e almofada de chão; mesa de refeição e prateleira. As formas foram então pensadas para atender diferentes funções. O detalhe nas laterais possibilita a junção de dois módulos parecendo ser um só. A base da mesa de refeições pode ser o mesmo rack, na posição vertical, com um encaixe do tampo em um dos nichos da base. Ver figura 44.

Figura 44 – Geração de alternativas 5 Fonte: Arquivo pessoal

6 – Refinamento da forma e alterações. A base de sustentação da mesa não tinha medida suficiente para deixar-la estável. Foi necessário então criar uma nova base, acrescentando mais um módulo a composição. Foi criada também uma base inferior para os módulos rack, banco e pé da mesa que dá a impressão de que o móvel não toca o chão e também pelo fato de aumentar um pouco a altura, que no caso do banco, é necessário para realizar refeições com conforto.Ver figura 45.


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Figura 45 – Refinamento da forma e alterações Fonte: Arquivo pessoal

3.7.2 Definição do mobiliário A definição dos módulos com as medidas finais, acabamentos e materiais utilizados foi feita após análise do processo de produção. Algumas alterações foram feitas com o objetivo de melhor aproveitar o material de sustentação que é o MDF e dar melhor sustentação às bases dos móveis. a) Tampo da mesa; A medida final é de 90 x 90 x 8,5 cm, medidas ideais para 4 pessoas. O sistema de montagem é simples, sem a necessidade de ferramentas ou parafusos. O material de sustentação é somente madeira, com um eixo central que encaixa no pé da mesa. Ver figura 46.


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Figura 46 – Tampo da mesa Fonte: Arquivo pessoal

b) Pé da mesa; O pé da mesa sofreu alterações na base que fica em contato com o chão, aumentando de espessura, largura e profundidade, para dar melhor sustentação ao tampo. A abertura no centro do móvel também foi alterada, para que o encaixe do tampo fique totalmente escondido. Ver figura 47.

Figura 47 – Pé da mesa Fonte: Arquivo pessoal


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c) Rack e sofá; O rack que serve também como sofá sofreu alterações na base, onde será implantada uma luminária para dar um efeito de não tocar o chão. A base foi também alterada assim como o pé da mesa, para ficar proporcional e melhorar a sustentação. Os dois módulos unidos servem como base do sofá, que terá uma almofada sobre eles, presa com velcros para não escorregar ao sentar. A almofada é de courríssimo preto, brilhoso, que possui grau de brilho próximo ao brilho da pintura preta do móvel. Ver figura 48.

Figura 48 – Rack e sofá Fonte: Arquivo pessoal

d) Nicho; O nicho que é também prateleira ou estante serve principalmente para colocar objetos mais altos, luminárias ou aparelhos eletrônicos. Possui uma iluminação embutida na parte superior que destaca os objetos ali dispostos. A lâmpada poderia ser totalmente embutida no móvel, mas em caso de uma delas queimar, ficaria impossível trocá-la, então foi feita uma moldura preta no móvel e a lâmpada fica mais baixa e mais acessível. O efeito de lambris na parte frontal tem o objetivo de


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dar continuidade aos módulos quando usados um ao lado do outro. Ver figura 49. A fixação da parede é feita com ferramenta macho e fêmea, sendo que uma está embutida na parte anterior do móvel e se encaixa na outra fixada anteriormente na parede. São dois parafusos de cabeça flanqueada, fixos na parede, que se encaixam na abertura do móvel e a sustentação se dá também através do peso do móvel. Para retirar o móvel, basta pressionar e puxar para cima.

Figura 49 – Nicho Fonte: Arquivo pessoal

e) Banco e mesa de centro; Os bancos servem como apoio para refeições, descanso de pés em frente ao sofá e como mesa de centro, quanto removida a tampa com a almofada. Assim como no sofá, a almofada é fixada no tampo com velcro. A altura da mesa de centro foi alterada devido a mudanças na tampa. Para obter um bom acabamento e não deixar muita diferença de tamanho entre a mesa de centro e a tampa que forma o banco, foi feito um rebaixe de 0.5 cm na tampa que encaixa no banco e dá a resistência necessária e então a redução da mesa de centro para que a altura final ficasse igual ao sofá e ao rack. Ver figura 50


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Figura 50 – Banco e mesa de centro Fonte: Arquivo pessoal

3.7.3 Definição do lay out O lay out dos móveis é uma composição de mesa, bancos, rack de TV, nicho e sofá, utilizando tons de madeira pelo efeito natural, e preto pela sofisticação, fácil limpeza e fácil composição com outros tons. A figura 51 mostra um exemplo de composição com as cores que serão utilizadas.


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Figura 51 – Composição Fonte: Arquivo pessoal

3.7.3.1 Distribuição dos módulos nos ambientes Para visualizar a composição em um ambiente, foram utilizados os apartamentos estudados, com as dimensões reais das salas de estar e proporcionalmente os módulos projetados. Os módulos estão relacionados com a seguinte legenda:


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1 – Loft representado anteriormente na figura 31. Possível disposição dos módulos para compor a sala. Ver figura 52.

Figura 52 – Loft com móveis Fonte: Arquivo pessoal


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2 – Apartamento de 1 dormitório representado anteriormente na figura 32.

Figura 53 – Apartamento de 1 dormitório com móveis Fonte: Arquivo pessoal


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3 – Apartamento de 2 dormitórios representado anteriormente na figura 33.

Figura 54 – Apartamento de 2 dormitórios com móveis Fonte: Arquivo pessoal

Analisando a maneira como os móveis podem ser distribuídos, conclui-se que a forma adotada para os módulos, suas dimensões e combinações de cores,


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permitem variadas alternativas de montagem e combinações. As salas de formatos diferentes mostram que fica fácil adequar os móveis às dimensões do ambiente, aproveitando as diferentes funções de um só módulo. Esta distribuição foi feita respeitando o zoneamento funcional, as áreas de circulação e considerando áreas de cozinha e sacada. Podem-se fazer outras composições, acordo com a preferência de cada um. 3.7.3.2 Materiais e tecnologia O material utilizado para sustentação foi o MDF, pelas suas características físicas e mecânicas e pela facilidade de acabamentos que ele permite. As superfícies terão acabamento com pintura na parte preta e laminação melamínica na parte de madeira. A pintura utilizada chama-se “Golfrato” e pode ser fosca ou brilhosa. A pintura escolhida foi a semi-brilho. O efeito fosco proporciona melhor acabamento e correção de imperfeições. A pintura semi-brilho foi escolhida para ter efeito parecido ao da superfície laminada de madeira. A laminação será feita com o painel melamínico “teca” que imita um laminado de madeira. A cor do painel chama-se Teca Bali e é fornecida pela Duratex. 3.7.4 Detalhamento Desenho técnico e detalhamento do tampo da mesa. Ver apêndice D. Desenho técnico e detalhamento do pé da mesa. Ver apêndice E. Desenho técnico e detalhamento do rack e sofá. Ver apêndice F. Desenho técnico e detalhamento do nicho. Ver apêndice G. Desenho técnico e detalhamento do banco. Ver apêndice H. Desenho técnico e detalhamento das almofadas. Ver apêndice I. 3.7.5 Relatório de procedimentos e custos do móvel A laminação foi um processo trabalhoso e demorado. O estudo de outros revestimentos poderia proporcionar efeito semelhante e mais fácil, para agilizar a produção.


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A superfície de tinta preta poderia ser mais fosca e com fundo preto, para evitar que apareçam muitos arranhões e piques no acabamento. Talvez a chapa melamínica preta seria uma boa opção para esta finalidade. Por se tratarem de móveis pequenos, os custos finais não foram altos. O protótipo foi produzido em marcenaria de móveis sob medida, sendo assim, o tempo de produção foi alto, de aproximadamente 50 horas pois usa procedimentos de corte e montagem diferente dos móveis sob medida. Se os mesmo móveis fossem produzidos em maior quantidade, o custo de produção (mão de obra e material) baixaria muito, em até 25%. Isso acontece porque o plano de corte é feito antes de escolher o material e acabamento a ser usado, aproveitando o máximo o material e economizando tempo. O custo dos módulos pode ser dividido em percentuais. O valor aproximado de cada módulo é: Rack 25% Mesa 35% Banco 20% Nicho 20% O custo total para indústria (considerando que foi uma empresa de pequeno porte quem desenvolveu o protótipo) foi de R$1.398,00, incluindo luminárias e almofadas e o faturamento médio de indústria deste porte é de 40% sobre o valor do custo. 3.7.6 Memorial descritivo A figura 55 mostra os protótipos produzidos em escala real, descrevendo seus detalhes, funcionalidade e maneiras de montar.


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Figura 55 – Memorial descritivo Fonte: Arquivo pessoal


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3.7.8 Variação de cores Os módulos produzidos possuem formas neutras, que possibilitam uma certa personalização, uma variação de cores e texturas que podem atribuir ao mobiliário características ainda mais versáteis em relação ao público alvo. A combinação de cores do móvel e a textura e cores das almofadas foram selecionadas como opção para diferentes estilos de clientes. Ver figura 56.

Figura 56 – Variação de cores Fonte: Arquivo pessoal


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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 4.1 CONCLUSÃO O trabalho cumpriu com as etapas de desenvolvimento e abordou temas pertinentes que serviram como justificativa do resultado final. A pesquisa bibliográfica, juntamente com a pesquisa de campo e público alvo, foram decisivas para definir formas, tamanhos e funções dos móveis. Com o resultado final, concluise que o projeto cumpre com os objetivos iniciais de ser um produto flexível e adaptável à diferentes atividades e espaços, tanto no tamanho quanto no formato. Com as pesquisas obteve-se a resposta de qual conceito o projeto deveria ter, direcionando-o para um público alvo jovem, quem mora sozinho ou com poucas pessoas. Outro objetivo importante atingido foi a praticidade para montagem e transporte que a modulação dos móveis proporciona. A pesquisa de materiais, tanto bibliográfica quanto a saída de campo, foram de grande valor para escolher materiais duráveis, que não agridam o meio ambiente e sejam ideais para diferentes usos. Conclui-se também que antes de finalizar um projeto, deve-se atentar ao processo de produção que irá sofrer, aproveitando as características das matériasprimas e materiais utilizados, sejam elas dimensões, acabamentos finais, manutenção, durabilidade, entre outros, e fazer necessárias alterações que possam otimizar a execução e posterior uso do produto. Este é um projeto que pode ser alterado, agregando diferenciais que o tornem ainda mais práticos e com diferentes resultados finais. 4.2 FUTUROS ESTUDOS Quando se fala em possíveis alterações, trata-se de mudanças simples que podem agregar mais valor ao produto e até personalizá-lo de acordo com as preferências do cliente. O uso de rodízios pode ser feito tanto na base do banco e mesa de centro, quanto no rack. Seria uma maneira de torná-lo ainda mais funcional pela mobilidade dentro de um espaço pequeno. Mudança de cores é outro diferencial que poderia proporcionar grande estilo ao móvel. A variação de cores com madeira cria efeito interessante, podendo


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relacionar-se com a cor do estofado liso ou estampado e deixando o ambiente ainda mais com a cara do dono. O sistema modular pode ainda funcionar em outros ambientes. Seria poss铆vel trabalhar com o mesmo conceito de modularidade e montagem em outros ambientes da casa, como quarto e escrit贸rio.


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APÊNDICE


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APÊNDICE A – Questionário de público alvo Pesquisa de público alvo para Trabalho de Conclusão de Curso de Design – UNISUL Projeto de Mobiliário. Aluna Mariana Lottici Amboni. Idade __ de 20 a 35 anos __ mais de 35 anos Estudante __ sim __ não Mora com criança? __ sim __ não Tem animal de estimação? __ sim __ não Mora em __ casa __ apto Mora __ sozinho __ com mais uma pessoa __ com mais duas pessoas __ com mais três pessoas __ com mais de três pessoas Em sua casa, quais ambientes são conjugados com a sala? (pode ter mais de uma resposta)

__ sala de jantar __ cozinha __ escritório __ quarto de hóspedes __ outros ___________ Qual o número máximo aproximado de pessoas que já recebeu em sua sala? ____


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Quais atividades acontecem na sala? Quais os elementos de apoio para cada atividade? __Assistir TV

__Fazer Refeições

__cadeira __puff/banco __sofá __mesa __mesa de centro __mesa de computador __mesa de canto __aparador __rack __estante __balcão __nichos __outros_____________

__cadeira __puff/banco __sofá __mesa __mesa de centro __mesa de computador __mesa de canto __aparador __rack __estante __balcão __nichos __outros_____________

__Estudar/Trabalhar __cadeira __puff/banco __sofá __mesa __mesa de centro __mesa de computador __mesa de canto __aparador __rack __estante __balcão __nichos __outros_____________ ___Ler __cadeira __puff/banco __sofá __mesa __mesa de centro __mesa de computador __mesa de canto __aparador __rack __estante __balcão __nichos __outros_____________

__Receber amigos __cadeira __puff/banco __sofá __mesa __mesa de centro __mesa de computador __mesa de canto __aparador __rack __estante __balcão __nichos __outros_____________

__Dormir __cadeira __puff/banco __sofá __mesa __mesa de centro __mesa de computador __mesa de canto __aparador __rack __estante __balcão __nichos __outros_____________

Continua na próxima página.


Quais elementos encontram-se na sala? __ Livros __ Revistas __ TV __ Aparelho de som __ Home theater __ DVDs __ CDs __ Prataria __ Calçados __ Porta-retratos __ Objetos de decoração __ Abajur __ Toalhas __ Material escolar __ Material de trabalho __ Outros _____________

Enumere, em ordem de importância (1 é o mais importante), os fatores considerados decisivos na hora de comprar seu mobiliário: __ Estética __ Preço __ Material __ Marca __ Qualidade __ Acabamento __ Funcionalidade do produto __ Outros ________________


APÊNDICE B – Questionário de público alvo na internet

1) Idade? de 20 a 35 anos mais de 35 anos 2) É estudante Sim Não 3) Mora com criança Sim Não 4) Tem animal de estimação Sim Não 5) Mora em Casa Apartamento 6) Mora sozinho com mais uma pessoa com mais duas pessoas com mais três pessoas com mais de três pessoas 7) Em sua casa, quais ambientes são conjugados com a sala? (pode ter mais de uma resposta) Nenhum sala de jantar/espaço para refeição cozinha escritório quarto de hóspedes Other

8) Qual o número máximo aproximado de pessoas que já recebeu em sua sala? _____


9) Quais atividades acontecem na sala? Assistir TV Estudar Trabalhar Ler Refeições Receber amigos Dormir Other 10) Quais os principais elementos de apoio para estas atividades? cadeira puff/banco sofá mesa mesa de centro mesa de computador mesa de canto aparador rack estante balcão nichos Other 11) Quais elementos encontram-se na sala? Livros Revistas TV Aparelho de som Home theater DVDs CDs Prataria Calçados Porta-retratos Objetos de decoração Abajur Toalhas Material escolar Material de trabalho Other


12) Enumere, em ordem de importância (1 é o mais importante), os fatores considerados decisivos na hora de comprar seu mobiliário: (média de 1 a 8) Estética Preço Material Marca Qualidade Acabamento Funcionalidade do produto Outro


APÊNDICE C – Pesquisa de campo de mercado


APÊNDICE D – Desenho técnico e detalhamento do tampo da mesa


APÊNDICE E -– Desenho técnico e detalhamento do pé da mesa


APÊNDICE F – Desenho técnico e detalhamento do rack e sofá


APÊNDICE G – Desenho técnico e detalhamento do nicho


APÊNDICE H – Desenho técnico e detalhamento do banco


APÊNDICE I – Desenho técnico e detalhamento das almofadas


ANEXO


ANEXO A – Questionário de público alvo respondido

O presente questionário destina-se à coleta de dados do público alvo. As respostas são referentes à soma dos resultados. Pesquisa de público alvo para Trabalho de Conclusão de Curso de Design – UNISUL Projeto de Mobiliário. Aluna Mariana Lottici Amboni. Pesquisa com o número total de respostas. Os elementos de apoio para atividades e os fatores considerados decisivos para compra de mobiliário possuem diferentes respostas nesta pesquisa e na pesquisa disponibilizada na internet (ver apêndice 2). Idade _54_ de 20 a 35 anos _06_ mais de 35 anos Estudante _54_ sim _06_ não Mora com criança? _03_ sim _57_ não Tem animal de estimação? _37_ sim _23_ não Mora em _22_ casa _36_ apto Outros responderam __kitinete__ Mora _11_ sozinho _17_ com mais uma pessoa _15_ com mais duas pessoas _12_ com mais três pessoas _05_ com mais de três pessoas Em sua casa, quais ambientes são conjugados com a sala? (pode ter mais de uma resposta) _31_ sala de jantar _12_ cozinha _--_ escritório _--_ quarto de hóspedes _19_ nenhum Outros responderam __bar, todas as opções__ Qual o número máximo aproximado de pessoas que já recebeu em sua sala? __média calculada de 9 pessoas_


Quais atividades acontecem na sala? Quais os elementos de apoio para cada atividade?

_26_Assistir TV _14_cadeira _07_puff/banco _16_sofá _10_mesa _09_mesa de centro _01_mesa de computador _08_mesa de canto _05_aparador _07_rack _09_estante _05_balcão _01_nichos __outros__poltronas, prateleiras___

_16_Estudar/Trabalhar _19_cadeira _03_puff/banco _05_sofá _13_mesa _02_mesa de centro _09_mesa de computador _01_mesa de canto _01_aparador _01_rack _05_estante _02_balcão _02_nichos _--_outros_____________

__18_Ler _09_cadeira _09_puff/banco _14_sofá _05_mesa _02_mesa de centro _05_mesa de computador _01_mesa de canto _01_aparador _01_rack _02_estante _--_balcão _--_nichos _--_outros___


_17_Fazer Refeições _19_cadeira _03_puff/banco _02_sofá _17_mesa _04_mesa de centro _01_mesa de computador _03_mesa de canto _05_aparador _02_rack _01_estante _04_balcão _01_nichos __outros___armário__

_25_Receber amigos _24_cadeira _8_puff/banco _20_sofá _15_mesa _09_mesa de centro _01_mesa de computador _08_mesa de canto _03_aparador _02_rack _06_estante _03_balcão _--_nichos __outros__poltronas___

_4_Dormir _01_cadeira _04_puff/banco _04_sofá _--_mesa _--_mesa de centro _--_mesa de computador _--_mesa de canto _--_aparador _01_rack _02_estante _--_balcão _--_nichos _--_outros_____________ Outros__ouvir música


Quais elementos encontram-se na sala? _27_ Livros _37_ Revistas _52_ TV _41_ Aparelho de som _18_ Home theater _46_ DVDs _45_ CDs _09_ Prataria _05_ Calçados _39_ Porta-retratos _56_ Objetos de decoração _20_ Abajur _8_ Toalhas _12_ Material escolar _10_ Material de trabalho __ Outros __candelabro, computador, prateleiras, almofadas, aquecedor, hidro jacuzzi, luminária_ Enumere, em ordem de importância (1 é o mais importante), os fatores considerados decisivos na hora de comprar seu mobiliário: _3_ Estética _4_ Preço _5_ Material _7_ Marca _2_ Qualidade _6_ Acabamento _1_ Funcionalidade do produto __ Outros __local da compra, loja__


ANEXO B – Questionário de público alvo na internet respondido

O presente questionário destina-se à coleta de dados do público alvo. As respostas são referentes à soma dos resultados de 32 pessoas e convertidos em porcentagem. O questionário foi disponibilizado na página www.freeonlinesurveys.com em abril de 2008.

1) Idade? de 20 a 35 anos mais de 35 anos

97.032% 3.01%

2) É estudante Sim 87.929% Não 12.14% 3) Mora com criança Sim 6.12% Não 93.931% 4) Tem animal de estimação Sim 54.518% Não 45.515% 5) Mora em Casa 30.310% Apartamento 69.723% 6) Mora sozinho 24.28% com mais uma pessoa 33.311% com mais duas pessoas 24.28% com mais três pessoas 15.25% com mais de três pessoas 3.01% 7) Em sua casa, quais ambientes são conjugados com a sala? (pode ter mais de uma resposta) Nenhum 35.113% sala de jantar/espaço para refeição 43.216% cozinha 16.26% escritório 0.00% quarto de hóspedes 0.00% Other 5.42%


8) Qual o número máximo aproximado de pessoas que já recebeu em sua sala? -7 -7 - 30 - 30 pra mais... - 7 pessoas 9) Quais atividades acontecem na sala? Assistir TV 19.229% Estudar 11.918% Trabalhar 4.67% Ler 15.223% Refeições 16.625% Receber amigos 21.232% Dormir 9.915% Other 1.32% 10) Quais os principais elementos de apoio para estas atividades? cadeira 18.624% puff/banco 7.09% sofá 21.728% mesa 11.615% mesa de centro 7.09% mesa de computador 5.47% mesa de canto 6.28% aparador 2.33% rack 3.95% estante 8.511% balcão 5.47% nichos 0.00% Other 2.33%

11) Quais elementos encontram-se na sala? Livros 5.413% Revistas 9.122% TV 11.628% Aparelho de som 10.325% Home theater 2.56% DVDs 10.726% CDs 11.227% Prataria 2.15% Calçados 1.74% Porta-retratos 8.320% Objetos de decoração 13.232% Abajur 5.012%


Toalhas 1.74% Material escolar 3.38% Material de trabalho 2.97% Other 1.23% 12) Enumere, em ordem de importância (1 é o mais importante), os fatores considerados decisivos na hora de comprar seu mobiliário: (média de 1 a 8) Estética 3.41/8 Preço 3.50/8 Material 4.03 Marca 6.00 Qualidade 3.52 Acabamento 4.78 Funcionalidade do produto 3.63 Outro 6.29


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