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TEXTO: ANA HELENA CORRADINI E JULIANA LIMA FOTOS E DIAGRAMAÇÃO: LAURA CASTANHO “Relaxe!”. O imperativo está em nossa mente a todo tempo. Relaxar tornou-se uma obrigação; e a calma, mercadoria de valor. Precisamos encarar com tranquilidade todos os pequenos e grandes problemas que nos assolam; não podemos sucumbir. A simples possibilidade de falhar nesta tarefa gera estresse. Não conseguir relaxar é frustrante. Entramos, assim, em um ciclo vicioso. Afinal, não é normal ficar estressado? Estamos cada vez mais conectados e atarefados, lidando com vários assuntos ao mesmo tempo. Cada um tem suas próprias formas de lidar com o estresse, mas quando ele que nos consome, a solução é adotar um novo lifestyle: aulas de yoga, curso de mindfulness, livros de colorir, spas… As opções são diversas e, às vezes, caras. O estresse sempre volta e continuamos consumindo relaxamento. Relaxar é preciso, mas por que estamos tão preocupados em atingir um estado de espírito em que nada mais nos abale? A resposta não é um grande

segredo, todos buscamos ser mais saudáveis, felizes ou mesmo mais produtivos. São cada vez mais populares entre empresas, iniciativas que incentivem o relaxamento de seus funcionários, ajudando-os a se livrarem, ou ao menos relevarem, o estresse causado no trabalho. Com esse intuito, têm se tornado comuns ambientes focados no bem-estar dos funcionários. A ânsia por livrar-se do estresse movimenta uma espécie de mercado do relaxamento, com opções que variam desde técnicas milenares, cujo propósito principal nem sempre é simplesmente relaxar, até adaptações modernas, que em seus discursos garantem uma vida mais tranquila. Nesta edição, o claro! traz algumas dessas inúmeras formas de relaxamento, passando pela simplicidade de uma dieta, a técnicas pouco conhecidas, como o Tantra, ou mesmo as populares meditações Mindfulness. Entendemos as nuances do estresse e os diversos significados de relaxar, que podem ser completamente subjetivos.

Expediente: Reitor: Vahan Agopyan. Diretor da ECA-USP: Eduardo Henrique Soares Monteiro. Chefe do Departamento de Jornalismo e Editoração: Dennis de Oliveira. Professora responsável: Eun Yung Park. Editoras de conteúdo: Ana Helena Corradini e Juliana Lima. Editor de arte e ilustrador: Lucas Almeida. Editora online: Bruna Nobrega. Diagramadores: Bárbara Reis, Larissa Fernandes, Laura Castanho, Marcella Affonso e Mirella Cordeiro. Repórteres: Artur Zalewska, Igor Soares, Lázaro Campos Junior, Mabi Barros, Matheus Morgado, Rafael Paiva, Raphael Concli, Rodrigo Brucoli e Vitor Garcia. Repórter online: Mayara Paixão. Repórteres de vídeo: Caio Nascimento e Diego Andrade. Endereço: Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443, prédio 2 — Cidade Universitária, São Paulo, SP. CEP: 0558-900. Telefone: (11) 3091 4211. O Claro! é produzido pelos alunos do 6º semestre do curso de Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo Impresso - Suplemento. Tiragem: 6000 exemplares.


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É necessário disciplina Quem nunca tentou colocar em prática uma ideia de relaxamento que viu em uma revista e se frustrou com os resultados? Isso pode acontecer porque aquele método de relaxamento não é o ideal para você. Segundo o psiquiatra Rodrigo Fonseca Martins Leite, diretor de ambulatórios do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, ao escolher uma atividade que leve ao relaxamento, é essencial levar em conta o quanto você se identifica com aquilo. O processo envolve tentativa e erro, até descobrir o que funciona. Para escolher quais atividades testar, concentre-se no foco. “É quando o aluno consegue sair do controle e focar a mente em um ponto, como o ritmo da respiração, que ele finalmente experimenta o relaxamento”, diz a professora de yoga Carla Vila Verde, idealizadora da Casa Mandalla, em São Paulo. Tocar um instrumento musical, ouvir música ou cozinhar são algu-

TEXTO: ARTUR ZALEWSKA FOTOS E DIAGRAMAÇÃO: LAURA CASTANHO

mas das muitas atividades que podem levar a esse estado de foco. Para quem não se dá bem com práticas mais sossegadas, as atividades físicas são uma opção. Uma das barreiras que muitos enfrentam é a pressão sobre si mesmos para conseguir relaxar rapidamente. Mas o psiquiatra lembra que é normal não acertar de primeira: “As pessoas acham que relaxar é natural, mas não é. Exige aprendizado”. Qualquer que seja a atividade escolhida, é necessário ter comprometimento e praticá-la com regularidade, mesmo quando a vontade é ficar na cama sem fazer nada. É fundamental ter disciplina, criar uma rotina e mantê-la. “Muitas vezes a busca do relaxamento envolve um desprazer porque reagimos negativamente a qualquer disciplina”, destaca Rodrigo.


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TEXTO: MATHEUS MORGADO ARTE E DIAGRAMAÇÃO: MIRELLA CORDEIRO

Em sua fase inicial, o estresse causa a chamada “resposta de luta ou fuga”: um estado de alerta em que o corpo se mantém preparado para situações de grande gasto de energia, e isso se traduz em maior concentração e produtividade. Esta mesma reação está associada às atividades de caça e busca de alimentos de povos primitivos, o que demonstra que o estresse não é exclusividade do nosso tempo e é consequência normal do organismo. Ele só começa a se tornar um problema de fato quando em excesso.

A fisiologia do estresse Além da primeira fase, que conta com disparos de adrenalina e cortisol, aumento da pressão arterial e contração dos músculos, o estresse pode se desenvolver em mais três estágios. O segundo diz respeito à fase de resistência, que leva à produção de muito cansaço e falta de memória. As fases finais são as de quase-exaustão e exaustão, quando o corpo não consegue mais resistir ou se adaptar ao estresse e começa a entrar em colapso. É nesses estágios que aparece o risco de desenvolvimento de doenças. Obesidade, hipertensão, depressão e úlceras são exemplos de consequências do estresse, assim como a psoríase, doença autoimune que produz escamas na pele. Não há unanimidade quanto à questão: alguns especialistas afirmam que não parece haver relação direta entre o estresse e o desenvolvimento de doenças autoimunes, apenas a possibilidade de piora de quadros já existentes; mas outros discordam, indicando que essa relação pode, sim, existir. Além disso, segundo a endocrinologista Rejane Vaz, a forte conexão entre os sistemas nervoso, endócrino e imunológico pode desencadear enfermidades silenciosas (cujos sintomas se manifestam tardiamente ou passam despercebidos), como doenças reumáticas, que atingem o aparelho locomotor, esclerose múltipla e distúrbios da tireóide. Colaboraram com a matéria: Dr. Daniel di Renzo e Dra. Rejane Vaz, especialistas em endocrinologia; e Dra. Marilda Lipp, diretora do Instituto de Psicologia e Combate ao Estresse.


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Quando adormecer cansa TEXTO E FOTO: MABI BARROS DIAGRAMAÇÃO: MIRELLA CORDEIRO Dores de cabeça e no corpo, baixo rendimento no trabalho, insônia ou excesso de sono estão entre os sintomas que levam os pacientes de estresse a procurarem um médico, em primeiro lugar. “São queixas sintomáticas. Os pacientes dizem estar cansados, estafados, antes de serem diagnosticados com essa doença”, conta o professor Luiz Vicente Figueira, do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP. Isabela Biz, 22, foi ao médico por causa de uma privação de sono e saiu com o diagnóstico de estresse crônico. Desde criança, a estudante não costumava dormir muito, mas seu tempo na cama começou a cair drasticamente a partir de 2011, ao ponto que, quando entrou na faculdade, em 2014, dormia apenas três horas por noite. Em casos como o de Isabela, o médico recomenda a combinação de antidepressivos de uso prolongado com a psicoterapia. Durante colapsos nervosos – quando a pessoa experimenta um pico de estresse agudo, que a impede momentaneamente de desempenhar suas atividades normais –, Figueira explica que o tratamento do estresse é feito pela administração de tranquilizantes por até 72 horas. A promessa de uma vida livre do estresse, no entanto, não vem sem preço. Entre os muitos efeitos colaterais citados na bula do medicamento receitado a Isabela, estão coceiras na pele, náuseas, perda de apetite, amnésia e inquietação – dos quais a estudante experimentou vários. “Quando comecei a tomar o remédio, não conseguia me concentrar. Em menos de uma hora, eu passava de um estado muito sonolento para a total hiperatividade, a ponto de obrigar os meus professores da faculdade a me tirarem da sala de aula porque não parava quieta”, lembra. Entre as vantagens citadas do tratamento despendido para estresse crônico, o médico cita a ausência de risco de dependência do paciente ao medicamento. Isabela, contudo, teme por sua vida sem o medicamento, apesar dos sintomas experimentados nas primeiras semanas terem melhorado com o tempo. “Se eu esquecer de tomar, provavelmente voltarei ao dia 1.”

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Há meditação bast não TEXTO E FOTO: RODRIGO BRUCOLI DIAGRAMAÇÃO: LARISSA FERNANDES São cinco e meia da tarde de uma quarta-feira cinzenta. Saio do metrô, tem muita gente voltando para casa. O ritmo da cidade nas buzinas e nos semáforos contrasta com a fachada sóbria do templo Busshinji, na rua São Joaquim, na zona central da cidade. Entro, sento em uma cadeira na área externa do templo. Aos poucos, outras pessoas chegam. Às seis em ponto, desce um dos praticantes, que será nosso instrutor. Ele faz uma reverência, com as mãos em gassho, palma com palma, como quem faz uma prece. Na sua voz plácida, explica que a prática durará até as oito, quem tiver compromisso nesse período não deve participar. Pelas escadas, somos 20 pessoas conduzidas à parte superior. Tiramos os sapatos, calçamos chinelos, entramos na área onde acontecem as meditações. A luz baixa, as vozes sempre sussuradas, os passos curtos, os pés próximos, o cheiro leve de incenso. É como se no meio do frenesi paulistano houvesse uma ilha calma em que a paz te deixa entrar e depois fecha as portas. Sentamos no zafu, uma almofada arredondada, as pernas estão dobradas, as mãos em posição de mudra cósmico, mão esquerda sobre a direita, os polegares se tocando. Entre as mãos, uma elipse simboliza o formato do universo. “Eu estou no cosmos, o cosmos está em mim”, explica a mesma voz plácida. A coluna ereta, os ombros alinhados, estamos em posição de Zazen. O praticante nos orienta a respirar. “Inspire devagar. Sinta o ar preenchendo o peito. Expire, deixe sair tudo. Respire conscientemente. Pensamentos virão à sua cabeça. Não se apegue a nenhum, sejam eles bons ou ruins. Contemple-os. Do mesmo modo que os pensamentos entraram, eles vão sair. Contemple-os e deixe-os passar”. É difícil conseguir esse estado de concentração. O tempo inteiro pensando nas escolhas que fiz, naquelas que podia ter feito, nas que farei para conquistar o que quero. Em vez de meditar o silêncio, medito sobre as coisas da minha vida. “Contemple os pensamentos e deixe-os passar”.


ante em pensar em nada Se não consigo controlar, será que domino meus pensamentos ou são eles que me dominam? Minhas costas doem, minhas pernas estão dormentes até a lombar. Preciso vencer essa dor. A mente é uma casa com muitos habitantes. Preciso conhecê-los todos, sejam eles a dor, a alegria, a angústia, a tristeza. Nenhum desses moradores pode se tornar o dono da casa, são viajantes pousados em uma estalagem. Que convivam sempre bem, e que façam boa viagem. Todas as percepções da mente são transitórias, portanto, todas elas são ilusões. O budismo chama o mundo de samsara: um universo de ilusões que nos enreda em meio a tantas causas e consequências. Preciso perceber a ilusão como ilusão, a mente precisa parar de mentar para perceber o que permanece quando retiramos as camadas de poluição. A respiração dos ansiosos é ofegante, dos apaixonados, dilatada. Minha respiração segue calma. As pontas dos dedos, que se tocavam com força, agora fazem uma pressão leve, como se segurassem um papel de seda sem o amassar. Meu olhar semicerrado, mirando a parede, já quase não vê, as pernas não doem. Quanto tempo se passou depois disso não sei. Um tempo breve, com certeza. A gente só percebe que parou de pensar quando volta a pensar de novo. Seria um erro dizer que o Zazen é um relaxamento. Relaxar é ficar disperso nos Alguns templos e centros nossos pensamentos e sensações, de meditação para conhecer entregue aos caminhos da mente. em São Paulo: Sentar em Zazen é o contrário Centro de Estudos Budistas Bodisatva disso: é contemplar esses pensacebb.org.br/saopaulo-contato mentos, saber que eles passam, Centro de Meditação Kadampa Mahabodhi deixá-los passar. Então, com a meditadoresurbanos.org.br mente quieta, viver o presente, Comunidade Zen Budista, Templo sem causas nem consequênTaikozan Tenzui Zenji cias. Viver sem ser vivido. zendobrasil.org.br Templo Busshinji - sotozen. org.br

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Trivial que acalma TEXTO: IGOR SOARES ARTE E DIAGRAMAÇÃO: MARCELLA AFFONSO Se um dia alguém fizer um ranking das frases mais ditas pelos paulistanos, “estou estressado” facilmente aparecerá no top 10. Mas pouca gente sabe que alguns alimentos comuns da dieta do brasileiro podem auxiliar no alívio da tensão. Na verdade, alguns deles talvez estejam jogados no fundo da sua bolsa, como aquela banana comprada na feira do domingo. A fruta é rica em triptofano, uma substância natural que ajuda o organismo a sintetizar a serotonina, conhecida como hormônio do prazer. “A banana faz um bem danado!”, brinca Daniela Cyrulin, nutricionista funcional sócia da Nutri & Consult. O triptofano também é usado no tratamento da depressão e controle da ansiedade, melhorando o sono e o humor. Se na correria da manhã não deu tempo de colocar a banana na bolsa, não tem problema. O tal do triptofano está na dupla favorita do brasileiro: arroz e feijão. As carnes também são ricas na substância, assim como salada de alface. Mas se engana quem pensa que a hortaliça serve só pra isso. A alface é uma ótima bebida calmante por causa de uma substância natural chamada lactucina, que tem de sobra na verdura. Outra opção de bebida é o chá. O drink favorito dos britânicos era originalmente utilizado para fins medicinais, como conta Dani Lieth, fundadora do Instituto Chá, a primeira escola do país a oferecer um curso de Formação em Sommelier. Chás de ervas como a camomila são ricos em teína, substância análoga à cafeína que atua mantendo o organismo ativo e relaxado. Além de contribuir para o bem-estar, vários possuem catequina, um polifenol antioxidante que ajuda na prevenção do envelhecimento precoce. Tá aí uma ótima alternativa para o break da tarde nesse inverno paulistano. Bon Appétit!


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Ondas de concreto TEXTO E FOTO: RAFAEL PAIVA DIAGRAMAÇÃO: MARCELLA AFFONSO

De fala mansa, equipamento de proteção completo, Wilton de Souza, 33, tem uma relação nova com o skate. Amante do mar, há cerca de dois meses comprou um modelo com “mecanismo que simula os movimentos do surfe”. As ondas logo se desenham por meio da sua movimentação simples e curvilínea em cima do objeto. Mais descolado, tanto no modo de falar quanto na expressão corporal, Guilherme da Silva, 29, é praticante desde a juventude. Utiliza somente um capacete. Estudioso dos movimentos, arrisca manobras de diferentes graus e alturas. Arquétipo do skatista clássico: extremamente à vontade entre “piscinas” e inclinações. “Quando você acerta uma manobra, bate o sentimento de superação na hora”, diz. O cenário de um parque voltado para os esportes radicais evidencia o quanto novatos e veteranos deixam os receios fora da pista e, em uma espécie de harmonia conjunta, visam a superação dos mais variados obstáculos. Os introspectivos e os extrovertidos caminham na mesma direção. Além de propiciar, em uma parcela dos atletas, redução do estresse, da ansiedade e uma melhora no humor, um esporte pode, por meio da liberação das endorfinas no organismo, ocasionar uma sensação de euforia conhecida popularmente como runner´s high (“barato do corredor”), de acordo com Camila Aparecida Machado de Oliveira, professora do Departamento de Biociências da Unifesp. “É uma válvula de escape para você sair um pouco daquela correria de cidade grande, das cobranças, e dar uma relaxada”, diz Wilton, que “despluga a tomada” da realidade quando está em ação. Fato é que, ao saber respeitar os limites das pressões físicas e psicológicas, um praticante pode encontrar na modalidade elementos de ressignificação pessoal. “Quando você lida com situações de muito risco ou muito medo, de alguma forma mostra pra si mesmo o nível de coragem que tem. Com isso, passa a acreditar que consegue superar qualquer coisa”, explica Alberto Filgueiras, professor do Instituto de Psicologia da Uerj com experiência em Psicologia do Esporte.

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O relaxamento que

move montanhas

Celebrado pelos diversos benefícios ao corpo, como melhora da flexibilidade e circulação e desenvolvimento de consciência corporal, o Tai Chi Chuan não é apenas um exercício físico ou uma arte marcial. É uma associação entre prática corporal O relaxamento e mental intimamente articuladas a elementos do pensamento que a prática filosófico chinês, abrangendo princípios confucionistas, taoístas e propicia não é a do budistas, apontam Angela Soci e Paula Faro, respectivamente diretora descanso e da fuga, e instrutora na Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan em São Paulo. mas vem pela concentração e disciplina. Ambas seguem o estilo da família Yang, um dos cinco estilos tradicionais da modalidade, caracterizado por “movimentos cadenciados num Neste balé marcial, ritmo único de velocidade, manutenção de alturas e movimentos elementos da natureza comlimpos, sem floreios e pela preocupação com os processos internos põem o nome de movimentos. que se dão na prática”, comenta Angela. Empurram-se montanhas ao invés de pneus. E no lugar de chacoaA ideia de equilíbrio, como a própria expressão lhar cordas, caudas de pássaro se desenham nas Tai Chi pode ser traduzida, é mãos. Ao se realizar o movimento, as imagens evocadas por fundamental. Já Chuan designa seus nomes ilustram o que o corpo deve fazer, como guias. luta, punho. Praticar o Tai Chi Chuan é buscar equilíbrio Embora os discursos médico e científico sufoquem os aspectos num permanente jogo de filosóficos da prática, não é algo para se lamentar. Isso colabora para opostos complementaque o público compreenda o que pode esperar da modalidade e mosres. Os movimentos tra aproximação da linguagem tradicional da arte com a academia, exigem soltura e abrindo caminho para pesquisas, pondera Angela. maleabilidade, As raízes da prática são mais amplas e não podem ser esquecidas, mas são pois também lhe sustentam. Mas as transformações na precisos e forma como é entendida fazem parte do que é o próprio firmes. Tai Chi, lembra Paula: algo cuja definição está em constante movimento.

TEXTO: RAPHAEL CONCLI ARTE E DIAGRAMAÇÃO: BÁRBARA REIS


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POSSIBILIDADE DE TRATAMENTO

DEFINIÇÃO A técnica de meditação Mindfulness, traduzida como “atenção plena”, leva a consciência a focar no presente com atitude aberta e não julgadora. Um de seus exercícios básicos é praticar a concentração na respiração. Ajuda a lidar com o estresse cotidiano, as emoções e as relações com os outros.

É opção terapêutica comprovada para quadros clínicos de transtornos de ansiedade e depressão, além da dor crônica. Desde 2006, já está prevista na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS, no bojo da meditação. Porém falta ser implementada. No Reino Unido, o Mindfulness já é incorporado à política pública.

Mindfulness prestando atenção no aqui e agora USO EMPRESARIAL De acordo com a revista Inc., em 2016, o mercado de Mindfulness movimentou 1,1 bi de dólares nos Estados Unidos e 22% dos empregadores norte-americanos ofereceram atividades com essa técnica aos seus contratados. Ainda que muito divulgado por empresas que contratam workshops na área, o aumento da produtividade deve ser encarado como efeito colateral positivo, mas não é o objetivo da prática.

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TEXTO: LÁZARO CAMPOS ARTE: LUCAS ALMEIDA DIAGRAMAÇÃO: BÁRBARA REIS

ALERTAS E CONTRAINDICAÇÕES Em casos de graves sintomas de ansiedade e depressão, o Mindfulness não é indicado sem primeiro haver o tratamento farmacológico. A técnica contribui para diminuir as recaídas. Para pessoas com esquizofrenia e transtorno de personalidade, adota-se um protocolo específico de acompanhamento por profissionais capacitados.

Colaboraram com a matéria: Edson Noboyuki: Participou do curso de Mindfulness na Febracis. Marcelo Demarzo: Professor da Escola Paulista de Medicina (Unifesp), coordena o Centro Mente Aberta de Mindfulness na Unifesp.


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Tantra: libertação, sexo e prazer Imaginado como sexo exótico, o Tantra vai além. Sua filosofia pode ser definida como estado de presença, no qual instintos mandam menos. Para seus adeptos, é respeitar e conhecer a própria natureza. Sem se castrar, sexualmente ou não, pelo controle moral. É, no fundo, um tesão pela vida. Uma vida orgástica. O conjunto de preceitos é amplo. Sem uma data de origem definida, sabe-se apenas que seus princípios remontam uma sociedade que existiu onde hoje é o Paquistão e a Índia. Lá, florescia uma cultura onde o feminino era cultuado, a natureza era parte integrante da vida e a relação com a sexualidade e os corpos era outra. A energia sexual era vista como criativa e transformadora. Hoje, a prática surge não apenas como forma de se ter mais prazer no sexo, pelo prolongamento e multiplicação dos orgasmos. A real intenção é levar a energia sexual, Kundalini, para todas as esferas da vida. Desvincular orgasmo de genitália e penetração. Afastar-se de modelos pornográficos e de prazer imediato. Tudo por meio de respiração, meditações ativas, mantras. E as famosas massagens. No método Deva Nishok, os quatro níveis delas seguem uma ordem específica. Isso garante que a mente se afaste, aos poucos, da fantasia erótica. Na sensitive massagem, há o primeiro contato: um

leve toque da mão por todo o corpo. Depois, parte-se para as genitais, sem se limitar a esse local: as massagens do Êxtase Total, do Yoni/Lingam (vagina e pênis, respectivamente) e de estímulo à glândula de Gräfenberg, o ponto G feminino, e à próstata, o ponto P masculino. Para seus adeptos, as técnicas são meios para se ampliar a consciência. Com isso, nos valorizamos mais e passamos a compreender a fundo o eu e o outro. Daí um motivo pelo qual o Tantra age na cura de disfunções sexuais, transtornos psicológicos e na liberação de hormônios do prazer. Ultrapassando visões de sexo como algo pecaminoso, busca-se viver o prazer em sua plenitude, com o uso dos cinco sentidos. O sexo torna-se mais natural, libertador. Empodera a vida em sua totalidade. Ao mesmo tempo, há ressignificação de experiências traumáticas e derrubada de interdições impostas desde a infância por família e religião. Nesse sexo, ninguém existe para dar prazer ao outro. Prazer apenas se compartilha, pois está em nós. Colaboraram com a matéria: as/os terapeutas Rosana Cidrão, Junior Ciuniti (que possui um projeto para homoafetivos) e Thais Kaveesha (que desenvolve um trabalho exclusivamente com mulheres).

TEXTO: VITOR GARCIA ARTE: LUCAS ALMEIDA DIAGRAMAÇÃO: BÁRBARA REIS


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