Claro! Sonhos

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claro!

outubro 2022

Diagramação Ana Luiza Cardozo

Ilustração Bruno Kristoffer

Todos os sonhos

Como nasce um sonho? Pode ser no disfarce de desejos. Ou nos estímulos aleatórios originados na interação entre o tronco encefálico e outras partes do corpo, inclusive o córtex cerebral — onde a maioria dos pensamentos são processados. Mais inte ressante e controverso talvez seja o que o sonho é após o nasci mento e como transforma e define a mente do sonhador.

Afinal, é possível ter em si todos os sonhos do mundo? A célebre frase de Fernando Pessoa pode, a princípio, parecer um exagero poético, mas nos convida a refletir sobre a diversidade de significados que atribuímos ao sonhar.

Na materialidade fisiológica, o período do sono em que sonhamos é essencial para lidar com vontades, aprendizados, memórias, medos, traumas e simulações do real. As abstrações da mente inconsciente nem sempre são tão abstratas assim. Não é à toa que, impedidos de sonhar, por questões de saúde ou pelas tecnologias que invadem a noite, o bem-estar dá espaço a níveis mais altos de estresse, ansiedade e riscos neurológicos.

Mas dormir não é a única maneira de sonhar. No dia a dia, de olhos abertos, sonhamos com novas possibilidades, sejam elas de arte, de vida ou de país. Sonhos só nossos ou compartilhados com grupos sociais em constante movimento.

Afinal, sonhar não é só revisitar o passado ou processar o presente. Os sonhos são também um modo de ver o futuro.

Esta edição tem em si uma vastidão de formas de significar, perceber e transformar o mundo através dos sonhos.

Expediente - Reitor: Carlos Gilberto Carlotti Jr. Diretora da ECA-USP: Brasilina Passarelli. Chefe do de partamento: Luciano Maluly. Professora responsável: Eun Yung Park. Editores de conteúdo: Guilherme Gama e Luanne Caires. Editores Online: Manuel Savoldi e Patrick Fuentes. Editora de Arte: Alessandra Barrozo. Ilustradores: Sebastião Moura e Bruno Kristoffer. Diagramadores: Ana Luiza Cardozo, Gusta vo Zanfer, Ivan Conterno, Jorge Fofano, Juliana Matias e Luisa Costa. Repórteres: Adrielly Marcelino, Aline Novakoski, Arthur Nascimento, Beatriz Lopomo, Giovanna Preto, Guilherme Caldas, Henrique Nascimento, Jaqueline Silva, Julia Mantuani, Julia Rodrigues, Juliana Alves, Luiz Attié, Natane Ca valcante, Sofia Kercher, Thiago Gelli, Thomas Toscano, Tomás Novaes, Vitor Cavalari e Wálace de Jesus. Endereço: Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443, prédio 2 - Cidade Universitária, São Pau lo, SP, 05508-020. Telefone: (11) 3091-4112. O claro! é produzido pelos alunos do sexto semestre do curso de Jornalismo como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo Impresso - Suplemento.

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Lembrar-se dos sonhos pode ser um desa fio. O momento do sono que antecede o des pertar ou o prejuízo da memória pelo can saço cotidiano podem afetar a capacidade de reconstruir os acontecimentos oníricos. Mas prestar atenção aos sonhos está na base de um processo fundamental para muitas culturas: a interpretação das representa ções da nossa mente enquanto dormimos.

O sonho muitas vezes se baseia em ex periências passadas ou simula possíveis futu ros, inclusive de maneiras inusitadas. Freud foi o primeiro a dizer que o sonho é produzi do naturalmente pela mente e traz para a su perfície medos e desejos do iconsciente. Para o neurocientista Sergio

P ara além da noite

Arthuro, nem todo sonho precisa ser inter pretado, mas os recorrentes merecem uma atenção especial porque podem sinalizar blo queios emocionais ou traumas do passado.

Para interpretar os sonhos e entender seus sinais, um dos primeiros passos é narrá -los para alguém. Essa prática é imprescindível para muitas culturas, como a do povo indí gena Yanomami, que os considera avisos para a comunidade. Hanna Limulja, antropóloga e autora do livro “O desejo dos outros: Uma et nografia dos sonhos Yanomamis”, explica que, para essa etnia, o sonho tem uma dimensão coletiva para protegê-los contra inimigos.

A prática de narrar os sonhos e valorizar os seus significados se perdeu um pouco desde a descoberta da eletricidade, ou seja, a invasão da noite por atividades que eram tipicamen te diurnas, segundo Arthuro. Ainda assim, há quem continue a compartilhá-los com ami gos e família e quem busque ajuda de psicólo gos e oraculistas para atribuir sentido a eles.

Alguns sonhos precisam de mais tempo

para se rem com preendidos.

A Oraculista e terapeuta Tall Pereira, que dedica parte do seu trabalho à interpretação de sonhos, res salta que esse processo necessita de acompa nhamento para entender quais são os padrões que uma pessoa tem. Na visão dela, pauta da por uma abordagem de espiritualidade, uma das importâncias de interpretar sonhos é entender como o divino oferece previsões ou até mesmo soluções para problemas da vida cotidiana ao imaginar outros mundos.

Há técnicas que ajudam a lembrar -se das mensagens que o inconsciente deixou, como um diário de voz ou um caderno. O exercício de resgatar as rela ções com os sonhos e entender-se como sonhador pode garantir bons presságios.

Ilustração

O primeiro degrau

Todo mundo tem — ou já teve — um grande sonho. Entretanto, as desigualdades sociais resultam em obs táculos divergentes para cada trajetória. O engenheiro agrônomo Fernando Hideki conta que, quando ingressou na Universidade de São Paulo (USP), em 2013, seu sonho de estudar na Finlândia era considerado “impos sível” por ser parte dos 14% dos ingressantes da faculdade com renda familiar infe rior a três salários mínimos (metade do percentual registrado em 2022 após a política pública de cotas).

Apesar de ser de uma família de baixa renda, na qual ninguém teve aces so ao ensino superior, Fernando conta que passou a focar mais no sonho da universidade após compartilhar esse objetivo com outras pes soas. “Eu comecei a ter contato com esse mun do quando entrei no judô. Lá eu convivi com gente que falava do vestibular e de querer entrar na faculdade”, relata.

Para a coach Adelaide Giaco mazzi, criadora do jogo lúdico Roda dos Sonhos, que estimula o autoco nhecimento, esse reconhecimento dos próprios anseios é crucial para conquistar um objetivo: “É im portante ter clareza sobre o nosso sonho individual, não o sonho dos outros, como pais ou familiares”, afirma.

O psicólogo Cristiano Nabuco, es pecialista em Terapia Cognitivo Compor tamental (TCC), afirma

que ter resiliência perante os desafios deve-se à habilidade de direcionar o desconforto, que leva à mudança, aos elementos que estão ao nosso alcance. “Para o cérebro, na hora em que você descobre a perspectiva de que pode ter o controle, cria-se uma maior condi ção de equilíbrio psicológico”, explica. Após um ano de intercâmbio na Finlândia como bolsista, Fernando concluiu a graduação e se mu dou para Viena, Áus tria, para trabalhar na Suzano, uma das maiores empresas do setor de celulose mun dial. Ele afirma que ter uma formação universitária que pos sibilitasse um bom emprego era um sonho de longa data.

Adrielly Marcelino e Guilherme Caldas

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Colaboração

Ilustrações

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O momento do encontro chegou e Daniel não sabe por onde começar. Ele está ansioso por despí-lo de tudo que o reco bre, mas lembra que precisa ser delicado para não causar nenhuma mácula ao seu sonho de consumo. Devagarinho, tira, um por um, os empecilhos que o escondem. Seu cora ção acelera e as mãos gelam quando o homem visualiza o objeto de desejo, desnudo em sua frente.

Seu novo iPhone 13 toca seus dedos pela primeira vez. Por debaixo, um arranjo impecável é revelado: uma caixa de toque aveludado, acessórios e, claro, um adesivo da Maçã para colar no carro.

Quem relata a experiência sensorial é Daniel Dias, de 40 anos, que descreve como “quase transcendental” a sa tisfação em desembrulhar um telefone da marca. Prática repetida mundo afora quase 240 milhões de vezes em 2021, segundo a empresa de análise de mercado Canalys.

Para Thaiana Brotto, doutora em Terapia Cognitivo Comportamental (TCC), a relação afetiva, desde o ato da compra até o desembalar, estimula o sistema de recompensa do cérebro, que libera o neurotransmissor dopamina, cau sando prazer intenso. Mas, a especialista ressalta que é pre ciso ter atenção, pois não ter consciência disso pode tornar o consumidor refém da sensação de vazio e insatisfação.

Além do vínculo afetivo que tem com o aparelho, Da niel descreve o universo da marca como seu estilo de vida. Todos nós, fãs de Apple ou não, mostramos ao mundo quem somos por meio do consumo.

O fato é que a construção da experiência, seja na men te do indivíduo ou a partir do que ele exibe para os outros, é pensada pelas marcas. Atualmente, na era do Marketing Experiencial, o mercado valoriza a consciência do consumidor por meio de gatilhos sensoriais, isto é, o toque e o visual premium. É unânime, entre grandes marcas como a Apple, a compreensão de que seus produtos precisam ser mais do que serviços, uma experiência completa. Assim, além de um consumidor, nasce tam bém um fã, que vai espontaneamente pro pagandear o nome da empresa.

Alice Whately, consultora de Experiência do Consumidor na Unilever; Carlos Scopinho, especialista em Práticas de Consumo
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Diagramação Juliana Matias Bruno Kristoffer Julia Mantuani

ram nos anos 1950 ainda sonham em preto e branco. Os estímulos sensoriais fazem cada pessoa perceber o mundo à sua maneira. Para quem tem deficiência visual, como o jornalista Nikolas Asheshov, que é cego há 20 anos, os sonhos com imagens são raros, mas ainda ocorrem. Ele conta que o predominante são os sonhos com suas músicas favoritas – composições de Bach e Mozart – cheiros, sabores e até mesmo texturas familiares.

E para quem nunca enxergou? Pesquisas de 2003 da Universidade de Lisboa identificaram a presença de ativida de cerebral responsável pela formação de estímulos visuais em cegos congênitos. Em outras palavras: mesmo que nunca tenham enxergado, essas pessoas podem formar imagens concretas nos sonhos (como barcos, palmeiras e gaivotas) e até representá-las em desenhos ao acordar.

Diagramação e ilustração Jorge Fofano

para o contrário: o estímulo e a noção de diversidade poten cializam o desenvolvimento tanto do consciente quanto do inconsciente dos neurodivergentes. Quem tem a síndrome se atenta muito mais ao presen te e ao cotidiano. Guilherme Campos, rapaz de 26 anos com Down, relata que seus sonhos são voltados para o dia a dia: “Às vezes a gente lembra ou esquece, mas o gostoso disso é, ao lembrar, contar para a família.” Sua mãe, Deise, sempre o incentivou a seguir seus sonhos. Hoje ele cozinha no reno mado Restaurante Jacarandá, em São Paulo. Sonha em ser chef e continuar seus projetos como ator.

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No continente de Ionia, uma árvore mágica guarda os sonhos dos homens, que brotam de suas raízes. Uma certa noite, a própria árvore sonhou. Deste broto, nasce Lillia, uma jovem de corpo metade cervo metade humano, que passa a ser a protetora daquele lugar. Porém, com o passar do tempo, Lillia percebe que os sonhos começam a diminuir.

Click. O computador é desligado. O relógio marca duas da manhã. Cansado de mais uma jogatina de League of Legends, e após ler a história da sua personagem campeã, o estudante de engenharia Alexandre,

Ele não se lembra da última vez que sonhou. Toda noite ele fecha os olhos depois das três da madru gada e, tal qual outros 93,5% dos jovens, não consegue dormir nem por sete horas. Na manhã seguinte, o despertador é pontual.

Na verdade, o sono de Alexandre, por mais curto que seja, é recheado de sonhos – assim como a ár vore de Ionia. Mas aqueles vívidos e narrativos, que costumamos lembrar, acontecem no último momento do descanso, o sono REM, o primeiro estágio a ser prejudicado pelas poucas horas de sono.

Além do sono curto, as luzes do computador e dos celulares inibem a produção de melatonina — hormônio regulador dos ritmos fisiológicos ao longo do dia —, o que dificulta a sensação de relaxamento. Sem os sonhos do sono REM, que revisitam nossa memória emotiva, pode ocorrer uma desregula ção emocional. Da depressão à falta de empatia, a crise contemporânea do sono e do sonho é um proble ma social, que afeta 65% dos brasileiros e nasce ali, no quarto de cada um.

E, no quarto de Alexandre, a protetora dos sonhos escolhida por ele no jogo não consegue ajudá-lo. Enquanto ele troca a lua pela luz do computador e o sol pela tela do celular, o sonho continua a acontecer só na ficção. E resta a ele sonhar, acordado, em ter, finalmente, pelo menos uma boa noite de sono.

Colaboração

Mario Pedrazzoli, professor de Biologia do Sono na EACH-USP; Márcia Assis, vice-presidente da Asso ciação Brasileira do Sono; Sérgio Arthuro, pesquisador em medicina do sono; “Interplay of chronotype and school timing predicts school performance”, 2020, Nature Human Behavior; “Sleep quality in the Brazilian general population: A cross-sectional study”, 2022, Sleep Epidemiology.w

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Um futuro preso no passado

Desde antes do presidente Jair Bolsonaro chegar ao poder em 2019, uma minoria dentro da direita bra sileira já bradava a favor de uma nova intervenção militar. Para esse pequeno contingente, retornar aos moldes do passado seria a solução para os proble mas de hoje. “As pessoas se sentiam seguras para ir e vir”, diz Fernando Carneiro, 62, de Salto, no interior de São Paulo, sobre o período. Essa ideia, que parece vir de um “mundo dos sonhos”, é rebatida por dados do Atlas da Violência, levantamento feito pelo Institu to de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Em 1980, o estado de São Paulo registrou 13,7 homicídios por 100 mil habitantes, bem acima dos 7,3 listados em 2019.

O relato de Fernando se relaciona a um fenôme no descrito por Zygmunt Bauman: a retrotopia. No li vro homônimo, publicado em 2017, ele expõe como as mudanças descontroladas da modernidade arrancam das pessoas a crença em um futuro melhor, fazendo -as voltar ao passado. A utopia e a busca por um fu turo inexistente dão lugar à projeção de sonhos em tempos antigos.

Para o sociólogo José Maurício Domingues, pro fessor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), o

movimento pela volta da ditadura militar é, além de re sultado da crise política que enfrentamos no país desde o início dos anos 2010, um problema de sociabilidade. O avanço de pautas feministas e LGBTQIA+, por exemplo, traz a sensação de ameaça para alguns indivíduos, e o es capismo se torna uma alternativa de proteção pessoal.

Esse mecanismo de defesa não é restrito a camadas conservadoras da sociedade. Há quem se sinta em um rit mo destoante. Os avanços tecnológicos redefinem barrei ras de tempo e espaço, tornando o mundo mais complexo. Há 40, 50, 60 anos, direitos políticos e civis hoje estabele cidos ainda precisavam ser conquistados. Mas, ao menos na memória, aquele mundo era mais simples, e isso basta para criar uma imagem positiva na mente. “A gente qua se não tinha nada, mas éramos mais felizes”, diz Eliandra Ferreira, 55. Ainda que seja uma nostálgica, é consciente de que seu sonho de voltar ao passado é impossível.

Colaboração Lenira Duarte, José Cunha e Priscila Carmo, contando suas perspectivas sobre passado e presente Diagramação e Ilustração Gustavo Zanfer Arthur Macedo e Júlia Rodrigues
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Diagramação e Ilustração

Gustavo Zanfer

Colaboração

Heide Ferreira, Jaqueline de Souza e Silvia Ferreira, do empreendimento Fazendinhando; Jane Moura, docente da UFAM

Tecendo o amanhã

No Amazonas, alguns indígenas Tikunas pincelam para difundir sua cultura; em Paraisópolis, uma comunidade de São Paulo, esposas costuram pela liberdade financeira e pelo afastamento da violência de seus lares. Duas empresas fundadas por mulheres, com histórias distintas e separadas por 3.000 km. Mas elas se cruzam como as linhas de um tecido em torno de um sonho em comum: contribuir para a sociedade.

De 2019 para 2020, a criação de corporações femininas aumentou em 41%, segundo o LinkedIn. Parte delas foca no empreendedorismo social, setor que utiliza uma parcela do lucro para reinvestir na sociedade. Em 20 anos, 622 milhões de pessoas no mundo realizaram o sonho de mudar a própria vida devido a esses modelos de negócio, conforme dados de 2020 da Fundação Schwab, ONG especializada em empreendimentos sociais.

Um exemplo desse setor é da população indígena Tikuna, no Ama zonas. A empresária, We’e’ena Tikuna, fundou uma grife de mesmo nome e tem o sonho de levar a arte do seu povo para outras gerações através do grafismo, pinturas produzidas com urucum, jenipapo ou babaçu.

Para isso, a estilista emprega integrantes de seu povo desde a confecção de roupas e bonecas de pano indígenas, até aos desfiles das coleções. Outra empresa de destaque no ramo da moda é a “Costuran do Sonhos”, um ateliê de Paraisópolis que capacita mulheres vítimas de violência a costurarem pela independência financeira.

Mais de 900 mulheres já passaram pelos cursos, porém as empresá rias percebiam a dificuldade de ingresso no mercado de trabalho. As fun dadoras, Suéli Feio e Maria Nilde, convidaram algumas dessas costureiras para a empresa, que conta com 120 profissionais. São produzidas roupas que são vendidas na internet e o lucro é reinvestido nas capacitações. Assim, por meio do sonho das empreendedoras, essas mulheres também foram ins piradas a sonhar com uma vida melhor.

“Fico grata em saber que mudamos a vida financeira de uma mulher e a salvamos de um ciclo de violência”, afirma Suéli.

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racista e LGBTQfóbico. O assassinato de George

Floyd em 2020, por exemplo, intensificou a luta por uma sociedade antirracista e contra a violência policial não só em Minessota, nos Estados Unidos, mas no mundo todo.

Aqui no Brasil, de acordo com a pesquisa do Zygon ADTech, a morte do afro-americano fez com que o engajamento ao movimento antirracista crescesse 46% nas redes sociais. O que pôs luz sobre a violência policial na realidade brasileira: entre 2013 e 2021, 84,3% das 43.171 mortes por intervenção policial foram negras.

Maria Teresa Kerbauy, cientista política, destaca que a tranformação de uma realidade social deve estar atrelada a propostas específicas. “Sonhos, por vezes, batem na realidade e não se realizam”, explica.

Para Keit Lima, especialista em gestão pública, com as eleições de 2022 alcançamos marcas expressivas no Congresso Nacional, por exemplo, a eleição de duas mulheres trans, uma mulher indígena e 26% dos eleitos para deputado federal serem negros. Porém, ela lembra que esses movimentos ainda são sub-representados. O sonho deles soma-se a outros milhares depositados nas urnas, que se concretizam aos poucos e caminham em direção a um: “Brasil, de

Diagramação

Colaboração

Allan Silva, diretor da frente LGBTQIAP+ da União da Juventude Socialista (UJS) em SP

Ivan Conterno

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