SIDERAL claro! maio 2019
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Texto: Gabriel bastos e ana cipriano arte: gabriela bonin diagramação: letícia tanaka Expediente: Reitor: Vahan Agopyan. Diretor da ECA-USP: Eduardo Henrique Soares Monteiro. Chefe de Departamento: André Chaves de Melo Silva. Professora Responsavel: Eun Yung Park. Editores de Conteúdo: Ana Carolina Cipriano e Gabriel Lucas Bastos. Editora de Arte: Gabriela Teixeira. Ilustradora: Gabriela Bonin. Editora Online: Giovana Christ. Diagramadores: Bruna Diseró. Bruno Menezes, Giovanna Simonetti, Juliana Santos, Letícia Tanaka. Maria Carolina Soares. Repórteres: Amanda Péchy, André Martins, Bruno Carbinatto, Bruno Nossig, Henrique Votto, Letícia Vieira, Maria Clara Rossini, Pedro Vittorio, Sabrina Brito, Thais Navarro. Repórter Online: Giovanna Costanti. Endereço: Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443, prédio 2 - Cidade Universitária, São Paulo, SP. CEP: 0558-900. Telefone: (11) 3091-4211. O claro! é produzido pelos alunos do quinto semestre do curso de Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo Impresso - Suplemento. Tiragem; 6000 exemplares.
A humanidade e o céu
claro! claro!
Março Maio 2019 2019 13 03
Des 1609 de os primó Galileu rdios, o se obser r humano telesc Galilei intro va o c d ó ente é Runds pio na astr uz o ve de nder mome u. Para o t ntos c cante hen, foi o e nomia. Par monta ssa relaç v a h d ento m a a ã histór o hist com d mos uma ais ma ó ia r ic d li a a a n t r , h as ind astro Runds 1687 icadas a do tempo nomia t h e . n Obser p Isaac vatór Nader, vice elo Prof. N e io do w d t ire o Mate Valon séc mátic n publica a go, UF tor do o x ob s a i s R i da Fil i a.c J. bases Há re osofia ra Princípio . g t is e ó d t r r a Teo s Natur icas os de babilô n por e ria Gravita da Mecânic al, que fixa acont ios já pod que os pov xemplo cio a ia ecime o , um e nal, que p Clássica e nto de m prever s m o s o o s t eclips u vimen s séc. es. tos do do aprofu ibilitaram, I n s 16 I d ado d 6 I c 8 orpos O ast Newt os rônom a.C. o c n e le t c a s ópio r mbém tes. E de Cir o e in ene, c Erastóten f espec letor, que ventou o m Líbia, o t t calculo lônia greg es, natural os ou ro de luz m funciona em elesa na a metro u pela t a r t is u os. u d m amplo na Gr a Terra. J primeira ve al do qu écia, p á Aris z o diâ e 1 9 05 ro ta torno Alber do So pôs que a rco de Sa m l—m nico, n da Re t Einstein uito a Terra se m os, o séc n ovia tes de . XVI. a des latividade apresent cr a Nicola em R u Cop ausên ição da fís estrita, qu a teoria séc. érica do cia de e per XIII mit Em 1915 m c São c , apre ampos gra ovimento n e riadas d.C. Geral, se v a as iniciat que a nta a Rela itacionais. iva do Tabelas A c p t o o iv is n idad ta, e as, fon rei Caste cos n a existênc ntre outr e la (rein Afonso X, sinas, por as e ia de L g os lo dos b hoje P capta ros, cuja u r ortug calizados eão e a p ç r onde apres ão em imag imeira permit al e Espa são entad em fo nha). iam o i a abril d do So cálculo da As tabelas e 2019 em 10 de s pos l, da L . içõ u do Sis a e dos pla esn tema Solar. etas
Texto: Pedro vittorio arte: gabriela bonin diagramação: letícia tanaka
claro!
ARRO Texto: Thais nAV ARRO Arte: tHAIS nAV una Diseró Diagramação: Br
rro Foto: Thais Nava
. . . a u L a n u o s i p m e m o Oh o de 1962 sol de setembr Era um dia de ou que manKennedy anunci F. n oh J do an qu dy fez ra a Lua. Kenne pa em m ho um daria m em silênpessoas ficasse com que 40 mil Estados ões por todos os cio e outros milh sistir a os olhos para as m se as dr vi s do Uni scurso onada do seu di si vi le te o sã is transm escolhe, no Texas. “Nós no Rice Stadium , não porlou em 1969 a Apollo 11 deco ua nesta década L de a on ra de , pa ida ir ór um Fl é os m que nter, na rque é difícil. Por Kennedy Space Ce e ros. Um r ta que é fácil, mas po ei ac a rinhos, filmes, liv ad dispostos qu os em m s ta ia es ór e st qu hi om em ” desafio “O P ri m ei ro H de vi vi a, ”. Sete anos de e on er m fil o nc o ad ve in é os m o m ilu pl de m al exem que preten ho m ôn im o de os olhos dele. N o ba ir ro ad o no liv ro es tr el ad o co m de 1969, os mesm u o se lh cé ba ju , o 8) de r 01 20 ve (2 a s em , av eu a únita pois el e co st um se n, que escrev vivo os astronau te bo l, G ue ran ao fu H e . am R br ir st so es si r la am as J fa de Arda vidrados se us am ig os e l e autorizada er aq ui lo ia Aldrin, a bordo V ic z l. of uz ia B fia ac e ra sp ng E og bi ro ete ca ri da Neil Armst se us ra F ri a e C or e tinha só dezess s e. qu do lit n, té te se sa an an di H no o . m ng nd te ce mstro o, lembra da (de Apollo 11, pisare fi na lm en te ac on assistiu ao pous metros da Flóri ilô do qu an o. 00 qu ic 60 ún os de a an s er ai iu. “Fiquei Am ol ho s, en tã o, garoto pré-adom por um de como se sent um ne , ar u u) ej lo do an vi co st du de pe o ve m nã se família onde a na Quem também e com a minha ista que, raraquara assisal rd A ta rn de jo é a at s, ri ri fe do ri er F da pe acor othy Paulo, lescente da esperar por segundo foi Tim dos tios em São na agência de ir, não precisava u sa st ho ca si al as na ab o ra tr , us pa 69 po 19 iia. E foi o br tia ao entre 1967 e ional (UPI). vista com a notíc at re são. Com o mesm rn vi ou le te In te al a rn ss jo um re a P vi um onde ha as o momento e”, diz. notícias United polgação própri e só quem viveu uito emocionant em m a do um fato tu e s oda pr sa lho nos olhos qu je Ciênlembrar deste Entre ri eira, ho e ix br de Te so a ci r na la is ân fa hr rt e ac po A im crever os deve-se ronopode ter, Ram de quem ama es Instituto de Ast há cinquenta an io foi primeira u do ód re is o or ep ad oc ci o e e so qu qu as a e toda s da fessor cia, ele lembr rtância que ele ais do munias Atmosférica po rn im nc jo iê C da os e s a ém do ic al os to fís — mia, Geo Apollo página de quase trouxeram para s da época — e al da ça ci an es pa br nt es m “A le a o. id as iv rr su a co ucidat e tecnolóUSP, conta relação do, e que foi el entos científicos iste até hoje em poderia ter do m ex vi se e ol e qu nv o qu se m a is de st tic vi m ué staca Teido ce 11, a melhor dade, quase ning ópio. Com um uentes, como de ci sc eq le ha ns te in co m um s a co “N de . gi s a esao feito céu era atravé ele restaurou o melhor. avião. Estávamos to uc an de po qu o um ad ao a aj vi — er a o er ele xeir visã tinha sequ ia construída imaginação. “Aqu teriodos grandes, a is a og m ol ou e cn ig rt te st pa in da e de a s peranç em gran sobre a uitos muito distante Mas tudo era todos pensarem na Lua, então m é claro, tamz e, em fe m qu ho to o o nd en r ta om ca al m lo ss des”, diz para co so”, conta, re o. ível”. suas capacida an ss e ic po e er im ad a am id er o lh an e m gu qu hu revoacharam que a bém sentiu um or ceticismo: o de completa: “As a de s br o ri m er le tip F o do tr E na ou n. a xo ai Hanse Só que havi mostraram er para E o jornalista ap onautas que a ológicas que se r o braço a torc tr cn da as te ia is er es do qu çõ o lu os nã inação. a quem missão tornou época de Guerr aram com a imag americanos ra eç is E m ró s. co he s do ei ni de U ív es ss os ci po nda esos Estad conduziram espé oduções ivos que não se tas pessoas ai pr ot ui m m s , r ta te ui po m , en m de ve liz r ou fe .H E, Fria. Apesa hoje”. onar ter para toda a vida formatos sobre r Teixeira menci ando e sonhando os in so rs ag es ve of im di o pr s o tã ai a, m s br ce lem tipo de culturais do músicas, da Rússia, este protagonistas: us se ça e be io estado ao lado ca ód la is o ep nunca passou pe ticismo também
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E Cadê todo Mundo? Texto: Maria Clara Rossini Arte: Gabriela Bonin Diagramação: Bruna Diseró “A gente vê extraterrestres em filmes, pesquisas e tem até gente que diz ter visto OVNI voando por aí. Se a gente fala tanto dos benditos aliens, onde é que eles estão?” Isso parece algo que você ouviria em uma conversa informal. Por incrível que pareça, essa foi a mesma pergunta que o físico Enrico Fermi fez aos seus colegas em 1950 nos Estados Unidos. Foi ela que deu origem ao Paradoxo de Fermi. Enrico Fermi desenvolveu o primeiro reator nuclear e recebeu o Nobel de Física em 1938. Apesar de todas as atribuições, ele não era astrônomo. A sua fala se transformou no paradoxo depois de cair na boca de outros astrônomos, de físicos e da mídia. O paradoxo representa uma ideia bem simples: se existem outros planetas com vida inteligente, por que ainda não nos comunicamos com eles? Antes de responder essa pergunta, precisamos refletir sobre uma anterior a ela: existe mesmo vida inteligente fora da Terra? Atualmente, parte dos cientistas acredita que há uma probabilidade grande, enquanto outros fazem apostas menores. Tudo isso culmina na Equação de Drake, criada pelo astrofísico Frank Drake em 1961. Ela prevê o número de civilizações com as quais nós poderíamos nos comunicar levando em consideração alguns outros fatores.
Acontece que os cientistas ainda não conhecem os valores de todas essas variáveis e nem sabem se a equação realmente daria certo. Uma pequena alteração em um número pode representar uma grande diferença no resultado. Parafraseando o criador da equação, ela existe para organizar nossa ignorância. Em comparação com organismos unicelulares, a probabilidade de existir vida inteligente fora da Terra é bem menor. No nosso planeta, os seres microscópicos foram as primeiras formas de vida a se desenvolverem e ainda hoje são a maior parte das espécies que conhecemos. No atual estágio da ciência, não conhecemos nenhum tipo de vida diferente da nossa. Assim, faria mais sentido que essa regra valesse para outros planetas também. Por outro lado, uma civilização comunicável seria bem mais fácil de detectar. Assim como nós, eles emitiriam sinais eletromagnéticos vindos de seus celulares, TVs ou qualquer tipo de tecnologia. É por isso que há um esforço por parte dos astrônomos em tentar encontrá-las. O Instituto de Busca por Inteligência Extraterrestre (SETI, na sigla em inglês), associado à Nasa, dedica-se a fazer esse tipo de busca. Ele envia sinais de rádio e também está aberto a receber qualquer tipo de informação vinda do espaço. Apesar dos esforços, nunca obtivemos resposta. A vida fora da Terra é um fato extraordinário — portanto, precisa de evidências extraordinárias para ser comprovada. Mesmo sem uma conclusão, as buscas são importantes para o desenvolvimento de tecnologias para nós, terráqueos. O princípio do armazenamento em nuvem, por exemplo, foi criado por uma demanda do SETI por guardar uma grande quantidade de informações.
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Os ETs existem, mas são difíceis de achar Existem várias explicações para essa hipótese. Pode ser que a gente não esteja usando o jeito certo de comunicação, que os extraterrestres não possuam a tecnologia necessária ou mesmo que eles não queiram se comunicar. Não faz nem um século que começamos a procura pelos ETs, talvez a nossa tecnologia ainda não seja avançada o suficiente. Caso encontrem uma vida de uma natureza muito diferente da nossa, pode ser até que os cientistas nem consigam reconhecê-la como tal. E se eles já estiverem aqui? A ufologia trabalha com essa hipótese, estudando as evidências de que os extraterrestres passam pela Terra constantemente. Ela conta principalmente com a pesquisa em campo, coletando relatos de milhares de pessoas. Outro ponto que suporta a ideia é a ufoarqueologia, que estuda pinturas rupestres, objetos milenares e mais. Segundo alguns ufólogos, o Stonehenge, datado de 1500 a.C., seria uma evidência dessas visitas.
Colaboraram: José Estevão de Morais Lima - Ufólogo - Presidente da Aspet (Associação de Pesquisas Extraterrestres de Belo Horizonte) / Fábio Rodrigues - Pesquisador do núcleo de astrobiologia da USP
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Os astrônomos têm só uma pequena dúvida: o que é o espaço? Você deve pensar em planetas, estrelas e luas — e a resposta não está errada, só muito incompleta. Isso porque tudo o que conhecemos por matéria (aquilo formado por átomos da tabela periódica, como você, uma cadeira e o Sol) constituem, juntos, apenas 5% do chamado universo. O resto é formado pelas chamadas energia escura e matéria escura, cujos efeitos na expansão do universo são detectáveis — mas elas, em si, não são. Ou seja, sabemos que há algo lá fora, só não sabemos o que é. O futuro da astronomia é complexo e, de certa forma, imprevisível. Mas avanços recentes apontam que estamos perto de descobrir mais sobre a escuridão que nos ronda. As perguntas, no entanto, estão longe de acabar. Mais do que descobrir o que compõe o universo, é preciso entender ainda como ele surgiu. Apesar de termos avançado nos últimos tempos e de teorias como a do Big Bang serem consolidadas, ainda faltam muitos detalhes. Como costuma formular o astrônomo estadunidense James Trefil, a pergunta que fica é: “Por que existe algo ao invés de nada?”. Estamos sozinhos? Se há 30 anos pensar em aliens era coisa de ficção científica, hoje podemos afirmar que a busca por vida fora da Terra é tema central na ciência astronômica. Nesse ponto, é preciso dividir a área em dois campos bem diferentes. A astronomia extrassolar busca vida em astros extremamente distantes de nós, tentando identificar planetas ou luas com características similares à da Terra e compatíveis com a vida. É principalmente nesse cenário que se encontra a possibilidade de vida inteligente. Já para os nossos vizinhos solares, o processo é mais direto: a astronomia está investindo cada vez mais nas missões chamadas landers, em que robôs literalmente pousam nos astros, coletam amostras e as trazem para a Terra para estudo. Além da Lua, que já foi analisada dessa forma, missões desse tipo estão sendo planejadas para Marte e para algumas luas de Saturno e Netuno, candidatas para abrigar formas primitivas de vida.
o que o espaço nos reserva
O grande obstáculo para a maior ambição Nesse mar de dados e informações, avanços tecnológicos recentes mudaram e devem continuar revolucionando a astronomia no futuro próximo. No espaço, os equipamentos usados ficam cada vez menores e mais leves; na Terra, telescópios são cada vez mais potentes e avanços na área de computação permitem o armazenamento e análise de dados em uma frequência surpreendente. Tudo isso, porém, esbarra naquele que é o maior desafio dos avanços da astronomia: dinheiro. Explorar o espaço é muito, muito caro. É por isso que a colonização de outros planetas ainda é um desafio. Embora cientistas discordem sobre a factibilidade da empreitada que culminaria na conquista de luas e astros para além da nossa galáxia, todos parecem concordar que colonizar planetas no nosso sistema solar é, sim, possível — mas está longe do atual cenário. Contudo, a ciência avança a passos largos. “Lembre-se de que, há 100 anos, estávamos começando a entender que as galáxias são objetos fora da Via Láctea, e Einstein estava formulando sua teoria da relatividade”, comenta Antonio Cabrera-Lavers, chefe de operações científicas do Gran Telescopio Canarias, segundo maior telescópio do mundo. Outra ideia que é consenso entre os especialistas é a de que a curiosidade humana não tem limites, e é isso — em conjunto com o avanço tecnológico — que nos fará continuar vasculhando o universo. Para James Trefil, o ser humano é “uma raça exploradora do espaço por definição”.
Texto: Bruno Carbinatto e Sabrina brito Arte: Gabriela bonin DIagramação: Maria carolina soares
O que está por vir Afinal, qual será o futuro da relação entre essa espécie inatamente interessada pelo universo e esse tão desconhecido ambiente? Antes de especular sobre isso, afirmam os cientistas, é preciso nos preocupar com o que está mais perto: o bem-estar da Terra. Só se conseguirmos reverter a caótica situação em que se encontra o nosso planeta é que poderemos abrir os horizontes da ciência para de fato explorar o espaço. Para os mais pragmáticos, como Cabrera-Lavers, a conquista do cosmos pode até despontar como a única chance que a humanidade tem de sobreviver. A fuga do nosso planeta pode ser, diz ele, o modo como evitaremos a nossa extinção. Ainda assim, grandes avanços na investigação do universo podem não representar as enormes mudanças que esperamos que eles signifiquem. De acordo com a perspectiva de Stuart Atkinson, escritor inglês e “astropoeta”, o cosmos será somente um novo pano de fundo para as antigas desavenças humanas. “Transferiremos nossas brigas para lá, com ricos explorando pobres e brigas por recursos naturais. Será um local sujo e duro”, descreve. Já Sarah Scoles, escritora especializada em ciência, acredita que o temor humano em relação ao que existe lá fora vem da abundância de coisas Colaboraram: Rosaly Lopes, cientista e vulcanóloga brasileira a se temer na Terra. “Espero que, algum dia, as coisas estejam da Nasa, Roberto Costa, astrofísico do IAG com foco em químimais pacíficas e estáveis aqui. Então, o mesmo valerá ca, John O’Meara, físico norte-americano e cientista-chefe do para o que pensamos sobre o espaço”, conta. Observatório Keck, segundo maior do mundo
como a ciência chega ao público
Apesar do valor de se buscar respostas para os mistérios da astronomia, pode ser fácil se perder em meio às informações que já possuímos — isso sem falar nos estudos, que estão sempre sendo atualizados e reproduzidos. Como, então, deixar todos a par do que está
acontecendo? É esse o papel da divulgação científica. A importância de escrever artigos sobre o espaço para leigos é simples: educar a população sobre o nosso lugar no universo. De acordo com Sarah Scoles, escritora focada em ciência, a
meta é popularizar informações de forma simples e em veículos de grande circulação, para que possam ser compreendidos sem dificuldade. “Eles não lerão jornais acadêmicos e artigos — e nem deveriam! A escrita científica torna a ciência mais acessível e contextualizada”, opina.
O mercado do futuro é o céu! Desde que o russo Yuri Gagarin esteve a bordo da Soyuz, em 1961, pouco mais de 560 seres humanos visitaram o espaço sideral. Na próxima década, esse número pode simplesmente dobrar. A espaçonave Unity, da Virgin Galactic, por exemplo, realizou recentemente seu primeiro teste de voo suborbital bem sucedido, e deve fazer viagens comerciais tripuladas até 2020. Já são pouco mais de 700 assentos reservados, por não menos que US$ 200 mil por passageiro. Mas o que está por trás dessa revolução? O turismo espacial da Virgin Galactic é apenas uma das vastas oportunidades comerciais que surgem no horizonte de uma nova explosão do mercado sideral. As grandes peças-chave no cenário de hoje são a mudança de mentalidade de governos e investidores, a evolução tecnológica e o barateamento dos custos. “O chamado New Space resulta da convergência desses fatores e tem levado à rápida proliferação de startups espaciais, com destaque para as empresas de microssatélites, lançadores de pequeno porte e tratamento de dados”, afirma Sidney Nakahodo, especialista em empreendedorismo na New York Space Alliance. De acordo com a agência Space Angels, entre 2009 e
texto: HENRIQUE VOTTO arte: gabriela bonin diagramação: bruno menezes
2018, a injeção de capital em startups espaciais aumentou 442%, chegando a um total de US$ 2,97 bilhões no ano passado. As empresas privadas passam a assumir um papel cada vez mais dominante, tornando-se as principais agentes do mercado. São elas que produzem os equipamentos, fornecem os serviços e impulsionam o desenvolvimento de tecnologias disruptivas, como a miniaturização, impressão em 3D e até mesmo a inimaginável reutilização de foguetes, da qual a gigante SpaceX é pioneira. E para Salvador Nogueira, dono do blog Mensageiro Sideral, na Folha de São Paulo, essa mudança de modelo é fundamental para o boom atual: “É muito interessante porque obriga as empresas a competirem entre si. E isso naturalmente força os preços para baixo. No que você reduz o custo de acesso, começa a abrir possibilidades não só para as agências espaciais, que já tinham grana para fazer essas coisas, mas para empresas realmente empreenderem no espaço.” Isso não significa que as agências espaciais nacionais como a Nasa ou a Roscosmos perderam o protagonismo. No contexto de corrida espacial, os órgãos governamentais ainda são aqueles com capacidade financeira para realizar os mais ambiciosos empreendimentos no céu. A grande diferença é que o modelo de negócio mudou e, em vez de comprar tecnologia, as agências podem contratar serviços completos de empresas privadas. “É o que a Nasa tem feito com o transporte de carga para a Estação Espacial Internacional e o que, em breve, acontecerá com o transporte de astronautas”, recorda Sidney. E tudo isso favorece um ambiente de cada vez mais oportunidades para explorar comercialmente o espaço sideral. É claro que uma viagem para além da órbita da Terra, hoje, é algo completamente restrito. Mas essa expansão espacial já permite, por exemplo, que um funeral espacial da Celestis, que realizou 15 viagens com essa finalidade desde 1997, seja comercializado hoje por menos de R$ 10 mil. Antes acessível apenas para algumas celebridades – como o criador da franquia de cinema Star Trek, Gene Roddenberry –, hoje o serviço pode ser comprado por uma pessoa comum como o californiano Steve Munt. Ele inclusive lançou uma campanha de crowdfunding na internet para ajudar a financiar o envio das cinzas do seu falecido gato, o Pikachu, ao espaço. Até o momento, Steve arrecadou 50% do valor. “Sou muito agradecido à ciência e tecnologia por possibilitarem esse tributo final”, ele afirma em mensagem. Imagine só o que essa expansão pode possibilitar em um futuro próximo.
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texto: letícia vieira arte: gabriela bonin diagramação: bruno menezes
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Uma inquietação particular de Galileu, lá no século XVII, pode o ter levado a conhecer os anéis de Saturno, os mares da Lua e os satélites de Júpiter. Mas, daí em diante, pouca ou nenhuma descoberta ocorreu por questões existenciais humanas. “O que move o estudo do universo não é a curiosidade”. E quem diz isso não sou eu, é Augusto Damineli. Após mais de 40 anos de pesquisa e docência, o astrônomo parece convencido. Não estudamos o espaço em busca de respostas para grandes dúvidas da humanidade, como a origem do que está a nossa volta ou se estamos sozinhos no universo. São os avanços sociais e econômicos que motivam os investimentos em estudos espaciais. Não é coincidência que EUA, Rússia, China e Índia, as maiores potências econômicas e bélicas do mundo, estejam na dianteira do estudo astronômico. A exploração espacial depende de altos investimentos e é uma grande fonte de descobertas tecnológicas. Não só aquelas que possibilitarão a sobrevivência em outros planetas, mas principalmente as que facilitam nossa vida aqui na Terra. Ser útil para os cidadãos comuns é um dos princípios da Nasa e o que justifica os investimentos públicos que a agência recebe. Por isso, vários resultados do estudo espacial fazem parte do nosso dia a dia. Eles estão nas papinhas de bebê super enriquecidas, no seu aspirador sem fio e até no aparelho dentário transparente, feito de um material criado para proteger antenas infravermelhas no espaço. Mas não pense que as aplicações do conhecimento astronômico se resumem a uma questão utilitária. Cada uma delas amplia um pouco mais o nosso imaginário e abre espaço para criações como as aventuras de O Guia do Mochileiro das Galáxias, as missões de Star Trek, as batalhas de Star Wars e a realidade trágica de Wall-E. Hoje, muito mais do que o encantamento pelo céu, são os produtos culturais que despertam o Galileu que há dentro de nós e nos fazem permanecer intrigados com as clássicas questões existenciais. Quais são nossas origens? O que faríamos no espaço? O quão ético seria? Quem seríamos nós, humanos, num contexto de conquistadores espaciais? Cláudia Fusco, jornalista e mestre em ficção científica, observa que as obras contemporâneas exploram a conquista do espaço a partir das mesmas dúvidas, presentes em produções dos anos 50. Para ela, o público gosta de se encantar com naves espaciais, tecnologias futuristas, imaginar versões mais sofisticadas deste mundo. Porém, Cláudia é categórica ao afirmar que ficção científica sempre falará sobre pessoas. Isso porque, assim como na astronomia, é sempre o fator humano que faz o lado de lá da nossa atmosfera ser tão interessante.
Colabor
POR QUE NOS INTERESSAMOS PELO universo?
claro!
espaço doce lar Texto: andré martins arte: juliana santos Diagramação: juliana santos Em 2017, o físico Stephen Hawking alertou para a necessidade de se colonizar outro planeta em até 100 anos. Se, de fato, precisássemos nos “mudar” para além da Terra, o que precisaríamos saber e levar em consideração? Quais as perspectivas para uma expansão humana interplanetária?
perdendo o Texto: bruno nossig arte: Gabriela bonin Diagramação: juliana santos
á em ou Af ina l, o se r hu ma no viv er tr o pl an eta?
ão ecoou de forA resposta para essa projeç dos: é inevitável. ma unânime entre os entrevista e. Mas o ser dad “A Terra é o berço da humani a vida inteira”. ço ber seu no fica humano não sador, é do cosA frase, menção de um pesqui olkovsky, um dos monauta russo Konstantin Tsi estudos espaciais. cientistas desbravadores de as afirmaEsse pensamento reflete bem permite bém tam tivas dos pesquisadores. E com em dar cor entender que, apesar de con de lida rea a é que essa tendência, o consenso níno ora anc se da exploração espacial ainda vel de incipiência.
Mas quais os destinos prováveis para uma primeira colonização?
De bate pronto, Marte e Lua. O primeiro, além de ser mais vantajoso do que nosso satélite natural do ponto de vista de pesquisas científicas, é o planeta mais próximo da Terra e possui a atmosfera mais semelhante à terrestre. Em 2015, a Nasa revelou o seu plano de viagem para o planeta vermelho: uma colônia humana em território marciano a partir de 2030. Nossos entrevistados que quiseram arriscar a projeção de tempo acreditam levar ainda várias décadas — cerca de cinco, para ser mais exato. A Lua, por sua vez, é considerada por alguns dos entrevistados como o passo inicial para uma colonização e tem a estimativa mais curta, estipulada para a próxima década. Além do ser humano já ter chegado lá, interesses econômicos de extração mineral podem ser decisivos para a implantação de uma base lunar.
A Nasa também possui planos de enviar astronautas à Lua em 2024, na batizada missão Artemis. Esta será a primeira expedição, em 50 anos, a enviar uma astronauta mulher ao nosso satélite natural. O administrador da Agência Espacial dos EUA, Jim Bridenstine, afirmou recentemente que a Lua será o “campo de provas” para a chegada do ser humano a Marte.
Check-list: o que precisamos levar em consideração para viver além da Terra Ao colonizar um planeta, é importante ter em mente que os parâmetros listados não possuem ordem. Dito isso, comecemos pensando:
Transporte: de preferência tota lmente reutilizável, com maior potência, men or custo e mais seguro — a aterrissagem, tanto na Lua como em Marte não é das mais suaves, fazendo um eufemismo. Autossuficiência: precisa mos pensar que um abastecimento vindo da Terra é inviável. Por isso, é fundamenta l que uma colônia de longo prazo consiga su prir e reciclar suas necessidades de nutri entes, microorganismos, oxigênio, água, dejet os e energia.
“Sobrevivência”: pa ra uma colonizaçã rene, é preciso re o pecriar as condições que propiciam a vida como a conhecemos: to da uma biosfera desenvolv ida, sem falar na pr eocupação com temperat ura, atmosfera co ntro alterações de gr avidade, efeitos bio lada, lógicos no ser humano, ca mp blindagem contra ra o magnético protetor e dia tores culturais e ps ção. E ainda tem os faicológicos.
Colaboraram: Antonio Bertachini, pesquisador em Engenharia Espacial do Inpe, e os integrantes do Laboratório de Astrobiologia da USP, Ana Schiavo e Gabriel Gonçalves, mestrandos, e Fabio Rodrigues, professor.
Estou tentando dormir, mas não consigo. Ultimamente tenho tido mais dificuldade para pegar no sono. Não é muito fácil dormir aqui na estação. A ausência de gravidade é um dos problemas, e não estamos de fato dormindo em uma cama confortável, como é de se imaginar. Apesar de estarmos acostumados ao ruído da aparelhagem, ele ainda incomoda. Já perdi o sono outras vezes. Minha solução é sempre manter a calma e continuar pensando, até que em algum momento o cansaço prevaleça. Mas, mesmo assim, não consigo dormir e, não sei dizer o por quê. Hoje não notei nada de diferente. Nas atividades não senti nenhuma variação de humor, o que é um bom sinal. O próprio centro de controle, que nos avalia diariamente, não percebeu nenhum comportamento fora do habitual. Os meus dois companheiros de missão não reportaram nada de estranho na forma como agi. Eu também não notei nada de muito diferente neles. No protocolo tudo segue normal. Já estamos no quarto mês da missão, e agora nos resta mais dois. De cabeça não sei dizer ao certo em que dia estamos. Mas isso pouco importa. Poderia tentar fazer as contas para me cansar, mas isso normalmente me deixa mais acordado. Insônia é algo que enfrentamos constantemente aqui. Costumamos dormir cerca de seis horas diariamente, mesmo que tenhamos oito estipuladas pela missão. Mas, nos últimos dias, minha média deve ser menor. Poderia me ocupar agora com o livro que trouxe, mas quero guardá-lo para outros dias. Hoje, eu só tenho um pouco de dificuldade de dormir. Para chegar até aqui passei por uma avaliação extremamente detalhada. Os testes psicológicos, assim como os físicos, foram longos e minuciosos, já que tentam avaliar e simular como a personalidade e reações seriam no espaço. Eu fui bem avaliado, o que gera uma certa confiança para os momentos de adversidade. Do meu lado, meus companheiros são excelentes.
Nenhum deles é impulsivo ou agressivo. Nunca apresentaram grandes variações de humor, o que também facilita a convivência. Juntos já passamos pela parte mais difícil da missão. O início é sempre mais estressante. A adaptação a rotina da estação não é simples. Mesmo com todo o treinamento que passamos, vamos dizer que não é fácil se acomodar em um lugar desses. Posso dizer que o quarto mês tem sido mais estável. Nos últimos dias da missão, quando o cansaço e estresse são maiores, minhas queixas fariam mais sentido. Ainda assim, eu só gostaria de ir dormir. Não gosto de pensar nas possíveis mudanças que estão ocorrendo no meu corpo, algo que só vou conseguir sentir quando voltar. As últimas pesquisas não têm sido muito animadoras. Perda de massa óssea, músculos atrofiados, danificação em alguns órgãos... Os dois exercícios diários não impedem que nosso corpo mude, já que o corpo humano não está adaptado a viver sem gravidade. Algumas coisas de fato já começaram a me irritar. Os protocolos de checagem, a monotonia, a paisagem... Olhar para a Terra é interessante da primeira vez, mas já se tornou algo comum, e o vazio do espaço não ajuda. Ficar isolado da sociedade, também, não facilita em nada. Faz muito tempo que não vemos os amigos, a família... mas não preciso me preocupar com nada disso nesse momento. Agora, só preciso dormir.
Colaborou: Thais Russomano, coordenadora do Centro de Microgravidade
Maio 2019
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o alien tropical Em 1996, Varginha (MG) foi cenário de acontecimentos extraordinários. Ainda há muito mistério, mas as marcas do que pode ter sido uma visita extraterrestre permanecem até hoje.
o que teria acontecido em 1996 Trilha ecológica do ET
13/1
Fazendeiros avistam objeto parecido com um submarino em lenta queda
20/1 8h30 Bombeiros capturam uma criatura com uma rede de couro
20/1 15h
Policiais chegam com uma criatura no Hospital Regional
22/1
Ufólogos mostram pesquisas sobre o caso no 14º Congresso Brasileiro de Ufologia Científica
Um empresário vê um OVNI sobrevoando Varginha e acompanha sua queda
20/1 1h30 Crianças atiram pedras em um “bicho” incomum, que chora alto e agudo, com medo
20/1 9h Três garotas veem nos trilhos uma criatura de olhos saltados e vermelhos agachada contra um muro
Caixa d’água de Varginha
08/6
Texto: Amanda péchy ARTE: amanda péchy e gabriela bonin Diagramação: giovanna simonetti
Ponto de ônibus
O episódio atraiu a atenção de muitos para Varginha, inclusive de ufólogos.
O OVNI estaria habitado por 3 seres: um morreu, outro foi para o hospital, o terceiro fugiu. Nisso, um soldado morreu, porque entrou em contato com o alienígena. Depois, viram um avião do Exército estadunidense, que teria levado as criaturas para a Área 51. Ficou parecendo filme, tínhamos medo de sair à noite
Ufólogos desejam tornar públicas informações protegidas pelo governo, abrindo documentos sigilosos. Varginha foi um dos motivadores para a campanha “UFO: Liberdade de informação Já”.
20/1 21h Comboio do Exército retira o ET do hospital e leva-o para a Escola de Sargentos das Armas, em Três Corações
Memorial do ET
O Inquérito Policial aberto na época chegou à conclusão de que as meninas só tinham visto um morador de rua, que era deficiente físico e estava sujo por causa da chuva.
Teve uma tempestade, que causou estragos e um movimento esquisito de viaturas, bombeiros e carros do Exército. No dia seguinte, todos falavam de um ET, que três meninas teriam visto nos trilhos. Fazia tempo que pessoas avistavam um objeto no céu, a dedução foi que era uma nave que caiu com a chuva
O varginhense sabe sobre o ET mesmo sem saber como. A história completa li só mais velha. Quem nasceu depois de 96 se interessa por detalhes, e o acesso à informação é maior, mas a força da narrativa está diminuindo
Apesar disso, acho engraçado como foram tantos fatos estranhos juntos. Vários deles têm explicações racionais, como o soldado ter morrido por complicações de uma doença. Só que as meninas virem um ET foi só a ponta do iceberg
Não foi um mero caso de avistamento. É o primeiro com testemunhos expressivos, civis e militares, e evidências fortes de que um objeto se acidentou. É reconhecido internacionalmente e comparado ao Caso Roswell (1947), dos EUA. Muitos acham que os grandes casos são de lá, mas o Brasil é um dos países com maior incidência ufológica
Hoje, quem é de Varginha é quase indiferente à história, apesar da prefeitura investir muito no ET para turismo. Inclusive, a construção do Memorial deixou a população brava, porque gastou mais de R$ 1 milhão, e segue inacabada desde 2010. Só que não tem como fugir: quando descobrem que sou daqui, sempre perguntam sobre o ET
Já faz parte da nossa cultura. Não só pelos pontos turísticos, mas porque todos nos reconhecem por essa história. Parte de mim acredita que existem outros seres no universo, a outra questiona a criatividade das adolescentes. Só que mesmo quem acha que é um mito sabe que algo estranho aconteceu naquele dia
Colaboraram: Aparecida Pierroti, Bárbara Lopes, Gabriel Vieira, Giovanni de Andrade, Hervana Grandsire, Marcello Myake, Thaminy Teixeira, Vânia Augusta Ferreira (varginhenses) e Marco Antônio Petit (ufólogo, autor do livro “Varginha, toda verdade revelada”)