Sábado e Domingo, 19 e 20 de março de 2011
SHOW
AMPB que vem do Sul Tendo a boêmia de Porto Alegre como escola, bate-papos no Chalé da Praça XV como inspiração e mestres da canção nacional como influência, Nelson Coelho de Castro sagrou-se músico na década de 70. Fez carreira no Sul, sagrou-se internacionalmente e continua arrancando aplausos pelos palcos onde se apresenta. Amanhã, quem bate palma é o público ijuiense! Monica Tomasi acompanha Nelson num show de violão e voz
Nelson Coelho de Castro nasceu na década de 50. Da mãe, herdou o hábito de cantarolar clássicos que ouvia no rádio. Do pai, o talento instrumental, ao ver o velho tocar gaita de boca com os tios. Em meio à uma família musical, foi presenteado através da formação escolar, quando no Coral do Colégio São João de Porto Alegre cantou samba, folclore gaúcho, latino-americano, rumba, tango, valsa, ie ie iê, rock e até música clássica. “Nas rádios eu escutava de tudo, era um tempo da delicadeza”, recorda. Na sua adolescência, viu a MPB se transformar num movimento musical que buscava a liberdade de expressão. Nasciam na época, as vozes de Chico Buarque, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Gilberto Gil e Elis Regina, que se inspiravam em Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Dorival Caimi, Lupicínio Rodrigues e Ari Barroso. A efervescência do período serviu de aliada para que Nelson logo em seguida começasse a compor. “Fazer MPB neste período era ter como mestre aqueles gênios. A minha geração teve muita sorte de escutar estes caras nas rádios durante anos.A MPB é muito rica em harmonia, em poesia e ainda por cima popular. Até hoje eu peço licença para fazê-la”, orgulha-se, lembrando que nos anos 80 o gênero escondeu-se, ficando fora de cena por um bom tempo. Mas não foram somente as aulas de violão clássico com o mestre Ivaldo Roque que participaram da formação de Nelson como músico. A boêmia de
Porto Alegre lhe traz boas lembranças. “Sair à noite em Porto Alegre naquela época era poder escutar e ter aulas ao vivo de Túlio Piva, Plauto Cruz, Lourdes Rodrigues, Rubéns Santos e tantos outros, era uma maravilha. Muito aprendi, mas infelizmente não conheci o Lupi. Perdi esta aula magna”. Os papos filosóficos no Chalé da Praça XV ainda estão guardados na memória. Nelson era estudante de jornalismo, e tinha como companheiros, Ivan (sociologia), Bandolho (artes plásticas) e Luiz Antônio (estudava fotografia). Os papos eram sobre cinema, política, música, sobre a condição humana, o Brasil, o planeta e, é claro, o futebol. “Como cada um tinha um viés autoral, rolava muita discussão”. Adentrando décadas O primeiro trabalho do músico foi um LP coletivo, denominado “Paralelo 30”, no final dos anos 70. Por muitos anos ainda, ele conviveria com os eternos bolachões, o encaixe perfeito com o toca-discos. Nelson lembra que fazer um vinil era uma “façanha doida” e davam trabalho. “Tem gente que venera a última onda de gravação digital e tem gente que sonha em gravar ainda de modo analógico por conta da sonoridade”, comenta, destacando que somente em 2001, o seu primeiro disco foi relançado em CD pela Orquestra da Unisinos. Ao todo, são 11 discos lançados que dão sustentação à carreira gaúcha, shows por todo o Brasil e turnês internacio-
nais, pela França e Europa. E ele coleciona honrarias e reconhecimento pelos trabalhos. Em 1976 recebe o “Prêmio de Originalidade” com a música “Futebol”, e em 1983 conquista o “Tibicuera” com o musical infantil “Cidade do lugar nenhum”, além do título de “Personalidade do Ano”. Em 96, ao lançar o álbum “Juntos”, foram três “Prêmios Açorianos”, o “Melhor Disco”, “Melhor Compositor” e “Melhor Disco de MPB”. Um ano mais tarde, o “Prêmio Açorianos” chega mais uma vez, mas com o show “Juntos Ao Vivo”, como “Melhor Espetáculo”. Em 1999 recebe o “Açorianos” de “Disco do Ano” e “Disco de MPB”, novamente com “Juntos Ao Vivo” e em 2002 o músico segue trilhando o seu espaço, e com o disco “Da Pessoa”, recebe o “Prêmio Açorianos de Música”. As multifacetas do artista Além de arrancar aplausos com voz e violão, Nelson Coelho de Castro dedicou sua carreira ao teatro e até para espetáculos infantis. Também começou a pesquisar, reunir e atualizar textos, crônicas, memórias e ensaios sobre cultura, em 2005, que iriam integrar um livro, ainda não concretizado. “O livro era para ter sido lançado antes do disco ‘Lua Caiada’, em 2006, e não deu. Quero terminá-lo. Vai se chamar ‘Conteúdo Abandonado’ e vou contar parte desta minha história na música, entre outros textos dispersos como contos, crônica e poesia”, afirma, ao confessar os projetos para o futuro.
Cantando com Nelson “Lua Caiada” é o trabalho do músico que está sendo divulgado em Ijuí, num show que acontece amanhã, no teatro do Sesc, a partir das 20h. O trabalho foi produzido dentro do Projeto Cultural da Petrobras e traz samba, ciranda, valsa brasileira e a MPB, este último, o mais apaixonante. “Neste disco busquei uma unidade que sempre, por paixão ou sem querer, preteri. Calhou das músicas eleitas fazerem parte da safra onde a ‘espécie’ MPB estava em maior número”, explica Nelson. Além das novas músicas, o público vai poder conferir “Armadilha”, “Ver-ter Algo Teu” e “Vim Vadiá”. No palco, Nelson divide a cena com Giovani Berti, Pedrinho Franco, Matheus Kleber e Monica Tomasi. A última, cantora, compositora e parceira de longa data, desde o lançamento do espetáculo “Pérola no Veludo”, onde os dois cantam o samba “Apela. “A participação da Monica Tomasi é um presente do destino, faz tempo que a gente se apresenta juntos. É mais do que maravilha estar ao lado do Giovani Berti, do Matheus Kleber, do Pedrinho Franco. São músicos fantásticos e ainda por cima grandes amigos”, adianta. Os ingressos para o show estão sendo vendidos no Sesc. Para comerciários custam R$ 5,00, para empresários R$ 8,00 e usuários comuns R$ 10,00, mediante apresentação da carteirinha. Na hora, também estarão sendo vendidos.