História do Design em Portugal

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António Garcia Design Português

Cláudia de Lima


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Ìndice Introdução ..................................................................................... 5 I. Contexto .................................................................................... 7 II. Vida e Obra .............................................................................. 13 III. Obra em detalhe ...................................................................... 33 Conclusão ....................................................................................... 51 Bibliografia ..................................................................................... 55 Webgrafia ....................................................................................... 56 Fonte de imagens ........................................................................... 58

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Introdução

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finalidade deste trabalho é primeiramente definir um contexto político, social e económico da altura onde se insere o designer António Garcia, depois descrever cronologicamente a biografia do autor e toda a obra, e finalmente detalhar algumas das obras. A obra de António Garcia é referenciada em diversas publicações nacionais, nomeadamente por parte do Centro Português do Design (atualmente encerrado) ou por instituições museológicas como o MUDE, e a nível internacional. Procurei investigar, recolher, reunir e selecionar toda a informação que os livros, documentos, catálogos e internet oferece para teorizar a biografia e obra de António Garcia. Esta que parece ser um exemplo a considerar na análise do trabalho realizado pelos pioneiros do design português do século XX ou da 1ª geração.

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I. Contexto

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aparecimento e implantação do Design em Portugal, desde logo e como é comum a toda a cultura Europeia do Design feita, numa primeira fase, via Artes Decorativas, decorrente de movimentos como o Arts & Crafts, a Arte Nova e mais tarde o Art-Deco – movimentos que introduzem uma nova estética, burguesa e pronto-moderna. Em Portugal, devido ao arranque tardio das indústrias e à natureza do regime do Estado Novo, este período é particularmente prolongado, entrando por toda a primeira metade do século XX e misturandose com influências modernizadoras com a persistência das estéticas historicistas anteriores. Historicamente, a segunda geração de modernistas, constituída por um grupo heterogéneo de decoradores, arquitetos, artistas plásticos, participou na Exposição do Mundo Português (1940), após as representações nas exposições internacionais de Paris (1937) e de Nova Iorque (1939). Progressivamente, a formação autodidata dos denominados “pintores/decoradores” torna-se obsoleta, surgindo a necessidade de criar escolas que preparassem designers gráficos e profissionais que desenhassem exposições, feiras e stands publicitários. É nesta altura que emerge a primeira geração de designers, onde António Garcia se inclui. Entre estes mestres, sobretudo Frederico George, e discípulos, a aprendizagem caracterizava-se por uma partilha direta, transmitida através da prática de arte como ofício em atelier, que o ensino conservador e tradicional das Belas-artes continuava a não

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proporcionar. Estes espaços de ensino laboratorial eram intensamente procurados por “dissidentes à procura de um mestre” que ansiavam a mais-valia das experiencias acumuladas. Para além de António Garcia, encontramos nesta geração transitória, António Sena da Silva, Daciano da Costa, João Machado, Armando Alves, Roberto Araújo, Manuel Rodrigues, José Espinho, Sebastião Rodrigues e Vítor Palla, entre muitos outros, nomes que vêm afirmar o design no panorama nacional como disciplina autónoma com um corpus próprio. Nos anos cinquenta, o Estado Novo Salazarista consolidou-se pelas ligações às democracias ocidentais, pelo desafogo financeiro, pela situação favorável da balança comercial e pela repressão da oposição. Mas apesar do regime extremista, a década de cinquenta trouxe novas perspetivas para o design em Portugal, tornando insuficiente a atividade do pintor-decorador, na medida em que a execução do 1º plano de fomento (1953 – 1958) e sobretudo, o desenvolvimento económico internacional (adesão, em 1959 à Associação Europeia do Comércio Livre /EFTA) deixavam antever novos estímulos à industrialização. O design surge então em meados do século passado, desenvolvendo-se aos poucos e sob um forte impulso do governo da altura, o Estado Novo. Durante a fase propagandista da ditadura de Salazar, os dois principais territórios do design são os interiores e o mobiliário, por um lado e as artes gráficas, por outro. Assim, será preciso esperar pelos anos cinquenta para encontrarmos os primeiros passos do Design na sua configuração metodológica e concetual moderna, sob a dependência da indústria e das necessidades cosmopolitas, ou seja, a configuração metodológica e conceptual moderna do design foi resultado de diversas experiências acumuladas e da relação de partilha entre gerações, impulsionada pela indústria em desenvolvimento. A designação generaliza-se e o papel social do design começa a clarificarse nessa década, alargando-se a outros sectores nacionais, referindo-se

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aos artistas gráficos, formados nas escolas de Belas Artes e na António Arroio, como é o caso de António Garcia. Num ambiente de insuficiências industriais e das rotinas empresariais do país, o design emergiria, de fato, apenas no início dos anos 60, fundado na ação pedagógica de Frederico George. A progressiva institucionalização da disciplina acontece num contexto democrático, depois de 1974, ou seja, há que aguardar até aos anos setenta para que o ensino e o ofício de designer se consolidem. Desde então o design cresceu em Portugal a diversos níveis, acompanhando sempre a tendência internacional, mesmo que com um atrasado comparado aos outros países da Europa. O design tornou-se então um elementochave da economia contemporânea. Relativamente à consolidação desta disciplina na sociedade acompanhou os desenvolvimento da produção arquitetónica que emerge com os primeiros modernistas “independentes” em 1930 e pouco evolui – excluindo a vertente das artes gráficas. Daciano da Costa, Sena da Silva e António Garcia foram os principais pioneiros do movimento de design nascente, prosseguindo pelos anos 70 a sua ação, reforçada mais tarde pelo aparecimento de outros novos designers, no domínio do design de interiores e de produto. Desde meados da década de 1990, tem-se assistido à recuperação, seleção e divulgação da história do design em Portugal e de alguns dos seus protagonistas. Mas apesar do esforço, segundo Fernando Mendes, «a história do destas primeiras gerações ainda estão por fazer» e considera ainda, que «são precisas pessoas que se interessem por esta matéria» (9) Numa outra perspetiva, os trabalhos de António Garcia podem (9) Fernando Mendes – António Garcia, os caminhos do design. Lisboa: Centro Português de Design, Junho de 1991, p. 4

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também ser testemunho da estratégia política, económica e cultural do Estado Novo entre os anos cinquenta e setenta, uma vez que permitem conhecer a indústria e o comércio existentes na época, as relações com o Ultramar e o incentivo dado ao design através de diversos concursos e exposições, tanto em Portugal como no estrangeiro, promovidos pelo Secretariado Nacional de Informação (SNI) e pelo Fundo de Fomento de Exportação (FFE). A execução dos planos de fomento, entre 1953 e 1964, traz novas perspetivas para o desenvolvimento do design nacional, constituindo um fator impulsionador do crescimento económico do país, abrindo-o também à atividade económica internacional, nomeadamente com a adesão à Associação Europeia do Comercio Livre (EFTA), em 1959. Algumas empresas tiveram uma perceção pioneira sobre as vantagens do design e deram um novo rumo ao sistema produtivo na altura, destacando-se as seguintes: o grupo CUF (Empresa Geral de Fomento, Lisnave, Setenave, Tabaqueira, Companhia Nacional de Navegação, a Sacor, a Covina, a Sorefame, a Messa, a Editora Ulisseia, os Móveis Sousa Braga, a Fábrica Osório e Castro, entre outros. Este processo de modernização passou pela adoção de métodos industriais e pela valorização, em simultâneo, do património artesanal dos artífices nacionais, procurando uma conjunção entre a tecnologia, a inovação, a tradição e a qualidade. Por outro lado, durante os anos sessenta e setenta, as iniciativas tomadas para o desenvolvimento e alargamento do mercado nacional, ao nível turístico, industrial e comercial, promovidas pelo FFE e pelo Instituto Nacional de Investigação Industrial, abriram as portas para as novas gerações de designers. O design que daí resultava foi representativo das alterações sociais que também ocorreram, adquirindo um carácter mais utilitário, democrático e humanizado. Contudo, e à semelhança de décadas anteriores, continuaram a coexistir duas categorias distintas: a do objeto artesanal e a do produto industrial. Durante esta década e as seguintes, António Garcia procurou 10


soluções mais democráticas para os equipamentos que concebeu, atendendo em fatores como a economia de produção, a versatilidade de utilização e a adequabilidade a diferentes espaços. Os seus trabalhos destinavam-se tanto às elites como às massas, tendo quer um carácter de design de autor, quando produzia peças únicas (as suas preferidas), nomeadamente as de design de interiores e de design de equipamento para as salas de administração de empresas (Empresa Geral de Fomento, Lisnave, Setenave, Banco Nacional Ultramarino, Banco Totta Standard), apartamentos e escritórios particulares quer de anónimo, ao projetar para pequenas e grandes indústrias, com destaque para a Tabaqueira (embalagens de marcas de tabaco), a Editora Ulisseias (capas de livros), a Sorefame ou o Gabinete da Área de Sines (stands para a FIL). Participou intensamente nas exposições e feiras nacionais e internacionais, tendo uma clara perceção da emergência do comércio moderno e da comunicação de massas. Focando-se no aqui e agora, procurou adaptarse aos diferentes clientes e objetivos, tentando encontrar soluções adequadas e inovadoras para os desafios do seu tempo. Infelizmente, muitas das suas criações foram condicionadas pela incapacidade de uma resposta atempada dos empresários nacionais. Os inúmeros heterónimos existentes em António Garcia foram-se revelando no decorrer da sua vida: o artista plástico, o designer gráfico, o arquiteto, o organizador de espaços, o decorador, o projetista, o produtor e gestor, o desenhador de equipamento, tal como o interlocutor, quando estabelece relações com artesãos, artistas, fornecedores, empresários e instituições, funcionando como catalisador entre todos os intervenientes e os respetivos projetos.

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II. Vida e Obra

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ntónio Carlos Garcia nasceu em Lisboa a 3 de Fevereiro de 1925, no mesmo ano da Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas realizada em Paris. Casa em 1950 com Maria de Lurdes de quem te m dois filhos, José Manuel e Pedro. As suas férias eram passadas a conhecer o país e passou muito do seu tempo no Ribatejo e no Algarve. Desde cedo que a sua vocação para o desenho foi reconhecida pela mãe que o estimulou encaminhando-o para os estudos artísticos. Forma-se como desenhador litógrafo num curso noturno na Escola Industrial António Arroio (1) – Artes Aplicadas, no início dos anos quarenta, onde teve como professores o mestre João Rodrigues Alves e os pintores Aires de Carvalho, Estrela Faria e Lino António. Em simultâneo frequentou o curso liceal do Ateneu Comercial de Lisboa. Ambicionou ser arquiteto mas não lhe foi possível aceder ao curso de Arquitetura na Faculdade de Belas-Artes, o que não o impediu de mais tarde ter realizado projetos arquitetónicos. (1) Escola Industrial António Arroio – A Escola de Artes Decorativas António Arroio na década de 1940-1950 tornou-se o epicentro centro de uma década áurea para a história do Design Português. Assim como as Escolas de Belas Artes seguia uma estrutura académica, conservadora e tradicional. Funcionou como um espaço experimental e laboratorial do design em Portugal, seguindo o modelo da Bauhaus. A escola foi concebida como uma pequena escola que seguia o modelo inglês e austríaco das escolas de artes e ofícios (influência do movimento Arts and Crafts de William Morris) onde as aulas tinham um regime de atelier. Esta prática de ensino foi impulsionado por Frederico George cuja formação anglo-saxónica o tinham feito adotar, próximo do modelo da Bauhaus. Depois de este ter entrado em contacto com Walter Gropius e Mies Van der Rohe ficou sensibilizado para as potencialidades do design e mostrou-lhe um novo entendimento sobre a pedagogia do ensino onde a prática sobrepunha-se à teoria.

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(i) Entrada para a Exposição do Mundo Português de 1940 (ii) Cadeira Barcelona de Ludwig Mies Van der Rohe

Desde novo inspirou-se e foi influenciado pelo discurso gráfico de autores que tiveram grande projeção na época. Inspirou-se nos cartazes de Fred Kradolfer (1903-1968), pelas montras da Kodak da autoria de Roberto de Araújo (1909-1969), pelos cartazes e arranjos de montras executadas por Sebastião Rodrigues (192-1997) e Manuel Rodrigues (1924-1965) para o SIN e o Palácio Foz (Restauradores). Tinha grande admiração pelas criações de Víctor Palla (1922-2006), pelos cartazes de Cassandre (1901-1968) e Raymond Savignac (19092002). A nível internacional foi influenciado por peças como a cadeira Barcelona (1929) e a criação de Ludwig Mies Van der Rohe. Teve como referências o legado de arquitetos e designers de equipamento: Frank Lloyd Wright (1867-1959), Ettore Bugatti (18811947), Alvar Aalto (1898-1976), Marcel Breuer (1902-1981), Charles Eames (1907-1978) e George Nelson (1908-1986). Grande parte do seu trabalho foi influenciado pelas suas múltiplas viagens e visitas a várias exposições nomeadamente a Exposição do Mundo Português em 1940 onde participaram a segunda geração de modernistas constituída por um grupo heterogéneo de decoradores, arquitetos e artistas plásticos.

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O seu trabalho incide na sociedade cultural, económica e industrial das décadas de cinquenta a setenta do século. A sua obra é extensa, diversificada, transversal e qualificadora, tendo sida desenvolvida durante mais de meio século e exerce-se maioritariamente no domínio da Arquitetura e do Design e depois em outras vertentes, mas sempre com uma amplitude interdisciplinar e transversal, ou seja, cruzando as áreas entre si. Foi nos campos como os das artes aplicadas, gráficas, design de comunicação, design de produto, design expositivo e arquitetura que António Garcia revelou uma capacidade invulgar para lidar com diferentes escalas – desde o desenho de um selo a um projeto de arquitetura. Nas artes aplicadas realizou trabalhos de artes gráficas e design de comunicação, comercial e institucional - ilustração caligrafia, capas de livros, diversas publicações, cartazes, rótulos, embalagens –, e de imagem corporativa – logótipos, estacionário e outras aplicações comerciais. Trabalhou também no design de equipamento e mobiliário – mesas, cadeiras, candeeiros, sofás – sendo a maior parte protótipos ou de série reduzida. Realizou projetos de arquitetura efémera ou design de exposições de cariz comercial e institucional, de maior ou menor escala, a nível nacional e internacional. Na arquitetura projetou edifícios, uma fábrica, moradias, um complexo turístico e desenvolveu vários trabalhos de design de interiores e decoração para hotéis, salas de administração, instalação de bancos e casas particulares.

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A carreira profissional de António Garcia iniciou-se aos dezassete anos quando começou a trabalhar no Ministério da Economia como desenhador assalariado onde desenvolveu projetos de equipamento industrial. Em 1950 colabora na grande exposição de Agropecuária realizada na Feira Popular e nos stands na Feira de Agricultura. Nesta mesma altura colabora com a Mosquitos, uma revista infantil, para a qual desenhavas modelos a serem construídos em cartolina. Colaborou ainda para as revistas “Construções e Coisas Práticas” e “Trabalhos Manuais” desenhando modelos sólidos de aviões e barcos, entre outros. Trabalhou para a Agência de Publicidade Arco, onde deu os primeiros passos na área da publicidade e desenho gráfico. Entre 1947 e 1959 participou, juntamente com António Sena da Silva, em trabalhos de Arquitetura, Design de Interiores, Design Industrial, Gráfico e Publicidade na Autosil – Acumuladores elétricos – onde, aos vinte e dois anos integrava na empresa como Designer gráfico e industrial. A parceria e amizade com Sena da Silva (2) enriqueceu os seus conhecimentos nas áreas mencionadas e ainda nas áreas de Arquitetura e Arquitetura de Interiores. António Garcia trabalhou principalmente na área do design de interiores e de exposições, «o primeiro como complemento da arquitetura na organização dos espaços e na criação de ambientes» e o segundo (2) António Sena da Silva – Arquiteto e designer, exerceu profissões nos mais vários ramos: correspondência comercial em línguas estrangeiras, tradução de romances policiais, publicidade (cartazes, textos e grande diversidade de anúncios), design gráfico (embalagens, logotipos, marcas, modelos, etc.), ilustrações para livros e revistas, cenários e figurinos para teatro e cinema, poesia, decorações, carroçarias e visuais para autocarros, pinturas murais, fotografia, pavilhões para exposições e feiras, design de mobiliário, arquitetura e trabalhos de arquitetura, administração empresarial, artigos e ensaios para revistas e jornais e docência como professor de tecnologia de pintura decorativa e desenho de mobiliário, arquitetura de interiores, técnicas de comunicação visual, geometria e design, sucessivamente na Escola António Arroio, na Sociedade Nacional de Belas Artes, na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, na Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva e no Curso Superior de Arquitectura.

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pela colocação do «design perante a resolução de inúmeros problemas como: desenho de estruturas, vitrinas, painéis, fotomontagens, legendas, projeções, ilustrações, grafismos, iluminação, entre outros elementos coordenadores de leitura e impacto na transmissão da mensagem». (3) À época, a qualidade inovadora e atrativa das capas de livros que António Garcia criava não passou despercebida e em 1952 ganhou o primeiro prémio do concurso promovido pela Editora Ulisseia com as capas dos livros O Adeus às Armas, de Hemingway e A Casa de Jalna, de Mazo de la Roche. Estes acabariam por ser os primeiros dos cerca de sessenta títulos da série literária de Autores Modernos que viria a realizar para esta editora. Entre 1954 e 1970 manteve uma colaboração duradoura com o editor Figueiredo Magalhães, com o qual trabalhou num ritmo de produção quinzenal. Nesta altura o impacto estético e o valor publicitário e comercial das capas do autor eram comentadas e tinham um feedback positivo.

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(3) Cit. de António Garcia – “Antonio Garcia”. AA. VV. – Design Lisboa 1994, p.85

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(iii) Capa do livro O Adeus às Armas de Hemingway (iv) Capa do livro A casa de Jalna de Mazi de la Roche


(v) Cadeira Gazela

Em 1955, no domínio do mobiliário, cria espontaneamente uma cadeira batizada pelo autor como Gazela. A Gazela era uma peça de mobiliário escultórico, elegante, executada em carvalho e editada por Bacelar e Alves, que teve uma produção limitada. Neste mesmo ano, António Garcia, juntamente com o Engenheiro João Nunes da Glória, projeta o design de interiores, mobiliário, decoração e arranjo paisagístico envolvente à unidade fabril da Fábrica da Canada Dry – fábrica edificada a 1956 em Vila Franca de Xira e terceira marca internacional americana com maior cota de mercado a seguir à Coca-Cola e à Pepsi da altura. Quatro anos mais tarde abre o seu próprio atelier, na Avenida da Liberdade, nº 177, partilhado por diversos jovens Arquitetos. Durante este período frequenta a tertúlia do Café “Paraíso”, na Rua Alexandre Herculano, onde convive com personalidades do meio artístico da época. O facto de ter aberto um local próprio para dedicar-se ao trabalho permitiu-lhe ganhar um estatuto de profissional autónomo e liberal, o que lhe deu a oportunidade de desenvolver a área do design de interiores e a criação de objetos gráficos e publicitários variados.

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Deu-lhe também a oportunidade de participar em diversos concursos na área do design gráfico e ganhar muitos destes. Destacam-se as marcas Strol – Importações-Exportações (1950), Estana - Fomento de Minas (1957), Messa – Máquinas de escrever (1959), Pérola – Rótulos de Cerveja (1959), Sorefame – Sociedades Reunidas de Fabricações Metálicas (1961-1963) e Mineira – Companhia Mineiro do Lobito (1967). Para além destes, concebeu ainda os seguintes logótipos: Crédito Predial Português (1963), Centrol – Centro Distribuidor dos Óleos de Moçambique (1964), Cajuca, Codepa, Saprel, entre outros, e a Identidade Corporativa de diversas empresas, como o estacionário para a Ecomar – Empresa Comercial do Ultramar (1956), Herold-Imdica – Importadora e Distribuidora de Carvões (1957) e Seta – Sociedade Exploradora de Transportes Aéreos (1965). Executou ainda trabalhos de design gráfico marcantes para a história da empresa Tabaqueira desenhando embalagens de marcas de tabaco. Das contribuições de António Garcia a nível de design de interiores e design expositivo destaca-se o anfiteatro do Centro de Cultura e Recreio D. Manuel de Mello, projetado em parceria com Daciano da Costa (1930-2005) em 1965 e a criação do respetivo logótipo, assim como o design de exposições na FIL (4).

(4) FIL - Feira Internacional de Lisboa, localiza-se no Parque das Nações, em Lisboa e é um espaço onde se realizam algumas das maiores feiras temáticas do país. Remonta ao período do Estado Novo Português, quando foram erguidas as suas primitivas instalações na Junqueira, Alcântara, com projeto dos arquitetos Francisco Keil do Amaral e Alberto Cruz (Feira das Indústrias, 1952-57). Hoje esse edifício alberga o Centro de Congressos de Lisboa. Após o encerramento da Expo ‘98, a Zona Internacional Norte foi reconvertida para acolher o novo espaço. A FIL é palco de numerosas exposições.

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(vi) Embalagem de tabaco SG Gigante 1968 (vii) Embalagem de tabaco SG Filtro 1968 (viii) Cartaz - Anúnio da Tabaqueira SG 1974 (ix) Embalagem de tabaco Ritz 1970

Em 1964 colabora com a empresa de tabaco com o re-design da embalagem SG Ventil, seguindo-se em 1965 as embalagens Sintra e no ano seguinte High Life, Monserrate e Kayak; SG Gigante e SG Filtro em 1968. Algumas das marcas de tabaco já não se encontram no mercado, outras têm vindo a ser reformuladas, como é o caso da SG Filtro, o Ventil e o SG Gigante. Nos anos setenta desenvolve as embalagens do Plaza (1974) e do Ritz (1970), sendo que esta última ainda persiste no mercado praticamente inalterada desde a criação de António Garcia.

(x)Embalagem de tabaco Sintra 1965 (xi) Embalagem de tabaco Monserrate 1966 (vi)

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No âmbito do design gráfico - criação de cartazes – destacamse os trabalhos realizados para a SNI, “O Verão vem passar o Inverno a Portugal” de 1961, “Good Goods from Portugal” de 1959, “EMBA’61” de 1961 para o Fundo de Fomento de Exportação (5). Este último acabou por ganhar o primeiro prémio geral na 1ª exposição internacional de embalagens com a proposta do conjunto de rótulos da marca de cerveja Pérola. Neste evento ganha ainda o segundo prémio do sector «, com a embalagem de tabaco Sagres da CPT - Companhia Portuguesa de Tabacos. O design de exposições e a respetiva execução foi outro importante campo de atividade para este autor em múltiplos eventos em Portugal, realizados regularmente na FIL, e em feiras no estrangeiro. Em 1960 colabora na exposição do Instituto Nacional de Investigação Industrial (INII), com António Sena da Silva e Luís Filipe Abreu (1935) e em 1963, na Exposição Comemorativa dos 25 anos da Sacor, com a mesma equipa e com o engenheiro João Nunes da Glória. Entre outras exposições concebidas por diversas empresas destacam-se as diversas empresas e entidades: Messa (1959), Sorefame (1975 e 1976), MOHP – Ministério da Habitação e Obras Públicas (1974 e 1975), Rodoviária Nacional (1974), Sidul (década de setenta), Covina (década setenta) e Banco Nacional Ultramarino – BNU (década de oitenta).

(5) Fundo de Fomento de Exportações - fundo criado pelo estado com o fim de subsidiar todas as instituições ou empresas que exportassem.

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Na década de cinquenta é apresentado ao arquiteto Frederico George (4) por Sena da Silva tendo ambos colaborado como desenhadores na finalização da sua tese de Arquitetura para a Escola Superior de Belas Artes. Em 1964-65, numa equipa liderada por Frederico George (6), participa juntamente com Daciano da Costa (1930-2005), Roberto Araújo e Jorge Matos Chaves, Le Mattre de Carvalho e outros, na conceção e produção dos interiores do Pavilhão de Portugal para as Comemorações do IV Centenário da Cidade do Rio de Janeiro, no Brasil. António Garcia é o responsável pela seção expositiva dedicada à Agricultura e Indústria e aos grandes investimentos do país, numa execução de grande escala onde se incluem máquinas industriais (locomotiva da Sorefame). Na década de setenta, o autor, projeta vários stands expositivos itinerantes e efémeros para as representações oficiais do Fundo de Fomento de Exportação, destinadas ao circuito das feiras internacionais de comércio e turismo. Em 1970 ganha o concurso para o fornecimento e direção da montagem do stand de Portugal na Feira da Alimentação ANUGA em Colónia, sendo que o stand foi apresentado em Barcelona em 1971 e foi premiado pela organização local. Projetou ainda stands para algumas feiras nas cidade de Estocolmo, Munique, Brnu, Milão, Viena d’Áustria, Lima, Paris, Joanesburgo, Posnan, Maputo e para a Feira Industrial de Hannover. Realizou a imagem da revista MadeinPortugal editada em 1972 pelo Fundo de Fomento de Exportação. É da sua autoria gráfica, em parceria com Luís Filipe Abreu, o livro comemorativo da inauguração da Ponte sobre o Tejo (1966). (6) Frederico George - (1915-1994) formou-se em Arquitectura na Escola de Belas-Artes de Lisboa (EBAL), tendo inicialmente, frequentado e tirado o Curso de Pintura da mesma instituição, que concluiu em 1937. Concorreu a várias Exposições realizadas no País, obtendo, em 1937, na Sociedade Nacional de Belas-Artes, a 2.ª Medalha de Desenho e a 3.ª Medalha de Pintura. Participou e colaborou na decoração da Exposição do Mundo Português, em 1940 e participou na 1ª exposição de design português em 1971. A 4 de Março de 1941 foi feito Oficial da Ordem Militar de Cristo e obteve o Prémio Columbano na Exposição do Secretariado de Propaganda Nacional em 1944. Colaborou com a revista Luso-Brasileira “Atlântico”. Foi professor do Ensino Técnico e do curso de Arquitectura da Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa em 1958.


Outro dos grandes trabalhos de Garcia foi encomendado pela Companhia Nacional de Navegação. O autor ficou encarregue pelo design do interior e a decoração dos aposentos do Almirante Américo Tomás (1894-1987) no navio Príncipe Perfeito – intervenções realizadas para as viagens oficiais que este presidente da republica portuguesa efetuou ao Ultramar. Em 1968 António Garcia integra-se na equipa responsável pelo design de interiores e decoração do Hotel Alvor Praia no Algarve. Em parceria com José Espinho (1917-1973) é responsável pelas áreas do vestíbulo da entrada, receção, sala de estar, restaurante, bar, hall dos elevadores, lojas, cabeleireiro, zonas de serviços administrativos e respetivo mobiliário.

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(xii) Navio Príncipe Perfeito (xiii) Interior do Navio Príncipe Perfeito (xiv) Decoração interior do Hotel Alvor Praia em 1968 (xv) Bar do salão de jogo principal do Casino Estoril. Decorador: José Espinho, fabricante Sousa Braga. Revista Casa e Decoração


(xvi) Cadeirão Modelo Relax de 1971 (xvii) Exposição Universal de Osaka’70

Projeta várias linhas de mobiliário de escritório na década de setenta: Containers7, Secretárias modelo PS-1, modelo PS-2, mesas empilháveis modelo Cubo 4x4, protótipos produzidos pela empresa Móveis Sousa Braga. Em 1971 concebe o cadeirão modelo Relax, produzido pela mesma empresa, para o concurso lançado pelo Fundo de Fomento de Exportação – o objetivo deste concurso era conceber uma cadeira confortável. Participou na Exposição Universal de Osaka’70 no Pavilhão de Portugal em 1970 no Japão. Esta experiência foi muito rica para o autor e viria a determinar as preferências e opções na abordagem da Arquitetura e do Design. No Japão teve a oportunidade de conhecer várias cidades, nomeadamente Hong Kong e Macau. Mais do que livros e revistas, António Garcia aprendeu com as pessoas e com as experiências de vida. Foi graças a estas viagens que fez, nomeadamente pela Europa, Brasil, Africa e Japão, para montar pavilhões e stands de feiras projetados por si na sequência dos concursos ou encomendas diretas para a promoção da cultura e do comércio além-fronteiras.

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(xviii) Exposição Universal de Osaka de 1970

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Juntamente com Frederico George e Daciano da Costa integrou na equipa responsável pelo design de interiores e expositivo, que abordou o tema Portugal de Hoje e Amanhã. Para este evento cria uma cadeira, Osaka’70 (1969), peça encomendada para integrar uma área exterior ao Pavilhão de Portugal, com fim a equipar o espaço do Instituto Nacional do Café, com a representação do Café de Angola. Esta cadeira foi desenhada de modo a ser possível o seu acondicionamento e desmontada e preparada de modo a que os seus componentes pudessem facilmente ser montados no local. Posteriormente, a Fábrica Osório e Castro promoveu a exportação da Osaka’70 (e da cadeira Sena, de António Sena da Silva), divulgando esta peça. No âmbito desta exposição, António Garcia, criou ainda quatro modelos de selos Osaka Expo’70 (1970) emitidos pelos CTT Correios de Portugal, assinalando deste modo o acontecimento. O autor desenhou ainda três modelos de selos para o Mês Internacional do Coração em 1972, para o Dia Nacional da Luta Antialcoolismo em 1977 e o 6º Centenário da Aliança Anglo-Portuguesa para o Fundo de Fomento de Exportação. Em 2003, os CTT Correios emitem um conjunto de dez modelos de selos sob o tema Design com fim de homenagear dez designers portuguese, reproduzindo as suas criações, entre as quais se destacam a cadeira Osaka de António Garcia. Em 1971, na Exposição do Design Português - FIL, é apresentada pela primeira vez a cadeira Osaka e as mesas Cubo 4x4, numa montagem efetuada pelo próprio autor para a qual realizou seis protótipos de embalagens de cartão canelado, destinadas ao transporte do mobiliário para a sua exportação. Esta embalagem tinha a particularidade de incluir as instruções de montagem em técnica de Silk-Screen (Serigrafia). Em 1972 esta iniciativa, divulgadora do design português a nível nacional, teve uma segunda edição. Estas duas edições permitiram divulgar e afirmar de modo decisivo António Garcia, onde se destacou o seu modelo Osaka, que teve ótima recetividade e que se

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veio a tornar um ícone do mobiliário português. Ainda no início da década de setenta, o autor, projeta o conjunto turístico Aldeia dos Navegantes, em Vilamoura – Algarve, constituída por um conjunto de moradias em banda, clube de apoio e piscinas. Este empreendimento urbanístico funciona ainda até hoje. Em 1974, a companhia de seguros Império convida António Garcia e Daciano da Costa a dirigir o Gabinete de Design para dar apoio a outras frentes de negócio, designado Risco – Projetistas e Consultores de Design, SARL. Integram neste gabinete Vasco Lapa, Fernando Conduto, Cristóvão Mácara, Luís Carrôlo e o maquetista Rodrigues. Mais tarde convidam também o arquiteto Manuel salgado. Assinala-se em 1978, o Pavilhão de Acolhimento, Informação e Receção do Gabinete da Área de Sines, em Santo André, que não chegou a ser construído. Este projeto de grande envergadura, deu oportunidade a António Garcia de conjugar a Arquitetura com outros aspetos do design, nomeadamente o desenho de mobiliário urbano provisório, sinalética e a realização de exposições. Trabalhou na decoração, design de interiores e mobiliário de diversas salas de administração e de Administradores de grandes empresas, como a Empresa Geral de Fomento, Lisnave, Banco Nacional Ultramarino – BNU (atual Caixa Geral de Depósitos) e um auditório para 220 lugares na sede deste banco. Destacam-se ainda os diversos Balcões e Agências de Bancos para o Banco Fonsecas & Burnay, Balcão do Banif e Banco Totta Standard. Em 1982 a Associação Portuguesa de Designers organiza o evento Design e Circunstância, realizado na Sociedade Nacional de Belas Artes, na qual António Garcia participa. Este que havia sido sócio fundador em 1976. O seu pensamento e a sua ação foram ganhando forma através das experiências práticas e da vontade de encontrar a melhor resolução para cada problema específico, procurando-o fazer sempre com grande criatividade e inovação. António Garcia afirmava que em qualquer

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(xix) Capa de revista Who’s Who in Graphic Art (xx) Daciano da Costa (xxi) António Sena da Silva

trabalho que tivesse que realizar, o design surgia naturalmente, ao pretender dar soluções funcionais. Afirmava ainda que o próprio detalhe construtivo, já era por si um problema. A sua obra tinha tal valor na história do design a nível nacional e internacional que foi referenciada nas seguintes publicações: 1ª e 2ª Exposições de Design Português (1971,1973), Graphics International 2 (EUA, c. 1960), Who’s Who in Graphic Art (1962), DesignLisboa94 (1994), Daciano da Costa, Designer (2001), Sena da Silva – 60 anos de ofícios: riscos, sustos, entusiasmos, êxitos e insucessos (2000), Cadeiras Portuguesas Contemporâneas (2003), entre outras. Na história do design em Portugal é referência para os autores Daciano da Costa, António Sena da Silva, José Augusto França, Maria Helena Souto, Rui Afonso Santos, Carlos Rocha, José Manuel das Neves, João Paulo Martins e Joana Moreira.

(xx)

(xix)

(xxi)

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António Garcia considera que cada um dos seus inúmeros trabalhos têm uma história e um protagonista diferente e que tanto podem ser clientes,como fornecedores de serviços, empresários, operários qualificados de qualquer indústria, artífices prodigiosos, companheiros de trabalho, mais velhos ou mais novos e que foi, trabalhando com estas pessoas que foi aprendendo, cometendo erros e partilhando êxitos e insucessos. (7) Os seus mestres foram os companheiros e colegas de trabalho, os clientes e um inúmero leque de marceneiros, serralheiros, estucadores, pintores, mecânicos, fotógrafos e outros profissionais dos mais diversos ofícios que tinham conhecimento e prática e que gostavam de ensinar jovens projetistas que chegavam com «um boneco» (8) na mão, mas sem saberem como o fazer. Para o autor, este saber prático e manual valia muito, e sentia que estava em vias de extinção, por isso alertou designers mais novos para o fato de terem de procurar outros mestres e outros mecanismos de aprendizagem, para além do próprio instituto onde estudassem. Para António Garcia, ser designer era saber resolver os problemas, uns mais concretos, outros mais subjetivos, ir fazendo o que aparecesse, e considerar que era possível.

(7) Cit. de Fernando Mendes – António Garcia, os caminhos do design. Lisboa: Centro Português de Design, Junho de 1991, p. 4 (8) Idem, ibidem.

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(xxii) Catálogo da exposição António Garcia, Zoom In Zoom Out (xxiii) Convite para a entrega do doutoramento honoris causa a António Garcia

Pela excelência da sua vasta obra, em 2010, António Garcia recebe o prémio nacional de design – Prémio Carreira 2010 pelo Centro Português de Design. Neste mesmo ano inaugurou no MUDE – Museu do Design e da Moda, a exposição António Garcia Zoom In Zoom Out, comissariada por Sofia da Costa Pessoa. Nesta exposição são apresentados cerca de 150 espécimes da autoria do designer. Na inauguração verificou-se uma grande afluência de público, de pessoas de diferentes faixas etárias, pouco divulgada, mas muito importante para a história do design português, não só pela quantidade de trabalho mas pela qualidade e riqueza criativa das obras em várias vertentes do design e da arquitetura. Com fim de homenagear a atividade do designer em Portugal, em 2014, é atribuído ao designer António Garcia o grau de Doutor Honoris causa pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa - o primeiro em Design daquela instituição. A 17 de junho de 2015, com 90 anos, falece na sua cidade natal.

(xxii)

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(xxiv) Ant贸nio Garcia, Revista S谩bado

(xxiv)

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III. Obras em detalhe

«A cadeira é o móvel mais icónico que existe. De todas as peças de mobiliário, é a que melhor retrata um país. A cadeira é um barómetro de quem a produz: reflete o poder, as práticas sociais, a cultura, a tecnologia, a inovação e, claro, o Design». José Manuel das Neves, Cadeiras Contemporâneas Portuguesas, 2003

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Cadeira Gazela, 1955 Em 1955 cria a cadeira Gazela. Segundo Rui Afonso Santos «A (xxv) Cadeira Gazela experimentação foi, alias, uma constante no desenho de mobiliário dos projetada em 1955 anos cinquenta, sentida internacionalmente, mas também em Portugal, não propriamente pela expansão económica e inovação tecnológica mas sobretudo, pelas carências e especialidades industriais e de mercado. Comprova-o uma excecional cadeira em madeira de carvalho, criada em 1955 pelo designer António Garcia, modelo inovador de espaldar losangular de sugestão italiana preenchido por similares tirantes filiformes.». A Gazela é feita em madeira de carvalho e cordão de plástico e mede 100 x 39 x 42 cm. Foram construídas cerca de seis exemplares sendo um deles propriedade do autor.

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Cadeira Osaka, 1970 No âmbito da participação portuguesa na Exposição Universal de Osaka’70 no Pavilhão de Portugal em 1970, foi pedido a António Garcia e a Daciano da Costa para elaborar um projeto para uma área exterior ao Pavilhão, espaço este destinado a ser ocupado pelo Instituto Nacional do Café, com a representação de Angola. A António Garcia é encomendado o equipamento para integrar o espaço, e para o efeito cria a cadeira Osaka, modelo conjugado com uma mesa. São produzidos cerca de 100 exemplares da cadeira, construídos em madeira de pinho e pele natural, pela empresa de mobiliário Móveis Sousa Braga. O pressuposto necessário para viabilizar de modo rápido e económico o transporte para o Japão foi serem facilmente transportáveis, e ser possível de serem acondicionadas desmontadas e facilmente montadas no local. Nesta característica estão subjacentes fatores relacionados com o design democrático, do “faça você mesmo” e da economia de espaço. Estes aspetos revelam-se na constante procura do maior grau de versatilidade nas funções do equipamento e na sua adequabilidade a espaços. Procura ainda desse modo promover a circulação dos móveis, até à exportação através so transporte fácil. O design desta peça, assim como outras peças de mobiliário de António Garcia relacionam-se com o termo francês bricolage, que significa que é a própria pessoa que realiza a atividade de construção ou montagem para seu próprio uso ou consumo, evitando deste modo, a intervenção de serviço profissional. O conceito surgiu nos Estados Unidos, na década de cinquenta, com a sugestão “do it yourself” – faça você mesmo. Devido aos elevados custo de mão-deobra, os empresários compreenderam rapidamente as potencialidades desta particularidade e passaram a criar produtos fáceis de serem usados, utilizando embalagens leves e com manuais explicativos – poupando

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assim na mão-de-obra, no material das embalagens de acondicionamento e no espaço de transporte, permitindo preços de venda mais acessíveis a um público mais alargado. Existem cinco versões de Osaka’70. A primeira construída em madeira de pau-santo e pele preta e a segunda construída com pinho e pele de cor natural. Nas outras três opções variam a madeira e o tecido ou cabedal. A cadeira tem as dimensões 71 x 52 x 43 cm e foi fabricada pela fábrica Móveis Sousa Braga e pela FOC – Fábrica Osório e Castro. Em “A cadeira contemporânea em Portugal, A primeira geração de designers portugueses” Rui Afonso Santos exprime a seguinte opinião: «Juntamente com a cadeira de Sena da Silva, a cadeira Osaka’70 foi igualmente um objeto marcante no design Português. (…) É uma peça icónica, (…) racional, simples e simultaneamente requintada (…).» A cadeira Osaka’70, assim como muitas outras criações de mobiliário por parte de António Garcia, apresenta características

(xxvi)

(xxvii) 37

(xxvi) Cadeira Osaka’70 (xxvii) Cadeira Osaka’70 exposta na coleção permanente no MUDE


Selos Osaka’70, CTT Correios, 1970 No âmbito da participação portuguesa na Exposição Universal de Osaka’70 no Pavilhão de Portugal em 1970, são da autoria de António Garcia os quatro modelos Osaka – Expo’70, emitidos pelos correios CTT Correios de Portugal, para assinalar este acontecimento a nível nacional. Os selos Osaka’70 integram a coleção do património Filatélico da Fundação Portuguesa de Comunicações e estão publicados no Catálogo de “Selos Portais Portugal, Açores, Madeira e Pré-filatélicos”. Os desenhos dos selos são da autoria de António Garcia e foram realizados com a técnica de guache sobre papel e litografados na Casa da Moeda em papel lustrado com margens dentadas. Existem quatro séries diferentes. A primeira tiragem das séries foi emitida a 16 de setembro de 1970 e circulou até Dezembro de 1983 Em 2003 os CTT Correios de Portugal emitiu a série denominada de “Design Portugal” composta por um conjunto de nove selos, representando as criações de dez designers, no qual se incluiu a cadeira Osaka’70. Foram emitidos 300.000 exemplares que circulam em Portugal Continental e Regiões Autónomas. Os selos da emissão “Design Portugal” pretenderam homenagear os profissionais que os conceberam: Dez designers de diferentes gerações ( José Espinho, António Garcia, Leonor e António Sena da Silva, Daciano da Costa, José Maria Cruz de Carvalho, Eduardo Afonso Dias, Carlos Rocha, Carlos Aguiar, Pedro Silva Dias). A emissão dos selos exemplificam uma diversidade de soluções que ao longo de cinco décadas integram o quotidiano português e contribuíram para o tornar mais lúdico e reconfortante.

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(xxviii) Evoca as navegações Portuguesas e a sua chegada ao Japão (xxix) Evoca a convergência e irradiação das várias culturas em relação ao Japão (xxviii)

(xxx) Evoca o início da evangelização do Japão efetuada pelos Portugueses (xxxi) Evoca as siglas do Portugal cristão e do Japão budista

(xxix)

(xxx)

(xxxi) 39


Tabaqueira, Marcas e Rótulos de embalagens de tabaco, 1964 - 1974 Em Portugal Continental existiram cerca de 36 fábricas de tabaco até 1981. A partir desta data dá-se a nacionalização do fabrico de tabaco, excluindo as ilhas, com a constituição da Administração Geral do Tabaco. A nome da marca SG vem das iniciais de Sociedade Geral (que pertence à CUF/Grupo Mello) e o seu lançamento ocorreu a 30 de agosto de 1958. Foi a segunda marca de cigarros com filtro logo a seguir à C.T., da concorrente Companhia Portuguesa de Tabacos (primeira marca de cigarros com filtro nacional). No apoio à divulgação do SG Filtro, a empresa utilizou cartazes publicitários colocados em pontos de venda. António Garcia colaborou com a Tabaqueira, no período de 1964 a 1974, na criação de rótulos para embalagens de diversas marcas de tabaco. 1964

(xxxii) Embalagem modelo SG Ventil publicadas com data 1966 - ténica: letra desenhada e fundo de cor prata

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1965

(xxxiii) Embalagem Multi-Filtro Sintra publicadas com data 1965 técnica: ilustração e letra de decalque 1966

(xxxiv) Embalagem modelo SG Filtro com data 1966 - foram publicadas no catálogo da 1ª Exposição de Design Português.

(xxxv) Embalagem modelo SG Gigante data 1966 - foram publicadas no catálogo da 1ª Exposição de Design Português.

(xxxvi) Embalagem modelo High-Life com data 1966 . 41


(xxxvii) Embalagem modelo Monserrate com data 1966 - existiu no mercado o modelo Monserrate e Monserrate King Size

(xxxviii) Embalagem modelo Kayak com data 1966 - técnica: lustração e letra de decalque e a barra de cor verde 1970

(xxxix) Embalagem modelo Ritz King Size com data 1970 - modelo publicado no catálogo da 1ª Exposição do Design Português 42


1974

(xl) Embalagem modelo Plaza com data 1974 - técnica: ilustração e letras de recalque

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Editora Ulisseia – Coleção de capas de livros, 1952 - 1970 (xli) Capa do livro O Adeus às Armas de Hernest Hemingway

Após obter o 1º prémio concurso, António Garcia inicia em 1954 para a Editora Ulisseia o desenho das capas de livros da série literária de Autores Modernos – título como O Adeus às Armas, de Hemingway e A casa de Jalna, de Mazo de la Roche. Outros autores como Sebastião Rodrigues, António Sena da Silva, José Espinho, Marcelino Vespeira e Vítor Palla, entre outros.

(xli)

(xli)

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(xlii) Capa do livro Encontros de Acaso de W. Somerset Maugham (xliii) Capa do livro O céu e a terra de Carlo Coccioli (xliv) Capa do livro O Espião de Maximo Gorki (xlv) Capa do livro Um punhado de Amora de Ignazio Silone

(xlii)

(xliv)

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Feira ANUGA – Colónia, Alemanha Stand do Fundo de Fomento de Exportação, 1971 (xlvi) Maquete executada por António Garcia para a Feira ANUGA

Para as representações oficiais do Fundo de Fomento de Exportação na década de setenta, António Garcia projeta diversos stands expositivos, efémeros e itinerantes onde se incluíam o design de interiores e expositivo, mobiliário e decoração e a sua respetiva produção. As propostas para as Feiras de Alimentação ANUGA, em Colónia (1970) e Barcelona (1971) foram premiadas. Destaca-se a exposição para a Feira ANUGA – Alimentação realizada em 1971, na Alemanha, que obteve o 1º prémio do concurso do FFE. Este stand itinerante participou durante anos em inúmeras Feiras internacionais, tendo vindo a degradar-se aos poucos. Desta exposição fazia parte a Osaka’70, integrada no equipamento, sendo que esta despertou o interesse de uma empresa dinamarquesa exportadora de mobiliário.

(xlvi) 46


Criou ainda stands para as feiras – Suécia, Munique, Alemanha, Checoslováquia, Itália, Viena d’Áustria, Peru, Paris, África do Sul, Polónia, Moçambique e a Feira Industrial de Hannover, Alemanha.

(xlvii) 47

(xlvii) - Equipamento integrante do stand para a feira de alimentação ANUGA


Publicação MadeInPortugal, 1972 (xlviii) Fotografia do original da publicação MadeInPortugal de 1972

Ainda para o Fundo de Fomento de Exportação, António Garcia concebeu a parte gráfica da publicação periódica MadeInPortugal, que se resumiu à edição de somente dois números.

(xlviii)

48




Conclusão

P

ortugal viveu no século XX uma fase de instabilidade política, social e económica, fatores estes que não favoreceram ao desenvolvimento da indústria e do comércio. Os primeiros dez anos do século foram politicamente instáveis até à implantação da república (1910), seguido da “grande guerra” (1914-1918) e a crise de 1920. O clima de instabilidade manteve-se entre o início da ditadura, 1928, e o ano em que começou a guerra colonial em 1960 e prolongou-se até por volta de 1974 com a Revolução de Abril. Entretanto, devido a diversas circunstâncias, o mercado português sofreu alterações, que por sua vez levaram ao surgimento de novos hábitos de consumo. A esta alteração contribuíram fatores tais como a pequena dimensão do país, a livre circulação de mercadorias, a globalização, o alargamento dos canais de distribuição, o aparecimento das grandes superfícies comerciais, a abertura dos canais de televisão à publicidade e a fusão de empresas multinacionais. Na década de sessenta fruiu-se de estabilidade e paz mundial, pelo que foi a época na qual surgiram grandes empreendedores por todo o mundo. No caso da indústria portuguesa, de escala menor relativamente a outros países europeus, existiram empresas que desempenharam papéis decisivos na economia do país e que de forma pioneira acolheram o design como uma mais-valia para as suas empresas e deram um novo rumo à indústria da época. Procurando conjugar a tecnologia, a inovação e a qualidade, Portugal passou por processos de modernização na qual se atualizaram os métodos industriais e simultaneamente se valorizou o património artesanal dos artífices nacionais. Neste período as exposições e as feiras, nacionais e internacionais, tiveram grande importância porque eram nestes eventos que se realizavam negócios, se apreciavam novos modelos e se criava contactos com profissionais de outros países. António Garcia participou de modo muito ativo, aproveitando as 51


oportunidades que lhes foram proporcionadas por empresas influentes, assim como pelas instituições/organizações da época. Cedo apercebeuse da emergência do comércio moderno e das suas exigências e trabalhou para responder a este mercado. Embora o autor não tem nenhuma especialidade, sente-se confortável em trabalhar em todos os tipos de design devido à sua capacidade de transversalidade, interdisciplinaridade e versatilidade perante os diferentes desafios que lhe eram colocados. É visível na sua obra verificar as várias facetas do autor: o arquiteto, o organizador de espaço, o designer gráfico, o decorador, o projetista, o produtor, o designer de mobiliário, e o designer de exposições. António Garcia funciona entre os binómios. Por um lado o da arte e espontaneidade e por outro o do projeto e pragmatismo. Na área do design de comunicação evidencia-se na sua obra a capacidade de síntese, de expressividade, de impacto e eficácia na transmissão de mensagens. Na decoração apresenta uma preferência por objetos tradicionais, manufaturados e artesanato, que se reflete num gosto pelo movimento “arts&crafts”. Gosta ainda da estética, técnicas e procedimentos de manufatura historicistas e de diferentes civilizações e culturas. Apresenta uma sensibilidade à cultura artística tradicional Japonesa, no que se refere aos ambientes, aos temas, à caligrafia e à ilustração, mas também à Arquitetura e paisagem pelos seus aspetos técnico-formais. No mobiliário as suas preferências são sobretudo pelo estilo escandinavo, pela utilização de materiais naturais e pelas técnicas de produção artesanal, mas não deixa de admirar também o design italiano. Na Arquitetura e no design de interiores demostra uma grande aptidão para organizar e articular espaços, quer públicos quer privados. Quanto aos materiais revela afinidades com a madeira, mármore e a pedra – numa procura e valorização da “verdade dos materiais” e da “humanidade tátil” e valorizando as suas características estéticas, funcionais e de conforto. António Garcia concebe os espaço e os objetos em função de um ambiente e de um público específico e os seus trabalhos destinaram-

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se tanto às elites como às massas, onde se notava o seu caracter e o seu estilo como podia ser anónimo. O designer desempenhou o papel de intermediário entre artistas, artesãos, fornecedores, empresários, instituições. Procurou adaptar-se da melhor maneira aos seus clientes e às encomendas no que respeita aos objetivos a atingir e deu resposta aos diferentes desafios do seus tempo utilizando o design como uma ferramenta de resolução e problemas. Contribuiu para o desenvolvimento do design industrial e viveu os seis condicionalismos e as oportunidades da sua geração – o progresso industrial com a sua componente de progresso económico e social e abertura ao mercado exterior. António Garcia considera que a sua condição de designer foi alcançada através das várias experiencias ao longo da sua vida profissional e pelo método da tentativa-erro, na procura da melhor resolução ao problema e constante criatividade e gosto estético. Sendo que, para o autor, o objetivo final seria sempre encontrar uma equação equilibrada entre a eficácia, o preço, a qualidade e a originalidade. Para este designer “o design surge sempre naturalmente, ao pretender dar resolução aos problemas funcionais, que esto sempre no inicio de cada projeto. O detalhe construtivo é, em si mesmo, um problema de design”, ou seja o design era algo intrínseco e espontâneo a António Garcia. Autores como Daciano da Costa, António Sena da Silva e Frederico George tiveram um papel fundamental na divulgação e a teorização do design, clarificando a condição do design e do designer na sociedade, a nível profissional, teórico e pedagógico, entendendo a sua importância numa perspetiva global. Apesar da independência profissional que António Garcia manteve ao longo dos anos, o seu trabalho e parceria foi sempre uma constante na sua vida e é convicto que a relação de amizade duradoura e os trabalhos realizados com os autores a cima referidos levaram-no a uma interiorização correta no seu papel como designer e enriqueceram a sua aprendizagem. A obra de António Garcia, resultado de meio século de trabalho, é sem dúvida um contributo significativo para o esclarecimento, enriquecimento e preservação da história do Design Português. 53


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Bibliografia (1) SOUTO, Maria Helena, “Do ensino das Artes aplicado à indústria, às primeiras experiências de ensino do Design em Portugal”, Arteteoria, FBAL, 2004, pp.146-151. (2) Zoom in, zoom out: António Garcia, designer / coord. Sofia da Costa Pessoa; Textos de Alexandre Marques Pereira – Lisboa: MUDE – Museu do Design e da Moda, 2010 (Obra publicada por ocasião de exposição patente no Mude) (3) COUTINHO, Bárbara, Como se pronuncia design em Português? - Lisboa: MUDE – Museu do Design e da Moda 2015 (Obra publicada por ocasião de exposição patente no Mude, na Aldeia agrícola – Paredes e exposição organizada no âmbito do evento internacional “Art on Chairs” 2014-2015. (4) QUINTELA, Pedro - Processos de “patrimonialização” do design em Portugal: algumas reflexões - IV Colóquio Internacional de Doutorandos/as do CES, 6-7 dezembro 2013 Cabo dos Trabalhos. (5) MENDES, Fernando – António Garcia, os caminhos do Design. Lisboa: Centro Português de Design, Junho de 1991, p.4 (6) GARCIA, António – António Garcia. AA. VV – Design Lisboa 1994. Lisboa: Electa, 1994, pg.8. (7) BRANDÃO, Pedro, Introdução, “100 anos de Design português”, in Cadernos de Design, Centro Português de Design, 200, p.34

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(8) BÁRTOLO, José, Coleção Design Português, 1ª edição, vol. 7 e 8 (9) FRANÇA, José Augusto, “Design”, in História da Arte em Portugal – O Modernismo, 2004, p.199 (10) SANTOS, Rui Afonso, “A Cadeira contemporânea em Portugal, A primeira geração de designers portugueses”, in Cadeiras Portuguesas Contemporâneas, Lisboa, ASA, 2003, p. 56 (11) MATOS, Ana Sofia Ferro, Zeitgeist - O espírito do tempo,

Webgrafia (1) Exposição do Mundo Português de 1940: https://pt.wikipedia. org/wiki/Exposi%C3%A7%C3%A3o_do_Mundo_Portugu%C3%AAs http://restosdecoleccao.blogspot.pt/2012/06/exposicao-do-mundo -portugues-em-1940.html (2) Informação sobre Sena da Silva: https://pt.wikipedia.org/wiki/ Sena_da_Silva (3) Informação sobre António Garcia: https://pt.wikipedia.org/wiki/ Ant%C3%B3nio_Garcia (4) Artigo do Diário de Notícias (Prémio Carreira 2010): http:// www.dn.pt/cartaz/designcriativo/interior/antonio-garcia-recebe-premio-carreira-2010--1556274.html (5) Joana Amaral Cardoso, Morreu António Garcia, um dos pioneiros do design português, Público, 18 de Junho de 2015: http://www. publico.pt/culturaipsilon/noticia/morreu-antonio-garcia-um-dos-pioneiros-do-design-portugues-1699388 56


(6) MUDE – Coleção António Garcia: http://www.mude.pt/colecoes/ colecao-antonio-garcia_2.html (7) Exposição “António Garcia: Zoom In Zoom Out”: http://www. ruadebaixo.com/zoom-in-zoom-out.html (8) MUDE recebe espólio de António Garcia, Diário de Notícias Artes, 19 de Junho de 2010: http://www.dn.pt/artes/interior/mude -recebe-espolio-de-antonio-garcia--1597245.html (9) Maria Ramos Silva, António Garcia. Desenho de um quotidiano aqui tão perto, Jornal i, 30 de Maio de 2014: http://www.ionline. pt/263633 (10) Joana Amaral Cardoso, António Garcia, o designer tranquilo, Público, 16 de Junho de 2010: http://www.publico.pt/culturaipsilon/ noticia/antonio-garcia-o-designer-tranquilo-259058 (11) Definição de Bricolage: https://pt.wikipedia.org/wiki/Bricolagem (12) Artigo da revista sábado: http://www.sabado.pt/cultura_gps/ artes_plasticas/detalhe/antonio_garcia_o_homem_que_desenhou_o_ sg_ventil.html (13) FIL: https://pt.wikipedia.org/wiki/Feira_Internacional_de_Lisboa (14) Jornal Nacional Diário: http://www.ulisboa.pt/wp-content/ uploads/Clipping/30maio_Honoris_Causa_FBA.pdf

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Fontes de imagens: (1) Entrada para a Exposição do Mundo Português de 1940: http:// www.arqnet.pt/imagens/imag0601.jpg (2) Cadeira Barcelona de Ludwig Mies Van der Rohe: https://teoriadodesign.files.wordpress.com/2009/11/mies_van_der_ rohe_barcelona.jpg (3) Capa do livro A casa de Jalna de Mazi de la Roche: http://www. alfarrabista.eu/livros.php?artg=1026480 (4) Capa do livro O Adeus às Armas de Hemingway: http://www.alfarrabista.eu/livros.php?artg=1026495 (5) Cadeira Gazela de António Garcia: http://www.mude.pt/public/ uploads/colecoes/ColAntonioGarcia/AntonioGarcia02.jpg http://www.galeriabessapereira.com/#!cadeiras-modelo-%E2%80%9Cgazela%E2%80%9D/zoom/cz1i/image8nu (6) Embalagem de tabaco Monserrate: http://1.bp.blogspot.com/_ uuwa3sM4Rp0/SNux5cQmxgI/AAAAAAAABFo/xFBFG7_Ct8o/ s320/Capa+de+Ma%C3%A7o+de+Cigarros+Monserrate+da+Tabaqueira+copy.jpg (7) Embalagem de tabaco SG Ventil, Gigante e Filtro: http://imagens3.publico.pt/imagens.aspx/936563?tp=UH&db=IMAGENS (8) Embalagem de tabaco Sintra: http://www.tttt.ru/00007.jpg (9) Anúncio Tabaqueira SG: http://industriacuf.blogspot.pt/2008/09/ nova-imagem-da-marca-sg.html

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(10) Banco Nacional Ultramarino: https://delagoabayworld.files. wordpress.com/2011/07/abm-lm-0018.jpg https://delagoabayworld.files.wordpress.com/2012/03/bnu-publicidade5.jpg (11) Navio Príncipe Perfeito: http://navios.no.sapo.pt/principe-3.jpg http://www.portogente.com.br/arquivos/id_7792_r5.jpg http://www.cpires.com/principe_perfeito.html (12) Hotel Alvor Praia, Algarve: http://convergencias.esart.ipcb.pt/ temp_img/image/fig-02a.jpg http://convergencias.esart.ipcb.pt/temp_img/image/fig-06a.jpg (13) Cadeira Relax: https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/736x/ ed/3a/8a/ed3a8a2c0e5c299eb4635172611c7d11.jpg (14) Expo Osaka’70: http://static.theculturetrip.com/images/56225779-expo-70.jpeg https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/2e/Osaka_ Expo’70_Kodak%2BRicoh_Pavilion.jpg (15) Who’s Who in Graphic Art: http://ecx.images-amazon.com/ images/I/51ilzZFmujL._SX365_BO1,204,203,200_.jpg (16) Sena da Silva: http://2.bp.blogspot.com/-P-b1ZrRXBQs/ULolGGGRakI/AAAAAAAAVW0/kbtsdnCmEs4/s640/sena+apdesigners.org.pt.jpg (17) Daciano da Costa: http://tipografos.net/portugal/daciano-dacosta.jpg

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(18) Catálogo da exposição Zoom In Zoom Out: http://www.mude. pt/public/uploads/publicacoes/2010/capa_AG.jpg (19) António Garcia: http://cdn.sabado.pt/2015-06/OriginalSize$2015_06_18_17_54_11_126034.jpg (20) Cadeira Osaka’70: http://imagens.publico.pt/imagens.aspx/487411?tp=KM&db=IMAGENS http://www.artnet.com/artists/ antonio-garcia/osaka-70-chairs-set-of-4-gPIFBhtTeuF55tk6I8Zr-Q2

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Ant贸nio Garcia Design Portugu锚s

Cl谩udia de Lima U.C. Hist贸ria do Design em Portugal Docente Heloisa Albuquerque


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