Aula verdade hist

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A noção de verdade na História: trabalhando com poema Introduzir o tema a partir da leitura, interpretação e debate do poema Verdade, de Carlos Drummond de Andrade.

Verdade A porta da verdade estava aberta, mas só deixava passar meia pessoa de cada vez. Assim não era possível atingir toda a verdade, porque a meia pessoa que entrava só trazia o perfil de meia verdade. E sua segunda metade voltava igualmente com meio perfil. E os meios perfis não coincidiam. Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta. Chegaram ao lugar luminoso onde a verdade esplendia seus fogos. Era dividida em metades diferentes uma da outra. Chegou-se a discutir qual a metade mais bela. Nenhuma das duas era totalmente bela. E carecia optar. Cada um optou conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia. ANDRADE, Carlos Drummond de. Verdade. In: Corpo. Novos Poemas. Rio de Janeiro: Ed. Record, 1987, p.41-2.

Atividades propostas: I- Leitura e Vocabulário 1- Após a leitura silenciosa do poema, criar uma dinâmica de leitura oral da qual todos os alunos participem. Por exemplo, divida o texto do poema em partes, deixando cada parte sob a responsabilidade de um grupo de alunos. 2- Pedir que os alunos façam o vocabulário das palavras desconhecidas. II - Interpretação e debate 1- Representar, com desenhos, a ideia mais importante de cada uma das estrofes do poema. 2- Explicar, por escrito, o que entendeu sobre o último verso do poema: “Cada um optou conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia”. 3- Debater as ideias centrais de cada uma das estrofes do poema. ATENÇÃO: no debate, é importante socializar os desenhos produzidos pelos alunos e propor que os colegas façam tentativas de interpretação dos mesmos, antes que seus autores comentem as ideias representadas.

Aula 2 A desconstrução da História como fruto das ações de heróis: trabalhando com charge A noção de verdade única e absoluta na História está vinculada ao mito do herói, de acordo com o qual a História é vista, primordialmente, como produto das ações de “grandes homens”. A desconstrução do mito do herói é aspecto fundamental nas reflexões históricas, pois abre a possibilidade de que todas as pessoas se reconheçam como sujeitos históricos. Interpretação a charge abaixo:

Fonte:Schmidt, Mário. História Crítica do Brasil. São Paulo: Nova Geração, 1992, p. 94. Questões para responder e debater: 1) Após a observação atenta da charge, descreva a cena retratada e identifique os personagens que a compõem. 2) Na charge, o que os carneiros pensam dos personagens do outdoor? Como se sentem em relação a eles? 3) Na sua opinião, os carneiros que aparecem na cena estão representando que grupo de pessoas da sociedade em que vivemos? 4) Segundo a charge, como as pessoas representadas pelos carneiros participam da História? Você concorda com esta forma de participar da História? Aprofundando o debate. A charge possibilita ao professor a introdução de uma discussão importante a respeito da historiografia que estimula o culto aos heróis. Afinal, ao lado de consagradas personagens da História oficial do Brasil como D. Pedro I, Princesa Isabel, Getúlio Vargas e Duque de Caxias aparecem heróis das histórias em quadrinhos como Batman e Superman, numa provocação explícita à História oficial, fundada no mito do herói e no personalismo. E não é sem propósito que os homens e mulheres comuns (ou seja, todos aqueles que não são heróis e não estão, portanto, na galeria) são representados por ovelhas, animais conhecidos pela sua docilidade, pela sua sujeição à vontade de outrem. Na charge, as caricaturas de Karl Marx e Lênin na galeria dos heróis representam uma clara alusão aos heróis produzidos também em interpretações consideradas mais críticas. Desta maneira, a interpretação da charge permite concluir que qualquer interpretação histórica fundamentada pelo mito do herói, numa abordagem maniqueísta, faz com que homens e mulheres comuns sejam excluídos da história e vistos como espectadores e não como sujeitos históricos.

Aula 3


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