Cadernos do
Primavera 2015
OLHAR#18
Suiรก Burger Ferlauto
Cor e corpo
Sem tĂtulo, 2015.
Cadernos do
Primavera 2015
OLHAR#18
Suiรก Burger Ferlauto
Cor e corpo
Pinturinha (Gamboa), 2014.
Capa: Drops, 2015. Quarta capa: Autoretrato, 1998.
Quando consideramos as artes do ponto de vista dos meios de expressão, a distinção ampla que nos confronta é a que se dá entre as artes que têm como veículo o organismo humano, o corpo/mente do artista, e as que dependem em grau muito maior de materiais externos ao corpo: as chamadas artes automáticas e artes configuradoras. Dançar, cantar, contar histórias — o protótipo das artes literárias ligadas ao canto — são exemplos de artes “automáticas” […] o cultivo da voz da postura e dos gestos,
que acrescenta graça ao convívio social, é outro exemplo. John Dewey, A substância variada da arte, Arte como experiência
Claudio Ferlauto, 1997.
Desenho, 1980.
Leonardo da Vinci imaginara um sistema, ou melhor, uma série de pequenas colheres para as diferentes cores. Esse sistema deveria permitir uma harmonização mecânica. Um de seus alunos apesar do empenho, não conseguia empregar o método com êxito. Desesperado, perguntou a um colega como é que o Mestre fazia. — O mestre nunca se serve disso. respondeu o outro. Dmitri Merejkowski, O romance de Leonardo da Vinci
Homem-oceano, 2016.
Decide quantos tipos de azul queres, três, quatro, seis, quantos quiseres. Saibas que os primeiros extratos são melhores, assim como a primeira vasilha é melhor que a segunda. Assim, se possïs dezoito vasilhas com extrato e se queres obter três tipos de azul, pegue seis vasilhas, misture-as e reduze-as a uma vasilha: este será um tipo [de azul]. O mesmo vale para as outras. Mas recorda-te
que, se possuis lápis-lazúli de boa qualidade, o azul dos dois primeiros extratos valerá oito ducados a onça. Os dois últimos são piores que cinza. Assim, que teu teu olho aprenda a não estragar os bons azuis com os ruins. Cennino Cennini, O livro da Arte, A pintura, textos essenciais
Dobras 1, Dobras 3 e Dobras 5, 2015.
Quando estendo meus braços para o restante de mim mesmo e indago onde estão os meus dedos —
—— esse é todo o espaço de que preciso como pintor. Willem de Kooning, O que a arte abstrata significa para mim
Ping pong | Mesa branca com Adalgisa Campos, 2013.
Isso não é pintura! É um traço que você riscou no chão com o calcanhar. E isso? Também não é, veja, é frouxo, está mais para uma cortina, um tapete. Esse disco, então, é quase um desvio na linha do trem. Esse aqui não é pintura, é cerâmica […] isto é um cartaz. isto é um texto escrito.[…] Você está confundindo tudo. Especialistas em pele não curam doenças do fígado. Eu preciso de obras que possam ser comparadas entre si, que eu possa classificar por ordem de valor… E então? Então eu fixo os preços e esta tudo acabado, esclarecido. Eu desejo uma pintura que cheire a tudo isso — decoracão, argamassa, letreiro, cartaz, rastros de calcanhar na terra. Jean Dubuffet, A armadilha da pintura, Notas para os finos letrados
Duas palmas, 2013.
Arapuca, 2013.
Um dia algum pintor usou “abstração” como título de um de seus quadros. Era só uma natureza morta. E foi um nome muito manhoso. Não era realmente muito bom. […] Deu imediatamente a certas pessoas a ideia de que poderiam libertar a arte dela mesma. Até então, a arte significava tudo o que havia nela — não aquilo
que se poderia tirar dela. Willem de Kooning, O que a arte abstrata significa para mim,
em A pintura, textos essenciais, volume 14.
Cenรกrio de Desdobramentos, para Glicia Amorim, Cenรกrio de Cara pรกlida, 2010, Teatro do SESI, SP. 2010 Teatro de Danรงa, SP.
Desenho, 1982.
Sem tĂtulo, 2015.
Desenho, 1982.
IMAG INAR Cadernos do Olhar#18 Verão/Summer/Été /Estiu Edição & Design Claudio Ferlauto Textos Cennino Cennini Dmitri Merejkowski Jean Dubuffet John Dewey Willem de Kooning Desenhos & Pinturas & Projetos Suiá Burger Ferlauto suiaferlauto@hotmail.com Composto em/Set in Stone Sans e Bodoni Contatos/Contacts/Contactes qu4tro.com.br/blog claudio@qu4tro.com.br Desenhado em novembro 2016.
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