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CAPÍTULO III AS MUDANÇAS SOCIOAMBIENTAIS CAUSADAS PELA TRANSFORMAÇÃO DA ILHA EM UM PROJETO DE ASSENTAMENTO AGROEXTRATIVISTA – PAE
Neste capítulo utiliza-se a categoria Território para entender as modificações ocorridas na Ilha do Baixio após a implantação do PAE. Busca-se entender o papel do Estado e sua relação com os agentes locais, e suscito elementos quanto à forma em que as agências responsáveis pelo Projeto de Assentamento atuam na Ilha. De forma geral, procura-se enfatizar as diferentes perspectivas dos sujeitos envolvidos no processo frente à criação do PAE e o consequente processo de desterritorialização e reterritorialização que ocorrem na Ilha do Baixio, sua influência sobre o modo de vida e a organização social dos camponeses. Quanto à noção de Território, para Haesbaert (2004) existem duas principais linhas relacionadas à construção deste conceito, uma linha materialista e outra simbólica (ou idealista). A linha materialista tende a entender o território a partir de seu espaço físico, e está relacionada à ideia das distâncias e de recursos materiais existentes no território. Já a linha simbólica compreende as relações e as dinâmicas sociais que se formam no território, e está relacionada a questões econômicas, à dominação política e aos aspectos culturais. Para Raffestin (1993), o território forma-se a partir do espaço, é o resultado de uma ação conduzida por um ator sintagmático (ator que realiza um programa) em qualquer nível. Dessa forma, ao se apropriar de um espaço material ou simbólico, o ator "territorializa" o espaço:
O território, nessa perspectiva, é um espaço onde se projetou um trabalho, seja energia ou informação, e que, por consequência, revela relações marcadas pelo poder. O espaço é a "prisão original'', o território é a prisão que os homens constroem para si. (RAFFESTIN, p.02).
A partir da construção de um mapa mental participativo junto aos camponeses, foi possível levantar informações relevantes acerca das relações materiais e simbólicas que estes mantém com a Ilha do Baixio. A partir da confecção de um mapa mental junto aos camponeses (figura 41/apêndice D), foi possível ilustrar e interpretar as diversas zonas de conflito, as relações e as formas de uso dos recursos naturais, a disponibilidade desses recursos, a infra-estrutura comunitária, a