Novembro/Dezembro 2017/Janeiro 2018 | Nº 22
Publicação Trimestral da Academia Brasileira de Ciências Contábeis.
SABER
Logística Reversa, Mecanismos Fiscais, Aspectos Tributários e Contabilidade Ambiental Por Milena Neves de Lima, Marta Amorim e Paulinho R. Stefanello
Academia Quintas do Saber especial em homenagem aos 10 anos da REPeC
Exclusiva Abracicon
Perfil
Contabilidade de Hedge e seu Impacto na Apuração do Resultado das Empresas
Adeildo Osorio de Oliveira
EXPEDIENTE REVISTA ABRACICON SABER EDIÇÃO Nª 22 – NOVEMBRO/DEZEMBRO 2017/JANEIRO 2018 ISSN: 2357/7428 Editor Academia Brasileira de Ciências Contábeis (Abracicon) Endereço: SAS - Quadra 05 - Bloco J - Edf. CFC, 4º andar, CEP: 70070-920 – Brasília (DF) Contato: (61) 3314-9453 abraciconsaber@abracicon.org.br I. DIRETORIA DA ABRACICON Presidente Maria Clara Cavalcante Bugarim (AL) Diretor de Administração e Finanças José Antonio de França (DF) Diretor Operacional Antônio Carlos Nasi (RS) Diretora de Ensino e Pesquisa Gardênia Maria Braga de Carvalho (PI) II. CONSELHO FISCAL Membros efetivos Washington Maia Fernandes (MG) Presidente Jucileide Ferreira Leitão (RN) Irineu De Mula (SP) Membros suplentes Alcedino Gomes Barbosa (GO) Roberta Carvalho de Alencar (CE) José Corrêa de Menezes (AM) Coordenadora do Conselho Editorial Acadêmica Dra. Gardênia Maria Braga de Carvalho Conselho Editorial Acadêmico Alexandre Bossi Queiroz - Dr. Acadêmico Elias Dib Caddah Neto - Ms. Acadêmico José Antonio de França - Dr. Acadêmico José Eustáquio Giovannini - Ms. Acadêmico Vicente Pacheco - Dr. Revisão: Maria do Carmo Nóbrega Colaboradoras: Fernanda da Silva Costa e Luciana Martins da Silva Sousa Projeto Gráfico, Redação e Diagramação CQueiroz Comunicação – (81) 3429.5846 Gráfica: Qualytá Tiragem: 6.000 exemplares Fotos: Cedidas pelas Academias Regionais e Abracicon Permitida a reprodução de qualquer matéria, desde que citada a fonte. Os conceitos emitidos em artigos assinados são de exclusiva responsabilidade de seus autores. www.abracicon.org.br
3 | ABRACICON SABER
Editorial
Edição n. 22
O
período festivo de final de ano nos impele, regularmente, à reflexão do que fizemos no ano que se finda e do quanto ainda podemos realizar no ano seguinte. Sentimentos de renovação, recomeços e expectativas estão atrelados aos nossos futuros projetos e à nossa capacidade de superação. Estamos acostumados com essa dinâmica anual. Como seres humanos, dotados de razão e inteligência, buscamos sempre redirecionar nossas metas e ações no sentido de construirmos novas pontes, para, a partir daí, abrirmos novos caminhos e termos a chance de reconstruir nossas vidas. Um dia desses, recebi um texto muito interessante sobre a capacidade de renovação das águias. Mesmo dotado de uma conotação simbólica, chamou-me à atenção a analogia que faz o autor desconhecido com a nossa própria vida: a de renovação. Em resumo, diz o texto que a águia, que vive em média 70 anos, ao atingir a faixa dos quarenta anos, já apresenta unhas flexíveis, bico curvado e asas pesadas. Assim, precisa tomar uma decisão difícil: “deixar-se morrer ou enfrentar um doloroso processo de renovação, que irá durar 150 dias”. Com isso, ela se recolhe no alto de uma montanha e lá bate o bico contra a parede até conseguir arrancá-lo, retirando, em seguida, suas velhas unhas e todas as penas do corpo. Depois que nascem as novas penas, a águia sai, então, para o voo da renovação e vive por mais trinta anos. Essa reflexão nos mostra que assim como acontece na nossa vida pessoal, acontece também nas organizações de maneira geral. Às vezes, temos que tomar decisões difíceis para alcançarmos o “voo da renovação”. E assim é a nossa Abracicon. Com a busca constante de apresentar novas ideias e diferentes metas a cada ano, temos tomado algumas decisões importantes para apresentar à classe contábil brasileira o que há de mais moderno e inovador nas nossas Ciências Contábeis. Olhamos para o ano que passou de maneira positiva e com gratidão. Confiantes seguimos, fazendo das nossas decisões o melhor julgamento em favor da classe contábil. Agradeço a todos os nossos acadêmicos pelas evidências de fé, vencendo
Maria Clara Cavalcante Bugarim Presidente da Abracicon a dúvida e acreditando que podemos, sim, nos renovar e inovar a cada novo ano. E a Abracicon neste 2018 segue com muitas metas, que serão aprestados a todos vocês ao longo do ano. Nesta edição da Abracicon Saber, trouxemos para o caro leitor os inúmeros acontecimentos nas nossas Academias pelo Brasil afora. Muitas posses, eventos contábeis, homenagens, aniversários, lançamento de livro, recebimento de medalhas, eleição de diretoria, entre outras realizações. E é esse dinamismo que move as nossas Academias. Destaque também os nossos tradicionais artigos, frutos da pesquisa, do empenho e da dedicação de nossos pesquisadores e cientistas, que apresentam para todos nós, em primeira mão, o que há de mais atual na nossa profissão. Não posso deixar de convidá-los a ler a elucidativa entrevista com a nossa querida Nilva Amália Pacheco, do Paraná, amiga que ajudou a fundar o Instituto Paranaense da Mulher Contabilista. Hoje, o momento lhe confere duas novas e importantes atribuições: a de presidir a Academia de Ciências Contábeis do Paraná (ACCPR) e a de contribuir como conselheira do Conselho Federal de Contabilidade (CFC). A Abracicon deseja muito sucesso e êxito a esta grande mulher contabilista! Por último, quero dar as boas-vindas ao amigo Adeildo Osorio de Oliveira, que agora está à frente da Fundação Brasileira de Contabilidade, entidade que tive a satisfação de presidir por dois mandatos. Para esse conterrâneo das Alagoas (vocês sabiam?), mas que adotou Salvador como sua segunda cidade, desejo que sua gestão seja repleta de excelentes frutos. Boa leitura.
SUMÁRIO | ABRACICON SABER
Matéria de Capa
26
Logística Reversa, Mecanismos Fiscais, Aspectos Tributários e Contabilidade Ambiental
Regionais
Academia Academia
5 | Festa de Aniversário da ACCA
A Voz do Estudante 21 | Expectativas do curso de Ciências Contábeis
10 | CRCCE comemora 70 anos com homenagens e pacto pelo desenvolvimento
Especializando-se 22 | Trajetória acadêmica
Exclusiva Abracicon
Jovem Profissional
15 | Mapeamento de Artigos Relacionados à Auditoria Ambiental em Periódicos de Contabilidade
Perfil 81 | Adeildo Osorio de Oliveira
Indicações
33 Contabilidade de Hedge e seu Impacto na Apuração do Resultado das Empresas 82 | Livros
A
Academia de Ciências Contábeis
Litaiff Praia, Secretário Municipal de
Dr. Ataliba David Antônio Filho, presidente
do Amazonas (ACCA) reuniu-se na
Finanças, Tecnologia da Informação e
da Associação Comercial do Amazonas;
noite de 14 de dezembro de 2017,
Controle Interno (Semef), que representou
e pelos acadêmicos José Corrêa de
no auditório da Faculdade La Salle, na Av.
o prefeito Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro
Menezes, Marly de Souza Castro e
Dom Pedro I, n.º 151, Dom Pedro, em
Neto; Dr. Alvimar D´Agostini, Diretor Geral
Raimundo Colares Ribeiro, ex-presidentes
Manaus, ocasião em que festejou o seu
da Faculdade La Salle; Dr. Manoel Carlos
da ACCA. Logo após a sua composição,
9.º aniversário de fundação (instituída
de Oliveira Júnior, presidente do Conselho
todos ficaram de pé e cantaram o Hino
em 8 de dezembro de 2008) e fortaleceu
Regional de Contabilidade do Amazonas;
Nacional Brasileiro.
AMAZONAS
os laços de convivência fraterna que une
5 | REGIONAIS ABRACICON SABER
Festa de Aniversário da ACCA acontece em Manaus
os seus acadêmicos, estendendo-se essa demonstração de afeto a seus familiares, amigos e convidados especiais, que estiveram presentes no evento. A mesa diretora esteve composta pelo acadêmico Armínio Adolfo de Pontes e Sousa, presidente da ACCA; Dr. Lourival
BAHIA
Academia Baiana de Ciências Contábeis se reúne para planejar 2018
CADEIRA
ACADÊMICOS
11
RAIMUNDO SANTOS SILVA
Academia Baiana de Ciências Contábeis (Abacicon)
A
12
ADILSON CARVALHO SILVA
se reuniu no dia 12/12/2017, no plenário do Conselho
21
CECÍLIA EMILIA SANTOS QUEIROZ
Regional de Contabilidade da Bahia (CRCBA), em Sal-
22
DILZA RAMOS RODRIGUES
vador. Na oportunidade, foi finalizada a prestação de contas
23
EDSON OLIVEIRA DOS SANTOS
das ações do ano e discutido o planejamento estratégico
24
EDMILSON PATROCÍNIO DE SOUZA
para 2018. No dia 18/10/2017, novos membros da Abacicon
25
EMÍLIO MALTEZ ALVES FILHO
foram empossados em solenidade realizada no Bahia Othon
26
FABRÍCIO RAMOS NEVES
Palace Hotel, também na capital baiana, durante a XIII Con-
27
FERNANDO CARLOS CARDOSO ALMEIDA
venção de Contabilidade da Bahia.
28
JOSÉ BERNARDO CORDEIRO FILHO
29
JOSÉ CARLOS TRAVESSA
Na ocasião, o presidente Adeildo Osorio de Oliveira desta-
30
JOSENALDO DE SOUZA ALVES
cou a importância dos trabalhos realizados pela Academia.
31
KLEBER MARRUAZ DA SILVA
“Somos passageiros em nosso estado físico, mas imortais
32
LORENA DE ANDRADE PINHO
em relação aos nossos feitos, aos conhecimentos produzidos
34
MARIA LÚCIA PEREIRA DE SOUZA BARAÚNA
e às contribuições para o crescimento de nossa profissão”.
35
TÂNIA CRISTINA AZEVEDO
36
ANA MARIA DE OLIVEIRA ROSA BARBOSA
6 | REGIONAIS
Nova Diretoria da ACCEC é eleita
F
oram eleitos para compor a Diretoria da Academia de Ciências Contábeis do Estado do Ceará, com mandato a partir de 1º de janeiro de 2018 a 31 de dezembro de 2019, os seguintes acadêmicos:
Presidente – Gerson Lopes Fonteles, Vice-Presidente – Eduardo Araújo de Azevedo, Diretor Secretário - Pedro Coelho Neto, Diretor de Administração e Finanças – Francisco das Chagas Ponte Dias,
ACCEC
Academia de Ciências Contábeis do Estado do Ceará
DISTRITO FEDERAL
CEARÁ
Diretor de Eventos e Difusão Cultural – Pretextato Salvador Quaresma Gomes de Oliveira Melo
ACICONDF lança livro sobre Fundamentos da Redução ao Valor Recuperável dos Ativos
A
Academia de Ciências Contábeis
livro trata de uma norma complexa que,
do Distrito Federal (ACICONDF)
para ser aplicada, precisa ser bem escla-
lançou, no dia 07/12, a obra
recida”, destacou o professor. “Quando
“Fundamentos da Redução ao Valor
pensamos em valorizar o profissional da
Recuperável dos Ativos: Teoria e Prática”,
contabilidade, falamos também em forta-
pela Editora Elevação. O livro, lançado na
lecer a ciência, para que, a partir daí, a
sede do Conselho Federal de Contabilidade
sociedade perceba claramente a força e
(CFC), busca a disseminação da prática de
a importância dessa ciência para o desen-
conhecimento específico, especialmente o
volvimento do país”, afirmou a presidente
da avaliação de valor recuperável. A obra
da Academia Brasileira de Ciências Contá-
foi organizada pelo Prof. Dr. José Antonio
beis, Maria Clara Cavalcante Bugarim, que
de França, atual presidente da Academia,
prestigiou o lançamento.
e teve a participação de membros da ACICONDF na elaboração do conteúdo.
dos acadêmicos, que vem mostrar para os profissionais, de uma forma simples e ilus-
Já o acadêmico da ACICONDF e profes-
trada, e com exemplos práticos, a redução
sor do Centro Universitário UDF, Deypson
ao valor recuperável dos ativos”, afirmou.
De acordo com o presidente da ACICON-
Gonçalves Carvalho, lembrou que a Aca-
Interessados em adquirir o livro devem
DF, a função da Academia é promover cul-
demia está completando quatro anos de
entrar em contato por meio do endereço
tura e ciência. “Essa primeira obra marca
fundação. “A ACICONDF está completan-
assessoriadapresidencia@crcdf.org.br
o início do cumprimento desse dever. O
do quatro anos e esta é a primeira obra
Fonte: CRCDF
Novos acadêmicos são empossados
L
úcio Rodrigues Capelletto e Humberto Adão de Castro tomam posse na Academia de Ciências Contábeis do
Distritio Federal.
A
Academia
7 | ABRACICON SABER
Acaderncic promove o VII Simpósio de Convergência Contábil Norte-Rio-Grandense
de Ciências Contábeis (Acaderncic), com o apoio do Conselho
do Norte (CRCRN) realizou, entre os dias 22 e 24 de novembro, no Auditório do SindcontRN, o VII Simpósio de Convergência Contábil. O tema abordado foi “Governança e Responsabilidade Social Corporativa para Instituições Financeiras de Desenvolvimento, Operadoras de Planos
José Emerson Firmino, Felipe da Silva
O simpósio obteve as seguintes pon-
de Saúde e demais Companhias” e
Moreira, Égon José Mateus Celestino,
tuações, de acordo com o Programa de
foi destinado a diretores de empre-
José Diego Braz da Silva foram os ex-
Educação Continuada do CFC: 20 pontos
sas, contadores, analistas e auditores
positores.
– peritos, auditores e PROGP.
RIO GRANDE DO NORTE
Regional de Contabilidade do Rio Grande
Fonte: CRCRN
O
Presidente da Academia Mineira de
Logo após a sua graduação em Ciências
Ciências Contábeis (Amicic), acadê-
Contábeis, além de exercer a função de
mico José Eustáquio Geovanini, em
contador de um grupo de empresas, se
solenidade ocorrida dia 1º de dezembro de
dedicou ao ensino de Contabilidade, por
2017, recebeu a Medalha de Mérito Edu-
muito tempo, para o curso técnico, em
cacional conferida pela Câmara Municipal,
sua terra natal, cidade de Santa Luzia.
por meio da Resolução n.° 067/2017, pe-
Mais tarde, já com certificado de Mestre
los relevantes serviços prestados à Educa-
em Contabilidade, passou a lecionar para
ção no município de Santa Luzia.
cursos de graduação e por 13 (treze) anos foi coordenador do curso de Contabilidade
MINAS GERAIS
Presidente da Amicic recebe medalha de mérito
da Faculdade da Cidade de Santa Luzia.
Apicicon e CRCPI alinham parceria de 2018
O
presidente da Apicicon, Elias Caddah, reuniu-se, no dia 17 de janeiro de 2018, com o presidente do
CRCPI e com membros da Academia e da Câmara de Desenvolvimento Profissional
Na pauta do encontro, o alinhamento da parceria entre a Apicicon e o CRCPI e o planejamento de cursos e eventos para o ano em curso.
PIAUÍ
do Conselho.
8 | REGIONAIS
ACCPR completa 40 anos
A
Academia de Ciências Contábeis do Paraná foi fundada no dia 29 de julho de 1977 na cidade de Curi-
tiba (PR). Seus fundadores foram os saudosos - Cláudio Polzin - Dalvir Lessnau - Elias Matias - Elimar Hansaul - Enéas Ludgero da Silva - Gilberto Nassif - Haroldo Alberge José Levi Pacheco - Moacyr Tapitanga Huy
PARANÁ
PARANÁ
acadêmicos Afonso Martins de Oliveira
- Orlando Rodrigues Teixeira - Oswaldo Xavier de Souza - Paulo Domingues de
memoração em grande estilo, oportuni-
paranaense; estimular o desenvolvimento
Assis e Roberval de Carvalho, sendo que
dade em que foram prestadas diversas
cultural; e promover solenidades cívicas e
ainda se encontram ativos os fundadores:
homenagens, sendo prestigiada pelas
comemorativas de acontecimentos históri-
Adão Loureiro, Kenitiro Nagayama e
maiores lideranças da classe contábil pa-
cos e relevantes da área contábil.
Moacir Carlos Baggio, sendo este último o
ranaense. A atual presidente é a Acadêmica Nilva
MATO GROSSO
atual vice-presidente. A Academia de Ciências Contábeis do Pa-
Amália Pasetto, sendo que as 40 Cadeiras
No ano de 2017, a Academia de Ciências
raná visa congregar profissionais da conta-
previstas no seu Estatuto, encontram-se
Contábeis do Paraná completou 40 anos
bilidade de alto saber e ilibada reputação,
ocupadas por profissionais que gozam de
(Jubileu de Rubi), que mereceu uma co-
expressões da mais alta cultura contábil
grande prestigio no Estado do Paraná.
Presidente da Amacic é selecionado no Concurso Nacional de Novos Poetas
I
van Echeverria, presidente da Academia
concursos literários da língua portuguesa
Mato-Grossense de Ciências Contábeis,
e é uma importante iniciativa de produção
foi um dos 250 selecionados, entre mais
e distribuição cultural, alcançando o gran-
de três mil inscritos, em todo o Brasil, no
de público, escolas e faculdades.
CNNP Concurso Nacional de Novos Poetas - Prêmio 2017. O poema selecionado tem o título "Primórdios da Contabilidade no Brasil". Orientado por edital público e realizado pela Vivara Editora Nacional, com apoio cultural da Revista Universidade, o Concurso Nacional Novos Poetas, Prêmio CNNP 2017 está entre os mais destacados
Leia o poema, acesse o QRCode:
A
Academia Paraibana de Ciências
lidade, promovida pelo CRCPB, no Hotel
compôs a mesa solene representando a
Contábeis (APBCICON) realizou,
Manaíra, em João Pessoa. Na ocasião, a
entidade. A APBCICON promoveu, ainda
no mês de outubro de 2017, a pri-
Academia instalou um estande para acolher
uma homenagem à presidente da Aca-
meira exposição das publicações de seus
os profissionais que participavam do evento.
demia Brasileira de Ciências Contábeis
acadêmicos. A mostra foi realizada duran-
O presidente da APBCICON, Glaydson
(Abracicon), Maria Clara Bugarim, pelo
te a VI Convenção Paraibana de Contabi-
Trajano, participou da Convenção, onde
seu aniversário.
9 | ABRACICON SABER
PARAÍBA
APBCICON realiza exposição das publicações de seus acadêmicos
Sousa Mendonça; a vice-presidente Maria
Diretoria realizou-se no dia 8 de janeiro
Academia Sergipana de Ciências
Salete Barreto Leite; a primeira-tesoureira
de 2018, na sede da ASCC.
Contábeis (ASCC) elegeu a sua
Edna Pereira dos Santos; o segundo-
nova Diretoria durante uma Assembleia
tesoureiro Minervino Dória Almeida; a
Geral Ordinária, que contou com a partici-
primeira-secretária
pação de 28 acadêmicos eleitores, sendo
Feitosa Oliveira; a segunda-secretária
21 (vinte e um) votantes via e-mail e 5
Sandra Elvira Gomes Santiago; e a diretora
(cinco) presencialmente na sede da ASCC.
bibliotecária Maria Mazzarello Andrade de
Por maioria absoluta, para compor a
Mendonça. A foto em destaque representa
Diretoria, foram eleitos os seguintes
a comissão para a contagem de votos na
Acadêmicos: Presidente Erenita da Silva
ASCC. A posse administrativa da nova
Gere homenageia a APECICON
G
rupo de Executivos do Recife prestou homenagem à Apecicon em virtude dos seus 40 anos de existência durante almoço comemorativo reali-
zado no dia 26 de outubro de 2017.
Lana
Glícia
Veiga
PERNAMBUCO
N
o dia 30 de novembro de 2017, a
SERGIPE
ASCC elege nova Diretoria para 2018
10 | ACADEMIA
CRCCE comemora 70 anos com homenagens e pacto pelo desenvolvimento
“O crescimento econômico e o desenvolvi-
CRCCE, sendo o primeiro cearense a ser
Bezerra, Maria Lúcia Negreiros Secundin-
mento social deste estado serão constru-
distinguido com a honraria.
do, Elaina Rebouças Pastana Bezerra e Matheus Bezerra de Queiroz.
ídos com o suor do profissional da contabilidade.” Foi o que disse a presidente do
Homenagens Também foram homenageados nove ex-presi-
Conselho Regional de Contabilidade, Clara Germana Rocha, ao governador do Cea-
O prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio
dentes do CRCCE, em uma forma de valorizar
rá, Camilo Santana, no discurso que fez,
Rodrigues Bezerra também foi agracia-
o esforço e a dedicação dispensada ao Conse-
nesta terça-feira (7), durante a solenidade
do com a Comenda José Martonio Alves
lho. Receberam troféus Hircio Barbosa Pinho
de comemoração dos 70 Anos do CRCCE.
Coelho. O prefeito foi representado pela
(1975), José Maria Martins Mendes (1984
“Ele (o profissional) é indispensável, pode
secretária municipal de Urbanismo e Meio
a 1987), Pedro Coelho Neto (1988 a 1991),
acreditar e confiar”, completou a presiden-
Ambiente, Águeda Muniz. Os mandatá-
José Martonio Alves Coelho (1992 a 1995),
te, dirigindo-se ao governador e arrancan-
rios foram homenageados pelo apoio que
José Xavier Lopes (1996 a 1997), Robinson
do o aplauso do público que lotou o teatro
prestam à classe contábil em parcerias fir-
Passos de Castro e Silva (1998 a 2001), Osó-
José de Alencar.
madas com o CRCCE. Completam a lista
rio Cavalcante Araújo (2006 a 2009), Cássius
de agraciados com a Comenda os conta-
Régis Antunes Coelho (2010 a 2013) e Clara
dores Valdenir Coelho, Iolanda de Oliveira
Germana Rocha (2014 a 2015).
Camilo Santana reconheceu a importância da atividade contábil nos projetos que desenvolve no estado e que coloca o Ceará como “centro internacional de conexões” – de produtos industriais, por meio da Zona de Processamento de Exportação-ZPE, de dados, através das redes de cabos de fibra ótica que entram na América do Sul por Fortaleza, e de voos ligando o continente à Europa e resto do mundo. O governador recebeu a recém-instituída Comenda José Martonio Alves Coelho, do
A
Academia Brasileira de Ciências Contábeis (Abracicon) elegeu no dia 23 de novembro, a sua nova
Diretoria, para mandato de 1º de janeiro de 2018 a 31 de dezembro de 2021. Por unanimidade, a acadêmica Maria Clara
Confira os membros da Diretoria eleita para mandato de 2018 a 2021: Presidente - Maria Clara Cavalcante Bugarim (AL) Diretor de Administração e Finanças - José Antonio de França (DF) Diretora de Ensino e Pesquisa - Gardênia Maria Braga de Carvalho (PI) Diretor Operacional - Antônio Carlos Nasi (RS)
Cavalcante Bugarim, detentora da cátedra
CONSELHO FISCAL
n.º 18, na qual também é patrona, foi re-
EFETIVO
SUPLENTE
eleita pelos demais acadêmicos, para dar
Washington Maia Fernandes (MG)
Alcedino Gomes Barbosa (GO)
continuidade ao belo trabalho de dissemi-
Jucileide Ferreira Leitão (RN)
Roberta Carvalho de Alencar (CE)
nação do saber contábil.
Irineu De Mula (SP)
José Corrêa de Menezes (AM)
Seminário de Transparência e Controle Social tem apoio da Abracicon e Alacicon
R
ealizado em 30 de novembro de
dente da CGU em Alagoas, José William
do Usuário de Serviços Púbicos, Decreto
2017, o Seminário de Transparência
Gomes da Silva, entre outras autoridades.
de Desburocratização e demais assuntos
e Controle Social, em Maceió, reali-
Ao todo, estiveram presentes 14 gestores
correlatos.
zado pela Controladoria-Geral do Estado
e 239 participantes, entre servidores, au-
(CGE), Conselho Federal de Contabilidade
ditores, estudantes e profissionais de con-
Entre outros temas, o Seminário debateu
(CFC) e Ministério da Transparência, Fis-
tabilidade.
ainda sobre a "Solidariedade e transparência fiscal". Neste painel, uma das pa-
calização e Controladoria-Geral da União (CGU), reuniu gestores, profissionais da
O evento incluiu palestras e debates so-
lestrantes foi a presidente da Alacicon e
contabilidade, controladores municipais,
bre Lei de Acesso à Informação, papel
vice-presidente do CRCAL, Adriana Andra-
servidores públicos e estudantes, e contou
das ouvidorias, Lei de Proteção e Defesa
de de Araújo.
com apoio da Abracicon, Alacicon, CRCAL, entre outros importantes órgãos e entidades como o MPE, a Sefaz, o TCU, o TCE e o Detran. A solenidade de abertura contou com a participação do ouvidor-geral da União, Gilberto Waller Junior, e do superinten-
11 | ABRACICON SABER
Eleição da nova Diretoria da Abracicon
12 | ABRACICON SABER
12 | QUINTAS REGIONAISDO SABER
Quintas do Saber abordou 'Educação e Pesquisa em Contabilidade' em homenagem à Repec
A
Academia Brasileira de Ciências
De acordo com Ott, existem, atualmente,
No que diz respeito aos cursos de douto-
Contábeis realizou no dia 7/12,
no País, cerca de 1.300 cursos presenciais
rado, o presidente da Anpcont disse que a
no auditório do Conselho Federal
de Ciências Contábeis e um crescimento
USP criou o curso em 1978 e que, “após
de Contabilidade (CFC), em Brasília (DF),
“extraordinário” de cursos a distância.
27 anos, a UnB adotou o doutorado na
a sua última edição de 2017 do projeto
“Acredito ser algo em torno de 400 cursos
grade, sendo que há, no País, 12 douto-
Quintas do Saber, com o tema “Educação
ou mais”, diz o presidente da Anpcont.
randos em plena atividade”.
Outro dado apresentado pelo contador foi
Na oportunidade, Maria Clara externou a
A presidente da Abracicon, contadora Ma-
sobre os cursos de mestrados em Ciências
alegria em perceber a contribuição do CFC,
ria Clara Cavalcante Bugarim, foi a me-
Contábeis no País. “Esse primeiro passo
com o cenário atual da pós-graduação em
diadora do bate-papo que reuniu o editor
da educação strictu sensu aconteceu em
Contabilidade no País. "É muito bom per-
geral da Revista de Educação e Pesquisa
1970, pela Universidade de São Paulo, que
ceber que o CFC, por meio do programa
em Contabilidade (REPeC), Orleans Silva
criou o primeiro mestrado em Ciências
Excelência na Contabilidade, tem contri-
Martins; o presidente da Associação Na-
Contábeis no País, seguido pela PUC, em
buído efetivamente para a melhoria do
cional de Programas de Pós-Graduação
1978”, lembra.
cenário educacional, no que diz respeito
e Pesquisa em Contabilidade”.
à pós-graduação”, pontua. O CFC instituiu
em Ciências Contábeis, Ernani Ott; o presidente da Academia de Ciências Con-
Sobre os cursos de mestrado, Ott lembrou
e mantém o Programa Excelência na Con-
tábeis do Distrito Federal (ACICONDF),
a evolução do curso há quase 50 anos.
tabilidade, que tem como proposta inten-
José Antonio de França; e o professor e
“Dos anos 70 até 2000, existiam apenas
sificar a realização de cursos de pós-gra-
integrante do Comitê de Política Editorial
cinco cursos de mestrado; de 2001 a 2005,
duação stricto sensu em Contabilidade,
da REPeC, Valcemiro Nossa.
8 cursos; e de 2006 a 2016, existem 20
participando financeiramente de projetos
cursos”, comemora. Para Ott, a criação da
específicos direcionados a essa finalidade,
O presidente da Anpcont, Ernani Ott, ini-
Anpcont, em 2005, foi importante para o
mediante convênios firmados com insti-
ciou o bate-papo fazendo um retrospecto
fortalecimento da área e a possibilidade de
tuições de ensino superior recomendados
sobre a evolução do curso de pós-gradu-
poder difundir melhor os cursos de mes-
pela Coordenação de Aperfeiçoamento de
ação em Contabilidade no País. “Quando
trado no País. De acordo com os dados
Pessoal de Nível Superior (Capes).
a gente lembra dessa caminhada, per-
apresentados, Ott afirmou que “atualmen-
cebe que o início se deu em 1809, com
te existem 33 mestrados, sendo 27 acadê-
REPeC: dez anos de história
D. João VI, passando pela escola Álvares
micos e seis profissionais”, revelando ainda
Durante o evento Quintas do Saber foi lan-
Penteado e com a criação do curso de Ci-
que “são cerca de 3.900 mestres e mais de
çado o livro “REPeC – Edição Especial dez
ências Contábeis, em 1945”, pontua Ott.
300 doutores em Ciências Contábeis”.
anos”. A obra traz seis artigos inéditos, de
a mais nova acadêmica da Abracicon
A
posse ocorreu durante a última edição de 2017 do projeto Quintas do Saber Abracicon. Ilse agora passa a
ocupar a cadeira de n.º 33, que tem como patrono o saudoso José Salomão.
seis autores convidados pelo Conselho Edi-
dade, promovendo a pesquisa empírica na
Um dos editores da REPeC, o professor
torial da revista. Segundo o editor geral
área. Disponível nas línguas inglesa e por-
Valcemiro Nossa, fez um rápido discurso
da REPeC, Orleans Silva Martins, “ a revis-
tuguesa, a REPeC conta, atualmente, com
e lembrou à época em que participou de
ta, ao longo de todo esse período, sempre
mais de dez mil leitores. Recentemente, a
todo o processo da criação da revista. “A
teve autonomia editorial e essa edição es-
revista foi pontuda pela Qualis/Capes com
primeira edição foi feita com autores con-
pecial retrata a qualidade alcançada pelo
estrato B1. “O nosso grande desafio, para
vidados”, lembra. Ainda, segundo Valcemi-
periódico”, analisa.
os próximos anos é elevar a pontuação
ro, “todo processo é evolutivo e a REPeC
para o nível A2”, revelou Orleans.
está evoluindo em qualidade nos trabalhos
Quintas do saber - REPeC
que a revista vem recebendo”.
Orleans fez uma breve análise da revista
Os artigos publicados na edição especial
nos últimos dez anos. De acordo com o
são “O Goodwill Gerado pelo Passivo”,
Outro integrante que acompanhou a cria-
editor, a “REPeC apresenta, atualmente,
“Trinta anos de pesquisa em remunera-
ção da revista desde o início foi o ex-pre-
um foco mais técnico que atrai não so-
ção executiva e retorno para o acionista”,
sidente da FBC, José Antonio de França,
mente leitores acadêmicos, mas, também,
“Mapa Conceitual da Fraude: Configuração
que agradeceu a confiança e ressaltou o
profissionais que atuam nas mais diversas
Teórica e Empírica dos Estudos Internacio-
orgulho de ter contribuído com a criação
áreas da Contabilidade”. A revista foi criada
nais e Oportunidades de Pesquisas Futu-
do periódico. “Tenho certeza de que a RE-
em 2005, na gestão do presidente Marto-
ras”, “Relação entre Percepção de Justiça
PeC é atualmente uma das mais importan-
nio. À época, o presidente do CFC solicitou
Organizacional e Satisfação do Trabalho”,
tes revistas de interesse para estudantes e
ao Conselho Editorial da Revista Brasileira
“O que se tem pesquisado sobre Sustenta-
profissionais, e o apoio do CFC foi funda-
de Contabilidade (RBC) um estudo para
bilidade Empresarial e sua Evidenciação”,
mental para que esse sonho se tornasse
a criação de uma revista eletrônica com
e “Agressividade Tributária: um Survey da
realidade”, disse.
foco no segmento científico da Contabili-
literatura”.
13 | QUINTAS DO SABER
Ilse Maria Beuren:
14 | QUINTAS DO SABER
CineContábil Abracicon acontece em Sergipe
D
ois eventos em um. Foi assim para
(ASCC) apresentaram, no final das ativi-
Cine Laser, localizado em um shopping da
os profissionais da contabilidade
dades da II Jornada Sergipana Contábil e
cidade de Itabaiana o filme "A imagem do
sergipanos, que no dia 10 de no-
Fiscal, em uma das salas de cinema do
profissional da contabilidade".
vembro, participaram da II Jornada Sergipana Contábil e Fiscal e do Cine Contábil. Com o tema, ‘Profissional contábil - Na era digital`, os eventos aconteceram dentro de um cinema de um shopping da cidade de Itabaiana e foram também os primeiros a acontecerem dentro de uma sala de cinema. O Conselho Regional de Contabilidade de Sergipe (CRCSE), juntamente com a Academia Sergipana de Ciências Contábeis
Espírito Santo recebe o CineContábil Abracicon
E
m evento realizado pelo CRCES, em parceria com a Abracicon e Sescon-ES, o auditório do Conselho
se transformou em uma sala de cinema e o espaço cultural em um ambiente de confraternização entre profissionais, autoridades e universitários, na noite do dia 21 de novembro de 2017. Todos os convidados foram recepcionados com um belíssimo coquetel, tapete vermelho e um kit com uma taça para o champanhe, um balde para pipoca e um copo para o refrigerante. Assim todos estavam prontos para entrar no cinema e aproveitar a sessão do CineContábil Abracicon, com o filme “A imagem do profissional da contabilidade”. O presidente do CRCES, Haroldo Santos Filho realizou a abertura do evento com pronunciamento e alguns ex-presidentes foram convidados para discursar acerca do CineContábil.
Por Juliana Anita Romano Ribeiro, Karem Aline de Oliveira Duarte, Natalia Renofio Portezan Gasparini, Raissa Thainá Silva Sousa, Suzane Maria Bandeira de Sousa e Silvia Elaine Moreira
O
agronegócio está em expansão no
Palavras-chave: Custos. Agronegócio. Cul-
the difference in the result between two
Brasil e muitas propriedades rurais
tura Temporária.
or more things, showing that there was
de economia familiar começam
a explorar esse mercado. Este trabalho
no difference between the approximate ABSTRACT
results in the two states.
produção do pimentão vermelho em duas
Agribusiness is expanding in Brazil and
Keywords: Cost. Agribusiness. Temporary
cidades brasileiras, Pirajuí (SP) e Irandu-
many rural family-owned farms are begin-
Crops.
ba (AM), com a finalidade de verificar os
ning to tap into this market. The objective
custos de produção e as particularidades
of this work is to determine the cost of
de cada região analisada. Para tanto, fo-
production of red pepper in two Brazilian
ram feitas entrevistas com os proprietá-
cities, Pirajuí - SP and Iranduba - AM,
O Brasil é um país de grande extensão
rios e pesquisa quantitativa-explicativa e
with the purpose of verifying production
territorial e sabe-se que cada região pos-
bibliográfica para embasamento teórico.
costs and as particularities of each region
sui particularidades. Com energia solar
Conclui-se que há inúmeras diferenças
analyzed. For that, interviews with the
em abundância, chuvas regulares, clima
no cultivo, bem como, na logística, o que
owners and quantitative-explanatory and
diversificado, o país alcança alta produ-
interfere no custo da produção. Por fim,
bibliographical research were carried out
tividade devido às suas terras agricultá-
a diferença no resultado entre as duas
for theoretical basis. It is concluded that
veis férteis. Neste sentido, o agronegócio
propriedades foi pequena, mostrando que
there are numerous differences in cultiva-
brasileiro se mostra uma atividade rentá-
apesar das suas diferenças obtém resulta-
tion, as well as in logistics, which inter-
vel e competitiva (DA SILVA, CESARIO e
dos aproximados nos dois estados.
fere with the cost of production. Finally,
CAVALCANTI, 2013). Assim, este estudo
tem como objetivo comparar o custo de
INTRODUÇÃO
15 15 || JOVEM ABRACICON PROFISSIONAL SABER
Análise comparativa dos custos da produção de pimentão vermelho em duas cidades brasileiras
16 | JOVEM PROFISSIONAL
visa comparar os custos da produção de
Quanto à organização do trabalho, além
Minas Gerais, Rio de Janeiro e estados do
pimentões vermelhos em duas proprie-
da introdução, faz-se uma revisão teórica
Nordeste. Apesar do destaque dado aos
dades situadas em estados distintos,
dos conceitos da contabilidade de custos
estados citados, o pimentão está presen-
uma em Pirajuí (SP) e a outra em Irandu-
e contabilidade gerencial. Na metodolo-
te em todo território nacional.
ba (AM), a fim de verificar os custos e as
gia, apresenta-se o enquadramento me-
particularidades de cada produção.
todológico do artigo e os procedimentos
O pimentão (Capsicum annuum L.) é ori-
utilizados na coleta e análise de dados.
ginário da América Central. Suas linha-
O pimentão pode ser cultivado tanto em
Após, busca-se analisar os resultados ob-
gens selvagens podem ser encontradas
campo aberto quanto em estufas, sendo
tidos na pesquisa e, por fim, apresentar
desde o norte do Chile até o México. Os
o cultivo em estufas o foco deste traba-
as considerações finais do trabalho.
maiores produtores são o México, Esta-
lho. Tal modo de produção foi uma das que mais cresceram na última década. De acordo com Maldonado (2001), o pimentão retangular é o tipo mais consumido nos países do Mercosul para os quais o Brasil tem se tornado importante fornecedor. A propriedade de Pirajuí, o sítio Rancho Alegre, pertence ao Sr. José Ricardo Portezan, tem 9,6 hectares, com duas estufas com pimentão, cultivo de laranja pera, parte da propriedade está arrendada para gado de corte. A propriedade de Iranduba, o sítio do Gaúcho, pertence ao Sr. Aloisio Pollmeier, 12 hectares com estufas de pimentão e mais cinco culturas diferentes (tomate, pepino, pimentas, cebolinha, coentro, entre outras).
Os pimentões são ótimas fontes de vitamina C e possuem quantidades consideráveis de vitamina A, além de sais minerais, como o cálcio, o ferro e o potássio.
dos Unidos, Itália, Japão, Índia e Brasil (CASALI & COUTO, 1984, SILVA et al.1999, NANNETTI 2001 apud ROSELINO, DOS SANTOS, BEGO). Segundo o site Mundo Educação, os frutos mais comuns são os de coloração verde, amarela e vermelha. Os pimentões são ótimas fontes de vitamina C e possuem quantidades consideráveis de vitamina A, além de sais minerais, como o cálcio, o ferro e o potássio. Os legumes podem ser consumidos crus em saladas ou empregados cozidos no preparo de molhos, carnes, massas, etc. Devido à sua beleza, algumas pessoas o utilizam como fruto ornamental. Os pimentões são cultivados em diversas regiões do país por sua facilidade de adaptação e cultivo. Segundo o Anuário brasileiro de hortaliças (2013) o censo
O principal objetivo deste trabalho é
REFERENCIAL TEÓRICO
comparar os custos da produção do pimentão vermelho em cada propriedade e
agropecuário do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2006
De acordo com Maldonado (2001), o pi-
constatou que a produção era de 248,7
destacar as diferenças de cultivo, com o
mentão (Capsicum annuum) é uma das
mil toneladas.
intuito de analisar o custo e o resultado
hortaliças de maior consumo no Brasil,
de cada cultura em sua região, no perío-
ocupando significante área de plantio.
De acordo com Crepaldi (2012, p. 1),
do correspondente ao ano de 2015.
Seu cultivo pode se dar tanto em campo
“agricultura é definida como todo a ati-
aberto quanto em estufas, sendo o cul-
vidade de exploração da terra”, com o
Para tanto, o método de pesquisa utiliza-
tivo em campo aberto responsável pela
intuito do produto gerado satisfazer às
do foi o estudo de caso, pois explana co-
grande maioria da área ocupada com
necessidades humanas.
nhecimento detalhado do objeto pesqui-
esse legume no Brasil, enquanto ao culti-
sado e permite ao pesquisador verificar
vo em estufas cabe a produção de frutos
Há dois tipos de culturas: permanentes
in loco os aspectos a serem pesquisados,
a serem comercializados maduros na co-
e temporárias. De acordo com Marion
realizando entrevistas com os proprietá-
loração vermelha, amarela e outras. En-
(2014), as culturas temporárias estão
rios e visita às propriedades.
tre as principais áreas de cultivos estão
sujeitas a replantio após a colheita e as
os estados de São Paulo, Santa Catarina,
culturas permanentes são as que propor-
sas das famílias brasileiras, a agricultura
Devido ao custo do produto ser composto
ção. Segundo Crepaldi (2012), as culturas
familiar responde por cerca de 70% dos
de vários elementos, e nem todos podem
temporárias possuem tempo de vida curto
alimentos consumidos em todo o País.
ser atribuídos diretamente ao produto.
entre o plantio e colheita, já as culturas
Os sistemas de custeios, de acordo com
permanentes apresentam tempo de vida
Para que o objetivo deste trabalho seja
Ribeiro (2011), são utilizados para alocar
útil superior a um ano. São exemplos de
cumprido, é necessário compreender o
os custos indiretos aos produtos. Há di-
culturas temporárias a soja, milho, arroz,
conceito de custo. De acordo com Ribei-
versos sistemas de custeio, cada um com
tomate, pimentão, entre outras. E exem-
ro (2011), é a soma dos gastos com bens
suas vantagens e desvantagens, porém
plo de culturas permanentes o café, laran-
e serviços aplicados ou consumidos. Para
não se deve confundir com métodos de
ja, limão, cana-de-açúcar, etc.
Leone (1989, p. 50), custo é “consumo
avaliação de estoques.
de um fator de produção, medido em METODOLOGIA
As propriedades estudadas são de agri-
termos monetários para obtenção de um
cultura familiar, em que a gestão da pro-
produto”. Neste contexto, Hoffer et al.
priedade é compartilhada pela família
(2006) entende que “a utilização dessa
Este trabalho baseia-se em um estudo
e a atividade produtiva agropecuária é
ferramenta proporciona maior controle
de caso, mais precisamente um estudo
a principal fonte geradora de renda, de
da produção e oportunidade de planeja-
da produção de pimentão vermelho em
acordo com a Secretaria Especial de Agri-
mento para maximização dos resultados
estufa, no sítio Rancho Alegre, situado
cultura Familiar e do Desenvolvimento
finais”.
em Pirajuí, interior de São Paulo; e no
Agrário. Além disso, o agricultor familiar
sítio do Gaúcho, localizado em Iranduba,
tem uma relação particular com a terra,
O custo no meio rural, Marion (2014) ex-
interior do Amazonas. O estudo foi fei-
seu local de trabalho e moradia. A diver-
plica, que são os gastos identificáveis de
to seguindo as seguintes etapas: a) vi-
sidade produtiva também é uma carac-
forma direta ou indireta com a cultura e
sita no local da produção; b) entrevista
terística marcante desse setor. A Lei n.º
despesa são os gastos não identificáveis
com os agricultores locais; c) análise dos
11.326 de julho de 2006 define as diretri-
com a cultura.
dados sobre custos do dono do sítio; d)
zes para formulação da Política Nacional
pesquisas bibliográficas de acordo com o
da Agricultura Familiar e os critérios para
Outro conceito importante para um
identificação desse público. Segundo
maior entendimento deste trabalho é o
dados do Censo Agropecuário de 2006,
de custeio. Conforme explica Lopes de
A finalidade da pesquisa pauta-se em
84,4% do total dos estabelecimentos
Sá (2009), é o “ato de apropriar gastos,
uma abordagem quantitativa explicativa.
agropecuários brasileiros pertencem a
controle de custos, gastos feitos para
A pesquisa explicativa registra fatos,
grupos familiares. São aproximadamente
manter alguma coisa”.
analisa-os,
4,4 milhões de estabelecimentos, sendo
tema proposto.
interpreta-os
e
identifica
suas causas. Essa prática visa ampliar
que a metade deles está na região Nor-
Os custos são classificados em diferentes
generalizações, definir leis mais amplas,
deste.
tipos, conforme a sua relação com o pro-
estruturar e definir modelos teóricos,
duto agrícola. São estes:
relacionar hipóteses em uma visão mais
Segundo o Portal Brasil, a principal responsável pela comida que chega às me-
unitária do universo ou âmbito produti• Custos Diretos: são os diretamente
vo em geral e gerar hipóteses ou ideias
relacionados (sem rateio) aos produtos
por força de dedução lógica (MARCONI e
agrícolas (CREPALDI, 2012).
LAKATOS, 2011).
• Custos Indiretos: são os custos que na forma de rateio são incorporados ao produto agrícola (CREPALDI, 2012).
A pesquisa quantitativa parte do pressuposto de que tudo pode ser quantificá-
• Custo Fixo: são aqueles que não
vel, o que significa traduzir em números
se alteram com o volume de pro-
opiniões e informações para classificá-las
dução (NASCIMENTO, 2001).
e analisá-las. Requer o uso de recursos
• Custo Variável: se alteram pro-
e de técnicas estatísticas (percentagem,
porcionalmente a quantidade pro-
média, moda, mediana, desvio-padrão,
duzida (NASCIMENTO, 2001).
coeficiente de correlação, análise de re-
17 | ABRACICON SABER
cionam mais de uma colheita ou produ-
Tabela 1 – Informações Gerais
2013). ANÁLISE DOS RESULTADOS
Sítio do Gaúcho - AM
Sítio Rancho Alegre - SP
Tamanho da Propriedade
12 hectares
9,6 hectares
Conforme já citado acima, este trabalho
Número de Plantas
900
1.700
busca comparar os custos da produção
Ciclo Operacional
8 meses
11 meses
Colheita
5 meses
8 meses
de pimentão vermelho em estufas em duas propriedades distintas. Para se ter
Fonte: Dados elaborados pelos autores.
acesso às informações, foram feitas en-
Tabela 2 – Custos
trevistas com os dois proprietários. Como se trata de uma economia familiar e de uma produção pequena, não há dados contábeis; o controle é feito apenas com planilhas simples; e muitos dados não estão escritos. Há algumas diferenças entre a produção nas duas propriedades. Na propriedade de Iranduba (AM), o início do ciclo operacional se dá com o plantio das sementes para a formação das mudas, já na propriedade de Pirajuí (SP), o início se dá com o plantio de mudas compradas, conforme demonstrado na Tabela 1. Outra
Itens avaliados
Sítio do Gaúcho - AM
Sítio Rancho Alegre – SP
sementes
R$ 400,00
*
mudas
*
R$ 990,00
caixas para transporte
*
R$ 3.600,00
frete
*
R$ 3.000,00
taxa para carregar e descarregar
*
R$ 780,00
manutenção no plantio e colheita
R$ 2.960,00
R$ 9.000,00
técnico agrônomo
*
R$ 450,00
MOD (mão-de-obra)
R$ 3.866,72
*
Total dos Custos/safra
R$ 7.226,72
R$ 17.820,00
Total dos Custos/mês
R$ 903,34
R$ 1.620,00
Fonte: Dados elaborados pelos autores. | * Não se aplica.
diferença está na venda da produção na
Tabela 3 - Receitas
propriedade de Iranduba (AM), as vendas são feitas diretamente a supermercados e em feiras na cidade de Manaus (AM) e na propriedade de Pirajuí (SP) a venda é feita para a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp). A quantidade de plantas em cada estufa é diferente. Em Iranduba (AM) a estufa possui 900 pés de pimentão, e, na propriedade de Pirajuí (SP), a estufa possui 1.700 pés.
Itens avaliados
Sítio do Gaúcho - AM
Sítio Rancho Alegre - SP
Venda supermercado/CEAGESP - Kg/ mês
240
2750
Valor da venda para Supermercado ou CEAGESP - R$
R$ 12. 000,00
R$ 30.000,00
Venda na feira para Produtores - Kg/semana
30
*
Valor da venda na feira (R$) 12,00 por kg/ safra
R$ 7.200,00
*
Total Valor de venda/ safra
R$ 19.200,00
R$ 30.000,00
Total Valor de venda/mês
R$ 2.400,00
R$ 2.727,27
Fonte: Dados elaborados pelos autores. | * Não se aplica.
O ciclo produtivo no Amazonas é menor, apesar de o seu início ser com a produção
de Pirajuí (SP), o proprietário tem que
é feita a venda em Iranduba. A proprie-
de mudas. Essa diferença ocorre devido à
comprar as caixas no formato padrão do
dade de Pirajuí conta com técnico agrô-
temperatura mais elevada e assim planta
Ceagesp para a entrega, há um custo
nomo que passa na propriedade uma vez
se desenvolve e produz mais rapidamente.
para carregar e descarregar o caminhão
por mês e também faz consultoria por
para transporte e mais o valor do frete,
telefone.
Com relação à logística na propriedade
conforme Tabela 2.
de Iranduba (AM) o próprio comprador
Em relação às vendas, Tabela 3, verifica-
efetua a retirada da produção e arca com
As vendas feitas para o Ceagesp são cal-
se a diferença das vendas de quilos por
os custos de entrega; já na propriedade
culadas por caixa e, não, por quilo, como
mês, bem como sua receita final.
18 | ABRACICON SABER
18 | JOVEM ACADEMIA PROFISSIONAL
gressão etc) (PRODANOV e DE FREITAS,
priedade de Iranduba (AM) obteve me-
-emprego/2015/07/agricultura-familiar-
culos dos resultados, referentes à produ-
lhor resultado, sendo a propriedade de
-produz-70-dos-alimentos-consumidos-
ção de 2015.
Pirajuí (SP) a que possui maiores custos.
-por-brasileiro >. Acesso em: 08 de janeiro de 2017.
Na Tabela 4, há a demonstração do re-
A diferença de temperatura das duas re-
sultado do ciclo produtivo de 2015, com
giões influencia a produção, bem como
Brasil. Censo agropecuário. Rio de Janei-
as vendas e custos mensais. Percebe-se
o desenvolvimento das plantas, sendo
ro: IBGE, 2006.
o resultado muito próximo entre as duas
que em Pirajuí (SP) a temperatura é mais
propriedades, apesar das particularida-
amena quando comparada à Iranduba
BRASIL. O que é a agricultura familiar.
des de cada uma.
(AM). Com temperatura mais elevada, a
Secretaria Especial de Agricultura Fami-
planta se desenvolve mais rapidamente e
liar e do Desenvolvimento Agrário: 2016.
Com relação ao custo da estufa e sua de-
assim produz mais rápido; em contrapar-
Disponível em: <http://www.mda.gov.
preciação, foi obtido apenas da proprie-
tida, o ciclo de produção é menor, pois
br/sitemda/noticias/o-que-%C3%A9-
dade de Pirajuí (SP). O custo da estufa
a planta perde a capacidade produtiva
-agricultura-familiar>. Acesso em: 22 de
é de R$15.000,00, com duração de 10
mais rapidamente.
janeiro de 2017.
R$1.500,00. Há um custo com relação ao
Pode-se concluir que, nas duas proprie-
CARVALHO, CLEONICE DE [et. al.].
plástico da estufa que deve ser trocado 4
dades, a produção é viável e que há uma
Anuário brasileiro de hortaliças. – San-
vezes, nesse período de 10 anos, com um
grande diferença nos custos, porém uma
ta Cruz do Sul: Editora Gazeta Santa
custo R$ 2.500,00 por troca, totalizando
diferença pequena com relação ao resul-
Cruz, 2013. Disponível em: < http://
um custo de R$ 1.000,00 por ano. Esses
tado.
www.grupogaz.com.br/tratadas/eo_edi-
anos, ou seja, uma depreciação anual de
custos não foram colocados nas planilhas
cao/6/2013/07/20130709_a81caeeec/
para não dificultar a comparação entre as
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
duas propriedades.
pdf/4010_hortalicas_2013.pdf >. Acesso em: 15 de janeiro de 2017.
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de 2006. Estabelece as diretrizes para a
CREPALDI, Silvio Aparecido. Contabilida-
formulação da Política Nacional da Agri-
de rural: uma abordagem decisorial. 7
Conforme demonstrado na análise de re-
cultura Familiar e Empreendimentos Fa-
ed. São Paulo: Atlas, 2012.
sultados, verifica-se que os custos de pro-
miliares Rurais. <http://www.planalto.
dução da propriedade de Iranduba (AM)
gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/
DA SILVA, M. G.; CESARIO, Andressa
são menores que da propriedade de Pira-
lei/l11326.htm>. Acesso em 9 de janeiro
Vieira; CAVALCANTI, Ivan Ramos. Rele-
juí (SP). Um dos fatores dessa diferença
de 2017.
vância do agronegócio para a economia
está relacionada ao custo da logística (fre-
brasileira atual. Apresentado em X En-
te, caixas e custo de carga e descarga).
BRASIL. Agricultura familiar produz 70%
contro de Iniciação à Docência, Universi-
dos alimentos consumidos por brasilei-
dade Federal da Paraíba: 2013. Disponí-
A diferença entre os dois resultados é de
ro. Portal Brasil: 2015. Disponível em:
vel em: <http://www.prac.ufpb.br/anais/
R$ 389,39. Pode-se concluir que a pro-
<http://www.brasil.gov.br/economia-e-
IXEnex/iniciacao/documentos/anais/8>. Acesso em: 07 de fevereiro de 2017. HOFER, Elza et al. Gestão de custos
Tabela 4 - Resultado
aplicada ao agronegócio: culturas tem-
Sítio do Gaúcho - AM
Sítio Rancho Alegre – SP
porárias. Contabilidade Vista & Revista,
Vendas/mês
R$ 2.400,00
R$ 2.727,27
em: <http://revistas.face.ufmg.br/index.
Custos/mês
R$ 903,34
R$ 1.620,00
php/contabilidadevistaerevista/article/
Resultado
R$ 1.496,66
R$ 1.107,27
view/290> Acesso em: 04 de dezembro
Fonte: Dados elaborados pelos autores. | * Não se aplica.
v. 17, n. 1, p. 29-46, 2006. Disponível
de 2016.
19 | ABRACICON SABER
Na Tabela 3 foram demonstrados os cál-
20 | JOVEM PROFISSIONAL
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n. 2, 2010.
Karem Aline de Oliveira Duarte é estudante de Ciências Contábeis, cursando 8º período na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), atualmente, micro empreendedora individual.
Raíssa Thaína Silva Sousa é estudante de Ciências Contábeis, cursando 8º período na Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
Juliana Anita Romano Ribeiro é estudante de Ciências Contábeis, cursando 8º período na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), atualmente, estagiária de uma multinacional.
Natalia Renofio Portezan Gasparini é especialista em Gestão de Pessoas, bacharel em Administração, cursando o 8º período de Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Amazonas.
Suzane Maria Bandeira de Sousa é especialista em Gestão Pública pela Universidade do Estado do Amazonas, Bacharel em Administração, cursando o 8º período de Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Amazonas, atualmente.
Professora: Silvia Elaine Moreira é mestra em Contabilidade e Controladoria pela Universidade Federal do Amazonas. Membro Fundadora da Academia de Ciências Contábeis do Amazonas, atualmente professora do Curso de Ciências Contábeis na Universidade Federal do Amazonas.
ABRACICON SABER 21 | A VOZ DO ESTUDANTE
Expectativas do curso de Ciências Contábeis
P
or que escolheu o curso de Ci-
Quais as expectativas mediante a situ-
ências Contábeis?
ação atual no Brasil e a profissão contábil?
Bem, eu sempre me identifiquei e tive mais facilidade em trabalhar com núme-
O profissional da área contábil assume
ros, apesar de a Contabilidade ir muito
um papel fundamental para garantir a
além disso. Mas optei ingressar na área
boa conduta da empresa, diante das
contábil, pelo fato de estar entre uma das
grandes mudanças que vêm enfrentan-
profissões mais destacadas, devido ao
do o cenário econômico brasileiro. O
amplo mercado que ela nos proporciona.
profissional da contabilidade tem a mis-
Thaynara Cristina Dias de Sousa é graduanda em Ciências Contábeis pelo Centro Universitário Alves Faria (Unialfa). Assistente Contábil/Fiscal na Empresa: Contac Contabilidade Eireli S/S
são de, além de trabalhar com transpaO que você espera do curso de Ciên-
rência, orientar sobre a importância do
cias Contábeis?
controle interno e das auditorias combatendo possíveis fraudes dentro das
Assim como a profissão contábil vem se
empresas e instituições. Assim, a profis-
destacando, espero que a graduação do
são nos dá expectativas de desenvolver
curso de Ciências Contábeis seja a base,
sempre um trabalho fidedigno de acordo
e a estrutura que preciso para me tornar
com os atos normativos que a regem,
uma profissional altamente capacitada e
contribuindo assim para uma sociedade
bem-sucedida no mercado de trabalho.
mais justa.
Como você vê o contador atual?
Qual é seu sonho na área contábil?
Devido ao grande avanço da Contabilidade no Brasil, hoje o contador é visto
Após conclusão da vida acadêmica,
como uma peça fundamental dentro da
idealizamos em ser bem-sucedidos.
empresa. Vejo que os contadores que
Hoje aos 23 anos e aprovada no Exa-
buscam estar sempre atualizados e alta-
me de Suficiência, pretendo concluir
mente capacitados são capazes de auxi-
minha graduação e me especializar na
liar os gestores, desde a constituição de
área de Auditoria para futuramente me
uma empresa até a tomada de decisão.
tornar uma auditora fiscal.
Marcus Vinícius Rodrigues Lima cursou as disciplinas Teoria Positiva em Contabilidade, Controladoria Avançada e Avaliação de Empresas II como Aluno Especial do Doutorado em Ciências Contábeis da Universidade de Brasília (UnB). É Mestre em Administração pelo Centro Universitário Alves Faria (Unialfa). É Graduado em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de Goiás (UEG). Tem MBA em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria pela Fundação Getúlio Vargas (FGV/ SP) e Especialização em Administração Pública pela FGV/RJ. Atualmente é Coordenador dos Cursos de Graduação em Ciências Contábeis e Pós-graduação Lato Sensu do Unialfa.
22 22 || ESPECIALIZANDO-SE ESPECIALIZANDO-SE
Trajetória acadêmica
I
niciei a minha trajetória acadêmica ao cursar Ciências Contábeis na Universidade
Estadual
de
Marin-
gá (UEM), no ano de 2006. Durante o curso, já atuava no mercado, tanto por estágio quanto de maneira efetiva. Sempre fui muito dedicada e gostava de estudar, o que me motivou a iniciar em 2011 a especialização lato sensu em Controladoria e Contabilidade na UEM. No entanto, mesmo cursando a especialização, sentia falta do ambiente acadêmico. Foi quando resolvi prestar o processo seletivo para o mestrado em Contabilidade na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Conversei com alguns professores da UEM, os quais já me incentivavam a dar continuidade a vida acadêmica em função de eu ter recebido “Láurea Acadêmica” enquanto aluna de graduação. Sendo assim, re-
Considero que a entrada no mestrado, em março de 2012, foi um grande divisor de águas em minha trajetória, tendo em vista que muita coisa mudou deste então.
solvi que era isto o que eu queria para minha vida profissional, logo tentei o processo seletivo para o mestrado na UFPR em Curitiba e fui aprovada. Considero que a entrada no mestrado, em março de 2012, foi um grande divisor de águas em minha trajetória, tendo em vista que muita coisa mudou deste então. As modificações foram desde cidade, morar sozinha, novas responsabilidades e grandes desafios. Passei a ter uma nova postura frente aos fatos, desenvolvi um pensamento crítico, passei a defender minhas opiniões. Além disso, as apresentações de seminário, as leituras realizadas, e o desenvolvimento de pesquisas me despertaram para um novo mundo que até então eu tinha um singelo conhecimento. Ainda no mestrado, conheci teorias,
empresas familiares do segmento super-
escola, com grandes desafios que nos
de artigos que eu nem imaginava que
mercadista”. No estudo, buscou-se asso-
capacitam para a vida. Reforço, portan-
existiam.
ciar os estilos de liderança e as caracte-
to, que é muito gratificante ter estudado
rísticas observáveis de gestores de topo
sempre em instituições públicas do Esta-
Em 2014, o curso de doutorado em Con-
(idade, nível de formação, experiência
do do Paraná.
tabilidade foi credenciado pelo Progra-
profissional, tempo no cargo e gênero)
ma de Pós-graduação em Contabilidade
com o uso do Sistema de Controle Ge-
Hoje posso dizer que toda a minha tra-
(PPGCONT) da UFPR, em que fui apro-
rencial (SCG). Adicionalmente, modelos
jetória acadêmica foi fundamental para
vada em 1º lugar. Iniciei o doutorado
de uso de SCG foram propostos, o que
que eu desenvolvesse uma postura crí-
em março de 2014, sendo que nos dois
possibilita que o público alvo identifique
tica e para todas as minhas conquistas
primeiros anos cursei as disciplinas op-
como os gestores de topo utilizam as
profissionais. Ressalto que o apoio fami-
tativas e obrigatórias exigidas pelo PPG-
ferramentas de controle gerencial. A es-
liar foi essencial para tudo que conquis-
CONT, e nesse mesmo período desenvol-
colha do tema foi em função do estudo
tei neste período. Atualmente exerço à
vi o Projeto de Tese. A partir de 2016,
pertencer à linha de pesquisa de Conta-
docência na Universidade Estadual do
com as disciplinas já finalizadas, a minha
bilidade e Controle Gerencial, uma das
Centro-Oeste (Unicentro), em Guarapu-
dedicação centrou-se no desenvolvimen-
linhas de investigações do PPGCONT.
ava, e estou aguardando minha nome-
to teórico e prático da pesquisa. Ressalto
ação para professor efetivo nessa Ins-
que a pesquisa foi orientada pelo prof.
No dia 28/11/2017, defendi a minha
tituição. Pretendo continuar lecionando
Vicente Pacheco da UFPR e co-orientada
tese, sendo a primeira doutora em Con-
e desenvolvendo pesquisas na área de
pela professora Márcia Maria dos Santos
tabilidade formada por uma instituição
Contabilidade e Controle Gerencial. Acre-
Bortolocci Espejo, da UFMS.
do Paraná. Sinto-me privilegiada por
dito que dessa forma, posso contribuir
este feito, e sou muito agradecida à
para uma sociedade melhor. Para o fu-
A tese que defendi foi intitulada: “Asso-
UFPR e a todos os professores que fize-
turo pretendo cursar pós-doutorado na
ciação dos estilos de liderança no uso do
ram parte dessa trajetória que se iniciou
área de Contabilidade.
sistema de controle gerencial e o efeito
em 2012, quando comecei o mestrado
moderador das características observá-
em Contabilidade nessa mesma institui-
veis de gestores de topo: evidências em
ção. A pós-graduação é uma verdadeira
Stella Maris Lima Altoé é doutora em Contabilidade pela Universidade Federal do Paraná (2014-2017) e Professora na Universidade Estadual do CentroOeste - Unicentro (2016-atual). Mestre em Contabilidade pela Universidade Federal do Paraná (2012-2014). Possui Graduação em Ciências Contábeis (2010) e Especialização em Controladoria e Contabilidade pela Universidade Estadual de Maringá (2013). Possui experiência profissional na área contábil. Atualmente desenvolve pesquisas, com ênfase em Contabilidade e Controle Gerencial.
23 | ABRACICON SABER
técnicas estatísticas, bases de dados e
24 | BOAS PRÁTICAS DE ENSINO
Unialfa: Projeto domine o Leão
E
m 2011, quando assumimos a Co-
bre as principais ações realizadas pelas
jeto de forma que os alunos manifestas-
ordenação do curso de Ciências
instituições de referência em todo o Bra-
sem interesse em participar. Pensamos
Contábeis do Centro Universitário
sil e uma delas nos chamou bastante a
em um nome para o projeto que efetiva-
Alves Faria (Unialfa), a principal enco-
atenção, uma ação social realizada por
mente despertasse a atenção dos alunos
menda foi de dar ânimo e motivação
alunos e professores do curso de Ciên-
e em uma conversa informal com alguns
para os alunos. O Unialfa foi idealizado
cias Contábeis no período da declaração
colegas, alguém disse: “vamos dominar
como uma instituição de ensino superior
de ajuste anual do imposto de renda pes-
o leão!” e a partir de então, chegamos
de referência na área de negócios e traz
soa física. Várias instituições já tinham a
ao nome que a cada ano se torna mais
em seu slogan a marca “A Melhor Escola
prática de promover esse tipo de ação,
conhecido em Goiânia “Domine o Leão”.
de Negócios do Centro-oeste”. Logo, pre-
mas em formatos diferentes. Isso nos
Com o nome do projeto definido, seus
cisávamos pensar em ações que fossem
chamou muito a atenção porque, quando
objetivos e estratégias para motivação
de encontro com essa visão institucional.
eu cursei a graduação, não tinha passado
dos alunos a participar, começamos a
por esse tipo de experiência.
buscar parceiros para sua realização. Fi-
nas metodologias de ensino adotadas em
Daí logo pensamos que, para capacitar
Goiânia e apenas um deles demonstrou
todos os cursos e uma delas é o Peer Ins-
os alunos a orientar os contribuintes
interesse pela parceria, o Araguaia Sho-
truction – Uma Metodologia Ativa para o
sobre a declaração de ajuste anual do
pping, localizado no Terminal Rodoviário
Processo de Ensino e Aprendizagem. O
imposto de renda – pessoa física, com o
de Goiânia.
zemos contato com alguns shoppings de
Um dos diferenciais da instituição está
método Peer Instruction (Instrução aos
objetivo de evitar erros que possam levar
Pares, numa tradução literal) foi elabo-
o contribuinte a cair na malha, ainda que
Em 2012, primeira edição do projeto, o
rado pelo professor Eric Mazur, da Uni-
sob a supervisão de professores, esses
Núcleo de Práticas Contábeis selecionou
versidade de Harvard, e tem alcançado
alunos precisariam se dedicar fora da
40 alunos do curso de Ciências Contábeis
grande sucesso nas universidades norte-
sala de aula para que a capacitação fosse
para capacitá-los por meio de um curso
americanas, aqui no Brasil já existem al-
efetivamente proveitosa. Com o Peer Ins-
de formação, com 20 horas de carga ho-
guns grupos trabalhando com este méto-
truction, isso seria possível, uma vez que
rária, realizada em dois sábados, por dois
do. Com o Peer Instruction busca-se tirar
os alunos se dedicariam (por motivação
professores. A partir dessa capacitação, a
o foco do momento da aprendizagem da
própria) a estudar a legislação do impos-
ação foi realizada no Araguaia Shopping
“transferência de informação”, fazendo
to de renda de pessoa física, para depois,
no período de duas semanas. Para ser
com que o aluno busque informações pri-
em sala de aula, entender como se dá o
atendido, o contribuinte precisava levar
márias direto da fonte (leitura) e depois
processo de preenchimento da declara-
os documentos pessoais e também um
no encontro presencial em aula discuta
ção no programa da Receita Federal do
quilo de alimento não perecível para doa-
com seus colegas.
Brasil, a partir de diversas simulações
ção a entidades de caridade.
que seriam feitas. Nessa primeira edição, os alunos não
Carecíamos aliar esse método a alguma ação específica para o curso de Ciências
A partir de então, pensamos no formato
demonstraram muito interesse em parti-
Contábeis. Começamos a pesquisar so-
que seria ideal para iniciarmos esse pro-
cipar. A motivação nos alunos que bus-
alcançar o nosso principal objetivo. De-
bilidade que carregou durante o projeto
ação no shopping, quando os alunos que
pois do segundo ano do projeto Domine
fez com que ele estudasse cada vez mais.
participaram começaram a compartilhar
o Leão, os alunos do curso de Ciências
com os demais colegas a experiência
Contábeis apresentaram melhora na per-
Para que alcançássemos esses resul-
que vivenciaram. Já na primeira edição,
formance das notas, além de apresen-
tados,
ganhamos destaque na imprensa local,
tarem maior nível de motivação quanto
parcerias com a Receita Federal do
com participação ao vivo em telejornais e
a profissão escolhida. A taxa de cresci-
Brasil (RFB), com o Conselho Regional
também em rádios. Essa notoriedade foi
mento de alunos de transferência de
de Contabilidade de Goiás (CRCGO) e
fundamental para que os alunos desper-
outras IES para o Unialfa cresceu acima
também com os principais escritórios
tassem interesse em participar nas próxi-
da média da instituição, e se comparado
de contabilidade de Goiânia. Em 2017,
mas edições. Conseguimos atender a um
aos anos de 2012, 2011 e 2010, cresceu
o Núcleo de Práticas Contábeis, criado
total de noventa e oito contribuintes no
quase 60%, o que reflete o valor agre-
em 2012, deixa de existir para dar lugar
período de dez dias. A partir de então, a
gado ao curso de Ciências Contábeis por
a um projeto maior, o Núcleo de Apoio
cada ano, há uma acirrada disputa pelos
meio desse projeto, hoje nossa principal
Fiscal (NAF) da RFB, que, entre outras
alunos para garantir uma vaga no proje-
marca. Na edição de 2017, alcançamos
ações, buscará atender aos contribuin-
to, o que nos fez repensar até o mode-
a marca de quatrocentos e vinte e três
tes da RFB dentro do Unialfa para ser-
lo de seleção para privilegiar os alunos
contribuintes atendidos por meio do Pro-
viços específicos.
que efetivamente se destacam no curso
jeto Domine o Leão em sete dias, um
e demonstram interesse em aprender o
crescimento de 332%, se comparada a
Indicadores de qualidade do ensino do
máximo possível.
primeira edição, em 2012.
Ministério da Educação (MEC) confir-
Em 2013, na segunda edição, fomos pro-
Na seleção de 2017, o aluno Pablo Fabrí-
curso de Ciências Contábeis do Unialfa
curados por outro shopping de Goiânia
cio Ferreira Costa estava cursando o 6ª
obteve conceito 4 no Exame Nacional
para realizar essa ação lá, mas em fun-
período. Ele disse que desde seu ingresso
de Desempenho dos Estudantes (Ena-
ção da parceria que já estava estabeleci-
no Unialfa esperou ser selecionado para
de) 2015, ocupando o primeiro lugar no
da com o Araguaia Shopping (sólida até
o projeto e teve receio de não conseguir
Estado de Goiás entre as Instituições de
hoje), optamos por permanecer apenas
participar em 2017, pois essa seria sua
Ensino Superior privadas. Também lide-
com eles. A partir de então, observamos
penúltima chance. Para ele, participar do
ra o ranking das IES privadas de Goiás
outras instituições em Goiânia promo-
Domine o Leão foi uma experiência fan-
na segunda edição de 2017 do Exame
vendo ações em formato parecido, o que
tástica porque ele pôde colocar em prá-
de Suficiência do Conselho Federal de
demonstrou que realmente conseguimos
tica tudo o que aprendeu, e a responsa-
Contabilidade.
foi
fundamental
estabelecer
mam que estamos no caminho certo. O
25 | ABRACICON SABER
cávamos só veio depois da realização da
26 | ARTIGO PRIME
Logística Reversa, Mecanismos Fiscais, Aspectos Tributários e Contabilidade Ambiental Por Milena Neves de Lima, Marta Amorim e Paulinho R. Stefanello
C
om o avanço tecnológico, evidenciou-se a obsolescência dos produtos, ficando vantajoso comprar produtos novos em vez de consertá-los, o que faz aumentar os resíduos no meio ambiente. Quando os produtos se tornam obsoletos, estragam ou danificam e é necessário que eles retornem a seus pontos de origem para que estes deem o devido descarte, evitando assim danos
ao meio ambiente conforme preconizado na Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS). Em virtude da alta demanda de novas tecnologias com melhorias de processo [desempenho técnico x redução de preços], a competitividade de mercado tem sido cada vez mais acirrada, ocasionando um alto nível de obsolescência dos produtos. Com isso é de fundamental importância prever como se dará o descarte dos bens.
já utilizados em produtos novos para o consumo. Isto é necessário, pois esta atitude traz vários benefícios para o meio ambiente. O Art. 3 da PRNS define a reciclagem como o processo de transformação de alteração das propriedades dos resíduos sólidos para assim transformá-los em insumos ou novos produtos. Já a reutilização é o processo de reaprovei-
Fonte: Cenário adaptado a partir das informações da empresa (2016) A busca pela imagem institucional com
siste no reaproveitamento de algumas
LOGÍSTICA REVERSA
outro com a mesma finalidade do ante-
versos benefícios, podendo ser na esfera fiscal, ambiental e social. A multinacional
O tempo decorrido desde a produção ori-
analisada desenvolveu mecanismos na
ginal de um produto até seu desgaste por
tentativa de diminuir impactos causados
uso é o que consideramos ciclo de vida
no meio ambiente pelos seus produtos,
útil. Após este ciclo, eles são descartados
em que o cliente, na sua necessidade
pela sociedade, (LEITE, 2009). A Política
de desfazer-se dos produtos, contata a
Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS) de-
empresa que mecaniza todo o processo
fine o ciclo de vida do produto como sen-
por meio de uma transportadora. Com a
do uma “série de etapas que envolvem o
devolução do material, ganham-se cré-
desenvolvimento do produto, a obtenção
ditos para futuras compras. O material
de matérias-primas e insumos, o proces-
recolhido é tratado e separado, sendo
so produtivo, o consumo e a disposição
reaproveitados e vendidos, e os que não
final” (BRASIL, 2010). Existem bens que,
servem para uso, são destinados a uma
após serem utilizados, podem destinar-se
empresa de aterros industriais.
ao mercado novamente, como por exemplo, os automóveis e vestuário. Porém,
Por meio de pesquisa bibliográfica e es-
quando atingem seu ciclo de vida efetivo,
tudo de caso, foi possível descrever e
os produtos podem ser remanufaturados
identificar a aplicação dos mecanismos
ou reciclados (LEITE, 2009).
fiscais, aspectos tributários e a contabilidade ambiental na logística reversa do
Para Paoleschi (2013), a reciclagem con-
pós-consumo.
siste em transformar objetos e materiais
Quadro 1 - Definição dos bens Bens descartáveis Bens duráveis
Bens semiduráveis
formação. Quanto à remanufatura, con-
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
utilização da Contabilidade Ambiental por meio de seus conceitos poderá trazer di-
tamento dos resíduos sólidos sem trans-
partes do produto para a fabricação de rior. Caso o produto seja desmontado e, a partir de suas peças criado um novo, este processo denomina-se “desmanche” (LEITE, 2009). Os bens, segundo Dias (2003, apud RAZZOLINI FILHO, 2012), podem ser classificados em produtos duráveis, que são avaliados pela sua vida útil, produtos não duráveis, que são de consumo imediato, tais como os alimentos. De acordo com Ballou (2001), os produtos tornam-se obsoletos, estragam ou se danificam, sendo necessário seu retorno aos pontos de origem para que seja feito o descarte apropriado. São várias as razões para a adoção da logística reversa. Podemos destacar a causa ambiental, na qual a empresa será legalmente responsável por todo o ciclo de vida de seus produtos, destinando-os corretamente após seu consumo, reduzindo assim os impactos ambientais, e com isso ela passa a seus clientes e fornecedores
Vida útil média de algumas semanas e não mais que seis meses. Alguns exemplos são brinquedos, fraldas, jornais
uma visão de empresa “ecologicamente
Vida útil média variando de alguns anos a algumas décadas. Automóveis, eletrodomésticos e aviões são alguns exemplos desta categoria
financeiros gerados com a redução dos
Vida útil de alguns meses. Esta é uma categoria intermediária e está representada por baterias de veículos, óleos lubrificantes, bateria de celulares, entre outros
DRIGUES et al., 2002).
Fonte: adaptado de Leite (2009).
correta”. Outra razão são os benefícios custos com a reutilização de embalagens ou reaproveitamento de materiais (RO-
A logística reversa trata do retorno dos bens do pós-venda e pós-consumo aos
27 | ABRACICON SABER
Figura 1 – Etapas do programa
28 | ARTIGO PRIME
centros produtivos, através de canais
e ações para o adequado gerenciamento
Estão previstos na Lei (Art. 8) incentivos
de distribuição diversos (PALOESCHI,
dos resíduos sólidos. Ela é de responsabi-
fiscais, financeiros e creditícios. No Art.
2013). A logística reversa no pós-venda,
lidade do governo federal, mas há a par-
44, diz que a União, os estados, o Distrito
segundo Silva (2012), são as atividades
ticipação dos estados, Distrito Federal e
Federal e os Municípios podem instituir
relacionadas às necessidades que podem
municípios (ARAÚJO; JURAS, 2011).
normas para conceder os incentivos,
ocorrer após os clientes terem efetuado
observando a Lei da Responsabilidade
a compra de um produto. Os problemas
No Art. 30 é instituído que a responsabi-
Fiscal
para as “indústrias e entidades
mais comuns são com a garantia e com
lidade compartilhada abrange os forne-
dedicadas à reutilização, ao tratamento e
a qualidade.
cedores, importadores, distribuidores e
à reciclagem de resíduos sólidos produzi-
comerciantes, consumidores e titulares
dos no território nacional”.
A principal preocupação da logística re-
dos serviços públicos de limpeza urbana,
versa do pós-consumo é reduzir o im-
para diminuir o volume de resíduos sóli-
pacto de atuação da empresa no meio
dos, e diminuir os impactos causados à
ambiente e, assim, melhorar sua imagem
saúde humana e à qualidade ambiental.
A Lei n.º 11.196/2005, de 21 de novem-
perante a sociedade como um todo (SIL-
No Art. 32, a lei diz que as empresas de-
bro de 2005, que passou a ser conhecida
VA, 2012 p. 106).
vem fabricar suas embalagens com ma-
como “Lei do Bem”, cria a concessão de
teriais que permitam sua reutilização ou
incentivos fiscais às pessoas jurídicas nas
POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS
sua reciclagem. No Art. 33, estão men-
quais possuem investimentos com Pesqui-
SÓLIDOS (PNRS)
cionados os fabricantes, importadores,
sa e Desenvolvimento (P&D). Os Arts. 47
LEI DO BEM
distribuidores e comerciantes que estão
e 48 (capítulo IX – Da contribuição de PIS/
Cresce cada vez mais as políticas públicas
obrigados a estruturar e implementar um
Pasep e da Cofins) descrevem os critérios
para tratar da preocupação com a pre-
sistema de logística reversa, no retorno
sobre a suspensão de PIS e da Cofins.
servação dos recursos naturais e a saú-
dos produtos após o uso pelo consumi-
de pública associada a resíduos sólidos.
dor. Araújo e Juras (p. 139, 2011) com-
NOTA FISCAL ELETRÔNICA E SIS-
Em reflexo a isso, surgiu a Política Na-
plementam o Art. 33 da seguinte forma:
TEMA PÚBLICO DE ESCRITURAÇÃO
cional de Resíduos Sólidos (PNRS), que
Os fabricantes e os importadores darão
DIGITAL (SPED)
foi aprovada em junho de 2010 e sancio-
destinação ambientalmente adequada
nada pela Presidência da República, na
aos produtos e às embalagens reunidos
O Sistema Público de Escrituração Digital
forma da Lei n.º 12.305, de 2 de agosto
ou devolvidos, sendo o rejeito encami-
(SPED) vem sendo desenvolvido desde
de 2010. O Art. 4 diz que o objetivo da
nhado para a disposição final ambiental-
2005 e tem como finalidade a integração
PNRS é reunir um conjunto de princípios,
mente adequada, na forma estabelecida
eletrônica das arrecadações das três es-
objetivos, instrumentos, diretrizes, metas
pelo órgão competente do Sisnama.
feras. É um sistema composto por três
Figura 2 – Área de atuação da logística reversa empresarial direta e logística reversa
Fonte: LEITE (2009)
Seção
Seção XIV
Pérolas naturais ou cultivadas, pedras preciosas ou semipreciosas e semelhantes, metais preciosos, metais folheados ou chapeados de metais preciosos (plaquê), e suas obras; bijuterias; moedas
Capitulo
74
Cobre e suas obras
Posição
7404
29 | ABRACICON SABER
Quadro 2 – Descrição NCM de Sucata
Sem descrição
Subposição
7404.00
Sem descrição
Item
7404.00.0
Sem descrição
Subitem
7404.00.00
Desperdícios e resíduos, de cobre.
Fonte: adaptado da TIPI (2015) subprojetos: Nota Fiscal Eletrônica (NF-
NOMENCLATURA COMUM DO MER-
e), Escrituração Contábil Digital (ECD)
COSUL (NCM)
e Escrituração Fiscal Digital (EFD). A implantação do SPED e NF-e visa a eco-
As nomenclaturas foram criadas para fazer
nomia referente a guarda de papel e a
a identificação das mercadorias no comér-
simplificação das obrigações assessórias
cio internacional. Ela se tornou necessária
(BONFIM et al., 2012).
para facilitar o processo de troca comercial entre as nações. Com isso, foi desenvolvido
A NF-e é um documento eletrônico, com fins fiscais.
Segundo o Art. 2 do Decreto n.º
um Sistema Harmonizado, introduzido em
6.022/2007, o SPED serve para unificar as
1985, que tinha como objetivo a criação de
atividades de recepção, validação e arma-
um sistema mundial único para designação
zenamento e autenticação dos documen-
e codificação de mercadorias. O SH é uma
tos que integram a escrituração contábil e
nomenclatura sistemática, e sua estrutura
Serviços de Transporte Interestadual e
fiscal. O SPED iniciou o projeto Nota Fiscal
consiste numa lista ordenada de Posições,
Intermunicipal e de Comunicação (ICMS)
Eletrônica (NF-e) em parceria com 19 em-
divididas em Subposições. As mercadorias
é um imposto estadual, e suas normas
presas de diversos estados. A primeira fase
são ordenadas de acordo com seu grau de
estão previstas na “Lei Kandir” (Lei com-
ocorreu em julho de 2006 quando foram
elaboração: quanto maior a participação
plementar nº 87/1996, alterada pelas
emitidas, simultaneamente, NF em papel e
humana em sua elaboração mais elevado
leis complementares 92/2007, 99/1999,
NF-e nos modelos A e 1-A. O projeto foi
o número do capítulo em que estará classi-
102/2000 e 122/2006) (OLIVEIRA et al.,
aperfeiçoado em 2007 e em 2008 foi esta-
ficado (MDIC, 2016).
2011). O ICMS está presente quando
belecido prazo para sua adesão. O objetivo
tomamos um café, quando compramos
da NF-e foi implantar um modelo nacional,
Conforme a Tabela de Incidência do IPI
uma caneta, quando ouvimos radio, ou
simplificado e que substitui o documento
(TIPI), “as Regras Gerais para Interpre-
seja, o ICMS está presente em quase
fiscal em papel. A NF-e é um documento
tação do Sistema Harmonizado se aplica-
tudo o que fazemos. (PÊGAS, 2014).
eletrônico, com fins fiscais. Sua validade se
rão, "mutatis mutandis", para determinar
dá por meio da assinatura digital do reme-
dentro de cada posição ou subposição, o
Por ser um imposto estadual, cada Es-
tente e pela recepção do Fisco, do docu-
item aplicável e, dentro deste último, o
tado tem sua legislação própria, o que
mento eletrônico (BONFIM et al., 2012). A
subitem correspondente”.
gera um alto grau de complexidade, pois
NF-e é emitida pela internet, na qual a em-
as mercadorias não circulam apenas em
presa expede um arquivo eletrônico para a
IMPOSTO
SOBRE
OPERAÇÕES
Secretaria da Fazenda do Estado. A Secre-
RELATIVAS
A
DE
zes os Estados de origem e destino não
taria recebe este arquivo e já confere sua
MERCADORIAS E PRESTAÇÃO DE
possuem as mesmas alíquotas. Este fato
autenticidade e integridade pelo certificado
SERVIÇOS DE TRANSPORTE INTE-
favorece a “guerra fiscal”, que é a prática
digital (que serve para garantir a autenti-
RESTADUAL E INTERMUNICIPAL E
de alíquotas diferenciadas e a concessão
cidade e a integridade nas transações ele-
DE COMUNICAÇÃO (ICMS)
de benefícios fiscais em determinados
CIRCULAÇÃO
trônicas das empresas). Após confirmação,
seus limites territoriais, e muitas das ve-
Estados, visando atrair mais investimen-
a nota fiscal fica disponível para consulta
O Imposto Sobre Operações Relativas a
tos para seu território (REZENDE; PEREI-
(OLIVEIRA et al., 2011).
Circulação de Mercadorias e Prestação de
RA; ALENCAR, 2010).
30 | ARTIGO PRIME
Quadro 3 – Estrutura CFOP Operações/prestações De Entrada Operações/prestações De Saída
multas e indenizações”. Já Ribeiro (2010)
Origem
Inicia com
Exemplo
conclui que os passivos ambientais são
Do estado
1
1.101
os sacrifícios econômicos que são utiliza-
De outro estado
2
2.101
dos para preservar, proteger e recuperar
Do exterior
3
3.101
o meio ambiente.
Destino
Inicia com
Exemplo
Para o estado
5
5.101
Como receita ambiental, podem ser classifi-
Para outro estado
6
6.101
cados os recursos auferidos pela entidade,
Para o exterior
7
7.101
em decorrência da venda de seus subprodutos ou de materiais reciclados (CARVA-
Fonte: ANDRADE; LINS; BORGES (2013)
LHO, 2007, apud SILVA, 2011). Para os aun.º
e se ajustando a esses eventos e tran-
tores Tinoco e Kraemer (2011), as receitas
11.580/96-RICMS/PR, as alíquotas do Es-
sações da natureza que causam certo
podem decorrer da venda de produtos de
tado do Paraná são definidas de acordo
impacto econômico-financeiro nas em-
sobras de insumos da produção, de produ-
com a Nomenclatura Comum do Merco-
presas. Portanto é possível observar que
tos reciclados e reduções do consumo de
sul (NCM). O Art. 65 e Art. 564 do RI-
o objetivo da Contabilidade Ambiental é
matéria-prima, energia e água.
CMS/PR dizem respeito ao pagamento e
“identificar, mensurar, e esclarecer even-
diferimento do ICMS nas operações com
tos e transações econômico – financeiros
Segundo Tinoco e Kraemer (2011), as
sucatas de metal, bem como lingotes e
que estejam relacionados com a pro-
despesas ambientais são geradas a partir
tarugos de metais não ferrosos.
teção, preservação e recuperação am-
do tratamento de resíduos, tratamento de
biental para assim evidenciar a situação
emissões, de descontaminação, restau-
CÓDIGOS FISCAIS DE OPERAÇÕES E
patrimonial de uma entidade” (RIBEIRO,
ração e da prevenção de contaminação
PRESTAÇÕES (CFOP)
2010, p. 45).
Bergamini (2007, apud
relacionados à atividade-fim da empresa.
SILVA, 2011) afirma que a Contabilida-
Podem ser classificados como despesa
Os Códigos Fiscais de Operações e Pres-
de Ambiental é o registro do patrimônio
ambiental todos os gastos envolvidos com
tações (CFOP) visam aglutinar em grupos
ambiental (bens, direitos e obrigações
o gerenciamento ambiental consumidos
homogêneos as operações e prestações
ambientais) de uma organização. É con-
no período e incorridos na área adminis-
realizadas pelos contribuintes do ICMS. O
siderado ativo ambiental todos os bens
trativa, como por exemplo, investimentos
CFOP evidencia as origens ou destino e
e direitos que a empresa possui e que
ambientais de natureza permanente, tais
qual o tipo da operação ou prestação. Os
gerem benefícios econômicos futuros
como os móveis e utensílios, os quais da-
códigos têm 4 dígitos (Quadro 2), sendo
e que visem à preservação, proteção e
rão origem às despesas de depreciação de
diferenciados pelos primeiros, de entrada
recuperação ambiental (RIBEIRO, 2010).
imobilizados (RIBEIRO, 2010).
com inicial 1 corresponde às operações
Já para Tinoco e Kraemer (2011), ativo
estaduais, interestadual com início 2 e
ambiental são os bens adquiridos pela
exportação com início 3. Quanto às saí-
companhia que têm como finalidade con-
das, inicial 5 corresponde às saídas esta-
trole, preservação e recuperação do meio
O primeiro passo do programa consiste
duais, 6 interestaduais e 7 exportações,
ambiente, podendo ser representado
na solicitação do cliente via acesso web
os demais especificam qual o tipo de
como, por exemplo, os investimentos em
site da companhia para a retirada dos
operação/ prestação (ANDRADE; LINS;
máquinas, equipamentos e instalações
materiais (tendo obrigatoriamente no mí-
BORGES; 2013).
com a intenção de amenizar os impactos
nimo 75kg de sucata), no qual é feito um
causados ao meio ambiente.
cadastro informando dados como razão
Conforme
o
Art.
14
da
Lei
ANALISE E CONSIDERAÇÕES
social, CNPJ e endereço, caracterizando
CONTABILIDADE AMBIENTAL Os passivos ambientais, segundo a Nor-
a responsabilidade compartilhada, preco-
A causa de combate à poluição é uma
ma e Procedimento de Auditoria (NPA)
nizada no Art. 30 da PNRS. Após este
obrigação de toda a sociedade, por isso
número 11, é “toda agressão que se pra-
cadastro ocorrem o 2º passo e 3 º passo;
várias áreas da ciência vêm tentando
ticou/ pratica contra o meio ambiente e
a companhia fornece e envia a quantida-
contribuir com essa causa. A contabilida-
consiste no valor dos investimentos ne-
de necessária das embalagens apropria-
de não é diferente e vem se adaptando
cessários para reabilitá-lo, bem como em
das para o transporte. A Nota Fiscal é o
(posição 74.04 da TIPI) estava na lista
que a empresa recebe os materiais (4º
de isenção, porém não foi utilizada até o
passo), fazem a pesagem para obtenção
presente estudo. Como sugestão, a Con-
da quantidade exata de sucata recolhida
tabilidade Ambiental poderá encontrar no
que será utilizada no cálculo da bonifica-
processo reverso do pós-consumo, a ma-
ção. O 5º passo é exatamente o cálculo
terialização dos Ativos, Passivos, Receitas
da bonificação que dá ao cliente o direito
e Despesas, por estarem correlacionas
de trocar por novos produtos disponíveis
com a proteção, preservação e recupera-
no programa. Com o valor da bonificação
ção ambiental, sendo esta sugerida para
em mãos, denominado pela companhia
a multinacional.
de “Cheque verde”, conclui-se o 6º passo. O 7º e último passo consiste no di-
REFERÊNCIAS
reito do cliente solicitar à companhia um certificado de “Ecologicamente correto”,
ANDRADE, E. S. et al. Contabilidade Tributária:
por ter dado a destinação certa aos seus
um enfoque prático nas áreas federal, estatual
resíduos. Em última análise, o programa resume-se em uma permuta, ou seja, a troca da sucatas por créditos para novas
e municipal. São Paulo: Atlas, 2013. ARAÚJO, S. M.; JURAS, I. A. Comentários à Lei dos Resíduos Sólidos. São Paulo: Pillares, 2011.
compras de produtos da sua marca, valorizando a imagem da companhia. Des-
BALLOU, R. H. Gerenciamento da Cadeia de
de a solicitação do cliente até a emissão
Suprimentos: planejamento, organização e
do certificado, os instrumentos utilizados foram os fiscais, em específico o uso da
logística empresarial. 4. ed. Porto Alegre: Bokman, 2001.
nota fiscal eletrônica, com ênfase no ca-
BEUREN, I. M. Como Elaborar Trabalhos Mono-
dastro do cliente pessoa jurídica, o CFOP,
gráficos em Contabilidade: teoria e prática. 3.
a NCM, valores fiscais e comerciais.
ed. São Paulo: Atlas, 2013.
Observou-se que, desde sua criação em 2007, o programa teve como foco o meio ambiente, ou seja, a empresa já atendia
Desde a solicitação do cliente até a emissão do certificado, os instrumentos utilizados foram os fiscais, em específico o uso da nota fiscal eletrônica, com ênfase no cadastro do cliente pessoa jurídica, o CFOP, a NCM, valores fiscais e comerciais.
BONFIM, D. P. et al. Nota fiscal eletrônica: uma mudança de paradigma sob a perspectiva do fisco estadual. In.: ConTexto, Porto Alegre, v.
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em 2010. A empresa, além de recolher
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BRASIL. Decreto n. 6.022 de 22 de janeiro de
mercadorias e sobre prestações de serviços
2007. Institui o Sistema Público de Escrituração
de transporte interestadual e intermunicipal
Digital - Sped. Diário Oficial da República Fe-
no aspecto contábil, a receita oriunda da
e de comunicação – RICMS. Diário Oficial da
derativa do Brasil, Brasília, DF, 6.022 de 22 de
comercialização das sucatas não foi clas-
República Federativa do Brasil, Brasília, DF,
janeiro de 2007. Disponível em <http://www.
sificada como Receita Ambiental, mas
6.080 de 28 de setembro de 2012. Disponível
planalto.gov.br>. Acesso em 05/08/2016.
como Receita Operacional. A companhia,
em <http://www.sefanet.pr.gov.br/dados/SE-
sua sucata, recolhe também de outras marcas sem nenhum custo adicional. Já
ao vender a sucata para obter incentivos fiscais já prescritos na norma jurídica,
FADOCUMENTOS/106201206080.pdf>. Acesso
BRASIL. Lei n. 11.196 de 21 de novembro de
em 15/07/2016.
2005. Institui o Institui o Regime Especial de Tributação para a Plataforma de Exportação de
deve atentar ao regime tributário de seu
BRASIL. Decreto n. 7.660 de 23 de dezembro
cliente, devendo este recolher o Imposto
de 2011. Aprova a tabela de incidência do im-
de Renda Pessoa Jurídica, pela modalida-
posto sobre produtos industrializados - TIPI.
de Lucro Real. Com isto ficaria isenta do
Diário Oficial da República Federativa do Brasil,
recolhimento de PIS e Cofins conforme Art. 48 da Lei 11.196/2005. Observou-se que o NCM utilizado pela companhia
Brasília, DF, 7.660 de 23 de dezembro de 2011.
Serviços de Tecnologia da Informação - REPES, o Regime Especial de Aquisição de Bens de Capital para Empresas Exportadoras - RECAP e o Programa de Inclusão Digital; dispõe sobre incentivos fiscais para a inovação tecnológica. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 11.196 de 21 de novembro de
BRASIL. Lei n. 12.305 de 02 de agosto de
2005. Disponível em <http://www.planalto.
2010. Institui da Política Nacional de Resíduos
gov.br>. Acesso em 16/11/2016.
31 | ABRACICON SABER
principal instrumento da relação. Assim
32 | ARTIGO PRIME
BRASIL. Lei Complementar n. 87 de 13 de se-
institui normas gerais de direito tributário apli-
tembro de 1996. Dispõe sobre o imposto dos
cáveis à União, Estados e Municípios. Diário
Brasil: tópicos especiais. 2 ed. Curitiba: Dialó-
Estados e do Distrito Federal sobre operações
Oficial da República Federativa do Brasil, Brasí-
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dual e intermunicipal e de comunicação, e dá
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Milena Neves de Lima é bacharel em Ciências Contábeis (2016) pelo Instituto Federal do Paraná. Trainee Auditoria - Ernest Young.
Marta Amorim é bacharel em Ciências Contábeis pelo Instituto Federal do Paraná (2016), Assistente de Controladoria Pleno - Racco Cosméticos.
Paulinho R. Stefanello é bacharel em Ciências Contábeis pela Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Paranavaí (2000), Especialização em Direito Processual Tributário pela UNICEMP (2004), Mestre em Governança e Sustentabilidade pelo ISAE/FGV (2015). Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná IFPR. Campus – Curitiba.
Por Cybelle Carla da Silva, Flávia Karla Gonçalves Santos, Joenison Batista da Silva e Marcos Diego dos Santos
A
influência de fatores que afetam
resultado contábil das empresas? Como
a cotação da moeda estrangeira
base teórica, foram examinadas as obras
1. INTRODUÇÃO
passou a integrar o planejamen-
de Lozardo (1998), Hull (2001), Souza
Antigamente, o gestor empresarial não
to financeiro de algumas empresas. Por
(2008), Mourad (2010), Ramos (2014),
se preocupava com as variáveis que eram
conta disso, muitas organizações passa-
dentre outros autores. Para facilitar a
restritas às entidades financeiras, tais
ram a utilizar instrumentos financeiros
compreensão da temática abordada, foi
como o câmbio e a taxa de juros. Toda-
derivativos e a contabilidade de hedge
proposto um caso exemplificativo adapta-
via, o conhecimento sobre os fatores que
para proteger o patrimônio da entidade.
do do anexo da Deliberação nº 566/2008
influenciam nessa cotação fez com que,
Nesse viés, o objetivo deste artigo é ana-
da Comissão de Valores Mobiliários, com
atualmente, o administrador incorporas-
lisar os aspectos relevantes na contabi-
o emprego de instrumento financeiro de-
se essa realidade no planejamento finan-
lidade de hedge sob a ótica do Pronun-
rivativo para proteger um fluxo de caixa
ceiro, buscando medidas para minimizar
ciamento Técnico CPC 38, editado pelo
recebível, contra o risco de variação cam-
ou eliminar os efeitos negativos sobre a
Comitê de Pronunciamentos Contábeis
bial. Após análise do caso proposto, foi
lucratividade das firmas.
– CPC (2009). Além disso, pretende-se
possível verificar um impacto positivo na
avaliar o impacto que a contabilidade de
apuração do resultado em virtude do uso
Sob esse prisma, as empresas passaram
hedge provoca no resultado das entida-
da contabilidade de hedge.
a adotar políticas para combater a volati-
des que optam por esta escrituração con-
lidade no mercado monetário, através da
tábil. Assim, a problemática que norteou
Palavras-chave: Instrumentos Financei-
contratação de instrumentos financeiros
a investigação da pesquisa foi: como a
ros; Derivativos; Contabilidade de Hed-
derivativos e da utilização da contabilida-
contabilidade de hedge pode afetar o
ge; Resultado Contábil.
de de hedge (hedge accounting), ferra-
33| | EXCLUSIVA ABRACICONABRACICON SABER 33
Contabilidade de Hedge e seu impacto na apuração do resultado das empresas
34 | EXCLUSIVA ABRACICON
mentas consideradas valiosas para prote-
A mudança na contabilização dos instru-
traduzida em valor que é utilizada com a
ger o patrimônio da entidade.
mentos financeiros, destinados a prote-
finalidade de satisfazer às necessidades
ger os ativos e passivos da Petrobras, fez
patrimoniais. Ainda segundo este autor,
Segundo Guerra (2009), o uso de derivati-
a empresa reduzir significativamente as
o ativo é o investimento que a entidade
vos tem se tornado cada vez mais popular
despesas financeiras e aumentar o lucro
faz para formar a sua base patrimonial.
entre as companhias, face a sua grande
líquido no segundo trimestre de 2013.
eficácia nos resultados econômicos e fi-
Na visão de Marion (2009), o ativo só tem
nanceiros. No entanto, esses instrumen-
Face à polêmica gerada, a Comissão de
fundamento se possuir valor econômico e
tos também podem ser empregados me-
Valores Mobiliários (CVM) abriu uma in-
potencial de serviço para gerar fluxo de
ramente para fins especulativos, com a
vestigação contra a Petrobras e outras
caixa imediato ou futuro, seja direta ou
finalidade de proporcionar alavancagem
empresas brasileiras que adotaram a
indiretamente. Além disso, é utilizado
financeira. Conquanto, para este caso os
contabilidade de hedge para se protege-
com o propósito de gerar receitas que
instrumentos não devem ser designados
rem das oscilações de mercado.
superem o seu custo de aquisição.
para fins de proteção, conforme reza a Orientação Técnica OCPC n.º 03/2009. Assim, o objetivo do presente artigo é analisar os aspectos relevantes na contabilidade de hedge sob a ótica do Pronunciamento Técnico CPC 38, editado pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC (2009), o qual fora redigido com base no International Accounting Stan-
dard (IAS) nº 32. Além disso, pretende-
O importante é que, em termos econômicos, tenham potencial de conversão em moeda.
-se avaliar o impacto que essa escrituração provoca no resultado das entidades.
Lopes e Martins (2005) relatam que devem ser considerados ativos não só os de propriedade da entidade, como também os por ela controlados como consequências de eventos pretéritos. Portanto, a personalidade jurídica do ativo não é o foco, e sim, os benefícios futuros que ele pode gerar. Para Ribeiro Filho, Lopes e Pederneiras (2009), os benefícios futuros que os ativos proporcionam devem ser de caráter contí-
Nesse quadro de ideias, a problemática
nuo, independente de estar sob o controle
que norteou a investigação desta pesquisa
da entidade ou de terceiros. O importante
Nesse viés, a relevância temática está ali-
foi: como a contabilidade de hedge pode
é que, em termos econômicos, tenham
cerçada na mudança que a contabilidade
afetar o resultado contábil das empresas?
potencial de conversão em moeda.
resultado contábil das firmas. Por exem-
Ressalta-se que esta investigação tem
Os ativos são compostos por bens e di-
plo, em maio de 2013, face à volatilida-
como finalidade obter resultados não
reitos que estão à disposição da empresa
de do câmbio e à crise internacional, a
como ponto de chegada, mas, sim, como
para fornecerem um fluxo de vantagens
empresa Petróleo Brasileiro S.A. (Petro-
ponto de partida para discussões e em-
de ordem positiva. Consoante Santos
bras) mudou a forma de contabilização
bates acerca da temática e, assim, com-
(2007), os ativos que produzem uma flui-
nos efeitos dos instrumentos financeiros
preender melhor as suas particularidades.
dez monetária são considerados ativos
de hedge pode ocasionar na apuração do
com a finalidade de proteger partes das exportações futuras e das obrigações fi-
financeiros. CONTABILIDADE DE HEDGE
nanceiras.
Quanto ao passivo, Sá (1999) menciona Pensar sobre contabilidade de hedge
que é o montante de recurso captado
Tal atitude originou uma repercussão no
requer uma breve discussão sobre a de-
de terceiros como fonte na formação da
mercado financeiro entre os investidores,
finição de ativo, passivo, instrumentos
substância patrimonial. Ou seja, repre-
na mídia e no meio político, acusando os
financeiros, derivativos e suas exigências
senta a totalidade das dívidas contraídas
dirigentes da estatal de manipular as in-
na divulgação em notas explicativas às
pela empresa.
formações contábeis para maximizar os
demonstrações contábeis.
resultados positivos da empresa, ocultar
Para Ribeiro Filho, Lopes e Pedernei-
os encargos financeiros e alavancar o
Segundo Sá (1999), o ativo, em termo
ras (2009), o passivo compreende os
preço das ações.
quantitativo, representa a substância
compromissos da empresa na forma de
- Ativo financeiro ou passivo financeiro
que o ativo seja baixado e os ganhos ou
a terceiros. Logo, o passivo é uma exi-
mensurado ao valor justo por meio do
perdas sejam transferidos para o resulta-
gência futura de transferência de ativos
resultado: são ativos ou passivos obtidos
do do período.
ou prestação de serviços resultantes de
com o propósito de venda ou recompra
eventos passados.
para a realização de lucros, desde que
Os instrumentos financeiros mantidos até
haja evidências de que serão negociados
o vencimento e os empréstimos e recebí-
Lopes e Martins (2005) declaram que a
em curto prazo. Além disso, são utilizados
veis são mensurados pelo custo de aqui-
relação legal não é o único fator determi-
como derivativos, desde que não se cons-
sição, e seus efeitos são levados ao resul-
nante no reconhecimento dos passivos,
tituam como garantia financeira ou instru-
tado do exercício no instante da baixa ou
mas também quando seja consideravel-
mento de hedge. Segundo Mourad (2010),
quando houver perdas pela redução de
mente provável a ocorrência de sacrifí-
um ativo financeiro ou passivo financeiro é
seu valor recuperável, em conformidade
cios futuros.
designado nesta categoria no momento da
com o Pronunciamento Técnico CPC 38
sua aquisição, tornando-se irrevogável sua
(CPC, 2009).
Hendriksen e Breda (2012) defendem
reclassificação em outra categoria;
que o passivo constitui-se não apenas
Com relação aos derivativos, Lozardo
com a aquisição de bens ou serviços
- Ativos mantidos até o vencimento: são
(1998) menciona que é um título finan-
de terceiros. Basta a ocorrência de uma
ativos não qualificados como derivativos
ceiro cujo preço decorre das mudanças
perda sofrida ou a expectativa de uma
que possuem um fluxo de pagamentos
de outras variáveis, sejam financeiras ou
exigibilidade, independentemente do co-
fixos ou determináveis e com prazo de
não. Logo, todo derivativo pressupõe a
nhecimento do seu valor ou da data de
vencimento definido, e que a entidade
existência de um item subjacente, que
ocorrência do fato. Neste caso, a obri-
não tem a intenção de realizá-los antes
pode ser o preço de uma taxa de juros, a
gação deve ser reconhecida por meio de
do vencimento;
cotação de uma ação ou de uma moeda
uma estimativa razoável.
estrangeira. - Empréstimos e recebíveis: são ativos
De acordo com Mourad (2010), os passi-
não derivativos que não são cotados em
Ademais, o investimento líquido inicial
vos que criam o ônus de trocar ativos fi-
mercado ativo e possuem pagamentos
na contratação de um derivativo deve
nanceiros com outras empresas de modo
fixos ou determináveis;
ser pequeno, quando confrontado com
desfavorável para a entidade ou que pos-
o desembolso exigido em contratos no
sam ser quitados por meio de ações da
- Ativos financeiros disponíveis para ven-
mercado que resultem em respostas se-
própria empresa são chamados de passi-
da: nesta categoria são classificados os
melhantes, além de serem liquidados em
vos financeiros.
ativos não derivativos que não foram de-
data futura.
signados nas três categorias anteriores. Quanto aos instrumentos financeiros, o
Os ativos disponíveis para a venda são
Consoante Ramos (2014), os contratos
Comitê de Pronunciamentos Contábeis
mensurados pelo valor justo.
com derivativos podem ser classificados
(CPC, 2009, p.5), em seu Pronunciamen-
em quatro categorias tradicionais:
to Técnico CPC 19, define como sendo
Os ganhos ou perdas nos ativos e passi-
“qualquer contrato que dê origem a um
vos financeiros mensurados ao valor justo
ativo financeiro para a entidade e a um
por meio do resultado devem ser reco-
• Contratos futuros (Futures);
passivo financeiro ou título patrimonial
nhecidos imediatamente no resultado do
• Contratos de troca (Swaps); e
para outra entidade”. Por título patri-
período, salvo se optarem por uma estru-
• Contratos de opções (Options).
monial entende-se todo acordo que as-
tura de hedge, conforme reza o Pronun-
segure um interesse residual nos ativos
ciamento Técnico CPC 38 (CPC, 2009).
de uma empresa após a total dedução de seus passivos.
• Contratos a termo (Forward);
No entendimento de Ramos (2014), os contratos a termo são compromissos fir-
Por outro lado, as vantagens ou desvan-
mados por duas partes no qual o com-
tagens auferidas nos ativos financeiros
prador se compromete a adquirir um ati-
Dito isto, os instrumentos financeiros po-
disponíveis para a venda devem ser reco-
vo no futuro por preço preestabelecido.
dem ser classificados em quatro catego-
nhecidas no patrimônio líquido, na conta
Do outro lado, encontra-se o vendedor
rias, a saber:
de ajuste de avaliação patrimonial, até
comprometido em vender para o compra-
35 | ABRACICON SABER
obrigações em moeda, bens e serviços
36 | EXCLUSIVA ABRACICON
dor, em data porvir, o objeto contratado
exercerá a opção e o valor desembolsado
trumentos financeiros derivativos. No
pelo preço pactuado.
no início do contrato será perdido.
entanto, o Pronunciamento Técnico CPC
Há dois tipos de contratos a termo que as
Neste viés, as empresas que utilizam ins-
mentos financeiros não derivativos como
partes podem celebrar: Deliverable Forward
trumentos financeiros derivativos devem
operação de hedge somente quando a
(DF) – em que comprador e vendedor
fornecer informações de caráter qualita-
proteção estiver relacionada ao risco de variação cambial.
38 (CPC, 2009) prevê o uso de instru-
trocam ativos, e Non Deliverable Forward
tivo e quantitativo em notas explicativas
(NDF) – que são liquidados em moeda pela
às demonstrações contábeis, evidencian-
diferença entre o preço à vista na data de
do a política de utilização, estratégias e
liquidação do contrato e o preço pactuado.
objetivos dos riscos, relativamente aos instrumentos que se destinam a prote-
Há inúmeras circunstâncias que motivam uma empresa a implementar uma operação de hedge, entre elas, Ramos (2014)
Os contratos a termo têm a finalidade de
ção patrimonial, ganhos ou perdas no
proteger as empresas das variações de
período, diferenciando os registrados nos
preços dos ativos entre o instante de sua
resultados e no patrimônio líquido, entre
contratação e a data futura de liquidação.
outras exigências previstas no Pronuncia-
Somente são liquidados integralmente no
mento Técnico CPC 38 (CPC, 2009).
compra da matéria-prima para manter a lu-
O comprador tem o direito e, não, uma obrigação de adquirir um ativo pelo preço predeterminado.
meio da redução dos custos de transação
vencimento e podem ser negociados em bolsa e mercado de balcão. Quanto
aos
contratos
futuros,
Hull
(2001) relata que eles funcionam de modo semelhante aos contratos a termo. Todavia, os direitos e obrigações que os futures criam entre as partes são padronizados pela bolsa, local em que somente são negociados. No Brasil, os futures são comercializados na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F). Aliado a isto, os futures são ajustados diariamente para contemplar os ganhos ou perdas decorrentes
No tocante aos swaps, Ramos (2014) menciona que são derivativos que as partes utilizam para permutar fluxo de caixa em data futura, conforme premissa contratual. Neste tipo de derivativo o que se busca é a rentabilidade entre dois bens comercializados. De maneira similar ao forward e future, a liquidação do contrato swap ocorre no vencimento. Por fim, os contratos de opções que, consoante declara Lozardo (1998), diferem do forward e future porque criam obrigações somente para o vendedor. O comprador tem o direito e não uma obrigação
riscos financeiros, associados ao objeto protegido e a fixação futura do preço de cratividade e para melhorar a liquidez, por relacionados aos instrumentos financeiros. A entidade necessita identificar quais itens serão objetos de hedge em razão da exposição dos riscos financeiros. A título de exemplificação, Ramos (2014) cita que os itens a serem protegidos podem ser um ativo ou passivo reconhecido no balanço patrimonial (contas a receber ou pagar, empréstimos lastreados em moeda estrangeira, ações, estoque de matéria-prima), um compromisso firme
das expectativas do mercado quanto à cotação futura do bem negociado.
elenca a diversificação na exposição dos
ainda não reconhecido (contrato de exSobre o hedge, Souza (2008) relata que é um controle que minimiza a exposição do patrimônio da entidade à volatilidade de preços e/ou oscilação na cotação da moeda externa ou das taxas de juros, utilizando-se, via de regra, instrumentos financeiros derivativos.
portação de ativos ou de importação de equipamentos), uma transação futura altamente provável (receita de exportação ou aquisição de matéria-prima) e investimento líquido em uma operação no exterior para a cobertura de risco cambial.
Portanto, uma operação de hedge con-
Imprescindível é ressaltar a diferença en-
siste em uma transação compensatória
tre hedge financeiro e hedge contábil. O
que visa eliminar ou minimizar de forma
primeiro visa à proteção no fluxo de cai-
relevante os riscos de se obter prejuízos
xa da entidade. Para isso, não raramente,
que afetariam a empresa, em resposta
são contratados instrumentos financeiros
às oscilações financeiras decorrentes do
derivativos que são contabilizados como
câmbio, das taxas de juros, na variação
mantidos para negociação, desde que
dos preços das commodities ou na cotação de ativos financeiros.
de adquirir um ativo pelo preço predeterminado. Caso o cenário seja desfavorável
A proteção por meio da operação de
para o comprador, ele simplesmente não
hedge ocorre com a contratação de ins-
não constitua uma relação de hedge. O Pronunciamento Técnico CPC 38 (CPC, 2009) estabelece condições para que uma
37 | ABRACICON SABER
relação de hedge seja qualificada, tais como: exigência de documentação formal da relação do hedge, gerenciamento dos riscos, a transação coberta, a natureza do risco, a eficácia do instrumento de hedge, entre outras condições. A eficácia do hedge é medida pela compensação no valor dos instrumentos financeiros com o fluxo de caixa atrelado ao item coberto. Se os resultados reais estiverem dentro do intervalo de 80% a 125%, considera-se que o hedge é altamente eficaz. O Pronunciamento Técnico CPC 38 (CPC, 2009) prevê ainda três tipos de opera-
cambial quando detém participação no
ções com instrumentos financeiros desti-
patrimônio líquido de outra no exterior.
nados a hedge, que se relacionam com o
A contabilização dos ganhos ou perdas é
Segue abaixo o caso exemplificativo
risco a ser coberto:
semelhante ao hedge de fluxo de caixa.
adaptado do anexo da Deliberação n.º
• Hedge de valor justo (Fair value hedge):
METODOLOGIA
Valores Mobiliários.
ção do objeto de hedge na variação do
Sob o aspecto metodológico, para melhor
Em 1º de dezembro de 2014, a em-
valor justo. Quando se tem um derivativo
compreensão sobre a contabilidade de
presa ALFA vendeu mercadorias para
protegendo um item patrimonial, ambos
hedge e seus efeitos no resultado con-
um comprador suíço no valor de Sfr.
são mensurados pelo valor justo em con-
tábil, foi proposto um caso exemplifica-
10.000.000,00 (dez milhões de francos
trapartida nas contas de resultado. O re-
tivo adaptado do anexo da Deliberação
suíços). Na data de saída das mercado-
gistro contábil dos ganhos ou perdas do
nº 566, datada de 17 de dezembro de
rias, os francos valiam US$ 0,600 (ses-
objeto coberto é levado ao resultado no
2008, oriunda da Comissão de Valores
senta centavos de dólar) no mercado
mesmo período em que ocorre a variação
Mobiliários.
spot (à vista). O pagamento está pro-
RESULTADOS E DISCUSSÕES
566/2008, publicada pela Comissão de
proteção de risco relacionado à exposi-
gramado para 31 de março de 2015. A
dos efeitos dos derivativos. No estudo em tela, a empresa desig-
empresa ALFA possui um ativo em moe-
• Hedge de fluxo de caixa (Cash flow
nou um derivativo como instrumento de
da estrangeira, o recebível do comprador
hedge): tem a finalidade de proteger os
hedge para proteger um fluxo de caixa
suíço. A exportadora encontra-se des-
fluxos de caixa que serão pagos ou rece-
recebível em moeda estrangeira, dada a
coberta em relação ao risco do valor do
bidos no futuro em transações altamen-
oscilação cambial entre o franco suíço e
franco declinar antes de receber os fran-
te prováveis. Neste caso, os ganhos ou
o dólar norte-americano. Diante disso,
cos do cliente e convertê-los em reais.
perdas são contabilizados no patrimônio
foram calculadas as variações do câm-
Para fazer hedge protegendo-se dessa
líquido, em outros resultados abrangen-
bio tanto do objeto protegido como do
possibilidade, a exportadora entra num
tes, até que o objeto protegido afete o
derivativo utilizado e, posteriormente,
contrato a termo (forward contract) para
resultado, instante que os efeitos de am-
houve o registro contábil das transa-
vender os francos (Sfr. 10.000.000), em
bos serão transferidos para o resultado
ções. Por fim, confrontou-se o resultado
31 de março, a US$ 0,595 (quinhentos e
do período, compensando as perdas ou
apurado pelo uso da contabilidade de
noventa e cinco centavos de dólar).
ganhos ocasionados.
hedge com o valor que seria obtido caso a empresa não adotasse essa metodolo-
Na data de implementação do hedge a
• Hedge de um investimento no exterior:
gia, com o objetivo de avaliar o impacto
empresa ALFA documentou as informa-
protege a entidade do risco da variação
financeiro.
ções contidas no quadro 1:
38 | EXCLUSIVA ABRACICON
Quadro 1. Informações acerca do objeto hedgeado e do instrumento de hedge Nº
Tópico
Descrição
1
Data da contratação da cobertura
01/12/2014
2
Objetivo do hedge
Cobrir um fluxo de caixa recebível, no valor de 10 milhões de francos suíços, contra a variação da taxa de câmbio US$ – Sfr. entre 01/12/2014 e 31/03/2015.
3
Demonstração do fluxo de caixa recebível
Venda a prazo de mercadorias faturadas no dia 01/12/2014 para comprador suíço no valor de 10 milhões de francos suíços, com vencimento no dia 31/03/2015.
4
Natureza do risco coberto
Risco de variação cambial.
5
Objeto de hedge
Fluxo de caixa recebível no valor de Sfr. 10.000.000,00 a ser liquidado em 31/03/2015.
6
Instrumento de hedge
Contrato a termo (forward – Non Deliverable Forward) de Sfr. 10.000.000,00 com 03 (três) meses de vencimento.
7
Tipo de hedge
Hedge de fluxo de caixa.
Como os termos críticos do objeto de hedge coincidem com o instrumento de hedge em valor, moeda e vencimento, espera-se uma compensação na variação do instrumento em relação ao objeto. Fonte: adaptado do livro derivativos, risco e estratégia de hedge de autoria de Ramos (2014). 8
Demonstração da eficácia prospectiva
O quadro abaixo contém informações
Onde,
US$ 0,013
acerca das taxas de câmbio à vista e
VJ = Valor justo estimado
Fluxo de caixa estimado = 10.000.000,00
futura, em dólar norte-americano, para
CT = valor do contrato a termo na data
* 0,013 = US$ 130.000,00
cada valor de franco suíço. Além disso, a
de liquidação;
Valor justo estimado = 10.000.000,00 *
título de empréstimo, foi considerado um
TT = taxa a termo fixada;
0,013 (1,02)2= US$ 124.951,94
custo adicional de 2% ao mês.
TM = taxa de mercado;
Em 28/02/2015:
i = custo do empréstimo;
Variação do período = (0,595 – 0,578) =
Inicialmente, foi calculada a variação
N = tempo até o vencimento do deriva-
US$ 0,017
cambial no período, o fluxo de caixa es-
tivo.
Fluxo de caixa estimado = 10.000.000,00
timado e o valor justo estimado do deri-
* 0,017 = US$ 170.000,00
vativo, com base no valor presente até a
Em 31/12/2014:
Valor justo estimado = 10.000.000,00 *
data de vencimento do derivativo.
Variação do período = (0,595 – 0,617) =
0,017 (1,02)1= US$ 166.666,67
US$ -0,022 A fórmula de valor presente que foi apli-
Fluxo de caixa estimado = 10.000.000,00
Em 31/03/2015:
cada ao caso em estudo é matematica-
* (-0,022) = US$ - 220.000,00
Variação do período = (0,595 – 0,571) =
mente expressa da seguinte maneira:
Valor justo estimado = 10.000.000,00 *
US$ 0,024
(-0,022) (1,02)3= US$ - 207.310,91
Fluxo de caixa estimado = 10.000.000,00 * 0,024 = US$ 240.000,00
Em 31/01/2015:
Valor justo estimado = 10.000.000,00 *
Variação do período = (0,595 – 0,582) =
0,024 (1,02)0= US$ 240.000,00
Quadro 2. Datas, taxas de câmbio à vista e futura.
A empresa ALFA designou o contrato a termo como hedge de fluxo de caixa para eliminar os efeitos na variação do fluxo
Data
Dólar à vista pela taxa do franco suíço (Em US$)
Dólar a termo pela taxa do franco suíço para entrega em 31/03/2015 (Em US$)
01/12/2014
0,600
0,595
31/12/2014
0,630
0,617
31/01/2015
0,595
0,582
e noventa e cinco centavos de dólar) por
28/02/2015
0,584
0,578
franco suíço, a exportadora garante re-
31/03/2015 0,571 0,571 Fonte: adaptado da Deliberação nº 566/2008 da Comissão de Valores Mobiliários.
de caixa recebível entre o franco suíço e o dólar norte-americano (Sfr. – US$). Ao fixar o valor de US$ 0,595 (quinhentos
ceber uma quantia de US$ 5.950.000,00
Data
Taxa a termo
Taxa de mercado
Variação das taxas
Fluxo de caixa estimado US$
Fator de desconto
Valor justo estimado US$
31/12/2014
0,595
0,617
(0,022)
(220.000,00)
1,023
(207.310,91)
31/01/2015
0,595
0,582
0,013
130.000,00
1,022
124.951,94
28/02/2015
0,595
0,578
0,017
170.000,00
1,021
166.666,67
31/03/2015 0,595 0,571 0,024 240.000,00 Fonte: adaptado da Deliberação nº 566/2008 da Comissão de Valores Mobiliários.
1,020
240.000,00
(cinco milhões novecentos e cinquen-
C – Outros resultados abrangentes
D – Derivativo (contrato a termo)
ta mil dólares), ficando despreocupada
US$ 300.000,00
US$ 332.262,85
com a oscilação do franco em relação
C – Outros resultados abrangentes
ao dólar norte-americano, na data de li-
2ª Parte – Ajustar o contrato a termo ao
quidação das mercadorias vendidas, em
valor justo estimado.
31/3/2015. No Quadro 3, constam os resultados ob-
US$ 332.262,85 3ª Parte – Registrar o desconto a ter-
D – Outros resultados abrangentes
mo inicial pela taxa de juros efetiva
US$ 207.310,91
[(US$ 6.000.000,00 – US$ 12.539,40) *
tidos após realização dos cálculos, desta-
C – Derivativo (contrato a termo)
cando a variação entre as taxas, o fluxo de
US$ 207.310,91
caixa estimado e o valor justo estimado.
0,20898%]. D – Resultado financeiro
3ª Parte – Reclassificar a conta de ou-
US$ 12.513,19
Realizados os cálculos, o passo seguinte
tros resultados abrangentes para re-
C – Outros resultados abrangentes
foi contabilizar os eventos contábeis pelo
fletir a alocação do desconto a termo
US$ 12.513,19
regime de competência, conforme cons-
inicial, usando a taxa efetiva de juros
tam abaixo, evidenciando os efeitos dos
Em 28/02/2015:
derivativos registrados no resultado e no
1ª Parte – Ajustar a nova taxa spot (de-
patrimônio líquido, na conta outros resul-
créscimo de US$ 0,011 = US$ 0,584 –
tados abrangentes.
D – Resultado financeiro
US$ 0,595).
US$ 12.539,19 Contabilização:
C – Outros resultados abrangentes
D – Outros resultados abrangentes
Em 01/12/2014:
US$ 12.539,19
US$ 110.000,00
Registro da venda de mercadorias pela taxa spot de US$ 0,600 por franco.
C – Clientes no exterior Em 31/01/2015:
US$ 110.000,00
1ª Parte – Ajustar a nova taxa spot (deD – Clientes no exterior
créscimo de US$ 0,035 = US$ 0,595 –
2ª Parte – Ajustar o contrato a termo ao
US$ 6.000.000,00
US$ 0630).
valor justo estimado (variação no valor
C – Receita com vendas para o mercado
justo de 31/01/2015 a 28/02/2015).
externo
D – Outros resultados abrangentes
US$ 6.000.000,00
US$ 350.000,00
Em 31/12/2014
C – Clientes no exterior
C – Outros resultados abrangentes
1ª Parte - Ajuste da nova taxa spot (au-
US$ 350.000,00
US$ 41.714,73
2ª Parte – Ajustar o contrato a termo ao
3ª Parte - Registrar o desconto a termo
valor justo estimado (variação no valor
inicial pela taxa de juros efetiva [(US$
justo de 31/12/2014 a 31/01/2015).
6.000.000,00 – US$ 12.539,40 – US$
D – Derivativo (contrato a termo) US$ 41.714,73
mento de US$ 0,03 = US$ 0,630 – US$ 0,600). D – Clientes no exterior US$ 300.000,00
12.513,05) * 0,20898%].
39 | ABRACICON SABER
Quadro 3. Resumo dos cálculos.
40 | EXCLUSIVA ABRACICON
D – Resultado financeiro
D – Banco conta movimento
reflexos nos ganhos ou perdas do instru-
US$ 12.487,04
US$ 5.710.000,00
mento de hedge são contabilizados no
C – Outros resultados abrangentes
C – Clientes no exterior
patrimônio líquido, conforme preconiza
US$ 12.487,04
US$ 5.710.000,00
o Pronunciamento Técnico CPC 38 (CPC, 2009).
Em 31/03/2015:
5ª Parte – Pelo registro da liquidação do
1ª Parte – Ajustar a nova taxa spot (de-
derivativo.
tasse pela contabilidade de hedge para
créscimo de US$ 0,013 = US$ 0,571 – US$ 0,584).
Portanto, caso a empresa ALFA não op-
D – Banco conta movimento
se proteger da variação cambial por meio
US$ 240.000,00
de um instrumento financeiro derivativo,
D – Outros resultados abrangentes
C – Derivativo (contrato a termo)
haveria um impacto negativo da ordem
US$ 130.000,00
US$ 240.000,00
de US$ 290.000,00 (duzentos e noventa
C – Clientes no exterior US$ 130.000,00 2ª Parte – Ajustar o contrato a termo ao
mil dólares), relativos à diferença entre O Saldo mensal da conta outros resulta-
o valor recebível na data da venda (US$
dos abrangentes está demonstrado no
6.000.000,00) e o valor efetivamente
Quadro 4.
recebido na data do vencimento (US$
valor justo estimado (variação no valor justo de 28/02/2015 a 31/03/2015).
5.710.000,00), afetando negativamente O valor recebido pela empresa ALFA
o resultado contábil da entidade.
decorrente da venda de mercadorias CONSIDERAÇÕES FINAIS
D – Derivativo (contrato a termo)
para um comprador suíço foi de US$
US$ 73.333,33
5.710.000,00 (cinco milhões setecentos
C – Outros resultados abrangentes
e dez mil dólares). Além disso, a utiliza-
Neste artigo propôs-se analisar os aspec-
US$ 73.333,33
ção de derivativos proporcionou a empre-
tos relevantes na contabilidade de hed-
sa auferir um ganho de US$ 240.000,00
ge e seu impacto no resultado contábil.
3ª Parte - Registrar o desconto a ter-
(duzentos e quarenta mil dólares), totali-
Após levantamento das fontes bibliográ-
mo inicial pela taxa de juros efetiva
zando uma receita de US$ 5.950.000,00
ficas e análise do caso exemplificativo
[(US$ 6.000.000,00 – US$ 12.539,40
(cinco milhões novecentos e cinquenta
proposto, adaptado do anexo da Delibe-
– US$ 12.513,05 – US$ 12.486,90) *
mil dólares), valor fixado pela exportado-
ração nº 566/2008 da Comissão de Valo-
0,20889%].
ra para se proteger da variação do franco
res Mobiliários, foi possível constatar que
suíço em relação ao dólar.
a utilização de instrumentos financeiros
D – Resultado financeiro
derivativos é de extrema relevância para
US$ 12.460,95
Ressalta-se que os ganhos/perdas com
mitigar os riscos provenientes da oscila-
C – Outros resultados abrangentes
o derivativo foram registrados na conta
ção cambial no mercado financeiro.
US$ 12.460,95
de outros resultados abrangentes, não sendo levados ao resultado contábil do
Neste trabalho, a aplicação da contabilidade
4ª Parte – Recebimento das mercadorias
período. Tal fato foi possível por se tratar
de hedge para proteger um fluxo de caixa
vendidas na taxa spot.
de hedge de fluxo de caixa, em que os
recebível mostrou-se satisfatória, assegurando que os reflexos negativos não afe-
Quadro 4. Saldo da conta outros resultados abrangentes no final de cada mês.
tassem o resultado contábil antes do efetivo recebimento das mercadorias vendidas.
Data
Saldo no final do mês US$
Situação
31/12/2014
105.228,28
Crédito
Ressalta-se que somente foi possível tal
31/01/2015
100.004,32
Crédito
contabilização pelo fato de ter sido empre-
28/02/2015
44.205,72
Crédito
31/03/2015
0
31/03/2015 0,571 0,571 Fonte: adaptado da Deliberação nº 566/2008 da Comissão de Valores Mobiliários.
gada uma operação com hedge de fluxo de caixa, já que os ganhos e perdas do instrumento de hedge foram contabilizados em outros resultados abrangentes, não afetando o resultado contábil do período.
caixa positivo de US$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil dólares) com a designação de um contrato a termo como instrumento de hedge. Ademais, o desconto a termo na operação financeira foi de
Excelência em Gestão, Niterói, 2010.
MOURAD, Nabil Ahmad. PARASKEVOPOULUS, Alexandre. IFRS – Normas internacionais para
HENDRIKSEN, Eldon S.; BREDA, Michael F. Van.
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HULL, John. Introdução aos mercados futuros e
RAMOS, César. Derivativos, riscos e estratégias
opções. 2ª ed. rev. e ampl. São Paulo: BM&F, 2001.
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US$ 50.000,00 (cinquenta mil dólares),
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Teoria da contabilidade: uma nova abordagem.
RIBEIRO FILHO, José Francisco. LOPES, Jorge.
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+ US$ 240.000,00).
com ênfase em teoria. Campinas: Alínea, 2009.
Portanto, o uso de derivativos com a finalidade de proteção dos ativos e passivos financeiros possibilitou salvaguardar
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pelas companhias abertas emissoras de ADR.
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cabe ao gestor empresarial examinar, en-
Disponível em: < http://www.congressousp.fi-
estudo com base nas práticas do banco San-
tre as ferramentas disponíveis no merca-
pecafi.org/anais/artigos62006/458.pdf>. Aces-
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so em 26 mai. 2015.
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Cybelle Carla da Silva é contadora do Conselho Regional de Odontologia de Sergipe (CRO-SE), atua também na área de controle interno no setor público e é especialista em Contabilidade Pública e Responsabilidade Fiscal.
Flávia Karla Gonçalves Santos é contadora, professora universitária, especialista em Gestão Fiscal e Planejamento Tributário e mestranda em administração pela Universidade Federal de Sergipe.
deli/0600/deli604.pdf>. Acesso em 15 mar. 2017. FASB - Financial Accounting Standard Board. International Accounting Standard (IAS) nº 32. Disponível em: <http://ec.europa.eu/internal_market/accounting/docs/consolidated/ ias32_en.pdf>. Acesso em: 18 mar. 2017. FARIA, Rogério Gomes de. Mercado financeiro: instrumentos & operações. São Paulo: Prentice Hall, 2003. FORIGO, Edson Miguel. ZAGO, Camila Avozani. ABREU, Leonor Farias. O hedge como ferramenta para diminuição dos riscos nas operações financeiras de uma cooperativa de agroalimentos. 2010. VI Congresso Nacional de
Joenison Batista da Silva é contador e mestrando em Administração, na linha de pesquisa de Empreendedorismo.
é contador e servidor público, possui graduação em física e é especialista em Planejamento Tributário.
41 | ABRACICON SABER
Tal procedimento provocou um fluxo de
42 | ESPAÇO DO ACADÊMICO
Divulgação de informações sociais relativas a gênero pelas empresas brasileiras Por Marcelle Colares Oliveira, Manuel Salgueiro Rodrigues Júnior, Isadora Maria Aragão Roberto Alves e Marcos Gabriel Ramos Rodrigues
O
objetivo da pesquisa é analisar o
Palavras-chave: Divulgação; Responsa-
– WEP), tendo em vista ser estrutura-
nível de divulgação das práticas
bilidade Social Corporativa; Equidade de
da pela Organização das Nações Unidas
relativas à equidade de gênero
Gênero; Empresas Brasileiras; Women's
(ONU) e por seu caráter abrangente. Tais
Empowerment Principles.
princípios buscam apontar as melhores
nas empresas brasileiras que aderiram aos Women's Empowerment Principles (WEP). A pesquisa analisou a divulgação
práticas empresariais para promover a INTRODUÇÃO
das 99 empresas brasileiras signatárias
igualdade de gênero e o fortalecimento das mulheres no ambiente de trabalho
da Declaração de Apoio WEP. Os dados
No cenário nacional, desde a década de
e na comunidade em geral. Importante
colhidos foram informações divulgadas
1970, a participação da mulher no mer-
frisar que as empresas aderem, esponta-
pelas próprias empresas referentes ao
cado de trabalho vem crescendo de for-
neamente, ao conjunto formado por sete
exercício social de 2015, relacionados
ma significativa e constante. Atualmente,
princípios por meio de uma Declaração
aos WEP e relativos a gênero, alinhados
as estatísticas refletem, como um fato já
de Apoio por seus Diretores Executivos
às diretrizes da Global Reporting Initia-
consolidado, o aumento da participação
(Chief Executive Officers - CEO) aos WEP.
tive (GRI), conforme guia de orientação
das mulheres no mercado de trabalho
Dentre os princípios presentes nos WEP,
da ONU para divulgação. Observou-se
brasileiro. No entanto, as relações de
destaca-se o sétimo princípio, que trata
que o nível de divulgação das 99 em-
gênero no universo do trabalho ainda
da divulgação das práticas que assegu-
presas signatárias dos WEP foi em mé-
são marcadas por assimetrias importan-
ram o fortalecimento feminino, buscando
dia de 23,30% do total que deveria ser
tes (CAVAZOTTE; OLIVEIRA; MIRANDA,
a transparência e a prestação de contas à
divulgado. Esse resultado, embora não
2010).
sociedade e aos interessados nas ações
signifique que as empresas não adotam
praticadas pelas empresas quanto à equi-
os WEP, segundo compromisso firmado,
Desta forma, é natural que vários orga-
indica que o Princípio 7, que recomenda a
nismos busquem incentivar a equidade
transparência e prestação de contas das
de gênero nas empresas. Dentre eles,
Diante do exposto, estabeleceu-se a
práticas voltadas a equidade de gênero,
destaca-se a iniciativa denominada de
seguinte questão de pesquisa: Qual o
não está sendo adotado pela gestão das
Princípios de Empowerment das Mulhe-
nível de divulgação das práticas re-
empresas.
res (Women's Empowerment Principles
lativas à equidade de gênero nas
dade de gênero.
Soma-se a isso, o fato de a igualdade de
(UN WOMEN and UN GLOBAL COMPACT,
aos Women's Empowerment Princi-
gênero ser um assunto muito discutido
2016).
ples (WEP)?
nos dias atuais, desta forma, estudos que investiguem a existência de ambientes de
Os princípios elencados a seguir orientam
Dessa forma, o presente trabalho tem
trabalho empenhados com a implemen-
as empresas e seus stakeholders nas prá-
como objetivo geral analisar o nível de
tação e manutenção de práticas voltadas
ticas de promoção da igualdade de gêne-
divulgação das práticas relativas à equi-
para a equidade de gênero incentivam a
ro e de sua divulgação.
dade de gênero nas empresas brasileiras
disseminação e o aprimoramento dessas
que aderiram aos Women's Empower-
ações pelas empresas, inclusive sua divul-
- Princípio 1: Estabelecer uma liderança
ment Principles (WEP). Adicionalmente,
gação.
corporativa de alto nível para a igualdade
apresentam-se os seguintes objetivos específicos: discorrer sobre a divulgação so-
entre gêneros. REFERENCIAL TEÓRICO
cial relativa a gênero relacionando-a com
- Princípio 2: Tratar todos os homens e
os Women's Empowerment Principles
Princípios
Empowerment das
mulheres de forma justa no trabalho -
(WEP) e apresentar a divulgação social
Mulheres (Women's Empowerment
respeitar e apoiar os direitos humanos e
relativa a gênero por indicador da Global
Principles – WEP)
a não discriminação.
Os WEP foram lançados em conjunto pela
- Princípio 3: Assegurar a saúde, a segu-
Entidade das Nações Unidas para a Igual-
rança e o bem-estar de todos os trabalha-
estudo contempla as empresas cujos CEO
dade de Gênero e Empowerment das
dores e trabalhadoras.
assinaram a Declaração de Apoio aos
Mulheres (ONU Mulheres - UN Women) e
WEP e que tenham sede no Brasil, tota-
o Pacto Global das Nações Unidas - UN
- Princípio 4: Promover a educação, a for-
lizando 99 empresas, conforme os dados
Global Compact (2012) no ano de 2010,
mação e o desenvolvimento profissional
colhidos em julho de 2016 (UN WOMEN
com o objetivo de apontar as melhores
para as mulheres.
and UN GLOBAL COMPACT, 2016).
práticas empresariais para promover a
de
Reporting Initiave associada aos WEP. Ressalte-se que o recorte do objeto de
igualdade de gênero e o fortalecimento
- Princípio 5: Implementar o desenvolvi-
A pesquisa é relevante por apresentar
das mulheres. Dessa forma, a intenção
mento empresarial e as práticas da cadeia
como a questão de gênero está sendo
desse instrumento é proporcionar uma
de fornecedores e de marketing que for-
desenvolvida e divulgada pelas empre-
"lente de gênero" por meio da qual o
taleçam as mulheres.
sas, principalmente diante da lacuna
meio empresarial pode atualizar suas ini-
observada de estudos acerca da adoção
ciativas, indicadores e práticas de presta-
- Princípio 6: Promover a igualdade por
e divulgação de práticas de Responsa-
ção de informações (UN WOMEN and UN
meio de iniciativas comunitárias e de de-
bilidade Social Empresarial relativas a
GLOBAL COMPACT, 2016).
fesa.
tificado na literatura brasileira foi realiza-
Tais princípios servem de orientação para
- Princípio 7: Medir os progressos para
do por Gonçalves, Espejo, Altoé e Voese
as empresas sobre como capacitar as mu-
alcançar a igualdade entre gêneros e
(2016) e analisou a diversidade de gênero
lheres no local de trabalho, no mercado
publicar relatórios (UN WOMEN and UN
e raça na ocupação de cargos de chefia
e na comunidade, tornando-se um guia
GLOBAL COMPACT, 2016)
e maior escalão nas empresas e utilizou
útil para as empresas e para outras par-
mais especificamente a divulgação de in-
tes interessadas, incluindo os governos,
O princípio 7, como pode se observar, tra-
formações acerca do tema segundo o re-
no seu envolvimento com o meio em-
ta da divulgação das práticas que asse-
comendado no modelo do Balanço Social
presarial. Tendo em vista que se trata de
guram o empowerment feminino e, con-
do Ibase). Além disso, a constatação de
um compromisso corporativo dos líderes
sequentemente, tem relação com todos
que práticas nesse sentido estão efetiva-
empresariais, os WEP devem influenciar
os demais princípios, pois a partir dele é
mente sendo adotadas e divulgadas pelas
na gestão da empresa e nas informações
possível identificar as rotinas das empre-
companhias comprometidas com os WEP
divulgadas sobre suas políticas e práticas
sas quanto ao gênero.
gênero no Brasil (o único trabalho iden-
pode colaborar para sua legitimidade.
43 | ABRACICON SABER
empresas brasileiras que aderiram
44 | ESPAÇO DO ACADÊMICO
de
porém, a simples publicação em seus
específicos de suas ações sustentáveis,
ações de Responsabilidade Social
websites sobre a existência de políticas
facilitando sua identificação pelos interes-
Corporativa
e programas sociais, sem a evidenciação
sados (ETHOS, 2017).
Instrumentos
de
divulgação
dos fatos, não comprova o comprometiAtualmente, devido às mudanças ocorri-
mento e nem a dimensão dessas ações
Dentre os principais modelos para a ela-
das no ambiente organizacional e de mer-
sociais da organização perante os dife-
boração de relatórios de sustentabilidade
cado de capitais, as empresas passaram
rentes públicos. Nesse contexto, uma
destaca-se o da Global Reporting Iniciative
a introduzir práticas de Responsabilidade
das formas para oficializar essas ações e
(GRI). O modelo da GRI se baseia na abor-
Social Corporativa (RSC) em suas ações,
reduzir a assimetria informacional dessas
dagem do Triple Bottom Line, que guia as
planos e projetos e a prestar cada vez
organizações seria a adesão a modelos de
empresas a divulgarem seus relatórios nas
mais atenção na influência do RSC, tanto
relatórios de sustentabilidade.
dimensões de sustentabilidade econômica, social e ambiental (MORISUE; RIBEIRO;
em termos econômicos e sociais quanto ambientais (MADORRAN; GARCIA, 2016).
O relatório de sustentabilidade, indepen-
PENTEADO, 2012). Dessa forma, sua es-
A adoção de posturas mais proativas e o
dente do seu formato, tem o objetivo de
trutura busca padronizar os relatórios ela-
processo de conscientização empresarial
demonstrar informações referentes à in-
borados por empresas considerando essas
têm ocorrido pelas pressões competitivas
tegração da organização com o meio ao
três dimensões. Assim, o GRI é considera-
e pelo aumento do rigor legal, somando-
qual está inserida (CARVALHO; SIQUEI-
do um modelo consolidado internacional-
-se a isso, a sociedade, por sua vez, pas-
RA, 2007). Esses relatórios vão demons-
mente, servindo de base para uma maior
sou a exigir maior transparência (MELÉ;
trar anualmente os projetos, benefícios
comparabilidade das informações.
DEBELJUH; ARRUDA, 2006).
e ações sociais das organizações dirigidos a todos os stakeholders (OLIVEIRA;
O primeiro conjunto de diretrizes para
De acordo com Milani Filho (2007), no
CAMPOS; SEHNEM; ROSSETO, 2014).
Relatórios de Sustentabilidade elaborados
Brasil, as informações sobre as atividades
Esse mecanismo serve para mostrar o
pela GRI foi em 2000, denominado G1.
sociais das empresas, em sua maior par-
desempenho das empresas e estimulá-
Duas versões posteriores foram lançadas
te, são divulgadas de maneira voluntária,
-las a compartilhar seções ou indicadores
em 2002 (G2) e 2006 (G3). Em 2011, foi
Quadro 1 – Indicadores das Diretrizes da GRI G4 relativos a gênero Indicador da GRI G4
Descrição
G4-38
Composição do mais alto órgão de governança e de seus comitês por gênero.
G4- 40
Critérios adotados para selecionar e nomear os membros do mais alto órgão de governança.
G4-DMA
Descrição das políticas e práticas que promovam a inclusão na seleção de fornecedores.
G4-EC5
Variação da proporção do salário mais baixo, discriminado por gênero.
G4- LA1
Número total e taxa de novas contratações de empregados e rotatividade por faixa etária, gênero e região.
G4-LA3
Taxas de retorno ao trabalho e retenção após licença maternidade/paternidade por gênero.
G4-LA6
Tipos e taxas de lesões, doenças ocupacionais, dias perdidos, absenteísmos e número de óbitos relacionados ao trabalho, discriminados por região e gênero.
G4-LA9
Número médio de horas de treinamento por ano por empregado, discriminado por gênero e categoria funcional.
G4-LA11
Percentual de empregados que recebem regularmente análises de desempenho e de desenvolvimento de carreira, discriminado por gênero e categoria funcional
G4-LA12
Composição dos grupos responsáveis pela governança e discriminação de empregados por categoria funcional, de acordo com gênero.
G4-LA13
Razão matemática do salário e remuneração entre mulheres e homens, discriminada por categoria funcional e unidades operacionais relevantes.
G4-HR3
Número total de casos de discriminação e medidas corretivas tomadas.
G4-SO1
Percentual de operações implantadas com envolvimento da comunidade local, avaliação de impacto e programas de desenvolvimento local. Fonte: elaborado pelos autores com base em Glogal Reporting Initiavtive (2015).
Considerando-se que o Princípio 7 trata
As informações sobre divulgação social
G3, a diretriz G3.1, que veio com uma
da própria divulgação, no Quadro 2 é pos-
relativa a gênero foram extraídas dos
orientação ampliada sobre o relato relati-
sível observar o alinhamento dos demais
sites das empresas estudadas ou de or-
vo a gênero, à comunidade e aos direitos
princípios, P1 a P6, às diretrizes da GRI.
ganizações como a BM&FBOVESPA ou
humanos. Por último, em 2013, foi lançada a quarta geração de suas Diretrizes,
a Comissão de Valores Mobiliários, em METODOLOGIA
G4, com orientações para a elaboração de relatórios de sustentabilidade por or-
tentabilidade, Relatórios Anuais, Relatos Tipologia da pesquisa
ganizações de qualquer tamanho ou setor (GRI, 2015).
documentos como Relatórios de SusIntegrados, Formulários de Referência, entre outros que tratassem dos aspectos
Trata-se de um estudo exploratório, uma
estudados.
vez que a divulgação de informação soNas Diretrizes da GRI G4, constam os
cial empresarial relativa a gênero é um
Foi utilizada planilha do Excel® para o
indicadores referentes a aspectos relacio-
tema pouco estudado na literatura nacio-
agrupamento dos dados coletados, na
nados a gênero a serem divulgados nas
nal, tornando-se difícil formular hipóteses
qual foram identificadas as informações
empresas, apresentados no Quadro 1.
precisas e operacionalizáveis (GIL, 1994).
sobre gênero divulgadas pelas empresas,
Quanto aos procedimentos adotados para
parametrizadas pelos indicadores especi-
Embora exista um intenso movimento lo-
a coleta dos dados, o estudo valeu-se de
ficados no Quadro 2, no total de 14 itens
cal, regional e mundial no sentido da di-
pesquisa bibliográfica e documental, bem
de divulgação distribuídos em 14 indica-
vulgação social, inclusive de informações
como realizou análise de conteúdo dos
dores da GRI G4, correspondentes a 6
relativas a gênero, essa divulgação per-
dados divulgados sobre gênero pelas em-
dos WEP. Vale lembrar que o sétimo prin-
manece voluntária na maioria dos países.
presas estudadas.
cípio diz respeito à divulgação, objeto de investigação deste estudo. Para cada in-
A divulgação das ações voltadas à
Coleta e tratamento dos dados
implementação dos WEP
dicador foram determinados códigos qualitativos, a partir da descrição dos indica-
A população da pesquisa compreende as
dores constantes no Quadro 1 da seção
Com o intuito de melhorar o acompa-
99 empresas brasileiras cujos CEO assina-
2.2 e o detalhamento deles nas Diretrizes
nhamento e a divulgação dos processos
ram a Declaração de Apoio aos WEP. Para
da GRI, para classificação e tratamento
de implementação dos princípios pelas
a elaboração do instrumento de coleta de
dos dados.
empresas, a Organização das Nações
dados, optou-se por tomar como base os
Unidas, por meio da ONU Mulheres (UN
WEP da ONU Mulheres e os indicadores
Women) e do Pacto Global (UN Global
das Diretrizes GRI para Relato de Susten-
Compact), elaborou o guia de orienta-
tabilidade versão G4 de 2013. O Quadro
ção específico para divulgação de infor-
2, na seção anterior, ilustra a correspon-
mações empresariais relativas a gênero
dência dos indicadores da G4 com os 6
baseado nos WEPs. O Quadro 2 ilustra a
princípios WEP.
associação proposta pela ONU.
Quadro 2 – Alinhamento dos WEP com as Diretrizes da GRI WEP
Indicador da Diretriz G4 da GRI/(Guia da ONU – 2014)
Princípio 1 (P1)
G4-38 / G4-40
Princípio 2 (P2)
G4-LA1 / G4-LA12 / G4-LA13 / G4-EC5 / G4-LA3 / G4-HR3
Princípio 3 (P3)
G4-HR3 / G4-LA6
Princípio 4 (P4)
G4-LA9 / G4-LA11
Princípio 5 (P5)
G4-DMA
Princípio 6 (P6) G4-SO1 Fonte: elaborado pelos autores com base em UN Women and UN Global Compact (2016).
As informações sociais divulgadas podiam ser de natureza qualitativa ou quantitativa – monetária ou não. Os dados colhidos referem-se aos documentos disponibilizados pelas empresas referentes ao exercício social de 2015. A análise dos documentos buscava identificar se as práticas para equidade de gênero, corresponden-
45 | ABRACICON SABER
lançada uma atualização e conclusão do
46 | ESPAÇO DO ACADÊMICO
Tabela 1 – Divulgação por Princípio WEP
Qtde. Indicadores da GRI G4 por princípio
Pontuação total por princípio obtida para 99 empresas (A)
Pontuação Máxima possível por princípio (B)
Nível de Divulgação (A / B)
P1
2
188
396
47,47%
P2
6
272
1188
22,90%
P3
2
65
396
16,41%
P4
2
50
396
12,63%
P5
1
20
198
10,10%
P6
1
51
198
25,76%
Total 14 Fonte: elaborada pelos autores.
646
2772
23,30%
tes aos WEP constantes do guia da ONU
das informações sobre gênero de cada
ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PES-
e cuja divulgação é recomendada nas
indicador. Desse modo, a pontuação
QUISA
Diretrizes da GRI G4, foram divulgadas
de cada empresa pode variar, em ter-
pelas empresas.
mos discretos, entre 0 e 28 pontos, em
Divulgação por princípios e por indi-
função da completude das informações
cadores
A partir da análise documental reali-
divulgadas. Embora adotando proxies
zada, foi feita sua transformação em
diferentes, metodologia de quantifica-
Inicialmente, observou-se a divulgação
linguagem numérica (0 para “não di-
ção similar já foi empregada em alguns
de informações sociais voltadas para a
vulga”, 1 para “divulga parcialmente
estudos sobre divulgação como o reali-
equidade de gênero nas 99 empresas
quando as informações não eram de-
zado nessa pesquisa (OLIVEIRA; PON-
brasileiras signatárias dos WEP que de-
talhadas como recomendado pela GRI
TE JUNIOR; OLIVEIRA, 2013; ARAÚJO
monstram a implantação e/ou manu-
G4” e 2 para “divulga completamente”),
JÚNIOR; OLIVEIRA; PONTE; RIBEIRO,
tenção de práticas propostas pela ONU
sendo possível quantificar a divulgação
2014).
Mulheres e ONU Pacto Global para fortalecimento das mulheres conforme os WEP
Tabela 2 – Divulgação de informação social relativa a gênero por indicador
Indicador
A Divulgação Total obtida (N=99)
B Divulgação em Percentuais (Máximo = 198)
C Nível de Divulgação em média (A / 99)
(Tabela 1). Ressalte-se que a divulgação de informações relativas a gênero sobre os seis princípios foi parametrizada pelos 14 indicadores da GRI G4. A segunda coluna da Tabela 1 apresenta a quantidade de indicadores cuja divulgação pode
G4-38
110
55,56
1,11
G4-40
78
39,39
0,79
G4-LA1
30
15,15
0,30
G4-LA12
94
47,47
0,95
G4-LA13
50
25,25
0,51
G4-EC5
16
8,08
0,16
G4-LA3
39
19,70
0,39
G4-HR3(1)
43
21,72
0,43
G4-LA6
22
11,11
0,22
res e o ONU Pacto Global esperam que
G4-LA9
32
16,16
0,32
sejam adotadas e divulgadas. Os percen-
G4-LA11
18
9,09
0,18
tuais de divulgação observados podem
G4-DMA;
20
10,10
0,20
ser considerados baixos, pois as 99 em-
G4-SO1
51
25,76
0,52
presas pesquisadas se comprometeram
23,30(2)
6,53
espontaneamente com a implantação
Total 646 Fonte: elaborada pelos autores.
demonstrar as práticas adotadas e divulgadas correspondentes a cada princípio. Cada empresa podia obter de 0 a 2 pontos por indicador investigado. A Tabela 1 revela que as empresas divulgaram, em média, 23,30% das informações sobre as práticas que a ONU Mulhe-
de práticas recomendadas para fortaleci-
resultado reforça e complementa o obtido
a divulgação, enquanto sétimo princípio,
por Gonçalves et al. (2016), que observa-
CONCLUSÃO
sugere que a empresa divulgue as práti-
ram na divulgação das empresas brasilei-
As empresas pesquisadas atingiram 6,53
cas implantadas.
ras por eles estudadas não haver alteração
pontos, em média, o que representa um
significativa nas posições ocupadas por
nível de divulgação de aproximadamente
mulheres e negros em cargos de chefia.
24% dos 28 pontos possíveis. Ressalte-se
Identifica-se, a partir da Tabela 1, que o principio com maior divulgação é o P1,
ainda que somente 39,4% das empresas
tendo sido divulgado 47,47% do que seria
Os indicadores menos divulgados foram
apresentaram um nível de divulgação aci-
possível ser apresentado pelas empresas
os referentes à variação da proporção do
ma da média de 6,53 pontos. Se fossem
sobre ações voltadas para estabelecer
salário mais baixo, discriminado por gêne-
desconsideradas as 32 entidades sem pon-
uma liderança corporativa de alto nível
ro (G4-EC5) e ao percentual de emprega-
tuação, a média passaria a ser de 9,64 e
para a igualdade entre gêneros. Esse
dos que recebem regularmente análises
o nível de evidenciação subiria para quase
resultado pode sinalizar para o fortaleci-
de desempenho e de desenvolvimento de
35%.
mento da governança das empresas estu-
carreira, discriminado por gênero e ca-
dadas que, por sua vez, de acordo com os
tegoria funcional (G4-LA11). Em relação
Os resultados observados anteriormente
resultados obtidos por Celis et al. (2015),
ao indicador G4-LA11, muitas empresas
podem ser considerados preocupantes,
podem repercutir positivamente na RSC e
afirmavam que realizavam análises de
pois, visto que as empresas analisadas são
na equidade de gênero.
desempenho em seus funcionários, mas
signatárias dos WEP, ou seja, que se com-
não especificavam em quais funcionários
prometeram espontaneamente com a im-
Por outro lado, o P5, que se refere ao de-
aplicavam essa análise e, muito menos,
plantação de práticas recomendadas para
senvolvimento empresarial e às práticas
discriminavam por gênero.
fortalecimento das mulheres, esperava-se
da cadeia de fornecedores e de marketing
um elevado nível de divulgação de tais
que fortaleçam as mulheres, obteve um
Quanto ao indicador G4-DMA, a maioria
práticas. Destaca-se que um dos princípios
menor percentual de divulgação.
das empresas apresentavam suas políticas
é voltado especificamente para orientar a
quanto à seleção de fornecedores, mas
transparência e prestação de contas aos di-
A Tabela 2 apresenta o nível de divulga-
não direcionavam à questão de gênero.
versos stakeholders por meio da divulgação
ção de informação social relativa a gênero
Dessa forma, o indicador G4-DMA foi um
dessas ações. Apesar disso, não se pode
por indicador obtido pelas 99 empresas
dos indicadores mais difíceis de serem en-
afirmar que as empresas não adotem prá-
brasileiras estudadas. Os indicadores que
contrados, juntamente com o indicador
ticas acerca da equidade de gênero, mas,
apresentaram maior nível de divulgação
G4-S01. A dificuldade do G4-SO1 está no
sim, que existem diversas oportunidades de
foram: G4-38, composição do mais alto
fato de que as empresas não divulgam
melhoria no tocante à sua divulgação.
órgão de governança e dos seus comitês
percentuais em relação aos programas
por gênero; e G4-LA12, composição dos
implantados, apenas citam, mas não são
Acredita-se que o fato de o relatório de sus-
grupos responsáveis pela governança e
muito específicas. Foi citada, com frequên-
tentabilidade não ser um relatório obriga-
discriminação de empregados por cate-
cia, a aderência das empresas ao “Progra-
tório é uma das razões pelas quais muitas
goria funcional, de acordo com gênero.
ma de Pró-Equidade de Gênero e Raça”.
das empresas estudadas não o divulgam,
Entretanto, a maior divulgação dos indi-
Os baixos percentuais de divulgação rela-
cadores G4-38 e G4-LA12 não significa
tiva a gênero observados reforçam os re-
que os resultados apontaram para pre-
sultados de estudos estrangeiros como os
sença feminina nos órgãos de governan-
de Grosser e Moon (2008, 2005a, 200b) e
ça, mas que as empresas divulgaram a
Vuontisjӓrvi (2006), indicando que as em-
composição dos conselhos, comitês e de-
presas raramente relatam muitos dados
mais grupos de governança. Na maioria
segregados por gênero, confirmando
das empresas que divulgaram o G4-38,
a carência de informações relativas
a representatividade das mulheres é ine-
à igualdade de oportunidades e
xistente ou mínima quando comparada a
que a maioria dos relatórios de
dos homens. Pode-se afirmar que esse
RSC são limitados.
47 | ABRACICON SABER
mento das mulheres conforme os WEP, e
48 | ESPAÇO DO ACADÊMICO
ou divulgam com um lapso temporal, às vezes, de um período maior que um ano. Soma-se a isso o fato das informações requeridas nos WEP serem de divulgação voluntária, o que permite que as empresas possam não fornecer essas informações, mesmo que seus CEOs tenham assinado a declaração de apoio ao WEP. Por fim, verificou-se que o detalhamento por gênero de uma maneira em geral foi muito superficial e incompleto diante do que orienta o guia da ONU para divulgação dessas informações. Essa falta ou incompletude de detalhamento das informações sobre gênero também foi reportada em estudos estrangeiros e nacional, devendo ser objeto de reflexões e ações dentro e fora das empresas, também como ferramenta para redução de desigualdades e maior inclusão das mulheres. O estudo contribui para a academia brasileira ao mostrar se e como as empresas estão desenvolvendo ações voltadas para a equidade de gênero, cenário este que pode estimular mais discussões acerca da realidade da mulher trabalhadora no Brasil. Vale ressaltar a relevância de órgãos
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como o Conselho Federal de Contabilidade, Bolsa de Valores, Comissão de Valores Mobiliários, dentre outros no estímulo à adoção e divulgação de ações empresariais que fortaleçam a participação das mulheres nas empresas. Além disso, o estudo acrescenta conhecimentos sobre como o fortalecimento das mulheres nas empresas brasileiras é tratado em instituições internacionais como a ONU e a UN WOMEN, e pode influenciar que essas instituições passem a ter um
Marcelle Colares Oliveira é membro da Academia Brasileira de Ciências Contábeis, Contadora, Profa.Titular da Universidade Federal do Ceará-UFC, Docente do Programa de Pós-Graduação em Administração e Controladoria e do Departamento de Contabilidade, Bolsista Produtividade CNPq
Manuel Salgueiro Rodrigues Júnior, Contador, Professor Assistente da Universidade Estadual do Ceará, Estudante de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Administração e Controladoria da UFC
acompanhamento das empresas signatárias ao WEP e verificar se os princípios propostos estão sendo seguidos. REFERÊNCIAS ARAÚJO JÚNIOR, J. F.; OLIVEIRA, M. C.; PONTE, V. M. R.; RIBEIRO, M. S. Social disclosure of Brazilian and UK Firms in light of Stakeholder Theory, Legitimacy Theory and Voluntary Disclosure Theory. Advances in Scientific and Applied Accounting, São Paulo, v. 7, n. 2, p. 175-200, 2014.
Isadora Maria Aragão Roberto Alves, Estudante de Ciências Contábeis da Universidade Federal do Ceará-UFC, Bolsista PIBIC/CNPq
Marcos Gabriel Ramos Rodrigues, Estudante de Ciências Contábeis da Universidade Federal do Ceará-UFC, Bolsista PIBIC/CNPq
Por Rafael Larêdo Mendonça e Jessika Caroline Souza Costa
O
orçamento
público
é
um
instrumento de planejamento e execução das finanças públicas.
Nele o governo prevê receitas e fixa despesas com objetivo de alcançar os fins das políticas públicas. A análise desse instrumento é essencial para avaliação da gestão. Desta forma, esta pesquisa teve como problema: Qual o grau de exatidão dos orçamentos públicos dos estados da região amazônica brasileira frente a realidade dos gastos?
Para
respondê-lo,
utilizou-
se a metodologia proposta pela Public
Expenditure and Financial Accountability Assessments (Pefa), mais precisamente os indicadores PI1 e PI2, perfazendo assim uma pesquisa exploratória com utilização
vistos e as projeções das aplicações de
execução das despesas, surgiu a partir
do procedimento técnico documental e
recursos em período determinado (MA-
da experiência dos EUA com o orçamento
de natureza qualitativa e quantitativa.
NUAL TÉCNICO DE ORÇAMENTO MTO,
de desempenho e foi introduzido no Brasil
2016, p.16). No Brasil, o orçamento pú-
através da Lei n.º 4.320/1964 e do De-
blico possui a forma de lei, porém com
creto Federal – Lei n.º 200/1967 (SILVA,
característica apenas autorizativa e não
2013, p.32). Giacomoni (2012, p.161) ex-
impositiva, deixando ao gestor público a
plica que a ideia de orçamento moderno
faculdade de manter a compatibilização
no Brasil e nos demais países latino-ame-
classificações nível A e ao Amazonas, que
daquilo que foi planejado com a execução
ricanos está representada nesta técnica,
na composição da despesa, obteve quatro
do gasto. Ressalta-se, entretanto, que a
sistematizada originalmente pela Organi-
avaliações nível D.
compatibilização é importante em virtude
zação das Nações Unidas (ONU).
Os dados analisados demonstraram que os estados mantiveram performances simulares
de
compatibilização
com
momentos de alta e baixa classificação. Destaque
ao
Mato
Grosso
e
Pará,
que, na análise agregada, alcançaram
de o orçamento ser uma peça de planifiPALAVRAS CHAVES
cação, o qual deve ser elaborado e exe-
O orçamento-programa destaca as metas,
Orçamento. Pefa. Região amazônica.
cutado com exatidão, mantendo e respei-
os objetivos e as intenções do Governo.
Compatibilização. Gastos.
tando os parâmetros de sua confecção
Nele há a consolidação de um grupo de
para o alcance dos objetivos de governo
programas que o Governo se propõe a
e execução efetiva de políticas públicas.
realizar num período. Os planos são ex-
INTRODUÇÃO
pressos em unidades mensuráveis e seus O orçamento, considerado como uma
Um dos orçamentos modernos, o orça-
custos definidos. É um programa de traba-
ferramenta de planejamento de qualquer
mento-programa, que vincula o plane-
lho e constitui, portanto, um instrumento
entidade, representa os ingressos pre-
jamento à arrecadação de receita e a
de planejamento (ANGÉLICO, 2014, p.23).
49 | ARTIGO CIENTÍFICO ABRACICON SABER
Orçamento público e grau de compatibilização: metodologia Pefa aplicada à Região Amazônica
50 | ARTIGO CIENTÍFICO
Considerando a importância do orçamento no cenário do planejamento de políticas públicas, a avaliação dessa ferramenta se torna essencial quando se trata de medir o nível da gestão das finanças públicas. Desta forma, a Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial e os governos da França, Noruega, Suíça e Reino Unido desenvolveram uma metodologia denominada de Public Expenditure
and Financial Accountability Assessments (Pefa). O Pefa possui o objetivo de avaliar o nível da gestão das finanças públicas com destaque a avaliação da credibilidade do orçamento no qual, segundo esta metodologia, o orçamento do governo deve ser realista e implementado conforme planejado. Tal avaliação ocorre por meio da comparação entre as receitas arrecadadas e as despesas executadas com os respectivos valores originalmente aprovados. (PUBLIC EXPENDITURE AND FINANCIAL ACCOUNTABILITY ASSESSMENTS PEFA, 2016. p.12). Assim, países, regiões, estados e municípios que necessitam da existência e efetividade das ações do setor estatal são
No Brasil, os estados da região amazônica são os que apresentam menor desenvolvimento econômico local, com grande percentual da população com baixa ou nenhuma escolaridade, dependência do sistema público de saúde e históricos noticiários de conflitos e violência no campo e atualmente nas cidades.
A pesquisa teve como alcance a análise dos valores das despesas orçadas e a comparabilidade com os valores executados (gastos) de forma agregada e de forma detalhada considerando a classificação das despesas por função e natureza econômica. A pesquisa possuiu limitador na população e na amostra, pois não apresentou amostra aleatória e, sim, os nove estados que compõem a região da Amazônia Legal brasileira. Outra limitação referiu-se às informações financeiras imprecisas de quatro estados que compõem a região. Informações essas fornecidas de forma incompleta ao Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro (Siconfi) da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), restando assim apenas como população e amostra final as informações analisadas de cinco estados dessa região. A segunda seção deste trabalho apresenta o desenvolvimento do tema com a base teórica e o detalhamento da metodologia Pefa, além dos métodos utilizados para alcançar os objetivos da pesquisa e seus resultados. Em seguida, as conclusões obtidas, complementados pelo guia
os mais atingidos quando há má projeção
de discussão e referencial bibliográfico.
(planejamento) e execução dos recursos públicos. No Brasil, os estados da região
problema: Qual o grau de exatidão
Ademais, é oferecida proposta para novas
amazônica são os que apresentam menor
dos orçamentos públicos dos esta-
pesquisas cientificas sobre o assunto.
desenvolvimento econômico local, com
dos da região amazônica brasileira
grande percentual da população com
frente a realidade dos gastos?
DESENVOLVIMENTO DO TEMA
dência do sistema público de saúde e his-
Para tanto, objetivou-se de forma geral
Marco Teórico
tóricos noticiários de conflitos e violência
verificar o grau de compatibilização dos
no campo e atualmente nas cidades. Ou
gastos planejados com os efetivamente
seja, nessa região o Estado é agente da
realizados pelo setor público na região
promoção social e organizador da econo-
amazônica brasileira segundo a metodo-
mia.
logia Pefa e de forma específica aferir as
baixa ou nenhuma escolaridade, depen-
Orçamento Público Conceito de Orçamento Público
despesas que, em sua execução, mais se
O orçamento é um instrumento de pla-
Diante do exposto, dada a importância
aproximam e se distanciam do planejado
nejamento de qualquer entidade, quer
e justificativa de se aprofundar sobre o
e analisar o nível de precisão dos orça-
seja pública ou privada, que representa o
assunto, esta pesquisa apresentou como
mentos públicos.
fluxo dos ingressos previstos e das aplica-
autorizativa, isto é, ele autoriza a exe-
fases: o orçamento tradicional e o orça-
(MTO, 2016, p.16). Para o setor público,
cução das receitas e das despesas de
mento moderno (GIACOMONI, 2012, p.54).
é de vital importância, pois a fixação da
acordo com que foram apresentadas ou
despesa pública autorizada para um exer-
emendadas, mas o Poder Público pode
O tradicional é a mais antiga técnica. Nele
cício financeiro é registrada na lei orça-
arrecadar diferentemente do que foi
constavam somente a fixação da despe-
mentária (MANUAL DE CONTABILIDADE
aprovado ou gastar menos do que consta
sa e a previsão da receita, sem nenhu-
APLICADO AO SETOR PÚBLICO MCASP,
da lei, portanto, ele não é impositivo.
ma espécie de planejamento das ações
2016, p.69).
governamentais. Era peça meramente Carvalho (2014, p.3) afirma ainda que o
contábil-financeira, um documento de
O orçamento público, portanto, consis-
orçamento público é um processo contí-
previsão de receita e de autorização de
te em um instrumento de planejamento
nuo, dinâmico e flexível, e financeiramen-
despesas. Nesse tipo de orçamento, não
e execução do governo para o período
te traduz os planos e os programas de
havia preocupação com a execução de
de um ano, no qual constam a previsão
trabalho do governo para um ano.
programas de trabalho de governo, mas
das receitas e a fixação das despesas da
somente com as necessidades dos órgãos
administração pública. É utilizado para
Quanto à característica da flexibilidade,
públicos de realização das suas tarefas,
gerenciar e controlar a aplicação dos re-
segundo Freire (2016), ao contemplar o
sem se questionar sobre objetivos e me-
cursos públicos e monitorar os gastos re-
ordenamento constitucional, infere-se a
tas (SILVA, 2013, p.31).
alizados pelo governo.
preponderância do caráter autorizativo do orçamento, a qual não exclui a excep-
O orçamento tradicional tinha como prin-
No Brasil, este instrumento representa o
cionalidade da impositividade de certos
cipal função possibilitar que os órgãos de
ato do Poder Legislativo de autorizar os
gastos públicos, a exemplo da vincula-
representação exercessem um controle
demais poderes (Executivo, Judiciário,
ção de receitas a despesas de saúde e
político sobre os executivos. Ele consis-
Ministério Público e o próprio Legislati-
de educação exigida pela Carta Maior, ou
tia numa fórmula eficaz de controle, pois
vo), por um período determinado, a re-
das transferências obrigatórias aos entes
colocava frente a frente as despesas e as
alizarem despesas destinadas ao funcio-
menores da Federação.
receitas (GIACOMONI, 2012, p.56).
e outros fins previstos em políticas eco-
Para Freire (2016), tal impositividade,
Nesta fase, o orçamento não se atribulava
nômicas, bem como pelo qual se prevê
entretanto, vem superando o grau de ex-
com as necessidades reais da população
a arrecadação de receitas para cobrir os
ceção para se aproximar da suplantação
e da administração pública, ele visava ba-
gastos necessários ao atendimento das
da regra, já que promulgada a Emenda
sicamente o aspecto tributário, deixando
demandas de governo e dos administra-
Constitucional 86/2015, o Poder Exe-
de lado o social e o econômico (MACHA-
dos (CARVALHO, 2014, p.2).
cutivo se tornou obrigado a cumprir as
DO, HOLANDA, FILHO, LOPES e PEDER-
despesas orçamentárias decorrentes de
NEIRAS, 2012, p.133).
namento dos serviços públicos em geral
Carvalho (2014, p.2) entende que o orça-
alteração legislativa à Lei Orçamentária
mento propriamente dito (Lei Orçamentá-
Anual por meio das emendas parlamen-
Segundo Angélico (2014, p.23): “os autores
ria Anual) é materializado em uma norma
tares individuais, desde que observados
costumavam descrever o orçamento tradi-
legal e que a autorização legislativa desta
certos requisitos e limitações estabeleci-
cional como um simples ato contendo a
lei guarda relação com o caráter mera-
dos na Constituição Federal.
aprovação prévia das receitas e das despe-
mente autorizativo das despesas públicas do orçamento brasileiro, propiciando,
sas públicas. [...] Preocupa-se o orçamento Classificação do Orçamento Público
desta forma, que o Executivo possa alterá-lo durante sua execução.
comum com os meios e não com os fins das funções governamentais”. O orçamen-
O orçamento é um instrumento que sofreu
to tradicional demonstrava o que pretendia
e sofre significativas mudanças ao longo
gastar ou comprar e não o que se pretendia
Silva (2013, p.30) completa ao afirmar
do tempo, em decorrência da evolução das
realizar (ANGÉLICO, 2014, p.23).
que o orçamento público é uma lei, mas
suas funções. Uma classificação bastante
apenas no sentido formal, pois quando o
simples e útil divide a história da evolução
Quanto ao orçamento moderno, este, se-
Legislativo o aprova, ele o faz de forma
conceitual do orçamento público em duas
gundo Giacomoni (2012, p.57), nasceu
51 | ABRACICON SABER
ções de recursos em período determinado
52 | ARTIGO CIENTÍFICO
quase junto com o século XX, quando o
e social dos governos, transformando-se
são expressos em unidades mensuráveis
Estado buscou intervir como corretor de
em um instrumento essencial à composi-
e seus custos definidos. É um programa
distorções do sistema econômico, pois o
ção do planejamento governamental (MI-
de trabalho e constitui, portanto, um ins-
orçamento até então em uso, organiza-
LESKI, 2011, p.57).
trumento de planejamento (ANGÉLICO,
do como mero demonstrativo de autori-
2014, p.23). A principal característica do
zações legislativas, não atendia mais às
Dentro do contexto moderno, vários tipos
instrumento é dele ser elaborado em fun-
necessidades dos executivos governa-
de orçamentos foram desenvolvidos, den-
ção daquilo que se pretende realizar no
mentais diante dos encargos crescentes.
tre eles o orçamento-programa, que sur-
futuro (SILVA, 2013, p.32).
giu a partir da experiência dos EUA com Mileski (2011, p. 57) explica que, ainda
o orçamento de desempenho e foi intro-
As metas governamentais são classifica-
que modernamente subsistam as ca-
duzido no Brasil pela Lei n.º 4.320/1964
das em funções de governo e estas di-
racterísticas tradicionais do orçamento
e do Decreto Federal – Lei n.º 200/1967
vididas em programas, subprogramas,
público — aprovação prévia de receita e
(SILVA, 2013, p.32). Giacomoni (2012,
projetos e atividades. O anexo n.º 5, da
despesa e controle político —, a evolução
p.161) explica que a ideia de orçamento
Lei n.º 4.320/1964, padroniza a estrutura
do Estado e o crescimento da população
moderno no Brasil e nos demais países la-
e a codificação da classificação funcional-
promoveram um aumento das necessida-
tino-americanos está representada nesta
-programática. (ANGÉLICO, 2014, p.23).
des sociais, provocando a ampliação das
técnica, sistematizada originalmente pela
atividades do Estado, cujas funções apri-
Organização das Nações Unidas (ONU).
Carvalho (2014, p.14) conceitua a técnica
moradas e alteradas demonstraram que
como um plano de trabalho expresso por
o orçamento tradicional não atendia mais
O orçamento-programa destaca as me-
um conjunto de ações a realizar e pela
às necessidades existentes.
tas, os objetivos e as intenções do Go-
identificação dos recursos necessários à
verno. Nele há a consolidação de um
sua execução. Ela representa um elo en-
Assim, o orçamento público se converteu
grupo de programas que o Governo se
tre o planejamento e as ações executivas
em um instrumento da política econômica
propõe a realizar num período. Os planos
do governo, com ênfase na consecução de objetivos e metas, sendo considerados
Quadro 1: Diferenças entre o Orçamento Tradicional e o Orçamento-Programa
os custos dos programas de ação classificados a partir do ponto de vista funcional
Orçamento Tradicional Indicador
Orçamento-programa
programático.
1. O processo orçamentário é dissociado dos processos de planejamento e programação.
1. O orçamento é o elo entre o planejamento e as funções executivas da organização.
Kohama (2013, p.55) completa o entendi-
2. A alocação de recursos visa à aquisição de meios.
2. A alocação de recursos visa à consecução de objetivos e metas.
apresentação, no orçamento-programa,
3. As decisões orçamentárias são tomadas tendo em vista as necessidades das unidades organizacionais.
3. As decisões orçamentárias são tomadas com base em avaliações e análises técnicas das alternativas possíveis.
4. Na elaboração do orçamento são consideradas as necessidades financeiras das unidades organizacionais.
4. Na elaboração do orçamento são considerados todos os custos dos programas, inclusive os que extrapolam o exercício.
5. A estrutura do orçamento dá ênfase aos aspectos contábeis de gestão.
5. A estrutura do orçamento está voltada para os aspectos administrativos e de planejamento.
boração do orçamento-programa com-
6. Principais critérios classificatórios: unidades administrativas e elementos.
6. Principal critério de classificação: funcional-programático.
programação, projeto e orçamentação.
7. Inexistem sistemas de acompanhamento e medição do trabalho, assim como dos resultados.
7. Utilização sistemática de indicadores e padrões de medição do trabalho e dos resultados.
atingir; a segunda é a definição das ati-
8. O controle visa avaliar a eficiência, a eficácia e a efetividade das ações governamentais.
objetivos; a terceira é a estimação dos
8. O controle visa avaliar a honestidade dos agentes governamentais e a legalidade no cumprimento do orçamento. Fonte: Giacomoni (2012, p.167)
mento e afirma que, do ponto de vista da os recursos financeiros para cada unidade orçamentária se vinculam direta ou indiretamente aos objetivos que se pretende alcançar. Segundo Angélico (2014, p.23), a elapreende quatro etapas: planejamento, A primeira é a definição dos objetivos a vidades necessárias à consecução dos recursos de trabalho necessários à realização das atividades; e a última é a esti-
Resumidamente,
gar a utilização dos recursos de trabalho
p.167) traz as principais diferenças entre
Giacomoni
(2012,
e prever as fontes de recursos.
o orçamento tradicional e o orçamentoprograma, demonstrando a evolução
No modelo brasileiro, o orçamento-
da técnica que atualmente, no Brasil, é
-programa compreende a elaboração e
desenvolvida por meio do Orçamento-
execução de três leis: o Plano Plurianual
Programa:
(PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei de Orçamento Anual (LOA),
Registra-se que as técnicas orçamentárias
as quais materializam conjuntamente o
têm sido aprimoradas ao longo da história,
planejamento e a execução das políticas
especialmente depois da revolução indus-
públicas de um ente. O orçamento no
trial. Do seu início aos dias atuais, a gestão
Brasil é tratado como um sistema, o Sis-
pública deu enormes saltos de qualidade,
tema de Planejamento-Orçamento (Silva,
propiciando o desenvolvimento de diver-
2013, p.33). Destes são os chamados ins-
sas técnicas de gestão e de elaboração do
trumentos de planejamento trazidos pela
orçamento (CARVALHO, 2014, p.8).
Constituição Federal. Nos dias atuais, o orçamento público tem Para Silva (2011, p.178), o processo de
por função básica organizar as ações e
elaboração e discussão desses instru-
definir os recursos para materializar o pla-
mentos deve ser capaz de expressar a
nejamento (CASTRO, 2011, p.37). O pla-
responsabilidade do Governo para com
nejamento deve ser anterior à realização
a sociedade com maior veracidade, pois
das ações de governo e é um processo ra-
o orçamento deve indicar com clareza os
cional para definir objetivos e determinar
objetivos perseguidos pela nação da qual
os meios para alcançá-los (SILVA, 2011,
o Governo é intérprete.
p.179).
A parcela anual do plano é intitulada or-
O Estado deve planejar suas ações com
çamento anual. Nele as ações são esta-
a finalidade de atingir metas e resulta-
belecidas, as metas fixadas, os agentes
dos satisfatórios, tornando-se necessário
responsáveis pela sua execução deter-
envolver todo um ciclo integrado de ges-
minados e os recursos correspondentes
tão pública bem planejada, responsável,
atribuídos, de forma a manter equilíbrio
transparente e compreensível aos admi-
entre as necessidades da população e a
nistrados (CARVALHO, 2014, p.2).
capacidade de recursos (CASTRO, 2011, p.37).
Carvalho (2014, p.11) entende que, “para alocar com eficiência e eficácia os
Segundo Machado et. al. (2012, p.110),
limitados recursos da sociedade, faz-se
para viabilizar a concretização das situa-
necessário um processo orçamentário
ções planejadas no Plano Plurianual-PPA
adequado, que poderá oferecer respos-
e transformá-las em realidade, obede-
tas a alguns questionamentos básicos”.
cendo a Lei de Diretrizes Orçamentárias
Silva (2011, p.12), então, acredita que
(LDO), elabora-se à Lei de Orçamento
um planejamento adequado de receitas e
Anual (LOA), na qual são programadas as
despesas pode diferenciar o governo ou
ações a serem executadas, visando alcan-
o país que gasta bem ou mal o dinheiro
çar os objetivos definidos.
público.
Despesa Pública Conceito de despesa pública Com o objetivo de cumprir as ações das políticas públicas e promover o bem social e o desenvolvimento, o Estado realiza várias atividades, a exemplo da prestação de serviços à população, ações que demandam recursos financeiros, culminando na despesa pública (CARVALHO, 2014, p.379). A despesa pública é, em tese, todo desembolso efetuado pelo Estado no atendimento dos serviços e encargos assumidos no interesse geral da população, nos moldes da Constituição, das leis, ou mesmo em decorrência de contratos ou outros instrumentos (SILVA, 2011, p.379). Kohama (2013, p.98), nesta linha, entende que as despesas públicas são gastos fixados na lei orçamentária ou em leis especiais, que são destinados à execução dos serviços públicos e dos aumentos patrimoniais; à satisfação dos compromissos da dívida pública; ou à restituição ou pagamento de importâncias recebidas a título de cauções, depósitos, consignações, etc. Carvalho (2014, p.380) conceitua a despesa pública como o conjunto de dispêndios efetuados pelos entes públicos para custear os serviços públicos prestados à sociedade ou para a realização de investimentos, ou ainda, são aplicações dos recursos arrecadados pelo Estado com o objetivo de promover os serviços de ordem pública ou atender o próprio desenvolvimento econômico do Estado. Silva (2013, p.119) entende as despesas, ou ainda, dispêndios orçamentários como gastos que a entidade de direito público
53 | ABRACICON SABER
mação dos recursos financeiros para pa-
54 | ARTIGO CIENTÍFICO
realiza para manter os serviços existentes
vem como agregador dos gastos públicos
Giacomoni (2012, p.96) explica: “a função
e para a criação, expansão ou aperfeiço-
por área de ação governamental nos três
é entendida como ‘o maior nível de agre-
amento da ação governamental, com o
níveis de Governo (MTO, 2016, p.35).
gação das diversas áreas de despesa que
fim de atender às necessidades coletivas,
competem ao setor público’. Já a subfun-
devendo ser autorizada no orçamento ou
A classificação funcional separa as dota-
ção ‘representa uma partição da função,
em créditos adicionais.
ções orçamentárias em funções e subfun-
visando agregar determinado subconjun-
ções, com o objetivo de responder funda-
to de despesa do setor público’”.
Resumidamente, despesa pública é o
mentalmente à indagação “em que área”
conjunto de dispêndios efetuados pelos
de ação governamental a despesa será
A função quase sempre se relaciona com
entes públicos para o funcionamento e
realizada (MCASP, 2016, p.70).
a missão institucional do órgão, como,
manutenção dos serviços prestados à so-
por exemplo, educação, saúde, seguran-
ciedade (SILVA, 2013, p.119) e se classi-
A principal finalidade dessa classificação
ça pública e saneamento. A subfunção
fica em dois grandes grupos: despesa or-
da despesa orçamentária é fornecer as
pode ser combinada com função diferen-
çamentária e despesa extraorçamentária
bases para a apresentação de dados e
te daquela à qual está vinculada na Por-
(KOHAMA, 2013, p.98).
estatísticas sobre os gastos públicos nos
taria MOG n.º 42/1999, lembrando que
principais segmentos nos quais atuam as
a subfunção busca evidenciar cada área
organizações do Estado (GIACOMONI,
de atuação governamental por meio da
2012, p.95).
agregação de determinado subconjunto
Classificação da despesa pública A despesa pública orçamentária apresen-
de despesas e da identificação da nature-
ta as seguintes classificações, conforme
A aplicação dessa classificação é comum
za das ações que se formam em torno das
o Manual de Contabilidade Aplicado ao
e obrigatória aos municípios, aos estados,
funções (MCASP, 2016, p.71).
Setor Público (MCASP): institucional, fun-
ao Distrito Federal e à União, permitindo
cional, por estrutura programática e por
a consolidação nacional dos gastos do se-
A classificação por natureza, que possui
natureza. As classificações funcional e por
tor público (MTO, 2016, p.35). Além dis-
como objetivo propiciar elementos para
natureza merecem destaque diante dos
so, esta classificação é representada por
avaliação do efeito econômico das tran-
dados coletados neste trabalho.
cinco dígitos, sendo que os dois primeiros
sações do setor público, é composta por
se referem à função e os três últimos dígi-
categoria econômica, grupo de natureza
Instituída pela Portaria n.º 42, de 14 de
tos representam a subfunção, que podem
da despesa e elemento de despesa, essa
abril de 1999, do então Ministério do Or-
ser traduzidos como agregadores das di-
classificação é complementada pela infor-
çamento e Gestão (MOG), a classificação
versas áreas de atuação do setor público,
mação gerencial denominada de modali-
funcional atual apresenta um rol de fun-
nas esferas legislativa, executiva e judici-
dade de aplicação (MCASP, 2016, p.73).
ções e subfunções prefixadas, que ser-
ária (MCASP, 2016, p.70). As três dimensões da natureza da despesa mencionadas ao norte são previstas pela Lei n.º 4.320/1964. A categoria econômica e o grupo de natureza de despesa no Art. 12 e o elemento de despesa no Art. 13. Assim, a despesa é identificada por meio dessas três partes conforme a sua natureza, informando a característica do dispêndio, no qual os recursos públicos estão sendo aplicados (CARVALHO, 2014, p.408). Kohama (2013, p.101), no que se refere às categorias econômicas, explica que a despesa deverá, conforme a Portaria In-
finalidade básica propiciar o controle
vadas as eventuais aberturas de créditos
classificada em: Despesas correntes e
contábil dos gastos (GIACOMONI, 2012,
adicionais no decorrer da vigência do or-
despesas de capital.
p.117).
çamento (MCASP, 2016, p.98).
São entendidas como Despesas Correntes
Etapas da despesa pública
A execução da despesa orçamentária
aquelas destinadas à produção de bens e
compreende três estágios, previstos na
serviços correntes (GIACOMONI, 2012, p.
As etapas da despesa orçamentária são
Lei nº 4.320/1964: empenho, liquidação
111) dito de outra forma, são despesas
o planejamento e a execução. O plane-
e pagamento. Silva (2013, p.160) enten-
que não contribuem diretamente na for-
jamento abrange, de forma geral, toda
de que executar o orçamento é realizar as
mação ou aquisição de um bem de capital
análise para formular os instrumentos de
despesas públicas nele previstas.
(Mcasp, 2016, p.74).
planejamento da Administração Pública e compreende a elaboração do orçamento
Quanto ao estágio empenho, o Art. 58
Quanto às depesas de capital, estas
com a fixação da despesa orçamentária,
da Lei 4.320/1964 aduz: “O empenho de
contribuem diretamente na formação
a descentralização de créditos orçametá-
despesa é o ato emanado de autoridade
ou aquisição de um bem de capital, ou
rios, programação orçamentária e finan-
competente que cria para o Estado obri-
mesmo, são gastos efetuados pelas insti-
ceira (CARVALHO, 2014, p.475), processo
gação de pagamento pendente ou não de
tuições públicas com o propósito de criar
de licitação e contratação (MCASP, 2016,
implemento de condição”.
novos bens de capital, adquirir bens de
p.98).
capital já em uso (KOHAMA, 2013, p.102).
No empenho então ocorre a reserva de
O grupo de Natureza da Despesa, por sua
Este trabalho, em relação à etapa do pla-
dotação orçamentária para um fim es-
vez, é um agregador de elementos de
nejamento, se utilizou somente do está-
pecífico formalizado mediante a emissão
despesa orçamentária com as mesmas
gio da fixação. Este representa os limites
de um documento denominado “Nota de
características em relação ao objeto de
de gastos a serem efetuados pelas enti-
Empenho”, no qual deve constar o nome
gasto, e se discrimina da seguinte forma:
dades públicas, que são inseridos nas leis
do credor, a especificação do credor e a
1. Pessoal e Encargos Sociais, 2. Juros e
orçamentárias, tendo por base as receitas
importância da despesa, bem como os
Encargos da Dívida, 3. Outras Despesas
previstas. Além disso, a fixação da des-
demais dados necessários ao controle da
Correntes, 4. Investimentos, 5. Inversões
pesa orçamentária compreende a adoção
execução orçamentária (MCASP, 2016,
Financeiras e 6. Amortização da Dívida
de medidas para uma situação idealiza-
p.100). Para Angélico (2014, p.67), em-
(MCASP, 2016, p.75).
da, considerando os recursos disponíveis
penhar a despesa significa emitir um do-
e observando as diretrizes e prioridades
cumento denominado Nota de Empenho.
Giacomoni (2012, p.112) demonstra a
traçadas pelo governo (MCASP, 2016,
vinculação dos grupos às categorias eco-
p.98).
Em relação ao estágio liquidação, o Art.
nômicas estudadas, conforme Quadro 2.
63 da Lei n.º 4.320/1964 explica: “A liqui-
As modalidades de aplicação apresentam
O processo da fixação da despesa orça-
dação da despesa consiste na verificação
a finalidade de indicar se os recursos são
mentária se conclui com a autorização do
do direito adquirido pelo credor tendo por
aplicados diretamente por órgãos ou en-
poder legislativo por meio da LOA, ressal-
base os títulos e documentos comproba-
tidades da mesma esfera de Governo, ou por outro ente da Federação e suas
Quadro 2: Categorias econômicas e grupos de despesa
respectivas entidades, e possuem como objetivo fundamental possibilitar a eliminação da dupla contagem dos recursos
Categorias Econômicas 3. Despesas Correntes
Grupos 1. Pessoal e Encargos Socais
transferidos ou descentralizados (MCASP,
2. Juros e Encargos da Dívida
2016, p.73). Já o elemento de despesa
3. Outras Despesas Correntes
possui a finalidade de identificar o objeto
4. Despesas de Capital
imediato de cada despesa, sendo a mais
5. Inversões Financeiras
analítica das classificações obrigatórias segundo a natureza, e apresenta como
4. Investimentos 6. Amortização da Dívida
Fonte: Giacomoni (2012, p.112)
55 | ABRACICON SABER
terministerial STN/SOF n.º 163/2001, ser
56 | ARTIGO CIENTÍFICO
tórios do respectivo crédito”. O artigo do
o Fundo Monetário Internacional, o Banco
fundamentais para o gerenciamento das
texto legal esclarece que a finalidade da
Mundial e os governos da França, Noruega,
finanças públicas, quais sejam:
liquidação é apurar a origem, o objeto,
Suíça e Reino Unido. Eles continuam a ser
a importância do que se deve pagar e a
os guardiões do programa e têm apoiado a
I. Credibilidade do orçamento;
quem deve ser feito esse pagamento.
utilização do Pefa pelas fases de sua imple-
II. Transparência das finanças públicas;
mentação (PEFA, 2016. p.08).
III. Gerenciamento dos ativos e passivos;
Angélico (2014, p.67) afirma que a liqui-
IV. Estratégia orçamentária e de política
dação toma por base o contrato, o ajuste
Pefa introduziu uma ferramenta de metodo-
fiscal;
ou acordo respectivo, a nota de empenho
logia e padrão de referência para avaliações
V. Previsibilidade e controle na execução
e os comprovantes da prestação efetiva
de diagnóstico de GFP que perpassa pela
orçamentária;
do serviço ou da entrega do material.
avaliação do orçamento público. O docu-
VI. Contabilidade e prestação de contas;
mento foi amplamente discutido e testado
VII. Auditoria e controle externo.
O pagamento é o último estágio da despe-
entre 2001 e 2005. O objetivo da metodolo-
sa (ANGÉLICO, 2014, p.67) e é a entrega
gia foi de padronizar as avaliações de gover-
Os pilares identificados orientam os pro-
de numerário ao credor por meio de che-
no e desenvolver uma ferramenta analítica
cessos a serem avaliados na gestão de
que nominativo, ordens de pagamentos
comum. Afeganistão e Zâmbia tiveram a pri-
finanças públicas, com destaque a ava-
ou crédito em conta, e somente pode ser
meira versão acessível ao público quando da
liação da credibilidade do orçamento no
realizado depois da regular liquidação da
introdução do Pefa naqueles países em 2005
qual, segundo a metodologia Pefa, o or-
despesa (MCASP, 2016, p.101). O Art. 64
e relatórios de melhoria da gestão financeira
çamento do governo deve ser realista e
da Lei n.º 4.320/1964 o define da seguinte
pública foram produzidos naquele ano.
implementado conforme planejado. Tal
forma: “A ordem de pagamento é o despa-
comprovação ocorre por meio da compa-
cho exarado por autoridade competente,
Desde então o Pefa tem sido usado em
ração entre as receitas arrecadadas e as
determinando que a despesa seja paga”.
mais de 150 países. Tornou-se a ferramenta
despesas executadas com os respectivos
padrão para avaliações da GFP e acumulou
valores originalmente aprovados (PEFA,
Cabe ressaltar que, segundo as Normas
um conjunto de dados que compreendem
2016. p.12).
Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao
mais de 40.000 pontuações de desempe-
Setor Público, o reconhecimento (execu-
nhos individuais (PEFA, 2016. p.08).
ção) de uma despesa se dará pelo regime
Ainda quanto à avaliação do orçamento pela metodologia Pefa (2016. p.12), ele
de competência contábil. Desta forma, as
Esses dados estão sintetizados em sete
possui como objetivo o acompanhamento
despesas são reconhecidas e ditas como
pilares que se inter-relacionam e são
e análise da alocação orçamentária efi-
executadas no momento da ocorrência de seus fatos geradores, sem com isso necessitar alcançar a fase de pagamento
Estratégia orçamentária e de politica fiscal
para o reconhecimento contábil (MCASP, 2016, p.103).
Public Expenditure and Financial Accountability Assessments (Pefa) Como um meio de harmonizar, em diversos países, a avaliação do nível da Gestão das Finanças Públicas (GFP), foi desenvolvido o programa metodológico Public Expenditure
and Financial Accountability Assessments (Pefa) em 2001. As organizações responsáveis pelo desenvolvimento dessa ferramenta de avaliação foram a Comissão Europeia,
Auditoria e controle externo
Transparência das finanças públicas Gerenciamento dos ativos e passivos
Previsibilidade e controle na execução orçamentária
Credibilidade do orçamento
Contabilidade e prestação de contas Figura 1 – Inter-relação dos sete pilares do gerenciamento das finanças públicas. Fonte: PEFA framework
Os sete (7) pilares da metodologia de
liados, são consideradas notas de A (para
com o planejamento orçamentário e efi-
avaliação Pefa incorrem em 31 indicado-
resultados satisfatórios) até D (resultados
ciência operacional dos gastos públicos.
res contendo os respectivos subitens para
aquém do estabelecido). Essa calibração
avaliação geral do parâmetro em ques-
de dimensões é baseada na presença de
O Programa Pefa compreende um total de
tão, os procedimentos para compilação
atributos relevantes para diferentes pa-
31 indicadores de performance, sendo 28
das dimensões múltiplas e o respectivo
drões de desempenho.
relacionados à performance dos governos
método de pontuação utilizado. Os méto-
e 3 dos doadores com impactos nos siste-
dos de pontuação oferecidos são:
mas de orçamento governamental.
A pontuação mais alta é garantida para uma dimensão individual a qual origina
A. Método 1 (M1): tal método é utilizado
em pontuações globais usando método
Para Silva (2017, p.35), o propósito de
para indicadores multidimensionais, em
baseado no grau de ligação entre as di-
um gerenciamento da performance das
que o fraco desempenho em uma dimen-
mensões individuais (PEFA, 2016, p.5).
finanças públicas eficiente é de garantir
são influencia o bom desempenho das
Considerando avaliações das despesas
que as políticas governamentais sejam
demais no mesmo indicador, ou seja, tal
orçamentárias, a metodologia Pefa pro-
implementadas conforme planejado e
método é aplicado quando a existência de
põem os seguintes indicadores:
alcancem os objetivos estabelecidos, for-
um “elo fraco” nas dimensões do indica-
necendo os elementos necessários para
dor em questão impacta as demais.
resultados orçamentários e fiscais, como:
PI1 – Resultado das despesas agregadas comparadas com o orçamento original
B. Método 2 (M2): a pontuação agregada
aprovado. A função deste é efetuar a ava-
I. Disciplina fiscal agregada: resultado
do indicador é obtida por média aproxi-
liação do aumento do orçamento total na
do controle efetivo do orçamento em sua
mada das notas das dimensões individu-
execução em relação ao orçamento pre-
totalidade e gerenciamento de riscos fis-
ais de cada indicador. A utilização de tal
visto. A fórmula é: PI1ano = Módulo (to-
cais.
método é aplicada aos indicadores mul-
temp ano /totorc ano), em que: totemp
II. Alocação estratégica de recursos: en-
tidimensionais, em que uma pontuação
ano = valor total executado por exercí-
volve o planejamento e execução do or-
baixa de uma dimensão não compromete
cio e totorc ano = valor total orçado por
çamento, de acordo com as prioridades
o impacto de uma nota maior em outra,
exercício, diminuído o valor alocado para
do governo, visando alcançar os objetivos
do mesmo indicador.
despesas de reserva de contingência.
III. Entrega eficiente de serviços: requer
Quanto aos indicadores, por sua vez, in-
Os resultados obtidos com este indicador e
a utilização das receitas orçamentárias vi-
cluem uma ou mais dimensões de desem-
sua classificação são conforme Quadro 3.
sando alcançar os melhores níveis de ser-
penho os quais são medidos em uma es-
viços públicos, de acordo com os recursos
cala ordinal de quatro pontos de A a D, ou
PI2 – indicador este que mede a extensão
disponíveis.
seja, de acordo com os parâmetros ava-
da despesa orçada e a execução tendo por
estratégicos.
base as principais categorias de composição da despesa (classificação). Ele contém três dimensões e utiliza o método M1.
Quadro 3 - Classificação PI1 segundo a metodologia Pefa Classificação
Requisitos Mínimos
A
Resultado da despesa real foi entre 95% e 105% do valor do orçamento aprovado em pelo menos dois dos últimos três anos.
B
Resultado da despesa real foi entre 90% e 110% do valor do orçamento aprovado em pelo menos dois dos últimos três anos
C
Resultado da despesa real foi entre 85% e 115% do valor do orçamento aprovado em pelo menos dois dos últimos três anos.
O desempenho é menor que o necessário para uma pontuação C. Fonte: traduzido e adaptado de Pefa framework (2016) D
A fórmula deste indicador é: PI1ano = Módulo (totemp ano /totorc ano - 1), em que: totemp ano = valor total executado por exercício e totorc ano = valor total orçado por exercício, diminuído o valor alocado para despesas de reserva de contingência. Conforme proposta da metodologia Pefa, para avaliação das despesas em suas
57 | ABRACICON SABER
ciente, respeito e simetria da execução
58 | ARTIGO CIENTÍFICO
Quadro 4 - Resultado da execução composição despesas por função
gal brasileira: Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.
Classificação
Requisitos Mínimos
A
A variação na composição das despesas por função foi inferior a 5% em, ao menos, dois dos últimos três anos.
Quanto aos fins, trata-se de uma pesqui-
B
A variação na composição das despesas por função foi inferior a 10% em, ao menos, dois dos últimos três anos.
procedimento técnico o emprego docu-
C
A variação na composição das despesas por função foi inferior a 15% em, ao menos, dois dos últimos três anos.
O desempenho é inferior ao requerido para obter a pontuação D C. Fonte: traduzido e adaptado de Pefa framework (2016)
Quadro 5 - Resultado da execução composição despesas por natureza econômica
sa exploratória na qual foi utilizado como mental com o fim de buscar dados sobre os orçamentos e demonstrativos contábeis. Para Bailey (2008, p.76), a pesquisa documental apresenta diversos benefícios em virtude da utilização das informações contidas em documentos não mudarem com o passar do tempo, sendo assim útil em estudo que utiliza período de tempo
Classificação
Requisitos Mínimos
A
A variação na composição das despesas por natureza econômica foi inferior a 5% em, ao menos, dois dos últimos três anos.
B
A variação na composição das despesas por natureza econômica foi inferior a 10% em, ao menos, dois dos últimos três anos.
Quanto à natureza, é uma pesquisa qua-
C
A variação na composição das despesas por natureza econômica foi inferior a 15% em, ao menos, dois dos últimos três anos.
traduzir e expressar o fenômeno pesqui-
O desempenho é inferior ao requerido para obter a pontuação C. Fonte: traduzido e adaptado de Pefa framework (2016) D
em seu escopo.
litativa no que se refere ao objetivo de sado, e quantitativa, pois os dados orçamentários e estatísticos das análises comparativas, seguindo a periodicidade no corte horizontal/estudo transversal fazem
categorias (função e natureza econômi-
Metodologia
parte da pesquisa e não apenas suporte
ca), a classificação após avaliação devem acompanhar os Quadros 4 e 5:
para os resultados. Considerando que a questão de pesquisa que instigou este trabalho foi: Qual
Os dados orçamentários foram extraídos
Desta forma, seguindo a metodologia for-
o grau de exatidão do orçamento
do sistema de informações contábeis e
necida pelo Pefa o Quadro 6 resume pilar,
público na região amazônica frente
fiscais da Secretaria do Tesouro Nacional
indicadores e dimensões necessárias para
a realidade dos gastos? A presente
(STN) por meio do seu sítio eletrônico,
obtenção do objetivo desta pesquisa.
pesquisa objetivou verificar o grau de
mais precisamente nas informações do
compatibilização dos gastos planejados
Sistema de Informações Contábeis e Fis-
O relatório de avaliação Pefa tem por ob-
com os efetivamente realizados pelo setor
cais do Setor Público Brasileiro (Siconfi).
jetivo fornecer uma avaliação baseada na
público na região amazônica, segundo os
Os dados supracitados fazem referência
evidência do desempenho da gestão das
indicadores Pefa. A população estudada
aos exercícios financeiros de 2014, 2015
finanças públicas com base na análise de
compreende nove estados da Federação
e 2016, conforme metodologia de coleta
indicadores e outras informações termi-
brasileira que compõem a Amazônia Le-
e análise de dados Pefa framework - cre-
nantes de forma concisa e padronizada. O
Quadro 6 – Relação pilar, indicadores e dimensões
relatório deve seguir padrões de estrutura e formatação como resumo executivo, introdução, avaliação de desempenho e
Pilar
Indicador
Dimensões
conclusão. As informações fornecidas pelo
I. Confiabilidade orçamentária.
1. Resultado da despesa agregada.
Análise do total das despesas orçadas com o total das despesas executadas.
relatório devem contribuir para o diálogo sobre a avaliação da gestão pública.
2. Resultados da composição das despesas.
Análise da despesa orçada por função e por natureza econômica e suas respectivas execuções. Fonte: traduzido e adaptado de Pefa framework (2016)
59 | ABRACICON SABER
dibilidade do orçamento (PEFA, 2016. p. 09). O tipo de amostragem ocorreu por acessibilidade, em virtude de terem sido selecionados os elementos disponíveis para possível realização da pesquisa (BAILEY,2008, p.56). Desta forma e em virtude de limitação nas disponibilidades das informações como amostra, apenas foram considerados e analisados dados orçamentários e contábeis de cinco estados (Acre, Amazonas, Mato Grosso, Pará e Rondônia). Os demais estados que compõem a amazônia legal brasileira não apresentaram dados completos em determinados exercícios financeiros de periodicidade do corte desta pesquisa. O pilar de avaliação do nível da gestão
por natureza econômica. Conforme orien-
compatibilização dos gastos planejados
das finanças públicas (GFP) desenvolvido
tação metodológica Pefa, foi excluída da
com os efetivamente realizados e nestes
pelo Pefa utilizado nesta pesquisa foi o
classificação por natureza econômica as
é demonstrado o nível de imprecisão e/ou
que analisa a confiabilidade orçamentária
despesas Juros e encargos da dívida. Da
precisão dos orçamentos.
ao utilizar os indicadores PI1 – Resultado
classificação por função foi subtraído do
das despesas agregadas e PI2 - Resulta-
montante de encargos especiais o valor
A fórmula utilizada para obtenção do
dos da composição das despesas.
dos juros e encargos da dívida.
percentual em PI1 foi: PI1ano = Módulo (totemp ano /totorc ano), já na utilização
O indicador PI-1 tem por objetivo analisar
O tratamento dos dados do mesmo modo
do PI2 foi a seguinte: PI1ano = Módulo
o resultado das despesas agregadas com-
foi realizado seguindo o programa Pefa
(totemp ano /totorc ano - 1).
paradas com o orçamento original apro-
com o auxílio do software Microsoft Ex-
vado e o PI2 de analisar a composição
cel 2013, por meio do qual foram ela-
Em seguida, as análises e avaliações
dos resultados das despesas comparados
boradas planilhas que permitiram tratar
ocorreram de acordo com as definições e
com o orçamento original aprovado.
dados quantitativos e obtenção dos ob-
procedimentos oriundos da metodologia
jetivos almejados. Os resultados obtidos
Pefa, na qual os estados são medidos em
Para o índice PI2, foram utilizadas as
são apresentados na forma de quadros e
uma escala ordinal de quatro pontos de
classificações das despesas por função e
gráficos, naqueles é observado o grau de
A a D, ou seja, de acordo com os parâ-
Quadro 7 – Variação das despesas e classificação Pefa entre os estados
Estados
% de Variação entre a execução e a fixação – 2014
ACRE
108%
AMAZONAS
106%
% de Variação entre a execução e a fixação - 2015
% de Variação entre a execução e a fixação – 2016
Classificação – Pefa
89%
86%
C
96%
93%
B
MATO GROSSO
96%
97%
91%
A
PARÁ
101%
103%
95%
A
RONDÔNIA 93% Fonte: elaborado pelos autores. Base: Siconfi.
80%
94%
B
60 | ARTIGO CIENTÍFICO
metros avaliados, são consideradas notas
exercícios financeiros, estes estados exe-
Dos estados analisados nesta pesquisa
de A (para resultados satisfatórios) até D
cutaram o orçamento, em termos percen-
para o indicador PI-1, nenhum obteve a
(resultados aquém do estabelecido).
tuais e gerais, bem próximo ao planejado,
classificação D do Pefa, a mais baixa da
sem considerar, para efeito de análise, as
metodologia.
Utilizaram-se os valores a preços corren-
possíveis variáveis socioeconômicas de
tes com propósito de revelar a realidade
intervenção.
dos valores à época de sua ocorrência.
Na análise do indicador PI-2 que mede a extensão da despesa orçada e a execução
Além disso esta pesquisa não se propôs a
Destaca-se que o Estado de Mato Gros-
tendo por base as principais categorias de
realizar comparações de valores entre os
so, em todos os anos analisados, obteve
composição da despesa (classificação),
anos de corte. Os resultados alcançados
economia de despesa, ou seja, os percen-
foram estratificados os valores percentu-
foram analisados segundo a metodologia
tuais de execução da despesa estiveram
ais da variação das despesas classificadas
Pefa considerando a escala ordinal ante-
abaixo da base dos valores planejados,
quanto à função e à natureza econômica.
riormente citada.
diferente do Estado do Pará, que apre-
Em relação às despesas por função, den-
sentou valores executados próximos ao
tre as 28 listadas conforme Portaria n.º
planejados, porém superiores, em dois
42/1999 do Ministério de Estado do Orça-
dos três anos estudados. Nota-se que,
mento e Gestão, foram destacadas quatro
Nesta seção são apresentados os resulta-
em relação à precisão da execução das
de maior volume financeiro e de impacto
dos que foram obtidos por meio da análi-
despesas com o planejado, o Pará obteve
social, as quais necessitam de intensa in-
se proposta neste artigo, tendo em vista
percentuais mais próximos da exatidão,
tervenção estatal. As funções destacadas
o alcance dos objetivos.
com destaque ao ano de 2014 no qual
para análise foram: educação, saúde, se-
variou em apenas 1%.
gurança pública e saneamento.
das despesas e classificação Pefa entre
Neste cenário, os estados do Amazonas e
Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geo-
os estados, extraído conforme metodo-
de Rondônia alcançaram a classificação B
grafia e Estatística (IBGE, 2011. p.230)
logia para o indicador PI-1, aplicado na
de compatibilização, em virtude de seus
evidencia que cerca de 9,2% da popula-
despesa total dos estados da Amazônia
resultados da despesa real se encontra-
ção amazônica não sabe ler nem escre-
Legal, demonstra que Mato Grosso e o
rem entre 90% e 110% do valor do orça-
ver, taxa essa acima da média brasileira
Pará são os que refletem maior confiabi-
mento aprovado em pelo menos dois dos
que foi de 7%. Essa região do país desta-
lidade orçamentária ao executar as des-
últimos três anos. Nesta classificação B,
ca-se ainda pelo alto índice de abandono
pesas em percentual próximo aos valores
destaca-se o Estado de Rondônia que, em
escolar, chegando a 14,7% dos alunos
planejados e desta forma alcançaram a
2015, alcançou percentual de execução
matriculados. Ou seja, crianças e jovens
classificação A, evidenciando compatibili-
da despesa em apenas 80% do planeja-
com idade escolar não estão nas escolas
zação satisfatória entre o planejamento e
do. Para o Estado do Amazonas, o pior
em virtude de vários fatores, entre eles,
a execução.
ano foi de 2016, no qual suas despesas
a precariedade das estruturas escolares.
Resultados da pesquisa
O Quadro 7, que evidencia a variação
reais se distanciaram das fixadas em 7 Essa classificação expressa a precisão
pontos percentuais.
orçamentária e o respeito ao planeja-
Quanto à saúde, há o contraste da grande demanda com a eficiência do atendimen-
mento durante a execução da despesa
O estado que apresentou pior desempe-
to. Nessa região apenas há 1,84 leitos
agregada. Assim e de acordo com o Qua-
nho foi o Acre, que, classificado na cate-
para cada mil habitantes quando o ideal,
dro 7, subentende-se que os estados de
goria C, demonstrou baixa compatibiliza-
segundo a Organização Mundial da Saúde
Mato Grosso e do Pará, que alcançaram a
ção orçamentária e nos últimos dois anos,
(OMS) é de 3 a 5 leitos para cada mil ha-
classificação A de compatibilização orça-
2015 e 2016, respectivamente, execução
bitantes (OMS, 2010. p.154).
mentária, obtiveram os objetivos das po-
das despesas totais em 89% e 86% em
líticas públicas alcançados, vez que esses
relação ao que foi planejado para o mes-
Na segurança pública, segundo o Fórum
objetivos foram traçados no momento da
mo período. Além disso, as despesas reais
Brasileiro de Segurança Pública (2015.
elaboração do orçamento, isto é, duran-
desse estado se distanciaram das fixadas
p.30) os estados da Amazônia Legal bra-
te o planejamento governamental e nos
em 8 pontos percentuais no ano de 2014.
sileira são marcados por conflitos, tanto
ACRE
AMAZONAS
MATO GROSSO
PARÁ
RONDÔNIA
Despesa por função
Classificação - Metodologia PEFA
Classificação - Metodologia PEFA
Classificação - Metodologia PEFA
Classificação - Metodologia PEFA
Classificação Metodologia PEFA
EDUCAÇÃO
A
C
C
B
B
SAÚDE
B
D
C
A
A
SEGURANÇA PÚBLICA
B
SANEAMENTO D Fonte: elaborado pelos autores. Base: Siconfi.
B
B
C
B
D
D
D
D
urbanos quanto rurais. O grande contin-
Essas funções, nos estados da Amazônia
Estado do Amazonas figura-se como esta-
gente populacional das capitais amazôni-
Legal, representam áreas estratégicas e
do de maior incompabilidade dos gastos
cas dos últimos anos desencadeou sur-
de grande demanda, considerando a situ-
executados em relação ao planejado, pois
gimento de narcotraficantes e conflitos
ação socioeconômica dos estados objetos
foi o único a perfazer, na análise das des-
pelo controle da venda de entorpecentes
deste estudo. Desta forma, a eficiência no
pesas por função, duas notas (classifica-
nas grandes cidades e ocasionou a exis-
planejamento dos gastos e na execução
ção) D ocorridas nos gastos da saúde e no
tência de grupos de extermínios, milícias
das despesas vinculadas as áreas desta-
saneamento e nenhuma classificação A.
organizadas e rebeliões e massacres em
cadas representa meios de melhorias de
presídios. No campo, os conflitos existem
vida da população amazônica, e o único
Segue o Quadro 8 com a performance
há décadas em virtudes da presença de
agente capaz de garantir essa melhoria
dos estados nas funções destacadas nos
grileiros e posseiros e ausência do estado
é o Estado.
anos de 2014 a 2016, segundo a metodo-
na solução da problemática.
logia adotada nesta pesquisa: Pelo Quadro 8, é possível perceber a he-
No saneamento, a região amazônica é a
terogeneidade das classificações de cada
Quanto à função educação, observa-se no
que apresenta os piores índices do Brasil.
estado quanto ao grau de compatibiliza-
Gráfico 1 que o Estado do Acre alcançou o
Segundo dados do Sistema Nacional de In-
ção entre o planejamento e a execução
melhor desempenho na variação da execu-
formações sobre Saneamento (SNIS 2015,
nas despesas por função, alcançando os
ção da despesa com o planejado, em vir-
p.30) apenas 16,42% do esgoto nesta re-
níveis extremos, isto é, A e D. Portanto,
tude de manter a média de desvio de 4%
gião do país é tratado, e o índice de aten-
observa-se que a maioria dos estados ga-
tanto a maior quanto a menor na execução.
dimento de esgoto é de 8,66% da popu-
rantiu a classificação A em uma função.
lação. Quanto ao abastecimento de água,
Enquanto o Acre obteve na Educação, o
A pior classificação nesta função ficou
apenas 57% das casas são atendidas.
Pará e Rondônia garantiram na Saúde. O
com Amazonas e Mato Grosso, sendo que
Gráfico 1 – Despesa na função educação
aquele variou em -24% no ano de 2016 e este variou em 26% em 2014. Destaca-se que as variações do Amazonas representadas no Gráfico 1 demonstram que o estado executou menos despesa do que havia planejado na educação nos três anos analisados. Considerando a área da educação como um dos pilares para o desenvolvimento social, essa variação é, sem dúvida, preocupante ao Estado do Amazonas. Cabe salientar que o último índice de avaliação
Fonte: elaborado pelos autores. Base: Siconfi.
da educação (Ideb) daquele estado foi de
61 | ABRACICON SABER
Quadro 8 – Classificação dos estados nas despesas por função
62 | ARTIGO CIENTÍFICO
Gráfico 2 – Despesa na função saúde
3,5 pontos, em uma escala de 0 a 10 pontos, para as escolas de nível médio de responsabilidade estadual. Este índice mede e avalia a educação nos estados e municípios brasileiros no intervalo de dois anos. Os demais estados obtiveram classificação B de compatibilização orçamentária, em virtude de manter seus percentuais de precisão inferiores a 10% em pelo menos dois dos últimos três anos, com destaque ao Estado do Pará, que obteve, em 2015, 2% de variação. Rondônia demonstra por
Fonte: elaborado pelos autores. Base: Siconfi.
meio de suas variações negativas que
variação de apenas 2,6% nos exercícios
a 15% nos três anos analisados. Foi ob-
executou despesas a menor do que havia
analisados. Desta forma, dessume-se que,
servado ainda que, nos três exercícios, o
planejado nos três exercícios estudados.
considerando que os gastos obtiveram ele-
estado gastou acima do planejado e que
Cabe destaque que, possivelmente em
vada precisão orçamentária, teoricamente,
esse gasto esteve em uma escala cres-
virtude da recessão econômica vivencia-
os mesmos alcançaram os objetivos pro-
cente com destaque para variação de
da pelo Brasil no ano de 2015 e intensi-
postos pelas políticas públicas nessa área.
2014 a 2015 em oito pontos percentuais
ficada em 2016, todos os estados neste
no período.
ano de 2016 tiveram suas execuções de
O Acre ficou com avaliação B em virtude
despesas a menor do que haviam plane-
de conseguir manter em pelo menos dois
A pior classificação pairou sobre o Es-
jado, demonstrando assim, que durante
exercícios variação percentual inferior a
tado do Amazonas, com percentuais de
a elaboração do orçamento, não foram
10%. Contudo, é possível observar que,
variação em média de 19,6% nos anos
elaboradas as devidas projeção e análise
no ano de 2014, obteve variação de 25%
pesquisados, com destaque ao exercício
das proporções econômicas a vivenciar
nessa função. Essa variação a maior, ou
de 2014 quando alcançou o montante de
na crise pelos referidos estados.
seja, execução acima do planejado, refle-
23% de imprecisão orçamentária.
te a ocorrência ou de situações emergenQuanto à despesa na função saúde, ob-
ciais e imprevistas na função saúde ou
Segundo dados do sistema do Ministério
serva-se que (Quadro 2).
falta de metodologia adequada na elabo-
da Saúde do Brasil (DATASUS, 2017), o
ração do planejamento.
Amazonas gastou em saúde em média
Os melhores desempenhos quanto à pre-
21,7% das receitas líquidas de impostos
cisão orçamentária nos gastos com saúde
Compatibilização intermediária foi ob-
e transferências constitucionais e legais,
ficaram por conta dos estados do Pará e
tida por Mato Grosso, com classificação
valor este bem acima do piso de gastos
Rondônia, os quais obtiveram média de
C, o qual apresentou percentual inferior
constitucionais dos estados que é de 12%.
Gráfico 3 – Despesa na função segurança pública
Cabe destacar que, geralmente, o que se observa nos estados, são gastos próximos do piso constitucional nesta função, fato este não percebido no Amazonas. Esse descompasso nos gastos permite entender que o estado não se planeja a contento nesta área social ou resolveu fomentar políticas públicas que antes não haviam sido planejadas ou foram consideradas de urgência para solucionar problemas emergenciais.
Fonte: elaborado pelos autores. Base: Siconfi.
percentuais nesta função nos anos avaliados, seguido de Mato Grosso e Amazonas. O Estado do Pará foi o único a executar despesa acima do planejado, fato ocorrido no exercício de 2016, chegando à variação de 21%. Pesquisa do SNIS (2015.p.37), as cinco piores cidades brasileiras na questão saneamento estão na região da amazônia le-
Fonte: elaborado pelos autores. Base: Siconfi.
gal. A falta de planejamento, eficácia e efi-
Em relação à segurança pública, os da-
A classificação menor coube ao Pará. Nesta
ciência nos gastos nesta área de governo
dos orçamentários tanto de planejamento
função este estado alcançou classificação
ocasiona gastos emergenciais em saúde,
quanto de execução da função segurança
C, pois sua execução orçamentária distan-
pois doenças como leptospirose e amebía-
pública estão ilustrados no Gráfico 3.
ciou da fixação da despesa em percentual
ses são frequentes nessa região.
inferior a 15% em pelo menos dois anos. Considerando as ações planejadas e
Cabe destacar que, nos três exercícios
Ainda sobre o indicador PI2, é proposta
geridas, foi verificado no Quadro 8 que
em análise, o Pará não obteve economia
análise considerando a classificação das
nenhum estado obteve a classificação A
de despesa na função segurança pública,
despesas por natureza econômica (corren-
nem D de compatibilização orçamentária
gastando acima dos valores planejados,
te e de capital). A classificação por nature-
na função segurança pública. A maioria
chegando a 21% no ano de 2014.
za econômica tem o objetivo de propiciar elementos para avaliação do efeito econô-
dos estados ficou com o nível B de classificação Pefa em virtude dos gastos acom-
Na função saneamento, todos os estados
mico das transações do setor público. Essa
panharem os dados do planejamento com
analisados foram mal avaliados. Confor-
classificação se desdobra em categoria
variação inferior a 10% em pelo menos
me Quadro 8, a classificação D foi comum
econômica e grupo de despesa.
dois dos últimos três anos, com destaque
a todos. Cabe destacar que as execuções
ao Amazonas, que, possivelmente, consi-
de despesas nos estados ocorreram bem
A seguir, é apresentado Quadro 9 de de-
derando as crises penitenciárias naquele
abaixo do planejado.
sempenho e avaliação dos estados da amazônia legal e classificação quanto à
estado, executou as despesas nos últimos três anos mais próximo aos valores orça-
No Gráfico 4, que evidencia os percentu-
compatibilização orçamentária por nature-
dos, proporcionando inferir que a situa-
ais dos estados quanto à execução orça-
za econômica.
ção e a realidade daquele estado, nessa
mentária e imprecisão ao orçamento na
função de governo, foram levadas em
função saneamento, é observado que a
Observa-se pelo Quadro 9 que todos os
consideração no momento da confecção
imprecisão chegou a 100% no Estado de
estados analisados, com exceção do Pará,
do planejamento do gasto.
Rondônia no ano de 2015. Não obstan-
evidenciaram tanto a melhor quanto a
Quadro 9 – Despesas por natureza econômica e classificação Pefa dos estados
Natureza econômica da Despesa DESPESAS CORRENTES
ACRE
AMAZONAS
MATO GROSSO
PARÁ
RONDÔNIA
Classificação - Metodologia PEFA
Classificação - Metodologia PEFA
Classificação - Metodologia PEFA
Classificação - Metodologia PEFA
Classificação Metodologia PEFA
A
A
A
B
A
Pessoal e Enc.Sociais
A
A
B
B
A
DESPESAS DE CAPITAL
D
D
D
D
D
D
D
D
D
Investimentos D Fonte: elaborado pelos autores. Base: Siconfi.
63 | ABRACICON SABER
te este estado foi o que obteve os piores
Gráfico 4 – Despesa na função saneamento
64 | ARTIGO CIENTÍFICO
Gráfico 5 – Variação das despesas correntes
Entre os resultados de cada ano do Estado de Mato Grosso não houve grande oscilação; a maior variação encontrada foi na ordem de 7% no ano de 2015, e nos anos extremos da pesquisa, os percentuais atingiram o valor de 4% em 2014 e -3% em 2016, como ilustra o Gráfico 5. Ao analisar o Gráfico 6, resta evidente que, dentre os estados estudados, Rondônia apresentou maior nível de precisão
Fonte: elaborado pelos autores. Base: Siconfi.
na execução deste grupo de despesa em pior classificação, quando aplicado o indi-
nas, Mato Grosso e Rondônia alcançaram
relação aos valores planejados, vez que os
cador PI-2 da metodologia Pefa na com-
o nível A. O Pará atingiu o nível B neste
percentuais apresentados, nos três anos,
posição por natureza. Resta claro ainda
indicador, pois dos três anos analisados,
estão mais próximos de 0%. Em 2014 em
a similaridade no desempenho da com-
dois apresentaram a variação das despe-
2 pontos negativos; em 2015 em 1 ponto
patibilização dos gastos planejados com
sas correntes inferior a 10%. O Gráfico
negativo; e em 2016 em 5 pontos positivos.
os executados, apontando para o cenário
5 demonstra, nos anos de 2014 e 2015,
no qual os grupos de despesa em todos
respectivamente, os percentuais de 6% e
Por outro lado, o estado que apresentou
os estados acompanharam a classificação
8% neste estado, enquanto que em 2016
menor precisão na execução deste grupo
da respectiva categoria econômica, com
o percentual encontrado foi de -1%.
de despesa foi Mato Grosso, que demons-
exceção de Mato Grosso, especificamente
trou variação das despesas com pessoal
nas despesas correntes, onde a classifica-
Em relação aos demais estados, classifi-
e encargos sociais executadas de 9% em
ção foi diferente na categoria econômica
cados no nível A, o Acre, o Amazonas e
2014, 12% em 2015 e 5% em 2016, em
e no grupo de despesa.
Rondônia apresentaram comportamento
relação aos valores planejados.
das despesas correntes similar, diferente Enquanto a categoria econômica despe-
de Mato Grosso. A variação na composi-
Cabe destacar que a despesa com pes-
sas correntes e o grupo de despesa pes-
ção das despesas daqueles estados foi
soal e encargos sociais é de fácil proje-
soal e encargos sociais alcançaram clas-
nula ou até, no máximo, 2% positivo ou
ção e administração, pois, no momento
sificação A ou B, com maiores níveis de
negativo em dois exercícios e no outro
do planejamento de gastos, informações
compatibilização, a categoria econômica
exercício se demonstrou mais destacada,
importantes como salários, quantidade de
despesas de capital e o grupo de despesa
na faixa de 15% para mais em 2014 no
servidores, reajustes e possíveis reajustes
investimentos apresentaram classificação
Acre; 13% para mais também em 2014
são previamente conhecidos, estimados
D em todos os estados, revelando incom-
no Amazonas; e 15% para menos em
e projetados pela administração para o
patibilização na execução em relação ao
2015 em Rondônia.
exercício dos gastos.
planejamento.
Gráfico 6 – Variação das despesas com pessoal e encargos Registra-se que, de todas as classificações admitidas pelo indicador, que perpassam pelos resultados A, B, C e D, nenhuma das despesas apresentadas, quanto à natureza econômica, alcançou o nível C. Analisando o Quadro 9 e o Gáfico 5, é possível absorver que somente o Pará não obteve a melhor classificação, ao passo que os estados do Acre, AmazoFonte: elaborado pelos autores. Base: Siconfi.
obras, inclusive com a aquisição de imóveis considerados necessários à realização daquelas, e com a aquisição de instalações, equipamentos e material permanente. Percebe-se que este tipo de despesa, em momentos de crise econômica, é o que mais sofre cortes orçamentários em virtude da não obrigatoriedade legal de seus gastos nem existência de imposição de limites mínimos de gastos necessários anualmen-
Fonte: Elaborado pelos autores. Base: Siconfi.
te. Desta forma, e considerando ainda a característica da não imposição do orçamento
As despesas para a formação ou aquisi-
O Gráfico 7 revela, então, grande dese-
no Brasil, os gestores públicos optam em
ção de um bem de capital apresentaram
quilíbrio entre o planejado e o executado
realizar economia nesse grupo de despesa.
o pior cenário de resultados da pesquisa,
nesta categoria econômica e exprime que
em conjunto com o grupo de despesas In-
as despesas de capital executadas foram
Destaca-se que todos os entes federativos
vestimentos que pertence a essa categoria
aquém das planejadas em todos os anos
analisados, em todos os exercícios, exe-
econômica. Todos os estados obtiveram a
e em todos os estados, ou seja, a impre-
classificação D de compatibilização orça-
cisão neste contexto revela a variação
mentária, sendo que somente em um dos
negativa dessa categoria econômica no
anos estudados (2014) e em um dos esta-
universo de pesquisa.
dos (Acre) o percentual de variação demonstrado não ultrapassou 10% negativos.
cutaram suas despesas de investimentos em valores bem inferiores aos fixados no orçamento, demonstrando sucessivo desequilíbrio entre o planejamento e a execução desse grupo econômico.
Acompanhando o desempenho das des-
Assim como no cenário da categoria eco-
pesas de capital, o grupo de despesas
nômica despesa de capital, no geral, a va-
Nos demais anos de execução do Esta-
investimentos apresentou alto grau de
riação dos investimentos ainda que alta, foi
do do Acre, bem como em todos os anos
imprecisão da execução em relação ao
menor no Estado do Pará, se comparado
analisados dos estados do Amazonas,
planejamento. Dos cenários apresentados
aos demais estados da Amazônia Legal. No
Mato Grosso, Pará e Rondônia, houve alto
em cada ano, o Estado do Acre demons-
ano de 2014, a variação foi de -20%, no
nível de imprecisão das projeções finan-
trou a menor (-8% em 2014) e a maior
ano de 2015 de -28% e no ano de 2016
ceiras nesta categoria, em especial no Es-
(-76% em 2016) variação.
de -38%.
tado de Rondônia, cujo cenário apontou para variação de mais de 50% em dois
Despesas de investimentos são os dispên-
dos três anos em destaque.
dios com o planejamento e a execução de
Conclusão do Desenvolvimento do Tema A presente pesquisa objetivou, de forma
Gráfico 8 – Variação dos investimentos
geral, verificar o grau de compatibilização dos gastos planejados com os efetivamente realizados pelo setor público na região amazônica brasileira, segundo a metodologia Pefa e de forma específica, aferir as despesas que, em sua execução, mais se aproximam e, se distanciam do planejado e analisar o nível de precisão dos orçamentos públicos. O estudo foi baseado na metodologia Pefa de avaliação do nível da gestão das finan-
Fonte: elaborado pelos autores. Base: Siconfi.
ças públicas (GFP) que possui como um
65 | ABRACICON SABER
Gráfico 7 – Variação das despesas de capital
66 | ARTIGO CIENTÍFICO
dos seus sete pilares de avaliação o da confiabilidade orçamentária a qual, para realização do diagnóstico, se fundamenta em afirmar que o orçamento possui como objetivo o acompanhamento e análise da alocação orçamentária eficiente, respeito e simetria da execução com o planejamento orçamentário e eficiência operacional dos gastos públicos. Em relação ao indicador PI-1 aplicado na despesa total dos estados da amazônia legal foi verificado que o grau de compatibilização dos valores planejados com os executados foi alto nos estados de Mato Grosso e do Pará, os quais alcançaram classifica-
senvolvimento social, essa incompatibiliza-
os piores percentuais nesta função nos
ção A. Porém cada estado alcançou esse
ção é, sem dúvida, preocupante ao futuro
anos avaliados, seguido de Mato Grosso
resultado de forma diferente, ou seja, Mato
dos estados em questão.
e Amazonas.
despesa nos três exercícios analisados e o
Na saúde a melhor classificação coube ao
Quanto à classificação das despesas por
Pará com a apresentação de gastos maio-
Pará e Rondônia. Esses estados atingiram
natureza econômica, houve similaridade
res que o planejado em dois dos três anos
o nível A de compatibilização, pois obti-
no desempenho da compatibilização dos
estudados.
veram precisão inferior a 5% dos gastos
gastos planejados com os executados
executados com relação ao planejado nos
nos grupos de despesas em relação à
O pior cenário ficou por conta do estado do
três exercícios pesquisados. Assim como a
categoria econômica pertencente, com
Acre, que obteve a classificação C, em vir-
educação, a pior classificação em relação à
exceção do cenário do Estado de Mato
tude de executar despesas bem abaixo do
compatibilização dos gastos da saúde foi do
Grosso. No tocante à categoria econô-
planejado em dois dos três anos pesquisa-
Estado do Amazonas. Esse estado obteve
mica despesas correntes e ao grupo de
dos. Dos estados analisados nesta pesqui-
a classificação D em virtude de realização
despesa pessoal e encargos sociais, to-
sa para o indicador PI-1, nenhum obteve
de gastos bem maiores do que o planejado
dos os estados conseguiram avaliação
a classificação D do Pefa, a mais baixa da
nos três exercícios pesquisados.
A e/ou B. As despesas de capital prota-
Grosso o obteve por meio de economia de
gonizaram cenário ruim nos resultados,
metodologia. Nos gastos por área de atuação governa-
em conjunto com o grupo de despesas
Quanto ao indicador PI-2, que mede a ex-
mental (função), a melhor classificação
Investimentos que pertence a essa cate-
tensão da despesa orçada e sua execução
atingida pelo Estado do Amazonas foi na
goria econômica nas quais todos os esta-
tendo por base as principais categorias de
área da segurança pública que, junto com
dos obtiveram a classificação D.
composição da despesa (classificação),
Acre, Mato Grosso e Rondônia, alcançou
em relação às despesas por função, foram
nível B na pontuação Pefa em virtude de
Portanto, com os dados desta pesquisa,
destacadas para análise nesta pesquisa
manter precisão orçamentária inferior a
percebeu-se que, entre os estados da
aquelas de maior demanda social e volume
10% durante a execução das despesas
Amazônia Legal, quanto à análise agre-
orçamentário como: educação, saúde, se-
em dois dos três exercícios estudados.
gada de compatibilização do orçamento com os gastos, Mato Grosso e Pará foram
gurança pública e saneamento. No saneamento todos os estados anali-
os mais bem avaliados. Quanto à análise
Na área da educação, foi percebido que a
sados foram mal avaliados, apresentando
da composição das despesas, o Estado
melhor classificação pertenceu ao Estado
baixo grau de compatibilização entre o
do Amazonas figurou-se como de maior
do Acre (nível A) e a pior aos estados do
planejamento e a execução. A classifica-
incompatibilidade dos gastos executados
Amazonas e de Mato Grosso (nível C), nes-
ção D foi comum a todos. Cabe destacar
em relação ao planejado. Os demais esta-
tes em virtude de a variação de execução
que a execução das despesas chegou
dos mantiveram performances simulares
ter sido inferior ao planejado em até 15%
a 100 pontos negativos no Estado de
de compatibilização com momentos de
em dois dos três exercícios. Entendendo a
Rondônia no ano de 2015 em relação ao
alta e baixa classificação dentro do pro-
educação como um dos pilares para o de-
planejado. Este estado foi o que obteve
posto pela metodologia Pefa.
çamentárias observadas neste trabalho podem ser decorrentes de superestimação ou subestimação das despesas durante a confecção do orçamento (planejamento), insuficiência de dados e informações necessárias durante a elaboração do planejamento, situações emergenciais em decorrência de fatos urgentes e imprevisíveis durante a execução e ainda circunstâncias de má gestão com gastos ineficientes e sem efetividade no tocante à solução de políticas públicas empregadas sem ocasionar retorno social esperado. Para futuras pesquisas, recomenda-se investigar as possíveis ações que ocasionaram as incompatibilizações orçamentárias encontradas neste trabalho e averiguar a efetividade dos gastos públicos, pois, além de manter a compatibilização da execução do orçamento com o planejamento, é importante verificar se existe efetiva aplicação dos gastos ao bem-estar da sociedade amazônica. Sugere-se, como outra linha de pesquisa, aplicar o indicador PI-3 da metodologia Pefa nos orçamentos públicos da região amazônica brasileira com o fim de verificar o grau de compatibilização das receitas planejadas com as efetivamente realizadas pelo setor
das áreas do ciclo de gestão: contabilidade, orçamento e auditoria e organização dos controles internos, como suporte à governança corporativa. São Paulo, Brasil: Atlas quarta edição. Forum Brasileiro de Segurança Pública (2015). 9º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Obtido em 15 de junho de 2017, de http://www. forumseguranca.org.br/publicacoes/9o-anuario-brasileiro-de-seguranca-publica/. Freire, A. (2016). Natureza impositiva do orçamento público e EC 86/2015. Obtido em 14 de junho de 2017, de http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,natureza-impositiva-do-orcamento-publico-e-ec-862015,55214.html. Giacomoni, J. (2012). Orçamento público. São Paulo, Brasil: Atlas décima sexta edição. Ampliada, revista e atualizada. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (1992-2011). Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Obtido em 16 de junho de 2017, de http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/ Kohama, H. (2013). Contabilidade pública: teoria e prática. São Paulo, Brasil: Atlas décima terceira edição. Lei nº 4.320. Diário Oficial da União, Brasilia, Brasil, 04 de maio de 1964. Machado, N., Holanda, V. B, Filho, J. F. B., Lopes, J. e Pederneiras, M. (2012). GBRSP- Gestão baseada em resultado no setor público: uma abordagem didática para implementação em prefeituras, câmaras municipais, autarquias, fundações e unidades organizacionais. São Paulo, Brasil: Atlas primeira edição.
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Rafael Larêdo Mendonça é Graduado em Ciências Contábeis e Mestrado em Administração pela Universidade da Amazônia (Unama). Possui ainda Especialização em Gestão Pública (Cesupa). É Auditor de Controle Externo no Tribunal de Contas do Estado do Pará, Professor universitário e Pesquisador na temática de avaliação de governo por meio das contas públicas.
Jessika Caroline Souza Costa é graduada em Ciências Contábeis e Especialização em Contabilidade e Gestão de Finanças Empresariais pela Universidade Federal do Pará (UFPa). Possui ainda Especialização em Auditoria e Perícia Contábil pela Faculdade Ideal (FACI). É auditora de Controle Externo no Tribunal de Contas do Estado do Pará e Pesquisadora na temática de avaliação de governo por meio das contas públicas.
67 | ABRACICON SABER
As incompatibilizações ou imprecisões or-
68 | ARTIGO PREMIADO
Impacto da nova contabilidade pública nos regimes próprios de Previdência Social Por Luiz Lopes Feitosa Filho
T
rata o artigo da nova
a um controle rigoroso da situação patri-
ficação de transparência e a necessidade
contabilidade pública em
monial. Conclui-se que os RPPS quando
de informações, práticas e procedimentos
uma ênfase patrimonial
aplicam os fundamentos, normas e prin-
contábeis confiáveis acerca da situação
ancorada nas Normas Brasileiras de Con-
cípios de contabilidade, são impactados
patrimonial das entidades do setor pú-
tabilidade Aplicadas ao Setor Público e aos
por essa nova contabilidade e essa instru-
blico, certamente, capitanearam as mu-
princípios de contabilidade, em um con-
mentaliza a boa evidenciação patrimonial
danças na contabilidade do setor público;
texto de aplicabilidade nos regimes pró-
e atende ao princípio constitucional dos
isso, somado a uma crise deficitária na
prios de previdência social (RPPS), cujo
RPPS, que é a sua sustentabilidade. Como
previdência social, com reformas em cur-
foco desses é a garantia de manutenção
recurso metodológico, utilizou-se da revi-
so, e à preocupação da sociedade com o
da sustentabilidade financeira e atuarial
são bibliográfica e de outras fontes, em
futuro dessa previdência sustenta o im-
através do controle e evidenciação do seu
uma abordagem qualitativa.
perativo para que os regimes próprios de
patrimônio. Tem como objetivo demons-
previdência social (RPPS) - apliquem essa
trar a contribuição da nova contabilida-
Palavras – chave: patrimônio público.
de pública para os RPPS e o que de fato
Princípios de contabilidade. Sustentabili-
impacta na situação patrimonial desses
dade previdenciária. NBCASP.
regimes numa visão de longo prazo. Defende-se que a nova contabilidade pública
nova contabilidade. Nesse contexto, os RPPS, por exigência constitucional, têm como foco a susten-
INTRODUÇÃO
trouxe para os RPPS inovações em termos
tabilidade do regime, que é o equilíbrio financeiro e atuarial. Para tanto, a busca
conceituais e práticos que aplicam direta-
As constantes mudanças do cenário eco-
desse equilíbrio envolve o uso de soluções
mente nos registros contábeis necessários
nômico globalizado, a exigência de certi-
elencadas em normativos legais que os
O objetivo deste estudo, que não tem a
próprios de previdência social, adentrando
bil dos fatos que afetam o patrimônio na
intenção de esgotar o tema, é mostrar a
os conceitos e aspectos patrimoniais desta
esteira de fornecer informações evidencia-
contribuição da nova contabilidade pública
nova contabilidade que impactam nesses
das em suas demonstrações.
para os regimes próprios de previdência
regimes de previdência social.
social em uma perspectiva de impacto no A garantia do equilíbrio financeiro em
patrimônio desse regime.
Regimes Próprios de Previdência Social – RPPS
qualquer atividade está nas ações conscientes e responsáveis do gestor. A con-
Para a realização desta pesquisa, foi feito
tabilidade, por sua vez, é organizada para
um estudo com revisão bibliográfica, com
A Constituição Federal do Brasil de 1988,
mostrar ou refletir nas suas informações
o uso do procedimento de análise docu-
pelo seu Art. 145, § 1º, consagrou os
os efeitos dessas ações (REIS, 2002).
mental em fontes primárias, tais como
RPPS quando fixou que os estados, o
as portarias e leis do Ministério da Pre-
Distrito Federal e os municípios instituem
Dessa forma, os princípios contábeis da
vidência Social sobre RPPS, as NBCASPs,
contribuição, cobrada de seus servido-
competência e da oportunidade que ba-
as resoluções do CFC, cartilhas da STN e
res para o custeio dos benefícios destes,
lizam os padrões de contabilidade inter-
outras legislações contábeis. Como fontes
com criação de alíquota não inferior à de
nacional como premissas básicas dão suporte ao registro contábil dos fatos que modificam a situação patrimonial, quali-quantitativamente, e contribuem para a correta evidenciação e mensuração do patrimônio de uma entidade, seja pública ou privada. Dessa forma, a questão que se coloca como problemática da pesquisa é: Qual o impacto da nova contabilidade pública, sob a ótica patrimonial e em um longo prazo, para os regimes próprios de previdência social? Para encontrar respostas dessa problemática, procura-se identificar em uma revi-
Como regra geral, a filiação é obrigatória, possui caráter contributivo e permite a criação de fundo integrado de bens, direitos e ativos.
são da literatura relativa ao tema a análise
contribuição dos servidores da União. As condições e orientações acerca da criação desses regimes encontram-se amparadas no Art. 40, do texto constitucional. Conforme Art. 40 da carta magna de 1988, o regime próprio de previdência social é instituído por lei de cada ente federativo e abarca servidores públicos titulares de cargos efetivos civis da União, estados, Distrito Federal e municípios e militares dos estados e Distrito Federal. Como regra geral, a filiação é obrigatória, possui caráter contributivo e permite a criação de fundo integrado de bens, direitos e ativos. Pelo mesmo artigo, ficou garantido que os
dos conceitos e da legislação; e a compre-
secundárias, foi feita análise de conceitos
RPPS deverão assegurar ao servidor públi-
ensão das normas e princípios contábeis
e teorias em livros, revistas e em anais de
co, pelo menos os benefícios de aposenta-
aplicados ao setor público no tocante ao
congresso. Quanto aos objetivos, o estudo
doria e pensão.
objeto de estudo — os RPPS.
se evidencia descritivo e, em relação à for-
Assim, o interesse da pesquisa se justifica
ma de abordagem da problemática, a pes-
O Art. 40; com redação dada pela EC n.º
quisa apontou para um estudo qualitativo.
41/2003, estabelece que aos servidores
pela a importância da previdência social para a sociedade e, principalmente, por
contemplados com o regime próprio é REVISÃO DA LITERATURA
conhecer os reflexos da nova contabili-
assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, através de
dade pública nos RPPS, no tocante ao
O referencial teórico deste artigo está
contribuição do respectivo ente público
controle e à valorização do patrimônio
concentrado em três eixos centrais e
instituidor do regime, dos servidores ati-
desses regimes, que, em última análise, é
encontra-se distribuídos em três catego-
vos e inativos e dos pensionistas, observa-
da sociedade. Há também como interesse
rias: a primeira trata do regime próprio
dos os critérios que preservem o equilíbrio
no estudo contribuir na evolução dos co-
de previdência social dos servidores pú-
financeiro e atuarial.
nhecimentos sobre contabilidade pública,
blicos; a segunda aborda a contabilidade
sobre RPPS e para a sociedade pela di-
aplicada ao setor público em uma ênfase
A lei federal n.º 9.717/1998 estabelece
vulgação da importância dos regimes pró-
de “nova contabilidade patrimonial”; e a
que os RPPS devem ser organizados com
prios de previdência social dos servidores
terceira categoria enfatiza os reflexos da
base em normas gerais de contabilidade
públicos e suas implicações futuras.
nova contabilidade pública nos regimes
e atuária, de modo a garantir o seu equi-
69 | ABRACICON SABER
constituíram e o acurado controle contá-
70 | ARTIGO PREMIADO
líbrio financeiro e atuarial, cujos parâme-
Uma previsão um tanto vaga, que, na opi-
Contabilidade Aplicada ao Setor Pú-
tros e diretrizes de organização e funcio-
nião de Nogueira (2012, p.157), “nunca
blico: a “nova contabilidade patrimo-
namento estão disciplinados na Portaria
de fato observada com seriedade, seja
nial”
MPS nº 402/2008.
pelos regimes de previdência dos servi-
Segundo Lima e Guimarães (2009, p.12),
dores públicos, seja pelo regime geral de
Resultante da globalização, surgem a ne-
previdência social”.
cessidade de fortalecimento dos mercados
“a organização dos RPPS demandou a
de capitais e a busca de um incremento de
instituição de normas gerais de contabi-
Com efeito, não havia legalmente lastro
transparência na aplicação dos recursos;
lidade e atuária que garantissem o equi-
como fonte de cobertura para os benefí-
isso ancorou um potencial de mudança
líbrio financeiro e atuarial do sistema de
cios e serviços de assistência para a previ-
na contabilidade pública, na esteira de
previdência social”. Isso porque, para se
dência social dos servidores públicos. A lei
ser praticada nos moldes da contabilidade
preservar o equilíbrio financeiro, é neces-
n.º 9.717, de 1998, veio corrigir esse des-
privada. Nesse contexto, ocorrera a mo-
sário que haja a equivalência entre as re-
vio e disciplinar o prévio estudo atuarial
vimentação de estudos teóricos, instru-
ceitas auferidas e as obrigações do RPPS
para fazer face ao equilíbrio dos regimes.
mentalização legal e institucionalização da
em cada exercício, conforme determina a Portaria MPS n.º 403/2008.
convergência do modelo de contabilidade As normas internacionais de contabilidade
praticada até então no Brasil aos padrões
para o setor público menciona esse aspec-
internacionais.
Quanto ao equilíbrio atuarial, segundo
to de obrigações de politica social em uma
Lima e Guimarães (2009, p.11), esse “re-
nuance de controvérsia quanto ao tempo
Dessa forma, instituições de contabilida-
presenta a garantia de equivalência, a
de registro, pelos governos, desse passi-
de nacional e entidades federais reúnem
valor presente, entre o fluxo das receitas
vo previdenciário. A esse respeito, opinou
esforços no sentido de iniciar o processo
estimadas e das obrigações projetadas,
Hughes (2007, p. 196), “esses aspectos
de convergência através de adequação de
apuradas atuarialmente, a longo prazo”.
são polêmicos do ponto de vista do mo-
padrões e procedimentos, com tradução
mento em que devem ser considerados
das IPSAS; emissão de cartilha; ancorando
passivos de longo prazo”.
congressos de contabilidade internacional
Historicamente a busca do equilíbrio financeiro e atuarial já existia como princípio im-
e de gestão pública; edição de novas e de
plícito da previdência social e de toda a se-
No Brasil, assim como em outros países,
guridade social, na forma estabelecida pelo
a obrigação é permanente e deve ser re-
§5º do Art. 195 da Constituição Federal de
gistrada na contabilidade como um passi-
Em 2007, o Conselho Federal de Contabi-
1988, no qual dita que “nenhum beneficio
vo de longo prazo, com base em estudos
lidade, com a edição da Resolução CFC de
ou serviço da seguridade social poderá ser
atuariais, como uma provisão matemática
n.º 1.111, já se manifestava a respeito do
criado, majorado ou estendido sem a cor-
previdenciária.
fortalecimento dos princípios da compe-
respondente fonte de custeio total”.
alterações em resoluções, entre outras.
tência e da oportunidade como basilares na busca da conformidade com as diretrizes das normas internacionais (IPSAS). Posteriormente em 2008, após longos estudos com ampla participação de profissionais da contabilidade, estudantes, servidores públicos, conselhos regionais de contabilidade e organismos públicos, o CFC edita as Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público – NBCASP, depois nominadas de NBCTSP. Paralelo a isso, a Secretaria do Tesouro nacional, através de grupo técnico de padronização de procedimentos contábeis, publica o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público. As NBCASPs, consideradas o marco referencial da nova contabilidade pública, da
me NBC T 16 “é o ramo da ciência contábil que aplica, no processo gerador de informações, os princípios de contabilidade e as normas contábeis direcionados ao controle patrimonial de entidades do setor público” (CFC, 2008). Com esse conceito, há o fortalecimento da evidenciação do patrimônio nas entidades do setor público, modificando do enfoque orçamentário para o patrimonial. No entanto,
apesar
de
esse
conceito
transformar a contabilidade pública para “contabilidade patrimonial”, essa, se for feita uma leitura na base legal, observase que, desde 1964, com a publicação da Lei federal n.º 4.320, esta já consagrava como obrigatoriedade o registro dos fatos que afetam o patrimônio das entidades governamentais, basta um olhar para o Arts. 89, 100 e 104 (MACHADO JR.; REIS,
Observa-se, com a síntese dos objetivos dessa nova contabilidade pública, que os aspectos orçamentários da contabilidade não foram descartados. O que ocorreu de fato, foi a mudança de foco; antes somente orçamentário, passou a contemplar com bastante ênfase o controle patrimonial.
2003) que mostram uma visão patrimonial.
sado, este passa a ser complementado por aquele, quando as nuances patrimoniais, por exemplo, passam a serem critérios de classificação de elementos orçamentários. É o caso das receitas e despesas por “competência patrimonial” – classificação econômica num enfoque patrimonial. Reflexos da Nova Contabilidade Pública nos Regimes Próprios de Previdência Social Os regimes próprios de previdência social (RPPS) - como entidades públicas têm, assim como as demais entidades, natureza de gestão, tanto orçamentaria, financeira, administrativa e contábil, que, embora atenda também aos preceitos legais do direito financeiro, diferenciam-se das demais entidades da administração pública por certas especificidades de natureza legais, contábeis, da ciência atuarial e de finalidade.
A novidade é a ênfase que temos a dar para
entidade do setor público e suas muta-
o objeto da contabilidade – o patrimônio,
ções, em apoio ao processo de tomada de
Os RPPS mantêm contabilidade própria
numa visão adequada e convergida para
decisão; a adequada prestação de contas;
que atendem aos fundamentos da conta-
os padrões internacionais.
e o necessário suporte para instrumentali-
bilidade pública, ancorados nos princípios
zação do controle social" (CFC, 2008).
aplicados à contabilidade e às normas bra-
A esse respeito, o saudoso professor Lino
sileiras de contabilidade aplicadas ao setor
Martins (2008, p.10) pontificou: “com a
Observa-se, com a síntese dos objetivos
público. Logo, têm o patrimônio como seu
edição das NBCASP, a contabilidade deve-
dessa nova contabilidade pública, que os
objeto.
rá evidenciar todos os componentes patri-
aspectos orçamentários da contabilidade
moniais e, desse modo, enxergando, na
não foram descartados. O que ocorreu
A propósito, o patrimônio dos RPPS é obri-
sua plenitude, os fatos anteriores, atuais
de fato, foi a mudança de foco; antes so-
gatoriamente distinto do patrimônio do
ou futuros que não tenham relação direta
mente orçamentário, passou a contemplar
ente estatal que o gerencia, para tanto,
com a execução do orçamento anual”.
com bastante ênfase o controle patrimo-
precisa de uma disposição de autonomia.
nial. As entidades públicas manterão os
Embora em uma visão consolidada de
Assim, o que se extrai dessa valiosa opi-
controles orçamentários e fiscais em sua
situação previdenciária do ente estatal,
nião é o verdadeiro resgate da contabili-
contabilidade, mas, com maior abrangên-
esse patrimônio seja evidenciado nas de-
dade patrimonial no sentido literal e prá-
cia nos controles patrimoniais.
monstrações contábeis deste ente.
contábeis da entidade, da competência e
Para Feijó (2008, p.19), “a cultura que
Essa autonomia dos RPPS lecionou Lima
da oportunidade.
vige no setor público é a de privilegiar os
e Guimarães (2009, p. 23): “também nos
tico que atende de pronto aos princípios
aspectos orçamentários, muitas vezes em
RPPS o objeto da contabilidade é o patri-
Nessa esteira, o Conselho Federal de Con-
detrimento do controle dos aspectos pa-
mônio da entidade, que necessariamente
tabilidade – CFC se manifestou a respeito
trimoniais”.
deverá dispor de autonomia, em relação ao
do objetivo da nova contabilidade pública,
patrimônio do ente público que o instituiu,
que é: "fornecer aos usuários informações
No entanto, com o resgate da contabilida-
sobre os resultados alcançados e os as-
em observância ao Princípio da Entidade”.
de patrimonial, o modelo que se desenha
pectos de natureza orçamentária, econô-
dessa contabilidade não implica substitui-
De certo, essa autonomia é fundamental
mica, financeira e física do patrimônio da
ção do modelo orçamentário. Como já fri-
para a previdência do servidor público,
71 | ABRACICON SABER
um novo conceito para esta, que confor-
72 | ARTIGO PREMIADO
haja vista que o foco no patrimônio dos
Nesse sentido, a contabilidade com seus
pública, como, por exemplo, avaliações
RPPS, em uma visão de longo prazo, ga-
princípios, fundamentos e normas é o
e reavaliações de bens; depreciações;
rante a cobertura dos benefícios sociais
instrumento que alicerça o atendimento
constituição de reservas e registro de
futuros, de modo que a sustentabilidade
dessa visão de longo prazo para o patri-
bens pertencentes ao RPPS, que até en-
financeira e atuarial desses regimes seja
mônio dos RPPS; senão, vejamos na lição
tão escapava dos controles contábeis e de
sólida. Para isso, a separação da gestão
de Lima e Guimarães (2009, p.23): “a
gestão.
e evidenciação do patrimônio, atendendo
contabilidade tem o papel de evidenciar a
aos princípios da entidade e continuidade,
capacidade econômico-financeira do ente
Embora, em 2003, o Ministério da Pre-
é mola-mestra para garantir o lastro das
público, em garantir, ao individuo que não
vidência Social com a Portaria n.° 916
despesas com benefícios futuros.
tenha mais capacidade laborativa, os re-
já trazia em seu bojo orientações sobre
cursos necessários à sua sobrevivência e
procedimentos contábeis acerca de re-
de seus dependentes”.
gistro, avaliação e reavaliações de bens
Os RPPS, embora façam parte da administração pública e se orientem pela con-
móveis e imóveis; depreciações e amorti-
tabilidade pública, possuem certas espe-
Para isso, é imperativo o controle do patri-
zações; investimentos a valor de mercado
cificidades que os torna diferentes das
mônio com vistas a uma correta evidencia-
e exigência de notas explicativas, somente
outras entidades públicas, pelo menos
ção e apreensão de suas mutações, tendo
com a edição das NBCASP/NBC TG houve
até a obrigatoriedade destas de seguirem
como base de sustentação os princípios e
um maior e acurado entendimento acerca
as normas de contabilidade aplicadas ao
normas aplicadas à contabilidade, especi-
desses procedimentos contábeis que afe-
setor público. Isso porque legalmente os
ficamente às de natureza previdenciária
tam o patrimônio nas entidades públicas.
RPPS já “nasceram” com certas peculia-
que envolva elementos patrimoniais.
Há um extenso rol de normativos sobre procedimentos para controle especifico
ridades, que de certa forma, coadunam com o alicerce das normas de contabilida-
A nova contabilidade pública trouxe para
de gestão dos RPPS, emitidos pelo órgão
de aplicadas ao setor público. Vejamos a
os RPPS inovações em termos conceitu-
central de controle da previdência social
seguir, conforme tabela abaixo.
ais e práticos, que se aplicam diretamente
na União, nos estados e municípios; todos
nos registros contábeis necessários a um
com diretrizes para uma efetiva e correta
Os RPPS têm visão de longo prazo por-
controle rigoroso da situação patrimonial,
gestão do patrimônio. Com pouca litera-
que sua gestão deverá ser pautada na
exclusivamente na forma de reconheci-
tura sobre contabilidade previdenciária,
sustentabilidade – o equilíbrio financeiro e
mento, mensuração e evidenciação de
inclusive com raros estudos, resta-nos
atuarial, atendendo prontamente ao prin-
aspectos patrimoniais, através de pro-
ater-se sobre o rico e extenso material so-
cípio de contabilidade da continuidade. Da
cedimentos inovadores à administração
bre normas contábeis aplicadas ao setor
mesma forma, atende a esse princípio em razão de focar o patrimônio. A obrigatorie-
Peculiaridades dos RPPS
dade de registrar no passivo as provisões matemáticas previdenciárias, com base
Visão de longo prazo
Princípio contábil da continuidade
em uma avaliação atuarial bem acurada,
Foco no patrimônio
Princípio contábil da continuidade
Registro das provisões matemáticas previdenciária
Princípio contábil da prudência
Patrimônio distinto do ente gestor do RPPS Fonte: elaboração própria.
Princípio contábil da entidade
representa fielmente o principio contábil da prudência; e a distinção entre o patrimônio do RPPS e ao do ente instituidor desse regime caracteriza o princípio contábil da entidade.
Há um extenso rol de normativos sobre procedimentos para controle especifico de gestão dos RPPS, emitidos pelo órgão central de controle da previdência social na União, nos estados e municípios; todos com diretrizes para uma efetiva e correta gestão do patrimônio.
bilidade na sua essência e forma, sendo objeto desse estudo. Demonstrar os reflexos da nova contabilidade pública nos RPPS exige uma prévia compreensão sobre reconhecimento de ativos, passivos, receitas, despesas, bem como saber como identificar, mensurar e registrar para a correta evidenciação do patrimônio. 2.3.1 Entendendo os aspectos patrimoniais emanados da nova contabilidade pública em um olhar para os RPPS Segundo a NBC T 16.2, patrimônio público é o conjunto de direitos e bens, tangíveis ou intangíveis, onerados ou não, adquiridos, formados, produzidos, recebidos, mantidos ou utilizados pelas entidades do setor público, que seja portador ou represente um fluxo de benefícios, presente ou futuro, inerente à prestação de serviços públicos ou à exploração econômica por entidades do setor público e suas obriga-
Na prática, os RPPS registram suas receitas e despesas previdenciárias, que são reconhecidos nas variações patrimoniais por seus efeitos aumentativos e diminutivos; e reconhecem os elementos que se enquadram em ativos e passivos.
ções (FILHO, 2014).
“qualitativo oneroso”, os RPPS evidenciam no patrimônio os passivos previdenciários relativos às provisões matemáticas previdenciárias atuariais. Para a correta evidenciação desses elementos patrimoniais qualitativos, há a necessidade de identificação destes para que saibamos o que registrar. Assim, Mota (2015, p.29) destacou: “identificar um elemento do patrimônio é o procedimento destinado à confirmação da existência dos aspectos essenciais que caracterizam o ativo e o passivo, ou seja, consiste em examinar se as características inerentes ao ativo e ao passivo estão presentes no elemento”. É na verdade conhecer os aspectos destes elementos que tipificam de qualitativo, tanto do ativo como do passivo, e se há uma receita ou despesa que impactam a situação liquida patrimonial. Mota (2015, p.29) nos ensina que “o reconhecimento consiste em determinar o momento adequado para incorporação, no
A nova contabilidade pública trouxe como
balanço patrimonial ou na demonstração
A motivação dessa conceituação bem
aspecto inovador para o patrimônio públi-
de resultado, de um elemento anterior-
abrangente deu-se em razão do surgi-
co uma análise dos aspectos qualitativos e
mente identificado como ativo, passivo,
mento de vários questionamentos sobre
quantitativos desse patrimônio. Os qualita-
despesa ou receita”.
a demonstração do patrimônio de forma
tivos, segundo Filho (2013, 28), “não in-
adequada e o reconhecimento do que se-
daga o valor dos elementos patrimoniais,
Nos RPPS, assim como nas demais enti-
riam de fato informações que deveriam
mas, sim, a sua qualidade funcional, isto é,
dades públicas, o contador precisa ficar
ser registradas como patrimônio público.
as formas e composições qualitativas que
atento para essa identificação e reconhe-
podem adquirir na instituição, (...) para al-
cimento, se tais elementos se enquadram
Para isso, a proposta da NBC T 16.2 – Pa-
cançar seus fins com a máxima economici-
nas características de patrimoniais e se
trimônio e sistemas contábeis foi elabo-
dade, qualidade e produtividade”.
os critérios de reconhecimento emanados
rada de forma integrada com a primeira
das normas estão condizentes. Na prática,
norma (NBC T 16.1 conceituação, objeto
O autor acima pontuou ainda que esse
os RPPS registram suas receitas e despe-
e campo de aplicação da contabilidade
patrimônio, sob o prisma qualitativo, é
sas previdenciárias, que são reconhecidos
pública), para definir o patrimônio públi-
visto pelo conjunto dos elementos se-
nas variações patrimoniais por seus efei-
co e os sistemas contábeis integrados aos
gregados em patrimônio positivo e one-
tos aumentativos e diminutivos; e reco-
sistemas existentes com fins de garantir
roso. Nos RPPS, esse aspecto “qualitativo
nhecem os elementos que se enquadram
uma adequada mensuração, evidenciação
positivo” é representado pelo conjunto
em ativos e passivos.
e transparência tão almejada ao setor pú-
de bens móveis e imóveis, recursos em
blico; sistemas com atendimento aos pre-
aplicação financeira, disponibilidade de
De acordo com o CPC 00 (R1), criado pela
ceitos contábeis em um foco mais geren-
caixa e os créditos a receber relativos a
Resolução CFC n.º 1.055/2005, “um ativo
cial do que para suportar uma prestação
contribuições previdenciárias em regime
deve ser reconhecido no balanço patrimo-
de contas (FEIJÓ, 2013).
de parcelamento de débitos; e, quanto ao
nial quando for provável que benefícios eco-
73 | ABRACICON SABER
público – até porque, trata-se de conta-
74 | ARTIGO PREMIADO
nômicos futuros dele provenientes fluirão
estas que representam potencial obriga-
vo do balanço patrimonial, as quais envol-
para a entidade e seu custo ou valor puder
ção a valor presente para custear bene-
vem algum grau de incerteza no tocante à
ser mensurado com confiabilidade (...)”.
fícios futuros. É um reconhecimento de
periodicidade ou à quantia a serem exigi-
passivo no balanço patrimonial, isso, em
dos para sua liquidação”.
Nos RPPS, o aporte de recursos, pelo ente
razão dessas provisões resultarem no fu-
instituidor, em forma de amortização do
turo em saída de fluxo de recursos relacio-
De certo, as provisões matemáticas pre-
déficit atuarial; os investimentos no mer-
nados a um potencial de serviços, que, no
videnciárias são registradas nos RPPS em
cado financeiro provenientes dos recursos
caso dos RPPS, é liquidação da obrigação
uma classificação de passivo previdenciá-
das contribuições previdenciárias relativas
com benefícios sociais.
rio; são provenientes de bases prováveis
ao plano Previdenciário – regime de ca-
por meio de avaliação atuarial, haja vista
pitalização -; aplicações com recursos da
A esse respeito, provisões no conceito
que a ciência atuarial trabalha com proba-
taxa de administração; registros dos bens
dado por Filho (2014, p.69) “devem estar
bilidades; logo, tem certo grau de incer-
do ativo imobilizado, inclusive os resulta-
vinculadas ao conceito de passivo (divida,
teza quanto ao período e quantia quan-
dos positivos das avaliações destes bens,
cujo fato gerador tem grande probabilida-
do da liquidação da obrigação. Por certo,
são caracterizados como ativos, podem
de de ter sido concebido) e impactam o
essas provisões representam o fluxo de
ser reconhecidos, mensurados e regis-
patrimônio quantitativamente ou qualita-
pagamentos futuros de benefícios a valor
trados porque há a comprovação de que
tivamente”.
presente.
No exemplo dado para os RPPS, os be-
As NBCASPs e os Princípios de Conta-
nefícios futuros calculados a valor presen-
bilidade aplicados nos RPPS
benefícios econômicos futuros e potencial de serviços fluirão para os RPPS. Em relação ao reconhecimento do passi-
te, em uma acurada avaliação atuarial,
vo, Mota (2015, p.34) anotou as principais
impactam a situação patrimonial desses
De forma resumida, nesse tópico destaca-
características que satisfazem a esse reco-
regimes, que segundo Lima e Guimarães
se as principais Normas Brasileiras de
nhecimento, “se há obrigações presentes
(2009, p.24) “devem obrigatoriamente ser
Contabilidade Aplicadas ao Setor Público
derivadas de eventos já ocorridos; e se a
registradas pela contabilidade dos RPPS,
(NBCASP), conhecidas a partir de 2009
sua liquidação requer saída de recursos
a fim de aferir a capacidade destes de
como NBC TSP, e os princípios de Contabi-
capazes de gerar benefícios econômicos
garantir a cobertura dos compromissos
lidade sob a perspectiva do setor público,
futuros ou potencial de serviços”.
assumidos no momentos de ingresso do
no intuito de demonstrar suas aplicabilida-
servidor ao regime”.
des no âmbito dos RPPS.
ária de longo prazo, os RPPS contabilizam
Mota (2015, p.248), por sua vez, também
As NBC T 16.1 – conceito, objeto e apli-
as provisões matemáticas previdenciárias,
opinou sobre provisões e destacou: “são
cação; NBC T 16.2 ´- patrimônio e siste-
com base em avaliação atuarial, provisões
obrigações a pagar reconhecidas no passi-
mas contábeis; NBC T 16.4 – transações
Quando se trata de obrigação previdenci-
campo de aplicação, que direciona a con-
As NBCTs 16.2 – patrimônio e sistemas
tro contábil, associadas aos princípios de
tabilidade pública com seus registros para
contábeis; NBC T 16.4 – transações no se-
contabilidade, assim como em qualquer
o controle patrimonial das entidades do
tor público e NBC T 16.5 – registro contábil
entidade do setor público, são aplicadas
setor público; isso, porque na prática a
são atendidas quando os RPPS registram
nos regimes próprios de previdência social
contabilidade é obrigada a seguir os pre-
suas receitas e despesas previdenciárias,
– RPPS; colocam-se as suas conceitua-
ceitos dessa como ciência, que baliza o
seus ganhos ou perdas com investimentos
ções e intepretações para o setor público
uso de princípios e postulados como refe-
no mercado financeiro e quando promo-
na medida em que mostra-se como exem-
rencial de sustentação. Quanto às normas
vem os lançamentos contábeis das aplica-
plos suas aplicabilidades na contabilidade
de contabilidade, essas necessariamente
ções financeiras. Nesses fatos contábeis,
desses RPPS, conforme quadro, a seguir:
são diretrizes formatadas em um padrão
a contabilidade do regime próprio atende
que estrategicamente integram e harmo-
prontamente aos princípios da competên-
Os princípios de contabilidade e as nor-
nizam o processo de desenvolvimento da
cia, da oportunidade e do registro pelo
mas, mencionados no quadro, represen-
contabilidade como ciência e respalda o
valor original (esse, no registro das apli-
tam, em regra, o cerne de qualquer con-
resultado final através dos procedimentos
cações a valor justo).
tabilidade no setor público, é o que emana
contábeis – o registro —, que é a informa-
da NBC T 16.1 – conceituação, objeto e
ção para os usuários.
Dessa maneira, a informação citada anteriormente respalda por si só o impacto da nova contabilidade pública nos RPPS,
Demonstrativo do impacto da nova contabilidade pública nos RPPS
além de que, com o atendimento desses princípios e normas, o regime próprio com
Evento contábil no RPPS
NBCASP e Princípios
Impacto nos RPPS
o registro dessas transações evidencia no
Registro das receitas e das despesas
NBC T 16.2, NBC T 16.4 e NBC T 16.5; princípios da competência e da oportunidade.
Reflete como enfoque patrimonial quantitativamente na situação liquida pelas variações patrimoniais (VPA e VPD).
seu patrimônio os resultados de evolução
Depreciação dos bens
NBC T 16.2, NBC T 16.4, NBC T 16.5 e NBC 16.9; princípio da oportunidade.
Demonstra no balanço uma diminuição da situação patrimonial através da redução do valor de um bem.
contábeis e NBC T 16.5 – registro contábil
Aplicações financeiras a valor justo/atualizações
NBC T 16.2, NBC T 16.4 e NBC T 16.5; princípio do registro pelo valor original.
Impacta de forma qualitativa no patrimônio do RPPS pela alteração na composição do ativo circulante.
Avaliações e reavaliações dos bens móveis e imóveis
NBC T 16.2; NBC T 16.4; NBC T 16.10 e NBC T 16.5; princípio do registro pelo valor original.
Reflete no patrimônio de forma positiva ou negativa na situação liquida.
Ganhos e perdas com investimentos.
NBC T 16.2, NBC T. 16.4 e NBC T 16.5; princípio da oportunidade.
Impacta na situação patrimonial de forma positiva quando ganho (VPA) e negativa quando ocorrer perda (VPD), com baixa de provisões para perda em investimentos.
Constituição das provisões para perda em investimentos.
NBC T 16.2; NBC T 16.4 e NBC T 16.5; princípio da prudência.
Impacta no patrimônio pela diminuição de ativos (VPD).
Constituição de provisões previdenciárias
NBC T 16.2; NBC T 16.4 e NBC T 16.5; princípio da continuidade, da oportunidade e da prudência.
Reflete no patrimônio pelo aumento do passivo não circulante - diminuição da situação liquida patrimonial por uma VPD.
Constituição de Reservas
NBC T 16.2 e NBC T 16.5; princípio da continuidade.
Impacta no patrimônio pelo aumento do pl. >SL
Fonte: elaboração própria.
da situação patrimonial. As NBC T 16.2 – patrimônio e sistemas
Nesses fatos contábeis, a contabilidade do regime próprio atende prontamente aos princípios da competência, da oportunidade e do registro pelo valor original (esse, no registro das aplicações a valor justo).
75 | ABRACICON SABER
no setor público; e NBC T 16.5 – regis-
76 | ARTIGO PREMIADO
pelas anotações nos eventos de registro da depreciação dos bem; avaliação e reavaliações dos bens móveis e imóveis do RPPS; constituição das provisões para perdas com investimentos e constituição de reservas e de provisões foram atendidas e representam pelos registros desses eventos nos RPPS uma fidedignidade e efetiva evidenciação da situação patrimonial dos regimes próprios. Dessa forma, a fiel aplicação das normas de contabilidade pública em um contexto de valorização do patrimônio e na visão de longo prazo, que ancora a sustentabilidade dos RPPS, o quadro denota essa perspectiva e mostra o impacto da nova contabilidade, sem deixar de relatar a importância do cumprimento dos princípios de contabilidade na perspectiva de setor público, que, nesses eventos contábeis mencionados, os RPPS se utilizam das premissas dos princípios de continuidade, do registro pelo valor original (no caso das avaliações e reavaliações dos bens) e do princípio da oportunidade – esse, mesmo que não haja forma, a essência deve prevalecer. CONSIDERAÇÕES Os regimes próprios de previdência social,
Nos RPPS os reflexos da nova contabilidade são vistos de pronto, quando estes aplicam em suas contabilidades os princípios contábeis da entidade, oportunidade, competência e prudência, ancorados nas normas contábeis, através de procedimentos contábeis padronizados dos registros de suas receitas, das despesas e dos ativos e passivos
consagrados pela Constituição Federal do
rar informações que sejam completas e confiáveis, a fim de cumprir a finalidade dos regimes próprios. A contabilidade dos RPPS, conforme extrato da pesquisa, atende aos Princípios de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (NBCASP), traduzidas em nova contabilidade patrimonial. Dessa forma, a pesquisa mostra um impacto positivo nos RPPS ancorados em uma contribuição efetiva dessa “nova contabilidade pública”, enfatizada no patrimônio. O resgate da contabilidade patrimonial para as entidades do setor público, em uma visão prospectiva passa por mudança de cultura contábil; exige profissionalização; fortalece instituições; impacta os RPPS, assim como em outros organismos públicos ou que gerencie recursos públicos, no estado (governança e planejamento) e na sociedade via controle social, politica pública e transparência. Nos RPPS os reflexos da nova contabilidade são vistos de pronto, quando estes aplicam em suas contabilidades os princípios contábeis da entidade, oportunidade, competência e prudência, ancorados nas
Brasil, de 1988, são norteados por duas
normas contábeis, por meio de procedi-
vertentes de sustentabilidade, que racio-
orientam sua instituição; funcionamento
mentos contábeis padronizados dos re-
nalmente não aceitam qualquer viés: a
e estrutura; as formas de financiamento
gistros de suas receitas, das despesas e
garantia da manutenção dos benefícios
e os procedimentos de contabilidade e de
dos ativos e passivos (esses, em atributos
previdenciários já concedidos e a conce-
natureza atuarial, com uma finalidade de
financeiro e permanente pra identificar o
der (benefícios futuros) e a arrecadação
atender o princípio norteador destes regi-
superávit financeiro) devidamente identi-
das contribuições que lhes são devidas
mes, que é a sua sustentabilidade através
ficados, reconhecidos, mensurados e evi-
para fins de lastrear suas despesas com
do equilíbrio financeiro e atuarial e da con-
denciados em seu Balanço Patrimonial.
estes benefícios – é a síntese do equilíbrio
tributividade.
financeiro e atuarial dos RPPS. Portanto,
Sem esgotar o tema, deixa-se como su-
a visão destes é patrimonial e de longo
Para tanto, os RPPS, com essa visão de
gestão, a título de contribuição para novos
prazo.
longo prazo, traduzida em manutenção,
conhecimentos, estudos acerca dos “cus-
controle e solidez patrimonial, no tocante
tos previdenciários nos RPPS” em uma
O que permeia a literatura pesquisada
à contabilidade, essa, obrigatoriamente
perspectiva de nova contabilidade pública
e o arcabouço jurídico relativo aos regi-
precisa aplicar de forma correta os seus
patrimonial, na esteira da NBC T 16.11 e
mes próprios de previdência social são
preceitos como ciência, para atender ao
nas vertentes de custo econômico e re-
mandamentos legais que determinam e
seu objeto — que é o patrimônio — e ge-
torno social.
___________. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução nº 1.111, de 29 de
BRASIL. Senado Federal. Secretaria Espe-
Novembro de 2007. Aprova o apêndice II
cial de Informática. Constituição da Repú-
da Resolução CFC nº 750 sobre princípios
blica Federativa do Brasil, de 5 de outubro
fundamentais de contabilidade.
estado. Coleção Previdência Social: série estudos, v.34, Brasília (DF), 2012. REIS, Heraldo da Costa. Contabilidade previdenciária. Rio de Janeiro: IBAM,
de 1988. Texto consolidado até a Emenda Constitucional nº 64 de 04 de fevereiro de
___________. Conselho Federal de Con-
2010. Brasília (DF): Senado Federal, 2013.
tabilidade. Resolução nº 1.055, de 7 de outubro de 2005. Cria o comitê de pro-
__________. Presidência da República.
nunciamentos contábeis – (CPC), e dá ou-
Lei nº 9.717, de 27 de Novembro de 1998.
tras providencias.
2002. SILVA, Lino Martins da. Normas brasileiras de contabilidade aplicadas ao setor público. Jornal do CFC, Brasília-DF, ano 11, nº 94, julho/agosto de 2008, p.10, coluna
Dispõe sobre as regras gerais para a organização e o funcionamento dos regimes
FEIJÓ, Paulo Henrique. Processo de con-
próprios de previdência social dos servi-
vergência de normas contábeis se amplia.
dores públicos da União, dos Estados, do
Revista Brasileira de Contabilidade, Brasí-
Distrito Federal e dos Municípios, dos mi-
lia, n.172, p.12-19,julho/agosto/2008.
litares dos Estados e do Distrito Federal.
___________. Entendendo as mudanças
Brasília (DF): Presidência da República,
na contabilidade aplicada ao setor público.
1998.
Brasília: Editora gestão pública, 2013.
artigo.
FILHO, João Eudes Bezerra. Contabilida__________. Ministério da Previdência
de aplicada ao setor público. São Paulo:
Social. Previdência Social. Portaria nº 402,
Atlas, 2014.
de 10 de Dezembro de 2008. Disciplina os parâmetros e as diretrizes gerais para
HUGHES, Jesse. Normas internacionais de
organização e funcionamento dos regimes
contabilidade do setor público no âmbito
próprios de previdência social dos servido-
da IFAC. In: SEMINÁRIO INTERNACIO-
res públicos ocupantes de cargos efetivos
NAL DE CONTABILIDADE PÚBLICA, 2007,
da União, dos Estados, do Distrito Federal
Brasília. Anais... p. 188-205, Brasília: CFC,
e dos Municípios, em cumprimento das
2007.
Leis 9.717, de 1998, e 10.887, de 2004. Brasília (DF): Ministério da Previdência
LIMA, Diana Vaz de.; GUIMARÃES, Otoni
Social, 2013.
Gonçalves. Contabilidade aplicada aos regimes próprios de previdência social. Bra-
__________. Ministério da Previdência
sília: MPS, 2009.
Social. Previdência Social. Portaria nº 916, de 15 de Julho de 2003. Dispõe sobre
MACHADO JR., J. Teixeira; REIS,Heraldo
normas contábeis a serem aplicadas aos
da Costa. A lei nº 4.320 comentada. 31.
regimes próprios de previdência social dos
ed. Rio de Janeiro: IBAM, 2003.
servidores públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e dos
MOTA, Francisco Glauber Lima. Contabili-
militares dos Estados e do Distrito Fede-
dade aplicada ao setor público - aspectos
ral. Brasília (DF): Ministério da Previdência
patrimoniais:
Social, 2013.
mento, mensuração e evidenciação. Bra-
identificação,
reconheci-
sília: Edição do autor, 2015. ___________. Conselho Federal de Contabilidade. Normas brasileiras de contabili-
NOGUEIRA, Narlon Gutierre. O equilíbrio
dade aplicadas ao setor público. (Encarte)
financeiro e atuarial dos RPPS: de prin-
Brasília: Editora da FBC, 2008.
cípio constitucional a politica pública de
Luiz Lopes Feitosa Filho é contador, pós-graduado em Administração Pública – UFPI, em Contabilidade Pública – Uespi e Controladoria Governamental – e em controles do Estado - UFPI, e Gerente contábil da fundação Piauí previdência.
77 | ABRACICON SABER
REFERÊNCIAS
78 | MURAL DO ACADÊMICO
Ivanildo Alves Messias G
raduado em Ciências Contábeis pela UFRN, Bacharel em Teologia pela Ieadern, pósgraduado em Administração pela UFRN, pós-
graduado em Direito Constitucional e Tributário pela UNP-Universidade Potiguar, Diretor TécnicoAdministrativo de Messias Auditoria e Consultoria S/S.
PROFISSÃO:
requisitos para obtenção do título de pós-
CRC/RN – 1989/90 – Professor Titular da
• Contador
graduado em Direito Constitucional e Tri-
UFRN (aposentado) de 01/72 à 12/90, Ex-
• Teólogo/Evangélico
butário. Orientador: Professor M. Sc. Cris-
professor fundador da UNP e legislando
• Administrador
tiano Guilherme da Câmara Filho. Sistema
nas cadeira de contabilidade geral e
• Radialista Apresentador
Tributário: Diagnóstico e Elementos para
contabilidade
• Auditor Independente
Mudanças.
efetivo do CRCRN no exame 1974/78
comercial,
Conselheiro
e 1978/82. Ex-presidente do Conselho
• Empresário de Auditoria PUBLICAÇÕES:
Curador da UFRN (2 mandatos), Diretor
Artigos Publicados – CONTABILIDADE E
Técnico
MOEDAS FORTES – 12/11
Auditoria e Consultoria S/S – desde 1979
pela UFRN, em 1971, é contador de
CONTABILIDADE E MERCADOS INTER-
– Auditoria CVM nº 53 – CVM – Ex-auditor
profissão pelo CRC n.º 0681 em 1971,
NACIONAL DE DIVISÃO 01/12
independente do CRC/RN sob nº 04 em
pós-graduou-se em Administração pela
LEGISLAÇÃO EMPRESARIAL NO BRASIL,
1972. Assessor contábil do tribunal de
UFRN, em 1978, é bacharel em Teologia
TIPOLOGIA DAS SOCIEDADES, A CONTA-
contas do estado do RN na função de
pela Ieadern em 2003, pós-graduado em
BILIDADE E A LEI ESTOQUES EM ECO-
auditor externo de 1975/90.
Direito Constitucional e Tributário pela
NOMIA GLOBALIZADAS, AS SOCIEDADES
UNP-Universidade
Diretor
LIMITADAS – QUANTO VALEU UMA EM-
ATIVIDADES ATUAIS:
Messias
PRESA, COOPERATIVISMO NO BRASIL, e
Membro
Auditoria e Consultoria S/S – CRC/RN
outros trabalhos publicados e aprovados
Ciências Contábeis – Cadeira 31 – é membro
n.º 076 – CVM n.º 053, Registro Civil de
pelo sistema de educação continuada.
efetivo perpétuo na condição de primeiro
FORMAÇÃO ACADÊMICA: Graduado
em
Ciências
Potiguar,
Técnico-Administrativo
de
Contábeis
é
1979, na cidade Natal/RN.
da
Academia
de
Messias
Brasileira
de
ocupante; é membro da Academia Norte-
Pessoa Jurídica sob o n.º 190, as fls. 85v, do livro “A”, n.º 10, em 09 de maio de
Administrativo
ATIVIDADES CIENTÍFICAS
Rio-Grandense
E PROFISSIONAIS REALIZADAS:
Cadeira 07 (fundador há 40 anos).
de
Ciências
Contábeis,
Ex-presidente da Academia Norte RioTRABALHOS CIENTÍFICOS PRODU-
grandense de Ciências Contábeis em
ZIDOS:
1986/87,
Artigo científico apresentado à UNP-
Academia Norte Rio-grandense de Ciências
Universidade Potiguar como parte dos
Contábeis 2016/2018, Ex-presidente do
atual
Vice-presidente
da
Fotografe o QR code e confira a biografia completa de Ivanildo Alves Messias
79| | CONVERSA ABRACICONAFINADA SABER 79
Nilva Amália Pasetto
A
presidente da Academia de Ci-
ano pelo Instituto Brasileiro de Executivos
sarão por uma análise de uma comissão
ências Contábeis do Paraná no
de Finanças do Paraná - IBEF/PR. Fundou
de acadêmicos da ACCPR para eleger os
triênio de 2017 a 2019, Nilva
o Instituto Paranaense da Mulher Conta-
trabalhos Nota 10, que serão publicados
Amália Pasetto, é contadora, com espe-
bilista, foi conselheira do CRCPR e tam-
nos sites da Academia e do CRCPR e em
cialização em finanças, e Bacharel em
bém coordenadora da Comissão Estadual
editora, que estamos buscando parceria
Direito. Nasceu em Tangará (SC), onde
da Mulher Contabilista do CRCPR. Atual-
no mercado.
teve suas primeiras experiências pro-
mente, além de presidente da ACCPR, é
fissionais na área contábil. Foi diretora
diretora da MITTE - Contabilidade e Con-
Outra meta é dar publicidade aos profis-
administrativa e financeira de uma mul-
sultoria e conselheira do CFC. Conheça,
sionais da contabilidade, universidades,
tinacional avícola; ajudou a fundar a In-
na entrevista a seguir, um pouco do que
empresários contábeis dos livros de au-
teragro Alimentos, empresa que chegou
pensa essa notável mulher contabilista e
toria de acadêmicos da ACCPR e demais
a ter 500 funcionários e, em 1995, con-
sua atuante postura no cenário contábil
profissionais da área.
quistou o troféu O Equilibrista, prêmio
paranaense e brasileiro. 2) Sua gestão na ACCPR vem sendo
concedido ao executivo de finanças do
Nosso foco é a valorização do profissional da contabilidade na comunidade empresarial e acadêmica.
1) Quais as prioridades e projetos da
marcada pela atenção aos municí-
ACCPR para os anos de 2018 e 2019?
pios do estado e não apenas à capital. Como será a atuação da entidade
Nosso foco é a valorização do profissional
nos municípios daqui para frente?
da contabilidade na comunidade empresarial e acadêmica.
Nosso quadro de acadêmicos contempla o Estado do Paraná e consequentemente as
Um dos principais projetos é em parceria
ações visam atingir a todos os profissionais
com o CRCPR "CONHECIMENTO NOTA
independente de município. Temos facili-
10", que consiste na possibilidade das uni-
dade em trabalhar de forma mais intensa
versidades e faculdades do estado inscre-
nas cidades onde é sede do acadêmico ou
verem os melhores trabalhos de alunos do
onde ele reside e trabalha, e, muitas vezes,
curso de Ciências Contábeis, os quais pas-
é professor do curso de contábeis no local.
80 | CONVERSA AFINADA
3) No CFC, a senhora assumiu o
em produzir a informação precisa, rápida
tados. Nosso perfil complementa o perfil
cargo de conselheira e faz parte da
e aquela que o negócio exige; só assim
masculino. Devemos trabalhar de mãos
Câmara de Fiscalização, Ética e Dis-
continuaremos valorizados e agregaremos
dadas com o mesmo foco. Ainda temos
ciplina. Quais as expectativas nesse
valor aos nossos negócios.
deficiência de participação da mulher na política — Legislativo e Executivo. Tenho
novo desafio? 5) A senhora fundou o Instituto Pa-
ouvido muito de mulheres que conside-
Minha expectativa é levar no âmbito fe-
ranaense da Mulher Contabilista, foi
ram o ambiente político inapropriado,
deral a experiência vivida no Conselho
conselheira do CRCPR e coordenado-
impróprio para a sua participação. Acho
Regional, desde janeiro de 2008, e tra-
ra da Comissão Estadual da Mulher
este o principal motivo por termos tão
balhar buscando melhorar a imagem do
Contabilista do CRCPR. Como é a sua
poucas mulheres. Somos 52% da popu-
profissional da contabilidade, que, acima
visão, hoje, do papel da mulher con-
lação e mãe do restante. E porque ficar-
de tudo, deve pautar suas ações na ética
tabilista para a classe e para a socie-
mos fora do grupo que define os des-
e disciplina.
dade?
tinos do povo? Vou participar em 2018 de um curso de Formação Política para
4) A profissão contábil vem sendo
A mulher contabilista, aos poucos, vem
Mulheres na Universidade Federal do Pa-
noticiada pela mídia especializada
subindo degraus e tem conquistado seu
raná com o objetivo de ser um agente
como uma das mais valorizadas no
valor, gradativamente, temos excelentes
transformador. A Mulher é um ser multi-
mercado de trabalho. O que a senho-
exemplos. As universidades têm recebido,
plicador, transformador, ela pode mudar
ra pensa sobre as tendências da pro-
na sua maioria, mais mulheres que ho-
o país, eu acredito!
fissão na atualidade?
mens nos cursos de Ciências Contábeis. Aí está o presente e o futuro. Só acredito no
Minha formação é Ciências Contábeis
O bom profissional da contabilidade é o
crescimento se existe a capacitação e ela
e Direito, pós-graduação em Finanças.
principal parceiro do empresário. Além
esteja motivada a crescer.
Acredito que nós, brasileiros, temos que trabalhar não por um partido, mas traba-
de cumprir todas as exigências impostas pelos órgãos arrecadadores e fiscaliza-
Na sociedade, vivemos o século das mu-
lhar um único partido: o Brasil, assumir o
dores, nosso trabalho produz excelentes
lheres. Os analistas de mercado, e as
Brasil como assumimos nossa casa; ad-
ferramentas de gestão e informações para
grandes corporações já colecionam da-
ministrar o caixa; cuidar da educação dos
a tomada de decisão. A tendência é traba-
dos comprovados de que a participação
filhos; cuidar da paz da família; e fazer
lhar mais focado na consultoria, pensando
de mulheres na gestão melhora os resul-
acontecer.
As universidades têm recebido na sua maioria mais mulheres que homens nos cursos de Ciências Contábeis. Aí está o presente e o futuro. Só acredito no crescimento se existe a capacitação e ela esteja motivada a crescer.
81 | ABRACICON SABER 81 | PERFIL
PERFIL
Adeildo Osorio de Oliveira
A
deildo Osorio de Oliveira, atual
Visconde de Cairu, do Instituto Brasileiro
CVM; membro do Grupo de Estudos para
presidente da Fundação Brasileira
de Administração de
Auditoria do CFC; coordenador do Comitê
de Contabilidade (FBC), nasceu
sendo responsável pelos Seminários
Empresas (Ibrae), da
Administrador do Programa de Revisão
em Alagoas, na cidade de Maceió, foi re-
FGV. Foi ainda professor da Universidade
Externa de Qualidade (CRE); membro
gistrado no município de Bonito em Per-
de Salvador (Unifacs) e, atualmente,
Conselho de Administração do Ibracon;
nambuco, mas, muito cedo foi morar em
é integrante do quadro de Professores
vice-presidente de Controle Interno do
Salvador. Considera-se um baiano adoti-
Titulares
de
CFC; ex-diretor-financeiro da Fundação
vo, pois, exceto o curso primário, toda a
Contabilidade (Fabac); membro de banca
de Apoio ao Comitê de Pronunciamentos
sua formação foi na cidade do Salvador.
examinadora de concurso para ingresso de
Contábeis (FACPC); membro do CPC; e
professores no curso de Ciências Contábeis
Presidente do Conselho Curador da FBC.
da
Faculdade
Bahiana
Graduado em Ciências Econômicas pela
Uneb e Unifacs e professor de vários cursos
Faculdade de Ciências Econômicas da
para concursos.
Ativo participante de diversos eventos de âmbito nacional e internacional, foi vice-
Universidade Católica do Salvador, e ocupante da Cátedra n.º 63 da Academia
Diante de sua experiência e desenvoltura
presidente do XIV Congresso Brasileiro
Nacional de Economia, foi reponsável
como
tornou-se
de Contabilidade - CBC; coordenador
pela implantação do sistema de custo da
palestrante e conferencista, atuando hoje
de trabalhos do XV CBC; presidente
Indústria de Cimento Salvador – Cocisa,
em diversos seminários, convenções,
do
e autor de vários projetos na Sudene.
congressos,
XXVI – Conferência Interamericana de
Em
Ciências
Contábeis,
docente,
Adeildo
encontros
nacionais
de
V
Enecon
estudantes.
Contabilidade.
e
vice-presidente
da
formou-se
pela Faculdade de Ciências Contábeis
Além dos cargos de presidente da FBC e
Autor
Fundação Visconde de Cairu e foi
da Abacicon, Adeildo é também membro
publicados em revistas especializadas,
contador de várias empresas. Em maio
da
tais
de 1982, funda a Audicont - Auditores
Contabilidade e Presidente do Conselho
Contabilidade (RBC); é também autor
e
Fiscal da Fundação Monte Tabor –
de vários artigos publicados em diversos
Hospital São Rafael.
jornais do país, bem como jornais de
Consultores, empresa de auditoria
independente, com serviços realizados
Associação
Interamericana
de
para várias empresas no Brasil e no exterior.
de como
vários a
ensaios
Revista
científicos
Brasileira
de
órgãos de classe. Em
sua
cargos
trajetória, em
ocupou
entidades
de
diversos classe
e
Com
uma
carreira
louvável,
o
É mestre em Contabilidade - Gestão Em-
organizações profissionais. Foi presidente
reconhecimento também é parte da sua
presarial; pós-graduado em Engenharia
Conselho
Contabilidade
história: é detentor da Medalha do Mérito
Econômica e em Metodologia e Didática
da Bahia durante 3 mandatos — entre
Contábil Militino Rodriguez Martinez,
do Ensino Superior.
1989 e 2001. Foi também Conselheiro do
outorgada pelo CRCBA e agraciado
Conselho de Curadores da Universidade
com o título de Contador Veterano
Como docente, já foi professor do curso de
Federal da Bahia; membro da Comissão
da La Asociacion Interamericana de
Ciências Contábeis da UCSAL, da Fundação
Consultiva de Normas Contábeis da
Contabilidad, recebido em Porto Ri co.
Regional
de
82 | INDICAÇÕES
Editor: Clovis Belbute Peres - Bacharel em Ciências Contábeis, Física, Administração e Direito; é mestre e doutor em física e auditor da Receita Federal do Brasil, exercendo a função de supervisor nacional da RFB do Sistema de Escrituração Digital (Sped). É membro do Churchill College da Universidade de Cambridge.
XBRL Conceitos e Aplicações Livro: XBRL Conceitos e Aplicaçoes Autores: Paulo Caetano da Silva, Luiz Gustavo Cordeiro da Silva e Ivanildo José de Sousa Aquino Junior, Editora: Ciencia Moderna Ano: 2006 De há muito a Contabilidade tem se apoiado fortemente nas inovações tecnológicas, em especial naquelas associadas a sistemas informatizados. Uma linguagem tem aparecido com proeminência, seja na contabilidade pública, na confecção de demonstrações contábeis, ou na formulação de relatórios de apoio a decisão: Extensible Business Reporting Language, XBRL. O livro “XBRL: Conceitos e Aplicações" divide-se em duas grandes partes. Na primeira, traçam-se os conceitos da linguagem e como ela evoluiu a partir de outra inovação, o XML. Os autores mostram a evolução de linguagens de marcação e discutem a estrutura dos documentos XBRL. Aqui o leitor é exposto aos conceitos de Taxonomia, Linkbase e Instancia. Na segunda parte, estudos de caso reforçam os possíveis usos da linguagem. Em especial, o capitulo "Estudo de Caso: Representando Relatórios Financeiros com XBRL” demonstra concretamente como o XBRL pode facilitar a construção de peças contábeis e seu intercâmbio entre diferentes organizações. Glossário, Apêndices e Bibliografia completam o texto. A obra do professor Paulo Caetano da Silva, produzida em conjunto com Luiz Gustavo Cordeiro da Silva e Ivanildo José de Sousa Aquino Junior, resiste ao tempo e, passados dez anos de sua edição, é um texto agradável e sólido para quem está iniciando no assunto.
Comportamento Inadequado - A construção da economia comportamental Autor: Richard Thaler Ed:Actual Ano: 2017 (1a reimpressao) Original: Misbehaving Um dos livros mais interessantes dos últimos dois anos, Comportamento Inadequado é uma narrativa nada tradicional. O autor — prêmio Nobel de Economia em 2017 — parece estar ao seu lado narrando como a ciência da Economia Comportamental foi sendo gestada, entre outros, por ele em colaboração com Daniel Kahnemann e Amos Tversky. Mais instigante é a maneira inteligente como o título representa ao mesmo tempo a visão crítica do autor e do campo científico que ele ajudou a delinear desde o início de seus estudos em Economia. Logo nas primeiras partes da obra, Thaler esclarece que o campo da Economia Comportamental nada mais é do que Economia com adição de psicologia e outras ciências sociais. Sobretudo demonstra, por vários exemplos e algumas passagens hilárias, que a irracionalidade dos agentes econômicos advém de sua natureza humana, diferentemente daquela de autômatos decisores. O que inicia com experimentos simples e reflexões sobre o valor da vida ganha força e torna-se uma densa hipótese científica: a de que o comportamento econômico seguidamente desvia-se do que preconiza a ciência econômica tradicional, de agentes racionais. Os capítulos sucedem-se em ordem cronológica, mas o que a genialidade da narrativa produz é uma crescente certeza de que um novo campo da ciência foi inaugurado. Misbehaving - titulo em inglês da obra - é uma lição de como uma ciência pode ser reinventada a partir de um olhar critico sobre fatos simples.