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INAUGURADO ANFITEATRO AO AR LIVRE JUNTO AO CASTELO DE ALENQUER
ANFITEATRO “PORTA DA CONCEIÇÃO” A envolvente do Castelo acolhe agora um anfiteatro e um palco ao ar livre, num projeto que recupera a história do local de uma forma discreta e não mimética, contribuindo para a consciencialização histórica. Este espaço foi inaugurado no dia 2 de julho, pelo Secretário de Estado Adjunto e do Desenvolvimento Regional, Carlos Miguel, pela presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Centro, Isabel Damasceno, e pelo presidente do município de Alenquer, Pedro Folgado. A intervenção teve em consideração a sensibilidade do local – classificado como Imóvel de Interesse Público, sendo valorizada a presença da muralha. Também foi tido como princípio orientador da proposta a não interferência com a topografia adjacente à muralha e à escada de acesso à Porta da Conceição existente. Das várias abordagens que foram efetuadas em termos de projeto ao longo do tempo, e de que foram sendo partilhadas imagens em 3D, a proposta final concretizada foi o mais fiel ao que a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) permitiu em termos de intervenções junto deste monumento classificado. Valorizaram-se os elementos existentes através da intervenção construtivamente moderada, tendo sido utilizados métodos construtivos de engenharia leve e o menos invasiva possível. Em termos de acessibilidade, o anfiteatro dispõe naturalmente de lugares destinados a pessoas com mobilidade reduzida, considerando o município ser essencial garantir o acesso de todos ao património e à cultura. Em termos paisagísticos, a zona verde que envolve o anfiteatro é composta por espécies de sequeiro – ou seja, espécies que rebentam na primavera e secam no verão - não exigindo assim sistema de rega. Esta intervenção torna-se o mais natural e menos artificial possível, situação esta também imposta pela DGPC.
Para o presidente do município, Pedro Folgado, “esta requalificação traz à vila de Alenquer um espaço digno para a fruição de momentos culturais ao ar livre e acaba com a forma pouco digna como este espaço histórico estava a ser ocupado”. Rui Costa, vereador da Cultura, sublinhou a importância considerável de valorizar e preservar dos poucos fragmentos existentes do Castelo Medieval de Alenquer na linha de defesa da cidade de Lisboa [a Porta da Conceição]. Acrescentou que, “todos conhecemos este cantinho da Vila Alta de Alenquer e a todos, com toda a certeza, o mesmo enche de orgulho, tendo sido espaço privilegiado ao longo dos tempos para pais contarem histórias de guerreiros valentes e cães alanos aos seus filhos, namorados fazerem aquele pedido de noivado que tão tradicionalmente pede um local mesmo especial e recém-casados tirarem as primeiras fotos do seu dia festivo.” “O projeto inicial, mais ambicioso, foi sendo aos poucos adaptado às exigências da Direção-Geral do Património Cultural, num profundo respeito pelo próprio edificado, pelas proporções das estruturas a construir e a sua relação com as muralhas do castelo, e o tratamento a dar a todo o terreno envolvente em termos paisagísticos, pelo que no final, a solução edificada, resulta da harmonia entre a nossa ambição e visão e o lado mais regulamentar da instituição tutelar - a DGPC”, acrescentou. A cerimónia terminou com dois concertos abertos ao público, numa noite de verão e num cenário que promete receber as mais variadas vertentes culturais que o município pretende oferecer. O projeto de requalificação da envolvente do Castelo de Alenquer e Porta da Conceição foi apresentado a 7 de janeiro de 2020 nos Paços do Concelho, no âmbito do Aviso de Concurso para apresentação de Candidaturas (AAC) N.º CENTRO-16-2018-05 (PI 6.5) – PARU (Planos de Ação de Regeneração Urbana), respeitante às operações enquadradas nos Planos Estratégicos de Desenvolvimento Urbano (PEDU) aprovados, neste caso concreto com enquadramento na prioridade de investimento 6.5 do Programa Operacional Regional do Centro 2014-2020 (POR Centro). O custo total da operação, que corresponde ao valor de investimento total elegível, foi de 207.416,41 euros, já incluindo o IVA à taxa reduzida de 6%, para a despesa com a obra. O IVA é considerado na totalidade como investimento elegível, face ao enquadramento apresentado pelo município.
O financiamento FEDER (85% do valor total do investimento elegível) cifra-se em 176.303,95 euros, cabendo ao município de Alenquer suportar o valor de 31.112,46 euros (15% do valor do investimento total elegível). Alenquer é um centro urbano estruturante, tendo o município elaborado o respetivo Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano (PEDU), que desenvolve uma estratégia integrada de desenvolvimento urbano centrada nos dois principais aglomerados urbanos do concelho – as vilas de Alenquer e do Carregado. O PEDU de Alenquer foi aprovado por decisão final da Comissão Diretiva do Programa Operacional Regional Cento 2014-2020 (POR Centro). Com esta decisão foi aprovado um financiamento total FEDER (com Instrumento Financeiro) de 4,7 milhões de euros, distribuídos pelas suas três componentes: Plano de Ação de Mobilidade Sustentável (PAMUS); Plano de Ação para a Regeneração Urbana (PARU); e Plano de Ação Integrado para as Comunidades Desfavorecidas (PAICD). O PARU incide sobre as Áreas de Reabilitação Urbana (ARU) de Alenquer e Carregado e concentra as ações de revitalização dos centros urbanos, em grande parte por via da reabilitação física do edificado e do espaço público. Por sua vez, a ARU de Alenquer, na qual se insere a presente operação, concentra a zona histórica e tradicional da vila de Alenquer. Considerando que o espaço se apresentava degradado, num terreno com limite irregular e topografia acidentada, desenhou-se uma proposta que contribuísse para promover uma maior dignidade do local, permitindo, por seu turno, uma maior coesão do tecido urbano no “casco histórico” da vila de Alenquer.
Sobre a Porta da Conceição A porta da Conceição é atualmente o segmento mais bem preservado do castelo de Alenquer, conquistado aos mouros em 1148 por D. Afonso Henriques. Durante a Idade Média, foi uma fortaleza de grande importância estratégica, integrada na linha dos castelos que defendiam a margem direita do Tejo. Perdeu relevância a partir da Dinastia Filipina e o alargamento da vila foi determinando a demolição sucessiva de segmentos das muralhas. Entre 1940 e 1945 foi alvo de uma intervenção pela Direção dos Monumentos Nacionais, que procedeu à demolição de habitações contruídas sobre a Porta da Conceição.