Revista Arquitetura & Construção 359 edição digital

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cabana moDerna | Dicas para escolher a pia | seleção De 38 acabamentos | loft De 81 m²

quente ou frio?

De aspecto inDustrial ou natural, uma seleção De 38 acabamentos para sua casa

Reforma cheia de estilo

tons de concreto atualizam o loft de 81 m²

+

apê mais acolhedor com mix de texturas

Sua obra

dicas para escolher a pia: de apoio, sobrepor, embutir ou semiencaixe. modelos a partir de r$ 50

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cabana moderna maDeira e aço corten estruturam este refugio entre árvores ´


No cantinho de leitura, o balanço (Bubble Chair, de acrílico incolor, criação do finlandês Aarnio eero, à venda na Micasa) é o lugar ideal para brincar com as pugs Nanny e frida. foi fixado diretamente na laje. As prateleiras de carvalho-americano, ao fundo, vão de uma ponta a outra da sala. No piso, o apoio para quadros permite a disposição em três ângulos diferentes. 62

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Despertar de sensações

Madeira de demolição, treliças, iluminação cênica e alguns elementos lúdicos – como a poltrona transparente suspensa – aguçam os sentidos e imprimem um toque contemporâneo ao apartamento de uma designer de joias Por Silvia Goichman (viSual) e Dan Brunini (texto) Projeto h2c arquitetura fotos evelyn müller

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Para refeições rápidas, a ilha de granito branco itaúnas polido inclui um tampo (0,60 x 1,80 m) mais baixo, acompanhado de três banquetas. A solução promove descontração ao aproximar cozinheiro e convidados. Coifa da falmec.

Q

uem conhece a designer de joias Carol Keutenedjian e suas criações à frente da Epiphanie sabe que cores, formas e elementos óbvios nunca fizeram seu estilo. Foi esse o ponto de partida para a reforma radical que, em um ano, deu novos ares ao apartamento paulistano onde ela vive com suas duas cachorrinhas. “Preferi mais uma vez o diferente e o lúdico, reservando toques femininos para detalhes como as estampas dos tecidos e o desenho do mobiliário”, explica. Modernizar o imóvel de 140 m2 construído nos anos 80 não foi o único desafio cumprido pelo escritório H2C Arquitetura, encarregado também de inventar espaços capazes de aguçar os cinco sentidos. Ao fim da obra, poucas paredes sobraram, tornando a área de estar única, integrada, e transformando a cozinha no coração do lugar. “O cheiro gostoso da comida estimula o olfato e o paladar, além de

favorecer a interação com a família e os amigos”, justifica a arquiteta Helena Camargo, principal mentora da renovação. A madeira, presente em todo o piso e no painel treliçado deslizante, convida ao toque e surpreende o olhar. Quando fechadas, as portas de correr permitem ver a sala a partir da cozinha, mas não o contrário. Se a ideia é descansar, o quarto, cuja cabeceira recebeu couro estofado, contribui para o silêncio. Eliminar os forros e aproveitar ao máximo o pé-direito ajudou a trazer amplitude aos ambientes, marcados pela paleta sóbria e repletos de minúcias. Distribuídos pelo teto em pontos estratégicos, os trilhos metálicos deram à iluminação um ar teatral, enquanto um conjunto de volantes hidráulicos fixados no hall (veja na pág. 66) diverte e apoia chapéus, casacos e chaves. “A inspiração e as ideias vieram de diversos lugares e fontes, depois foram mescladas. Isso fez da minha casa única – e feminina do meu jeito”, diz Carol.

“A mAdeirA rústicA e o couro reforçAm o Apelo sensoriAl”

Helena Camargo arquiteta 64

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Acima: sem paredes nem forro, a área social ficou totalmente unificada. Quando se deseja privacidade, basta puxar as portas de cumaru (1,50 x 2,45 m cada uma, feitas pela Girante Móveis), em padrão geométrico. São inspiradas no muxarabi – elemento da arquitetura árabe que permite a ventilação e a iluminação naturais e resguarda a intimidade no interior das residências. Abaixo: xodó da moradora, a mesa de concreto Table B Stone (Micasa) lembra uma asa de avião.

ArrAnjo de pAinéis os seis módulos de correr resguardam o eixo social. vazadas e leves, as peças deslizam em trilhos no teto, auxiliadas por guias no piso.

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A penteadeira com pés de vidro traz um espelho numa face e embute a Tv na outra (invenção da equipe de arquitetos e execução da Girante Móveis). Mais uma boa ideia: atrás da cama, a parede foi revestida de couro em losangos (Lá Novitá) com espuma no enchimento, resultando numa cabeceira confortável, com boa eficiência acústica e volume marcado. Serviço do tapeceiro Crezildo ferreira da Silva.

ambientes reorganizados

ban.

sala de tv

ban.

1,25 x 3,05 m

3,50 x 4,20 m

1,45 x 3,60 m

quarto HosP. 3,30 x 3,40 m

quarto

7 x 4,10 m

terraço 2 x 3,65 m

sala de jantar

escritório

3,50 x 3,80 m

2,85 x 1,85 m

closet

4 x 1,90 m

banHeiro

2,35 x 2,15 m

cozinHa 3,50 x 5 m

lavand.

3,90 x 4 m

sala de estar 5,65 x 3 m

demolido construído

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Área: 140 M2; Projeto de reforma e de interiores: H2C ArquiTeTurA; Projetos de elétrica e HidrÁulica: fábio DeL CArLo; execução da obra: SANeTerrA eNGeNHAriA

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ilustrações: campoy estúdio

A cozinha, no centro da planta, faz a transição entre a área social – livre de paredes – e a ala íntima. Nessa última, duas suítes se converteram numa só: de tão ampla, tem closet integrado e dois banheiros. E ainda restou uma suíte completa para hóspedes

engrenagens no Hall quem chega é recebido por um cabideiro nada usual: a equipe do 80e8 Design dispôs na parede volantes hidráulicos comprados de ferro-velho. Chumbada em posição invertida (no canto inferior esquerdo), uma das peças aloca as chaves.


crônica

APRENDIZADO PELO CONVÍVIO Como a arquitetura pode favorecer a troca de conhecimento nas escolas e locais de ensino

trabalhos fossem sempre A pré-escola e a escola escancarados e comparfundamental que fretilhados – aprendíamos quentei eram pequenas, vendo-nos uns aos outros. dessas de bairro, um Incrível como esconjunto de casas adapses lo ca is onde pa stadas. Imagino que os Por Leonardo Shieh* iLuStrAção marceLLa briotto sa mo s o s a no s m a i s donos iam comprando ou alugando dos vizinhos, à medida que cresciam. Em importantes de nossas vidas ficam em nosso repertóuma delas, a “quadra” de futebol era um polígono dis- rio. Somos resultado da somatória dessas vivências, boforme de nove lados. Só craque para jogar bola lá! as e ruins. E, feito arquiteto, resgatar tais registros não Assim, seguir para o ensino médio na Escola Técnica é uma questão de memória afetiva, e sim de profissão. Numa época em que o mundo parece se resumir Federal de São Paulo (atual Instituto Federal), projeto de Zenon Lotufo e equipe, foi positivamente impactante. De à interação pelo celular, apostar em experiências de arfeições modernistas, chamava-me a atenção o alongado eixo quitetura que favoreçam o encontro, o trabalho em gruuniversal, com prédios de cursos específicos desmembrando- po e a profusão de ideias é um caminho importante pa-se desse grandioso espaço de encontro. Mais marcante ainda ra se projetar, principalmente se pensarmos na função foi estudar arquitetura no edifício-meca de Vilanova Artigas de uma escola que, além de educar, é também promover e Carlos Cascaldi – trocar ideias com colegas e professores o intercâmbio de conhecimento com base no diálogo. Vejo como ponto importante de inflexão, nesse sentipelas rampas, sob a luz amarelada dos domus, dia após dia. Alguns anos mais tarde, via-me num pequeno grupo de do, repensar a função dos corredores nos projetos educaciomestrado no Massachusetts Institute of Technology (MIT). nais. Assim, abrimos espaço para desenhar as salas de aula O curso era intenso e não tinha prédio dedicado no cam- ao redor de pátios, sempre equipados com pufes, bancos, pus. Tirávamos proveito de todo e qualquer lugar para nos mesas e nichos com lousas à disposição dos alunos para que reunir, discutir, fazer bancas de apresentação. É como se os a comunicação flua como deve ser em um ambiente escolar.

*Leonardo Shieh é arquiteto, sócio do escritório Shieh Arquitetos Associados, que tem como uma das frentes de atuação a arquitetura na área da educação. 98

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Esta é a visão que se tem da varanda de uma das duas suítes laterais, que compartilham com o restante das áreas íntima e social a paisagem e o ar marítimo. Isso porque foram posicionadas nas extremidades da construção, sem obstáculos à frente. Piscina vestida de pedra hijau (Palimanan).

“O prOjetO priOriza a ventilaçãO cruzada, aprOveitandO a brisa que sOpra dO mar, e O máximO de iluminaçãO natural” claudio macedo, arquiteto


Cajueiro, oiti, biribazeiro e outras árvores originais do terreno produzem uma sombra generosa na faixa gramada que vai da casa à praia. Para que não atrapalhassem a vista do mar, tiveram os galhos mais baixos podados. Note como a varanda coberta evita que o sol incida diretamente sobre a fachada, aplacando o calor que pode chegar aos 37 ºC no auge do verão.

A

vila tem um feitiço sem farofa / Sem vela e sem vintém / Que nos faz bem / Tendo nome de princesa / Transformou o samba / Num feitiço decente / Que prende a gente.” Trancoso não tem nome de princesa e foi-se o tempo em que vinténs circulavam por seu centrinho, o Quadrado. Mas, tal qual a Vila Isabel de Noel Rosa (1910-1937) – celebrada em Feitiço da Vila –, o vilarejo no litoral sul baiano produz um encanto que prende quem por lá coloca os pés. Os que não ficam para sempre dão um jeitinho de voltar com frequência, e assim a rústica Trancoso descoberta por hippies nos anos 70 foi somando múltiplos sotaques. E, com eles, casas assinadas por arquitetos para gente de todo o Brasil. Esta é uma dessas histórias. Nem a distância de 1 500 km roubou dos cinco irmãos de São Paulo a determinação de realizar uma velha ideia do pai: construir um endereço de veraneio

aqui. Inútil querer saber quando tudo começou. “Faz mais de dez anos que meu pai morreu, e foi ele quem pediu o primeiro esboço”, lembra uma filha. Fato é que, há pouco mais de um ano, o refúgio de 557 m2 passou a hospedar, em diferentes momentos, os quase 20 membros do clã, do neto de 9 anos à avó de 85. O projeto criado pelo arquiteto Claudio Macedo levou 18 meses para ser erguido com estrutura de concreto e paredes de tijolos furados. É ideal para fazer frente ao calor intenso, às chuvas que têm período e hora certos para cair e ao vento constante. Carioca que adotou a região há mais de duas décadas, Claudio traçou uma planta espaçosa, por onde a brisa circula a convite das generosas venezianas de madeira, parte delas sem vidro. Na ampla área social, com pé-direito de 4,50 m, o ar aquecido sobe e vai saindo pelo telhado sem forro, coberto com taubilhas de madeira – um daqueles ingredientes típicos de Trancoso, que enfeitiçam.

LINHAS SINGELAS elas definem a casa desenhada pelo arquiteto e artista plástico Claudio Macedo para seus clientes paulistanos.

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suA obrA [ paleta do arquiteto ]

Livre para criar RepoRtagem visual MAyRA NAvARRO texto RENATO BiANChi fotos CACá BRATkE

Ao incorporar a expertise nas áreas de design e fotografia, o arquiteto Décio Navarro empreende um trabalho híbrido e livre de rótulos

Antes de se tornar arquiteto – aos 50 anos, realizando um sonho de juventude –, Décio Navarro atuou como diretor de arte, editor de fotografia e designer. Essa versatilidade conduziu sua carreira para um trabalho multidisciplinar. “Não gosto de definições, estilos. Procuro atender as necessidades de espaço e conforto de quem me procura”, avisa. Esse princípio norteia sua atuação nos diversos trabalhos residenciais que assume e guiou também a reforma do ambiente da página ao lado. “Os clientes pediram um lavabo anticonvencional. Procurei traduzir as informações recebidas em materiais e formas.” O processo resultou num lugar com jeitão de área externa, quase uma varanda dentro do banheiro. “A cuba de concreto parece um vaso, um tanque, e reforça a atmosfera de jardim ou spa”, explica. No arremate, Décio previu um tablado com seixos rolados para escoamento da água. Tudo bem natural.

1 A dupla Suvinil Fosco Completo (3,6 litros, R$ 98,90, na Telhanorte) seguida de Suvinil Efeito Mármore (2,88 litros, R$ 99, na Leroy Merlin) garante o aspecto cimentado.

2 Para uso em áreas internas e externas, os seixos soltos da Palimanan custam R$ 117 o saco de 20 kg.

3 A cuba foi confeccionada pela Onofre Móveis e Concreto com cimento, areia e pedriscos, usando como molde um barril metálico.

5 Porcelanato Broadway (60 x 60 cm), na cor Cement, com acabamento natural. Da Portobello, tem valor sugerido de R$ 59,90 o m², em São Paulo.

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O porcelanato Extint (ref. 8308), da Ceusa, apresenta relevo, desenho e textura que imitam madeira de demolição. Cada peça mede 20,2 x 86,5 cm. Por R$ 79,90 o m², na Telhanorte.

Laminado da Formica (padrão L523 TX Novo Cromo Real) com superfície texturizada. A chapa de 1,25 x 3,08 m e 8 mm de espessura custa R$ 134, na Única Laminados.

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