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DOSSIÊ
BOLETIM ALMADA 16Sabia que em Almada a água é 232 NOV 2016 captada entre os 150 e os 500 metros de profundidade e que é das que melhor qualidade tem em todo o país? Conheça mais dados sobre esta «cidade invisível» neste dossiê sobre os SMAS de Almada
UM LUGAR DE PRIMEIRA ÁGUA
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Há uma cidade invisível aos nossos olhos, que começou a ser construída há 65 anos e que hoje lhe permite ter água de muito boa qualidade quando abre uma torneira. Ou que lhe garante que quando descarrega o autoclismo não está a poluir o planeta. Ou que lhe assegura que mesmo que uma conduta se rompa durante a noite, haverá gente a trabalhar para que quando acorde o problema esteja resolvido.
Quando ficamos sem água, damos mais valor a este líquido precioso. Ligamos para os SMAS, queremos saber quando as obras acabam, até porque precisamos de um duche, temos louça para lavar e aquela pilha de roupa à espera na máquina. A água é um bem essencial à vida, ao funcionamento das casas, das cidades, de todos os setores da economia. Mas para que hoje nos chegue sem esforço às torneiras, garantindo este direito universal, foi preciso um investimento extraordinário, que em Almada começou há mais de 65 anos, mas que ganhou um movimento imparável a partir de 1976. DO TEMPO DAS FONTES
Durante vários séculos, foram as águas das nascentes naturais, dos poços, das minas, das cisternas e das fontes públicas e privadas que forneceram a vila de Almada e arredores. O chafariz monumental da Fonte da Pipa, construído em 1736, no reinado de D. João V, à custa do tributo do povo almadense, é testemunho desse tempo. Os aguadeiros certificados pela administração do concelho transportavam barris com água potável para vender às famílias com maiores recursos económicos, sistema que se manteve até meados da primeira metade do século XX. Mas a água vendia-se a preço elevado e, por isso, a maioria da população fazia fila junto dos fontanários para encher as vasilhas.
CRIAÇÃO DOS SMAS
Com a descoberta de um abundante lençol de água de qualidade na Quinta da Bomba (1949), Almada tornou-se um dos primeiros concelhos do país a dispor de um projeto de abastecimento de água extensível a todo o território. Os Serviços Municipalizados de Água (SMA) entraram em funcionamento em 1951, com 31 trabalhadores, 5615 consumidores mas apenas 500 casas diretamente ligadas à rede. Nessa década os SMA enfrentaram diversas dificuldades, verificando-se novamente a falta de água nos pontos altos da vila de Almada. O projeto de abastecimento de água incluía, entre outros, a conduta elevatória de Corroios - Monte de Caparica; a Central de Corroios; o depósito do Monte de Caparica; a Central da Sobreda e a construção de condutas da rede de distribuição. Com a fixação dos estaleiros da Lisnave, a construção da ponte sobre o rio Tejo, o notável crescimento populacional e urbanístico e o crescente afluxo de pessoas às praias do concelho levaram a projetos e obras de abastecimento, prospeção, captações, centrais e reservatórios de água. Em 1957 foram municipalizados os serviços de drenagem, passando a designação para SMAS (Serviços Municipalizados de Água e Saneamento). O preço da água foi reajustado em 1968 para realizar as obras, que incluíram também, por exemplo a construção de novo reservatório no Feijó ou a construção de esgotos no “Laranjeiro de Fora” e a Estação Elevatória de Águas Residuais na Costa da Caparica. Com a Revolução de Abril, em 1974, a Comissão Administrativa, em colaboração com comissões de moradores, organizações sindicais e coletividades, desencadeou ações para resolver problemas herdados – a insuficiente capacidade dos reservatórios, envelhecimento da rede de distribuição, frequentes avarias, roturas e faltas de pressão das águas.
PRINCIPAIS OBRAS DE 2016
11.6 M€ Remodelação da ETAR da Quinta da Bomba 1,1 M€ Obras de Beneficiação da ETAR do Valdeão 900 m€ Estação Elevatória de Águas Residuais do Torrão 660 m€ Emissário e Estação Elevatória de Águas Residuais da Foz do Rego 450 m€ Remodelação da Estação Elevatória de Vale de Milhaços A REVOLUÇÃO DAS ÁGUAS
Desde então foram planificados centenas de quilómetros de rede de distribuição de água, construídos reservatórios e estações elevatórias, furos de captação e laboratórios de análise. Garantiu-se por todo o território a drenagem das águas residuais desde todas as casas até às estações de tratamento, peças indispensáveis desta gigantesca cadeia que, no fim da linha, garantem a descontaminação deste líquido e a sua devolução à natureza. De forma pioneira, Almada foi um dos primeiros concelhos a avançar com um Plano Municipal de Saneamento Básico, em 1976, para suprir as necessidades gritantes da população: a água faltava com uma frequência asfixiante um pouco por todo o território, os esgotos corriam a céu aberto em algumas zonas e os líquidos residuais eram lançadas para o rio sem qualquer tratamento, comprometendo a saúde pública.
No Índice Nacional de Satisfação de Clientes 2014/2015 os SMAS Almada obtiveram o 1.º lugar entre os serviços municipalizados e o 2.º lugar no setor nacional das águas
Por isso, um dos principais desafios do Poder Local Democrático, foi planear e infraestruturar o concelho, avançando em força para o terreno. Em 1978 entrou em funcionamento o Reservatório enterrado do Pragal, passando a abastecer Almada, Cacilhas e Cova da Piedade. Quatro anos depois o Reservatório do Raposo, na Caparica. Em 1988 o concelho já dispunha de um Laboratório de Análise de Água de Consumo, na área onde seis anos mais tarde haveria de nascer uma das primeiras Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) do País, na Quinta da Bomba, ETAR Intermunicipal , Almada e Seixal, na época uma das maiores da Península Ibérica e que, este ano, após concluída uma obra que contribuiu para uma profunda remodelação, modernização e adaptação ambiental foi objeto de inauguração (ver página 21). Seguiram-se em 1993 os reservatórios do Laranjeiro e do Cassapo (Charneca de Caparica), assim como os reservatórios e central elevatória de Vale Milhaços, uma das grandes obras do Município ao nível do sistema de abastecimento de água.
100% NO TRATAMENTO DAS ÁGUAS RESIDUAIS
O Laboratório de Águas Residuais foi instalado em 1994 na ETAR da Quinta da Bomba, Miratejo, foi ampliado em 2003 e instalado na ETAR da Mutela, Cova da Piedade e acabou por confirmar a importância da aposta na infraestruturação básica e saneamento: depois da entrada em funcionamento das mais recentes ETAR, da Mutela em 2003, e do Portinho da Costa, em 2004, verificou-se o contributo essencial do tratamento das águas residuais para a despoluição do rio Tejo e regeneração ambiental. Com a entrada em funcionamento da quarta ETAR, e um investimento superior a 25 milhões de euros, Almada garantiu os 100% de capacidade do tratamento de águas residuais. Com a construção do Reservatório e a Estação Elevatória do Feijó, em 2008, o Município alcança outra importante meta: o abastecimento de água em qualidade e quantidade em todo o concelho. O investimento dos Serviços Municipais de Água e Saneamento de Almada garantiu também a resolução de outros problemas prementes para a população, como as cheias. As obras de Vale Cavala, por exemplo, que em 2001 implicaram a construção de um túnel com mais de 300 metros ao longo da Arriba Fóssil da Costa da Caparica, acabaram com as frequentes inundações neste território. Em 2002 iniciou-se a implementação da telegestão, com a construção do centro de comando em Vale Milhaços.
ABASTECIMENTO DE ÁGUAS
85 350 m3 de reserva máxima de água 880 km de rede de distribuição 34 pontos de captação de água 6 reservatórios elevados 25 reservatórios enterrados e apoiados
Os SMAS Almada garantem 14 mil análises por ano à qualidade da água
CICLO URBANO DA ÁGUA
CAPTAR Em Almada, a água é captada dos 150 aos 500 metros de profundidades, no sistema aquífero Tejo-Sado, o maior reservatório de água doce do país. Não tendo contaminação salina nem de nitratos agrícolas, é apenas submetida a um processo de desinfeção simples e armazenada em grandes reservatórios. RESERVAR Os reservatórios elevados, semienterrados e enterrados, estrategicamente localizados em locais mais altos, distribuem apenas através da força da gravidade a água na respetiva área de influência. CONTROLAR Em média, os SMAS Almada realizam 14 mil análises por ano que garantem o controlo de qualidade da água desde a captação até à torneira de cada consumidor. DISTRIBUIR A água potável em Almada sai dos 25 reservatórios e 42 células, seguindo por uma rede de distribuição com 880 km de extensão até à torneira das nossas casas.
TRATAMENTO DE ÁGUAS
16 Estações Elevatórias 4 ETAR em funcionamento 608 km Rede de drenagem doméstica 502 km Rede de drenagem pluvial 98% Taxa de cobertura (águas residuais) 100% Taxa de tratamento (águas residuais) 100% Taxa de gestão de saneamento
A CIDADE INVISÍVEL
O caminho trilhado por gerações de trabalhadores e administrações dos SMAS Almada ao longo de décadas permitiu garantir uma realidade essencial: o abastecimento de água de qualidade à população e o tratamento a 100% das águas residuais, um trabalho reconhecido ao nível nacional pelo setor e pela entidade reguladora. Construir, modernizar, inovar são palavras concretizadas durante a longa atividade deste serviço municipal, que construiu uma cidade invisível aos olhos de muitos de nós, mas essencial para a nossa qualidade de vida e para a preservação do Planeta. Uma cidade onde por debaixo do chão existe uma rede de quase 900 km de distribuição de água, 600 km de recolha das águas residuais e 500 km de águas pluviais. Uma cidade com mais de 30 reservatórios, 34 furos de captação, 16 estações elevatórias, quatro estações de tratamento, estas últimas com um papel fulcral para a salvaguarda ambiental, nomeadamente para a preservação do estuário do Tejo e das praias da Costa da Caparica, anualmente distinguidas com a Bandeira Azul e o galardão de Qualidade de Ouro. Hoje os SMAS Almada são um serviço público autossuficiente, com capacidade de investimento na modernização dos serviços. Em 2015, por exemplo, foi lançada uma nova aplicação móvel, a primeira do país que permite enviar a leitura do contador de água, de forma rápida e gratuita, a partir do telemóvel ou tablet.
RECOLHER Todas as águas residuais produzidas no Concelho são recolhidas através de coletores que as encaminham para as ETAR. Os 2% de população não ligados à rede pública de saneamento e servidas por fossas, são recolhidas e levadas para as ETAR para tratamento. TRATAR A água doce é um recurso escasso, por isso esta é uma fase fulcral. As estações de tratamento de águas residuais tratam os líquidos de acordo com a sua origem – doméstica, industrial, mista. Através de processos físicos, químicos e biológicos em cadeia (incluindo a desodorização do ar), as águas são depuradas e devolvidas já desinfetadas ao meio recetor (rio, mar, terra, outro). A equipa do
Os Serviços Municipalizados contam com quase 500 trabalhadores, funcionando 24 horas por dia
Laboratório Central, na Mutela, efetuam milhares de análises à rejeição final de efluentes das várias ETAR do Município. REAPROVEITAR As lamas que resultam do tratamento das águas residuais são sujeitas as processos de espessamento, digestão e desidratação, podendo então ser usadas na agricultura, como fertilizante. O biogás também é reaproveitado na produção de energia térmica e elétrica. As águas podem ainda ser reutilizadas em lavagens e regas.
BEBA ÁGUA DA TORNEIRA
A água da torneira que bebemos em Almada é muito mineralizada e rica em cálcio e magnésio. Para demonstrar as qualidades e vantagens de consumir a água da rede pública, os SMAS lançaram em 2011 a campanha Beba Água da Torneira. É acessível, tem qualidade e ajuda a preservar o ambiente e poupar o orçamento familiar. A qualidade da nossa água tem sido reconhecida diversas vezes, por exemplo, com o Prémio e Selo Nacional de "Qualidade exemplar para consumo humano".
ARUT – ÁGUAS RESIDUAIS URBANAS TRATADAS
Trata-se de um projeto piloto com uma implementação faseada e que tem como objetivo disponibilizar à comunidade uma fonte alternativa e segura de água não potável para ser usada em fins específicos, como lavagens ou regas de espaços verdes, por exemplo, e por entidades devidamente autorizadas. A reutilização destas águas poderá trazer vários benefícios, permitindo que a água potável venha a ser usada somente para consumo humano, preservando-se deste modo o recurso hídrico mais essencial à vida humana.
SISTEMA DE TELEGESTÃO DAS ÁGUAS
Almada implementou um sistema de telegestão no sistema de abastecimento de água que permite controlar online todas as variáveis relativas à exploração de furos de captação, estações elevatórias de água e reservatórios integrados. Os medidores de nível nas captações permitem monitorizar o nível de água no aquífero Tejo-Sado, minimizando os impactos da sua exploração, e ainda gerir estados de funcionamento de eletrobombas, níveis de água nos reservatórios, entre outros. Analisadores instalados em todas as saídas para a rede distribuidora controlam a qualidade da água, em tempo real, e medidores de caudal contribuem para detetar roturas na rede distribuidora minimizando as perdas de água.
OBRAS EM CURSO
606 m€ Até março 2017 - Renovação da Rede de Drenagem e Abastecimento de Água de Almada a Sul do MST (Rua Luís de Queirós e Av. D. Leonor) 505 m€ Renovação da Rede de Drenagem e Abastecimento de Água de Almada Norte 310 m€ Até maio 2017 - Reabilitação da conduta Adutora de Abastecimento de Água com Consumo de Percurso, FCT-Murfacém 227m€ Até 19 de janeiro 2017 - Travessia sob o viaduto do Pragal
SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADO
Os SMAS encontram-se num processo de certificação de seis Sistemas de Gestão: Gestão da Qualidade; Gestão Patrimonial de Infraestruturas; Gestão de Segurança da Água; Gestão Ambiental; Gestão de Segurança, Saúde e Bem-estar no Trabalho e Gestão de Compromisso Social e Organizacional.
HISTÓRIA DA ÁGUA EM LIVRO
No âmbito do programa de comemoração do seu 65.º aniversário, os SMAS de Almada lançaram o livro História da Água e Saneamento em Almada. Os historiadores Alexandre Flores e António Policarpo assinam esta obra, que neste primeiro volume retrata como foi sendo feito o acesso à água em Almada até 1950, ano em que entram em funcionamento aqueles serviços municipalizados.
DISPONÍVEIS 24 HORAS POR DIA
OS SMAS Almada têm em permanência um serviço de piquete de avarias que tentam solucionar de forma rápida problemas detetados nas redes de abastecimento de água e águas residuais.
SMAS DE ALMADA ETAR DA QUINTA DA BOMBA AMPLIADA E BENEFICIADA
Esta Estação Intermunicipal de Almada e Seixal está a funcionar há 22 anos e serve as freguesias do Charneca de Caparica, Feijó, Laranjeiro, Sobreda, Corroios e Amora
A ETAR da Quinta da Bomba, em funcionamento desde 1994, é uma estação intermunicipal, que resulta de um projeto integrado de drenagem e tratamento de águas residuais urbanas dos municípios de Almada e Seixal
Após o descerramento da placa de inauguração foi realizada uma visita aos principais órgãos da ETAR da Quinta da Bomba
Com as recentes obras de modernização e qualificação, a Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) da Quinta da Bomba, Estação Intermunicipal de Almada e Seixal, localizada no Miratejo, ficou capacitada com as mais avançadas tecnologias de tratamento de águas residuais, respondendo aos mais elevados padrões de qualidade ambiental. O investimento foi de 11,6 milhões de euros, sendo que 5,4 milhões foram suportados, em partes iguais, pelos SMAS de Almada e SIMARSUL, e o restante por fundos comunitários. A inauguração da ampliação e beneficiação da ETAR da Quinta da Bomba realizou-se no dia 22 de outubro. O grupo musical dos SMAS de Almada Vozes D'Água deu as boas-vindas e no final foi lançado o livro ETAR da Quinta da Bomba – 22 anos de história.
ELOGIOS PARA ESTA PARCERIA ENTRE MUNICÍPIOS
águas residuais em Almada e Seixal e destacou «a inauguração destas obras de ampliação e reestruturação de uma das maiores ETAR do país gerida por autarquias». Já o presidente da Câmara Municipal do Seixal, Joaquim Santos, enfatizou «o elevado nível ambiental alcançado com esta infraestrutura que representa o êxito de parceria entre dois municípios». O presidente da Câmara Municipal de Almada, Joaquim Judas, salientou o «trabalho conjunto realizado pelos dois municípios» e que «a água e o ambiente são nossos e é nossa responsabilidade cuidar deles». Também presente na cerimónia, o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, elogiou a parceria entre Almada e Seixal, «que assim contribuem para manter a riqueza no estuário do Tejo». «Esta parceria é um exemplo magnífico», concluiu.