ESTÓRIAS DO MÊS
Nos tempos atuais há cada vez mais procura e prazer pelo conhecimento da ruralidade e a pretensão de se disfrutar, usufruir e relaxar em ambientes naturais. É por demais evidente que esta salutar e interessante realidade proporciona bem-estar e boas e agradáveis sensações aos locais e visitantes, sendo que, necessariamente, deve prevalecer o devido cuidado e respeito pelo património ambiental e construído. Esta introdução tem a ver com o texto que se segue, porquanto se verá a relação entre uma exposição temporária e o espaço físico onde teve lugar. Em 1992 decorreu uma intervenção arqueológica deste Serviço nos n.º 25 e 27 da Rua de Santo Amaro, Castelo de Vide, edifícios agora designados de “Porta do Parque”, (Processo interno da autoria de
Carlos Grande e corresponsável pela escavação), quando os mesmos se encontravam em obras de recuperação e reabilitação para o que viria a ser o Centro de Interpretação do Parque Natural da Serra de S. Mamede. Quatro anos mais tarde, em 1996, houve a possibilidade de ali se constituir uma modesta exposição temporária, embora marcante, dado ser pioneira para a divulgação de um roteiro histórico e ambiental no concelho. A concretização desse projecto de exposição surgiu no âmbito da parceria institucional do Parque Natural com a edilidade castelovidense; a organização da exposição coube à Secção de Arqueologia, sob a responsabilidade de António Pita, e intitulava-se “Mostra Arqueológica do Concelho de Castelo de Vide”.
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Design: António Manso / fotos: Secção de Arqueologia de Castelo de Vide e colaboração de Patrícia Martins
EXPO PARQUE
Colaboração de jovens do OTL: Jorge Miguel Nogueira e Miguel Ângelo Belém
Tratou-se, nessa ocasião, da primeira divulgação pública do Roteiro Histórico-Ambiental do Concelho de Castelo de Vide, o qual foi decisivo para incrementar o número de visitantes aos locais nele indicados - ainda que o folheto tríptico, em A3, fosse fotocopiado e impresso a preto e branco. Mais tarde, em 2005, o roteiro é editado em bilingue pela CMCV, com a colaboração do fotógrafo e empresário Rui Cunha. Na referida exposição pudemos contar com o oportuno e profissional contributo fotográfico de Augusto Rainho, cuja qualidade artística muito a valorizou e a quem se deve o modesto, mas “agradável”, folheto da Exposição, o qual serviu, posteriormente, para outras exposições congéneres e foi realizado em colaboração com António Pita (texto) e Bica Penhasco (desenho). Na Exposição esteve patente a melhor seleção de peças arqueológicas e outras de interesse histórico do concelho, que em muito contribuíram para o sucesso da iniciativa. Um dado a reter é que a grande maioria dos visitantes foram estudantes, conforme consta do “Livro do visitante”. A sala era - e é! - esplêndida no seu desenho arquitetónico e valorizada pela climatização do espaço. O menos positivo da exposição foi o facto de a mesma ter decorrido no segundo andar do edifício, o que implicava
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subir vários lances de escadas, pelo que quem tinha problemas de mobilidade via a visita fortemente condicionada. Desde há uns anos a esta parte que no edifício está instalada a ARANA – Associação Regional de Artesanato do Norte Alentejano, bem como alguns serviços da Câmara Municipal de Castelo de Vide, nomeadamente os Gabinetes Florestal e Sócio-Cultural e a Secção de Bordados. Porém, perspectivam-se novas valências para esse imóvel, fazendo acreditar que terá sempre uma função útil em prol da defesa e divulgação dos valores ambientais e patrimoniais da área do Parque Natural, e de Castelo de Vide em particular. Na generalidade, observamos e atentamos que o novo modelo do cogestão do Parque Natural (Municípios de Castelo de Vide – que preside -, Marvão, Portalegre e Arronches), cujo protocolo com o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas recentemente assinado irá garantir, reforçar e sustentar um conjunto de medidas entendidas como necessárias. Um pouco à margem do interesse deste artigo, mas no âmbito do anteriormente referido, não quero deixar de registar um facto de que sempre
nos orgulhámos. Aquando da criação do Parque Natural da Serra de S. Mamede (Decreto-Lei nº. 121/89 de 14 de Abril), o Grupo de Arqueologia de Castelo de Vide fez parte da Comissão Científica, conforme consta no Capitulo II, Artigo 8.º, ponto 2, alínea c), junto com a Universidade de Évora e o Instituto Politécnico de Portalegre. Esta honra, direi, foi conquistada pelo desempenho e pela importância que nesses anos foi reconhecida ao Grupo em prol da defesa e divulgação do património histórico e arqueológico. Fica, portanto, para memória futura, esta breve nota “doutros tempos e neste lugar”. Castelo de Vide, 07 de Setembro de 2020. J. Magusto (CMCV)
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