ESTÓRIAS DO MÊS - TRABALHOS FORA DE PORTAS

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ESTÓRIAS DO MÊS

cada um desses trabalhos, interiorizamos o quão importante foi e é no crescimento enquanto indivíduos e na componente profissional. Ou seja, estas colaborações são o reflexo da importância que cada um deu, individualmente, a possibilidades de conhecer novas realidades tornando-se, de certeza, mais capaz e enriquecido profissionalmente. São inúmeras as recordações e histórias que resultaram destas actividades externas e que, compreensivelmente, nos ajudaram a melhor estruturar e consolidar o nosso Serviço, tal como a vantagem de conhecer outros investigadores numa distinta época em que as relações presenciais e o deslocarmo-nos do nosso local de trabalho não eram assim tão comuns. Obviamente, cada interveniente saberá falar das suas experiências e a inegável importância que tiveram na sua formação profissional. Todas elas terão o seu quê de importância mas destacaria uma que pelo valor histórico e arqueológico, assim como o interesse e grandiosidade do local é de realçar. Trata-se da escavação da Alcáçova de Mérida na qual o Nuno Félix e o Paulo Morais estiveram presentes em 1986. Referem os aspectos muito positivos dessa escavação mas também, na altura, o absurdo que eram as indicações dadas pelos responsáveis da intervenção em que só se justificava apurar e estudar o que correspondesse ao período romano! Tudo o mais recente era

Foto de Jorge de Oliveira

Criteriosamente, em base da opinião abalizada de vários especialistas da área da arqueologia, o reconhecimento do “bem fazer” dos membros do Grupo de Arqueologia de Castelo de Vide, actual Serviço Municipal de Arqueologia, levou a que várias instituições/arqueólogos com projectos académicos, nos convidassem para prestarmos colaboração em trabalhos arqueológicos diferenciados que ocorriam em Portugal e no estrangeiro. No presente, isso ainda ocorre o que, naturalmente, nos satisfaz. Também por iniciativa e desejo de cada um desses componentes do Grupo procedia-se à inscrição em actividades dessa índole para conhecer outras realidades, aprender e partilhar experiências. Os conhecimentos de cada um, resultando das actividades laborais - práticas e teóricas - eram, então, postos em prática em prol dos melhores resultados e em base das expectativas geradas para cada projecto. Basicamente, essas actividades registavam-se em trabalhos de escavação mas também em prospecções de superfície, desenhos/ levantamentos de estruturas e de materiais, assim como trabalhos de limpeza, conservação e restauro de peças de que damos exemplo os executados, em oficina, para o Museu Municipal de Marvão. Outro caso mais particular foi a do nosso camarada e actual Presidente do Município que, enquanto aluno da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, e no âmbito do programa académico, participou em vários trabalhos de campo no norte do país. Ao abordamos e reflectirmos sobre

Açude da Aramenha

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Design: António Manso / fotos: Secção de Arqueologia de Castelo de Vide e colaboração de Patrícia Martins.

TRABALHOS FORA DE PORTAS


considerado entulho e a perda de informação era por demais evidente para o devido estudo do local. Outro exemplo, foram os trabalhos de desenho (Julho de 1991) na Anta da Cabeçuda localizada no concelho de Marvão. Nesta e noutras sepulturas megalíticas intervencionadas pelo Prof. Jorge de Oliveira era comum este arqueólogo recorrer a pessoas de meia idade, da região, para colaborarem nos trabalhos de escavação (conforme fotografias que se anexam). Era, portanto, mão de obra indiferenciada mas demonstrando muita vontade e empenhamento. E não só, por interiorizarem que estavam a colaborar para um melhor conhecimento das prácticas rituais de enterramento por parte de gente que tinha habitado este local há mais de 6000 anos. Como todos se conheciam, não havia constrangimentos nem vergonhas o que resultava num ambiente especial de boa disposição que tornava o dia menos duro fisicamente. Chamavamme “o sr. engenheiro” talvez porque a minha relação com a prancha de desenho, a fita métrica e o prumo assim o fizessem indicar!?. Registe-se, também, pela importância do mesmo, um acontecimento que poderia, de alguma forma, ter alterado o percurso profissional de cada um de nós e o próprio funcionalismo e dinâmica da Secção. Falo do convite feito, presencialmente e na sede do nosso Serviço, pelo sr. Eng. Carlos Melancia (Director da Fundação Ammaia) no dia 28 de Março de 1995. Propôs-nos sermos dos primeiros colaboradores nos trabalhos de escavação da cidade romana de Ammaia. Muito nos honrou com esse convite, o qual agradecemos. mas que de imediato, e gentilmente, declinámos, alegando incompatibilidades com a pessoa escolhida pela dita Fundação para director de escavação. Oportunidade perdida? Nunca saberemos…

Carlos M. B. Grande - Escavação de silos na Misericórdia de Nisa (1987); - Escavação do “Silo 2 da Rua de Moçambique – Nisa” (1989); - Prospecção “Levantamento arqueológico da variante à EN246-1 Castelo de Vide – Portagem” (1988). Hernâni J. R. Sarnadas - Escavação do “Silo 1 da Rua de Moçambique – Nisa” (1989); - Escavação do “Silo 2 da Misericórdia de Nisa” (1989). João F. A. Magusto - Prospecção “Levantamento arqueológico da Barragem da Apartadura – Rasa – Marvão” (1987); - Prospecção arqueológica de superfície no concelho de Trancoso (1987); - Escavação arqueológica na villa romana do Paço Vila Cova-Barcelos (1987); - Escavação do “Silo 1 da Rua de Moçambique – Nisa” (1989) - Levantamento/desenho do Açude da Aramenha – S. Salvador da Aramenha - Marvão (1991); - Trabalhos de desenho/levantamento da Anta da Figueira Branca-Marvão, após escavação (1990); - Trabalhos de desenho/levantamento da Anta da Cabeçuda-Marvão, após escavação (1991); - Registos/Levantamentos de sepulturas escavadas na rocha no concelho de Marvão (2010); - Registos/Levantamentos de sepulturas escavadas na rocha no concelho de Arronches (2010) João M. V. Caldeira

Assim, e para memória futura apresentam-se em anexo, os registos das colaborações que pudemos apurar.

- Escavação dos Silos da Misericórdia de Nisa (1987); - Escavação do Povoado do Veloso - Carreiras Portalegre (1985)

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Joaquim H. S. Costa

António M. N. N. Pita - Prospecção arqueológica de superfície em locais do norte do país pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, vertente Arqueologia; - Prospecção “Levantamento arqueológico da variante à EN246-1 Castelo de Vide-Portagem” (1988); - Escavação no Castelo de Silves (1993). 2 Estória do Mês - TRABALHOS FORA DE PORTAS - julho de 2021

- Escavação da Anta da Nave do Padre Santo-Nisa (1987); - Escavação dos Silos da Misericórdia de Nisa (1987). José M. Bica Penhasco - Escavação da Anta da Nave do Padre Santo-Nisa (1987); - Escavação dos Silos da Misericórdia de Nisa (1987);


Nuno M. D. Félix - Escavação da “Alcazava” de Mérida (1986); - Escavação do Castelo de Silves (1993); - Prospeção/Levantamento arqueológico da zona de influência da Barragem da Apartadura-RasaMarvão (1987); - Prospecção “Levantamento arqueológico da variante à EN246-1 Castelo de Vide-Portagem” (1988); - Escavação do “Silo 1 da Rua de Moçambique – Nisa” (1989); - Escavação do Silo 2 da Misericórdia de Nisa (1989); - Prospecção/Levantamento arqueológico e Estudo de Impacto Ambiental, projeto de emparcelamento rural dos coutos de Moura, subsistema Ardila – Beja (2007); - Escavação arqueológica do Forte das Batarias, Catraia Cimeira - Proença a Nova (2007); Levantamento arqueológico e Estudo de Impacto Ambiental, projeto e execução do Bloco de rega Ervidel, Ferreira do Alentejo (2008);

- Prospecção/Levantamento arqueológico e Estudo de Impacto Ambiental projeto IP2-IP6 (A23)/ Portalegre/ IP7 (A6), variante de Estremoz (2008); - Escavação arqueológica da Tapada do Montinho, Paleolítico Médio, Arneiro – Nisa (2009); - Escavação arqueológica da Quinta dos Crestelos, barragem do Sabor, Mogadouro (2013); - Escavação arqueológica Sitio das Reveladas 2, Magdalenense e o Epipaleolitico, Vila Velha de Rodão (2016); - Escavação arqueológica da Mamoa do Cabeço da Anta – Proença a Nova (2020). Paulo A. R. Morais - Escavação da “Alcazava” de Mérida (1986); - Escavação do Povoado do Veloso-Carreiras Portalegre (1985); - Escavação dos Silos de Misericórdia de Nisa (1987); - Escavação da Mamoa do Cabeço da Anta – Proença a Nova (2020). Ricardo A. R. Pinto - Escavação dos Silos da Misericórdia de Nisa (1987); - Prospecção “Levantamento arqueológico da variante à EN246-1 Castelo de Vide-PortagemMarvão” (1988). Castelo de Vide, 10 de Julho de 2021. J. Magusto (CMCV)

Anta da Cabeçuda - Marvão

Foto de Jorge de Oliveira

- Prospecção “Levantamento arqueológico da variante à EN246-1 Castelo de Vide-Portagem” (1988); - Escavação do “Silo 1 da Rua de Moçambique – Nisa” (1989); - Escavação do “Silo 2 da Misericórdia de Nisa” (1989); - Trabalhos de desenho/levantamento da Anta da Figueira Branca-Marvão, após escavação (1990).

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Sepultura escavada na rocha - Barragem do Caia - Arronches

4 Estória do Mês - TRABALHOS FORA DE PORTAS - julho de 2021

Foto de Jorge de Oliveira

Foto de Jorge de Oliveira

Mamoa do Cabeço da Anta – Proença a Nova


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