ESTÓRIAS DO MÊS - OBSERVAR A ARTE RUPESTRE

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ESTÓRIAS DO MÊS

Ocorria, nesse longínquo ano de 1995, a ressaca de todo aquele processo que fez notícia em Portugal e no estrangeiro: a conflitualidade / dicotomia entre a salvaguarda de gravuras rupestres em Foz Côa e a construção de uma barragem. Defensores de um e outro projecto digladiavam-se, em que cada uma das partes argumentava no sentido de fazer valer a sua opinião, dando “tempo de antena” à arqueologia, como nunca antes tinha acontecido no nosso país. Penso que houve o bom senso de respeitar essa arte ao ar livre que há alguns milhares de anos os “Homens de Foz Côa” nos legaram e que, no presente, podemos apreciar com o rótulo de Património da Humanidade. Ainda sem barreiras, razoáveis acessibilidades ou painéis interpretativos, fomos dos primeiros a ter a possibilidade de visualizar in situ esses estranhos traços cujas mensagens requerem a devida atenção para uma difícil leitura e interpretação. Essa visita foi proporcionada pelo então Presidente da Câmara Municipal de Castelo de Vide que se deslocou a Trancoso para estar presente numa reunião da Associação de Municípios com Centro Histórico e teve o ensejo e a delicadeza de convidar os elementos da Secção de Arqueologia para o acompanharem porque, no âmbito desse programa, estava prevista uma visita ao Rio Côa, em que o Município de Foz Côa dava a conhecer algumas das gravuras aí existentes.

Design: António Manso / fotos: Secção de Arqueologia de Castelo de Vide e colaboração de Patrícia Martins.

OBSERVAR A ARTE RUPESTRE

Visita a 4 de Maio de 1995. Imagem da Rocha 6 da Penascosa. Associação simbólica entre cabras e cavalos na parte superior do painel.

Pormenor do mesmo painel in https://www.tripadvisor.pt/ LocationPhotoDirectLink-g1379167-d283739-i17500861-Museu_da_ Fundacao_do_Coa-Vila_Nova_de_Foz_Coa_Guarda_District_Central_Por.html Estória do Mês - OBSERVAR A ARTE RUPESTRE - maio de 2021 1


Por longas, sinuosas, estreitas e empoeiradas estradas e caminhos (se é que se lhes posso chamar assim!!) lá chegámos ao rio, onde tivemos o privilégio de vermos essas representações cunhadas nas paredes xistosas. Esse dia 4 de Maio de 1995 ficará, assim, registado para nós com o simbolismo próprio de um dia muito especial e inesquecível. Anos mais tarde, a 3 de Fevereiro de 2011, foi este, também, um dia de enorme satisfação para a Secção de Arqueologia, dado que a Câmara Municipal de Castelo de Vide nos proporcionou a visita ao Museu do Côa (inaugurado a 30 de Julho de 2010), numa fase em que a valorização e o conhecimento sobre a arte rupestre entrava noutro nível evolutivo. Nesse Museu, o técnico Dr. Jorge Sampaio teve a simpatia de acompanhar a nossa delegação, chefiada pelo Vice-Presidente, António Pita, e proporcionar-nos uma visita guiada devidamente explicada, o que muito agradecemos. Registámos o enorme empreendimento desse projecto cultural, causando até surpresa – pela positiva – ter-se investido numa estrutura nova, de raiz e perfeitamente justificada pela importância/ classificação das referidas gravuras. Temos disponível no Serviço, e para quem queira consultar, cinco fabulosas obras editadas pelo Museu do Côa, IGESPAR (Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico - Ministério da Cultura) e CECL (Centro de Estudos de Comunicação e Linguagens Universidade Nova de Lisboa), designados Cadernos CÔA. Muito gostaríamos e apreciaríamos que na região de Castelo de Vide se encontrassem gravuras e/ou pinturas rupestres. Essa possibilidade existe, conforme opinião partilhada por alguns investigadores/arqueólogos. Urge, pois, prospectar e investigar convenientemente alguns locais, que pelas suas características geomorfológicas e singularidade são propensos à existência dessas manifestações de arte do Homem Paleolítico. Castelo de Vide, 5 de Maio de 2021. J. Magusto (CMCV) 2 Estória do Mês - OBSERVAR A ARTE RUPESTRE - maio de 2021

Museu do Côa - Fotos 2011


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