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Marina Maia Kawaguchi Vidas secas na cidade

Marina Maia Kawaguchi

Vidas secas na cidade

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A viagem foi longa. Seis horas se passaram, mas em sua cabeça parecia ter sido dias. Fabiano se encontrava em São Paulo, uma cidade grande e movimentada. Tinha partido em busca de um emprego e queria trazer Sinhá Vitória e seus dois filhos, pois ficaram em casa.

Ao desembarcar do trem, procurou por um lugar para passar a noite. Estava escuro e frio. Fabiano sentouse no chão próximo à uma loja e dormiu. Acordou assustado com o alto ruído de um ônibus. Pessoas saíam rápido como se estivessem atrasadas. Alguns o olharam com um certo desprezo, outros nem o notaram. Fabiano se perdeu na multidão. Não podia ficar lá, havia de procurar algum lugar para trabalhar, sua esposa e filhos contavam com o dinheiro para que pudessem encontrá-lo. Subiu e sentou-se, poucos segundos depois o ônibus estava andando. Não fazia ideia de onde iria, olhou pela janela e observou a cidade.

Fabiano avistou um bar e decidiu descer assim que o ônibus parasse. Comprou a barra de chocolate mais barata que tinha. Ao sair da loja, lembrou de seu filho mais novo e do quanto ele gostava daquelas barras de chocolate. Voltou à loja e pediu por uma folha de papel e uma caneta. Fabiano não sabia muito bem como escrever uma carta, porém tentou. Qualquer sinal de vida seria o suficiente para que Sinhá Vitória não se preocupasse. A mulher estava em casa cuidando de seus filhos, sozinha. Era um grande sonho seu se mudar para uma cidade grande. Fabiano encarou o papel por alguns minutos, porém não conseguiu escrever mais que “chegei em sao paulo”. Nunca tivera muitas experiências com cartas,nunca havia escrito uma. Guardou o papel no bolso, devolveu a caneta e voltou a procurar um lugar no qual pudesse trabalhar.

Estava escurecendo. Fabiano não fazia ideia de que horas eram ou de onde estava. Pensava em seus filhos e em sua esposa, no que estariam fazendo. O homem sentou-se na rua e observou a movimentada estrada da cidade grande. Avistou um mercado do outro lado da rua e pensou que poderia ser um bom lugar para conseguir dar dinheiro. Fabiano estava sujo, nenhum lugar o aceitaria se aparecesse daquele jeito. Entrou em um pequeno bar ao seu lado e procurou por um banheiro.. Antes que pudesse entrar no mercado, um segurança o encarou. Fabiano se imaginou no lugar dele e pensou que poderia ser um bom emprego. Ganharia dinheiro e era isso que importava. Ele encontrou um homem bem vestido, deveria ser o gerente. Pensou que o homem poderia ajudá-lo e foi falar com ele. Após uma conversa com o homem bem vestido, Fabiano entendeu que havia sido contratado e que trabalharia como segurança do mercado por alguns meses.

Fabiano estava trabalhando, porém ainda dormia

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