2 minute read

Marina Maia Kawaguchi Mãe contra dor

nas ruas, algumas noites nem dormia e passou dias sem comer. Precisaria economizar o máximo que conseguisse para trazer sua família. Fabiano até que gostava de seu trabalho, tudo que precisava fazer era vestir as roupas que o mercado lhe dava e observar quem entrava e saía do mercado. Quatro meses depois e já havia economizado mais de quatro mil reais e conseguia comprar a comida que o sustou por alguns dias.

Dois meses depois, Fabiano conseguiu trazer sua família. Dormiram na rua por algumas semanas, mas em pouco tempo, Sinha Vitória arranjou um lugar para morar. Ela trabalhava como faxineira de uma casa grande e conseguiu um quarto para morar. Era pequeno, porém suficiente. Seus dois filhos estavam indo para a escola, aprendendo. Os dois conseguiam ler e escrever e Fabiano, por mais que não falasse, estava orgulhoso. Marina Maia Kawaguchi

Advertisement

Mãe contra dor

A situação estava difícil. Eu e meu esposo Cândido passávamos necessidade e vivíamos em extrema pobreza. Eu sei que ele se esforçava para trazer dinheiro para essa família, mas seu trabalho não era suficiente. Estávamos morando com a minha Tia Mônica. Meus pais faleceram quando eu tinha oito anos e Mônica me criou.

Cândido e eu tínhamos acabado de descobrir a minha gravidez. Eu não fazia ideia de como contar para minha tia. Pedi que Cândido fizesse isso por mim.

—Ela pediu que levemos a criança à roda dos enjeitados logo após seu nascimento— Candido disse isso ao sair da cozinha.

Balancei a cabeça, concordando. Levantei-me e caminhei lentamente até o único quarto da casa. Ele era minúsculo, porém foi o lugar que encontrei para ficar sozinha. Deitei na cama e senti uma lágrima escorrer pela minha bochecha. Limpei a lágrima rapidamente e engoli o choro. Não havia motivos para chorar, pois aquela era a situação e por mais difícil que fosse, precisava concordar com a minha tia. Já estava muito complicado com apenas três, com quatro pessoas na mesma casa seria impossível. Senti outra lágrima escorrer pelo meu rosto mas desta vez parecia ser mais pesado. Deixei que mais lágrimas descessem, e a dor tomou conta de mim. Fechei os olhos, e dormi. Sonhei com a minha mãe. Ela gritava. Em suas mãos ela segurava uma vara. Meu braço sangrava e eu estava chorando. Eu olhei para a janela da cozinha e senti um vento secando

This article is from: