Revista da Indústria Extractiva
Nº01 2010
Reflexão acerca das Bases Actuais da Escavação de Maciços Rochosos
Entrevista
Carlos Caxaria As
Matérias-Primas
para a Europa
Ficha Técnica
N.º 1 Outubro / Novembro / Dezembro 2010 Propriedade: ANIET- Associação Nacional da Industria Extractiva e Transformadora R. Júlio Dinis 931, 1º - E 4050-327 Porto / Portugal Tel.: +351 226096699 /Fax: +351 226065206 geral@aniet.pt / www.aniet.pt
Sumário A Importância das Associações Empresariais para a Prosperidade dos Sectores
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O Papel da UEPG e as suas Prioridades
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Evolução do Sector de Agregados em Espanha
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A Formação e Qualificação dos Operadores de Fogo em Portugal e na Europa
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As Matérias-Primas para a Europa
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Cluster da Pedra Natural
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Entrevista Engenheiro Albuquerque
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Entrevista Carlos Caxaria
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Reflexão acerca das Bases Actuais da Escavação de Maciços Rochosos
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Edição e Coordenação de Produção: Nuno Esteves Henriques C.I.P. nº 2414 nuno@rochas.info
Optimização Tecnico-Económica dos Processos de Extracção e Transformação de Maciços Rochosos Fracturados
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Concepção Gráfica e Paginação: Cristina Simões / cristina@rochas.info
Eventos 2010
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Redação: Patrícia de Brito / patrícia@rochas.info
Automação das Instalações de Britagem para Produção de Agregados
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Publicidade e Marketing: Francelina Pinto / geral@aniet.pt
Nova representada MOVITER - KLEEMANN
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NIPC: Director: Victor Albuquerque / geral@aniet.pt Editores: COMEDIL – Comunicação e Edição, Lda. Empresa Jornalística Registada N.º 223679 Rua Enfermeiras da Grande Guerra, 14-A 1170-119 Lisboa / Portugal Tel.: +351 218123753 / Fax: +351 218141900 comedil@rochas.info / www.rochas.info NIPC: 502102152
Impressão Offsetmais – Artes Gráficas, S.A. Rua Latino Coelho N.º6 Venda Nova 2700-516 Amadora Tel.: +351 214998700 / Fax: +351 214998717 dc.offstmais@netcabo.pt www.offsetmais.pt Distribuição: COMEDIL – Comunicação e Edição, Lda Depósito Legal: Registo no ERC: Tiragem: 1.000 exemplares Periodicidade: Trimestral
Os textos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores, pelo que as opiniões expressas podem não coincidir com as da ANIET.
CAPA
Editorial
Engenheiro
Victor Albuquerque
A Revista “Portugal Mineral”, que hoje inicia a sua divulgação, corresponde a uma forte vontade estratégica da Direcção da ANIET a que tenho a honra de presidir desde Fevereiro deste ano. O sector representado pela ANIET – Associação Nacional da Indústria Extractiva e Transformadora, que contempla as rochas industriais, as rochas ornamentais e as minas, tem objectivos, acções e problemas que interessa divulgar pelo maior número possível de Associados, Entidades, Universidades e Empresas que de algum modo participam na sua Cadeia de Valor.
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É pois importante assumir que se pode comunicar com todos os interessados, através deste meio, onde se pretende abordar as várias vertentes da estratégia que interessam à evolução empresarial do Sector e que englobam a económica, as componentes técnica e jurídica, as questões ambiental e social e os padrões de segurança e qualidade.
A modernização
económica de Portugal, modifica a procura dos Agregados e Rochas Ornamentais, introduzindo novas oportunidades e consequentemente novos empreendedores.
As características geológicas de Portugal têm permitido projectar as actividades ligadas ao sector extractivo de um modo bastante intenso. O desenvolvimento do País, principalmente a partir dos anos 80, tornou as matériasprimas produzidas pelo Sector (principalmente os agregados britados) vitais para as Obras Públicas e Construção Civil, criando uma indústria que foi crescendo em função do aumento da procura. A modernização económica de Portugal, modifica a procura dos Agregados e Rochas Ornamentais, introduzindo novas oportunidades e consequentemente novos empreendedores. A evolução da legislação que regulamenta a Actividade não tem por seu lado identificado com clareza as regras por que se rege o Sector. Assim, considero que esta forma de divulgação do Sector da Indústria Extractiva e Transformadora, pode unir os vários “player” e contribuir para harmonizar, informar e criar valor para todas as actividades que connosco têm ligação directa ou indirecta de modo a contribuir para um melhor conhecimento. Aproveito para referir que no mês de Novembro irão decorrer as X Jornadas Técnicas, promovidas pela ANIET, para as quais esperamos a participação forte de todos os associados e pessoas ligadas ao Sector. Estas Jornadas Técnicas terão a abordagem de temas importantes relacionados com a nossa actividade e a participação de expositores cujos conteúdos certamente trarão um interesse acrescido. Lá nos encontraremos.
Victor Albuquerque
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Informação
A Importância das Associações Empresariais para a Prosperidade dos Sectores Por César Luaces Frades Director Geral da Federatión de Áridos Director Geral da ANEFA - Asociación Nacional de Empresarios Fabricantes de Áridos
Introdução A crise na economia, neste difícil triénio 2008-2010, resultou na queda considerável na actividade do sector de agregados, não havendo perspectivas de recuperação a curto prazo o que está a colocar muitas empresas numa situação complexa. Por outro lado, o sector encontra-se numa encruzilhada marcada pela necessidade imperiosa de realizar um ajuste estrutural nas empresas para adaptar o excesso de capacidade produtiva à procura prevista e às novas circunstâncias. Por isso, dada a situação do sector, as Associações estão a redobrar esforços no sentido de fornecer o melhor suporte possível, in situ, às empresas e às Associações Membro pois, mais do que nunca, ser membro de uma associação é uma acção imprescindível pois, nestes complexos momentos, é a única maneira possível para procurar e obter soluções que permitam fazer face a esta crise com garantias e prosseguir com a tarefa de consolidação do nosso sector. Os principais objectivos da Associação são, entre outros:
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O sector encontra-se numa encruzilhada marcada pela necessidade imperiosa de realizar um ajuste estrutural nas empresas para se adaptar […] às novas circunstâncias. No caso de Espanha, a Federación de Áridos actua a nível Nacional e Europeu, enquanto que a ANEFA, actua prestando serviços às empresas e defendendo os seus interesses a nível regional. A actuação a todos os níveis é imprescindível, pois sem uma defesa eficaz dos interesses sectoriais na União Europeia, a legislação nacional que a transpõe e, no caso de Espanha, a regional, desenvolve essa situação já condicionada pelas orientações legislativas adoptadas em Bruxelas.
A importância de contar com uma Associação objectiva e profissional
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Falar a uma só voz pelo sector de agregados
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Fomentar a profissionalização do sector
•
Garantir o acesso aos recursos
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Defender os interesses comuns dos empresários
•
Prestar serviços de interesse sectorial às empresas
Os empresários do sector por vezes têm dificuldade em entender que a acção da Associação é a única via pela qual poderão chegar a ser ouvidos por políticos e tutela em relação aos problemas que tem que enfrentar no seu dia-a-dia.
•
Difundir a dimensão do sector e a importância dos agregados
A constante busca pela abordagem objectiva e profis-
sional é o que permite analisar a raiz dos problemas, independentemente da forma que afectam o negócio, e propor soluções de interesse comum. Um dos focos de maior interesse das Associações é a defesa jurídica dos interesses do sector, procurando a forma de abrir caminho relativamente à necessária coordenação das legislações mineira, ambiental e urbanística, tarefa imprescindível para esta indústria. Também é importante a capacidade da Associação de desenvolver uma actividade orientada para o âmbito regional como resposta à realidade dos tempos actuais, já que é aí que as empresas do sector projectam o seu futuro, procurando criar valor para os seus membros.
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A constante busca pela abordagem objectiva e profissional é o que permite analisar a raiz dos problemas […] e propor soluções de interesse comum. Como reforço de toda a cadeia, é necessário dispor de uma estrutura pequena, mas eficaz, que permita suportar tecnicamente tanto as acções da Associação como do próprio sector. Em nome do sector, a Associação deve estabelecer uma política de excelentes relações com as Administrações a todos os níveis - desde os directores gerais até aos funcionários que ocupem postos chave – como forma de promover o diálogo e assim obter avanços significativos no entendimento mútuo dos problemas e na busca de soluções relacionadas com: •
•
•
Estabelecimento de boas relações com as Administrações competentes da Indústria Extractiva, Ordenamento do Território, Meio Ambiente, Obras Públicas, etc. Análise dos principais problemas do sector para a resolução dos mesmos, abordando posições comuns Realização de reuniões com a Administração para colaborar na realização de projectos de DecretosLei (Solo, Avaliação de Impacte Ambiental, Espaços Naturais Protegidos, Gestão de Resíduos de Construção e Demolição, etc.)
•
Apresentação aos representantes políticos da posição do sector, relativamente aos projectos legislativos que o afectam
•
Realização de acções para potenciar a participação activa do sector no ordenamento territorial
•
Difusão de informação do sector a nível territorial
•
Esforço para elevar a presença do sector nas comissões regionais de Meio Ambiente, Urbanismo, Segurança, Bacias hidrográficas, etc.
•
Actuação contra explorações ilegais e extracções irregulares
•
Propostas às Administrações nacionais e regionais para que adoptem medidas contra a utilização ilegal de instalações móveis nas obras públicas e na gestão de terras de escavação
•
A captação de novos membros para a consolidação do sector
•
Potenciar a imagem do sector nos diferentes aspectos relacionados com a sua actividade industrial
•
Incrementar a actuação da Associação mediante um programa de parcerias, colaborações e contactos com Administrações e Instituições
•
Coordenação de actividades de melhoria da imagem, como as jornadas de portas abertas
•
A promoção, através de jornadas técnicas, guias e prospectos, da marcação CE dos agregados, a segurança e saúde no trabalho e da prevenção do meio ambiente
Outras acções a destacar são, dentro do marco do esforço contínuo de profissionalizar o sector, o desenvolvimento de acções integradas de formação, a edição de publicações de interesse para o sector, o envio de circulares informativas para as empresas e esforço de actualização dos conteúdos da página Web.
A presença na Europa como única via para antecipar os problemas A participação activa das Associações Nacionais na Associação Europeia de Agregados - UEPG - é um elemento chave para defender eficazmente as empresas do sector, para conhecer as novas propostas legislativas europeias que num futuro mais ou menos próximo virão a ser adoptadas no país, participando na sua elaboração e para ser capazes de poder planificar o futuro do sector
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nacional de acordo com as tendências internacionais vindouras.
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Um dos focos de maior interesse das Associações é a defesa jurídica dos interesses do sector...
- Comité de Ambiente •
Explorações Mineiras e Natura 2000
•
Directiva-Quadro de Resíduos
•
Proposta de Directiva de Protecção do Solo
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Seguimento da transposição da Directiva de Gestão de Resíduos de Industrias Extractivas
•
Directivas de Águas e de Águas Subterrâneas
•
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável
- Comité Técnico As associações nacionais podem manter, através da UEPG, contactos muitos próximos com diversos eurodeputados pertencentes a distintos grupos políticos do Parlamento Europeu das Comissões da Indústria, Investigação e Energia e Meio Ambiente, Saúde Pública e Segurança Alimentar, entre outras, a propósito de diversas propostas de Directivas. Também deve participar activamente nos Comités Técnicos da UEPG e nos seus grupos de trabalho, onde se tratam assuntos de grande importância para as empresas do sector, alguns com aplicação directa e outros relacionados com propostas e alegações à normativa europeia que se tornará obrigatória num futuro próximo.
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•
Revisão dos 5 anos da Norma Europeia de Agregados CEN/TC 154
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Revisão da Directiva Produtos de Construção
•
Substâncias perigosas
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Plataforma Europeia do Betão
•
Plataforma Europeia de Agregados Reciclados
•
REACH e critério de fim de resíduo
- Comité Económico •
Evolução da situação económica do sector
•
Seguimento de propostas para enfrentar a crise
•
Posição sobre a aplicação de taxas nos agregados
•
Iniciativa Matérias-primas
•
Valorização Económica dos ecossistemas
- Grupo de Trabalho Biodiversidade
É importante a capacidade da Associação de desenvolver uma actividade orientada para o âmbito regional como resposta à realidade dos tempos actuais...
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Normas de Biodiversidade
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Acompanhamento dos efeitos positivos das explorações de agregados em relação à biodiversidade
•
Intercâmbio de experiências e boas práticas
•
Promoção da contribuição do sector para a biodiversidade
- Grupo de Trabalho de Gestão da Água
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Actualmente, os Comités estão a trabalhar, entre outras, nas seguintes matérias:
•
Influência dos planos de bacias hidrográficas no sector dos agregados
- Comité de Segurança e Saúde
•
Recompilação e propostas de boas práticas em gestão da água
•
Seguimento da Directiva de Águas Subterrâneas
•
Desenvolvimento da Aliança Atlântica, sobre Segurança em Máquinas
•
Acções para que a UEPG seja reconhecida oficialmente como interlocutora social para assuntos de segurança
•
Interlocução com a Agência Europeia de Segurança e Saúde no Trabalho
•
Garantir a implementação bem sucedida do Acordo de Diálogo Social sobre Sílica Cristalina Respirável
- Grupo de Trabalho de Agregados Marinhos •
Directiva da Estratégia Marinha
- Grupo de Trabalho de Comunicação e Relações Públicas •
Melhoria da Imagem do sector
•
Análise de campanhas de comunicação
•
Participação no dia Europeu dos Minerais
////
“O papel da UEPG e as suas prioridades”
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O papel da UEPG
é o de proporcionar aos seus membros
uma notificação prévia
das iniciativas de políticas que possam ter impacto sobre a indústria europeia de agregados.
A UEPG - Associação Europeia de Produtores de Agregados, tem actualmente membros em 26 países europeus, incluindo Portugal, como pode ser observado no mapa. A indústria extractiva produz cerca de 3 mil milhões de toneladas por ano sendo o sector de agregados o maior entre as indústrias extractivas não energéticas. O papel da UEPG é o de proporcionar aos seus membros uma notificação prévia das iniciativas de políticas que possam ter impacto sobre a indústria europeia de agregados. A missão principal é manter os membros informados de qualquer evolução relevante da política da UE em todas as fases do processo legislativo, através de relatórios concisos e em tempo útil e de artigos e relatórios disponibilizados online. A UEPG baseia-se na elevada experiência profissional das suas comissões, assim como na dos seus grupos de trabalho e membros, assegurando a coordenação das suas acções em toda a Europa.
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A UEPG tem relações próximas com instituições da União Europeia, com outras Associações Europeias, ONGs e outras organizações. Mantém contactos frequentes com os seus membros para que possam responder rapidamente a qualquer questão de interesse nacional. Também os instrui directamente através da participação em eventos nacionais. Em último plano, o papel da UEPG passa também por promover a indústria de agregados junto do grande público e divulgar as melhores práticas e exemplos entre todos os seus membros. Mais informações disponíveis no site da UEPG, www. uepg.eu, incluindo o “Annual Review - 2009-2010”
Conferência Europeia de Minerais em Madrid, organizada pela Presidência Espanhola da Iniciativa Matérias-Primas, Manuel Hermoso Villalba - Presidente da FdA, António Tajani - Vice-Presidente da Comissão Europeia, Miguel Sebastian Gascon - Ministério da Indústria, Turismo e Comércio Espanhol, Enrique Guerrero Salom - Eurodeputado, membro do Parlamento Europeu e Jim O´Brien – Presidente da UEPG. Desde 2007, a UEPG tem trabalhado activamente na Iniciativa Matérias-Primas (IMP) uma vez que o seu objectivo é garantir o futuro acesso a recursos locais de agregados. Em 2010, a UEPG recorreu à Universidade de Leoben para definir a posição da indústria de agregados. As conclusões desse estudo foram a base da Declaração de Madrid na Conferência da Presidência da UE. O Vice-Presidente da Comissão, Antonio Tajani recebeu com fervor estas informações. A UEPG continuará a seguir a Iniciativa Matérias-Primas até à sua conclusão e mostra-se bastante satisfeita que o VicePresidente Antonio Tajani tenha aceite ser o orador principal do Fórum Europeu de Minerais, em Dezembro. Em 2007, foi assinado pela UEPG o Acordo de Diálogo Social sobre Sílica Cristalina Respirável. Este ano, foi atingido um novo recorde de relatórios confirmando o sólido compromisso da indústria para com esta iniciativa de carácter voluntário. A UEPG está também focada nas exigências do Regulamento de Classificação, Embalagem e Rotulagem.
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Sobre questões técnicas, a sua conquista primordial foi o reconhecimento por parte da ECHA de que os agregados reciclados deverão ser considerados “artigos” ao abrigo do REACH, eliminando assim um processo de registo completamente desnecessário. A UEPG está também a organizar a sexta conferência da Aliança Atlântica, que decorrerá este mês de Outubro, para promover a iniciativa “Safer by Design” segundo uma base global para a Indústria de Agregados. Em paralelo, procuraram continuar com o trabalho da Iniciativa de Sustentabilidade do Cimento na prevenção da fatalidade através da promoção das directrizes de segurança nas empresas. Tem também trabalhado activamente com a Comissão sobre a elaboração das orientações para as actividades extractivas em zonas Natura 2000. A UEPG argumentou que a rede Natura 2000 ou outras designações similares de conservação, não devem, a priori, proibir novas explorações ou já existentes de extracção de agregados. Em Julho de 2010, a CE publicou o documento de orientação em matéria de exploração de minerais não energéticos e da rede Natura 2000. O documento será traduzido em todas as línguas da EU reforçando assim a significativa contribuição da UEPG para a Biodiversidade chegando deste modo a um público mais vasto.
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Jo Leinen, Presidente da Comissão de Ambiente (PPE-DE, Alemanha) recebendo o relatório sobre Melhores Práticas Ambientais da Indústria Extractiva..
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Portugal é um membro muito valorizado da UEPG, orgulhosamente representada pela ANIET. A UEPG e os seus membros já fizeram uma contribuição significativa para a promoção da Biodiversidade com base na campanha “Countdown 2010” em parceria com a IUCN. Organizaram também um Workshop para reflectir sobre a política de Biodiversidade da UEPG, e as suas metas e indicadores para os próximos 5 anos. O presidente da UEPG, Jim O’Brien é membro do Comité Director da Comissão “B@B” - Plataforma da Biodiversidade. A Comissão do Meio Ambiente da UEPG está a finalizar vários trabalhos importantes, incluindo a “UNEP – Ferramentas para a Biodiversidade”, bem como as directrizes da indústria na gestão dos recursos hídricos, a transposição coerente da Directiva de Resíduos Minerais e orientações sobre boas práticas na extracção marinha. Sobre questões técnicas, a sua conquista primordial foi o reconhecimento por parte da ECHA (Agência Europeia das Substâncias Químicas) de que os agregados reciclados deverão ser considerados “artigos” ao abri-
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go do REACH (Registo, Avaliação, Autorização e Restrição de Substâncias Químicas), eliminando assim um processo de registo completamente desnecessário. Mais trabalho em curso é o que envolve a Comissão “End of Waste”. Através da EPRA (Plataforma Europeia para Agregados Reciclados), a reciclagem continua a ser promovida, ainda assim, os desafios variem por país. Foram realizados esforços consideráveis para recolher indicadores de Desenvolvimento Sustentável para fornecer informação relativa ao desempenho económico, ambiental e social da indústria. Este ano, os Prémios sobre Desenvolvimento Sustentável foram um grande sucesso, com 30 entradas de alta qualidade a partir de 10 países, bem como um júri independente de alto gabarito. Os Prémios e Certificados de Excelência foram apresentados em Maio de 2010 na Assembleia de Delegados que se realizou em Munique. Portugal é um membro muito valorizado da UEPG, orgulhosamente representada pela ANIET. Em resposta ao convite que lhe foi endereçado, a UEPG realizará a sua próxima Assembleia de Delegados em Lisboa, nos dias 26 e 27 de Maio de 2011. ////
Sector Agregados
Evolução do de
em Espanha Por César Luaces Frades Director Geral FDA - Federación de Áridos - Espanha
Depois de uma importante queda de 30% em 2008, que continuou em 2009, existe um forte retrocesso na actividade, existindo também uma situação territorial muito desigual. As estimativas anuais que se realizam usando dados directos e indirectos disponíveis mostram uma queda brusca no consumo de agregados de 29%, acumulados em 51,4% em dois anos. Este ano, a tendência mantémse, acumulando novas quedas, devido há inexistência de novas obras públicas.
EVOLUÇÃO DA CONSTRUÇÃO EM ESPANHA Dentro do quadro muito negativo da economia Espanhola, afectada pela crise financeira internacional e própria dinâmica interna, assiste-se à queda do sector da construção, caracterizado pela queda abrupta da edificação e a falta de obras públicas. A crise do sector da construção, de índole estrutural, caracteriza-se por um enorme stock de casas por vender (com um retorno de 0,8M em finais de 2009, segundo diferentes fontes) que levará anos a ser absorvido e por uma diminuição da capacidade de investimento por parte da Administração - e, portanto, a capacidade de licitação - devido à situação financeira, à perda dos fundos de coesão, ao aumento brusco do desemprego, à diminuição das receitas fiscais e ao aumento dos gastos sociais. Existem grandes diferenças territoriais na situação do sector da construção pois as Comunidades Autónomas com um peso menor na edificação também apresentam quedas menos acentuadas.
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Em 2009, o número de casas novas construídas baixou cerca de 52,6% o que pressupõe uma quebra, nos últimos anos de 72,7%. Para além disso, outros indicadores importantes, evidenciam a actual crise do sector: •
Consumo de cimento: 42,7 Mt (-32,9%) em 2009 e -16,1% até Agosto de 2010.
•
Produção de betão pronto: -39,8 Mm3 (-27,4%).
•
Pré-fabricados de cimento e produtos cerâmicos: -70/-80% acumulado em 2008 e 2009.
•
Licitação pública: 39.100 milhões de euros (-1,8%). Por tipo de obra, a licitação na edificação atinge os 29,4% relativamente ao total, com um decréscimo de -6,6%. Pelo contrário, a licitação em obras civis cresceu 1%, representando cerca de 70,6%.
Licitação por tipo de obra
2009 - M€ Vias Férreas 7.441
Portos e canais de navegação 575
Estradas e vias urbanas 6791
Urbanismo 7.714
Obras Hidráulicas 4.103
Meio Ambiente 766
Construção (outros) 4.268
Habitação 1.419
Equipamento Social 8.142
O CONSUMO DE AGREGADOS CAI MAIS DE 50% EM DOIS ANOS
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As estimativas anuais que se realizam, […] mostram novamente uma queda acentuada no consumo de agregados no anterior exercício.
As estimativas anuais que se realizam, usando dados directos e indirectos disponíveis, mostram novamente uma queda acentuada no consumo de agregados no anterior exercício. Após uma ligeira retracção em 2007, produziu-se um forte retrocesso na actividade nos anos seguintes, com uma queda de 51,4% entre 2008 e 2009 com perdas territorialmente desiguais com os extremos a serem Navarra (-34%) e Canárias (-63%). O ano de 2010 segue a mesma tendência.
O consumo total de agregados, no ano 2009, foi de 279 milhões de toneladas (-27,2%), descriminadas, como se segue: •
235 Milhões de toneladas (-29,2%) de agregados para construção.
•
44 Milhões de toneladas (-14,4%) de agregados para aplicações industriais, tais como cimentos, vidros, baterias, filtros, indústria química, siderurgia e metalurgia, etc.
•
1.650 Milhões de euros de volume de negócios do sector de agregados para a construção, excluindo o transporte. A perda acumulada em quedas constantes, para o biénio 2008 – 2009 é de 54%.
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CONSUMO DE ÁRIDOS PARA CONSTRUÇÃO PELAS COMUNIDADES AUTÓNOMAS (MILHÕES DE TONELADAS) 2009
Comunidade
2008
VARIAÇÃO 08/09 %
2009
CONSUMO TONELADAS POR HABITANTE
ANDALUCÍA
62,9
41,6
-33,94%
5,1
ARAGÓN
13,2
9,3
-29,73%
7,0
ASTURIAS
9,3
7,1
-23,36%
6,6
BALEARES
6,3
4,1
-34,60%
3,8
CANARIAS
11,5
7,4
-35,83%
3,6
7,9
5,5
-30,10%
9,5
CASTILLA Y LEÓN
29,6
22,9
-22,81%
9,0
CASTILLA - LA MANCHA
20,5
14,5
-29,55%
7,1
CATALUÑA
44,2
29,4
-33,44%
4,0
C. VALENCIANA
37,5
24,6
-34,45%
4,9
EXTREMADURA
10,0
8,5
-15,33%
7,7
GALICIA
17,4
13,8
-20,73%
5,0
MADRID
28,4
21,8
-23,49%
3,5
MURCIA
10,8
6,8
-37,09%
4,8
7,7
6,0
-22,07%
9,7
12,0
9,6
-20,17%
4,5
LA RIOJA
2,9
2,1
-25,28%
6,6
TOTAL
332,2
234,8
-29,30%
5,1
CANTABRIA
NAVARRA PAÍS VASCO
600 500 400
332
300
235
200 100
14
2009
2008
2007
2006
2005
2004
2003
2002
2001
2000
1999
1998
1997
1996
1995
1994
1993
1992
1991
0 1990
Milhões de Toneladas
CONSUMO DE AGREGADOS PARA A CONSTRUÇÃO 1990-2009
A evolução do consumo de agregados entre 2007 e 2009 nas Comunidades Autónomas é muito díspar, oscilando entre os -35% na Cantábria e -63% nas Canárias.
Evolução do consumo de agregados distribuído pelas Comunidades Autónomas Espanholas 2007 - 2009
-30% -40%
-30,1% -34,6% -35,8%
-15,3% -20,7% -23,5%
-29,5% -33,4% -34,4%
Rioja
País Basco
Navarra
Múrcia
Madrid
Galiza
Estrem.
Com. Valenciana
Catalunha
Castela-Mancha
Cantábria
Baleares
Astúrias
Canárias
-22,8%
-23,4% -29,7% -33,9%
Cast. e Leão
-20%
Aragão
-10%
0% Andaluzia
0%
-20,2% -22,1% -25,3%
-37,1%
-10% -20% -30% -40%
-50%
-50%
-60%
-60%
-70%
-70%
Variação 2009/2008
Média nacional 2009/2008 - %
Para além da queda brusca da procura registada novamente em 2009, o sector dos agregados, assim como a maioria dos produtos de construção, estão perante uma situação de estrangulamento de capital circulante, o que está a afectar muitíssimo as empresas pois estão submetidas a um esforço suplementar para fabricar e enviar os produtos sem nenhum tipo de cobertura de risco e, simultaneamente, a ter de suportar as dificuldades de tesouraria que em muitos casos recebe apenas após 200 dias, existindo a possibilidade de nunca vir a receber o dinheiro, tudo isto acompanhado pela contracção do crédito e o aumento descontrolado dos prazos de pagamento.
...
È muito provável que não se atinjam níveis produtivos de Dezembro de 2009 antes de 2014...
Variação 2009/2007
Média nacional 2009/2007 - %
PERSPECTIVAS PARA 2010 De acordo com a evolução de todos os indicadores económicos de âmbito nacional e sectorial, as previsões para 2010 são, ainda assim, negativas, com um novo retrocesso no consumo de agregados para a construção em cerca de 15% relativamente a 2009, correspondendo a cerca de 200 milhões de toneladas, a um nível similar aos anos de 1993 e 1994. Com esta queda, alcançar-se-á uma diminuição de 60% no consumo desde o máximo atingido em 2006. Uma vez que não se espera uma recuperação rápida, é muito provável que não se atinjam níveis produtivos de Dezembro de 2009 antes de 2014 e uma vez estabilizada a situação nos anos posteriores, o consumo de agregados para a construção situar-se-á nos valores de 1997 e 1998, isto é, em cerca de 200 a 250 milhões de toneladas. ////
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A Formação e Qualificação dos Operadores de Fogo em Portugal e na Europa Por José Góis LEDAP - Laboratório de Energética e Detónica, Associação de Apoio; ADAI - Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial; DEM-FCTUC - Departamento de Engenharia Mecânica – Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra; AP3E - Associação Portuguesa de Estudos e Engenharia de Explosivos jose.gois@dem.uc.pt
SUMÁRIO No quadro da harmonização das qualificações e competências dos profissionais do sector dos explosivos, em particular dos operadores de fogo são apresentados os recentes desenvolvimentos produzidos pela EFEE e pelos projectos europeus EUExcert, EUExNet e ESSEEM, financiados pelo programa LdV. É descrito também a acção conjunta da AP3E e ANIET para a aproximação da formação e da qualificação dos operadores de fogo em Portugal com aos padrões europeus.
explosivas. Estas diferenças são evidenciadas pelas diferenças nos valores da velocidade e da pressão de detonação, os quais têm uma relação aproximadamente directa com a densidade do explosivo, muito em particular no caso dos explosivos de uso militar.
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Existem hoje exigências apertadas ao nível da certificação da conformidade dos produtos explosivos que são colocados no mercado.
1. INTRODUÇÃO Para os profissionais na área dos explosivos o conhecimento, em termos científicos e tecnológicos, é fundamental para lhes conferir competências para exercer a actividade e para tornar o sector mais competitivo. Muito embora existam especificidades próprias para cada tipo de actividade, muito do conhecimento em matéria de caracterização e procedimentos de segurança com produtos explosivos é comum para o sector militar e civil. As diferenças fundamentais residem nos diferentes níveis de potência e sensibilidade dos produtos explosivos. Enquanto no sector militar se procuram usar explosivos altamente potentes e insensíveis, no sector civil procuram-se usar explosivos com potência suficiente, podendo ser fabricados com matérias-primas classificados como não
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Havendo um conjunto de conhecimentos em matéria de explosivos que é requerido às diferentes actividades que operam com produtos explosivos, desde o fabrico, transporte, armazenagem, aplicação, até à eliminação, é fundamental que os profissionais possuam formação e adquiram aptidão para obter competência para exercer a actividade. Assim, tanto militares como civis no sector dos explosivos, com actividade directa com produtos explosivos, deverão possuir competências para o exercício profissional da actividade, contribuindo para reduzir o número de acidentes e melhorar a imagem dos profissionais no sector. Nos últimos anos tem-se assistido a uma contracção do negócio dos explosivos um pouco por toda a Europa (Akhavan et al, 2007), com o encerramento de muitas
fábricas na área militar e a sua transferência para o sector privado, o mesmo acontecendo com algumas actividades de investigação e desenvolvimento. No entanto, fruto da crise financeira e da perda de regalias em matéria de reforma, têm registado muitos despedimentos e antecipação da reforma por parte de muitos trabalhadores do sector respectivamente. No sector civil existem hoje exigências apertadas ao nível da certificação da conformidade dos produtos explosivos que são colocados no mercado. Essa certificação, que impõe a aplicação das normas harmonizadas para validar os requisitos essenciais de segurança, já é exigida para os explosivos desde 2003, estando para breve a sua aplicação aos artigos de pirotecnia que são colocados no mercado. Está também para breve a aplicação da Directiva 2008/43/CE da Comissão de 4 de Abril de 2008, relativa à rastreabilidade dos explosivos de utilização civil. Assim, numa altura em que o número de profissionais do sector baixou e novas exigências em termos de segurança e de concorrência se colocam é necessário desenvolver mecanismos para responder a esses desafios. Portugal como parceiro da União Europeia não pode alhear-se das movimentações em curso para a qualificação da formação e certificação das competências dos profissionais do sector. Para responder à falta de técnicos qualificados no sector, foram lançados no Reino Unido e na Suécia projectos para a formação, qualificação e desenvolvimento de competências de novos profissionais. O conceito de competências surge frequentemente associado à legislação sobre segurança. Na área dos explosivos o Reino Unido tem estado na vanguarda, tendo definido as diversas funções, critérios e formação requerida para cada um dos grupos profissionais do sector dos explosivos (Akhavan et al, 2009). Numa altura em que a área para procura de emprego não está mais confinada ao distrito da residência ou ao país de origem, a certificação e reconhecimento de competências é fundamental. Esta preocupação está patente nos diversos tratados assinados pelos EstadosMembros da União Europeia que apostam na mobilidade como factor de progresso e competitividade das empresas. Daí que associações empresariais de alguns países europeus organizem regularmente encontros em vários países para atraírem recém-licenciados e profissionais com qualificações para trabalharem nesses
países. Salvaguardadas as questões de segurança nacional que algumas actividades deste sector podem exigir este não é alheio a esta mudança de mentalidade.
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Reino Unido tem estado na vanguarda, tendo definido as diversas funções, critérios e formação requerida para cada um dos grupos profissionais do sector dos explosivos. Assim, só a melhoria das competências e das aptidões dos trabalhadores do sector dos explosivos vai permitir melhorar o seu estatuto e aumentar a competitividade em relação aos nossos parceiros, conferindo ao mesmo tempo maior capacidade para reagir rapidamente às mudanças económicas e tecnológicas.
2. Situação actual da educação e formação profissional No sector dos explosivos a formação profissional assenta ainda nos métodos tradicionais e os programas de formação diferem de país para país. As diferenças entre os programas e as metodologias adoptadas dependem do tipo de actividade e da natureza dos produtos explosivos utilizados. Por conseguinte existem diferentes certificados de habilitação consoante o tipo de actividade a realizar. No caso dos operadores de fogo, muitos países europeus (Dinamarca, Finlândia, Grécia, Noruega, República Checa e Suíça) propõem dois ou três níveis de certificados de operador de fogo. A licença que certifica as competências é obtida por aprovação em exame, cobrindo questões teóricas e práticas, após formação de uma ou duas semanas mais um período de treino no local de actividade sob supervisão de um operador licenciado (Góis, 2009). De um modo geral, os exames são realizados por uma entidade profissional (escola ou associação profissional do sector) em colaboração com a entidade governamental que tutela o sector ou a formação profissional. As licenças são emitidas a título individual e são unicamente válidas no país de emissão, com uma duração de cinco anos, vindo o qual é exigida a frequência de um curso de reciclagem para conseguir a renovação.
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Em Portugal, a formação e qualificações dos operadores de fogo está definida no Decreto-lei nº 376/84 de 30 Novembro, que estabelece no Regulamento sobre o Fabrico, Armazenagem, Comércio e Empregos de Produtos Explosivos, que uso de explosivos em minas, pedreiras ou construção civil deve ser desempenhado por um indivíduo habilitado com o certificado de operador de fogo, podendo esse certificado ser atribuído para explosivos, pólvora ou substâncias explosivas. O operador de fogo tem de ter mais de 21 anos, escolaridade obrigatória à idade adulta e obter a aprovação em exame teórico e prático relacionado com as matérias explosivas e o seu emprego.
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Em Portugal, a formação e qualificações dos operadores de fogo está definida no Decreto-lei nº 376/84 de 30 Novembro... O mesmo decreto-lei refere que os explosivos em fim de vida ou resíduos diários das operações de fabrico ou do emprego devem ser urgentemente destruídos por um técnico competente para dirigir a operação, de entre um Inspector da Brigada de Explosivos, um oficial das Forças Armadas com curso em Armamento e Materiais, um Técnico responsável pelas operações de fabrico, um Técnico responsável pelo uso de explosivos em minas ou pedreiras ou Mestres e Encarregados pelo fabrico ou emprego de explosivos. Relativamente à armazenagem de explosivos o Decreto-lei nº 87/2005 de 23 Maio estabelece que o responsável técnico geral pela armazenagem é um indivíduo aprovado pela autoridade policial, sendo condição possuir a licenciatura em área científica compatível com as funções a desempenhar, ou comprovada experiência profissional no sector e possuir a escolaridade obrigatória.
3. Processos de qualificação e certificação de competências Os decretos-lei atrás referidos identificam um conjunto de técnicos com competência para determinadas tarefas na área da utilização de explosivos. No entanto, não existem requisitos específicos em termos de formação e de qualificações, nem de certificação de competências, capazes de permitir uma clara distinção entre os
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diferentes profissionais em termos de responsabilidade para operações com explosivos. A recomendação do Parlamento Europeu e do Conselho de 23 de Abril de 2008 sobre o Quadro de Europeu de Qualificações (QEQ), para a formação ao longo da vida, estabelece 8 níveis de qualificações (Recommendation of the European Parliament, 2008). Para cada um dos 8 níveis é definido por um conjunto de indicadores que especificam os resultados da aprendizagem correspondentes às qualificações nesse nível, em qualquer sistema de qualificações. No âmbito do QEQ, os conhecimentos são descritos ao nível teórico e/ou factual, as aptidões são descritas como cognitivas, (relativas a destreza manual e o uso de métodos, materiais, ferramentas e instrumentos) e a competência é descrita em termos de responsabilidade.
4. Que futuro para a formação e certificação de competências? A União Europeia através do programa Leonardo da Vinci (LdV) apoia projectos no âmbito da formação profissional. Neste quadro foi aprovado em 2003 o projectopiloto EUExcert (www.euexcert.org), que juntou cinco países (Suécia, Reino Unido, Noruega, Itália e Finlândia), para restaurar as qualificações dos profissionais do sector dos explosivos, através da criação de um quadro europeu de qualificações, que permitisse a concessão do certificado europeu para os trabalhadores do sector dos explosivos. Em 2006 esse projecto foi alargado a mais cinco países (Alemanha, Estónia, Lituânia, Portugal e República Checa) a que se juntou também a Federação Europeia de Engenheiros de Explosivos (EFEE). Os objectivos fixados para a fase II do projecto foram
a melhoria das aptidões e das competências dos trabalhadores no sector dos explosivos e a criação de um quadro de transferência de competências para o sector de explosivos, no âmbito do quadro europeu de qualificações. Em 2009 teve início um novo projecto (EUExNet) com o objectivo de criar as bases para uma fundação europeia, assente numa rede de entidades nacionais, a funcionar sob coordenação da fundação e com capacidade para conferir certificados de competência no domínio das actividades do sector dos explosivos. À fundação compete estabelecer o quadro de competências que depois será usado pela rede. O Laboratório de Energética e Detónica, Associação de Apoio (LEDAP), entidade de investigação e desenvolvimento na área dos materiais energéticos e com forte ligação à Universidade de Coimbra, vem participando nestes projectos desde 2006, tendo organizado em Outubro de 2007 um Workshop, em Coimbra, sobre a Formação em Explosivos em Portugal, que contou com intervenções de especialistas na formação tanto militares como civis. Na altura, durante a cerimónia de encerramento do evento o Secretário de Estado Ajunto da Administração Interna, Dr. José Magalhães, haveria de revelar a intenção de criar um Grupo de Trabalho para analisar os problemas do sector dos explosivos de uso civil, o que viria a concretizar-se tempo depois, mas cuja actividade durou pouco tempo, mas que parece agora querer reactivar a actividade. Ao nível da harmonização das qualificações e competências dos operadores de fogo, a EFEE tem desenvolvido um debate bastante alargado. A EFEE (www. efee.eu) conta actualmente com 25 associações nacionais representantes de 24 países. Em 2004 aprovou os requisitos básicos de formação do operador de fogo europeu (área de desmonte de rocha), no sentido da atribuição do Certificado Europeu de Operador de Fogo. Em 2006 foi aprovado idêntico documento para a área da demolição com recurso a explosivos. Em 2008, apoiados pelo programa LdV, oito instituições de seis países (Alemanha, Finlândia, Noruega, Portugal, República Checa, Suécia) mais a EFEE, juntaram-se no projecto ESSEEM (www.esseem.eu) para desenvolver um programa de formação do operador de fogo europeu de nível 4 (Kure and Aslak, 2009). Este projecto cuja conclusão está prevista para Novembro partiu da matriz aprovada pela EFEE e desenvolve temas como
a Geologia, Perfuração, Explosivos, Sistemas de Iniciação, Teoria do Rebentamento por Explosivos, Dimensionamento e Carregamento de Pegas, Desmonte de Rocha junto de Estruturas, Demolição de Estruturas, Segurança, Aspectos Económicos. Por Portugal participam neste projecto o LEDAP e o Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP). Ao nível nacional a Associação Portuguesa de Estudos e Engenharia de Explosivos (AP3E) conjuntamente com a Associação Nacional da Industria Extractiva e Transformadora (ANIET) celebrou um protocolo com a PSP para a realização de cursos de formação de operadores de fogo segundo o programa europeu aprovado pela EFEE e que serviu de suporte ao projecto ESSEEM. As duas associações vêm desenvolvendo esforços na elaboração do manual que vai servir de apoio à formação, a qual está prevista realizar-se a curto prazo no Porto, Coimbra e Lisboa, com os exames a efectuar pela PSP a serem realizados no local de formação.
Referências bibliográficas 1. Akhavan J. & Wallace I. and Nilsson E. & Wallin, H. 2007. European explosives qualifications – the EUExcert Project. In European Federation of Explosives Engineers, P. Moser et al. (ed), Proc. of Fourth World Conference on Explosives and Blasting, Vienna, Austria, 2007, pp. 417-424, ISBN 978-0-9550290-1-1. 2. Akhavan J. & Wallace I. and Nilsson E. & Wallin, H. 2009. Developments in EUExcert project. In European Federation of Explosives Engineers, P. Moser et al. (ed), Proc. of Fifth World Conference on Explosives and Blasting, Budapest, Hungary, 2009, pp. 77-82, ISBN 978-0-9550290-2-8. 3. Góis, J. 2009. Benefits and barriers to the harmonisation of vocational training on explosives in Europe. In European Federation of Explosives Engineers, P. Moser et al. (ed), Proc. of Fifth World Conference on Explosives and Blasting, Budapest, Hungary, 2009, pp. 83-87, ISBN 978-09550290-2-8. 4. Recommendation of the European Parliament and of the Council of 23 April 2008 on the establishment of the European qualifications framework for lifelong learning. Official Journal of the European Union, 6.05.2008. 5. Kure, K and Aslak, R, 2009. A summary of EFEE shotfirer committee work for the development of the European shotfirer education. In European Federation of Explosives Engineers, P. Moser et al. (ed), Proc. of Fifth World Conference on Explosives and Blasting, Budapest, Hungary, 2009, pp. 89-93, ISBN 978-0-9550290-2-8. ////
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As Matérias-Primas para a Europa A Iniciativa da UE para matérias-primas No final de 2008, a Comissão Europeia publicou a sua nova comunicação “A INICIATIVA MATÉRIAS-PRIMAS - ATENDER ÀS NOSSAS NECESSIDADES ESSENCIAIS PARA O CRESCIMENTO E O EMPREGO NA EUROPA”. Percebendo que precisava resolver esta questão tão importante ao mais alto nível para garantir o fornecimento de matéria-prima para o seu crescimento económico, a Europa propõe um conjunto de medidas destinadas a melhorar a sua oferta de matérias-primas. Por isso - para a indústria extractiva europeia - os dois últimos anos foram dominados por discussões em torno desta “INICIATIVA MATÉRIAS-PRIMAS”. Garantir o acesso confiável e sem distorções à matéria-prima está-se a tornar um factor cada vez mais importante para a competitividade da UE e, portanto, crucial para o sucesso da parceria de Lisboa para o crescimento do emprego. A luta por recursos naturais tem provocado não só a comunicação da UE sobre o acesso às matérias-primas, mas deu origem a toda uma série de iniciativas e discussões em todos os níveis nos Estados-Membros, da OCDE e da ONU. Ao nível da UE foram criados dois grupos de trabalho: um sobre “Definição de matérias-primas críticas”, com o objectivo de determinar que recursos são fundamentais para a economia da UE e outro sobre “Intercâmbio das melhores práticas em matéria de ordenamento do território, licenciamento e partilha de conhecimento geológico”.
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A EUROMINES, a Associação Europeia das Indústrias de Mineração, acolheu esta iniciativa, uma vez que nos últimos anos o acesso às matérias-primas para a indústria extractiva bem como para a indústria a jusante tornou-se cada vez mais difícil devido a toda uma série de medidas legislativas e à falta de sensibilização da opinião pública na Europa. Em 2009, a EUROMINES e os seus membros cooperaram com a Presidência da República Checa da UE e Presidência Sueca da UE contribuindo significativamente para a organização de conferências que tinha como objectivo principal: dar mais apoio à INICIATIVA MATÉRIAS-PRIMAS. Após o evento que decorreu em Praga denominado “Recursos Minerais para a Europa”, que abordava a questão da oferta e procura de minérios para a União Europeia, foram organizados mais dois eventos sob a Presidência Sueca: o foco principal do primeiro evento cuja organização esteve a cargo da Universidade de Tecnologia de Luleå e do Concelho de Luleå foi a educação, pesquisa e desenvolvimento do sector, enquanto que a segunda conferência organizada pelo Governo Sueco em Linköping, teve como tópico a abordagem a uma economia eco-eficiente. A Presidência Espanhola manteve o apoio à questão das matérias-primas.
Conferência Europeia de Minerais de Madrid 2010
No final de 2008, a Comissão Europeia publicou a sua nova comunicação “A INICIATIVA MATÉRIAS-PRIMAS” […] tendo os dois últimos anos sido dominados por discussões em torno desta... 20
Em Junho de 2010, realizou-se em Madrid, a terceira Conferência Europeia de Minerais para continuar a apoiar a INICIATIVA MATÉRIAS-PRIMAS. A Conferência de Madrid foi organizada pelos representantes da indústria extractiva a nível europeu com o apoio do Ministério da Indústria, Turismo e Comércio Espanhol e foi incluído no programa oficial da Presidência Espanhola da UE.
A EUROMINES foi um dos principais colaboradores e foi representada pelo seu Presidente Thomas Drnek e sua directora Corina Hebestreit. A importância estratégica da indústria mineira europeia e o fornecimento de matérias-primas em função da procura europeia foram temas discutidos durante os dois dias da conferência. A Conferência registou um volume significativo de participações e a presença de um alto nível de conferencistas e personalidades. No total, estiveram presentes neste evento mais de 350 participantes de mais de 30 países. Uma representação política ao mais alto nível com a presença de um vice-presidente da CE, um ministro, representantes do Parlamento Europeu, da Comissão Europeia e do Comité Económico e Social, um secretário de Estado e 17 directores gerais dos diferentes Estados-Membros mostra também o sucesso da iniciativa. Os discursos de conclusão foram proferidos pelo Ministro da Indústria, Turismo e Comércio Espanhol, Miguel Sebastián, juntamente com o Vice-Presidente da Comissão Europeia e Comissário para a Indústria e Empreendedorismo, Antonio Tajani. O Sr. Sebastián e o Sr. Tajani foram acompanhados na sessão de encerramento por Enrique Guerrero Salom, membro do Parlamento Europeu, Manuel Hermoso Villalba, presidente da Confederação Espanhola da Indústria Extractiva Não Energética - COMINROC - e por Jim O’Brien, presidente da Associação Europeia de Agregados - UEPG. A DECLARAÇÃO DE MADRID SOBRE MATÉRIAS-PRIMAS 2010, que resume as conclusões da Conferência de Madrid e as opiniões da Indústria Extractiva Europeia Não Energética - NEEI - sobre o progresso da Iniciativa foi apresentada oficialmente no final da conferência. Foi sublinhada a grande importância da indústria de matérias-primas para a Europa: 30 milhões de empregos e valor acrescentado de 1.300 mil milhões de euros estão dependentes desta indústria. No seu discurso, o deputado Enrique Guerrero destacou a importância estratégica da oferta de matérias-primas para o Parlamento Europeu enquanto Antonio Tajani, sublinhou que o fornecimento de matérias-primas - rochas e minerais - é um objectivo muito importante para a Comissão Europeia sobre a futura estratégia de desenvolvimento económico: “... o tema das matériasprimas é agora uma parte integrante da política da
União Europeia. Este assunto é abordado várias vezes na Estratégia EU2020, que visa definir a orientação das políticas da União para a próxima década.” Por fim, Miguel Sebastián sublinhou que esta iniciativa permitirá à UE manter o nível competitivo da sua indústria. Durante os últimos dois anos, a indústria extractiva na Europa tem colaborado activamente com a Comissão e os seus Grupos de Trabalho na elaboração da estratégia para alcançar objectivos vitais comuns. Os resultados provisórios deste trabalho de cooperação foram discutidos durante a conferência.
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O tema das matérias-primas é agora uma parte integrante da política da União Europeia. Os principais pontos da Declaração de Madrid sobre Matérias-Primas 2010 podem ser resumidas como: •
A nível europeu, uma Política de Matérias-Primas deve ser promovida, definindo a estratégia para garantir que no futuro a Europa tenha um abastecimento suficiente de matérias-primas importadas e um acesso suficiente a matérias-primas locais
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Deverão ser desenvolvidas Políticas de MatériasPrimas semelhantes a nível nacional, regional e local para garantir um bom acesso para o presente e para o futuro às matérias-primas geologicamente presentes
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É necessário desenvolver Políticas de Planeamento do Uso do Solo, para garantir o tratamento preferencial para o desenvolvimento em torno da extracção destes recursos geologicamente presentes
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Existe a necessidade de adoptar as melhores práticas em Processos de Licenciamento seguindo bons exemplos de outros Estados-Membros, para garantir que as licenças são concedidas de forma rápida e eficiente e com durações que justifiquem os avultados investimentos de capital envolvidos.
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A Euromines representa os interesses da indústria extractiva europeia A associação representa grandes e pequenas empreA EUROMINES representa a interface entre a indússas e filiais na Europa e em outras partes do mundo, tria extractiva europeia e as autoridades europeias e que empregam mais de 350.000 pessoas. Através das organizações internacionais ou intergovernamentais. O actividades e operações destes membros, são produobjectivo é estabelecer um diálogo construtivo com as zidos mais de 42 metais e minerais; sendo a Europa o instituições governamentais a fim de garantir a consulta maior produtor de alguns destes. antecipada em todas as áreas da política e da legislação que afectam o sector e afirmar pontos de vista da indústria e suas posições. Ao mesmo tempo, proA EUROMINES representa move esta indústria e o valor dos seus produtos perante a sociedaa interface entre a indústria extractiva europeia de, procurando defender os seus e as autoridades europeias e organizações internacionais interesses e tentando sensibilizar ou intergovernamentais. a opinião pública nesse sentido.
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Euromines – Associação: países representados
Alemanha Áustria Bulgária Eslováquia Espanha (Estónia) Finlândia Grécia Holanda Hungria Irlanda Noruega Polónia Reino Unido República Checa Roménia Suécia Turquia
O objectivo principal da associação é promover a indústria e manter as suas relações com as instituições europeias em todos os níveis. Foi neste espírito que EUROMINES contribuiu significativamente - através do seu escritório de Bruxelas e dos seus membros - nos debates da Comissão Europeia há muito esperados sobre a “INICIATIVA MATÉRIAS-PRIMAS” e que se manteve activamente envolvida nos restantes debates quer a nível nacional quer a nível da EU.
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Percentagem de diferentes materiais representados na Euromines (EU 27+1)
Rochas Ornamentais 11% MInerais de Construção 20%
A
Carvão 15%
EUROMINES
tem trabalhado no campo legislativo
Minerais Industriais 27%
Metais 27%
da UE, em particular sobre:
a “INICIATIVA MATÉRIAS-PRIMAS”, a legislação ambiental como por exemplo a Directiva sobre Resíduos Mineiros, outras Directivas propostas sobre: estratégia do Solo, enquadramento da água (WFD – Water Framework Directive: 2000/60/EC), regulamento de gestão de substâncias químicas (REACH - Registration, Evaluation, Authorisation and Restriction of Chemical substances: EC (1907/2006) e rede Natura 2000,
legislação H&S (Health and Safety), as alterações climáticas e as políticas de pesquisa da ETS (Emission Trading System) e da União Europeia. ////
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Cluster da Pedra Natural
Objectivos Comuns para Cooperação no Sector Cluster da Pedra Natural No Grupo dos 7 Cluster Reconhecidos entre os 18 Candidatados
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Consolidar e apostar na conquista dos mercados, na qualificação dos recursos e territórios e na inovação organizacional, tecnológica e produtiva são os três grandes eixos estratégicos do Cluster da Pedra Natural.
O [Cluster] da Pedra Natural tem como objectivos finais a internacionalização, a sustentabilidade e competitividade do Sector da Pedra Natural. Tendo sido um dos poucos Cluster a obter reconhecimento institucional em Portugal, desde 2009 (através do Programa do QREN de apoio a Estratégias de Eficiência Colectiva), o Clauster da Pedra Natural tem como objectivos finais a internacionalização, a sustentabilidade e competitividade do Sector da Pedra Natural. A ambição é enquadrar a mobilização de todos os envolvidos neste Sector, em torno de uma Estratégia e Programa de Acção definidos e assumidos colectivamente por Empresas e Instituições de Suporte para uma Visão comum para o Sector da Pedra Natural, a nível nacional. As apostas estratégicas estão a concentrarse no desenvolvimento de projectos, que no seu conjunto irão consolidar a posição de Portugal no mercado global através do reconhecimento do Sector da Pedra Natural,
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pela sua qualidade, competitividade e grau de inovação. São eles: Valorização da Pedra Natural, Sustentabilidade Ambiental da Industria Extractiva e Novas Tecnologias para a Competitividade e outros complementares que sejam de respostas aos eixos estratégicos definidos. O Projecto Valorização da Pedra Natural integra todas as actividades que contribuam para o aumento da dinâmica das Empresas de Pedra Natural no mercado. A Concepção de uma Estratégia de Comunicação e Marketing, que sirva de suporte ao Marketing Estratégico Sectorial, com vista à melhoria de imagem da Pedra Natural, actividades que permitam garantir ao consumidor a autenticidade do Produto Pedra Natural, como a obtenção da Denominação de Origem Controlada e o Selo de Qualidade StonePT, a valorização das potencialidades da Pedra através da sua Certificação, e novas formas de valorização económica e estética da Pedra Natural, através da Investigação e do encontro entre a Pedra Natural, a Arquitectura, o Design e a Arte, são as actividades definidas para a Consolidação e Conquista de Mercados. O Projecto Sustentabilidade Ambiental para a Industria Extractiva será constituído pelas actividades que permitirão ganhos ao nível da eficiência económica e ambiental do Sector. A delimitação e planeamento inte-
grado dos núcleos de actividade extractiva, com vista à exploração sustentável dos recursos, a realização de Cartografias Temáticas de diversas regiões do país, de forma a valorizar e racionalizar a sua exploração, são as actividades que irão responder ao Eixo Estratégico de Qualificação dos Recursos e dos Territórios.
o Centro Tecnológico (Cevalor), Associações Sectoriais (Aniet e Assimagra), Empresas do Sector (Rochas Ornamentais e Industriais de todo o pais), Empresas de Equipamentos, Institutos Públicos (Lneg), e Universidades (Universidade de Évora, Instituto Superior de Engenharia do Porto e Universidade dos Trás-os-Montes e Alto Douro).
O Projecto Novas Tecnologias para a Competitividade consiste na Investigação e Experimentação de um conjunto de Sistemas Inteligentes de Produção, que terão de responder simultaneamente aos desafios da produtividade e da inovação das Empresas, permitindo em simultâneo posicionar as Empresas de Equipamentos Portuguesas como produtoras de inovação tecnológica. O desenvolvimento de soluções robotizadas para a extracção de pedra, soluções CNC para a produção de peças em 3D, para processamento inteligente de acabamentos de peças e CNCs portáteis para a produção de replicações de objectos e para a sua manutenção, e finalmente soluções que permitirão minimizar impactos e contribuir para que as Empresas sejam ainda mais amigas do Ambiente, é um desafio ambicioso, embora controlado pelo potencial de aplicabilidade de todas as soluções.
Embora criada com o objectivo especifico de gestão do Cluster da Pedra Natural, a Associação Valor Pedra assume desde o seu início uma visão estratégica a longo prazo que garanta a sua sustentabilidade futura.
Todos os Projectos e Actividades a realizar pelo Cluster da Pedra Natural são fruto da concertação sectorial e irão ser realizados em parceria entre os actores que constituem o Cluster da Pedra Natural. A participação das Empresas e outros Agentes nas actividades é aberta e ampla, havendo sempre a possibilidade de apresentarem as suas iniciativas para análise ou juntaremse às de outros. A par disto, todas as actividades desenvolvidas serão divulgadas e os resultados partilhados com o Sector. A promoção e a dinamização do Cluster da Pedra Natural, é assumida pela Associação Valor Pedra, criada especialmente para esse efeito a 12 de Maio de 2009, e que já reúne mais de 30 Associados, entre
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Todos os Projectos e Actividades a realizar
pelo Cluster da Pedra Natural são fruto da concertação sectorial e irão ser realizados em parceria... A Associação VALOR PEDRA tem um âmbito nacional e a sua abrangência é sectorial (Rochas Ornamentais, Rochas Industriais e Ramos Afins). A implementação de iniciativas relacionadas com o cluster das pedras naturais que visem a inovação, a qualificação e a modernização das empresas do Sector das Rochas Ornamentais e Industriais, fomentando a sustentabilidade ambiental, a internacionalização e a melhoria da competitividade empresarial, e que desenvolvam a cooperação entre Empresas, Associações Empresariais, Centro Tecnológico, Instituições de I&D, Centros de Formação e outras Entidades do Sector contribuindo para a dinamização de processos de transferência de tecnologia, de incremento da produtividade, competitividade e Inovação nas diversas actividades económico-produtivas, é a principal missão desta Associação, que deverá ainda garantir a dinamização e transferência de conhecimentos e tecnologias resultantes de todo este processo para as Empresas.
www.valorpedra.pt
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Entrevistas VICTOR ALBUQUERQUE
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Considero o sector mineiro de extrema importância, as rochas ornamentais com muita qualidade e reconhecimento internacional e as rochas industriais sempre essenciais no desenvolvimento de um país.
Esta revista
[ PORTUGAL MINERAL ] vem tentar colmatar um
vazio existente a nível de informação relativa às rochas industriais e ao sector mineiro e enquadra-se dentro da ambição e motivação desta direcção em melhor envolver os associados, a administração e todas as pessoas individuais ou colectivas que tenham algo de importante para enriquecer esta área de negócio.
//// Não tem nada a ver com projectos pessoais mas sim com empenho de uma Direcção a que presido, que definiu vários objectivos estratégicos para este mandato e a comunicação com os associados é um deles.
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Portugal Mineral: Pode descrever um pouco a ANIET e as suas mais-valias para as empresas suas associadas? Victor Albuquerque: A ANIET, foi fundada em 1975 e é uma associação patronal sem fins lucrativos e de utilidade pública, fortemente representativa das Pedreiras de Rocha Industrial e Ornamental quer na sua vertente Extractiva quer Transformadora e a única Associação com representação ao nível das Minas. Com âmbito nacional, abrange todas as empresas, singulares ou colectivas, que exerçam a actividade de extracção (pedreiras) e ou transformação, produção e comercialização de massas minerais e de depósitos minerais, bem como de equipamentos, produtos e serviços afins, directa ou indirectamente relacionadas com a actividade do Sector. A Associação dispõe da sua Sede no Porto e de uma Delegação em Lisboa e procura prestar aos seus associados todo o apoio de que estes necessitam. A ANIET tem implementado um Sistema de Gestão da Qualidade, de acordo com a NP EN ISO 9001:2000, para o âmbito de Apoio aos Associados em Informação Geral e Área Jurídica e Implementação da Marcação CE na Indústria Extractiva e Transformadora. É ainda acreditada para formação pela DGERT – Direcção Geral do Emprego e das Relações de Trabalho e tendo vindo a realizar várias acções de formação específica para o Sector. De acordo com os seus estatutos e desde a sua fundação a Associação tem vindo a desenvolver a sua actividade num esforço permanente de defesa dos interesses dos seus associados.
PM: O que levou a candidatarse à presidência da ANIET? VA: Era Vice-presidente na anterior direcção e considerei que poderia dar um contributo positivo na dinamização desta associação e na importância da sua representatividade do sector. Estas actividades são no final um contributo para a dinâmica económica do País.
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A nova legislação de pedreiras veio […] comprometer o explorador, ou na falta deste o próprio dono do terreno, a responsabilizar-se pela recuperação paisagística …
PM: Pode explicar a criação da revista Portugal Mineral? A revista é um projecto pessoal? VA: Esta revista vem tentar colmatar um vazio existente a nível de informação relativa às rochas industriais e ao sector mineiro e enquadra-se dentro da ambição e motivação desta direcção em melhor envolver os associados, a administração e todas as pessoas individuais ou colectivas que tenham algo de importante para enriquecer esta área de negócio. Não tem nada a ver com projectos pessoais mas sim com empenho de uma Direcção a que presido, que definiu vários objectivos estratégicos para este mandato e a comunicação com os associados é um deles. PM: Como analisa actualmente o sector extractivo em Portugal? VA: Como se sabe a ANIET representa, dentro do sector extractivo, 3 subsectores. O subsector das rochas industriais, o das rochas ornamentais e ainda as minas. À excepção das minas e pelo facto da actual conjuntura económica nacional e internacional os outros 2 subsectores estão a passar por um momento muito difícil. A falta de grandes obras, a queda na construção civil e nas exportações evidencia fortes debilidades, à semelhança do que também se passa noutros sectores de actividade. Como em toda a actividade económica temos que nos adaptar às exigências deste momento, pensando que este é um dos sectores com importância a nível nacional caracterizado por muitas PMEs, que tem cada vez mais, de se organizar a nível da gestão, da capacidade técnica, das preocupações ambientais e de segurança. É um sector que tem graves condicionan-
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É grave é que ainda existam municípios que nos seus cadernos de encargos, por uma questão de preço, dão preferência a materiais sem marcação CE.
tes ao nível do ordenamento do território. Mas é um sector que tem de ser apoiado com uma legislação adequada que lhe permita funcionar livre de constantes problemas burocráticos e, em simultâneo que tenha uma fiscalização eficaz naqueles aspectos que tenham de ser cumpridos. Este é um sector vital para o país que tem de ser reconhecido e aproveitado. PM: Acha que o país tem uma visão abrangente sobre o sector extractivo? VA: Julgo que não, verificandose que a sua importância tem sido muito pouco reconhecida. Porém considero o sector mineiro de extrema importância, as rochas ornamentais com muita qualidade e reconhecimento internacional e as rochas industriais sempre essenciais no desenvolvimento de um país. Estas têm a sua aplicação sempre presente, nas casas, nas estradas e na indústria. Se repararmos são raras as actividades que não incorporem de uma forma ou de outra agregados. PM: De uma maneira geral, o sector extractivo tem uma imagem muito negativa, em especial
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pelo impacto visual. Como podem as associações e as empresas mudar esta imagem? VA: Com preocupações ambientais e de segurança, o sector tem evoluído bastante nos últimos tempos (como em todas as actividades de produção). Julgo que se temos um recurso natural este deve ser explorado, embora, claro, com as necessárias preocupações de sustentabilidade. Hoje em dia os requisitos a nível da segurança e ambiente são bastante exigentes. A nova legislação de pedreiras veio introduzir alterações significativas a esse nível na medida em que contempla a prestação de uma caução ou garantia bancária como forma de comprometer o explorador, ou na falta deste o próprio dono do terreno, a responsabilizar-se pela recuperação paisagística do local. É uma indústria que necessita de ser julgada com justiça, com base no reconhecimento do papel essencial que tem na vida quotidiana. PM: Quais as principais diferenças entre o sector extractivo Português e o Europeu? VA: Tenho a convicção que as diferenças não são substanciais. Analisamos o estado desta industria nas nossas reuniões Europeias da UEPG e verifico que as realidades se aproximam bastante. Noto que porventura, existem países com maior envolvimento dos associados nas políticas do sector o que promove um empenho acrescido das associações e das entidades reguladoras. PM: Como encara as últimas decisões do governo em relação ao sector e o que falta ainda resolver? VA: Em primeiro lugar saliento o impacto nocivo que, as alterações
na decisão das obras públicas, aliado ao decréscimo de actividade do sector da Construção Civil, tem para o sector que representamos. Em empresas que se encontram debilitadas pelo mercado a impossibilidade de programarem a sua actividade cria constrangimentos funcionais graves. Por outro lado há ainda muito trabalho a fazer ao nível da regulação e fiscalização do sector: - No ordenamento do território – é importante que se tenha uma definição das zonas com capacidade de exploração, aliando o interesse económico dos empreendedores com a capacidade de decisão dos legisladores, onde se verificam muitas vezes opiniões antagónicas entre as Autarquias e as Direcções de Administração Centrais. - Na fiscalização - a título de exemplo posso referir que, desde que a marcação CE é obrigatória, não temos indicação de alguém que fosse fiscalizado. E se existem empresas que, para estar em conformidade legal, formaram técnicos, investiram em laboratórios, efectuam uma serie de ensaios diários, outras não o fazem. Mas o que é grave é que ainda existam municípios que nos seus cadernos de encargos, por uma questão de preço, dão preferência a materiais sem marcação CE. A ANIET denuncia estas situações sempre que tem conhecimento. A falta de fiscalização gera uma concorrência desleal muito grande entre as empresas. A informalidade deveria ser também ser melhor verificada. - Na revisão da legislação de explosivos – a nível dos produtos explosivos os exploradores deparam-se com uma legislação muito antiga e completamente desajustada da realidade dos dias de hoje.
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A legislação espanhola permite a utilização de gasóleo do tipo B, colorido, em veículos que não circulem na via públicao que se traduz numa forte distorção da concorrência, que penaliza em muito as empresas portuguesas.
- No preço dos combustíveis – desde 2005 que esta associação vem alertando a Secretaria de Estado da Economia e da Inovação para o forte impacto causado nesta indústria, pelos sucessivos aumentos dos preços dos combustíveis que se têm verificado nos últimos anos e que representam cerca de 25% dos custos totais da actividade desta indústria. Com efeito, o gasóleo colorido, nos equipamentos não matriculados, evitaria o encerramento ou a suspensão de lavra de várias unidades industriais que se tem vindo a verificar e permitiria a manutenção de postos de trabalho. Melhoraria também a competiti-
vidade na exportação do Sector das Rochas Ornamentais e Industriais que tem potencialidades ímpares e que sofre a forte concorrência dos países emergentes e mesmo de Espanha, que é um concorrente de peso. A legislação espanhola permite a utilização de gasóleo do tipo B, colorido, em veículos que não circulem na via pública o que se traduz numa forte distorção da concorrência, que penaliza em muito as empresas portuguesas. - Apoio à exportação – o sector das rochas ornamentais, é muito importante para a ANIET e para o país pelo seu potencial exportador, que muitas vezes parece ficar esquecido… Assim, medidas como apoio à exportação e mesmo à internacionalização do Sector ou a
promoção dos nossos produtos em obras nacionais, seriam fundamentais. Num momento de grande difi culdade, enfrentamos uma concorrência como a dos granitos da China e outros países asiáticos que pratica preços mais baixos por não cumprir com quaisquer requisitos ambientais, de segurança e de qualidade. É assim completamente impossível a sobrevivência das empresas deste sector caso não se tomem medidas urgentes. PM: A seu ver, quais foram as grandes falhas a nível de legislação? VA: Não sei se houve falhas a nível da legislação ou se tivemos um processo lento de implementação dessa legislação. Houve e há, até hoje, falta de fiscalização…
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PM: O que deve ser feito a nível legislativo e qual o papel da ANIET? VA: A ANIET representa as empresas e portanto tem conhecimento do que se passa no terreno, pelo que, deverá estar sempre presente quer na elaboração quer na revisão da legislação que se relacione com o sector. Neste momento a nossa prioridade é a revisão da legislação dos produtos explosivos. PM: A internacionalização é fundamental para o sector? VA: Sim, sem dúvida. Quer para o sector das rochas ornamentais quer para o das rochas industriais, admitindo que o sector mineiro é já internacional.
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Enfrentamos uma concorrência como a dos granitos da China e outros países asiáticos que pratica preços mais baixos por não cumprir com quaisquer requisitos ambientais, de segurança e de qualidade. PM: Em que mercados deve o sector apostar? VA: No caso das Rochas Ornamentais e concretamente os granitos (nossa maior representatividade) deverá apostar-se no Norte da Europa. No caso dos mármores e dos calcários exporta-se actualmente para os países Árabes e Ásia. PM: O preço dos combustíveis tem sido uma luta da ANIET. Que
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progressos têm sido feitos? Acha que vai ser possível no futuro sensibilizar o governo? VA: Esta tem sido, desde 2005, uma luta da ANIET. No entanto e estando a ser difícil esta negociação com o Governo tentamos por outra via apoiar os associados, nomeadamente através da criação de um protocolo de colaboração com fornecedores de combustíveis, no sentido dos associados terem preços preferenciais… PM: Em Portugal existem várias associações ligadas ao sector. Como vê o futuro destas? VA: Portugal é um país pequeno onde não há espaço estratégico para várias associações a representar o mesmo sector. Foi um dos desafios da minha candidatura, trabalhar para unir o sector de Norte a Sul do País de modo a poder criar massa crítica que dê uma expressão mais visível e mais unida dos associados que têm pontos comuns, na sua difícil tarefa de gerir empresas ligadas ao Sector.
PM: Como vão as negociações da fusão entre ASSIMAGRA e a ANIET? VA: Os contactos com a ASSIMAGRA estão estabelecidos e já houve reuniões e troca de informações, para se analisarem todas as possibilidades de nos unirmos e crias sinergias. Não é fácil encontrar o modelo que possa integrar as realidades das duas associações mas estamos a trabalhar nesse propósito. Reafirmo aquilo que penso sobre o benefício que se colheria com esta união. PM: Poderão no futuro outras associações entrar também nesta fusão? VA: Sim, com certeza. Todas as que se relacionem com este sector de actividade. Não vejo como já referi que num país como o nosso, seja útil ou produtivo ter tanta divisão e tantas organizações a trabalharem os mesmos assuntos. PM: Uma das falhas que existe no sector é o levantamento es-
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Não sei se houve falhas a nível da legislação ou se tivemos um processo lento de implementação dessa legislação. Houve e há, até hoje, falta de fiscalização…
tatístico. Que medidas a ANIET está a tomar para resolver este problema? VA: Este desafio faz parte dos objectivos estratégicos desta Direcção da ANIET e é uma das minhas prioridades. Pretendo efectuar um levantamento estatístico sério de vários indicadores dos subsectores que a ANIET representa – Rochas Ornamentais, Rochas Industriais e Minas – que nos permita ter ideia da real representatividade e de como irá evoluir o sector nos próximos anos. Para isso já tivemos uma reunião na DGEG, com o Subdirector Geral, Eng.º Carlos Caxaria que se mostrou receptivo a colaborar com a ANIET, no desenvolvimento deste trabalho. PM: A ANIET está a organizar as suas X Jornadas Técnicas. O que o sector pode esprar desse evento? VA: A ANIET está empenhada em organizar as suas X Jornadas Técnicas e espera que, à semelhança dos anos anteriores, sejam um êxito mobilizando centenas de participantes. E vai ser certamente. Inicialmente estava previsto serem realizadas em Lisboa, no entanto, por questões relacionadas com a nossa participação num projecto
submetido à CCDR Norte, no âmbito do Programa Operacional Regional do Norte “Novo Norte” o local para a sua realização foi alterado para o Europarque, em Santa Maria da Feira, onde decorrerão no dia 25 de Novembro. Este encontro, será o local ideal para produtores, consumidores e instituições envolvidas, reflectirem, trocarem impressões e experiências visando a melhor valorização e utilização dos recursos minerais portugueses e onde serão debatidos os principais temas da ordem do dia do Sector, além da exposição no interior (stands) e no exterior (de equipamentos) que decorrerá em simultâneo. Além do momento de reflexão e debate que estas proporcionam são ainda um palco privilegiado para a promoção do Sector. PM: Que futuro prevê para o sector em Portugal? VA: O sector está muito debilitado e será necessário reestruturar as empresas, procurar novos mercados, reforçar o planeamento estratégico. Este Sector pelo volume
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É uma das minhas prioridades […] efectuar um levantamento estatístico sério de vários indicadores dos subsectores que a ANIET representa – Rochas Ornamentais, Rochas Industriais e Minas...
de negócios que gere e pela quantidade de pessoas que emprega deve ser apoiado na sua adaptação a uma nova realidade económica, mais difícil e complexa, que os momentos actuais nos evidenciam. Proponho sempre a união dos associados para poderem preparar-se melhor para uma atitude empresarial inserida num contexto diferente daquele que até ao ano de 2008 vínhamos a viver. ////
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CARLOS CAXARIA
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Penso que o actual nível de retoma dos mercados nos permite olhar para o futuro do sector extrativo com alguma confiança. Na minha opinião essa confiança estende-se aos diferentes subsectores da IE, isto é, ao dos minérios metálicos, ao dos não metálicos e ao das próprias rochas ornamentais.
Carlos Caxaria, licenciado em Engenharia de Minas pelo Instituto Superior Técnico em 1978 é hoje o Vice-Presidente da Direcção Geral de Energia e Geologia. É com ele que o sector conta para uma modernização sustentável.
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Portugal Mineral: Que visão tem do sector do seu todo neste momento? Carlos Caxaria: Após um período de euforia iniciado em 2005 seguido em 2008 por um outro de incerteza que a crise financeira trouxe ao sector extractivo, penso que o actual nível de retoma dos mercados nos permite olhar para o futuro do sector com alguma confiança. Na minha opinião essa confiança estende-se aos diferentes subsectores da IE, isto é, ao dos minérios metálicos, ao dos não metálicos e ao das próprias rochas ornamentais. PM: Qual a Estratégia Nacional dos Recursos Geológicos? CC: Atendendo a que estamos a falar de recursos não renováveis e que a garantia de abastecimento de matérias-primas minerais a longo prazo passa necessariamente pela sua protecção e correcta gestão, a Direcção Geral de Energia e Geologia tem implementado desde 2004 muitas acções conducentes a esse objectivo que também passaram pela sensibilização do poder político para este sector. Entre outras acções, cito algumas de carácter administrativo, como a simplificação dos procedimentos burocráticos, respondendo rapidamente aos novos pedidos entrados e retomando muitos outros que estavam pendentes e a intervenção de forma sistemática na discussão e revisão dos instrumentos de gestão territorial. Outras acções foram editoriais de divulgação e sensibilização do sector destinadas ao público em geral e em especial às entidades com intervenção directa no processo decisório dos pedidos. Por outro lado, para que tudo se faça dentro dos princípios de sustentabilidade ambiental, assumimos um calen-
PM: Quais os projectos que a DGEG tem neste momento para o sector dos minérios? CC: Para além do “acompanhamento corrente” do sector, e da resposta a um sem número de novas situações, em especial as que se prendem com a publicação de legislação que pode ter efeitos directos no sector, a DGEG tem como prioridades colaborar na preparação da “Estratégia Nacional para as Minas e Pedreiras” e a preparação de um concurso público internacional com vista à atribuição de três áreas de prospecção e pesquisa na Faixa Piritosa Ibérica, que queremos lançar no segundo semestre de 2011.
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A garantia de abastecimento de matériasprimas minerais a longo prazo passa necessariamente pela sua protecção e correcta gestão...
dário de acções de fiscalização sistemática das concessões mineiras em produção. Contudo, uma verdadeira Estratégia Nacional para os Recursos Geológicos é algo que só recentemente começou a ser trabalhada por indicação expressa do MEID que reconheceu a importância do sector para a economia nacional. Será desenvolvida em diferentes fases, estando em preparação a primeira, destinada ao sector das minas e das pedreiras.
PM: Há mudanças no horizonte? CC: Sim, as que resultarem da implementação da Estratégia, após a sua aprovação em Conselho de Ministros. Penso que negociações de compatibilização de interesses entre os diferentes Ministérios, que no passado se revelaram sempre difíceis, ficarão facilitadas após o Governo reconhecer o sector como estratégico. PM: Tal como divulgado aquando da publicação da lei de pedreiras, este regime teve como objectivo a criação dum ‘momento zero’ de oportunidade de legalização ou regularização das situações irregulares resultantes dos condicionalismos ao nível do ordenamento do território. CC: Confirmo PM: Sucede, todavia, que pelo facto dos planos directores municipais não contemplarem espaços para indústria extractiva e/ou para a ampliação das áreas existentes, os representantes das CCDRs territorialmente com-
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petentes têm emitido parecer desfavorável e levado o Grupo de Trabalho a emitir intenção de decisão desfavorável ou mesmo decisão desfavorável. CC: Sim, isso tem acontecido numa percentagem muito elevada dos processos que deram entrada nas entidades competentes. Convém, contudo, lembrar que os representantes de muitas Câmaras Municipais também têm contribuído para muitos pareceres negati-
motivo para emissão de decisão desfavorável do Grupo de Trabalho mas que este deveria proferir decisão favorável condicionada à revisão daquele instrumento (PDM). CC: Confirmo. Salvo algumas excepções que se poderiam colocar negativamente após a verificação da realidade existente no terreno, essa era a intenção do legislador quando procedeu à revisão da Lei de Pedreiras, e em especial ao seu artigo 5º.
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Pensamos [DGEG] que existe na parte portuguesa [da Faixa Piritosa Ibérica] um elevado potencial mineiro ainda por descobrir e em que estamos a apostar.
PM: Em 2 de Abril de 2009, foi publicado o Decreto Regulamentar n.º 6/2009 referente à área cativa da Serra da Falperra. Para quando a publicação da portaria referida no art.º 6º deste diploma? (Penso que faltará a publicação da portaria da área cativa, pois que eu tenha conhecimento ainda não foi publicada…) CC: Sim, a Portaria da Área Cativa ainda não foi publicada. Pensamos que a sua publicação após a aprovação da Estratégia Nacional para as minas e pedreiras poderá trazer vantagens.
vos. Lembro que estas duas entidades têm parecer vinculativo, enquanto o das DREs tem um carácter meramente técnico. PM: Esta situação contrapõe o exposto nas várias acções de divulgação e esclarecimento realizadas de norte a sul do país sobre o regime transitório do DL 340/2007 de 12 de Outubro onde foi expressamente referido aos exploradores presentes que as condicionantes do PDM à ampliação e à legalização das respectivas explorações não seriam
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PM: Assim, gostaríamos de saber da possibilidade de haver ou não a publicação de um Despacho, onde a regularização e viabilização das explorações com constrangimentos ao nível do ordenamento do território ficassem condicionadas à revisão do PDM CC: É uma matéria que tem vindo a ser discutida pelos Ministérios da Economia e do Ambiente. É expectável que esse despacho conjunto interpretativo do artigo 5º seja assinado e publicado ainda no decorrer deste ano.
PM: Qual posição da DGEG relativamente à prorrogação do prazo das licenças temporárias emitidas no âmbito do Art.º 5, do DL 340/2007, de 12 de Outubro? CC: Essa é uma matéria que ficará clarificada com a publicação do despacho interpretativo. Teremos pois que aguardar a sua publicação. PM: Pode explicar o que representa a Faixa Piritosa Ibérica? CC: É uma faixa de ocorrência de sulfuretos polimetálicos que se estende por quase todo o Alentejo e se prolonga em Espanha. Considerando que na parte espanhola da Faixa Piritosa estão identificados um grande número de ocorrências minerais que vieram a ser explo-
radas como minas, e que em Portugal esse número, até à data, é consideravelmente mais reduzido, pensamos que existe na parte portuguesa um elevado potencial mineiro ainda por descobrir e em que estamos a apostar. PM: Quais os benefícios na aposta de pesquisa de cobre e de zinco nesta área? CC: Pese embora Portugal não tenha metalurgias e uma indústria transformadora de metais base, não nos podemos esquecer do contributo que estas minas dão para a economia dos Países onde existem. Só para referir o caso da Somincor em Portugal, lembro que desde que entrou em produção já exportou mais de cinco mil milhões de euros e tem sido um motor do desenvolvimento regional empregando mais de mil trabalhadores. Imagine a importância de termos duas ou três minas com estas características. Contudo, para isso poder acontecer precisamos de investir na prospecção e pesquisa. PM: Quantas minas esperam ver abertas? CC: É uma pergunta que é difícil de responder pois o que gostaríamos “de ter” não se traduz necessariamente no que irá acontecer. Lembro, contudo, que os jazigos do lado de Portugal estão a maiores profundidades do que os que ocorrem em Espanha, o que implica um acrescido esforço de investimento e um risco maior de insucesso. PM: Em quanto tempo esperam ver resultados? CC: A prospecção e pesquisa é imprevisível pelo que é difícil responder a essa pergunta com realismo. Esperamos, contudo, que o aumento do investimento em son-
dagens aumente a probabilidade de se localizarem novos jazigos. Há que lançar “as sementes” e aguardar que daí nasçam resultados concretos. Temos pois que esperar. PM: A que se deveu a presença da DGEG no Pavilhão Português na Expo Xangai? Teve como objectivo atrair mais investidores chineses? Quais são as expectativas? CC: A preparação da “Semana dos Recursos Geológicos” na Expo-Shangai teve dois objectivos distintos. O primeiro virado para resultados de curto prazo, isto é, conseguir criar um novo mercado de exportação para produtos minerais produzidos em Portugal, para além dos que hoje exportamos que se limitam a dois tipos de rochas ornamentais. O segundo foi de divulgação do nosso potencial mineiro, tendo em vista a captação de investimentos chineses para a prospecção e pesquisa mineira em Portugal. Se no segundo caso os objectivos esperados são de médio longo prazo, no primeiro caso posso dizer que as nossas expectativas foram ultrapassadas, tendo-se aberto novas oportunidades de negócio, mesmo em áreas mais difíceis, como é o caso das matérias-primas destinadas à indústria cerâmica. Do que me foi transmitido pelos industriais presentes todos pensam voltar à China para aprofundar os contactos estabelecidos. PM: Qual a estratégia para convencer os investidores chineses a apostarem na área da prospecção e pesquisa de minérios? CC: Atendendo à crescente necessidade de matérias-primas da economia chinesa, que tem levado empresas chinesas a adquirir
minas em todo o mundo, Portugal só tem que fazer a promoção do seu potencial mineiro na tentativa de captar investimentos para esta área. Lembro que a nossa acção de promoção nesta área não se esgota na China. Está prevista uma acção em Fevereiro de 2011 no Canadá no decorrer do PDAC, e estamos a equacionar uma abordagem a investidores indianos, que também têm manifestado interesse no nosso potencial mineiro. PM: Porque o governo português vai passar a comparticipar parte desses investimentos? CC: Pese embora ainda não esteja definida a forma concreta de o fazer, o Governo tem a intenção de apoiar esta actividade partilhando riscos, nomeadamente comparticipando, mediante contrapartidas em caso de sucesso, nos custos das sondagens abaixo de determinadas profundidades.
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A preparação da “Semana dos Recursos Geológicos” na Expo-Shangai teve dois objectivos: conseguir criar um novo mercado de exportação […] e a divulgação do nosso potencial mineiro… PM: Quais as novidades que o governo português tem para apresentar aos investidores chineses? CC: A principal novidade é mostrar-lhe o nosso potencial geológico, quer em recursos minerais metálicos quer em petrolíferos.
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PM: Que mensagem deixa aos empresários do sector? CC: Que se reestruturem e não se deixem absorver pelos pequenos negócios nacionais ou regionais. Penso que se querem sobreviver têm de entrar rapidamente no mercado asiático de forma organizada e em associação, pois este mercado impõe exigências de qualidade e quantidade que individualmente é difícil de responder. Lembro que a China, nos próximos quinze anos vai construir mais de uma dezena de cidades de pequena dimensão mas maiores que Lisboa. É neste mercado que os nossos industriais devem apostar deixando para segundo plano o mercado das grandes metrópoles onde estão presentes as grandes empresas mundiais e onde a concorrência é muito grande. PM: Para terminar, uma referencia à entrevista do Sr. Presidente da ANIET que disse haver um sector ilegal que concorre com o sector legal. Como comenta esta afirmação? CC: Penso que a questão não se pode colocar nesses termos pois os diferentes subsectores têm realidades diferentes. No que respeita às pedreiras de agregados essa questão não se coloca nas pedreiras utilizadoras de explosivos que têm de estar legalizadas para o poderem adquirir. Nestes casos poderá haver casos de informalidade em áreas de ampliação que esperamos ver resolvidas com a clarificação do artigo 5º. Quanto às pedreiras de rochas ornamentais reconheço que existem situações de concorrência desleal. O objectivo prioritário da revisão da lei de pedreiras e do seu artigo 5º era acabar com essa situação, através da legalização das pedreiras
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Mensagem aos empresários do sector: reestruturem(-se) e não se deixem absorver pelos pequenos negócios nacionais ou regionais. […] têm de entrar rapidamente no mercado asiático de forma organizada […] pois este mercado impõe exigências de qualidade e quantidade que individualmente é difícil de responder.
que a ele recorreram, e depois focar a fiscalização em quem não o tinha feito. Esse objectivo, embora adiado, mantém-se e poderá ser retomado logo que finalizada a reanálise dos processos que recorreram ao artigo 5º.
PM: Como analisa as críticas feitas à informação estatística do sector. CC: Esta é uma matéria que também tem estado em análise na DGEG. Pensamos que o principal défice de informação que poderá haver, resulta da informação que nos é disponibilizada pelas empresas. Pensamos contudo que apesar da informação ser revista pelos serviços técnicos da DGEG, a mesma mantém algumas lacunas. No entanto lembro que o universo de recolha de informação estatística corresponde a todas as pedreiras que constam na base de dados da DGEG, o que reduz consideravelmente a margem de erro. Embora a DGEG esteja mandatada pelo INE para a recolha e tratamento da informação estatística do sector extractivo, estamos disponíveis para ouvir as sugestões da ANIET e estudar eventuais ajustamentos ao procedimento instituído. ////
Estudos
Reflexão acerca das Bases Actuais da Escavação de Maciços Rochosos Por Pedro Bernardo Eng. de Minas, MSc, PhD (Director Técnico dos Serviços de Aplicação da SEC, SA) pedrobernardo@sec-sa.pt
Desde os primórdios da história que o homem se debate com desafios inerentes à escavação de maciços rochosos, processo que sempre se mostrou necessário, tanto para a construção de edifícios e locais de culto, como para a exploração dos recursos minerais, que, desde cedo, se habituou a usar, nomeadamente naquelas edificações. Hoje em dia, quase não se conhecem limites para a materialização destas obras, graças aos extraordinários desenvolvimentos tecnológicos a que temos assistido, que continuam a oferecer as ferramentas necessárias, de certo inconcebíveis para os nossos antepassados e, porventura, quantas vezes para nós próprios.
Por muitos anos, construiu-se em prol do desejado progresso, ultrapassando genialmente as dificuldades quando as limitações eram de índole tecnológica. Actualmente, grande parte dos desafios que se colocam, passam não tanto por construir e desenvolver, mas por fazê-lo melhor, atendendo à recente preocupação ambiental das sociedades modernas e certas irreversibilidades inerentes a alguns dos processos usados, num meio que, cada vez mais, assume uma dimensão finita. Tal melhoria obrigou à integração da componente ambiental nas análises de custo--benefício, usuais em Engenharia. A convivência entre a(s) indústria(s) e a protecção do ambiente requer, de todos os intervenientes, a procura de equilíbrios consensuais, os quais variam muito com o grau de desenvolvimento dos países, tendo
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características dinâmicas e, quase sempre, difíceis de alcançar pacificamente. Assistese, presentemente, a uma crescente importância da opinião pública na viabilização das soluções para os problemas ambientais, susceptível de conduzir a contestações, que se têm contornado com a criação de novos problemas, com o adiamento de soluções ou, por vezes, através de decisões políticas com reduzida consistência científica. Neste contexto, esta reflexão evidencia um enquadramento legítimo, pois pretende chamar à atenção para os problemas ambientais decorrentes das obras de escavação de maciços rochosos, procurando sensibilizar os técnicos para a importância de procurar vias para a sua minimização, incluindo novas
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A convivência entre a(s) indústria(s) e a protecção do ambiente requer, de todos os intervenientes, a procura de equilíbrios consensuais... soluções técnicas, que permitam atingir os melhores equilíbrios entre os requisitos de protecção ambiental, as pressões da opinião pública e as actividades que levam a cabo. Para este efeito existe a Geotecnia, sendo a área de especialização da Engenharia que lida com os materiais que compõem a crosta terrestre. Através da aplicação dos princípios da Mecânica das Rochas e da Mecânica dos Solos, possibilita a mobilização desses materiais no sentido de satisfazer necessidades humanas, em termos da construção de infra-estruturas e edificações ou da extracção de recursos minerais, envolvendo todas as obras de Engenharia à superfície da Terra. No âmbito da referida mobilização dos materiais naturais, necessária à maioria das obras geotécnicas, surgem situações que, por apresentarem maior resistência às acções de escavação (maciços rochosos), motivam a utilização de substâncias explosivas. Não obstante a crescente aplicação de métodos alternativos de escavação, havendo cada vez mais equipamentos mecânicos pretendendo substituir o uso dos explosivos, estes continuam a ser mundialmente justificáveis para escavar rochas duras (com resistências à compressão uniaxial superiores a 100 MPa) ou pouco fracturadas, quer em obras a céu aberto, quer em obras subterrâneas. Estas situações ocorrem muitas vezes associadas à extracção de recursos minerais, dadas as consideráveis profundidades que frequentemente atingem. Contudo, também as obras de índole civil se deparam frequentemente com ambientes rochosos, legitimando o uso daquela técnica para os desagregar e posteriormente remover. Assim, a Geotecnia mostra-se pluridisciplinar, tangendo várias especializações da Engenharia. Anali-
sando uma das definições de Engenharia*, nota-se uma certa sobreposição dos meios para atingir, por processos diferentes, mas todos convergentes, o bem-estar da Humanidade.
*Na opinião do autor, a mais abrangente será:
O projecto na base de qualquer empreendimento geotécnico, para além de procurar definir o conjunto óptimo (económico) de operações conducentes ao objectivo proposto, tem a responsabilidade de garantir perturbações mínimas ao ambiente circundante. Logo, deverá apoiar-se num conjunto de estudos prévios, que definam o tipo e a quantidade de trabalhos a realizar, caracterizando a sensibilidade ambiental da envolvente, de forma a incorporar no dimensionamento todas as limitações vigentes, conduzindo assim a uma execução segura e sustentável.
“Engenharia é a profissão aprendida, na qual o conhecimento das ciências físicas, matemáticas e naturais, obtido pelo estudo, pela experiência e pela prática, é aplicado conscientemente à utilização económica dos materiais e das forças da natureza, para o bem estar da Humanidade” (conforme: U.S. Engineer’s Council for Professional Development).
Atendendo à necessidade de respeito pela legislação, projectistas e executantes devem ter sempre bem presentes os documentos
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Geotecnia, a área de especialização da Engenharia que lida com os materiais que compõem a crosta terrestre. legais (leis e normas) que regulamentam as suas actividades no domínio da Engenharia. Tais documentos reflectem as preocupações da sociedade e dos governos, envolvendo os conceitos de segurança, bom aproveitamento dos recursos e protecção ambiental, conciliando-os com os objectivos das empresas e da Sociedade contemporânea. A figura seguinte pretende esquematizar, em termos gerais, os passos consecutivos e desejáveis associados às obras de escavação, em função do seu enquadramento (industrial e técnico).
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Figura 1 - Justificação e faseamento da realização de obras de escavação.
O projecto na base de qualquer empreendimento geotécnico, para além de procurar definir o conjunto óptimo (económico) de operações conducentes ao objectivo proposto, tem a responsabilidade de garantir perturbações mínimas ao ambiente circundante.
Sempre que à escavação se associe o uso de explosivos, justifica-se um estudo minucioso e orientado para essa utilização, na fase de projecto. Neste contexto, o plano que conduz ao diagrama de fogo deve ser sempre incorporado no projecto de Engenharia. O paralelismo entre os dois projectos referidos permite chegar a compromissos, no que diz respeito às relações existentes entre o dimensionamento das escavações e o seu ritmo de progresso, tendo em conta todas as outras operações. É nesta fase que surgem as dificuldades inerentes a qualquer
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processo de optimização, pois é necessário fragmentar a rocha com granulometria adequada, controlando os impactes ambientais e, simultaneamente, com custo mínimo. De facto, a economia global é uma regra importante, na medida em que qualquer tentativa exagerada de minimização de custos numa dada operação (por exemplo, no desmonte) se irá reflectir negativamente em operações subsequentes (por exemplo, na britagem). Deste modo, o esforço tendente à redução do custo de escavação deve ser feito considerando todas as operações (custo total) e não apenas uma operação. Assim, ao contrário do que ocorre na maioria das indústrias, em que as soluções mais económicas são acompanhadas por maiores impactes ambientais, a minimização de custos nas escavações de rocha é compatível com a minimização dos seus impactes ambientais. De facto, verifica-se que existe
uma correlação entre a magnitude (medida, não inferida ou baseada na percepção) dos impactes ambientais e os custos das operações de desmonte de rocha com explosivos e que, através da fragmentação, são simultaneamente minimizados, incentivando a aplicação de tecnologia adequada à solução dos dois problemas. A percepção, cada vez mais generalizada, que a segurança das obras geotécnicas é influenciada por eventos extremos, deverá reflectir-se na forma como os problemas ambientais que decorrem da sua existência são abordados. Os engenheiros, desde há muito que, adoptaram uma postura semelhante, ao considerarem invariavelmente a situação mais desfavorável nas condições que presidem ao dimensionamento e à execução das suas actividades. Poderá questionar-se: quando é que um dimensionamento, em particular, de uma operação que gera importantes impactes ambientais, pode ser considerado aceitável? Não há regras simples e universais para definir a adequabilidade de um projecto. Cada dimensionamento é único, e deve assentar no conjunto de circunstâncias que lhe estão na base. A responsabilidade do engenheiro geotécnico passa por encontrar a melhor solução, do ponto de vista da segurança, mas sem descurar os aspectos económicos, decorrentes de tal conjunto de condições de base. Essa solução terá que ser baseada em critérios técnicos de Engenharia, e guiada por estudos e análises práticas que, com base na experiência acumulada e nas ferramentas disponíveis, permitam antever o sucesso da actividade planeada. Contudo, assiste-se ainda, vulgarmente, a escavações de rocha com explosivo que não atendem às boas práticas inerentes a este tipo de actividade industrial e aos novos enquadramentos legais das obras geotécnicas, cada vez mais restritivos. Ao processo de escavação deve ainda estar associado um adequado plano de monitorização, dotado de meios (materiais e huma-
nos) que permitam, em tempo real, registar todas as variáveis indicadoras do desempenho (técnico) e da afectação (ambiental), respondendo instantaneamente a eventuais perturbações, desejavelmente através de sistemas automáticos e interactivos. Do ponto de vista do controle de impactes ambientais, inerentes às escavações de maciços rochosos com recurso a explosivos, existem, no nosso país, várias ferramentas
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Ao contrário do que ocorre na maioria das indústrias, em que as soluções mais económicas são acompanhadas por maiores impactes ambientais, a minimização de custos nas escavações de rocha é compatível com a minimização dos seus impactes ambientais. legais que regulamentam esta actividade, nomeadamente a Lei do ruído ou a Norma Portuguesa (NP) 2074. Apesar de, geralmente, se admitir que são fenómenos tecnicamente inevitáveis, sabese que tais impactes têm intensidades que estão relacionadas com os parâmetros de dimensionamento, os quais devem ser criteriosa e globalmente ajustados, sob pena de se manifestarem prejudicialmente, na forma de efeitos adversos, com a possibilidade de afectar descritores, quer em obras subterrâneas, quer em obras a céu aberto, embora com mais ênfase nestas últimas. Nesta óptica, pode-se conceber esse conjunto de parâmetros como se se tratasse de uma corrente, que não é mais forte, como um todo, que o mais fraco dos seus elos. Em síntese, a Figura 2 procura estabelecer o relacionamento entre os problemas mais comuns verificados e os procedimentos correctivos a aplicar na escavação com explosivos, que mais adequadamente conduzem à desejada minimização dos custos e dos impactes ambientais.
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Aumentar a subfuração Reduzir a malha do diagrama Aumentar a carga de fundo Aumentar o retardo entre furos Aumentar a inclinação dos furos Controlar os desvios no afastamento Controlar a existência de cavernas Controlar os desvios na perfuração Ajustar o retardo entre furos Aumentar a altura de atacamento Aumentar a carga explosiva Reduzir a malha do diagrama Uso de um explosivo mais potente Ajustar o retardo entre furos Reduzir a carga explosiva Aumentar a malha do diagrama Aumentar a altura de atacamento Uso de um explosivo menos potente Desacoplar as cargas Ajustar o retardo entre furos Verificar as conexões eléctricas Controlar as heterogeneidades geológicas Reduzir o número de fiadas Reduzir as cargas na última fiada Reduzir o afastamento Aumentar o retardo entre furos Reduzir a altura da bancada Reduzir a carga explosiva por retardo Ajustar o retardo entre furos Controlar os parâmetros geométricos Orientação das frentes de escavação Aumentar a altura de atacamento Cobrir o cordão detonante, caso exista Reduzir a carga explosiva por furo Ajustar o retardo entre furos Aumentar a carga explosiva Reduzir o afastamento Ajustar o retardo entre furos Aumentar a inclinação dos furos
Figura 2 - Problemas mais frequentes em escavações, suas origens e soluções.
A utilização de explosivos pode, e deve, ser alvo de estudos permanentes com vista à determinação ou, no mínimo, à previsão dos objectivos a atingir e das causas resultantes, sustentado pelo conhecimento disponível sobre o meio onde eles actuam, e sobre os materiais e técnicas de desmonte a utilizar.
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As acções correctivas referidas na Figura 2, prestam-se especialmente em situações concretas, a maior parte das quais referidas na própria Figura 2. Contudo, existem outras acções, de carácter preventivo, que, pela sua importância e facilidade de aplicação, devem ser consideradas. Por exemplo, con-
sidera-se preferível, em muitos casos, que a periodicidade e os horários dos trabalhos devem ser rígidos, se possível, coincidindo com as horas de ponta habituais, devendo a comunidade vizinha ser devidamente avisada sobre eventuais alterações, evitando o factor surpresa, que gera receios acrescidos e, consequentemente, queixas. Para além disso, deve ser dada particular atenção às relações públicas, entre a obra geotécnica e as populações vizinhas. De facto, actualmente, muitos técnicos, principalmente a nível das empresas executantes, tentam assumir o papel de “fusível”, ao se aproximarem das populações, na qualidade de responsáveis técnicos da obra. Dessa forma, tentam explicar as medidas que implementam para o controle dos efeitos e as acções de monitorização que promovem no sentido de garantir a conformidade legal dos indicadores ambientais. Com esta medida esperam, não só esclarecer essas populações acerca dos efeitos benéficos, geralmente sócio-económicos, que resultam da realização das suas obras geotécnicas, mas pretendem também que essas populações os contactem, em primeiro lugar, ao se sentirem lesadas pelas actividades inerentes à obra.
Assim, verifica-se que os impactes ambientais resultantes, designadamente os que resultam do uso de explosivos são fenómenos explicáveis, mensuráveis e controláveis, susceptíveis de ocorrerem rotineiramente sem atingirem os limites estabelecidos legalmente, nomeadamente os de conformidade ambiental. Quando tais limites são ultrapassados, é provável que a operação tenha sido mal projectada ou mal executada e, ao mesmo tempo, atingindo custos mais elevados do que poderia ter sido alcançado com uma adequada optimização. Do ponto de vista estrito da aplicação dos explosivos e do seu impacte mais frequente, haverá que promover a evolução dos critérios de dano estrutural pela acção das vibrações, através da consideração da resistência dinâmica das estruturas e, especialmente, dos seus componentes mais frágeis. A este respeito, julga-se essencial analisar os contornos da interacção entre o terreno e a estrutura, submetidos a solicitações dinâmicas, envolvendo comportamentos lineares e não lineares, influências da estratificação, aspectos tridimensionais e outros problemas de carácter geotécnico e estrutural, como a liquefacção, a fadiga e a impedância das fundações. ////
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Optimização Tecnico-Económica dos Processos de Extracção
e Transformação de Maciços
Rochosos Fracturados
Por António Carlos Galiza / Luís Ramos / Luís Fonseca / Helder I. Chaminé
Na indústria extractiva e transformadora de pedra natural, o custo de produção é determinante para se ser competitivo num mercado global. A optimização/rentabilização de todas as operações é fundamental para a evolução técnico-económica da actividade. De cada operação deve-se obter o maior rendimento possível. A perfuração do maciço rochoso, é a primeira actividade no processo de transformação que vai desde a identificação do georrecurso (maciço) até ao que resultará num produto final. A forma como esta operação é executada, é, numa primeira fase, determinante para o sucesso do desmonte com recurso a explosivos e consequentemente terá igualmente uma influência determinante em todas as actividades subsequentes, nomeadamente no carregamento e detonação, na granulometria obtida após detonação, na fragmentação secundária, na carga e transporte e na Britagem.
1. INTRODUÇÃO A perfuração é uma das actividades do processo de extracção e transformação, tendo a particularidade de ser a actividade que se encontra no “topo da pirâmide”, relativamente à cronologia de execução de todas os processos que culminam no produto final. Neste contexto, a perfuração assume um papel de extrema importância, tornando-se a optimização desta actividade fundamental, pois para além de ter uma consequência directa no seu resultado técnico-económico, a sua interligação com as actividades subsequentes, nomeadamente:
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2) Carregamento e detonação; 3) Fragmentação secundária; 4) Carga e transporte e 5) Britagem (Figura 1), faz com que, o desempenho/resultado destas esteja intimamente ligado com o sucesso da perfuração (Galiza et al. 2008) (Figura 1). Esta operação envol-
ve três grupos de parâmetros, a saber (e.g., Persson et al. 1993, Jimeno 1995, Dinis da Gama 1971, 1995, 1996, Singh et al. 1998, Holmberg 2003, Brady e Brown 2004, Hoek 2007): i) geológico-estruturais, geotécnicos e geomecânicos do maciço rochoso; ii) conjunto carro, martelo e ferramentas de execução; iii) geometria do diagrama de fogo.
Figura 1 – Representação esquemática das actividades de Extracção e Transformação de pedra natural e das consequências que a execução da perfuração tem nas actividades subsequentes.
As percentagens, que as principais operações envolvidas nesta indústria, representam, em termos de custo, não são equitativamente distribuídas (perfuração, carregamento/detonação, fragmentação secundária; carga e transporte e britagem). A operação de britagem representa cerca de metade dos custos totais de operação, é de facto a operação mais atractiva para optimização devido ao seu peso. Em contrapartida é a última do processo de extracção e transformação, estando a sua rentabilidade dependente da qualidade com que as operações antecedentes foram executadas. A rentabilidade ou produtividade com que a carga e o transporte do material desmontado é executada, depende essencialmente do resultado do desmonte, em que uma boa fragmentação perspectiva um bom rendimento em termos de factor carga. Apesar desta operação apresentar-se como a segunda mais dispendiosa, continua a depender bastante das anteriores. A fragmentação secundária depende do resultado granulométrico obtido no desmonte com recurso a explosivos. A perfuração, carregamento, detonação e fragmentação secundária, em conjunto representam menos encargos financeiros que as duas restantes, individualmente,
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no entanto, o seu papel é preponderante na rentabilidade do todo processo de transformação. A perfuração, é a primeira operação a ser executada, e apesar de representar um dos menores custos de operação, a par do carregamento e rebentamento, é das que mais influencia a optimização das restantes. As cinco principais operações de extracção e transformação funcionam em cadeia, de uma forma sequencial, sendo que a qualidade/rentabilidade com que uma operação é realizada depende da anterior e influencia a seguinte. A natureza desta operação, juntamente com a posição de topo que ocupa na cadeia de produção, torna-a merecedora de uma atenção e dedicação especial.
2. METODOLOGIAS Na primeira fase do trabalho efectuou-se um reconhecimento de campo para se definir os constrangimentos cartográficos e geológicoestruturais dos maciços em exploração e respectiva área envolvente. Numa fase seguinte procedeu-se à recolha, tratamento, análise e interpretação dos dados geológicos, geotécnicos e geomecânicos do maciço. Esta abor-
dagem integrada permitiu a descrição e o zonamento geológico-geotécnico dos maciços em estudo, tendo-se seguido as recomendações da ISRM (1981, 2007), da GSE (1995) e da CFCFF (1996). A criação e o desenvolvimento de uma base de dados dinâmica intitulada ScanGeoData|BGD dos parâmetros geológico-geotécnicos e geomecânicos permitiu efectuar um cruzamento exaustivo de toda a informação e a interpretação de todos os dados geológicos, geotécnicos e geomecânicos de modo a apoiar o estabelecimento duma proposta de zonamento geotécnico do maciço rochoso. Foram ainda executados ensaios de perfurabilidade e de desgastes das ferramentas de corte. Numa fase subsequente está incluído o registo dos parâmetros ligados ao diagrama de fogo, ao ciclo de perfuração, ao equipamento e acessórios de perfuração onde se
engloba o ciclo de afiação dos bits de perfuração, bem como outras condicionantes da bancada e monitorização dos desvios de perfuração e dos custos envolvidos nas diversas operações de perfuração. Foram criadas e desenvolvidas outras duas bases de dados dinâmicas, com o registo dos principais parâmetros geotécnicos e geomecânicos do maciço, ferramentas de execução e respectivos desgastes, tempos do ciclo de perfuração, geometria do diagrama de fogo, associados aos resultados dos ensaios dos desvios de perfuração, ensaios de perfurabilidade e dados económicos, intituladas GeoDrill|Data e GeoHole|Data (Figura 2). Estas bases de dados estão complementadas por um tratamento geoestatístico exploratório, que permitirá aferir a variabilidade dos desvios de perfuração e avaliar a componente técnico-económica em função dos elementos supracitados.
Figura 2 – Representação esquemática da criação das bases de dados dinâmicas e parâmetros intervenientes, relacionadas com os equipamentos e desvios de perfuração: GeoDrill|Data e GeoHole|Data.
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3. RESULTADOS Da interpretação de todos os dados geológicos, geotécnicos e geomecânicos resultou um zonamento geotécnico (sub)superficial (Figura 3), (pormenores em Ramos, 2008; Fonseca, 2008).
Relativamente às consequências deste estudo na perfuração, culminou na actualidade: •
Num decréscimo de 24,3% de nos custos da perfuração. Esta optimização de custos é reflexo do maior rendimento e durabilidade do aço de perfuração;
•
Num decréscimo na média da amplitude dos desvios de perfuração, de 62,60%.
Figura 3 – Esboço do zonamento geotécnico da pedreira de Serdedelo: sua importância como um instrumento de apoio à gestão mineira do georrecurso.
4. CONCLUSÕES/PERSPECTIVAS FUTURAS Como demonstram os resultados, o presente trabalho contribuiu, nesta primeira fase, de forma decisiva para a optimização no processo de extracção e transformação de maciços rochosos, nomeadamente na actividade de perfuração. Estamos ainda certos, que toda a optimização ao nível da qualidade da perfuração teve impacto positivo nas actividades subsequentes, no entanto, estes resultados
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estão em fase de compilação, só podendo ser apresentado em situações futuras. As actividades subsequentes e o seu estudo independente, encontram-se nesta fase, em planeamento e discussão, de forma a estabelecer uma metodologia de recolha, análise e interpretação de dados equiparável à estabelecida na perfuração.
REFERÊNCIAS Chaminé, H.I. e Gaspar, A.F. (1995). Estudo da compartimentação de maciços rochosos pela técnica de amostragem linear. Aplicação a uma travessa da Mina de Carvão de Germunde. Estudos Notas & Trabalhos Inst. Geol. Min., Porto, 37: pp. 97-111. Dinis da Gama C. (1995). Aspectos geotécnicos y de fracturación en la explotación de Canteras. In: López Jimeno, C. (Ed.). Cap. 10 del Manual de Rocas Ornamentales. Entorno Gráfico. S.L., Madrid, pp. 231-246. Dinis da Gama C. (1996). The concept of rock mass fragmentability. In: Franklin e Katsabanis (ed.), Measurement of Blast Fragmentation, Balkema, Rotterdam. pp. 209-214. Fonseca L. (2008). Interacção e avaliação entre o maciço rochoso e as tecnologias de perfuração: consequências técnico-económicas. Departamento de Engenharia Geotécnica, Instituto Superior de Engenharia do Porto, ISEP. Tese de Mestrado. Galiza A.C., Ramos L. e Chaminé H.I. (2008). Controlo da qualidade geotécnica do desmonte do
maciço rochoso através de uma perfuração alinhada. In: Actas do 11º Congresso Nacional de Geotecnia. Sociedade Portuguesa de Geotecnia, Coimbra. Volume 1, pp. 243-250. ISRM [International Society for Rock Mechanics] (1981). Basic geotechnical description of rock masses. Int. J. Rock Mech. Min. Sci. & Geom. Abstr., 18: pp. 85-110. ISRM [International Society for Rock Mechanics] (2007). The complete ISRM suggested methods for characterization, testing and monitoring: 19742006. In: Ulusay, R. & Hudson, J.A. (eds.), suggested methods prepared by the Commission on Testing Methods, ISRM. Ankara, Turkey. 628 pp. Jimeno C.L. (1995). Drilling and blasting of rocks. Taylor & Francis, 400 pp. Ramos L. (2008). Avaliação geotécnica e geomecânica de maciços rochosos fracturados para o controlo da qualidade do desmonte. Departamento de Engenharia Geotécnica, Instituto Superior de Engenharia do Porto, ISEP. Tese de Mestrado.
Autores: Nota biográfica António Carlos Galiza Licenciado em Engenharia de Minas pela FEUP e investigador a desenvolver doutoramento em engenharia de maciços rochosos no Centro GeoBioTec|FCT (Grupo de Georrecursos, Geotecnia e Geomateriais) da Universidade de Aveiro. Desenvolve a sua actividade profissional, desde 1993, no ISEP como Professor-Adjunto no Departamento de Engenharia Geotécnica. Foi presidente da Comissão Directiva do Departamento de Engenharia Geotécnica do ISEP e, actualmente, é sub-director do Departamento de Engenharia Geotécnica. Tem uma vasta experiência, superior a 27 anos, em projectos de Engenharia nas áreas da mineração, geotecnia mineira, geoengenharia de maciços rochosos e gestão de recursos geológicos. Exerceu actividade profissional em várias empresas de referência do sector extractivo e, actualmente, é o presidente do conselho de administração da Empresa MonteAdriano - Agregados, SA. É membro da Ordem dos Engenheiros (Colégio de Engenharia Geológica e Minas). É co-autor de algumas publicações em actas de congresso e artigos científicos.
Luís Ramos Mestre em Engenharia Geotécnica e Geoambiente pelo Instituto Superior de Engenharia do Porto, Politécnico do Porto, em 2008. Exerceu actividade, entre 2005 e 2006, na Empresa Geoblast - Explosivos Civis, Lda. como engenheiro geotécnico estagiário. Exerce, desde 2007, actividade como Director de Centro de Produção; sendo, actualmente, o responsável pelo departamento de controlo operacional, no âmbito de investigação e desenvolvimento na indústria extractiva e transformadora da Empresa MonteAdriano Agregados, SA. Colabora como investigador no Laboratório de Cartografia e Geologia Aplicada (Labcarga) do ISEP. Membro da ANET. É co-autor de algumas publicações em actas de congresso.
Luís Fonseca Mestre em Engenharia Geotécnica e Geoambiente pelo Instituto Superior de Engenharia do Porto, Politécnico do Porto, em 2008. Exerce, desde 2006, actividade na indústria extractiva como engenheiro geotécnico na Descavanar – escavações e desmonte de rocha, SA; sendo actualmente o responsável pela actividade de desmonte de rocha das pedreiras da MonteAdriano-Agregados, Colabora como investigador no Laboratório de Cartografia e Geologia Aplicada (Labcarga) do ISEP. Membro da ANET,SPG, AP3E. É (co)autor de algumas publicações em actas de congresso.
Helder I. Chaminé Doutor em Geologia pela Universidade do Porto (2000) e Licenciado em Geologia (ramo científico-tecnológico) pela FCUP. Pós-Doutorado em Geociências na Universidade de Aveiro. É membro investigador no Centro GeoBioTec|FCT (Grupo de Georrecursos, Geotecnia e Geomateriais) da Universidade de Aveiro. Desenvolve a sua actividade profissional, desde 2003, no ISEP como ProfessorCoordenador no Departamento de Engenharia Geotécnica. Director do Laboratório de Cartografia e Geologia Aplicada (Labcarga) do ISEP. É, actualmente, o director do curso de mestrado em Engenharia Geotécnica e Geoambiente (2º ciclo) e vice-director do Departamento de Engenharia Geotécnica. Tem mais de 19 anos de experiência como Geólogo Aplicado em projectos de Engenharia nas áreas de Cartografia Geológica e aplicada, Geologia e Geomecânica Mineira, Geologia Estrutural e Geoengenharia de Maciços Rochosos, Geologia aplicada a reservatórios para armazenamento de gás natural e Prospecção hidrogeológica e Hidrogeologia Urbana. Membro da SPG, da ISRM, da IAEG, da ISSMEG, da IAH, do GGET-SGP e da APGEOM. É (co)autor de mais de 160 publicações, em actas de congresso e artigos científicos nacionais e internacionais e editor científico de 2 livros; mais de 50 relatórios técnicos de consultadoria. ////
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Eventos
EVENTOS 2010 OUTUBRO Gas Tech Cairo Exhibition & Conference 01/10/2010 - 03/10/2010 EGIPTO
SEG 2010 Conference The Challenge of Finding New Mineral Resources 02/10/2010 - 05/10/2010 EUA
COM2010 Conference of Metallurgists 03/10/2010 - 06/10/2010 CanadÁ
Electra Mining Africa 2010 04/10/2010 - 08/10/2010 África DO SUL
CRETE 2010 2nd International Conference on Hazardous and Industrial Waste Management 05/10/2010 - 08/10/2010 GrÉCIA
CONSTRUTEC Feira Internacional de Construção 05/10/2010 – 08/10/2010 ESPANHA
Kazakhstan International Oil & Gas Exhibition and Conference 05/10/2010 - 08/10/2010 CAZAQUISTÃO
SYRIA STONE ‘10 05/10/2010 - 09/10/2010 SÍRIA
12th International Mineral Processing Symposium 06/10/2010 - 08/10/2010 TurQUIA
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FINNBUILD International Building and Building Services Fair 2010 06/10/2010 - 09/10/2010 FINLÂNDIA
PM2010 Powder Metallurgy Congress and Exhibition 2010 10/10/2010 - 14/10/2010 ItaLIA
Maintenance Engineering & Mine Operators Conference 2010 (MEMO 2010) 24/10/2010 - 27/10/2010 CanadÁ
BIG FOUR SHOW LIBYA 25/10/2010 - 28/10/2010 LÍBIA
BAUCON YAPEX Fourth International Platinum Conference 11/10/2010 - 14/10/2010 Africa DO SUL
Global Executive Mine Management Summit (GEMMS) 11/10/2010 - 14/10/2010 IndonÉsia
28/10/2010 - 31/10/2010 TURQUIA
Latin Exploration 2010 2nd International Conference on Exploration in Latin America 28/10/2010 - 29/10/2010 Argentina
TOG Technology of Oil and Gas
Environmental Geochemistry for Modern Mining
12/10/2010 - 14/10/2010 LÍBIA
31/10/2010 - 03/11/2010 EUA
INTERBUILD ONSITE 17/10/2010 - 20/10/2010 REINO UNIDO
SAUDI BUILD / SAUDI STONE 18/10/2010 - 21/10/2010 ARÁBIA SAUDITA
Minor Metals & Rare Earths 2010 18/10/2010 - 21/10/2010 China
IRAN STONE EXPO International Exhibition for Stone, Machinery and Related Industries 20/10/2010 - 23/10/2010 IRÃO
NOVEMBRO Interpreting the Financial Statements of a Mining Company 01/11/2010 - 02/11/2010 CanadÁ
IBEROMET & CONAMET/SAM 2010 02/11/2010 - 05/11/2010 Chile
Valuation of Mineral Projects 03/11/2010 - 05/11/2010 CanadÁ
DESIGNBUILD 03/11/2010 - 05/11/2010 AUSTRÁLIA
International Precious Metals & Commodities Show 05/11/2010 - 06/11/2010 ALEMANHA
2010 Montreal Resource Investment Conference 05/11/2010 - 06/11/2010 CanadÁ
7th Annual Coal Symposium 08/11/2010 - 09/11/2010 CanadÁ
Mineral Project Evaluation Techniques and Applications: From Conventional Methods to Real Options 08/11/2010 - 11/11/2010 CanadÁ
Venice 2010 3rd International Symposium on Energy from Biomass and Waste
The World Money Show London 10/11/2010 - 13/11/2010 REINO UNIDO
ENERMIN 2010 First International Workshop on Energy Management in the Mining Industry (Energy in Mining)
THE BIG 5 International Building and Construction Show Dubai 22/11/2010 - 25/11/2010 EUA
Quebec Exploration 2010 22/11/2010 - 25/11/2010 CanadÁ
14/11/2010 - 16/11/2010 Chile
BAUMA CHINA 2010
China Mining 2010
23/11/2010 - 26/11/2010 CHINA
16/11/2010 - 18/11/2010 China
NATURAL STONE
JAPAN HOME AND BUILDING SHOW 17/11/2010 - 19/11/2010 JAPÃO
San Francisco Hard Assets Investment Conference 21/11/2010 - 22/11/2010 EUA
25/11/2010 - 28/11/2010 TURQUIA
DEZEMBRO SUDAN BUILD 08/12/2010 - 12/12/2010 SUDÃO
08/11/2010 - 11/11/2010 ItÁLIA
3rd Annual Americas Iron Ore Conference 09/11/2010 - 11/11/2010 BraSIL
STONE GATE EGYPT 09/11/2010 - 12/11/2010 EGIPTO
AUTOMINING 2010 II International Congress on Automation in the Mining Industry 10/11/2010 - 12/11/2010 Chile
KAMIEN-STONE 10/11/2010 - 13/11/2010 POLÓNIA
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Tecnologia
Automação das Instalações de Britagem para Produção de Agregados Por Paulo Seiça Leitão Sales Manager Portugal Mining and Construction Techology - EMEA Metso Minerals Portugal
A automação está cada vez mais presente em todas as actividades industriais e os seus benefícios são amplamente conhecidos de todos. O mesmo também é verdadeiro para o sector da britagem, pelo menos nos países mais avançados do mundo neste sector, o caso de Portugal, onde a automação das instalações de britagem é aplicada há mais de duas décadas e é, hoje, uma tecnologia totalmente consolidada.
Figura 1 - Instalação de 650 t/h em granito, completamente automatizada.
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...
A procura de maior eficiência operacional é um dos factores fundamentais para a competitividade no mercado...
O custo de instalação de um sistema de automatização já não é um factor que dificulte a sua implementação. Qualquer instalação de britagem pode ser automatizada com baixos custos. A procura de maior eficiência operacional é um dos factores fundamentais para a competitividade no mercado altamente disputado dos agregados e, por conseguinte, um maior nível de produtividade a ser alcançado, a automação é a forma mais rápida e consistente de alcançar estes objectivos. Um dos sectores que mais sofre da consequência da baixa produtividade são as instalações de britagem para o sector da construção. Para cada novo trabalho, temos que montar uma equipa para operação e manutenção, e isso significa mais tempo necessário antes da instalação de britagem atingir o nível exigido de produtividade. Além disso, as alterações das capacidades e especificações dos agregados durante um trabalho de construção, nem sempre são fáceis em instalações convencionais, para ter bastante agilidade e precisão no controlo do processo para fazer as mudanças exigidas pelo trabalho nada melhor que uma instalação automatizada onde o controlo obtido pode ser levado aos mais altos níveis. Em Portugal existem diversos exemplos de instalações de britagem automatizadas nos diversos níveis possíveis de automação. Todas elas bem adaptadas ao mercado que abastecem, conseguindo uma redução de custos e um aumento de qualidade dos produtos produzidos que as levam aos melhores lugares de competitividade no mercado onde se inserem, assim como conseguem fazer frente às maiores exigências das especificações dos agregados para obras de alto nível de execução. Num sistema de automação de uma instalação de britagem, os propósitos mais marcantes são: •
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Britagem primária - trabalhar continuamente com uma intervenção mínima do operador
•
Manter automaticamente a configuração do produto a rebritar, capacidade de classificação (granulometria) e formato cúbico
•
Poder alterar com facilidade a regulação para que oproduto possa ser alterado em conformidade com variações e exigências do trabalho de construção
•
Trabalhar sempre com o equipamento em óptimas condições
•
Identificar rapidamente avarias, componentes defeituosos e outras perturbações do processo
•
Emitir imediatamente e quando solicitado relatórios sobre a produção e defeitos dos equipamentos e processo
•
Monitorizar os parâmetros operacionais e a realização de diagnósticos/solução de problemas em equipamentos e processo e se necessário também remotamente através de acesso via internet.
Exigência de duas pessoas no controlo total de uma instalação de britagem de produção agregados, uma estacionada no posto primário e a outra a partir do pré – stock primário. Um sistema único e centralizado poderá ser fornecido, que exija somente um operador, esta é uma facilidade que irá servir se necessário para que o segundo elemento possa tratar de outros trabalhos. Esta decisão pode sempre ser adoptada a qualquer momento pois será somente interligar o controlo dos dois sistemas modulares que permite ter juntamente os respectivos sistemas de controlo. A Departamento de Sistemas da Metso, com base na sua experiência com muitas instalações com e sem automação, espera sempre uma optimização mínima de 20% na eficiência operacional da instalação em comparação com um sistema de controlo manual, além de uma redução de custos tanto energéticos como em manutenção preventiva e correctiva, assim como de redução no trabalho e melhoria na qualidade do produto final. Num caso actual e com um nível elevado de automação a arquitectura do sistema é formado por três sistemas distintos (dois principais e um para rebritagem) e o programa é desenvolvido especificamente para uma determinada instalação.
Figura 2 - 2 moinhos conico HP200, com automação para gestão de granolumetrias a produzir.
...
As instalações das pedreiras […] podem beneficiar […] com diferentes níveis de automação, perfeitamente adaptados aos casos específicos... O equipamento interage sozinho e automaticamente para controlar o fluxo do produto, sem a necessidade de intervenção humana. A comunicação no sistema é baseado no Profibus DP (Periféricos Descentralizados) protocolo de comunicação e Ethernet e, devido às grandes distâncias entre as unidades de equipamento, há pontos onde a comunicação é mantida através de fibra óptica. Cada um dos sistemas é composto por um CPU e estação DP que recebe sinais de sensores remotos e que estão estrategicamente colocados perto das unidades de equipamento, diminuindo assim o número dos cabos entre o painel de controlo e as máquinas, deixando apenas os cabos de alimentação e de comunicação. O interface entre o sistema e o operador é realizada através de uma “Estação de recepção de dados, supervisão e controlo”, onde o operador tem acesso às variáveis do processo e também pode interagir com o sistema de modo a controlá-lo sem ter que deixar a sala de comando.
Componentes de um sistema de automação primário: 1 unidade CPU 2 unidades - Comandos, 1 unidade – Um computador e respectivo monitor e impressora Componentes do sistema de automação da instalação de rebritagem (secundária/terciária/crivagem/preparação de areias/clarificação de águas/lamas/despoeiramento, etc.): 1 unidade - CPU 10 unidades - Comandos, por exemplo 1 unidade – Computador e respectivo monitor e impressora 2 unidades – Conversor de sinais das básculas Ethernet-2 para fibra óptica Não é só o sistema de controlo e instrumentação que é projectado para automação. Também é necessário desenvolver um esquema que permita o controlo total do fluxo de material e funcionamento dos trituradores. •
Exemplo de uma Britagem Primária:
A automação de britagem primária é baseada em dois sensores de nível por radar. O primeiro mede o nível de material na torva do britador que recebe o material dos camiões e controla a “luz stop” (semáforo) de autorização dos camiões. Se o material da alimentação está
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acima do nível máximo, o semáforo fica vermelho para a descarga dos camiões e, quando alcança o nível intermédio até ao mínimo fica verde. Quando atinge o nível mínimo pára o alimentador do britador. O segundo sensor mede o nível da cavidade do britador primário e controla automaticamente a alimentação, sempre mantendo a cavidade britador ao nível pretendido, completo.
requerer um operador) através do carregamento de camiões - silos equipados com células de carga e extractores vibrantes para produtos grossos e guilhotinas de registo para os produtos mais finos. Sem dúvida, que a automatização das instalações de britagem quebram um paradigma às empresas que ainda não optaram no uso da automação nesta indústria. Os resultados têm animado sempre os responsáveis pela execução dos projectos. Os ganhos previstos na eficiência operacional são confirmados, e o retorno do investimento é alcançado a curto prazo.
Figura 3 - Posto primario. •
Além disso, a alta eficiência operacional resultante da automatização, permite sempre uma redução significativa do factor de correcção da ineficiência dos projectos, reduzindo assim o tamanho da instalação, que por si só, justifica o investimento na automatização das instalações de britagem.
Instalação de rebritagem (secundária/terciária/crivagem/preparação de areias/clarificação de águas/ lamas/despoeiramento, etc.)
Todos os britadores são alimentados a partir de um silo e através de um alimentador de correia de velocidade variável ou alimentador extractor vibrante:
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•
Os silos têm sensores de nível do tipo radar, a medir continuamente o nível de enchimento de material.
•
Por exemplo os moinhos cónicos (serie HP ou GP) têm sensores de nível que lhes permitem operar sempre com uma carga completa da cavidade de moagem, que é a condição ideal para garantir a optimização da produção, o formato cúbico dos agregados e a redução de custos. As amperagens e sensores de vibração controlam o limite da mecânica e a energia absorvida pelo processo e pode controlar a alimentação e/ou abertura dos britadores através de um sistema automático de controlo de regulação e ajuste.
•
A alimentação de um impacto vertical ou horizontal, por exemplo Barmac é controlado através da amperagem do motor.
•
A carga para expedição dos agregados e do sistema completo, também pode ser automática (não
Figura 4 - Impactor vertical B9100, integrado numa instalação com o nivel de automação mais elevado. Gostaríamos de salientar que as instalações das pedreiras comerciais de produção de agregados beneficiam imenso com a automação de todo o processo de britagem e que mesmo as mais antigas podem beneficiar com baixos investimento da tecnologia aqui mencionada com diferentes níveis de automação, perfeitamente adaptados aos casos específicos; além desta automação ser também compatível com os mais elevados padrões de segurança e meio ambiente, conforme previsto pelas normas europeias, o que também contribui para aumentar a produtividade.////
Nova representada MOVITER - Equipamentos Móveis de Processamento Mineral
KLEEMANN
- Qualidade Grupo Wirtgen
A Kleemann faz parte do Grupo Wirtgen desde 2006.
A MOVITER, empresa associada da MOVICORTES S.A. para o sector dos equipamentos de obras públicas e construção, com instalações em Leiria (sede), Lisboa, Porto e Funchal e presença nos mercados de Espanha e Angola, é a nova representante exclusiva dos equipamentos KLEEMANN. Associada do Grupo
Wirtgen, a KLEEMANN é uma marca alemã de crivos e britadores móveis, reconhecida pela qualidade dos seus equipamentos, nomeadamente ao nível da engenharia e robustez.
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Pioneira na construção de equipamentos móveis para produção de agregados, a KLEEMANN apresentase actualmente no mercado com sete modelos de britagem de maxilas e sete por impacto. Ao nível dos crivos a oferta alarga-se a nove modelos. A primeira máquina KLEEMANN para trituração de pedra data do início do século XX. A partir de 1965 a empresa assume como principal actividade a fabricação de centrais fixas de processamento mineral e em 1984 apresenta o seu primeiro equipamento de britagem e crivagem sobre rastos. Ainda na década de 80, a KLEEMANN junta à produção de agregados uma outra valência dos seus equipamentos – a reciclagem (betão armado, pavimentos asfálticos e escombros de obras). Já no século XXI, em 2005, a marca alemã reestrutura-se e especializa-se no desenvolvimento, fabricação e distribuição, para uma rede mundial de representantes, de uma gama completa de unidades fixas e móveis de britagem e crivagem. Pouco tempo depois aparece o Grupo Wirtgen que em 2006 adquire a totalidade do capital e passa a integrar a KLEEMANN no seu portfólio de máquinas e equipamentos. O Grupo Wirtgen, especializado na fabricação de equipamentos de construção e conservação de estradas (fresadoras e recicladoras/estabilizadores de solos Wirtgen, pavimentadoras Vögele e cilindros Hamm), surpreendeu o mercado dos equipamentos de obras públicas e construção ao adquirir a KLEEMANN . A diversificação da actividade do Grupo Wirtgen através da aquisição da KLEEMANN justifica-se pelo posicionamento da marca, muito identificada com critérios de qualidade e rigor, tal como as outras marcas
do Grupo Wirtgen. Por outro lado, a associação da KLEEMANN ao Grupo Wirtgen também faz sentido por se tratar de uma área complementar à construção e manutenção rodoviária. As britadeiras e crivos KLEEMANN produzem os agregados necessários para as misturas betuminosas a espalhar ou podem trabalhar ‘in situ’ e reciclar material fresado por uma fresadora Wirtgen, que a seguir volta a ser colocado por uma pavimentadora Vögele e compactado por um cilindro Hamm. Constituição da Kleemann: 1857 Funcionamento do primeiro britador de impacto: 1920 Data de aquisição pelo Grupo Wirtgen: 2006 Core business: desenvolvimento, produção e distribuição, para uma rede mundial de representantes e delegações, de uma gama completa de unidades móveis de britagem e crivagem Linha de produtos: britadores móveis de maxilas, britadores móveis de impacto, britadores móveis cónicos, crivos móveis, unidades de britagem secundárias Linha de produtos: britadores móveis de maxilas, britadores móveis de impacto, britadores móveis, cónicos, crivos móveis, unidades de britagem secundárias A MOVITER é representante exclusiva da
e
do Grupo Wirtgen em Portugal desde 1999 e em Angola desde 2008.
Grupo móveis de trituração e classificação de inertes da Kleemann em acção.
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KLEEMANN
NOVA FÁBRICA DA KLEEMANN Dois anos depois da aquisição pelo Grupo Wirtgen, a KLEEMANN iniciou a construção de uma nova fábrica, em Göppingen, Alemanha. Uma área total de 125.000 m2, que concentra um edifício administrativo com 4.000 m2 e uma unidade industrial com 35.000 m2 de área coberta, projectada à volta do ciclo de produção dos equipamentos, desde o corpo em aço à aplicação dos componentes mais sofisticados, de forma a optimizar os processos de fabricação. O objectivo dos responsáveis da KLEEMANN e do Grupo Wirtgen é construir uma fábrica moderna, num local com boas acessibilidades face à dimensão de alguns dos equipamentos, que concentre a produção de toda a gama KLEEMANN e que
de equipamentos, tecnologias e aplicações, dentro do universo de empresas e produtos do Grupo Wirtgen. A MOVITER levou consigo um conjunto de clientes portugueses que, depois desta experiência, estarão seguramente mais preparados para enfrentar os desafios do sector da construção de estradas e processamento mineral, com maior eficiência.
permita à marca crescer num futuro próximo, de acordo com os projectos existentes.
WIRTGEN TECHNOLOGY DAYS E para mostrar pela primeira vez a representantes e clientes de equipamentos do Grupo Wirtgen as novas instalações da KLEEMANN , aquele espaço recebeu mais uma edição da Wirtgen Technology Days, uma iniciativa que acolhe pessoas dos quatro cantos do mundo e onde são apresentados os mais recentes desenvolvimentos e inovações em termos
A Gerência da MOVITER com um grupo de clientes portugueses na fábrica da KLEEMANN em mais uma edição da Wirtgen Technology Days.
Britadores Móveis de Maxilas – MOBICAT A KLEEMANN tem uma completa gama de britadores de maxilas móveis de elevada produção e que faz uso da mais recente tecnologia do sector. Estes britadores são indicados para as rochas naturais mais duras, mas também para betão armado e escombros de demolições.
Os britadores de maxilas móveis KLEEMANN sobre rastos têm pesos de 36 a 180 toneladas, produções entre as 200 e as 1.500 ton/h e bocas de alimentação de1.000*630 a 1.600*1.250mm.
Modelo
Peso (Kg)
Potência (cv)
Abertura (mm)
Capacidade (ton/h)
MC 100 R
36.000
310
1.000 x 630
200
MC 110 R
46.000
360
1.100 x 700
250
MC 110 Z
47.000
360
1.100 x 700
300
MC 120 Z
70.000
490
1.200 x 800
350
MC 125 Z
130.000
490
1.250 x 1.000
600
MC 140 Z
140.000
600
1.400 x 1.130
700
MC 160 Z
180.000
625
1.600 x 1.250
1.500
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Britadores Móveis de Impacto – MOBIREX A gama de britadores de impacto móveis KLEEMANN destaca-se pela qualidade e engenharia de construção. Estes equipamentos são vocacionados para aplicações em pedreira e em reciclagem. Para além da versatilidade,
destacam-se pela mobilidade e eficiência. Os impactores móveis KLEEMANN têm pesos de 44 a 95 toneladas, produções entre as 300 e as 700 ton/h e bocas de alimentação de 1.100*800 e 1.660*1.010mm.
Modelo
Peso (Kg)
Potência (cv)
Abertura (mm)
Capacidade (ton/h)
MR 110 R
44.000
400
1.000 x 800
300
MR 110 Z
46.000
400
1.100 x 800
350
MR 122 Z
65.000
490
1.270 x 1.000
450
MR 130 R
50.000
520
1.300 x 900
400
MR 130 Z
52.000
520
1.300 x 900
450
MR 150 Z
80.000
580
1.520 x 1.000
550
MR 170 Z
95.000
650
1.660 x 1.010
700
Britadores Móveis Cónicos – MOBICONE São equipamentos que trabalham em conjunto com outras máquinas como pavimentadoras e crivos. Os britadores móveis cónicos da KLEEMANN são unidades de britagem para secundários. Estes equipaModelo
mentos trabalham em cadeia, ligadas a outros equipamentos como britadores primários e/ou crivos móveis e completam a gama de equipamentos de britagem e processamento mineral da KLEEMANN .
Peso (Kg)
Potência (cv)
Capacidade (ton/h)
MCO 9
45.000
480
250
MCO 9 S
55.000
480
250
MCO 11
54.000
480
350
MCO 11 S
75.000
480
350
MCO 13
56.000
655
450
MCO 13 S
74.000
655
450
MF 12 S
61.000
460
200
MF 14 S
78.000
580
300
MF 16 S
120.000
800
400
Crivos Móveis – MOBISCREEN As instalações de crivagem móveis da Kleemann são apropriadas para altos rendimentos e para materiais di-
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fíceis de crivar. A gama de crivos móveis vai desde 7 até 18,4m2 de superfície de crivagem.
Modelo
Peso (Kg)
Potência (cv)
Área de crivagem (mm)
Capacidade (ton/h)
MS 15 Z
34.000
126
1.520 - 4.880
400
MS 16 Z
27.000
102
1.520 - 4.270
350
MS 16 D
29.000
102
1.520 - 4.270
350
MS 18 Z
33.000
121
1.800 - 5.000
500
MS 19 Z
36.000
126
1.520 - 6.100
500
MS 19 D
38.000
126
1.520 - 6.100
500
MS 20 Z
40.000
223
2.050 - 6.000
650
MS 20 D
40.000
306
2.050 - 6.000
650
MS 23 D
85.000
306
2.300 - 8.000
800
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