Edicao 16

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ANO V- N 016

Informativo do Laboratório de Análises Clínicas Dr. Gelson | Nov. 2013

Um exame de sangue para a apneia Cientistas brasileiros identificam uma substância na circulação que acusa a presença e a gravidade do distúrbio marcado por roncos e cortes na respiração, durante o sono. No mundo ideal dos médicos e pacientes, toda doença seria apontada e monitorada pelo sangue. Bastaria uma picadinha no braço para colher e dosar moléculas relacionadas a um problema — os biomarcadores. No caso da apneia do sono, aquela sinfonia noturna acompanhada por interrupções temporárias da passagem de ar pela garganta, esse recurso está mais próximo da realidade. Pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo e do Instituto do Sono, na capital paulista, descobriram uma substância com potencial para flagrar o distúrbio, indicar sua intensidade e apurar se o tratamento está surtindo efeito. O dedo-duro se chama cisteína e abre a perspectiva de um teste simples e de baixo custo. O achado não foi imediato. Na verdade, os especialistas se debruçavam sobre outra molécula, a homocisteína, um marcador de risco cardiovascular. “Mas, ao dosarmos seus níveis em pessoas com e sem apneia, notamos que eles eram semelhantes, conta a cardiologista Fátima Cintra, uma das autoras do estudo que analisou o sangue de 150 pessoas, metade delas apneicas. No entanto, ao voltarmos os olhos para a cisteína, observamos uma diferença significativa. A turma que roncava apresentou, em média, uma taxa de 490 ƒÊmol/l de sangue ante 439 dos indivíduos livres do problema. Quanto mais grave o distúrbio, maiores os índices da substância, diz a médica do sono Dalva Poyares, que também participa das investigações. Como a apneia costuma ser acompanhada pela obesidade,

Respiração Normal

Respiração Apneica

Por que flagrar e tratar?

da garganta indica quem é candidato à cirurgia que corrige o a apneia

1. Hipertensão

Sonoendoscopia: eis o exame que já está a postos no Hospital Samaritano de São Paulo. Como o nome entrega, trata-se de uma espécie de endoscopia em condições que simulam o repouso noturno, só que o tubo é inserido pelo nariz e vai até a laringe. “O diferencial é a sedação mais leve, que permite imitar o sono real”, explica o otorrinolaringologista Eric Thuler. A técnica é solicitada quando já se tem o diagnóstico da apneia e se quer confirmar a indicação da cirurgia corretiva. “Ela investiga onde ocorre o estreitamento na região da garganta”, diz Thuler. “Se isso acontece próximo à base da língua, por exemplo, o paciente não precisa ser operado.”

A apneia do sono está por trás de diversas complicações Os altos e baixos na captação de oxigênio e os despertares noturnos despercebidos pelo roncador elevam a pressão. No começo, só à noite; com os anos, o tempo inteiro.

2. Arritmia

Por desregular o sistema nervoso autônomo, o distúrbio não só afeta a pressão como desorganiza a frequência cardíaca, causando arritmias.

3. Diabete

A apneia do sono estimula o acúmulo de gordura abdominal, fenômeno que atrapalha o trabalho da insulina e, com isso, favorece o diabete tipo 2.

Vai para o bisturi?

Novo método de inspeção os cientistas também apuraram se os quilos excedentes interferiam nos resultados. Mas, depois de comparar roncadores magros e obesos, verificou-se que em ambos os níveis estavam elevados. Por fim, restava saber: se o transtorno é controlado, o que

acontece com a cisteína? “Após seis meses de terapia com CPAP — um aparelho conectado às vias aéreas que normaliza o fluxo de oxigênio à noite —, as taxas caíram, em média, para 399”, relata Fátima. Todos esses dados foram pu-

blicados na revista científica americana Chest com considerável repercussão. A cisteína ainda passará por novos estudos para ser legitimada. O teste sanguíneo, contudo, não pretende detectar mais cedo a apneia nem substituir a polissonografia, exame crucial ao diagnóstico, em que a pessoa fica uma noite com sensores dispostos sobre o corpo. “Por enquanto, o marcador indicaria mais a resposta ao tratamento”, avalia Dalva. “É uma forma de monitorar o paciente sem grandes custos adicionais”, completa Fátima. Para o otorrinolaringologista especializado em sono Lucas Lemes, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, a ferramenta é bem-vinda justamente por mensurar o alcance da intervenção prescrita. “Nem todo mundo usa o CPAP direito e há até quem largue a máscara do aparelho no meio da noite”, diz. Assim, além dos roncos, é o sangue que irá denunciar o sucesso ou o fracasso da terapia. Cientistas brasileiros identificam uma substância na circulação que acusa a presença e a gravidade do distúrbio marcado por roncos e cortes na respiração durante o sono. fonte: saude.abril.com.br


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