Publicação de Distribuição Gratuita | N.º 64 4.º trimestre de 2015
BANGLADESH O país que se vai afundar
AMI 30 anos Um ano de celebrações
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02 | Editorial
A Crise em curso dos migrantes: Causas e Consequências A crise dos migrantes (refugiados / imigrantes) em curso, que ainda não atingiu o seu trágico e esperado apogeu, representa o maior desafio para a estabilidade global desde o fim da II Guerra Mundial. Se não for abordado e tratado com vontade e determinação, sobretudo pelos 5 membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, este desafio/tragédia poderá desencadear o fim do espaço Schengen, o desaparecimento de facto da União Europeia e, in fine, o eclodir precoce e violentíssimo da III Guerra Mundial. As causas dessa crise/desafio, e as suas temíveis consequências para os migrantes, a Europa e o Mundo, são expectáveis e conhecidas há pelo menos duas décadas, mas agravaram-se substancialmente com os acontecimentos no Médio Oriente a partir de 2003, com particular incidência desde 2011 (Síria) no Norte de Africa, com a denominada “Primavera Árabe”, e ainda o culminar do afrontamento do Ocidente (com a União Europeia a reboque) à Rússia, desde a queda do muro de Berlim (1989), com a provocada crise na Ucrânia e o impensável desafio lançado à Rússia com a questão da Crimeia. Os últimos incidentes desencadeados pela Turquia (membro estratégico da NATO) contra a Rússia parece ser o culminar de todo um processo planeado pelo Ocidente para provocar uma afronta militar à Rússia que terá como última consequência, a breve trecho, a menos que haja uma reviravolta radical nos processos e metodologias em curso, a III Guerra Mundial, com consequências incalculáveis e inimagináveis para a Humanidade e para o Planeta Terra. Se associarmos ao atrás descrito, a incompetência, a ignorância, a falta de visão, o servilismo dos “dirigentes” europeus para com os EUA desde o fim da II Guerra Mundial (com um aprofundamento inquietante e revoltante desde 1989 e ainda mais desde 2003) assim como o agravamento irreversível das alte-
rações climáticas devido à falta de vontade e determinação politicas das grandes “potências” em querer estancar e resolver atempadamente essa questão, sendo que a COP21 e as suas “decisões” serão o último exemplo acabado, temos constituída e a desabar sobre todos nós a “Tempestade Perfeita” que acabará com a réstia da civilização existente. Para parar essa “Tempestade Perfeita” que sobre nós se vai abater, há ainda soluções: 1. Desenvolver, sem mais tardar, um plano de 10 milhões de milhões de USD ou euros de desenvolvimento real e sustentável para toda a África, com particular incidência no mundo rural e nas caóticas periferias suburbanas onde multidões de jovens vivem no desespero, no desemprego e no caos, sendo o gigantesco bairro de lata de Kibera em Nairobi o exemplo mais flagrante. 2. Restabelecer de imediato a ordem e a paz no norte de África (Líbia e Tunísia), em toda a região do Sahel e em muitos países da África Central e Oriental, desintegrar prioritariamente o autoproclamado e terrorista estado islâmico (que não é “estado” nem “islâmico”); estabelecer a paz e a concórdia entre os estados de Israel e da Palestina assim como em todo o crescente fértil, do Médio Oriente até ao Paquistão. 3. Acabar com o trágico afrontamento que se está a levar a cabo com a Rússia, tanto na Ucrânia, como na Turquia, no Cáucaso e nos Balcãs. A Europa tem de trabalhar para a inclusão da Rússia no seu pilar estratégico, democrático, demográfico, diplomático, energético e militar, e não para a sua exclusão. 4. Travar o aparente irreversível agravamento das alterações climáticas que, só por si, nos levarão ao caos, o mais tardar, até ao final do século!
Sumário 02 Editorial
04 30 Anos
06 Bangladesh Se não levarmos muito a sério os 4 pontos antes descritos, assistiremos a muito breve trecho, ao caos mais completo: a) Fluxos migratórios gigantescos e incontroláveis b) Terrorismo global incontrolável c) Regimes fascistas na Europa d) Guerras de religião na Europa e) Terceira Guerra Mundial
12 Encontros Improváveis
14 Cop21
Não tenhamos ilusões. É assim. Sem tirar nem pôr!
15 S. Tomé e Príncipe
16 Crise na Europa
17 Ação Social em Balanço
18 BREVES
foto: Teresa Champalimaud
22 Agenda
23 Informações
24 Como ajudar
Fernando de La Vieter Nobre Presidente e Fundador da AMI
03 | Editorial
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04 | Nacional
AMI 30 ANOS Durante 2015, a AMI celebrou os seus 30 anos. E fê-lo através de diversas iniciativas que abordaram diferentes temáticas e perspetivas, ao longo do ano. De todas elas é, no entanto, obrigatório realçar as mais emblemáticas.
JANEIRO A AGOSTO Teatro “I don’t belong here” Em Lisboa, a peça “I Don't Belong Here” esteve patente no Teatro Maria Matos, mas passou um pouco por todo o país. Cofinanciada pela AMI no âmbito da celebração dos seus 30 anos, a proposta cénica de Dinarte Branco e Nuno Costa Santos teve como base as memórias e a experiência de repatriamento para o arquipélago dos Açores de cidadãos portugueses que cresceram nos EUA e Canadá. O projeto reuniu atores profissionais e pessoas que passaram pela experiência da deportação. Depois de Torres Novas e Lisboa, a peça visitou ainda o Teatro Carlos Alberto, o Centro Cultural Vila Flor (Guimarães), o Teatro Académico de Gil Vicente (Coimbra), o Centro de Artes de Ovar, o Teatro Viriato de Viseu (26 de junho) e o Arquipélago dos Açores.
FEVEREIRO Futurospetiva – 30 anos de histórias com os olhos postos no futuro A Futurospetiva, patente no mês de fevereiro no Pavilhão do Conhecimento em Lisboa, apresentou a história de 30 anos de apoio ao desenvolvimento humano através de ações humanitárias e sociais que contrariam os fenómenos da exclusão em todo o mundo. Inovadora, como também a AMI soube ser ao longo da sua história, a Futurospetiva propôs também uma reflexão sobre o “agora” e a forma como isso afeta o nosso futuro. A viagem começava pelas alterações climáticas e como estas afetarão as células base da vida humana um pouco por todo o mundo: acesso à água, produção de alimentos, saúde e ambiente. Outro dos temas-chave, o desemprego, é uma das causas principais que explica o sofrimento social imenso que atinge Portugal e a Europa (embora seja ainda o continente mais rico do Mundo). As perspetivas futuras são um desafio alarmante se não houver mudanças significativas. Chamou-se ainda a atenção do visitante para os números das migrações. São difíceis de verificar mas calcula-se que existam hoje 232 milhões de migrantes em todo o Mundo, morando 6 em cada 10 em regiões desenvolvidas. No século XXI, o conceito de “migração ambiental” será uma realidade. A exposição terminava, levantando uma questão: nunca se produziu tanta riqueza mas, paralelamente, a sua distribuição nunca foi tão desigual…. A Futurospetiva foi concebida pela Y&R em parceria com a Tonic e contou com o apoio de vários estudantes universitários que criaram aplicações e instalações.
ABRIL Colóquio Jornalismo Contra a Indiferença Em 2015, a cerimónia de entrega da 17ª edição do Prémio fez parte das celebrações dos 30 anos da AMI e decorreu em moldes diferentes do habitual. Foi inserida num colóquio dedicado ao jornalismo que teve lugar na Escola Superior de Comunicação Social e co-organizado com Reitoria da mesma. Neste evento, vários dos jornalistas vencedores do Prémio AMI Jornalismo contra a Indiferença nos últimos 16 anos refletiram sobre o momento da escrita e da edição da notícia, sobre a escolha de palavras a utilizar e da escolha da informação a passar, o delinear de limites sobre aquilo que deve ou não chegar ao público. Durante todo o dia e antecedendo o momento de entrega do prémio, três mesas-redondas subordinadas aos temas: “Jornalismo em cenário de guerra”, “Questões éticas do jornalismo” e “Limites da liberdade de expressão" envolveram jornalistas e estudantes de jornalismo em algumas das mais importantes questões e desafios com que a atividade se defronta.
NOVEMBRO Encontros Improváveis Depois de ter abordado em 2013 e 2014 dois dos quatro grandes temas do UN Global Compact (Trabalho, Ambiente, Direitos Humanos e Corrupção), chegou em 2015, a vez de trazer o tema Direitos Humanos, infelizmente sempre atual. A 3ª Conferência AMI / Global Compact teve, desta vez, uma abordagem diferente, trazendo experiências e testemunhos concretos de parceiros da AMI. A Conferência desenvolveu-se em três painéis: Trabalho Infantil: Economia Mundial e Direitos Humanos; Papel da Mulher no Desenvolvimento; Alterações Climáticas, Migrações e as Crises Humanitárias. Três Décadas de Esperança Durante dois anos, este projeto incluiu a publicação de reportagens na Revista Expresso, a edição do livro "Toda a Esperança do Mundo" e uma exposição de fotografia. Da coautoria do jornalista Luís Pedro Nunes e do fotógrafo Alfredo Cunha, reuniu registos fotográficos do impacto do trabalho da AMI em Portugal e no Mundo (Roménia; Níger; Bangladesh; Guiné-Bissau; Sri Lanka; Campo de Refugiados no Curdistão Iraquiano; Haiti; Nepal; Portugal) e conta a história e as estórias de cada uma dessas Missões.
DEZEMBRO Concerto pela Paz e Concórdia O dia 10 de dezembro marcou o encerramento das celebrações dos 30 anos da AMI, com um concerto que juntou na Igreja de São Domingos, em Lisboa, Pedro Jóia, Rão Kyao e o coral Vox Soul.
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fotos © Alfredo Cunha // texto Luís Pedro Nunes
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O PAÍS QUE SE VAI
AFUNDAR
Viver o dia de hoje apenas para chegar ao fim. Aguentar a todo custo. Abdul Hannan, 50 anos, começa a trabalhar todos os dias às cinco da manhã. É condutor de riquexó, mas este não lhe pertence, pelo que trabalha um terço do dia apenas para pagar o aluguer ao patrão. Pedala das cinco da manhã até às nove da noite. Todos os dias da semana. Todas as semanas do ano. Ao fim do dia, se tudo tiver corrido bem, terá ganho o equivalente a um euro. Em casa, num bairro de lata da cidade de Jessore, sudoeste do Bangladesh, esperam-no a mulher e os cinco filhos. Esta é a parte boa desta história. Talvez a única. É preciso que se saiba que, no Bangladesh, um pai ama tanto os seus filhos como noutra qualquer parte do mundo. Ama-os como os pais nas séries americanas ou como os famosos amam os filhos nas revistas do social. A frase não é gratuitamente provocatória. Precisamos que a tenha em mente. É porque, mais tarde, quando aqui falarmos de milhões de “deslocados ambientais” que vão provocar centenas de milhares de vítimas devido às alterações climáticas, irá perceber que isso não é um número abstrato. Cada uma dessas pessoas tem família e, muito provavelmente, filhos. Não são um mero número.Tal como Abdul. Mas Abdul Hannan tem pouco para nos mostrar e muito a perder. Estamos a falar de um homem que ganha um euro e pedala 100 km por dia para sustentar a mulher e cinco filhos. Tínhamos marcado com ele de manhã muito cedo.- É agora que vamos a casa do condutor de riquexó. É aquele com ar de terrorista? (A sinceridade cai mal, mas há uma habituação sensorial a tanto estímulo. Não há “bolsas” de pobreza no Bangladesh. Há pobreza em todo o lado. Habituamo-nos.) O objetivo, naquela manhã, era ir de riquexó conhecer a família daquele homem. Olhámos para o ar dele. Inexpressivo. Parecia apático. - Vamos lá então. Isto aguenta? Não há coisa mais irritante que os riquexós no caos do trânsito de uma cidade do Bangladesh. Quando estamos de carro, claro. É de perder a cabeça com as incessantes e atormentes buzinas, os arrepios de camiões desvairados e as arrancadas das moto-bus (mas por que diabo não se calam com as buzinas que criam uma única massa sonora?!)... E ainda aparecem, como mosquitos aflitos, as bicicletas-táxi com tipos a transportar duas e três pessoas lá em cima com um olhar vidrado. Que loucura. Saiam da frente! Até um dia, quando estamos sentados num riquexó e percebemos que o verdadeiro absurdo é ver os carros a avançar para nós no meio do trânsito. A perspetiva é outra. Por que é que os carros avançam sem olhar? Não percebem que não temos como nos proteger? É apenas um homem que pedala, não pode acelerar e travar de repente! Não vêm que, se o obrigam a fazer esta curva assim, ainda viramos? (como as indignações mudam facilmente, dependendo de onde nos encontramos...). O trânsito no Bangladesh tem uma ordem que escapa à inteligibilidade de quem lá não conduz diariamente.
Felizmente, o nosso homem segue por um atalho e foge ao vespeiro da rua principal. Há um súbito silêncio na cidade e, em vez do cheiro a poluição dos motores, chegam bolsas quentes e agoniantes de uma vala de esgotos ou brisas doces de uma árvore de fruto. A calma apenas entrecortada pelo chiar do riquexó permite reparar na técnica de pedalar. A base é uma bicicleta pasteleira que tem duas rodas traseiras, uma espécie de mini-carroça para duas pessoas no mesmo sistema de corrente. É força humana bruta, técnica e instinto de sobrevivência. Ao pedalar de pé, uma perna arrasta o peso todo do corpo para obrigar o pedal a ir até baixo para depois balançar o centro de gravidade para o outro lado. Enquanto se tenta conjugar isto com o mundo inteiro – os carros, os camiões, os autocarros, as bicicletas-táxi e os outros riquexós – que vos quer matar. Qualquer lomba ou pequena travagem exige um esforço tremendo para reatar a viagem que a inércia impôs. É no silêncio que se ouve o esforço a sair dos pulmões, o suor nas costas a colar à camisa devido aos quase 40 graus. É apenas uma viagem de meia hora. A base da sobrevivência humana reduzida a um homem a fazer impulsionar uma roda dentada e uma corrente. O condutor de riquexó Abdul Hannan, 50 anos, leva-nos ao ponto de chegada. A sua casa. A sua família. Estavam à nossa espera. Entramos no slum, um dos bairros de lata do Bangladesh onde a vida é muito dura, pois neste país mais de 25% da população vive com menos de um euro por dia. A barraca de Abdul Hannan está numa zona individualizada, muito limpa. A sua família está à nossa espera. Como todas as barracas destes bairros, consiste apenas numa divisão, mas tem duas camas. Abdul Hannan, o tal condutor inexpressivo do qual só agora vemos melhor as feições carcomidas, junta a ninhada à sua volta. Parece sorrir. E é isto que ele tem para dizer: estudam todos. Até a menina. Bom muçulmano quer que os filhos tenham uma boa vida. Como conseguiu? Vou relatar o que ficou da tradução. Mas não sei explicar como na realidade ele consegue. Abdul pedala todos os dias das cinco da manhã até às nove da noite para pagar ao dono do riquexó os 50 cêntimos do aluguer. Garante que traz em média o equivalente a um euro para casa (isto após termos feito as conversões). Ora isto dá 30 euros por mês. Sim, porque são 365 dias por ano. Não há um único dia de folga ou baixa. E ainda falta um filho na fotografia. É verdade que a mulher agora já faz uns biscates de limpeza e o filho mais velho, que já está no 11º ano de escolaridade, tem um part-time num hotel e outro numa loja de fotocópias. Mas nada disto contraria que a base de sustento de Abdul é a força das pernas, a sua vontade inamovível, que já lhe custou um dedo, dentes e fraturas na cabeça em inúmeros acidentes da rua, sim, mas que também levou esta família a este momento de quase autonomia. A um ponto de quase viragem. Irão conseguir?
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(Pedi ao tradutor que dissesse que ele era um herói por fazer aquilo pelos filhos. Não percebeu à primeira. Repetida a frase, a cara de Abdul pareceu uma pedra a derreter – e chorou. A família não viu.) Dizem-nos que uma parte populosa do Bangladesh ficará submersa em duas ou três décadas. Este é um país pobre que está condenado à tragédia. Quando somos colocados perante realidades absurdas tendemos a lançar tiradas geopolíticas como: “Este país nunca fez sentido”. Olhamos o mapa do Bangladesh e constatamos que tem as fronteiras traçadas somente para unir um espaço nas bacias de 350 rios em zona de cheia. Como se fosse possível encontrar racionalidade em termos de sustentabilidade após centenas de anos de colonialismo em países “criados” no término de vários conflitos religiosos, no final do século XX. Mas a independência de um Bangladesh essencialmente muçulmano foi traçada em 1971, já sob o signo da guerra e da fome. A questão que se deve colocar é outra: como é que um país que atualmente só contribui com 0,3% para as alterações climáticas vai ser o mais devastado pelas mesmas? Os alertas estão em todo o lado, das Nações Unidas ao Banco Mundial, não são hipóteses académicas. O Bangladesh é o país do mundo mais afetado pelas alterações climáticas.Vai ser engolido pela água do mar, dos rios e do degelo dos Himalaias. Em poucas décadas. Até 30% por cento do território vai desaparecer debaixo de água. Milhões de pessoas terão de se refugiar em algum lugar, seja na Índia ou na periferia das megacidades do Bangladesh – já hoje um imenso vespeiro de slums sem esgotos e água. Para essas pessoas não haverá futuro. E não há como mudar isto no presente. A capital, Dhaka, tem atualmente uns 13 milhões de habitantes. Quem já esteve na Índia tenta mentalmente buscar analogias. O Bangladesh foi parte da Índia e depois do Paquistão. Mas falta-lhe a riqueza ostentária de alguma Índia. No Bangladesh ninguém pede dinheiro na rua. Ou avança para os ocidentais. Porque não há estrangeiros fora de Dhaka. É na capital que se concentra grande parte do tecido industrial. Tentar atravessar a cidade na hora de ponta, quando vemos as pessoas arrastarem-se a dormir de pé com o olhar esgazeado, encostadas umas às outras num calor poluído e peganhoso, segurando-se como podem no interior de autocarros decrépitos, até pode dar-nos a sensação de perceber o que se passa, a ideia de que aquela cidade é o espelho do país. Mas não é necessariamente assim. O Bangladesh tem 160 milhões de habitantes. A sua maioria ainda vive em áreas rurais. Estamos a falar de um país com a maior densidade populacional do mundo, sendo que mesmo assim a maior parte (80%) vive fora das grandes cidades. Isto acontece porque a água está por todo o lado. E, mesmo que ela não esteja agora lá, faz com que as pessoas estejam aninhadas para se protegerem quando ela chegar. Porque quando chega leva tudo à sua frente. As casas de lama desabam. Não há nada a que se agarrar. Uma árvore que seja. Nada. A água é implacável. E é estranho porque relacionamos água à vida e estamos aqui a associá-la só à devastação. Para o entender, é preciso fazer esta
viagem connosco. Estamos no antigo East Bengal, onde ainda hoje há uma reserva de tigres, mais a sul. Se olharmos a ocidente, sabemos que está Calcutá (Índia). É a sul de Jessore, a cidade de Abdul que, com dois milhões de habitantes, está apenas sete metros acima do nível do mar. As estradas são todas elevadas por causa das cheias. Arrozais de um lado, viveiros de camarão de outro.Verde, muito verde. Uma humidade que se entranha na roupa. E a vida, sempre ela. Estamos a longas e longas horas da capital. Entramos numa estrada, viramos noutra menor e noutra igualmente menor e seguimos, e seja onde for, lá está vida, uma pequena aldeia empoleirada sobre si, cheia de gente, crianças a correr, gente curiosa. E água. Esta é uma zona condenada. Não deve estar a mais de dois ou três metros acima do nível do mar. E estamos a umas centenas de quilómetros do oceano. Tanta água e nenhuma para beber. Em muitas das zonas rurais é preciso buscar água potável a 200 metros de profundidade, devido às contaminações de arsénico. Há milhões de pessoas expostas ao que pode ter sido “a pior contaminação em massa na história da humanidade”, segundo os termos utilizados pela OMS. “Pior que o acidente do Bophal, na Índia em 1984 ou Chernobyl, na Ucrânia, em 1986”. Um estudo britânico recente estima em 77 milhões de pessoas as que foram expostas a níveis tóxicos e mortais de arsénico durante décadas. E tudo devido a “boas intenções”. Após a independência nos anos 70 foram distribuídas milhares de bombas para retirar água a poucos metros de profundidade. Não se calculou o nível de contaminação dos rios e dos lençóis freáticos menos profundos. Não só da poluição humana, como da composição do solo no Bangladesh. Milhões de poços estiveram anos contaminados com níveis mortais de arsénico. Nunca se soube. Hoje obriga-se a ir buscar água a profundidades incríveis. Será que vão mesmo? Os slums são colmeias de famílias numerosas que vivem em espaços aflitivamente opressivos, em barracos esconsos e sombrios, num hálito bafiento sob um telhado de zinco (paradoxalmente, o material de eleição para fazer de teto em países de sol escaldante). Mas é ali que vivem. Sem aspas. Os problemas com que aquelas pessoas se deparam diariamente são os mesmos que a Humanidade tem desde que há centros urbanos em qualquer parte do mundo: onde ir buscar comida; onde ir buscar água potável; como ver-se livre da merda que eles e os animais
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produzem e se acumula aos seus pés. A falta de comida, de água potável e de um sistema de escoamento dos esgotos num clima quente e húmido faz com que um slum seja mais – ou menos – suportável. E é aí que uma ONG pode fazer toda a diferença. Num bairros destes, onde os dejetos costumavam escorrer livremente pelas ruas e inundar as casas, uma simples fila de lajes a tapar as valas de escoamento da porcaria que um ser humano produz, escorrendo a imundície para um esgoto comum, faz toda a diferença: é o primeiro passo para se erradicar nesta parte do mundo todas as doenças há muito obliteradas nos países ocidentais. É aqui que a AMI entra. Estes bairros de lata não se vão formando só nas periferias, antes escondem-se nas entranhas da cidade. Por vezes, parece que é só uma viela. Entra-se e passada uma estreita ranhura entre prédios abre-se uma zona de casotas de tábua e telhado de zinco, em terrenos de lama e laje. Se forem hindus, terão porcos a viver ao lado da barraca. Se não tiveram apoio de nenhuma ONG, o esgoto a céu aberto de dejetos humanos misturar-se-á com o dos porcos e o azedo da comida dos animais, que atrai moscas. As pessoas estarão na sua vida a conversar, a cozinhar, a lavar-se na água que sai das bombas. Mas não há um gesto de reprovação, de recusa, ou de pedinchar. Aliás, o fascínio pelas fotografias é tão grande que da cara mais triste sai um sorriso. Mas estes slums estão condenados a crescer e multiplicar-se até ao impossível. É uma questão de tempo. Há um silêncio lá dentro. A cidade é que é estridente e cacofónica. Ao sair olha-se para a entrada de uma qualquer “favela bangladeshi”. Há mistérios que é difícil explicar, como ver meninas a sair
de fardinha azul e lenço branco imaculados para irem à escola. Como conseguem construir aquele aprumo feliz dentro da barraquinha apinhada e húmida? O Bangladesh vai ficar inundado em 20 ou 30 anos. Faz sentido? Atravessar o Bangladesh de uma ponta a outra é uma tarefa que não se deve fazer por conta própria. Serão menos de 700 km, mas a condução tem uma lógica à qual apenas quem está dentro do processo mental pode sobreviver. Fica-se constantemente frente-a-frente com dois camiões numa dupla ultrapassagem. Para muitos é uma experiência de terror puro. Mas junto à estrada há mais vida. E após umas dezenas de horas suicidas de viagem chegamos finalmente ao que é suposto ser a baía de Bengala, onde os portugueses aportaram em 1518, mas onde hoje já só perduram alguns nomes de família. E sobre nós, impiedosa, a Monção mostrou a sua natureza. Nem mais nem menos do que promete. Chuva grossa sem parar. Água que se acumula e que tudo pára. Esta chuva que regressa todos os anos e altera a disposição do mar e que faz com que a Índia decida a seu bel-prazer manipular os caudais dos rios através das barragens que tudo inundam, lançando grandes quantidades de água para o Bangladesh.
NO PALÁCIO DO NABABO Três mulheres e uma menina a viver no palácio de um nababo? Seria possível que ainda lá estivessem? A aproximação à casa feita a pé é como um plano do filme do Passage to Índia do David Lean, com uma mansão em ruínas a ser devorada pela selva. É hora do calor que, juntamente com a humidade, dá um toque de irrealidade. E de repente lá estão elas com a cabecinha a aparecer. O dono foi um nababo (ou um rajá) de seu nome Hori Charan, Roy Chowdury (título). Possuía ali mais de nove milhões de acres. Quase meio Portugal. Em 1947, pela altura da independência da Índia, deixou este palácio ao abandono. Seria um abuso dizer que elas estão tomar conta do palácio. Numa arcada lateral, nuns escassos quatro por dois metros, fizerem um espaço seu. Muito arrumado, asseado, uma das arcadas fechada por um tapume de vegetação. Nas paredes estão colados os tradicionais pedaços de bosta de vaca que servem de combustível. A mais velha, a avó, sempre curvada sobre si em posição fetal, tem um ar de espanto incomodado. A mãe é a mais ativa, sempre a falar, sempre a sorrir, numa atividade de anfitriã feliz por aquela visita inesperada. Como se chama? Não sei como – juro que não sei – perdi o nome dela algures numa folha cujo paradeiro também desconheço. Como se os deuses teimassem em querer que ela não tivesse nome. Vivem do que lhes dão. Fala a rir. Mas tem aquela entoação de desconsolo. Quatro mulheres não sobrevivem assim se uma delas não for vivaça. Tem um olhar penetrante. Vivem por caridade em oito m2 num palácio em ruínas de um nababo que era dono de 36 mil km2. Não há ironia suplementar que me ocorra.
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Já a representante da IKEA salientou a importância das empresas que fazem questão de ter um impacto positivo nos mercados onde estão presentes, nomeadamente através da implementação de boas práticas e da constante procura da sustentabilidade.
3ª EDIÇÃO DOS
ENCONTROS IMPROVÁVEIS Direitos Humanos em debate Fruto da parceria entre a AMI e a rede portuguesa do Global Compact (UN Global Compact Portuguese Network) decorreu dia 5 de novembro, na Fundação Calouste Gulbenkian, a terceira edição dos “Encontros Improváveis”, este ano subordinada ao tema “Direitos Humanos – Desafios Atuais na Europa e no Mundo”. Fernando Nobre abriu os trabalhos recordando a ligação da AMI à Global Compact Network Portugal e o facto desta ser a terceira das quatro conferências organizadas em parceria que remetem aos 4 temas fundamentais que constituem os compromissos desta iniciativa das Nações Unidas. Antes de apresentar os oradores, dando natural ênfase aos parceiros internacionais da AMI que participaram ao longo do dia nesta conferência, o presidente da AMI frisou que nunca é demais recordar que há 60 milhões de refugiados e que nunca imaginou, ao fim de todos estes anos, que o mundo pudesse defrontar-se com este tipo de problema.
Trabalho Infantil: Economia Mundial e Direitos Humanos Há 168 milhões de crianças que trabalham. Sendo este um dos maiores desafios que o mundo enfrenta, em que passo estamos quanto à sua erradicação, foi a questão inicial posta aos oradores do I painel da Conferência por Ana Sofia Fonseca. Fátima Pinto, Presidente da CNASTI começou por referir que é penoso assistirmos em pleno século XXI a este fenómeno e verificar que ainda há tantas crianças impedidas de ir à escola, privadas da sua felicidade e do seu futuro. Mafalda Troncho, da Organização Internacional do Trabalho (OIT) acrescentou que, apesar de tudo, a situação melhorou de forma significativa nos últimos anos, uma vez que a prevalência do trabalho infantil decresceu 30% desde 2008.
O Papel da Mulher no Desenvolvimento Este tema juntou parceiros da AMI (a ACOM do Brasil e a Hope of Mother do Afeganistão) e o professor e investigador Roque Amaro. As questões de género, a forma como dividem, oprimem, discriminam ou limitam homens e mulheres foram centrais no debate moderado por Fernanda Freitas. Um imperativo de mudança foi também algo de consensual entre os oradores em relação às questões entre homens e mulheres, entre feminino e masculino. Mas, como foi sublinhado, mudança não é algo que se decrete mas antes um processo longo, que exige paciência, perseverança e sobretudo, tempo. Do Afeganistão ao Brasil, as questões parecem estranhamente recorrentes e idênticas. No entanto, as soluções para as superar não devem nem podem ser iguais. A importância de educação nos seus diferentes níveis e esferas foi, para os participantes, algo de consensual e incontornável.
A temática abordada este ano pelo ciclo de conferências promovido pela AMI e pela Global Compact Network Portugal (GCNP) desde 2013 não poderia ser mais pertinente e premente, numa altura em que a ONU apresentou uma nova agenda para o desenvolvimento e em que os Direitos Humanos Fundamentais incluídos na Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) das Nações Unidas de 1948, ratificada pela esmagadora maioria dos Estados e Governantes, continuam por se cumprir para uma parte muito significativa da população do planeta Terra. Enquanto participante ativa do UN Global Compact e da Global Compact Network Portugal, a AMI reafirma o seu compromisso de apoiar os 10 Princípios do UN Global Compact e difundi-los na sua esfera de influência, ciente da importância desta plataforma para a consolidação de uma aliança por um mundo melhor entre as organizações da Economia Social e do sector empresarial. A AMI acredita, igualmente, que é seu dever, pela sua perceção e atuação em Portugal e no mundo, alertar para todas as decisões, movimentos e ações que possam ameaçar tudo o que já foi conquistado em matéria de Direitos Humanos até hoje, e agravar a situação de todos aqueles cuja dignidade é, constantemente, desrespeitada.
Alterações Climáticas, Migrações e as Crises Humanitárias Para o derradeiro painel do dia, moderado por Rui Araújo, estava reservada também a discussão mais animada da 3ª Conferência Encontros Improváveis. Mas convenhamos que o tema também ajudou. A reflexão começou com a questão ambiental e as suas implicações. Mais concretamente, na ausência de medidas, o que acontecerá ao clima do nosso planeta? Sabendo-se que as alterações climáticas têm, nos tempos recentes, acentuado os fenómenos naturais extremos, evidentemente que estes têm depois consequências muito reais, particularmente sentidas nos países mais frágeis que, ironicamente, são os que menos contribuem para essas alterações. O Bangladesh, por exemplo, é anualmente assolado por catástrofes naturais, cada vez mais frequentes e intensas, o que contribui enormemente para acentuar a degradação das condições de vida dos seus habitantes. E este é atualmente um fator tão determinante como as guerras ou os conflitos para o êxodo dos seus habitantes. Os movimentos migratórios que ultimamente têm sido protagonizados pelos refugiados foram, inevitavelmente o tema que se sucedeu, tendo os oradores sido unânimes na sua classificação em relação à gravidade e necessidade absoluta de resolução, mas também no reconhecimento da sua complexidade.
As conferências Encontros Improváveis nasceram por iniciativa da AMI, como forma de difundir o UN Global Compact, um movimento da ONU, a que a AMI aderiu em 2011, e que pretende congregar empresas e organizações da sociedade civil dispostas a alinhar, de forma voluntária, as suas estratégias e políticas com 10 princípios universalmente aceites nas áreas dos direitos humanos, práticas laborais, ambiente e anticorrupção, e a promover ações de apoio aos objetivos da ONU, incluindo os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio. A primeira iniciativa decorreu em setembro de 2013 e abordou a área das práticas laborais, com o tema “Novas Formas de Organização do Trabalho”, e a segunda decorreu em setembro de 2014 e abordou a área do Ambiente, com o tema “Uma Economia Verde num Mundo Azul”.
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O QUE MUDOU NO MUNDO?
A expetativa era alta. Pretendia-se pela primeira vez em vinte e três anos de negociações, iniciadas em 1992 na Cimeira do Rio, alcançar um acordo global para travar o aquecimento global. A esperança, por sua vez, era baixa. A verdade é que nas vinte anteriores Conferências das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas os resultados ficaram sempre aquém das expetativas. Honrosas exceções foram a COP3, com a assinatura do Protocolo de Quioto, a COP11, com o Plano de Acção de Montreal, e a COP17, com a criação do Fundo Climático Verde. Em 2015, as alterações climáticas e o aquecimento global marcaram a agenda noticiosa, não tanto por ter sido o ano mais quente desde que existem registos meteorológicos, ou por ter sido ultrapassada a barreira das 400 partes por milhão de CO2 na atmosfera, mas sobretudo por mais um triste exemplo de como, para combater as alterações climáticas, não basta redigir acordos vagos, como o escabroso caso da fraude das emissões poluentes na indústria automóvel tão bem revela. A principal dificuldade de Paris estava relacionada com a forma como repartir o esforço entre países desenvolvidos e países emergentes, com a Europa e os Estados Unidos a lembrarem que a China e a Índia fazem hoje parte do grupo dos maiores poluentes do mundo, e a China e a Índia a lembrarem que a Europa e os Estados Unidos carregam a responsabilidade histórica de terem poluído em larga escala durante os últimos duzentos anos. Ainda assim, foi possível produzir em Paris um acordo relevante,
que prevê o estabelecimento de um limite de 2 graus Celsius para o aquecimento global, o que pressupõe alcançar um resultado líquido de zero emissões na segunda metade do século. Este valor já tinha no entanto sido assumido na conferência de 2011. Os resultados concretos ficam dependentes de dois fatores de grande relevância prática. O primeiro é que o acordo alcançado apenas passará a vinculativo se for subscrito por pelo menos 55 países e que representem no mínimo 55% das emissões de gases com efeito de estufa. A este propósito lembremos por exemplo que o protocolo definido em Quioto em 1997 apenas se tornou vinculativo em 2005 com a assinatura da Rússia. O segundo motivo para um otimismo contido é que o acordo não estabelece prazos nem limites de emissão por país, ao contrário do que tinha sido conseguido em Quioto. A linguagem adotada no acordo, habitual nos documentos das Nações Unidas, e que estabelece que os países farão “o possível por” e “tão depressa quanto possível”, também deixou os mais céticos com pouca vontade de celebrar. Assim, não foi um acordo histórico, como se pretende sempre apresentar, nem sequer terá sido um grande passo, mas foi mais um passo a caminho da descarbonização da economia. E no contexto em que vivemos, de tremenda pressão dos setores económicos dependentes do carbono sobre a governação, todos os passos são importantes. Os próximos dependerão em grande medida do que os cidadãos, eleitores e consumidores forem capazes de exigir aos governantes e às empresas.
Impactos sociais de um negócio sustentável em São Tomé e Príncipe Em dezembro de 2013 iniciou-se no distrito de Caué em São Tomé e Príncipe, o projeto “Porto de Partida” dinamizado pela Associação Solidária de Cão Grande (ASCG), sediada na comunidade de Porto Alegre, a 40km da capital do distrito, São João de Angolares. Esta associação foi criada em 2011 na sequência do trabalho desenvolvido neste país pela AMI. O Caué, no Sul da ilha de São Tomé, é o maior e mais pobre distrito do país, apesar de ter uma população de apenas cerca de 7000 pessoas. A inexistência de infraestruturas, a frágil economia de subsistência, os baixos rendimentos da população e o acesso limitado ou inexistente a água potável, eletricidade e saneamento são algumas das dificuldades destas comunidades. Fruto da presença da equipa AMI no terreno, foi possível fazer um acompanhamento próximo do trabalho desta associação. Atualmente, a intervenção visa o desenvolvimento local do distrito pela criação de uma atividade pecuária geradora de rendimento. As estruturas necessárias (galinheiro, pocilga e matadouro) estão concluídas e a aquisição dos animais e respetiva alimentação está garantida. Esta fase do projeto orçou em perto de 16.000 euros, financiados pela companhia de seguros ZURICH e a empresa OIH. A ampliação da pocilga foi considerada necessária de modo a assegurar a devida separação dos animais e segurança sanitária. Associado à redução da pobreza, conseguem-se melhorias noutras áreas, nomeadamente nas condições sanitárias e na consciência geral da população em domínios da saúde e do saneamento do meio. Neste sentido, o projeto é um exemplo de boas práticas, num contexto onde se faz criação de animais ao ar livre com a proliferação de determinadas doenças parasitárias A educação para a saúde é um dos objetivos específicos relacionado, tendo sido planeadas várias ações de sensibilização.
O apoio ao desenvolvimento de negócios socialmente responsáveis visa a aplicação substancial dos lucros gerados em ações de desenvolvimento comunitário. Neste caso a ASCG disponibiliza produtos de qualidade e, simultaneamente, garante a sua sustentabilidade quer ao nível da manutenção da sua fonte de rendimento, quer no desenvolvimento de ações sociais, dedicando cerca de 50% dos seus lucros, entre outras a apoiar o lar de Malanza, comunidade próxima de Porto Alegre e à promoção da educação no distrito do Caué. O lar de Malanza, também apoiado pela AMI desde 2013, deparava-se com graves dificuldades de subsistência que garantissem a prestação de serviços essenciais à população idosa que serve. Foi incentivada a criação de um comité de gestão do lar quando a AMI começou a apoiar esta instituição de modo a melhorar a qualidade de vida dos idosos que aí habitam. Este trabalho passou a ser acompanhado pela ASCG enquanto estratégia de capacitação ao nível de gestão e, entre outros apoios, são garantidas três refeições diárias cozinhadas, assim como a limpeza das instalações. Está previsto que em 2016 a manutenção do lar fique totalmente a cargo da associação. A atuação da ASCG estende-se a outras áreas, nomeadamente no apoio às crianças em maior situação de vulnerabilidade de Vila Malanza, do 1º ao 6º ano, a quem é distribuído anualmente um kit de material escolar de maneira a fomentar a frequência escolar. Saem diretamente beneficiados, até ao momento, seis membros da direção desta associação, assim como 15 associados, cinco trabalhadores, cinco idosos do lar e 124 crianças de Malanza. Saliente-se que neste contexto não existe tradição de trabalho comunitário conjugando negócios sustentáveis com atividades sociais, sendo o carácter inovador deste projeto uma mais-valia que torna possível a promoção do desenvolvimento autónomo destas comunidades. totalmente a cargo da associação. 15 | Internacional
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CRISE NA EUROPA Falta de medidas sérias na origem e de verdadeira imparcialidade nos pedidos de asilo podem levar a grave crise de instabilidade. Ao visitarem as ilhas gregas de Kos e Lesbos e a ilha italiana de Lampedusa, as equipas da AMI puderam estudar in loco e em conjunto com as autoridades e ONG’s locais, as necessidades mais sentidas face ao fenómeno migratório que tem origem em África e no Médio Oriente. Estas três ilhas são as mais importantes portas de entrada na Europa para os imigrantes e refugiados que fogem dos conflitos e da pobreza no Médio Oriente e em África. Segundo o que a AMI apurou, por Lesbos, passam 54% de todos os refugiados e imigrantes que entram na Grécia, parte significativa dos quais são sírios. Imparcialidade Apesar da maior parte da população ser síria, a AMI lança o alerta para que se mantenha um tratamento humanitário baseado nos seus princípios basilares, nomeadamente o da imparcialidade, não devendo por isso verificar-se diferentes procedimentos para com a população síria e outras populações que chegam por motivos semelhantes (fuga a conflitos ou perseguições) tal como ocorre com pessoas provenientes do Iraque, Afeganistão, Mali, Eritreia, Somália (entre outros). O facto de a população síria aceder a registos mais rápidos, menos exigentes e que possibilitam uma estadia temporária de maior duração (6 meses contra 1 mês para os restantes) constitui uma violação do mencionado princípio. Quer em Lampedusa, quer nas ilhas gregas, verificou-se que a atual resposta a este fluxo migratório em curso se encontra sistematizada e sem atrasos, pelo que a AMI irá, por um lado e para já, reforçar os seus esforços na busca de projetos que combatam as causas que levam as pessoas a deixar os seus países, em parceria com
organizações locais. Assim, é crucial a fixação das populações, nomeadamente em África, através de projetos de parceria com organizações locais. Estas parcerias podem assumir diferentes formatos, a AMI já adotou, desde o financiamento à capacitação, passando pela Aventura Solidária, tendo cerca de 40 projetos em curso em África, América Latina e Ásia. Medidas Inadiáveis No entanto, a grande questão que se levanta é antes o que acontecerá, se a situação crítica nos países de origem se agravar e descontrolar. Estima-se que na Turquia, haja 5 milhões de refugiados à espera de poderem entrar na Europa e que 2 milhões e quinhentos mil já compraram a passagem às redes de contrabando humano, sendo quase impossível fazer uma estimativa razoável de quantos imigrantes africanos poderão vir a chegar. Nesse sentido, a AMI considera que dada a complexa situação que se vive atualmente, refletida nos sucessivos e violentos conflitos que assolam o médio-oriente e Sahel e a pobreza extrema que atinge de modo crónico a África subsariana, os problemas na origem devem ser abordados com seriedade e compromisso claro por parte da comunidade internacional e não com mera intervenção claramente cosmética. Posição da AMI A AMI apela assim, a que se realizem esforços efetivos que passam pela dedicação de pelo menos 10 milhões de milhões de euros de ajuda pública ao desenvolvimento por parte dos países doadores, com vista à mobilização eficiente e efetiva por parte de todos os intervenientes quer estatais, internacionais ou não governamentais, para a resolução de conflitos e erradicação da pobreza extrema nas zonas do mundo que são mais fortemente afetadas que impedem uma vida digna e segura de milhões de seres humanos. Por outro lado, em Portugal, os equipamentos e respostas sociais da AMI estão preparados para apoiar e orientar os casos que lhe cheguem, a exemplo do que aconteceu depois do levantamento da Junta Militar da Guiné-Bissau em 1999 e com a onda de imigrantes de Leste, na década de 2000.
AÇÃO SOCIAL EM BALANÇO No primeiro semestre do ano passado, os 17 equipamentos e serviços sociais da AMI em Portugal apoiaram diretamente 8.214 pessoas, um número ligeiramente inferior (-2%) face ao mesmo período do ano passado. Analisando os primeiros semestres dos últimos anos (período pré-crise, crise e atualidade) podemos dizer que entre 2008 e 2013 (ano do apogeu da crise) o número de pessoas apoiadas aumentou 140%, tendo vindo a diminuir desde então até hoje (-28%). Destas pessoas, 1.561 procuraram o apoio da AMI pela primeira vez (novos casos). Ao longo destes seis meses, os serviços sociais da AMI apoiaram uma média de 3.225 pessoas por mês, das quais 260 novos casos de pobreza. Portugueses em Idade Ativa são os mais atingidos A maior parte das pessoas que receberam apoio nos centros sociais encontram-se em idade ativa. De facto, o grupo maioritário situa-se entre os 16 e os 65 anos (65%), seguido do grupo de menores de 16 anos (23%) e dos maiores de 65 anos (12%). As pessoas que procuram o apoio da AMI são dominantemente naturais de Portugal (83%).Têm baixas habilitações literárias: mais de 50% tem o 1º ciclo ou 2º ciclo. De acrescentar que 7% não tem qualquer escolaridade. No que diz respeito ao emprego, 74% não exerce qualquer atividade profissional e 68% não tem formação profissional.
Os recursos económicos provêm sobretudo de apoios sociais como o RSI (Rendimento Social de Inserção) (22%), pensões e reformas (20%) e os subsídios e apoios institucionais (18%). Acrescenta-se que 16% tem rendimentos de trabalho, mas que se revela precário e insuficiente pelo que têm que recorrer aos apoios sociais. De referir ainda que 22% não tem qualquer rendimento formal. A população sem-abrigo atingiu, no primeiro semestre, as 945 pessoas (menos 6% que no mesmo período do ano anterior), tendo-se registado 226 novos casos de pessoas sem-abrigo (menos 11% que no mesmo período do ano anterior). Apesar desta diminuição observa-se que a proporção de pessoas a pernoitar na rua ou em espaço público aumentou de 26% para 28% e os que pernoitam em abrigos noturnos passou de 12% para 14%. As Equipas de Rua da AMI apoiaram 233 pessoas em situação de sem-abrigo, das quais 96 pela primeira vez. Os serviços mais procurados foram o apoio social (55%), os géneros alimentares (47%) e o roupeiro (37%). De referir ainda que no primeiro semestre de 2015, os refeitórios dos equipamentos sociais serviram um total de 105.642 refeições a 1387 pessoas. Já de forma indireta, através do programa de redistribuição alimentar (Fundo Europeu de Auxílio a Pessoas Carenciadas), a AMI apoiou mais 11.256 pessoas (número provisório). 17 | Nacional
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Toda a Esperança do Mundo em livro No ano em que se comemora o trigésimo aniversário da AMI, o jornalista Luís Pedro Nunes e o fotógrafo Alfredo Cunha embarcaram numa viagem com a AMI que os levou a conhecer escravos que lutam por recuperar a dignidade nas terras áridas do Níger, habitantes dos bairros de lata do Bangladesh que tentam assegurar um futuro aos seus filhos, pescadores no Sri Lanka a quem o mesmo mar que os alimenta tudo levou num tsunami apocalíptico, crianças que sobrevivem no limbo surreal do Haiti, meninas que lutam contra a tradição na Guiné-Bissau e curdos encurralados no Iraque pelo Estado Islâmico, resistindo à barbárie e à extinção. Pessoas que na AMI encontraram um porto de abrigo que lhes providencia o que mais precisam: atenção, dedicação e esperança. A FNAC do Chiado acolheu no dia 13 de novembro passado, o lançamento do resultado deste projeto posto em livro. No dia seguinte, foi a vez do espaço Mira Fórum acolher uma exposição de algumas das fotografias mais marcantes e significativas do livro, assim como de alguns objetos recolhidos nas viagens que no dia 12 de dezembro, foram leiloados, com o resultado a reverter a favor da AMI.
Peditórios e campanhas de angariação A AMI arrecadou, de 22 a 25 de outubro 54.206,30¤, no 25º Peditório de Rua. Sob o lema “A AMI trabalha para pessoas concretas”, esta recolha de fundos visou reforçar a sua autonomia financeira, para que possa continuar a desenvolver projetos humanitários em Portugal o no Mundo. Na sua edição de maio, esta ação de angariação de fundos permitiu à AMI, recolher 42.657,72€. Ainda no que se refere a ações de angariação de fundos desenvolvidas pela AMI, a Campanha de Emergência Nepal, realizada de 6 de maio a 6 de junho, permitiu recolher 33.213,76€ enquanto na campanha de emergência "Crise Humanitária na Europa" , que decorreu entre 21 de setembro a 21 de outubro, foram angariados 358,53€. A AMI agradece a todos os voluntários a sua participação e aos doadores a sua generosidade.
AMI atribui Bolsas de Estudo a 24 estudantes Lançado este ano letivo, o Fundo Universitário AMI, vai beneficiar 24 estudantes com uma bolsa no valor de 600¤. Para assinalar a atribuição deste apoio, foi realizada no dia 1 de dezembro, na sede da Fundação AMI, uma cerimónia simbólica com alguns dos bolseiros. Este Fundo, anunciado no início de 2015, surgiu na sequência de pedidos de ajuda de estudantes que não conseguiam prosseguir os seus estudos por não terem como pagar as suas propinas. Com um orçamento máximo de 20 mil euros, o Fundo Universitário AMI tem pois como objetivo, apoiar a formação académica de jovens que não disponham dos recursos económicos necessários para o prosseguimento de estudos no ensino superior ou que, no decurso da sua licenciatura, se encontrem subitamente numa situação financeira crítica. Com a atribuição deste Fundo, a AMI espera contribuir para que os jovens beneficiários, muitos deles verdadeiros exemplos de coragem e perseverança, tenham melhores condições para construir um futuro de sucesso, digno e feliz, permitindo, em muitos casos, quebrar o perverso ciclo da exclusão social e da pobreza. Ciente de que, mais do que alertar para determinadas questões como esta, é imperativo agir, ao atribuir estas bolsas, a AMI considera estar a cumprir um dever, enquanto participante ativa da sociedade civil, que permitirá o acesso a um direito fundamental: a educação.
Atentados de Paris
VII Fórum Nacional da EAPN A AMI participou no VII Fórum Nacional – Combate à pobreza e Exclusão Social, organizado pela EAPN – Rede Europeia Anti-Pobreza. Oradores de diversas áreas debateram o tema da pobreza e as suas implicações, tendo este Fórum desafiado à reflexão sobre como este fenómeno coabita com os princípios orientadores da União Europeia, nomeadamente a democracia e os direitos humanos. Num ambiente de exclusão, nem “todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos", e nesse sentido, os direitos humanos são uma condição fundamental para sociedades inclusivas e dinâmicas, cujos governos estão ao serviço das pessoas e para as quais todos podem contribuir. No entanto, quando estamos perante a violação destes direitos, são os mais vulneráveis quem mais sofre. Num contexto de plena perda de direitos sociais, é necessário defender e apostar no papel relevante que os cidadãos assumem na defesa dos direitos humanos, sobretudo das pessoas que se encontram em situação de maior fragilidade.
Três dias antes dos massacres de Paris, a imprensa internacional noticiou: 200 crianças executadas pelo Daesh na Síria. Vídeos e fotografias deste crime hediondo invadiram a internet. No entanto, pouco ou nada soubemos destas crianças. Permaneceram anónimas, sem nome, rosto ou família que chore a sua ausência. O absurdo deste ato e a distância do mesmo ativou o nosso estado de negação. Poucos dias antes, em Beirute, no Líbano, um outro massacre, desta vez com mais de 80 vítimas. Novamente, sem gerar muita comoção. A crueldade dos atentados de 13 de novembro em Paris, produziu uma natural onda de indignação. Paris somos nós. Identificamo-nos com as caras, as profissões e os nomes das vítimas. Somos absolutamente contra a violência, a barbárie, a morte. Tal como na capital francesa, em Portugal assistimos a concertos, gostamos de jantar e de conversar com amigos numa esplanada. Identificamo-nos com as vítimas, não só pela nacionalidade, como pelo estilo de vida e pelos valores. Rapidamente, somos franceses para nos sentirmos mais humanos. Essa empatia dá-nos força num luto coletivo. Quando morre um inocente, o mundo torna-se um lugar mais sombrio. A humanidade é um valor universal, sem fronteiras.
Capacitação de mulheres no Haiti
© Alfredo Cunha
A AMI apoia no Haiti um projeto de valorização do papel social da mulher. Em parceria com a Organização Não Governamental REFRAKA financia a implementação e reforço de uma rede de rádios comunitárias. Em 2000, verificou-se a impossibilidade das mulheres integrarem a equipa de locutores. Este obstáculo reside na existência marcada de desigualdades de género, traduzidas pela participação reduzida nas estruturas internas e na tomada de decisões. Como forma de lutar contra esta situação de exclusão, um grupo de mulheres jornalistas decidiu criar uma rede com o objetivo de fortalecer a competência, a integração e a participação das mulheres nas rádios e estruturas de decisão em todo o país, derrobando preconceitos. O processo foi difícil, enfrentaram rejei-
ção e falta de colaboração, mas a determinação destas mulheres garantiu a continuidade deste desafio. Volvidos 14 anos, estão presentes em nove dos dez departamentos do país e colaboram com outras rádios em várias regiões, comentando e reportando diversos assuntos, da prevenção de catástrofes à educação para a saúde. Desde 2001, passaram de 15 mulheres para mais de 250 animadoras, apresentadoras e produtoras nas já 27 rádios comunitárias.
Semana do Combate à Pobreza e Exclusão Social De 10 a 19 de outubro, decorreu a Semana do Combate à Pobreza e Exclusão Social, pensada para assinalar o dia 17 de outubro, Dia Mundial da Erradicação da Pobreza. A AMI juntou-se a esta iniciativa, tendo desenvolvido e promovido diversas atividades nos seus equipamentos sociais, junto da população que apoia diretamente. 19 | Breves
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Internacional Tanzânia Formações AMI a voluntários internacionais Durante o ano de 2015 concretizou-se um novo ciclo de formações AMI, destinadas a todos os interessados nas temáticas do voluntariado internacional. Em junho, decorreu mais uma edição da Formação a Voluntários Internacionais | Geral, que procurou introduzir conceitos sobre a intervenção das ONG na ação humanitária e cooperação para o desenvolvimento. Foram trabalhados vários temas como, a pobreza e as desigualdades, o papel das ONG e o ciclo de vida de um projeto de desenvolvimento, com espaço ainda para partilha de experiências e participação de 15 formandos. A edição da Formação a Voluntários Internacionais | Emergência, que também se realiza anualmente, aconteceu em outubro, com o objetivo de apresentar noções básicas para a integração de projetos de ação humanitária enquanto voluntário. Participaram 19 formandos que se debruçaram sobre assuntos como os atores da ação humanitária, as intervenções em cenários de emergência ou a importância da conduta, segurança e comunicação nestas situações. Em 2016 serão repetidas estas duas ações de formação em datas a anunciar nos canais de divulgação AMI.
Na Tanzânia, vai iniciar-se um projeto implementado pela ONG Sea Sense com o apoio e financiamento da AMI. O objetivo é melhorar as práticas de gestão de resíduos numa extensa área, situada a 135km de Dar es Salaam, que abrange o distrito da ilha de Máfia e o delta do rio Rufiji. A pesca é a principal fonte de subsistência nesta região e está a tornar-se cada vez mais ameaçada pela má gestão do meio ambiente marinho. Desde a prática de pesca com explosivos e veneno aos resíduos sólidos frequentemente despejados em praias locais adjacentes a zonas onde se faz secagem de peixe e em cursos de água usados para o banho, os desafios mais urgentes são diversos. Mais de 70% das doenças na Tanzânia estão relacionadas com água e saneamento. A ausência de práticas de gestão de resíduos faz com que uma parte significativa acabe por poluir o oceano. Para além do risco associado à saúde humana, os ecossistemas de que estas comunidades piscatórias dependem estão a ser fortemente danificados. Este projeto irá apoiar oito comunidades num total de 5.280 beneficiários diretos. Serão levadas a cabo várias atividades direcionadas, nomeadamente: dotar os alunos de seis escolas de práticas eficazes de gestão de resíduos; treinar ativistas comunitários em gestão de resíduos e realizar ações que promovam a proteção do ambiente, saúde e cidadania e, finalmente, envolver as comunidades costeiras em práticas de pesca e gestão de resíduos que beneficiem a saúde e bem-estar social e reduzam o impacto na biodiversidade.
Nicarágua - Prevenção de Catástrofes Em setembro deste ano arrancou mais um projeto na Nicarágua implementado pela associação Ação Médica Cristã com o apoio técnico e financiamento da AMI. Pretende-se fortalecer, por um lado, a capacidade de preparação e resposta a catástrofes no município de Prinzapolca (na Região Autónoma do Atlântico Norte) e, por outro, o sistema de comunicação para a devida articulação e alerta em oito comunidades próximas do rio Prinzapolca e do rio Bamana. Das três macro-regiões deste país (Pacífica, Central e Caribe) é esta, a Costa do Caribe, a zona mais afetada por inundações fruto de chuvas intensas, tempestades e furacões e onde se verifica maior incidência de pobreza extrema e um elevado índice de necessidades básicas insatisfeitas. Serão beneficiados 2.861 habitantes destas comunidades e, ainda, capacitados com formação 53 membros do Comité Municipal de Prevenção, Mitigação e Atenção a Desastres deste município. São várias as ações que estão a ser promovidas, na sequência de outras tantas desenvolvidas nos últimos anos por este parceiro da AMI, destacando-se as seguintes: uma campanha de comunicação social através de um programa de rádio de uma emissora local; a reabilitação básica para o funcionamento do sistema de comunicação e alerta nestas oito comunidades e, ainda; fornecimento de equipamento básico ao escritório do Centro de Operações de Desastres de Alamikamba, a sede de concelho desta região. Este conjunto de atuações é feito em paralelo através de reuniões de acompanhamento com a Câmara Municipal com o objetivo de melhorar as condições de preparação no caso de desastres naturais nestas comunidades.
Mecenato Grupo Riberalves apoia fundraising AMI
Campanha Natal FNAC financia trabalho AMI em Portugal Durante todo o mês de dezembro decorreu, pela 11ª vez consecutiva, mais uma campanha FNAC/Natal, com coleta de fundos para os nossos projetos em Portugal nas caixas no momento de pagamento e no balcão de embrulhos. No momento de pagarem as suas compras, os clientes da FNAC foram convidados a doarem um euro adicional (ou mais) à AMI. Para além disso, centenas de voluntários da AMI estiveram nas lojas desta cadeia a realizarem embrulhos para os presentes dos seus clientes. Mais uma vez, as verbas angariadas vão ser canalizadas para a ação social em Portugal.
Depois de ter lançado as cápsulas de café solidárias Novo Dia, o Grupo Riberalves também associou o seu 30º aniversário à AMI. O livro comemorativo "O Últimos Heróis, código postal A2053N" é um projeto da autoria do fotojornalista Pepe Brix, apoiado pela Riberalves e enquadrado no 30º aniversário da empresa. Pepe Brix embarcou no Joana Princesa, um dos últimos bacalhoeiros nacionais, e testemunhou a atividade heróica e de extrema dureza desenvolvida pelos pescadores portugueses, herdeiros dos pioneiros que se lançaram nos mares do Norte desde há mais de 500 anos. Trabalho fotográfico publicado de forma parcial na revista National Geographic, "Os Últimos Heróis" foi editado em livro, com dezenas de imagens inéditas. Uma percentagem das vendas reverte para a obra social da AMI.
Sacos solidários Kelly Foi efetuada em novembro, a entrega oficial dos Sacos Solidários, no âmbito da IV Campanha “ Sacos que enchem corações“, que resulta da parceria entre a Kelly Services e a AMI. Esta campanha permitiu angariar 365 sacos solidários, cada um deles contendo cerca de 8kg de bens essenciais.
Iniciativas de Natal solidárias Como habitualmente faz na época de Natal, a AMI desafiou várias empresas para que financiassem cabazes, contribuíssem para projetos concretos ou dessem apoio a crianças e idosos apoiados nos Espaços de Prevenção à Exclusão Social nos Centros Porta Amiga. Cerca de 7.000 colaboradores de diversas empresas mobilizaram-se para este esforço solidário, que permitiu construir cabazes de Natal com produtos alimentícios típicos da quadra para 2.111 famílias (6.945 pessoas) apoiadas pela AMI, entregar prendas às crianças que frequentam os Espaços de Prevenção da Exclusão Social e proporcionar atividades lúdicas aos idosos e às crianças que benefeciam da ação da AMI em todo o país. A AMI agradece o apoio da EDP GAS Porto, Würth-Portugal, Azeite Gallo, Nestlé, Ferbar, Innowave technologies, HP Entreprise, RAR Açúcar, Turbomar/Grupitel, Walt Disney Company, Riberalves, Soja de Portugal, FAPIL, Michael Page, Imperial, MaxData, Padaria Portuguesa, IGFSS, Alliance HeathCare, Johnson&Johnson, Clube VII, Escola do Comércio de Lisboa, Kelly Services, Axa, Esporão, Sovena e Continente.
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AGENDA AMI 1 a 29 de fevereiro Receção trabalhos candidatos ao Prémio AMI Jornalismo Contra a Indiferença março Campanha de consignação de IRS 22 de abril a 1 de maio Aventura Solidária: Senegal junho Aventura Solidária: Brasil
Loja AMI A Loja AMI já possibilita donativos e dispõe de outros artigos que podem ser visualizados no novo site loja.ami.org.pt Ao comprar qualquer um dos artigos da nossa loja estará a contribuir para a realização dos nossos projetos e missões. Pode também fazer a sua escolha, preencher e enviar-nos o cupão abaixo, junto com o cheque no valor total dos artigos acrescido de despesas de envio indicadas:
01 02 04 03
01 Livro "Toda a Esperança do Mundo" 39,90 €
02 Livro "Humanidade: Despertar para a Cidadania Global Solidária"
Tarifário
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Encomenda
Menos de 50 €
50 € e mais
Portugal
5€
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03 Coleção contra a Indiferença: Livro "Viagens", "Imagens" e "Gritos".
Europa, América do Norte e África
10 €
Grátis
04 Calendário 2016 AMI
América do Sul, Ásia e Oceania
15 €
"Viagens" - 20€ / "Gritos" - 20€ / "Imagens" - 30€ 3,00 €
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VOLUNTÁRIOS PRECISAM-SE NACIONAL
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CPA OLAIAS
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EQUIPA DE RUA DE LISBOA
• Função: Psiquiatra Horário: dia e hora a combinar, de segunda a sexta-feira, período da manhã Periodicidade: semanal
CPA ALMADA
CPA PORTO
• Função: Advogado(a) – Apoio Jurídico Horário: a combinar (dias úteis das 10h às 22h) Periodicidade: Semanal • Função: Psiquiatra Horário: a combinar (dias úteis das 10h às 22h) Periodicidade: mensal • Função: Enfermeiro(a)s Horário: a combinar (dias úteis das 10h às 22h) Periodicidade: semanal ou bi-semanal (a escalar) • Função: Técnico Marketing - desenvolvimento de boas práticas e organização de eventos Horário: a combinar (dias úteis das 10h às 22h) Periodicidade: Mensal
CPA GAIA
• Função: Enfermeiro(a)s Horário: de segunda a sexta-feira, entre as 10h e as 13h Periodicidade: semanal • Função: Advogado(a)s Horário: de segunda a sexta-feira, entre as 10h e as 13h Periodicidade: quinzenal
EQUIPA DE RUA GAIA/PORTO
• Função: Advogado(a) Horário: entre as 10h e as 12h30 Periodicidade: semanal (de segunda a sexta-feira)
• Função: Médico(a) Psiquiatra Horário: dia e hora a combinar (de segunda a sexta-feira, das 9h30 às 17h) Periodicidade: semanal
CPA CASCAIS
CPA ANGRA
• Função: Médico(a) Horário: a combinar Periodicidade: uma vez por semana • Função: Psicólogo(a) Horário: a combinar Periodicidade: uma vez por semana • Função: Enfermeiro(a) Horário: a combinar Periodicidade: uma vez por semana
• Função: Advogado(a)s Horário: a combinar Periodicidade: a combinar • Função: Enfermeiro(a)s Horário: das 9h30 às 17h Periodicidade: uma vez por semana • Função: Psicólogo(a)s Horário: 9h30 às 13h Periodicidade: duas vezes por semana
Este número da AMI NOTÍCIAS foi editado com o especial apoio da revista VISÃO (Distribuição), LIDERGRAF (Impressão e Acabamento), COMPANHIA DAS CORES (Design) e CTT – Correios de Portugal Autorizada a reprodução dos textos desde que citada a fonte. AMI Fundação de Assistência Médica Internacional: R. José do Patrocínio, 49 – Marvila, 1959-003 Lisboa
Ficha Técnica
Publicação Trimestral Diretor: Fernando Nobre Diretora-Adjunta: Leonor Nobre Redação: Paulo Cavaleiro, Anastácio Neto Edição: Luísa Nemésio Fotografias: AMI e Alfredo Cunha Colaboram neste número: Luís Pedro Nunes Paginação: Mariana Pereira e Ana Gil Tiragem 105.000 exemplares Depósito Legal DL378104/14
23 | Informações
Obrigado por ajudar as equipas da AMI a prosseguirem o seu trabalho humanitário.
Graças a si, os voluntários da AMI podem atuar em Portugal e nos países mais carenciados do Mundo! Porque muitos precisam de nós, nós precisamos muito de si! Como colaborar com a AMI Deposite um donativo na conta da AMI n.º 015 27781 0009 do Novo Banco | Envie o seu donativo em cheque nominal diretamente para qualquer uma das direções da AMI. | Faça o seu donativo em qualquer caixa multibanco, selecionando a opção “Ser Solidário”. Depois, basta escolher a importância com que quer contribuir. | Participe ativamente como voluntário nos Centros Porta Amiga, na sede da AMI ou nas Delegações | Inscreva-se como voluntário contactando voluntariado@ami.org.pt | Adira às Campanhas de Reciclagem (reciclagem@ami.org.pt) | Faça reverter parte do seu IRS para a AMI | Participe na Aventura Solidária no Senegal, Brasil ou Guiné-Bissau (aventura.solidaria@ami.org.pt) Como contactar a AMI E-mail: fundacao.ami@ami.org.pt | Internet: www.ami.org.pt Sede Fundação AMI – Rua José do Patrocínio, 49, 1959-003 Lisboa | T. 218 362 100 | Fax 218 362 199 Delegações Norte T. 225 100 701 | Centro T. 239 842 705 | Madeira T. 291 201 090 | Açores – Terceira T. 295 215 077 | Açores – S. Miguel T. 296 305 716 Centros Porta Amiga Lisboa – Olaias T. 218 498 019 | Lisboa – Chelas T. 218 591 348 | Porto T. 225 106 555 | Almada T. 212 942 323 | Cascais T. 214 862 434 | Funchal T. 291 201 090 | Coimbra T. 239 842 706 | Gaia T. 223 777 070 | Angra T. 295 218 547 Abrigos Noturnos Lisboa (em colaboração com a C. M. Lisboa) T. 218 152 630 | Porto T. 225 365 315 Residência Social dos Açores/Ponta Delgada T. 296 286 542 LEI DO MECENATO – ATIVIDADES DE SUPERIOR INTERESSE SOCIAL
Art.º 61, alineas b) e e) do N.º 3 e N.º 4 do Art.º 62 e Art.º 63 do Decreto-Lei 215/89 de 21 de junho, renumerado e republicado como Anexo II ao Decreto-Lei 108/2008 de 26 de junho). O seu donativo é totalmente dedutível nos impostos, majorado em 40%. TAEG de 17,9%. Exemplo para um limite de crédito de €1.500, com reembolso em prestações mensais constantes de capital, a que acresce juros e outros encargos, num prazo de 12 meses e à Taxa Anual Nominal (TAN) de 15,10%. - TAN: 15,1%. - TAEG correspondente: 17,9%
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Trimestral
Semestral
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(Para as modalidades de depósito, multibanco e transferência bancária envie-nos cópia dos talões comprovativos para emissão de recibo, s.f.f.) (*) Campos de preenchimento obrigatório para emissão de recibo O seu donativo é dedutível nos impostos nos termos do Decreto-lei n.º 74/99 de 16 de março, conjugado com o n.º 2 do artigo 2 do Estatuto do Mecenato. Em cumprimento da Lei nº 67/98, de 26 de outubro, que aprova a Lei da Proteção de Dados, todos os dados pessoais obtidos mediante o preenchimento deste cupão serão inseridos num ficheiro informático da responsabilidade da Fundação AMI e destinam-se a ser utilizados, exclusivamente, para o envio de informação por correio, e-mail ou sms. É garantido o direito de acesso, retificação ou eliminação dos dados, podendo exercer esse direito pessoalmente ou por escrito para a Rua José do Patrocínio, n.º 49 1959-003 Lisboa. Caso não autorize que os seus dados sejam processados e armazenados informaticamente, assinale com uma cruz.