Betão nº 32 - Julho/Agosto 2014

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N.

Revista da Associação Portuguesa das Empresas de Betão Pronto

Jul./Agosto 2014

Vida Associativa: Gestão da Energia nas Organizações Industriais  04 Energia: A Eficiência Energética e a ISO 50001  06 Técnica: Utilização de Agregados Grossos Reciclados em Betão 12 Normalização: EN 206:2013 – A Norma de Referência para o Betão  24 Homenagem: Jorge Lourenço – O Arquimedes da Era Moderna  37


Obra: Construção do novo Hotel Hilton Bom Sucesso – Óbidos. Foto: © David Sacramento

A NOSSA FORÇA ESTÁ NA VERSATILIDADE Continuamos a percorrer o caminho da inovação e da qualidade de forma consistente rumo ao futuro, através do desenvolvimento de uma vasta gama de produtos, por forma a encontrar as soluções mais adequadas às necessidades dos nossos clientes. BETÃO LIZ, S.A. Rua Alexandre Herculano, 35 1250-009 Lisboa Tel.: 213 118 100 Fax: 213 118 821 betaoliz@cimpor.com

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Editorial

“Da Eficácia à Eficiência…” o

Eng. Jorge Santos Pato

Um dos maiores desafios da gestão moderna advém da necessidade incontornável de conciliar a eficácia com a eficiência nos meios e processos utilizados na vida profissional, o que envolve inevitavelmente, também os recursos humanos adstritos às actividade desenvolvidas. Não é raro, contudo, confundirem-se ambos os conceitos, que, embora se possam e devam complementar, têm significado e implicações distintas. Assim, se a eficácia se caracteriza fundamentalmente por lograr fazer o necessário para atingir um determinado objectivo ou resultado, ou seja, traduz-se na escolha acertada da melhor forma de alcançar a meta pretendida, já a eficiência é essencialmente caracterizada pela quantidade de recursos utilizados para obter determinado resultado, ou seja, consiste na capacidade de produzir mais com o mínimo de recursos relevantes, ou ainda de produzir com maior qualidade e com idêntico, ou até mesmo um menor nível de recursos. Deste modo, considera-se que alguém ou algo é eficaz quando se revela capaz, útil, seguro, infalível, realizando aquilo a que se destina ou as funções atribuídas, sem precisar de ajuda suplementar. Por outro lado, designa-se como eficiente, alguém ou algo competente e produtivo, que origina bons resultados, com um dispêndio mínimo de recursos afectos ao processo. Um gestor paradigmático será pois, aquele que consiga fazer mais e melhor com menos recursos, mas sem sacrificar factores determinantes, como a qualidade e a segurança, entre outros, como tantas vezes tem acontecido nalguns sectores económicos fustigados pela crise, nos quais a abordagem e implementação de qualquer destes dois conceitos são manifestamente atropelados e alvo de equívocos lamentáveis por parte de variadíssimos actores do palco dirigente das organizações implicadas.

De facto, nos dias de hoje, e em particular na sociedade civil portuguesa, é cada vez mais comum surgirem cenários de combinações possíveis, mas tantas vezes desajustadas, de diferentes graus de eficácia e eficiência, ou da sua ausência, tantas vezes desapercebida dos interessados, já que se pode ser eficaz sem ser eficiente, ou vice-versa, pondo em risco a meta da plenitude na obtenção dos objectivos desejados. Portugal tem sido um bom exemplo deste tipo de incongruências, que transitam da esfera política, socioeconómica e administrativa para os sectores produtivos, com uma chocante facilidade, tal como uma epidemia galopante, difícil de travar. As indústrias de betão são das que mais têm sofrido com os efeitos decorrentes da procura incessante da adopção de práticas de uma gestão eficaz e eficiente, binómio cuja garantia de sucesso não deve depender da despromoção qualitativa dos parâmetros de controlo, desempenho e segurança básica do material que representam. Assim, o desafio que se coloca aos industriais de betão é o de garantir que o almejado compromisso entre a eficácia e a eficiência, esculpidas nas respectivas organizações, não seja obtido à custa da degradação ou descaracterização do material que constitui o cerne do seu negócio, mas sim da preservação e expansão dos seus atributos fundamentais e da sua respectiva valorização no seio dos seus potenciais utilizadores, cativando a plena confiança dos mesmos, numa altura em que cada vez vão sendo mais raros os bons exemplos de fiabilidade e rigor profissional. Procuremos pois ser todos devidamente eficazes e eficientes, mas simultaneamente capazes e conscientes, sem nunca nos desvincularmos dos referenciais básicos que ao longo de décadas elevaram e consubstanciaram o Betão como o material nobre de construção em Portugal.

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6

NOVEMBRO 2014

Seminário

A Gestão Eficiente da Energia nas Organizações Industriais 14:00

Recepção dos participantes

Orador

14:15

Sessão de Abertura

Eng.º Mário Barros (APEB) Eng.º Carlos Aires (OE)

14:30

Sustentabilidade e Eficiência Energética

Eng.º Jorge Pato (APEB)

14:45

Conceitos Básicos sobre Gestão da Energia e Sustentabilidade

Eng.ª Iolanda Soares (APEB)

15:00

Identificação dos Factores Associados ao Consumo de Energia nas Indústrias de Betão Pronto e de Prefabricação

Eng.º João Carlos Duarte (APEB)

15:15

• Enquadramento Legal: PNAEE - Plano Nacional de Acção para a Eficiência Energética; • SGCIE: Sistema de Gestão de Consumos Intensivos de Energia; • FEE: Fundo de Eficiência Energética.

Eng.º Paulo Calau (ADENE)

15:50

Sistema de Gestão de Energia – Norma ISO 50001

Eng.ª Iolanda Soares (APEB)

16:10

Intervalo para café

16:30

Avaliação de Ciclo de Vida: Metodologia e Aplicação em Sistemas Sustentáveis de Energia

Prof. Eng.º Fausto Freire (OE; UC)

16:55

Certificação de Sistemas de Gestão da Energia

Eng.ª Ana Francisco (APCER)

17:15

Casos Práticos: • Eficiência energética e Implementação da ISO 50001 em SGE

Dr.ª Sara Dias & Eng.º José Pires (AVELEDA)

• Etapas Iniciais Rumo à Eficiência Energética

Eng.º Rui de Sousa (Alves Ribeiro)

Conclusões e Encerramento

Eng.º Jorge Pato (APEB)

18:00

Local: Lisboa | Sala – Auditório da Ordem dos Engenheiros Contactos/inscrições: Sara Nina | Telef.: 217741925/32 | Fax: 217785839 | E-mail: geral@apeb.pt


Sumário

32

N.

Jul./Agosto 2014 Foto da capa: © Carlos Noronha – Crusader; Edifício Natura Towers, Lisboa

04

Vida Associativa A Gestão da Energia nas Organizações Industriais

06

Energia A Eficiência Energética e a Norma ISO 50001: uma combinação fundamental Eng.ª Iolanda Soares

12

Técnica Utilização de Agregados Grossos Reciclados de Resíduos da Pré-Fabricação. Parte I - Programa Experimental, Apresentação e Análise dos Resultados dos Ensaios aos Agregados Mestre Diogo Soares, Prof. Jorge de Brito, Prof. João Ferreira e Mestre João Pacheco

24

Normalização

20

Segurança

30

Mercado

34

Notícias

Trabalhadores investem na sua própria segurança Celestino Martins

BASF apresenta Master Builders Solutions Eng.o João André

EN 206:2013 – A Nova Norma de Referência para o Betão Eng.o João Duarte

Associados da APEB: ABB, Betão Liz, Britobetão, Brivel, Concretope, Duarbel, Eurobetão, Eurocálcio, Ibera, Lenobetão, Lusobetão, Mota-Engil – Engenharia e Construção, Pragosa Betão, Prebel, Salvador & Companhia, Sonangil, Tconcrete, Unibetão e Valgroubetão. Membros Aderentes da APEB: Arcen, Arlaco, BASF, Direcção de Infraestruturas – Repartição de Engenharia de Aeródromos, Euromodal, Perta, Prefangol, Saint-Gobain Weber Portugal, Sika Portugal e Sorgila.

Propriedade APEB – Associação Portuguesa das Empresas de Betão Pronto • Av. Conse-

Design, Publicidade e Produção Companhia das Cores – Design e Comunicação Empresarial,

lheiro Barjona de Freitas, 10-A, 1500-204 Lisboa • T. 217 741 925/932 • F. 217 785 839

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Executivo Jorge S. Pato • Coordenador Editorial João André

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Depósito legal 209441/04

Os artigos assinados são da responsabilidade dos seus autores.

Julho/Agosto 2014 Betão n.32 03


© Adene

Vida Associativa

A Gestão da Energia nas Organizações Industriais Nos dias de hoje a generalidade das organizações industriais debate-se com uma vasta gama de problemas e obstáculos que necessita de resolver e ultrapassar imperativamente, para almejar, não só o sucesso nas respectivas actividades que desenvolvem, mas cada vez mais a própria sustentabilidade das mesmas. Neste contexto, a gestão adequada dos processos produtivos implica cumulativamente que sejam seleccionadas as melhores práticas e os recursos mais competentes, numa óptica funcional que tem de saber coadunar a eficiência com a eficácia, nomeadamente no que respeita aos elementos de entrada (“input”) e de saída (“outputs”) de cada ciclo operacional. É neste âmbito que a Energia surge como um factor preponderante a considerar na arte de bem gerir a exploração das diversas actividades, afigurando-se cada vez mais como um protagonista de relevo em todos os processos industriais. Sendo universalmente reconhecido que a economia mundial está cada vez mais dependente da eficiência energética, não será de estranhar que tenham surgido no seio do acervo normativo internacional, uma nova série de normas orientadas para os Sistemas de Gestão de Energia e relevando os requisitos e princípios subjacentes à sua racional utilização: a série EN ISO 50001, já traduzida e adoptada pelo IPQ em Portugal, no ano de 2012, como NP EN ISO 50001.

04 Betão n.32 Julho/Agosto 2014

Por outro lado, a política governamental em vigor no nosso país tem-se preocupado em destacar e privilegiar o esforço das organizações industriais nacionais que adoptem e implementem medidas concretas de eficiência energética nos seu processos produtivos, existindo mesmo disposições legislativas relevantes nesse sentido, como são os exemplos vigentes do PNAEE – Plano Nacional de Acção para a Eficiência Energética e, numa outra vertente, o PNAEER – Plano Nacional de Acção para as Energias Renováveis. No caso do PNAEE, o governo publicou em 10 de Abril de 2013 uma Resolução do Conselho de Ministros, com o nº20/2013, que procede à revisão do PNAEE, aprovando o Plano Nacional para a Eficiência Energética para o período 2013-2016 e o Plano Nacional de Acção para as Energias Renováveis para o período 2013-2020. Se no caso do PNAEE de 2008 havia sido estabelecida como meta uma redução de consumo de energia final em 10%, até 2015, e para a qual foram definidas 50 medidas organizadas em 12 programas, já no caso do mais recente PNAEE 2016 são agora abrangidas seis áreas específicas (Transportes, Residencial e Serviços, Indústria, Estado, Comportamentos e Agricultura), as quais agregam um total de 10 programas, que integram um leque de medidas de melhoria da eficiência energética orientadas para a procura energética.


Vida Associativa

No caso particular da área da Indústria surge um programa designado por Sistema de Eficiência Energética na Indústria, que inclui a revisão do SGCIE – Sistema de Gestão dos Consumos Intensivos de Energia, continuando a destacar-se as medidas transversais no sector industrial e outras medidas sectoriais para a eficiência no processo industrial. Assim, as medidas previstas são desagregadas em Medidas Transversais (envolvendo Motores Eléctricos; Produção de Calor e Frio; Iluminação e Outras medidas para a eficiência do processo industrial), Medidas Específicas ou Sectoriais (aplicáveis nos processos produtivos de diversos sectores que incluem, entre outros o Cimento, Cerâmica, Vidro, Metalurgia, etc.) e Outros Sectores (medida vocacionada para outros sectores de actividade, para além dos referidos na medida anterior, bem como o potencial resultante de novos projectos de cogeração ou de outras acções não directamente ligadas à implementação do SGCIE, mas que conduzem ao aumento da eficiência energética da indústria). O PNAEE 2016 será essencialmente executado através de medidas regulatórias (exemplo: imposição de penalizações sobre equipamentos ineficientes, requisitos mínimos de classe de desempenho energético, obrigatoriedade de etiquetagem energética, obrigatoriedade de auditorias energéticas), mecanismos de diferenciação fiscal e apoios financeiros provenientes de fundos que disponibilizem verbas para programas de eficiência energética, tais como: FEE (Fundo de Eficiência Energética), FAI (Fundo de Apoio à Inovação), PPEC (Plano de Promoção da Eficiência no Consumo da Energia Eléctrica), FPC (Fundo Português de Carbono) e o QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional), entre outros instrumentos financeiros comunitários. Em todo o contexto referido anteriormente releva a importância e o papel que a norma ISO 50001 assume na implementação de sistemas de gestão de energia na organizações industriais, objectivo relativamente ao qual as mesmas já não podem ficar indiferentes, se pretenderem assegurar a viabilidade da sua exploração e a continuidade do seu desempenho num mercado difícil e exigente. Perante esta realidade, a APEB considerou ser oportuna a preparação e realização de um seminário téc-

nico dedicado à gestão eficiente da energia, que se revele interessante para a generalidade dos sectores de actividade ligados aos materiais cimentíceos e minerais utilizados nas indústrias de betão e da construção, as quais se debatem com uma profunda crise que impõe severas medidas de contenção e constantes reduções de custos. Foi neste sentido que procurámos envolver na organização do programa do evento, a parceria de duas entidades fundamentais para a abordagem desta temática: a ADENE (Agência para a Energia) e a Ordem dos Engenheiros, que gentilmente acederam ao nosso convite de enriquecerem a sessão com intervenções personalizadas, reconhecendo a relevância que esta iniciativa pode ter para a generalidade das organizações industriais às quais se dirige. A utilização racional da energia é cada vez mais uma necessidade premente das sociedades modernas, seja no âmbito urbano, seja no industrial, que compreende, não apenas a utilização eficiente e a conservação da energia, mas o próprio consumo racional da mesma, cumulativamente com a optimização integrada dos recursos energéticos e de suporte do respectivo processo de gestão. Compreende-se assim que as empresas se devam preparar para, numa primeira fase, se autodiagnosticarem e serem capazes de avaliar internamente o seu cenário energético, identificando oportunidades de melhoria antes de necessitarem de recorrer às entidades consultoras especializadas na matéria, facto que acarretaria encargos antecipados e eventualmente desnecessários ou prematuros. Por outro lado, reconhece-se que ao nível da tutela, os escassos programas legislativos que enquadram e podem apoiar de algum modo as organizações nacionais, incluem essencialmente a vertente energética como protagonista de relevo, pelo que, e na sequência do que foi referido anteriormente, as empresas devem estar atentas para lograr juntar e satisfazer com sucesso as necessidades técnico-funcionais e as exigências económico-ambientais, compatibilizando-as com a oportunidade do benefício decorrente do quadro legislativo específico que é elegível para o domínio energético em Portugal.

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Energia

A Eficiência Energética e a Norma ISO 50001 uma combinação fundamental Eng.a Iolanda Soares, APEB

1. A importância da Eficiência Energética e os benefícios decorrentes da implementação de Sistemas de Gestão de Energia de acordo com a ISO 50001 Em entrevista ao Diário Económico, Robert Tromop Coordenador da Unidade da Eficiência Energética da Agência Internacional de Energia, afirmou que “a eficiência energética pode reorientar a economia mundial”. Efetivamente, e segundo a mesma fonte, a melhoria da eficiência energética pode levar à redução de mais de 17,5 biliões de dólares, só na fatura de combustível. Neste contexto, a ISO – International Organization for Standardization, deu um contributo positivo, ao publicar, em 2011, a norma ISO 50001- “Energy Management Systems – Requirements with guidance for use”, traduzida e adotada em Portugal, em 2012, pelo IPQ – Instituto Português da Qualidade, como NP EN ISO 50001 – “Sistemas de Gestão de Energia. Requisitos e linhas de orientação para a sua utilização.” A ISO 50001 fornece uma base para as organizações demonstrarem que implementam um sistema eficaz de gestão da energia, não só para atingir melhorias no seu próprio desempenho energético, como também para comprar produtos e serviços energeticamente eficientes e incorporar desenvolvimentos para a melhoria do desempenho energético. Efetivamente, esta norma foi desenvolvida pela ISO como o futuro referencial para a gestão de energia, prevendo-se que possa influenciar diretamente até 60% do consumo mundial de energia. Percentagem esta que significa o impacto positivo desta norma, nos serviços e indústria, de acordo com uma estimativa baseada no “World Energy Demand and Economic Outlook 2010” – US Energy Information Administration. A ISO 50001, ao estabelecer os requisitos para um sistema de gestão de energia, tem como principal objetivo permitir às organizações estabelecer os sistemas

06 Betão n.32 Julho/Agosto 2014

e processos necessários para melhorar o seu desempenho energético global, incluindo a utilização, consumo e eficiência energética. A Eficiência Energética é definida nesta norma como: “Rácio ou outra relação quantitativa entre um desempenho, serviço, bem ou energia e um consumo de energia. Exemplo: Eficiência de uma conversão; Relação energia necessária / energia utilizada; Relação entre o resultado / energia consumida; Relação entre a energia teoricamente necessária à operação / energia consumida na operação.” De acordo com a mesma norma, energia define-se como sendo: “Eletricidade, combustíveis, vapor, calor, ar comprimido e outras formas/vetores. Nota 1: (…) energia designa todas as formas de energia incluindo renováveis, que possam ser adquiridas, armazenadas, processadas, utilizadas num equipamento ou num processo, ou recuperadas. Nota 2: Energia pode ser definida como a capacidade de um sistema produzir atividade externa ou realizar trabalho.”

Uma vez estabelecidos os conceitos, podemos afirmar que grande parte da eficiência energética conseguida nas organizações, é obtida através da alteração dos processos de gestão da energia, e não através da instalação de novas tecnologias. Neste sentido, interessante será o estudo realizado pela ADENE - Agência para a Energia e pelo I.S.T. (Instituto Superior Técnico), publicado em 2010, sob o título “Medidas de Eficiência Energética Aplicáveis à Indústria Portuguesa: Um Enquadramento Tecnológico Sucinto”.


Energia

Fig. 1 – Soluções e Medidas que podem contribuir para a Eficiência Energética na Indústria

Medidas Transversais:

Poupança (2010 – tep/ano)

(Fonte: ADENE, Estudo feito em colaborações c/ IST) Sistemas acionados por motores elétricos

27 080

Produção de calor e frio

164 429 1 911

Iluminação

155 164

Eficiência do processo industrial / Outros

1 089

Metalo-electro-mecânica

730

Metalurgia e Fundição Siderurgia

2 593

Outras indústrias (neste artigo não descriminadas)

39 844

tep – tonelada equivalente de petróleo. A tep é definida por convenção, como sendo igual a 10000 megacalorias.

Conforme os quadros constantes da Fig.1, podemos constatar que a segunda medida com mais impacto na eficiência energética é uma medida transversal a toda a indústria – “Eficiência do processo industrial / Outros”. Por sua vez esta medida, tão impactante no contributo para a eficiência energética da nossa indústria, desdobra-se nas seguintes ações exclusivamente processuais e organizacionais: • Monitorização e controlo • Integração de processos • Manutenção de equipamentos • Sistemas de Transporte (exclusivamente medidas de controlo operacional) • Formação e sensibilização de recursos humanos perfazendo, só estas, um total de 151 589 tep/ano. Se pensarmos que outras medidas, nomeadamente setoriais, também englobam medidas exclusivamente processuais e organizacionais, facilmente deduzimos que o total de poupança apresentado, decorrente de medidas deste tipo, é conservativo. Interessantes são, também, os resultados dos estudos que apontam para que, em termos percentuais, as poupanças nas pequenas organizações sejam equivalentes às organizações de maior dimensão. Colocando, assim, a eficiência energética como um fator transversal a todo o tecido empresarial. Nesta medida compreende-se porque uma política económica tão pragmática como a alemã, tenha criado incentivos e benefícios fiscais para as Organizações que adotem a ISO 50001.

De resto, a própria legislação nacional reconhece o potencial da ISO 50001, no PNAEE-Plano Nacional de Ação para a Eficiência Energética, para o período 2013-2016, publicado na Resolução do Conselho de Ministros de nº 20/2013 de 10 de Abril, através da referência: “Tendo em conta a execução e a avaliação do SGCIE (Sistema de Gestão dos Consumos Intensivos de Energia), pretende-se promover a sua revisão no sentido do alargamento do seu âmbito de aplicação, bem como da melhoria do grau de monitorização dos consumos de energia ou das condições de incentivo para estimular a adesão de empresas em regime voluntário. Pretende -se igualmente melhorar a monitorização da implementação das medidas de eficiência energética através, nomeadamente, da utilização de protocolos de medição e verificação. Com esta revisão do SGCIE pretende -se ainda dinamizar a adesão das empresas às normas europeias sobre sistemas de gestão de energia (ex. ISO 50001).” 2. A norma ISO 50001 e os seus requisitos A abordagem definida nesta norma permite às Organizações o tratamento de dados, o que leva à identificação de situações que podem ser corrigidas ou melhoradas ao nível do seu desempenho energético. A tal facto, não será indiferente o enquadramento e sistemática na organização dos requisitos desta norma, esquematicamente representados na figura da página seguinte.

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Energia

Situação de Referência

Objetivos e Metas

• Identificação dos usos de Energia • Determinação do desempenho energético

• Determinação do desempenho energético a atingir • Ações a implementar e responsabilidades e meios a utilizar

Mudança de Comportamentos • Procedimentos operacionais • Formação e sensibilização

Monitorização do Desempenho • Definição de indicadores • Recolha e análise de dados

Alguns dos requisitos desta norma e benefícios decorrentes da sua implementação são os seguintes: Requisitos Requisitos

Benefícios Benefícios

Definição de Política Energética, Objectivos, Metas e Planos de Acção.

Envolvimento da gestão de topo. A gestão de energia é integrada na gestão corrente.

Identificação sistemática dos usos e consumos energéticos e respectivos impactos.

Tudo é considerado. Enfoque nos aspetos que têm maior potencial de poupança.

Definição de processos e de procedimentos

Consistência na implementação. Maior eficiência nos processos.

Atribuições e responsabilidades de comunicação definidas.

Pessoal treinado, competente e com consciência das suas funções e responsabilidades. Maior envolvimento.

Requisitos

Benefícios

Implementação de Controlos Operacionais.

Incremento do uso eficiente de recursos. Minimização das situações de risco de desvios no consumo de energia.

Monitorização e medição do consumo de energia. Estabelecimento de relação entre o consumo e os factores que o influenciam.

Previsão do consumo de energia. Os desvios podem ser identificados e corrigidos. Informação relevante recolhida para a decisão.

Análises regulares ao desempenho conduzidos pela gestão de topo.

Podem ser identificadas tendências. Oportunidades para melhoria identificadas e implementadas. Melhoria contínua.

A opção pela implementação e certificação de Sistemas de Gestão de Energia, de acordo com a ISO 50001, poderá ainda surgir como reação a pressões na envolvente da Organização, nomeadamente: • Aumento dos custos de Energia (combustíveis, eletricidade) • Segurança no Abastecimento de Energia

08 Betão n.32 Julho/Agosto 2014

• Opinião Pública • Cumprimento de Legislação e Regulamentação • Certificação Energética (SGCIE e SCE) • Sistemas de Taxas e Impostos aplicáveis ao consumo de energia • Aspetos Ambientais a considerar na atividade da organização • Imagem competitiva da concorrência


Energia

Como resposta genérica a estas pressões, a norma desdobra-se nos seguintes requisitos: Requisitos

Requisitos

1

Âmbito

4.6

Verificação

2

Referências Normativas

4.6.1

Monitorização, medição e análise

3

Termos e definições

4.6.2

Avaliação de conformidade com as obrigações legais

4

Requisitos do Sistema de Gestão de Energia

4.6.3

Auditoria Interna do sistema de gestão de energia

4.1

Requisitos Gerais

4.6.4

4.2

Rsponsabilidade da gestão

Não conformidades, Correcções, Acções Correctivas e Preventivas

4.6.5

Controlo de Registos

4.2.1

Gestão de Topo 4.7

Revisão pela gestão

4.2.2

Representante da Gestão 4.7.1

Generalidades

4.3

Política energética 4.7.2

Entradas para a revisão pela gestão

4.4

Planeamento 4.7.3

Saídas da revisão pela gestão

4.4.1

Generalidades

4.4.2

Obrigações legais e outros requisitos

4.4.3

Avaliação energética

4.4.4

Consumo energético de referência

4.4.5

Indicadores de eficiência energética

4.4.6

Objectivos e metas e planos de gestão de energia

4.5

Implementação e funcionamento

4.5.1

Generalidades

4.5.2

Competência, treino e sensibilização

4.5.3

Comunicação

4.5.4

Documentação do sistema de energia

4.5.5

Controlo Operacional

4.5.6

Concepção e desenvolvimento

4.5.7

Aquisição de serviços, produtos, equipamento e energia

Resumo de alguns destes requisitos [in site Associação Portuguesa para a Certificação]: Requisito 3 – Termos e definições: estes incluem definições para energia, eficiência energética, desempenho energético, entre outros. Requisito 4.1 – Requisitos gerais: estes requerem que a organização defina e documente o âmbito e limites do seu SGE, de modo a atingir a melhoria contínua do seu desempenho energético. Requisito 4.2 – Responsabilidade da Gestão: na definição da política energética, nomeação de um representante da gestão, aprovação da formação de uma equipa de gestão de energia e disponibilizando os recursos necessários ao estabelecimento, implementação, manutenção e melhoria do SGE. Requisito 4.3 – Política energética: A política deve declarar o compromisso da organização para atingir a melhoria do desempenho energético, inclui, entre outros, a compra de produtos e serviços energeticamente eficientes e desenvolvimento para a melhoria do desempenho energético.

Julho/Agosto 2014 Betão n.32 09


Energia

Requisito 4.4 – Planeamento energético: esta cláusula inclui requisitos para a revisão das atividades da organização que possam afetar o desempenho energético, para uma análise de requisitos legais, para a revisão dos aspetos energéticos, para o estabelecimento de uma “base energética” fundamentada no passado energético, para o desenvolvimento de indicadores, objetivos e metas de desempenho energético e planos de ação para o cumprimento dos mesmos. Requisito 4.5 – Implementação e operação: Esta cláusula visa a necessidade de pessoal competente, em termos de habilitação, formação ou experiência adequada; documentação, incluindo controlo documental; comunicação interna e externa; desenvolvimento de processos, sistemas, equipamentos e/ou infraestruturas novos, modificados ou renovados; e a procura de serviços de energia, produtos, equipamentos e fornecimento de energia.

Requisito 4.6 – Verificação: esta cláusula requer que a organização defina as monitorizações, medições e análise necessárias para assegurar a implementação efetiva do seu SGE, para avaliar periodicamente o nível de conformidade legal, conduzir auditorias internas, identificar não conformidades e implementar as correções, ações corretivas e preventivas necessárias. Requisito 4.7 – Revisão pela gestão: à semelhança de outros sistemas de gestão, esta cláusula requer que a organização reveja periodicamente o desempenho do seu SGE, tendo em conta critérios de entrada claramente definidos, e de modo a estabelecer e implementar ações que possam ser necessárias para assegurar a sua eficácia contínua. Anexo A – Fornece orientações para a implementação de cada requisito definido na cláusula 4 da Norma.

Fig. 2 – Modelo de sistema de gestão de energia para esta Norma

Melhoria contínua Política energética

Revisão pela gestão

Planeamento da energia Implementação e operação

Monitorização, medição e análise

Verificação

Auditoria interna ao SGE

10 Betão n.32 Julho/Agosto 2014

Não conformidades, correcções, acções correctivas e preventivas


Energia

3. Considerações Finais Aplicável na indústria, serviços ou qualquer outro tipo de Organizações, a norma ISO 50001 fornece, assim, um referencial para demonstrar a implementação de um sistema eficaz para atingir melhorias no desempenho energético. A norma é baseada em elementos comuns com outras normas ISO, como a ISO 9001 ou a ISO 14001, assegurando um alto nível de compatibilidade entre elas. De resto, à semelhança destas, o ciclo de Deming ou PDCA (Plan-Do-Check-Act), é, também, a metodologia de base adotada para o Sistema de Gestão de Energia. Esta metodologia permite enquadrar e focalizar a Organização num ciclo de Melhoria Contínua, desta feita, do seu desempenho energético, conforme o ilustrado na figura abaixo.

• Minimizar os impactos ambientais associados aos consumos de energia. • Apoiar a redução de custos operacionais. • Promoção da implementação de boas práticas de gestão de energia. • Suportar o cumprimento de requisitos legais e de objetivos ambientais. • Assegurar a credibilidade e maior transparência em processos / contratos que dependam da performance no uso da energia. • Fundamentar a avaliação de programas de eficiência energética. • Redução dos riscos, dos respetivos custos financeiros e da exposição a penalidades legais. • Incrementar a capacidade de resposta a presentes e futuros requisitos dos clientes e do público em geral.

© Carlos Noronha – Crusader; Edifício Natura Towers, Lisboa

O nível de detalhe e de complexidade do Sistema de Gestão de Energia, a amplitude da documentação e dos recursos que lhe são afetos, dependem de vários fatores, como a dimensão da organização, o âmbito do sistema, a natureza das suas atividades, produtos e serviços.

Em síntese, pode afirmar-se que o objetivo desta norma é definir os requisitos para um sistema de gestão de energia que permita às organizações estabelecer os sistemas e processos necessários para melhorar o seu desempenho energético global, incluindo a utilização, consumo e eficiência energética, permitindo, assim, a redução de custos com a energia. Outros benefícios podem, no entanto, ser ressalvados:

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Técnica

Utilização de Agregados Grossos Reciclados de Resíduos da Pré-fabricação Parte I - Programa Experimental, Apresentação e Análise dos Resultados dos Ensaios aos Agregados Diogo Soares, Mestre em Eng. Civil, ICIST/IST, Lisboa Jorge de Brito, Professor Catedrático, ICIST/IST/DECivil, Lisboa João Ferreira, Professor Associado, ICIST/IST/DECivil, Lisboa João Pacheco, Mestre em Eng. Civil, ICIST/IST, Lisboa

Sumário Este artigo apresenta os resultados de uma campanha experimental desenvolvida com o intuito de avaliar o efeito da incorporação no betão de agregados provenientes da reciclagem de elementos de betão produzidos pela indústria da pré-fabricação. Pretendeu-se, em particular, estudar a utilização da fracção grossa destes agregados reciclados em diferentes percentagens de substituição e a possibilidade ou necessidade de se preceder à compensação dessa composição através da utilização de vários teores de um superplastificante, de modo a recuperar as características de um betão de referência, ou seja, um betão fabricado com composição análoga mas em que a totalidade dos agregados é de origem natural. Realizou-se uma extensa campanha de ensaios experimentais de forma a avaliar as propriedades mecânicas e de durabilidade do betão. Este artigo encontra-se dividido em duas partes distintas. Nesta primeira parte, faz-se uma introdução à temática abordada e descreve-se o programa experimental adoptado. Seguidamente, apresenta-se e analisa-se os resultados obtidos nos ensaios aos agregados, tanto naturais como reciclados. 1. Introdução Com o crescimento e desenvolvimento da população, deu-se um aumento proporcional do consumo de recursos naturais e energia. Por isso, e pelas inevitáveis consequências que lhe estão associadas, tem-se assistido a uma mudança de mentalidades em relação ao meio ambiente. Um dos sectores com maior responsabilidade pelo consumo de recursos naturais e pela geração de resíduos é a indústria da construção, pro-

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duzindo anualmente aproximadamente 850 milhões de toneladas de resíduos na União Europeia, o que equivale a cerca de 31% da produção total, a maior de todos os sectores [1]. Deste modo, os resíduos da construção e demolição (RCD) são, sem dúvida, um dos grandes focos de atenção na procura da construção sustentável. Os RCD provocam diversos impactes ambientais, tais como o uso de áreas de aterro, deposições em locais ilegais, assoreamento de rios e lagos, para além do próprio desperdício de material. Apesar destes aspectos negativos, apenas em alguns países se assiste a elevadas taxas de aproveitamento dos RCD, tais como Holanda e Dinamarca que apresentam taxas de reciclagem superiores a 90% [2]. Por outro lado, encontram-se países como Espanha e Portugal que ainda apresentam reduzidas quantidades recicladas, cerca de 10% e 5%, respectivamente [3, 4]. Esta discrepância pode ser explicada pela existência nos primeiros países de leis que regulam a reutilização e reciclagem, impondo percentagens a atingir, e de elevadas taxas de deposição dos resíduos em aterro [2]. No sentido de incrementar o aproveitamento de resíduos, foi definido a nível europeu uma meta para 2020, conforme disposto na Directiva n.º 2008/98/CE, em que 70% dos RCD (excluindo solos e rochas sem presença de substâncias perigosas) terão que ser reutilizados ou reciclados. Uma das formas de recuperar os RCD é a transformação dos mesmos em agregados, os quais são passíveis de diversas aplicações. A Associação Europeia de Agregados estima uma produção anual de 3 biliões de agregados na União Europeia, em que os agregados reciclados (AR) gerados representam apenas cerca de


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5% da mesma [5]. Segundo a associação referida, os países que geram mais AR são a Alemanha e o Reino Unido, aos quais corresponde uma produção de 65 e 50 milhões de toneladas, respectivamente. No entanto, o país com maior rácio entre a produção de AR e a total é a Holanda (cerca de 25%). Relativamente a Portugal, estima-se que a produção deste tipo de agregados seja praticamente nula. Uma vez que o betão é um dos principais constituintes dos RCD [6, 7], uma parte importante dos AR corresponde a este material. Este tipo de agregados pode ser obtido pela demolição de estruturas de betão e pela reciclagem de elementos pré-fabricados e provetes laboratoriais. São conhecidas actualmente diversas aplicações dos agregados reciclados de betão (ARB), como em fundações, pavimentação, estabilização de solos, betão armado, entre outras [6, 8]. É com o intuito de estudar este tipo de agregados que surge esta investigação, visando contribuir para o aprofundamento do conhecimento das propriedades de betões produzidos com os mesmos (a nível do material), mais concretamente agregados grossos reciclados de betões (AGRB) provenientes da indústria de pré-fabricação. Analisou-se um extenso leque de propriedades a nível do material, tanto sobre o comportamento mecânico como em termos da durabilidade do betão, ao contrário da maioria dos estudos existentes que focam apenas algumas delas. Procurou-se, também, quantificar o benefício da utilização de um superplastificante (SP) num betão com substituição integral dos agregados grossos primários (AGP). Esta investigação surge no âmbito de um projecto no qual estava prevista a execução de quatro estruturas de dois pisos de betão armado à escala real, com os betões analisados neste artigo. A realização de ensaios nestas estruturas constitui a componente mais inovadora do projecto, uma vez que até à data não há quaisquer estudos sobre ensaios de estruturas à escala real produzidas com betões com AR. Estes ensaios incluíram ensaios de caracterização in situ do betão, ensaios não destrutivos de caracterização dinâmica das estruturas e ensaios de carga horizontal e vertical, o primeiro dos quais destrutivo. Estes aspectos serão alvo de análise noutros artigos. Sendo, em geral, o betão utilizado em pré-fabricação de muito boa qualidade, é de esperar que a sua utilização para obtenção de agregados grossos a incorporar no fabrico de novos betões apresente vantagens relativamente à reciclagem de betões comuns. Além disto, os resíduos originados pelos elementos de betão pré-fabricados não possuem qualquer tipo de contaminantes, ao contrário dos RCD. Deste modo, com os resultados deste estudo pôde-se comprovar a possibilidade de utilização de taxas de substituição dos agregados superiores às previstas nos regulamentos existentes, desde que seja demons-

trada a qualidade dos AGRB. Assim, pretendeu-se que a investigação contribuísse para uma utilização mais abrangente dos AR, resultando numa diminuição dos impactes ambientais associados à prática construtiva. 2. Estado da arte De um modo geral, a incorporação, total ou parcial, de AR na composição de um betão leva a um desempenho inferior deste, face a um betão análogo composto exclusivamente por agregados primários (AP). Tal pode ser justificado pelas distintas características que os AR possuem em relação aos AP. Os AR obtidos a partir de elementos de betão são compostos por AP e por uma pasta endurecida, constituída por cimento e finos primários, aderida aos AP. Em geral, os AP (grossos e finos) constituintes dos ARB representam entre 65% a 70% do seu volume, sendo o restante pertencente à argamassa aderida [9]. A presença desta pasta aderida aos agregados do betão original provoca uma textura rugosa e elevada porosidade nos AR, tendo influência directa nas principais diferenças encontradas nas características dos ARB face aos AP [10]. Entre elas, destacam-se: a elevada absorção de água, o maior desgaste de Los Angeles, os menores valores de baridade e massa volúmica e a geometria mais irregular por parte dos AR relativamente aos AP [11]. No entanto, Leite [12] e Poon et al. [9] mencionam que a textura rugosa dos ARB, aliada à sua elevada porosidade, pode proporcionar uma maior quantidade de produtos de hidratação nos poros dos agregados, permitindo um maior adensamento da zona de transição, o que poderá vir a melhorar o desempenho final dos betões. Quanto às propriedades físicas dos betões, trabalhabilidade e massa volúmica, várias investigações indicam que existe influência da incorporação de AGRB nos betões. A massa volúmica dos betões, sendo o resultado das ponderações dos vários materiais que os constituem, irá ser inferior, em consequência da menor massa volúmica dos AGRB, em comparação com um betão homólogo natural (BR) [11]. A trabalhabilidade, além da referida influência da absorção de água dos agregados [13, 14], pode ser afectada pela forma e textura das partículas dos AGRB [8, 15]. Ferreira et al. [16] concluíram que, para corrigir a menor trabalhabilidade dos betões com agregados reciclados (BAR), é preferível recorrer à compensação de água durante a amassadura do que à pré-saturação dos agregados. O desempenho mecânico do betão nem sempre é afectado pelos AGRB. De um modo geral, para a resistência à compressão e à tracção, quando mantida a trabalhabilidade e a curva granulométrica dos agregados, não existe uma clara tendência da influência da introdução deste tipo de agregados nos betões. Na

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Técnica

resistência à compressão, existe uma variação considerável de resultados entre várias investigações existentes neste domínio, sendo que numas a resistência decresceu com o teor de AGRB [17-19], enquanto noutras não existiu modificação da mesma [20, 21]. Para a resistência à tracção (por compressão diametral), os resultados encontrados indicam uma proximidade de valores entre os betões com agregados grossos reciclados de betão (BAGRB) e o BR [20, 22]. Pelo contrário, o módulo de elasticidade dos betões é influenciado significativamente, sendo o decréscimo desta propriedade proporcional ao aumento de AGRB, o que é justificado sobretudo pela maior deformabilidade da pasta aderida aos AR em relação aos AP [23]. Tabsh e Abdelfatah [14] referem que estas duas propriedades dependem da qualidade do betão a partir do qual se obtêm os AR. É esperado que a incorporação de AGRB aumente a resistência à abrasão dos betões, como resultado da melhor aderência entre os agregados e a matriz cimentícia [24]. Esta é a única propriedade em que é expectável melhor desempenho por parte de BAGRB em relação ao BR. As referências bibliográficas relativas à velocidade de propagação dos ultra-sons foram bastante claras [18, 25, 26]: a velocidade dos ultra-sons será tanto menor quanto maior for a taxa de incorporação de AGRB. A utilização de ARB gera betões com menor desempenho relativamente às propriedades relacionadas com a sua durabilidade, principalmente devido à maior porosidade deste tipo de agregados. Este desempenho inferior pode também ser justificado pelas fissuras e fendas que são formadas nos AR durante o processo de trituração, tornando, assim, o agregado susceptível à penetração, difusão e absorção de fluidos [27]. No que concerne à retracção, à resistência à penetração dos cloretos e à carbonatação, é expectável que ocorram perdas de desempenho com a inclusão de AGRB [27-30]. No entanto, existem alguns estudos contraditórios em que não se verificou influência significativa da incorporação deste tipo de agregados [31-32] Relativamente às absorções de água por imersão e capilaridade, as conclusões nas várias campanhas experimentais são semelhantes, indicando um aumento da taxa de absorção proporcional ao incremento dos AGRB nos betões [17, 27, 28]. Levy e Helene [32], reportando Wirquin et al., referem que o processo de absorção de água nos betões com AR e num betão convencional é análogo e obedece às mesmas leis. O efeito dos AR no betão pode ser mitigado através da utilização de SP na formulação do betão. Um dos objectivos do emprego deste tipo de adjuvante é a redução da água de amassadura mantendo-se a mesma trabalhabilidade, o que, para a mesma dosa-

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gem de cimento, reduz a relação água/cimento (a/c) e eleva o desempenho do betão [34]. Algumas investigações foram realizadas neste âmbito em BAR: Corinaldesi e Moriconi [35] procuraram estudar a influência de cinzas volantes e sílica de fumo aliadas à utilização de SP num betão com substituição integral dos AP por AR. Pereira et al. [36, 37] analisaram a influência de SP no desempenho mecânico de betões com agregados finos reciclados (com diferentes taxas de substituição). Barbudo et al. [38] procuraram quantificar o efeito de SP no comportamento mecânico de BAGRB (com diferentes taxas de substituição). Os diversos autores concluíram que a utilização de SP é benéfica em relação a todas as propriedades analisadas. Deste modo, conseguiram atenuar o efeito dos AR, sendo que, em algumas propriedades, o desempenho dos BAR foi superior ao de um betão convencional. Todos os autores utilizaram uma dosagem de SP de 1% da quantidade de cimento. Ao nível das regulamentações existentes para a aplicação de AR em betão, Gonçalves e Brito [7] realizaram um extenso levantamento das mesmas a nível internacional. Os autores referem que as normas se regem essencialmente por duas filosofias. Enquanto a primeira consiste em incorporar AR em pequena quantidade para que não tragam prejuízos ao betão, a outra permite maiores percentagens de substituição de AP por AR, mas são estabelecidos coeficientes correctivos de modo a considerar o decréscimo de desempenho do betão. Geralmente os agregados são separados em várias categorias (consoante a sua composição) e são impostas algumas condições de utilização, tais como a classe de resistência ou classe de exposição ambiental do betão, e requisitos mínimos para as suas propriedades (massa volúmica, absorção de água, teor de sulfatos, entre outras). Alguns países, como Portugal, Espanha, Reino Unido e Alemanha, têm uma taxa de substituição de cerca de 20% como limite para a incorporação de AGRB (com mais de 90 a 95% dos seus constituintes provenientes de betão ou argamassa) em betões estruturais. 2. Programa Experimental 2.1. Materiais O agregado primário fino utilizado foi a areia siliciosa, dividida em duas fracções granulométricas (areia fina e areia grossa), tendo sido empregue em todas as amassaduras de betão efectuadas. Relativamente à fracção grossa dos agregados naturais, foram utilizados três tipos de pedra calcária (bago de arroz, brita 1 e brita 2). Os AR foram obtidos pela britagem de elementos de betão da indústria de pré-fabricação de classe de resistência de C35/45 e C40/50, que tinham a função de suportar vigas de longa extensão (Figura 1), tendo sido aproveitada apenas a sua fracção grossa


Técnica

(4-10 mm e 10-20 mm). A máxima dimensão do agregado foi de 22,4 mm. Foi utilizado um cimento tipo I da classe 42,5R. Relativamente ao SP, utilizou-se o produto SikaPlast 898, que é considerado um SP de alto desempenho, que tem por base química uma combinação de policarboxilatos modificados em solução aquosa.

Figura 1. Maciços demolidos

2.2. Composição dos betões Numa primeira fase experimental, formulou-se um total de onze composições de betão. Além do betão de referência (BR), foram estudados BAR com taxas de substituição de AGP por AGRB de 10, 20, 30, 40, 50 e 100% (B10 a B100) e ainda betões com 100% de AGRB com percentagens de incorporação de superplastificante de 0,5, 1, 1,5 e 2% da dosagem de cimento (B100SP0.5 a B100SP2.0). A substituição dos agregados foi efectuada por volume, resultando numa menor massa de AGR a incorporar nos betões comparativamente aos AGP. A utilização do superplastificante teve o objectivo de diminuir a quantidade de água utilizada nos BAR e, consequentemente, diminuir a relação a/c para uma mesma trabalhabilidade. Esta fase teve como principal objectivo determinar-se quais as composições a analisar na fase seguinte, o que foi feito com base na resistência à compressão dos betões. À partida, duas das composições estavam definidas: BR e B100 (com o intuito de analisar até que ponto ocorreria uma perda de desempenho num BAGRB). Na segunda fase, procurou-se estudar outras duas composições, além das referidas: uma, com uma taxa de incorporação de AGRB a definir mas sem afectar a resistência do betão; a outra, com a percentagem mínima de superplastificante que permite compensar a perda de desempenho do B100 face ao BR. Por outras palavras, pretendeu-se escolher as composições que apresentassem resistências mais próximas

das do BR. O objectivo desta segunda fase foi avaliar o desempenho, tanto mecânico como de durabilidade, destes betões. O betão utilizado como referência apresenta uma composição tradicional, com agregados naturais calcários e siliciosos, sem aditivos ou adições. Este betão foi formulado de acordo com as directivas da norma NP EN 206-1 [39] e especificação LNEC E 464 [40], através do método de Faury. Os restantes betões a serem produzidos tiveram por base a formulação do BR, ou seja, a proporção dos seus vários constituintes é igual à utilizada no BR, mantendo-se a curva granulométrica dos agregados. Na primeira fase da campanha experimental, foram peneirados todos os AGP e AGR, separando-os em várias fracções, com o intuito de minimizar a diferença entre as curvas granulométricas dos vários betões. Por sua vez, na segunda fase, ajustou-se simplesmente as curvas granulométricas dos agregados à curva de referência de Faury, de forma a estarem concordantes com as utilizadas em betões de pórticos à escala real, os quais foram também alvo de ensaios que são discutidos noutros artigos. Outro aspecto mantido constante nos betões é a trabalhabilidade, sendo assim possível realizar uma adequada e correcta comparação entre as propriedades dos diferentes betões. Deste modo, definiu-se um intervalo de valores de abaixamento na ordem de 120 ± 10 mm, os quais estão dentro da classe de abaixamento S3. Para manter a trabalhabilidade constante nos BAR, recorreu-se ao método de compensação de água durante a amassadura, o qual assenta no fornecimento de uma quantidade adicional de água suficiente equivalente à absorção de água dos AGRB, como sugerido por Ferreira et al. [16]. As composições de todos os betões analisados são apresentadas nos Quadros 1 e 2, para a primeira fase experimental, e no Quadro 3, para a segunda fase. 2.3. Ensaios aos agregados Os AP (grossos e finos) e os ARB (grossos) empregues no fabrico das várias composições de betões analisadas foram alvo de diversos ensaios normalizados: • Análise granulométrica: norma NP EN 933-1 [41]; • Massa volúmica e absorção de água: norma NP EN 1097-6 [42]; • Baridade: norma NP EN 1097-3 [43]; • Desgaste de Los Angeles: norma NP EN 1097-2 [44] – apenas em agregados grossos; • Índice de forma: norma NP EN 933-4 [45] – apenas em agregados grossos; • Teor de humidade: norma NP EN 1097-5 [46] – apenas em agregados grossos.

Julho/Agosto 2014 Betão n.32 15


Técnica Quadro 1 - Composição dos betões: primeira fase experimental (BR e BAR sem SP) Massa dos componentes (kg/m3) Componentes

BR

B10

B20

B30

B40

B50

B100

4 - 5,6 mm

109,3

98,4

87,4

87,4

65,6

54,7

-

5,6 - 8 mm

124,7

112,2

99,7

99,7

74,8

62,3

-

8 - 11,2 mm

126,0

113,4

100,8

100,8

75,6

63,0

-

11,2 - 16 mm

322,5

290,3

258,0

258,0

193,5

161,3

-

16 - 22,4 mm

326,1

293,5

260,9

260,9

195,6

163,0

-

4 - 5,6 mm

-

10,0

20,1

20,1

40,1

50,2

100,3

5,6 - 8 mm

-

11,4

22,8

22,8

45,6

57,0

114,0

8 - 11,2 mm

-

11,6

23,1

23,1

46,3

57,9

115,7

11,2 - 16 mm

-

30,0

59,9

59,9

119,8

149,8

299,6

16 - 22,4 mm

-

30,3

60,6

60,6

121,1

151,4

302,9

Areia grossa

543,3

543,3

543,3

543,3

543,3

543,3

543,3

Areia fina

249,6

249,6

249,6

249,6

249,6

249,6

249,6

Cimento

350,0

350,0

350,0

350,0

350,0

350,0

350,0

Água

182,0

183,1

184,2

185,1

186,9

189,9

193,3

Relação a/c efectiva

0,52

0,52

0,52

0,52

0,52

0,52

0,52

Relação a/c aparente

0,52

0,52

0,53

0,53

0,53

0,54

0,55

0

0

0

0

0

0

0

Agregados grossos naturais

Agregados grossos reciclados

Superplastificante

Quadro 2 - Composição dos betões: primeira fase experimental (BAR com SP) Massa dos componentes (kg/m3) Componentes B100SP0.5

B100SP1.0

B100SP1.5

B100SP2.0

4 - 5,6 mm

105,7

105,4

105,7

105,9

5,6 - 8 mm

120,1

119,8

120,1

120,4

8 - 11,2 mm

121,9

121,6

121,9

122,2

11,2 - 16 mm

315,6

314,8

315,6

316,3

16 - 22,4 mm

319,1

318,3

319,1

319,8

Areia grossa

572,3

570,9

572,3

573,7

Areia fina

263,0

262,3

263,0

263,6

Cimento

350,0

350,0

350,0

350,0

Água

155,7

157,9

154,4

148,0

Relação a/c efectiva

0,41

0,41

0,40

0,39

Relação a/c aparente

0,44

0,45

0,44

0,42

Superplastificante

1,8

3,5

5,3

7,0

Agregados grossos reciclados

16 Betão n.32 Julho/Agosto 2014


Técnica Quadro 3 - Composição dos betões: segunda fase experimental Massa dos componentes (kg/m3) Componentes BR

B25

B100

B100SP1.0

Bago de arroz

176,0

132,0

-

-

Brita 1

261,4

196,0

-

-

Brita 2

666,8

500,1

-

-

AGRB 4-10

-

83,3

333,3

352,0

AGRB 10-20

-

171,0

683,8

722,3

Areia grossa

448,4

448,8

450,1

475,5

Areia fina

243,4

243,8

245,1

258,8

Cimento

350,0

350,0

350,0

350,0

Água

185,5

194,8

206,4

159,2

Relação a/c efectiva

0,54

0,54

0,54

0,40

Relação a/c aparente

0,54

0,55

0,59

0,45

0

0

0

3,5

Agregados grossos naturais

Agregados grossos reciclados

Superplastificante

2.4. Ensaios ao betão no estado fresco Nas duas fases experimentais, os ensaios do betão no estado fresco foram os seguintes: • Abaixamento (cone de Abrams): NP EN 12350-6 [47]; • Massa volúmica: norma NP EN 12350-6 [48]; 2.5. Ensaios ao betão no estado endurecido No estado endurecido do betão (propriedades mecânicas e de durabilidade), foram efectuados os seguintes ensaios: • Resistência à compressão: norma NP EN 12390-3 [49]; • Resistência à tracção por compressão diametral: norma NP EN 12390-6 [50]; • Módulo de elasticidade: especificação LNEC E 397 [51]; • Velocidade de propagação de ultra-sons: norma NP EN 12504-4 [52]; • Resistência à abrasão: norma Alemã DIN 52108 [53]; • Retracção: especificação LNEC E 398 [54]; • Absorção por imersão: especificação LNEC E 394 [55]; • Absorção por capilaridade: especificação LNEC E 393 [56]; • Resistência à carbonatação: especificação LNEC E 391 [57]; • Resistência à penetração dos cloretos: especificação LNEC E 463 [58]. 3. Apresentação e análise dos resultados dos ensaios aos agregados Sendo os agregados os elementos maioritários que constituem o betão, têm influência nas características no estado fresco e endurecido do mesmo. Assim, o

conhecimento das suas propriedades é de extrema importância, sendo possível realizar-se uma melhor caracterização dos betões que incorporam os agregados. As propriedades analisadas são apresentadas no Quadro 4 e a curva granulométrica dos agregados é apresentada na Figura 2. Como se observa no referido quadro, a massa volúmica dos AGRB é ligeiramente inferior à dos AGP. A redução de massa volúmica variou aproximadamente entre 2,5%, para a massa volúmica do material impermeável, e 10%, para a massa volúmica do material seco. Por sua vez, a absorção de água dos AGRB é elevada (4,61%) quando comparada à dos AGP (1,41%). No entanto, quando estes valores são comparados aos obtidos nas demais investigações analisadas, verifica-se que a massa volúmica dos AGRB se situa acima da média e a absorção de água abaixo da mesma. O teor de humidade foi calculado para que fosse possível prever a quantidade de água a adicionar em cada amassadura para compensar a capacidade de absorção de água dos AR. O seu valor variou em função do local de armazenamento dos agregados e das condições climatéricas do local, tendo variado entre 1,6 e 3,5%. Tal como a massa volúmica, a baridade dos AGRB é inferior à dos AGP (redução na ordem de 10%). Porém, o volume de vazios é igual nos dois tipos de agregados. Com isto, conclui-se que a ocupação dos espaços dentro de um recipiente é praticamente igual, sendo a baridade inferior nos AR devido à menor massa volúmica da pasta de cimento.

Julho/Agosto 2014 Betão n.32 17


Técnica Quadro 4 - Propriedades dos agregados finos e grossos

Areia fina

Areia grossa

Bago de arroz

Brita 1

Brita 2

AGRB 4-10

AGRB 4-10

Material impermeável

2537

2622

2708

2756

2717

2654

2665

Seca

2511

2590

2634

2623

2621

2367

2370

Saturada com superfície seca

2522

2602

2661

2671

2657

2475

2481

Baridade (kg/m3)

1583

1536

1407

1434

1368

1285

1248

Absorção de água, 24h (%)

0,41

0,46

1,04

1,84

1,34

4,57

4,66

Desgaste de Los Angeles (%)

-

-

22,3

27,2

31,5

33,3

41,2

Índice de forma (%)

-

-

16,4

21,7

14,5

11,5

12,2

Propriedade

Massa volúmica (kg/m3)

Figura 2. Curva granulométrica dos vários agregados

Relativamente ao desgaste de Los Angeles, os valores máximos registados ocorreram nos AGRB. Assim, este tipo de agregados apresenta um desgaste superior ao dos AGP, o que se deve principalmente à menor capacidade resistente da argamassa aderida aos AR em relação ao material pétreo. Tal está de acordo com o registado nas investigações de outros autores. No entanto, notou-se uma diferença dos valores entre as duas fracções granulométricas dos AGRB, sendo que a menor fracção dos AGRB obteve um desgaste semelhante ao da brita 2 (AP). Os AGRB utilizados nesta investigação têm um índice de forma ligeiramente inferior ao dos AP. Tal pode ser justificado pelo processo de britagem, que foi semelhante nos dois tipos de agregados. Para o mesmo processo de britagem, as partículas dos AR tendem a formas mais arredondadas do que as dos AP [15]. Constatou-se, em geral, uma menor qualidade nos AGRB relativamente aos AP (à excepção do índice de forma). Porém, a diminuição das várias características analisadas foi inferior à que ocorreu em estudos semelhantes de outros autores, concluindo-se que os AR utilizados neste estudo, provenientes de elementos de betão pré-fabricados, são de boa qualidade. De facto, o índice de forma mais baixo aliado à rugosidade e porosidade dos AR (que contribuem para melhores ligações entre estes e a matriz cimentícia), pode contribuir para um aumento da resistência dos betões.

18 Betão n.32 Julho/Agosto 2014

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Técnica

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Ambiente e Segurança

Trabalhadores investem na sua própria segurança Celestino Martins, Mestre em Segurança e Higiene no Trabalho, Coordenador SSMA Betão Portugal da Cimpor, uma empresa Intercement

Introdução Criar e manter boas condições de trabalho, nomeadamente no respeitante à Segurança e Saúde dos trabalhadores, é reconhecido por muitos gestores como uma mais-valia na produtividade da sua Organização. Gestores atentos às repercussões positivas de um ambiente de trabalho seguro e saudável transferiram o conceito de custo com a segurança para investimento nos recursos humanos.

A estreita relação entre a SST e a produtividade é inquestionável. No entanto, a situação socioeconómica do país, com repercussões nefastas nos resultados das empresas potencia o desinvestimento nas pessoas, decisão de elevado risco porque, citando Chiavenato (2004 p 59), “As organizações dependem das pessoas para dirigi-las e controlá-las e para fazê-las operar e funcionar. Toda a organização é constituída por pessoas e delas depende para o seu sucesso e continuidade. (…) A moderna ARH [administração de recursos humanos] procura tratar as pessoas como pessoas e não apenas como importantes recursos organizacionais…” E, é nas pessoas, parte interessada na sustentabilidade da organização, que está a resposta para obter bons resultados em SST com um baixo investimento financeiro, considerando que, como refere Chiavenato (2004 p 59), “além de executar as tarefas, cada pessoa deve consciencializar-se de que ela deve ser o elemento de diagnóstico e de solução de problemas para obter uma melhoria contínua de seu trabalho dentro da organização.” As pessoas no sistema de gestão da SST

A gestão das pessoas – capital humano das organizações – tem vindo a assumir um papel estratégico na gestão das empresas, por “já não se trata de administrar empregados mas de criar alinhamentos entre os interesses das pessoas e as organizações” (Pina e Cunha et al., 2010 p 121). A Segurança e Saúde no Trabalho (SST), parte indissociável desses alinhamentos, consolida-se como um subsistema de gestão organizacional, cujos resultados, segundo Mascarenhas et al. (2009), determinam a efetividade operacional das actividades sem descurar a importância do equilíbrio entre a redução dos riscos e o investimento decorrente dos esforços preventivos A implementação de um sistema de gestão da SST, para além de permitir responder às exigências legais, facilita a acção preventiva com o objectivo de reduzir as probabilidades de ocorrência dos acidentes de trabalho e doenças profissionais, cujos custos, estimado para Portugal durante o ano de 2005 ascenderam, segundo Almeida (2007), a 1.600 milhões de euros, representando cerca de 1% do PIB gerado nesse período.

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Considerando como objectivo principal da SST a protecção das pessoas, estas devem ser envolvidas nas decisões preventivas como estímulo, e responsabilização, para alcançar a meta desejável do zero acidente. A não assunção da condição “envolvimento dos colaboradores” por parte dos gestores poderá inviabilizar muitas das acções previstas e, consequentemente, a melhoria contínua das condições de trabalho. O facto das organizações investirem em medidas técnicas (plataformas e guarda-corpos, dispositivos de bloqueio de segurança, etc.) e organizacionais (procedimentos, regras, etc.) para controlo dos riscos profissionais não garante, só por si, a eliminação ou mitigação da probabilidade de ocorrer um acidente. O comportamento das pessoas (líderes e trabalhadores) perante o risco, decorrente de um vasto conjunto de factores internos e/ou externos, não pode ser descurado quando da avaliação dos riscos e/ou da determinação da causalidade dos acidentes ou doenças profissionais. O mútuo envolvimento dos actores laborais foi reconhecido por Christa Sedlatschek in EU-OHSA (2012),


Ambiente e Segurança

quando no lançamento da Campanha Europeia “Juntos na prevenção dos riscos profissionais” envia a seguinte mensagem: ”Seja qual for a dimensão da organização, a liderança de topo e a participação activa dos trabalhadores são cruciais para uma gestão bem-sucedida da segurança e saúde no trabalho.” A integração dos factores humanos no sistema de gestão da SST é imprescindível para a prossecução dos objectivos preventivos, conforme referido por Daniellou (2001) ao demonstrar que no contínuo de abordagens à segurança industrial a evolução das estratégias, desde as suportadas nas melhorias técnicas até às focadas na inter-relação da actividade humana com a organização, permitiu reduzir significativamente a sinistralidade (figura 1).

Figura 1 – Abordagens sucessivas à segurança industrial Fonte: Adaptado de Daniellou et al (2011, p 3).

de Segurança Comportamental: “Pensar e Agir em Segurança” no sistema de gestão da SST destas empresas. Este programa suporta-se em dois pressupostos: I. o trabalhador (onde se incluem todos os gestores) é o principal interessado em não sofrer qualquer acidente ou doença profissional); II. a empresa promove e facilita a existência de condições de trabalho saudáveis. Para operacionalizar o programa foi necessário dotar todos os intervenientes com competências em SST, através da formação e informação e facilitar a sua participação através da consulta e do estímulo à iniciativa preventiva. A gestão de topo e os directores de produção e mercado receberam formação em gestão do sistema de SST, avaliação de riscos, investigação de acidentes de trabalho, controlo de riscos e segurança comportamental, enquanto os trabalhadores receberam formação em SST transversal a todos os princípios gerais de prevenção e direccionados à função de cada um, acrescida de formação sobre percepção do risco e comportamentos seguros. Em cada centro de produção foi formado um trabalhador para as funções de representante do empregador para a SST, num curso desenhado internamente e validado pela ACT. A partir de 2011 foi promovida a auto-aprendizagem em grupo e adoptada a metodologia andragogica na aprendizagem. De acordo com Augusto & Fonseca (2013, p 34) dotou-se os trabalhadores com um “escudo humano preventivo face ao perigo”. Reforçando o compromisso visível da administração, através da política de SST, a visibilidade dos gestores, nomeadamente os directores de produção e mer-

Como se pode verificar pela figura, desde o início do século as empresas tendem a mudar o paradigma da gestão em vigor, através do envolvimento activo dos colaboradores, como garante da eficácia das acções técnicas e organizacionais que serviram de suporte à implementação do sistema de gestão da SST. As empresas do grupo Cimpor/Intercement, a partir de 2004, alinharam os seus sistemas de gestão com essa nova abordagem ao adoptarem uma metodologia de integração plena dos colaboradores na melhoria do sistema da segurança e saúde no trabalho. O envolvimento dos trabalhadores O envolvimento dos trabalhadores da Betão Liz e da Ibera, na prevenção proativa dos riscos profissionais a que estão expostos, decorre da integração do programa

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Ambiente e Segurança

cado, surge do exemplo preventivo e da coordenação das avaliações de riscos, investigação dos acidentes e quase acidentes de trabalho, planeamento das acções preventivas, efectuadas conjuntamente com o representante SST do centro de produção e restantes colaboradores. Dirige as reuniões da comissão de acompanhamento SST local e facilita formações e informações no local de trabalho.

Os trabalhadores são estimulados a desenvolverem comportamentos proactivos na autoprotecção e proteção do grupo através da informação e consulta, como o diálogo de segurança, a divulgação dos acidentes e quase acidentes do grupo, respectivas causas e medidas preventivas, boas práticas, consulta e informação sobre condições e comportamentos não seguros, etc. que proporcionam o aumento da percepção ao risco e a proatividade preventiva. O reconhecimento do envolvimento dos trabalhadores, como grupo, através do prémio Comportamentos Seguros e Boas Práticas, da divulgação dos dias sem acidentes e do diploma 5 anos sem acidentes reforça positivamente a sua participação activa no sistema. A interiorização por parte de todos os intervenientes de que eliminar o acidente/doença profissional depende da abordagem de cada um, e todos no conjunto, aos riscos a que está(ão) exposto(s) tem permitido melhorar as condições de trabalho através da identificação e correcção das condições inseguras, ao cumprimento consciente e voluntário das regras de segurança e saúde em vigor, à colaboração na melhoria dos comportamentos desviantes identificados e, consequentemente, ao mitigar da probabilidade de ocorrência de eventos indesejáveis. Resultados A participação dos colaboradores, motivados pelo reforço e visibilidade da direcção, potenciou a execução, pelos próprios, de mais de um milhar de acções de melhoria em três anos; a melhoria dos indicadores de limpeza e arrumação e do cumprimento das regras de segurança em cerca de 50%, passando de valores

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ligeiramente acima dos 40% para valores próximos dos 90%; a participação nas consultas subiu até aos 100% e, principalmente, por na quase totalidade dos centros de produção não ocorrerem quaisquer acidentes com ou sem baixa, dentro ou fora das instalações, com colaboradores directos, indirectos ou terceiros. Complementarmente, a Betão Liz obteve a certificação em Segurança e Saúde no Trabalho, sob o referencial OHSAS 18001 /NP 4397 e a Ibera aguarda, a todo o momento, esse reconhecimento após resposta positiva à auditoria de concessão. De salientar a evidência registada no relatório de concessão da certificação em SST à Betão Liz: “Na componente operacional da auditoria realizada aos Centros de Produção de Betão, Sede e Laboratório Central, foi possível constatar o forte envolvimento de todos os colaboradores na implementação e melhoria do SG.” (APCER, 2012). Apesar de a certificação não ser obrigatória, ela representa o esforço de toda a organização, onde se incluem todos os colaboradores, na criação de condições de trabalho saudáveis e o compromisso para a melhoria contínua.

Conclusão A integração do programa “Pensar e Agir em Segurança” no sistema de gestão da SST, reforçado pela orientação da Intercement, para quem a Segurança é um Valor, “Faremos em Segurança ou Não Faremos” facilitou a melhoria de todos os indicadores SST, sendo de recomendar a integração de um programa de segurança comportamental nos sistemas de gestão da SST. No entanto, a SST não deve ser trabalhada como se de um sistema autónomo se tratasse, mas sim como uma componente (a que até se pode chamar subsistema) da gestão organizacional. O envolvimento activo dos colaboradores, a todos os níveis, neste subsistema e noutros, como o da qualidade, do ambiente,


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tem sido prática comum na indústria da construção de outros países, ou a implementação de um processo que além de assegurar a qualidade de vida no trabalho assegure e certifique a aptidão e competência profisdos colaboradores e o futuro da sustentação das suas sional dos operadores actuantes no sector, deve ser um famílias é, também, uma garantia da capacidade de passo a dar, o quanto antes, por parte das entidades produção e fornecimento para os seus clientes. responsáveis, pois só assim se poderá acabar com uma concorrência desleal, que cada vez mais vem acentuando a sua indesejável e nociva presença no mercado. Acreditamos por conseguinte, que só podemos prevalecer no mercado com uma efectiva adesão às regras e regulamentos que regempara este tipo(2012). de produtos, pelo que EU-OHSA – Agência Europeia a SST. Locais de trabalho esperamos queJuntos sejam a breve prazo,Guia uma seguros e saudáveis, na asseguradas prevenção dos riscos profissionais. da Campanha:eLiderança dos gestores e rigorosas participação dos trabalhadores disciplina uma fiscalização nesta indústria.

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Julho/Agosto 2014 Betão n.32 23 Especial Angola • Outubro 2012 Betão n.29 39

Especial Angola

Ambiente e Segurança


Normalização

EN 206:2013 A nova norma de referência para o betão Eng.o João Duarte

1. Introdução A norma europeia que vamos ter de cumprir nos próximos anos, talvez por um período não inferior a 10 anos, foi recentemente publicada pelo CEN – Comité Europeu de Normalização. Trata-se da EN 206:2013 (adiante referida apenas por EN 206), que vem suceder à EN 206-1:2000. 2. Enquadramento A colocação dos produtos de construção no mercado do EEE – Espaço Económico Europeu, encontra-se regulamentada a nível europeu através do Regulamento (UE) n.º 305/2011 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 9 de Março de 2011. A aplicação desta regulamentação aos produtos de construção é efectuada através de especificações técnicas harmonizadas, que podem tomar a forma de normas europeias harmonizadas e avaliações técnicas europeias. No entanto, o betão fica fora da alçada desta regulamentação, pelo simples facto de a respectiva norma não ter o estatuto de norma europeia harmonizada.

Decreto-Lei n.º 301/2007 e torne a sua aplicação obrigatória. Os trabalhos de revisão do Decreto-Lei n.º 301/2007 já estão em curso, mesmo numa fase final, pelo que podemos presumir que o teremos publicado mais ou menos na altura em que for publicada a versão portuguesa da EN 206. Os trabalhos de tradução a EN 206 estão também a decorrer. Entretanto, está a ser preparada uma emenda sobre a EN 206 devido ao facto desta referir a norma europeia EN 12620:2013 Agregados para betão, a qual foi entretanto anulada. Esta anulação fez com que o texto da EN 206 ficasse desajustado e, por conseguinte, terá que ser alterado para voltar a referir as disposições relativas à aptidão dos agregados de acordo com a versão anterior da respectiva norma, EN 12620:2002+A1:2008, que permanece em vigor. Desta forma, não obstante a tradução da EN 206 já estar praticamente concluída, aguarda-se a publicação da emenda mencionada, pois a norma não será aplicável tal como está. 3. O que muda?

Nota: o estatuto de norma europeia harmonizada é transmitido pela Comissão Europeia ao publicar as referências das normas no JOUE – Jornal Oficial da União Europeia, na sequência de uma avaliação efectuada a cada norma face aos mandatos de normalização anteriormente emitidos. As normas europeias harmonizadas são de aplicação obrigatória em todos os estados que congregam o EEE, por efeitos da aplicação do Regulamento (UE) n.º 305/2011. Pelo facto de a norma do betão não ter o estatuto de harmonizada, a sua aplicação em cada país depende de disposições legislativas nacionais. Desta forma, não obstante a EN 206 já esteja publicada desde Dezembro de 2013, no nosso país é ainda obrigatório o cumprimento da NP EN 206-1:2007, por imposição do Decreto-Lei n.º 301/2007, de 23 de Agosto de 2007. Assim, para que a EN 206 seja aplicável em Portugal, é necessária a publicação de legislação que revogue o

24 Betão n.32 Julho/Agosto 2014

A nova versão da norma, EN 206, inclui os requisitos relativos ao betão autocompactável, anteriormente estabelecidos na EN 206-9:2010. Consequentemente, esta norma deixa de existir. São também incluídos na EN 206 os requisitos específicos relativamente ao betão com fibras, ao betão fabricado com agregados reciclados e ao betão para trabalhos especiais de geotecnia. As regras relativas à utilização das adições também sofreram uma revisão, nomeadamente através de alguns ajustes no factor k, do estabelecimento da aptidão das escórias de alto-forno moídas e pela inclusão de outras abordagens como o conceito de desempenho equivalente de combinações e o conceito de desempenho equivalente do betão. Outro aspecto relevante que sofreu alguns ajustes foi o que respeita ao controlo da produção e ao controlo da conformidade.


Normalização

Além destas alterações mais profundas, adiante detalhadas, surgem muitas outras menores, mas não menos importantes, das quais se destacam:

j) A forma como são contabilizados os cloretos dos materais constituintes; k) Os requisitos relativos à temperatura do betão;

a) Eliminação do ensaio de Vêbê e das respectivas classes de consistência;

l) Os requisitos relativos às classes de exposição;

b) Estabelecimento da aptidão dos cimentos de muito baixo calor de hidratação, conformes com a EN 14216, para estruturas massivas (p.e.: barragens);

m) O protocolo de entrega do betão, incluindo o documento de acompanhamento de produto (vulgo guia de remessa).

c) Clarificação do significado do termo associado à máxima dimensão do agregado: Dmáx; Dlower e Dupper;

Outro aspecto de continuidade consiste no facto de a versão portuguesa da EN 206 conter, à semelhança das suas versões anteriores, NP ENV 206:2003 e NP EN 206-1:2007, um anexo com as disposições nacionais (i.e.: disposições aplicáveis unicamente em Portugal). Este anexo é apenas possível pelo facto de a norma não ter o estatuto de norma harmonizada.

d) Alteração da especificação por efeitos dos novos termos associados à máxima dimensão do agregado Dlower e Dupper; e) Alterações ligeiras nos critérios de conformidade das outras propriedades além da resistência (p.e.: consistência; razão a/c; dosagem de cimento; teor de ar); f) Introdução de critérios de identidade para outras propriedades além da resistência à compressão (consistência; teor de ar; teor de fibras; homogeneidade do betão fresco). 4. O que se mantém? Estruturalmente a EN 206 apresenta-se muito semelhante à versão anterior. Desta forma, as alterações não são tão drásticas como as verificadas aquando da publicação da EN 206-1:2000. Pode dizer-se que a EN 206 reflecte essencialmente a actualização tecnológica que resulta da experiência de aplicação da EN 206-1 ao longo de um período de tempo superior a 10 anos. Assim, verificamos uma continuidade na maioria dos aspectos da norma, tais como: g) A classificação da exposição ambiental; h) A classificação da resistência à compressão; i) A classificação da massa volúmica do betão leve;

5. As principais alterações Betão com fibras A EN 206 estabelece regras relativas à utilização de fibras no fabrico do betão, nomeadamente fibras de aço e fibras poliméricas. Abre ainda a possibilidade de utilização de fibras de aço zincadas, desde que seja prevenida a formação de hidrogénio no betão. A determinação do conteúdo de fibras no betão deve ser efectuada a partir dos registos de fabrico do betão. Em Portugal não se trata propriamente de uma novidade, pois a utilização das fibras foi introduzida no âmbito da NP EN 206-1:2007 através da Emenda 2:2010. Agregados reciclados A EN 206 introduz a possibilidade de se utilizarem agregados reciclados no fabrico do betão. No entanto, remete as regras para estabelecimento da aptidão dos agregados reciclados para disposições nacionais. Não obstante esta disposição, são estabelecidos no Anexo E recomendações para a utilização de agregados reciclados. Relativamente aos agregados recuperados, que não se constituem como agregados reciclados pelo facto de nunca terem estado incorporados em obra, também se verifica uma alteração: quando os agregados forem utilizados numa quantidade superior a 5% relativamente à

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Normalização

massa total dos agregados, então deverão ser tratados como agregados reciclados. Ora este aspecto também não é novidade para Portugal, pois através da Emenda 1:2008 foram estabelecidos os requisitos de aptidão dos agregados reciclados, através da referência à especificação E 471 (LNEC) Guia para a utilização de agregados reciclados grossos em betões de ligantes hidráulicos. Betão autocompactável Relativamente aos requisitos específicos do betão autocompactável, o que mudou foi apenas a forma, pois a EN 206-9 foi integralmente incluída na EN 206. Trabalhos especiais de geotecnia O betão destinado a trabalhos especiais de geotecnia é alvo de atenção especial na EN 206, cujos requisitos adicionais são agora introduzidos através de um anexo normativo (Anexo D). São assim estabelecidos os requisitos adicionais relativos aos materiais constituintes (cimento e agregados), à composição do betão (dosagem mínima de cimento; dosagem mínima de finos e razão água/cimento) e às características do betão fresco (consistência). Adições A EN 206 segue a linha da norma anterior, apresentando diversas abordagens para a utilização das adições no fabrico do betão. No entanto, verificam-se algumas alterações, nomeadamente: a) Factor-k Foi alargada a aplicação deste conceito às escórias de alto-forno moídas. No entanto, o factor-k a utilizar com estas adições deverá ser definido a nível nacional. Foi alargada a possibilidade de utilização deste conceito com cimentos do tipo CEM II/A (a EN 206-1 previa apenas a conjugação de adições com cimentos do tipo CEM I). b) Conceito de desempenho das misturas equivalente Na realidade, em Portugal, este conceito não é novo, pois foi introduzido na EN 206-1 através da referência à especificação E 464 (LNEC) Betões. Metodologia prescritiva para uma vida útil de projecto de 50 e 100 anos face às acções ambientais.

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Não obstante a introdução desta abordagem, que é nova na norma, são apenas estabelecidos os princípios para a metodologia de aplicação do conceito, pelo que os requisitos específicos terão de ser definidos a nível nacional. Este conceito consiste na conjugação de um cimento (Tipo CEM I ou Tipo CEM II/A) com uma ou mais adições (p.e.: cinzas volantes; escória granulada de alto-forno; fíler calcário) de forma a enquadrar as proporções finais da mistura nos limites da composição de um cimento estabelecido numa norma europeia. Além do factor k e do conceito de misturas de desempenho equivalente, mantém-se na nova norma o conceito de desempenho equivalente do betão, nomeadamente no que respeita ao desempenho face às acções ambientais. Controlo da conformidade da resistência As regras do controlo da conformidade sofreram algumas alterações, das quais se destacam as seguintes. a) Frequência mínima de amostragem Foi ajustada a frequência de amostragem para as centrais que possuem o seu controlo de produção certificado (ver Quadro 1). Surge ainda a necessidade de definir a nível nacional o significado de “dia de trabalho”, necessário para interpretar correctamente a frequência mínima de amostragem. Quadro 1 – Frequência mínima de amostragem Produção subsequente aos primeiros 50 m3 Produção

Inicial (até que são obtidos pelo menos 35 resultados de ensaio) Contínua (quando estão disponíveis pelo menos 35 resultados de ensaio)

Primeiros 50 m3 de produção

3 amostras

-

Betão com controlo da produção certificado 1 por 200 m3 ou 1 por 3 dias de produção 1 por 400 m3 ou 1 por 5 dias de produção ou um por mês de calendário

Betão sem controlo da produção certificado

1 por 150 m3 ou 1 por dia de produção


Normalização

b) Critérios de conformidade Quanto aos critérios de conformidade da resistência à compressão, verifica-se uma reorganização dos requisitos, mas na prática fica tudo muito semelhante, nomeadamente: • Continuamos a ter o mesmo critério para os resultados individuais, i.e.: fci ≥ (fck – 4) N/mm2 • Para a resistência média continuamos com os mesmos dois critérios, um para a produção inicial e outro para a produção contínua:

c) Desvio padrão O que também sofreu alteração foi o critério de validação do desvio padrão da população, σ, que passa a depender do número “n” de resultados de ensaios disponíveis no período de produção em avaliação (ver Quadro 3). • Quando o valor do desvio padrão do período em avaliação, Sn, sair fora dos limites então deve ser determinada uma nova estimativa para σ a partir dos últimos 35 resultados de ensaio disponíveis. • De salientar que esta nova estimativa de σ é apenas aplicável ao período de avaliação da conformidade seguinte.

Produção inicial (Método A) fcm ≥ (fck + 4) N/mm2 Produção contínua (Método B) fcm ≥ (fck 1,48) N/mm2

Quadro 3 – Verificação do desvio padrão

O que sofre também alteração é a metodologia de confirmação da filiação de um determinado betão à família, no caso de a central ter implementado este conceito. Assim, cada betão da família deverá ser avaliado relativamente ao critério de confirmação, tal como anteriormente. O que varia neste assunto é a extensão do critério para valores de “n” superiores a 6 (ver Quadro 2). Quadro 2 – Critério de confirmação para os membros da família Número “n” de resultados de ensaio para um membro da família de betões

Critério de confirmação N/mm2

2

fcm ≥ fck – 1,0

3

fcm ≥ fck + 1,0

4

fcm ≥ fck + 2,0

5

fcm ≥ fck + 2,5

6

fcm ≥ fck + 3,0

7a9

fcm ≥ fck + 3,5

10 a 12

fcm ≥ fck + 4,0

13 e 14

fcm ≥ fck + 4,5

≥ 15

fcm ≥ fck 1,48

Número “n” de resultados de ensaio

Limites

15-19

0,63σ ≤ Sn ≤ 1,37σ

20-24

0,68σ ≤ Sn ≤ 1,31σ

25-29

0,72σ ≤ Sn ≤ 1,28σ

30-34

0,74σ ≤ Sn ≤ 1,26σ

35

0,76σ ≤ Sn ≤ 1,24σ

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Normalização

d) Cartas de controlo Mas há outra novidade importante relativamente à avaliação da conformidade dos betões. Trata-se da introdução de uma nova metodologia, designada por método C, baseada em gráficos de controlo, tais como Cusum e Shewhart. Assim, à semelhança do Método B, referido acima, este Método C é igualmente aplicável apenas em produção contínua e estabilizada. No entanto, este método só pode ser utilizado no caso de o controlo da produção se encontrar abrangido por um esquema de certificação. 6. Considerações finais Algumas das alterações que verificamos na EN 206 acabam por não ter impacto no nosso país, uma vez que as disposições nacionais, estabelecidas através do Documento Nacional de Aplicação, já complementavam os requisitos da EN 206-1. Tais são os casos relativos à utilização dos agregados, em geral, e dos agregados grossos reciclados, em particular, assim como o estabelecimento da aptidão das fibras e os requisitos do próprio betão com fibras. A integração dos requisitos relativos ao betão autocompactável também não vai ter qualquer impacto na prática, uma vez que não se verificou qualquer alteração a não ser a sua integração no texto da nova norma. A EN 206 constitui assim uma evolução natural das normas anteriores: a ENV 206: 1990 e a EN 206-1: 2000, reflectindo, na medida das possibilidades, a evolução técnica inerente à tecnologia do betão como principal material de construção da humanidade. As empresas e os técnicos ligados à construção civil e obras públicas, à indústria de betão pronto, à indústria de produtos prefabricados de betão, ao projecto e à fiscalização de obras, deverão iniciar a sua actualização técnica, tendo em vista a implementação das disposições da nova norma, uma vez que, em breve, a EN 206 entrará em vigor por efeitos de legislação que já se encontra em fase final de preparação.

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Mercado

BASF apresenta Master Builders Solutions Nova identidade, novos desafios Num evento ibérico que teve lugar em Espanha, e que se repetiu em Portugal, a BASF apresentou a sua nova identidade, que se traduz na marca Master Builders Solutions. A Revista Betão marcou presença em ambos os eventos e aproveitou a oportunidade para saber mais sobre o impacto que esta nova etapa terá na vida da BASF e no mercado.

Num cenário onde as economias europeias começam a dar os primeiros sinais de retoma, a BASF reforça a confiança nos mercados e anuncia Master Builders Solutions, a sua nova marca mundial para o sector da construção. Master Builders Solutions resultou de um rebranding, que teve como objectivo criar pontos de conexão mais sólidos com os profissionais da indústria da construção. A ‘nova’marca integra, assim, 30 marcas – entre as quais Master Builders, Glenium e Ucrete – sob uma mesma imagem e denominação. Para a BASF, esta fusão de marcas e produtos numa só deno-

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minação proporciona uma visão mais integrada de um extenso portefólio, que inclui diversas soluções químicas para obras de construção, manutenção, reparação e reabilitação de edifícios e infra-estruturas. “Master Builders Solutions é um sistema de marca simples e consistente, que permitirá uma maior transparência e orientação para os clientes em todo o mundo”, referiu Eduardo Brandão, Market Management Construction Chemicals Iberia. Erwin Rauhe, Business Center Europe South, revela em entrevista o que representa este lançamento para a BASF.


Mercado

“Esta é uma nova identidade com a qual queremos marcar o futuro” Erwin Rauhe, Business Center Europe South

A BASF tem mais de um século de experiência, estando presente em mais de 60 países, com 30 mil clientes em todo o mundo. Que factores foram decisivos ao longo deste percurso para alcançar um património desta dimensão? Um dos pontos-chave é ter a capacidade para compreender os mercados em que estamos presentes. Não podemos ter negócios em Portugal sem entender como funciona o seu mercado – e isto implica não só ter colaboradores que falem português, mas que também compreendam as necessidades e problemas dos clientes. Outro factor muito importante – talvez o mais importante – é o desenvolvimento tecnológico, já que, desde o primeiro dia, apostámos na inovação. Fizemos um investimento em imagem, investigação e desenvolvimento porque acreditamos que estes elementos estão interligados e só através deles é possível responder às necessidades do cliente de forma integrada. É também muito importante manter a proximidade, compreender o cliente e propor-lhe soluções. Chamamos-lhe solução e não produto, porque, acima de tudo, o que pretendemos é encontrar formas de responder às necessidades de cada cliente.

Eduardo Brandão, Felip Puig, Deputado pela província de Barcelona e Erwin Rauhe

Que peso tem a área de construção no volume de negócios da BASF? A construção é um sector estratégico para a BASF contando, para isso, com 800 produtos no seu portefólio de soluções dirigidas a este mercado. Com esta oferta significa que temos a capacidade para responder a qualquer desafio, em qualquer parte do mundo.

O que representa esta nova estratégia para a BASF? Acima de tudo, representa mudança. Todos os nossos produtos passam a estar identificados sob a égide de Master Builders Solutions, o que nos permitirá ganhar uma maior presença no mercado. É uma nova identidade, com a qual queremos marcar um futuro pautado pelo crescimento e pelo desenvolvimento, baseado na confiança que temos neste sector. Estamos cientes da crise económica que o Sul da Europa tem enfrentado nos últimos anos e dos obstáculos que este cenário tem implicado. Mas estamos num momento de retoma, e esta nova identidade vem marcar esta fase de mudança. Por isso estamos aqui

Erwin Rauhe

e temos a coragem de apresentar uma ‘nova’ marca, uma nova identidade, e afirmamos a nossa confiança nos mercados de Portugal e Espanha.

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Mercado

O que pode esperar um cliente da BASF enquanto parceiro de negócio? Acreditamos que a nossa tarefa é compreender as necessidades do cliente de forma proactiva – as soluções têm de ser encontradas ainda antes de o problema se colocar. Para nós, o cliente não é apenas alguém que paga a factura, é também o nosso elemento de ligação ao mercado. Por isso realizámos este rebranding: termos fundido todas as nossas marcas numa só veio facilitar-lhe a vida, já que permite identificar facilmente as nossas soluções. Qual a perspectiva de evolução do mercado de betão, em especial nos países do Sul, onde se inclui Portugal? A Europa está numa mudança de ciclo. Já se verifica uma recuperação que embora tímida, se espera sólida e mais sustentável. As empresas estão mais competitivas, apresentando propostas de valor acrescentado, devido à inovação, mais produtividade e mais qualidade. Este é o modelo de industria que a BASF quer seguir. Qual é o papel dos adjuvantes no contributo para novos desempenhos do betão que lhe permitam ser mais competitivo em relação a outros materiais e assim recrutar novos clientes? É um facto que os mercados do Sul da Europa consomem mais betão do que os do Norte. Depois, existem diferenças de país para país, por exemplo, no

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Mercado

tipo de betão – não só devido às matérias-primas utilizadas, mas também porque as condições climatéricas e a forma de construir são diferentes. O papel da BASF é pesquisar e encontrar novas soluções, tendo em conta todas estas variantes, e demonstrar aos vários produtores de betão como obter um produto com maior qualidade. No fundo, reunimos a experiência e o conhecimento global para atender às necessidades locais. O papel dos adjuvantes é muito importante para alcançarmos este objectivo. E embora estes sejam produtos químicos, esforçamo-nos para que tenham uma vertente sustentável, quer na incorporação de matérias-primas, quer nos consumos energéticos. Este esforço já foi reconhecido: a BASF é a primeira empresa química a constar do índice de sustentabilidade Dow Jones. Considera que Portugal desempenha um papel estratégico na entrada da BASF nos mercados dos PALOP? A BASF está atenta às economias que se estão a desenvolver a bom ritmo, embora ainda mereçam alguma ponderação no que respeita à forma como iremos actuar nas suas geografias. Nos casos concretos de Angola e Moçambique, Portugal será sempre visto como um parceiro preferencial no estabelecimento de relações, graças à afinidade que tem com estes dois países.

A importância de passar a mensagem Segundo Eduardo Brandão, Market Management Construction Chemicals Iberia, em Portugal a estratégia de comunicação deste rebranding passa pela formação interna no sentido da preparação para a mudança: “Os nossos colaboradores também estão a entrar numa nova era. Os departamentos de Marketing e Comercial foram os primeiros a serem envolvidos, porque lidam com o mercado no dia-a-dia. Mas o processo de formação interna só ficou completo depois de envolvermos também a produção e o supply chain, pois são os pontos de contacto da marca com o mercado.” O responsável destaca ainda instrumentos como o plano de comunicação ao nível europeu, “onde se definem as acções para se atingirem resultados. Todos os materiais de comunicação, em todos os países, foram uniformizados de acordo com a nova marca: desde o website, à publicidade, passando pelos seminários, as formações, etc.” E conclui: “Mudar tudo ‘de repente’ é um grande esforço para nós porque para os clientes poderem identificar a nova marca como sendo BASF, tem de ser criada uma confiança gradual, pois não queremos perder história, desenvolvimento e inovação mas sim transferir tudo isto para uma única marca.”

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Notícias

Marcação Ce de Produtos de Construção O Regulamento (UE) N.º 305/2011, do Parlamento Europeu e do Conselho, que entrou em pleno vigor no passado dia 1 de Julho de 2013, é o diploma legal que regulamenta a colocação no mercado dos produtos de construção. Este regulamento foi recentemente alterado através de três actos delegados. Os actos delegados constituem uma ferramenta que permite à Comissão a introdução de alterações em determinados assuntos, de acordo com o estabelecido no Artigo 60º do Regulamento (UE) N.º 305/2011, para efeitos da consecução dos objectivos deste regulamento. Assim, no exercício dos seus poderes, a Comissão fez publicar os três seguintes diplomas relativos a actos delegados no âmbito do Regulamento (UE) N.º 305/2011: 1. Regulamento Delegado (UE) N.º 157/2014 da Comissão, de 30 de Outubro de 2013, relativo às condições de disponibilização na Internet da declaração de desempenho sobre produtos de construção. O Regulamento (UE) N.º 305/2011, através do seu Artigo 7º, prevê a possibilidade de a declaração de desempenho dos produtos de construção ser fornecida através da sua disponibilização num sítio na Internet. No entanto, não são estabelecidas as respectivas condições, as quais são agora definidas através deste primeiro Regulamento Delegado. A responsabilidade pelo fornecimento da declaração de desempenho cai sobre o fabricante ou, caso aplicável, sobre operador económico que coloca no mercado o produto de construção. Na prática, caso o fabricante pretenda fornecer a declaração de desempenho de um produto de construção que coloca no mercado, deve assegurar os seguintes aspectos: a) a declaração de desempenho deve ser disponibilizada num formato não editável (p.e.: formato pdf) de forma a garantir que o seu conteúdo não seja alterado depois da sua colocação on-line; b) manter e monitorizar o sítio na Internet onde se encontra a declaração de desempenho, monitorizando a sua acessibilidade, de forma a garantir que a declaração de desempenho está sempre à disposição dos destinatários do respectivo produto de construção; c) a declaração de desempenho deve poder ser consultada gratuitamente pelos destinatários do produtos de construção; d) a declaração de desempenho deve ficar disponível por um período não inferior a 10 anos após a colocação no mercado do correspondente

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produto de construção; isto quer dizer que, além da declaração de desempenho em vigor, também devem ficar disponíveis no sítio na Internet as edições obsoletas; e) fornecer aos destinatários dos produtos de construção instruções sobre o modo de aceder ao sítio e à declaração de desempenho através do código de identificação único do produto-tipo. Interessa referir que este Regulamento Delegado apenas se aplica no caso de o fabricante decidir fornecer a declaração de desempenho do produto de construção através da Internet. Esta possibilidade é essencial para os produtos de construção de grande distribuição (p.e.: para os produtos de construção que encontramos nas grandes lojas de materiais de construção, onde não há um contacto directo do fabricante com os destinatários dos produtos de construção). 2. Regulamento Delegado (UE) N.º 568/2014 da Comissão, de 18 de Fevereiro de 2014, que altera o anexo V do Regulamento (UE) N.º 305/2011 do Parlamento Europeu e do Conselho no que se refere à avaliação e verificação da regularidade do desempenho dos produtos de construção. O Anexo V do Regulamento (UE) N.º 305/2011 estabelece cinco sistemas de avaliação e verificação da regularidade do desempenho dos produtos de construção, que estão na base da elaboração das correspondentes declarações de desempenho. Este Regulamento Delegado vem assim substituir o Anexo V. No entanto, as alterações não são muito significativas, verificando-se apenas que foi efectuada uma revisão editorial, mantendo-se os mesmos cinco sistemas de avaliação do desempenho. Na prática, este Regulamento Delegado acaba por ter um significado reduzido, praticamente sem impacto nas organizações. 3. Regulamento Delegado (UE) N.º 574/2014 da Comissão, de 21 de Fevereiro de 2014, que altera o anexo III do Regulamento (UE) N.º 305/2011 do Parlamento Europeu e do Conselho no que diz respeito ao modelo a utilizar para elaborar uma declaração de desempenho relativa aos produtos de construção. Este Regulamento Delegado não altera apenas o modelo para a elaboração da declaração de desempenho. Fornece igualmente orientações importantes que flexibilizam a elaboração das declarações de desempenho, nomeadamente: a) Pode ser utilizado um formato diferente do previsto no modelo;


Notícias

b) Os diferentes pontos previstos no modelo podem ser combinados e apresentados em conjunto; c) Os pontos podem ser apresentados com uma ordem diferente da apresentada no modelo; d) Podem ser utilizados um ou mais quadros para apresentação da informação; e) Os pontos do modelo não aplicáveis podem ser omitidos (p.e.: no caso de o fabricante não possuir um mandatário nomeado, o ponto 4 não é aplicável, podendo ser omitido); f) Os pontos podem ser apresentados sem qualquer numeração.

Estas disposições de flexibilização são aplicáveis desde que a informação obrigatória requerida no Artigo 6º do Regulamento (UE) Nº 305/2011 seja prestada de forma clara, completa e coerente. Para as empresas de betão pronto, estes diplomas não têm praticamente impacto, uma vez que o betão continua fora da alçada do Regulamento (UE) N.º 305/2011. Isto acontece pelo facto de a norma do betão continuar a ser uma norma não referida na lista das normas europeias harmonizadas. No entanto, o mesmo não acontece no caso de serem fabricadas argamassas estabilizadas. Neste caso, estes diplomas deverão ser tidos em conta relativamente a esses produtos de construção.

XV Congresso ERMCO Istambul, Turquia - 4 e 5 de Junho de 2015 Temas do XV Congresso ERMCO • Sustentabilidade das Soluções em Betão • O Papel do Betão na Construção das Sociedades • Avanços Tecnológicos na Produção e Utilização do Betão • Gestão e Marketing na Indústria de Betão Pronto Em resposta à crise internacional que tem assolado todas as indústrias de betão, e em particular a do Betão Pronto, há um país, a Turquia, que se tem destacado a nível europeu, pela forma como aquele material tem vindo a consolidar a sua crescente importância no desenvolvimento da sociedade civil daquela nação. É neste contexto que a Associação Turca dos Industriais de Betão Pronto, THBB, decidiu assumir a organização do próximo Congresso da ERMCO, o XV, repetindo assim, 20 anos depois, a iniciativa tomada em 1995, quando realizou, também em Istambul, o XIIº congresso internacional daquela instituição, no qual a APEB esteve presente. Este próximo congresso da ERMCO vai decorrer nos dias 4 e 5 de Junho de 2015 e será estruturado num programa técnico subordinado a 4 temas principais, que regularão a distribuição das comunicações técnicas por 4 sessões específicas.

A submissão de comunicações para inclusão no programa técnico do congresso deverá respeitar os seguintes prazos limite: - Resumos: 15 de Outubro de 2014 (máx. 300 palavras com palavras-chave) - Comunicações finais: 15 de Fevereiro de 2015 (máx. 4 páginas)

Informação e contactos: ERMCO 2015 – http://www.ermco2015.com THBB – Turkiye Hazir Beton Birligi Selvi Cikmazi Sok. No:2 Ruzgarlibahce Kavacik Istanbul e-mail: ermco2015@thbb.org Phone:+902163229670 Fax: +902164136180

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Notícias

SEW-EURODRIVE Apresenta Novo Motor Electrónico de Uso Global Para complementar a sua gama de sistemas de accionamentos mecatrónicos, a SEW-EURODRIVE apresenta o motor electrónico DRC, que pode ser directamente montado nos redutores do conceito modular da SEW e apresenta nível de eficiência acima da classe IE4. Abrange uma gama de tensões de 380 a 500 V a 50/60 Hz e está em conformidade com as normas e regulamentações de eficiência aplicáveis, potenciando a redução do número de variantes e a simplificação da selecção e elaboração de projectos, e conciliando funcionalidade e eficácia. O DRC consiste num motor síncrono de ímanes permanentes que inclui um variador electrónico de velocidade e, quando montado com um redutor do conceito modu-

lar SEW, constitui um sistema de accionamento mecatrónico. O uso de accionamentos mecatrónicos permite, em alguns casos, economias de energia até 50%. Serve-se, ainda, de tecnologias de instalação que permitem reduzir gastos até 60%, estando perfeitamente adaptado para aplicações isoladas ou sistemas com funcionalidades simples. A quarta variante está equipada com o sistema de bus SEW e proporciona uma performance de excelência e a redução dos tempos de resposta para a realização de tarefas de accionamentos sofisticadas. O DRC pode ser utilizado de forma universal em qualquer parte do mundo. Para mais informações visite www.sew-eurodrive.pt.

É Bom Trabalhar com os Melhores Nestes tempos que correm, nos quais Portugal se tem confrontado com um clima de persistente suspeição e incredulidade no meio internacional, quanto à sua capacidade de recuperar eficazmente da grave crise social, económica e financeira e consequentemente, da dependência escravizante do crédito externo, é bom saber que ainda há activos profissionais que conseguem prestigiar o país, devolvendo-lhe por outras vias o reconhecimento justo da competência de alguns dos protagonistas do seu mundo laboral. Foi assim, com redobrada satisfação e orgulho, (porque não afirmá-lo…), que a APEB teve conhecimento da recente distinção internacional atribuída ao seu consultor jurídico e colaborador de há mais de 20 anos, Dr. João Saraiva e Sousa, e respectiva firma Saraiva e Sousa, Gomes de Almeida e Associados, da responsabilidade da afamada organização mundial da área de direito, a Best Lawyers International, que, na especialidade de Direito do Trabalho (Labor and Employment) elegeu recentemente o referido jurista como Lawyer of The Year

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(Advogado do Ano). Trata-se de uma distinção que honra, não só o próprio laureado, como também as entidades que com o mesmo têm mantido uma relação de trabalho de sucesso, como tem sido o caso da APEB. A actividade desenvolvida pelo Dr. João Saraiva e Sousa na área do Direito do Trabalho, durante mais de 40 anos na profissão, a nível da consultadoria e do contencioso, granjeou-lhe o respeito e admiração, quer dos seus pares, que o consideram um dos pioneiros em Portugal e responsável pela respectiva dignificação e reconhecimento desta importante área de Direito, tendo-lhe mesmo sido atribuído o título de Advogado Especialista em Direito do Trabalho, quer das organizações sindicais e clientes que com ele se relacionaram ao longo do seu extenso percurso profissional. Ao Dr. João Saraiva e Sousa, a APEB tem o prazer de prestar aqui a justa homenagem pela obtenção de tão honroso galardão, endereçando-lhe as suas mais sinceras felicitações pelo facto.


Homenagem

Homenagem ao Prof. Jorge Lourenço: “ O Arquimedes do Século XX ” Eng.o Jorge Santos Pato

“No mundo particular das argamassas e betões não foram muitos, aqueles que lograram conjugar e aliar a fluidez da comunicação, a resiliência do trabalho, a consistência do saber e a trabalhabilidade dos seus projectos, à durabilidade dos seus ensinamentos e à robustez do seu carácter, deixando para sempre a imagem e recordação de um indivíduo tão bom quanto raro, patentes nos atributos de competência, dedicação e acessibilidade que caracterizaram toda a sua vida profissional. Jorge da Fonseca Lourenço foi um desse Homens!...” Jorge Santos Pato

…“Eureka, eureka!”... é uma expressão famosa atribuída ao genial inventor grego Arquimedes, que viveu há mais de 200 anos antes de Cristo. Para além de matemático e físico brilhante, Arquimedes terá sido também um astrónomo emérito e engenheiro ilustre, tendo influenciado, entre outros, os trabalhos de alguns sábios famosos como Galileu e Isaac Newton. Passados muitos séculos, num cenário distinto e num local inserido num contexto histórico e social completamente diferentes, uma outra expressão, porventura menos emblemática que a de Arquimedes, mas bastante mais afectiva e simbólica para a comunidade técnica portuguesa ligada ao domínio dos betões e argamassas, ecoou de imediato no meu cérebro quando fui surpreendido pela amarga, inesperada e tão cruel notícia do súbito desaparecimento do seu autor. …”Catita, catita!” – dizia tantas vezes o nosso querido prof. Jorge Lourenço, sempre que os resultados de uma das suas amassaduras ou composições eram bem sucedidos no seu laboratório de ensaios ou em campo. De facto, a simplicidade com que traduzia as coisas mais complexas ou a afabilidade e o entusiasmo que emanavam das suas comunicações, eram apenas alguns dos atributos deste Homem, verdadeiro Mestre da sua arte, que nos ajudou a compreender melhor os betões e argamassas, a saber controlar as suas propriedades em qualquer lado, dedicando uma vida e uma carreira únicas ao estudo daqueles materiais, que possibilitaram à maioria dos estudantes e técnicos de engenharia civil aprender mais e melhor sobre os mesmos. Tendo beneficiado do privilégio de, ao longo dos anos, conhecer e privar com alguns dos raros mestres de referência da tecnologia dos betões em Portugal, não me recordo, contudo, de alguém com a bonomia, a singeleza de carácter ou a sã modéstia do

Prof. Jorge da Fonseca Lourenço, um Homem bom e íntegro, um investigador de excelência, um educador exemplar e um técnico talentoso e apaixonado pelos seus materiais preferidos, que sempre dominou com mestria insuperável, fossem eles betões ou argamassas, leves ou pesados, simples ou armados, secos ou fluidos, cinzentos ou coloridos… Um dos seus trabalhos icónicos, o livro: “Betões de Agregados Leves de Argila Expandida – Guia para a sua Utilização” que tive a felicidade de promover e produzir através da APEB, responsável pela edição da obra, constitui ainda hoje uma das publicações mais competentes e ricas sobre o conhecimento associado ao estudo, dimensionamento e aplicação dos Betões Leves, que se tem revelado como um referencial para muitos estudantes e engenheiros deste País, consubstanciado pelo facto de existirem também diversos métodos de ensaio que foram introduzidos nas práticas laboratoriais do foro universitário e profissional, após os aperfeiçoamentos inseridos pelo Prof. Jorge Lourenço. Se bem que a temática dos Betões Leves tivesse sido objecto de mais abordagens e por outros autores, a verdade é que nenhuma outra reuniu num só livro um conjunto de informação e conhecimentos tão completo sobre aquele tipo de betões, como sucedeu com aquela publicação concebida pelo Prof. Jorge Lourenço, com a preciosa e enriquecedora colaboração e co-autoria dos Professores Eduardo Júlio e Paulo Maranha numa das secções do seu trabalho. Na realidade, trata-se de um livro constituído por 3 partes distintas, embora complementares, que veio colmatar uma lacuna até então evidente que limitava a própria utilização dos betões de agregados leves na construção, quer ao nível da falta de informação e

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Homenagem

ferramentas de cálculo disponíveis para os projectistas e prescritores de cadernos de encargos, quer pela ausência de conhecimento técnico sobre as mais adequadas metodologias de formulação deste tipo de betões, por parte de muitos técnicos afectos à produção dos mesmos. Por outro lado e porque esta tipologia de betões é especial, no sentido de sair fora do âmbito dos betões de massa volúmica corrente cuja utilização em estruturas pressupõe, não só uma composição específica, mas também que a qualidade do material produzido decorra da óbvia confecção em centrais de betão pronto devidamente apetrechadas em materiais, equipamentos e saber tecnológico, impunha-se a elaboração de um livro de apoio que pudesse servir os diversos intervenientes no processo construtivo, para além dos próprios industriais de Betão Pronto.

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E foi assim que arrancou um projecto inédito de concepção, coordenação e desenvolvimento da obra idealizada pelo Prof. Jorge Lourenço, autor exclusivo das 1.ª e 2.ª partes do livro, intituladas respectivamente: ”Conceitos fundamentais sobre a formulação e produção de Betões” e “Composição e Produção de betões de agregados leves de argila expandida”, e complementado com uma 3.ª parte: ”Dimensionamento de estruturas de betão leve estrutural”, da autoria dos colegas Eduardo Júlio e Paulo Maranha, cuja mais-valia aduzida a esta secção foi muito importante, contribuindo para um documento que não só possibilita aos leitores a aprendizagem sobre a formulação e produção dos diversos betões, quer correntes, quer leves, como, em complemento, transmite os conceitos fundamentais sobre o seu dimensionamento para fins de desempenho estrutural.


Homenagem Homenagem

De facto e não obstante alguns trabalhos, na sua maioria de índole académica, que teriam ocasionalmente versado os betões leves, designadamente os do próprio autor, a verdade é que fazia falta uma obra consistente, pragmática e objectiva, que convertesse na altura, as bases alicerçadas em mais de 20 anos de vivências e da investigação experimental do Prof. Jorge Lourenço, num autêntico guia para a utilização de betões de agregados leves de argila expandida, sejam de granulometria optimizada destinados a funções de carácter estrutural, em que há necessidade de aligeirar as cargas permanentes, sejam os de estrutura porosa, vocacionados para elementos de enchimento, com funções de aligeiramento e de isolamento térmico. No entanto, uma das mais notáveis contribuições de Jorge Lourenço para a sistematização dos estudos de composição dos betões e argamassas, terá sido sem dúvida, a adaptação e parametrização que fez ao tradicional método das curvas de referência de Faury, ao incorporar e compatibilizar a componente dos adju-

vantes nas misturas de ligante, estabelecendo assim úteis ábacos de suporte para a optimização das composições a estudar. Algumas dessas matérias foram aliás, reproduzidas em artigos publicados em edições passadas da Revista Betão (designadamente nos n.os 5, 6 e 8), para a qual Jorge Lourenço contribuiu amiudadamente com os seus preciosos ensinamentos. Serão muito poucos, aqueles que nunca utilizaram um programa de cálculo informático de estudos de composição de betões da autoria do Prof. Jorge Lourenço, pelo que todos os que lidam directamente com aquele material devem muito à inspiração e saber desse Homem e Amigo inesquecível, de quem já sinto uma profunda saudade, sobretudo daqueles momentos em que o ouvia proferir aquelas palavras aprovadoras e tranquilizantes: …Catita, catita!... Sei, porém, que a amizade sincera é eterna e um bom amigo nunca se esquece, esteja onde estiver, sobretudo se for alguém como o Jorge Lourenço!...

Julho/Agosto 2014 Betão n.32 39


Associados

Alexandre Barbosa Borges, S.A. Rua do Labriosque, 70 Martim 4755-307 BARCELOS

Betão Liz, S.A.

Rua Alexandre Herculano, 35 1250-009 Lisboa

BritoBetão, Lda. Herdade Monte das Flores Estrada da Canada, Apartado 437 7002 -505 ÉVORA

Brivel – Britas e Betões de Vila Real, S.A. S. Cosme, S. Tomé do Castelo 5000-371 VILA REAL

Concretope – Fábrica de Betão Pronto, S.A. Estrada Nacional 10/1, Qta. dos Porfírios 2819-501 SOBREDA

Duarbel – Construção Civil e Obras Públicas, S.A. Rua da Aviação Portuguesa, 135 2705 -845 VILA VERDE SNT

40 Betão n.32 Julho/Agosto 2014

Eurobetão – Betão Pronto, S.A. Av. das Forças Armadas n.º 125, 7.º 1600 -079 Lisboa

Salvador & Companhia, Lda. R. dos Arcos, 67, Apartado 79 2301-909 TOMAR

Ibera – Indústria de Betão, S.A. Quinta da Madeira, EN 114, Km 85 Apartado 424 7006-805 ÉVORA

Sonangil – Construção Civil e Obras Públicas, S.A. Quinta do Secretário Via Rápida da Caparica 2810 -116 Almada

Lenobetão, S.A. PC Santa Catarina da Serra Apt. 1004 2496-907 Santa Catarina da Serra

Mota-Engil – Engenharia e Construção, S.A. Rua do Rego Lameiro, 38 4300 - 454 Porto

Pragosa Betão, S.A. Apartado 46 2440 - 901 BATALHA

Prebel – Soc. Técnica de Prefabricação e Construção, S.A. Caminho do Engenho Velho, São Martinho 9000 - 260 FUNCHAL

TCONCRETE, S.A. Rua de Pitancinhos, Apartado 208, Palmeira 4711-911 BRAGA

Unibetão – Indústrias de Betão Preparado, S.A. Av. das Forças Armadas n.º 125, 7.º 1600-079 Lisboa

Valgroubetão – Sociedade de Betão Pronto, Lda. Z. I. Vale do Grou, R. Sta. Bárbara 2525-000 ATOUGUIA DA BALEIA


Associados

Betão Liz, S.A. Capital Social 22.000.000,00 euros

Sede Social Rua Alexandre Herculano, 35 1250-009 Lisboa Telefone: 213 118 100

CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL

RESPONSÁVEL/DIRECTOR DE MERCADO

Fax: 213 118 821

CENTROS DE PRODUÇÃO CONTACTO

LOCAL

RESPONSÁVEL/DIRECTOR DE MERCADO

CONTACTO

Valença

251 839 079

Figueira da Foz

233 435 400

Ponte de Lima

258 762 840

Coimbra

213 118 312

Felgueiras

255 311 337

239 420 640

Guimarães

252 904 344

V. Nova de Poiares

Famalicão

João Pedro Alves

252 372 508

Pombal

Eng.º Aníbal Ferreira

236 216 156

Leiria

244 841 735

Entroncamento

249 727 372

Rio Maior

243 991 138

Bragança

273 300 950

Mirandela

278 263 722

Vila Real

259 336 954

Senhora da Hora

229 511 323

Óbidos

262 959 595

224 893 949

Portela de Sintra

219 233 471

227 629 887

Cascais

214 690 613

Esmoriz

256 781 016

Alhandra

Aveiro

234 342 471

Loures

Viseu

232 440 075

Frielas

Tábua

235 412 736

Alfragide

214 241 700

232 611 501

Almada

212 533 728 265 709 600

Rio Tinto Gaia

Mangualde

Eng.º Jorge Santos

Mário Jorge Neto

Dr. Paulo Capristano

219 511 401 219 893 589 219 896 370

279 252 628

Setúbal

Guarda

271 221 321

Alcochete

Covilhã

275 331 551

Alcantarilha

Castelo Branco

272 327 501

Esteveira

282 968 168

Loulé

289 420 280

Moncorvo

Eng.º Paulo David

212 348 360 282 322 439

Julho/Agosto 2014 Betão n.32 41


Associados

BritoBetão – Central de Betão, Lda. Capital Social 350.000,00 euros

Serviços Centrais e Administração

Sede

Herdade Monte das Flores Estrada da Canada, Apartado 437 7002 -505 Évora

Outão – Setúbal

Telefone: 266 704 138 Fax: 266 704 108

CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL

RESPONSÁVEL/DIRECTOR DE ZONA

CONTACTO

Évora Vendas Novas

266 704 138 Eng.º Pedro Menéres

265 805 222

Alcácer do Sal

265 613 281

Brivel – Britas e Betões de Vila Real, S.A. Capital Social 400.000,00 euros

Sede Social S. Cosme – S. Tomé do Castelo 5000-371 Vila Real

Telefone: 259 302 630 Fax: 259 356 538 E-mail: geral@brivel.pt

CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL

Vila Real Macedo de Cavaleiros

42 Betão n.32 Julho/Agosto 2014

RESPONSÁVEL/DIRECTOR DE MERCADO

CONTACTO

Eng.º Rui Teotónio

259 302 630 939 201 033 ruiteotonio@brivel.pt

Hugo Ferreira

939 201 022 hugoferreira@brivel.pt


Associados

Concretope – Fábrica de Betão Pronto, S.A. Sede Social Estrada Nacional 10/1 Quinta dos Porfírios 2819-501 Sobreda

Telefone: 212 587 540 Fax: 212 587 548 E-mail: geral@concretope.pt

CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL

RESPONSÁVEL/DIRECTOR DE MERCADO

CONTACTO

Almada

João Ferreira

969 053 428

Orlando Gonçalves

968 013 214

Lagos Albufeira S. Brás de Alportel

Duarbel – Construção Civil e Obras Públicas, S.A. Capital Social 700.000,00 euros

Sede Social Rua da Aviação Portuguesa, 135 Vila Verde 2705-845 Terrugem – Sintra

Telefone: 219 614 100 E-mail: geral.duarbel@gmail.com

CENTRO DE PRODUÇÃO LOCAL

RESPONSÁVEL/DIRECTOR DE MERCADO

CONTACTO

Vila Verde – Sintra

António Fernando Rodrigues

219 614 100 962 677 277

Julho/Agosto 2014 Betão n.32 43


Associados

Eurobetão – Betão Pronto, S.A. Capital Social 675.000 euros

Serviços Centrais e Administração

Sede

Av. das Forças Armadas n.º 125, 7.º 1600-079 Lisboa

Telefone: 213 172 420 Fax: 213 555 012 E-mail: geral.eurobetao@secil.pt

Outão – Setúbal CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL

RESPONSÁVEL/DIRECTOR DE MERCADO

CONTACTO

Pombal

236 216 114

Leiria

244 843 170

Caldas da Rainha

262 841 777

Santarém

243 351 459

Abrantes Entroncamento

241 833 129 Eng.º Luís Moreira

249 719 272

Portalegre

245 362 177

Elvas

268 624 181

Coimbra

239 980 390

Tondela

232 817 325

Figueira da Foz

233 412 081

Beja Sines

Eng.º Sebastião Santos

284 324 430 269 632 332

Ibera – Indústria de Betão, S.A. Capital Social 2.000.000,00 euros

Sede Social Quinta da Madeira EN 114, Km 85 Apartado 424 7006-805 Évora

Telefone: 266 758 500 Fax: 266 758 511 / 506

CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL

RESPONSÁVEL/DIRECTOR DE MERCADO

Évora

266 758 501/2

Montemor-o-Novo Borba

266 893 709 Eng.º Ricardo Matias

268 890 612

Reguengos de Monsaraz

266 501 604

Sines

269 878 160

Beja Moura

44 Betão n.32 Julho/Agosto 2014

CONTACTO

Eng.º Ricardo Matias

284 998 744 285 252 573


Associados

Lenobetão, S.A. Capital Social 7.000.000,00 euros

Sede Social PC Santa Catarina da Serra Apt. 1004 2496-907 Santa Catarina da Serra

Telefone: 244 749 100 Telefax: 244 749 129 E-mail: geral@lenobetao.pt Website: www.lenobetao.pt

CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL

RESPONSÁVEL/DIRECTOR DE MERCADO

Alcantarilha - Algarve

Eng.º Hugo Basílio (hugo.p.basilio@lenaindustria.pt)

Fátima

Eng.º Hugo Basílio (hugo.p.basilio@lenaindustria.pt)

96 210 81 88

Eng.º Hugo Basílio (hugo.p.basilio@lenaindustria.pt)

96 210 81 95

Leiria Castelo Branco Portalegre Montijo

Eng.º Hugo Basílio (hugo.p.basilio@lenaindustria.pt)

CONTACTO 96 210 80 36

96 210 80 36 96 210 80 36 96 210 81 83

Mota-Engil – Engenharia e Construção, S.A. Capital Social 100.000.000,00 euros

Telefone: 220 914 820 Fax: 220 914 830 ÁREA COMERCIAL

Sede Social Rua do Rego Lameiro, 38 4300-454 Porto

LOCAL

Responsável/Director dE Mercado

Rego Lameiro

Eng.ª Daniela Maia

CONTACTO 912 504 080 comercialbet@ mota-engil.pt

CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL

RESPONSÁVEL Produção

CONTACTO

Eng.ª Marta Durães

919 448 593

Eng.ª Fernanda Moreira

918 541 754

Eng.ª Margarida Morgado

913 642 133

Paredes* Canelas* Venda Nova III* Cantanhede Ceira Santa Iria da Azóia* Metro Sul Tejo* Pedrógão* *Centrais com capacidade para fornecer betão para Classe de Inspecção 3.

Julho/Agosto 2014 Betão n.32 45


Associados

Salvador & Companhia, Lda. Capital Social 5.500,00 euros

Telefone/fax: 249 382 112 E-mail: salvador.companhia@gmail.com

Sede Social Rua dos Arcos, 67 Apartado 79 2301-909 Tomar

CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL

RESPONSÁVEL/DIRECTOR

CONTACTO

DO MERCADO Tomar

Guerreira Santa Cita -Tomar

Dr. Joaquim Oliveira (Mercado) Eng.º Hugo Cruz (Qualidade) Pedro Nunes (Comercial)

249 382 112

249 382 112

962 604 463

Sonangil - Construção Civil e Obras Públicas, S.A. Capital Social 200.000,00 euros

Sede Social Quinta do Secretário Via Rápida da Caparica 2810 -116 Almada

Telefone: 212 952 990 Fax: 212 952 989 E-mail: geral@sonangil.pt Website: www.sonangil.pt

CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL

RESPONSÁVEL/DIRECTOR

CONTACTO

DO MERCADO Almada

46 Betão n.32 Julho/Agosto 2014

Fernando Mendes

212 952 990


Associados

Unibetão – Indústrias de Betão Preparado, S.A. Capital Social 13.110.000,00 euros

Sede Outão – Setúbal

Serviços Centrais e Administração Av. das Forças Armadas, n.º 125, 7.º 1600-079 Lisboa

Telefone: 213 172 420 Fax: 213 555 012 E-mail: geral.unibetao@secil.pt www.unibetao.pt

CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL

RESPONSÁVEL/ DIRECTOR DE ZONA

CONTACTO

Gaia / Maia

227 169 180 / 229 415 953

Carriça / Póvoa do Varzim

229 871 490 / 252 611 460

Viana do Castelo / Braga Guimarães / Penafiel Amarante / Vila Real

Eng.º José Guedes

258 322 203 / 253 672 578 253 587 183 / 255 726 365 255 432 819 / 259 336 067

St.ª Maria da Feira

256 373 625

Albergaria-a-Velha

234 524 533

Castelo Branco

272 907 221

Guarda

271 211 559

Frielas Queluz Linhó / Vila Franca de Xira

219 898 640 Eng.º Pedro Menéres

214 343 290 219 240 457 / 263 286 810

Torres Vedras

261 330 030

Setúbal / Alcochete

265 528 220 / 212 348 370

Casal do Marco Ferreiras / Olhão Portimão / Lagoa

212 267 800 Eng.º Sebastião Santos

289 571 371 / 289 703 336 282 968 173 / 282 353 554

Julho/Agosto 2014 Betão n.32 47


Membros Aderentes

ARCEN ENGENHARIA, S.A. Rua de S. Caetano, n.º 125 Zona Ind. de S. Caetano 4410 - 494 CANELAS Tel.: 227 637 130 • Fax: 227 637 159 arcen@arcen.pt www.arcen.pt

ARLACO – COMÉRCIO E INDÚSTRIA DE MATERIAL ELECTRÓNICO, LDA. Rua Joaquim Agostinho n.º 33 4410 - 276 Canelas VILA NOVA DE GAIA Tel.: 227 128 271/80 • Fax: 227 128 281 arlaco@arlaco.pt www.arlaco.pt

BASF Portuguesa, S.A. Rua 25 de Abril, n.º 1 2689-368 PRIOR VELHO Tel.: 219 499 900 • Fax: 219 499 948 geral-ebeportugal@basf.com www.master-builders-solutions.basf.pt www.basf.pt

DIRECÇÃO DE INFRAESTRUTURAS – REPARTIÇÃO DE ENGENHARIA DE AERÓDROMOS Laboratório de Solos e Pavimentos Av. Leite de Vasconcelos, n.º 4 2724 -506 AMADORA Tel.: 219 537 181 • Fax: 219 936 035 di_repea_lsp@emfa.pt

EUROMODAL, LDA. Rua Aires Ornelas, 137 4000 -023 Porto Tel.: 225 379 171 • Fax: 225 360 508 mail@euromodal.pt www.euromodal.pt

PERTA – SOC. EQUIP. CONST. CIVIL, LDA. Rua Jaime Lopes Dias, n.º 3 A/B 1750-124 Lisboa Tel.: 217 520 560 • Fax: 217 592 842 vendas@perta.pt www.perta.pt

PREFANGOL, LDA. Pólo Industrial de Viana Luanda Angola Tel.: 00244 222 291 550 Fax: 00244 929 172 459

48 Betão n.32 Julho/Agosto 2014

SAINT-GOBAIN WEBER PORTUGAL, S.A. Tojeira, Apartado 16 3240-908 AVELAR Tel.: 236 620 600 • Fax: 236 620 620 info@weber.com.pt www.weber.com.pt

SIKA PORTUGAL, S.A. Rua de Santarém, 113 4400-292 Vila Nova de Gaia Tel.: 223 776 900 • Fax: 223 776 966 info@pt.sika.com www.sika.pt

SORGILA – SOCIEDADE DE Argilas, S.A. Rua Principal, 1420 2415-002 Bidoeira de Cima Tel.: 244 720 580 • Fax: 244 721 097 geral@sorgila.pt


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de experiência CONTROLO DE QUALIDADE | FUNDAÇÕES | MINAS | AMBIENTE | OBRAS PÚBLICAS

PORTUGAL Sede: Rua Jaime Lopes Dias, 3 A/B 1750-124 Lisboa T. +351 217 520 560 F. +351 217 592 842 E-mail: vendas@perta.pt

www.perta.pt

ANGOLA Pertangola, Lda. Lar do Patriota, rua 62 – casa 626 Município de Belas Benfica – Luanda T. +244 921 011 926 E-mail: antonio.mendes@pertangola.com

www.pertangola.com

Moçambique Av. 30 de Janeiro, 106G Matola A Maputo, Moçambique T. +258 842 266 030 E-mail: geral@pertamoz.com

www.pertamoz.com



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