29
N.
Revista da Associação Portuguesa das Empresas de Betão Pronto
Outubro 2012
Vida Associativa: Betão Pronto e as Novas Oportunidades 04 Obra: Estudo do Betão dos Caixotões do Cais do Porto da Praia – Cabo Verde 08 Técnica: Condicionantes de Projecto Impostas pela Exposição Ambiental das Estruturas de Betão 20 Técnica: Da Amostragem ao Ensaio de Compressão 28 Especial Angola: Novos desafios para a Construção 37
GRUPO
arcoelectrónica
CENTRAIS DE BETÃO MÓVEIS E FIXAS DE 25 A 120 m /h 3
GAMA DE MISTURADORES
MDE
MV
MST
MES
LAVAGEM AUTOMÁTICA PARA MISTURADORAS MEDIDOR DE HUMIDADE
CENTRAIS DE BETÃO:
SALA DE COMANDOS E QUADRO DE CONTROLO CUMPRE NORMA NP EN 206-1
-MÓVEIS. -FIXAS. -COMPACTAS
MISTURADORES:
CONTROLO DE FROTAS Satélite Módulo GPS
GPRS
ENVÍO ESTADOS E LOCALIZAÇÃO
ADSL
A-9000-B A-9010-B
BALANÇA DE ADJUVANTES
-DUPLO EIXO. -VERTICAL. -SATÉLITE. -EIXO SIMPLES HORIZONTAL -DUPLO EIXO CONTINUA
SISTEMA DE TRANSPORTE PNEUMÁTICO
AUTOMATISMOS DE CONTROLO: FECHO E IMPRESSÃO DE GUIA
-ARCO 9000 SILVER/GOLD. -ARCO 9010. -ARCO 2010. -ARCO 9220
OUTROS SETORES DE ATUAÇÃO: -RECICLAGEM. -AGREGADOS. -ARGAMASSAS SECAS. -ENSACAGEM E PALETIZAÇÃO. MAIS INFORMAÇAO: ARLACO Zona Industrial dos Terços -R.S.U. Rua Joaquim Agostinho, nº33 4410-276 Canelas Vila Nova de Gaia TEL:227128279/80 Fax:227128281 www.arlaco.pt E-mai: arlaco@arlaco.pt
Editorial
Novos Horizontes o
Eng. Jorge Santos Pato
Na anterior edição desta revista referimo-nos à importância que, nestes tempos mais recentes, os países africanos de expressão lusófona voltaram a representar no contexto da economia portuguesa e na sustentabilidade operacional dos seus principais agentes actuantes no meio industrial, como é o caso da construção civil. Perante um mercado rarefeito e desprovido de oportunidades de negócios, com empresas a caírem, dia após dia, na agonia e no estertor económico-financeiro, os portos de abrigo para evitar mais naufrágios têm surgido amiudadamente em Angola e Moçambique, onde muitas das organizações, entre as quais figuram alguns membros desta Associação, procuram ou encontram novas oportunidades de negócio, algumas das quais implementando mesmo delegações regionais e assim participando mais activamente no desenvolvimento do mercado local. Aproveitando o ensejo despoletado pela realização da Projekta by Constroi Angola, em Luanda, de 25 a 28 de Outubro, reconhecida por muitos como a maior feira internacional de Construção Civil e Obras Públicas que se realiza anualmente em Angola, a APEB decidiu conceber e vocacionar esta edição da revista para a realidade industrial do Betão naquele país e respectivo mercado, estabelecendo uma parceria activa com a AIP/Tektónica, entidade que se assume como um dos principais promotores e co-organizadores da Feira, assegurando a presença no Pavilhão de Portugal de um lote significativo de empresas nacionais, entre as quais surgem algumas entidades com as quais a APEB tem mantido relações institucionais e comerciais. Nestes termos, numa postura aberta e construtiva, esta Associação não quis deixar de marcar de alguma forma a sua presença e imagem no evento, não só como meio de apoio e divulgação dos seus membros e parceiros com actividade operacional em solo angolano, mas também para consolidar legitimamente a disponibilização dos seus serviços técnicos e pedagógicos de forma útil e complementar, nas áreas mais carenciadas do leque dos produtores, fiscalizadores e utilizadores do Betão na construção em solo angolano. Conscientes de que o Betão continuará a ser o material de eleição na generalidade dos empreendimentos a erigir, seja nos países com maior crescimento económico, seja naqueles que foram abalroados pela crise e pela actual recessão que se instalou no mundo oci-
dental, importa procurar garantir a sua boa e correcta concepção, aplicação e utilização, através da promoção e disseminação das práticas e normas adequadas subjacentes ao processo construtivo onde aquele material é introduzido e supostamente controlado. Seja aqui, seja em Angola, ou mesmo em qualquer outro país (de raízes lusófonas ou não), preocupa-nos sobretudo, que as sociedades que vão (ou devem) ser servidas pela edificação do seu património beneficiem adequadamente de estruturas em Betão com a qualidade, segurança, durabilidade e sustentabilidade optimizadas, numa perspectiva de compromisso técnico-económico fiável, que não venha a colocar em causa a plena satisfação dos seus legítimos interesses. Num mundo cada vez mais depauperado em recursos naturais, as soluções actuais devem ser tacitamente mais perenes e assentes em pilares sustentáveis que assegurem aos seus utilizadores uma confiança crescente nas mais-valias das opções disponíveis, continuando o Betão Pronto a ser, inequivocamente, a opção mais lógica a adoptar na generalidade dos meios onde se procura construir e edificar com sucesso. Acreditamos por isso que, tal como também sempre foi e tem sido em Portugal, o sector da construção em Angola será um dos mais propícios ao desenvolvimento industrial do Betão Pronto, que pode e deve beneficiar, não só da enorme experiência e do “know-how” das grandes empresas portuguesas com historial já comprovado no meio construtivo nacional, como ainda do apoio de determinadas instituições de âmbito sectorial específico e profissionalizado nas quais se insere a APEB. Esperemos pois que estes novos horizontes possam ser alargados e atingidos com sucesso, para bem da indústria do Betão Pronto e materiais afins.
Outubro 2012 Betão n.29 01
Sumário
29
N.
Outubro 2012 Foto da capa: Viaduto do Corgo, Vila Real - Bragança
04
Vida Associativa Betão Pronto e as Novas Oportunidades
06
Obra Estudo do Betão dos Caixotões do Cais do Porto da Praia – Segunda Fase dos trabalhos de Expansão e Modernização do Porto de Santiago, na República de Cabo Verde Eng.o Luís Saraiva
18
Técnica Condicionantes de Projecto Impostas pela Exposição Ambiental das Estruturas de Betão
26
Eng.o João Carlos Duarte Eng.o Jorge Santos Pato
Técnica Da Amostragem ao Ensaio de Compressão – Etapas Fundamentais Eng.o João André
35
Especial Angola
54
Técnica
Separata
Verificação da Resistência do Betão Aplicado nas Estruturas – Porquê, os ensaios de identidade?
Acervo Normativo Nacional sobre Betão e Seus Constituintes
Angola: Novos Desafios para a Construção
46
Técnica Controlo da Conformidade do Betão - A Resistência à Compressão Eng.o João Carlos Duarte
Eng.o João Carlos Duarte
Associados da APEB: ABB, Betão Liz, Britobetão, Brivel, Concretope, Duarbel, Eurobetão, Eurocálcio, Ibera, Lenobetão, Lusobetão, Mota-Engil – Engenharia e Construção, Pragosa Betão, Prebel, Salvador & Companhia, Sonangil, Tconcrete, Unibetão e Valgroubetão. Membros Aderentes da APEB: Arcen, Arlaco, BASF, Direcção de Infraestruturas – Repartição de Engenharia de Aeródromos, Euromodal, Lusomapei, Maquimoura, Perta, Prefangol, Saint-Gobain Weber Portugal, Sika Portugal e Sorgila.
Propriedade APEB – Associação Portuguesa das Empresas de Betão Pronto • Av. Conse-
Design, Publicidade e Produção Companhia das Cores – Design e Comunicação Empresarial,
lheiro Barjona de Freitas, 10-A, 1500-204 Lisboa • T. 217 741 925/932 • F. 217 785 839
Lda. – Rua Sampaio e Pina, n.0 58, 2.0 Dto., 1070-250 Lisboa • T. 213 825 610 • F. 213 825 619
• E-mail: geral@apeb.pt • Internet: www.apeb.pt • Director Eng.0 Raimundo Teles Fernandes
• E-mail: design@companhiadascores.com / marketing@companhiadascores.com
• Director Executivo Jorge S. Pato • Coordenador Editorial João André
• Internet: www.companhiadascores.com
Depósito legal 209441/04
Os artigos assinados são da responsabilidade dos seus autores.
Outubro 2012 Betão n.29 03
Vida Associativa
Betão Pronto e as Novas Oportunidades Nestes últimos anos tem-se falado bastante sobre as preocupações dos nossos governantes em dotar Portugal de gente mais qualificada e provida de habilitações que permitam aos seus titulares ascenderem a melhores colocações e enquadramentos no mercado de trabalho. No contexto desse quadro surgiram algumas iniciativas marcantes, como o projecto Novas Oportunidades, ao abrigo do qual foram criados diversos centros operacionais. Perante o estado actual da nação e com uma conjuntura socioeconómica cada vez mais desesperante, seria agora bem mais interessante, que surgissem também Centros de Novas Oportunidades para os agentes industriais essenciais e que mais têm contribuído para a construção do nosso País, como é o caso do sector de Betão Pronto. Infelizmente, a escassez de obras e a estagnação perene que se abateu sobre o mercado da construção civil e obras públicas, têm retirado ao Betão Pronto o habitual protagonismo que sempre o caracterizou como material fundamental para o desenvolvimento do património edificado e das sociedades modernas. Actualmente procuram-se incessantemente Novas Oportunidades para as indústrias de Betão, seja preparado, seja prefabricado, e, perante a sua persistente ausência em solo português, tem-se afigurado como horizonte mais viável e apetecível nestes últimos anos, a transição e implementação da actividade nos países africanos de expressão lusófona. Alguns dos nossos associados e membros aderentes têm procurado a sobrevivência e manutenção dos seus activos, transferindo tecnologia, meios humanos e materiais para Angola, Moçambique, Guiné ou Cabo Verde, países que partilham com Portugal um passado e uma língua comuns que permitiu a criação de uma cultura e identidade única entre os seus povos. A APEB não podia ficar indiferente a esta tendência, e como tal, apesar de não ser uma entidade produtora ou sequer comercializadora de Betão, dispõe de serviços técnicos especializados nas áreas da consultoria, qualidade (laboratórios de ensaios e certificação), metrologia, formação e normalização, que julgamos poderem ser úteis em qualquer desses países. Foi assim, com base neste pressuposto, que já prestámos diversos tipos de apoio directo a empresas locais e/ou delegações, implantadas naqueles territórios, procurando contribuir de algum modo, quer para a garantia da qualidade do Betão produzido e aplicado, quer para a segurança e bem-estar dos seus utilizadores finais.
04 Betão n.29 Outubro 2012
Neste sentido, a presente edição da revista Betão visou contemplar preferencialmente um conjunto de matérias dirigidas para os técnicos e operadores de alguma forma ligados ou interessados no Betão e sua integração na construção, que os possa servir no seu desempenho profissional. Não se devem por isso admirar, alguns dos leitores mais fiéis e que têm acompanhado o percurso desta revista desde o seu início, com o facto de alguns textos constituírem revisão de matérias inseridas em edições anteriores, mas que mantém perfeita actualidade e importância, sobretudo em países nos quais não está ainda estabelecido, (ao contrário do que acontece em Portugal e na generalidade dos países europeus), um acervo normativo referencial comum que seja seguido e aplicado em todos os projectos e obras com betão estrutural. Atendendo à experiência acumulada com o acompanhamento, transposição e implementação da norma NP EN 206-1 e da vivência de 5 anos sob a égide do Decreto-Lei n.º 301/2007 de 23 de Agosto, o qual regula e estabelece as condições a que deve obedecer a colocação no mercado dos betões de ligantes hidráulicos, assim como as disposições relativas à execução de estruturas de betão, recordamos que qualquer daqueles documentos pretende contribuir inequivocamente para garantir a segurança dessas estruturas, das pessoas e seus bens, ou seja o mesmo objectivo que consubstancia uma significativa parte e missão do rol de actividades estatutárias da APEB, enquanto associação preocupada com a correcta e adequada produção, integração e utilização do Betão Pronto, em benefício das comunidades que serve, pelo que considerámos relevante inserir nesta edição os artigos que se seguem, designadamente: • Da Amostragem ao Ensaio de Compressão do Betão – Etapas Fundamentais. • Condicionantes de Projecto Impostas pela Exposição Ambiental das Estruturas de Betão. • Verificação da Resistência do Betão aplicado nas Estruturas: Porquê os Ensaios de Identidade? • Controlo da Conformidade do Betão: A Resistência à Compressão. A realização em Luanda, durante o corrente mês de Outubro, da feira Projekta by Constroi Angola, um dos maiores certames africanos dedicados às fileiras da Construção, Ambiente, Imobiliário e Segurança, e na qual a AIP e a FIL surgem como co-organizado-
Vida Associativa
res, tendo mesmo prevista a ocupação de um espaço de 1000 m2, o Pavilhão de Portugal, que se assumirá como uma autêntica Tektónica em solo angolano, justifica que nesta edição da revista Betão seja dado o devido destaque e protagonismo ao evento. Desta forma, este número foi concebido para, paralelamente à tradicional distribuição em Portugal, ter como alvo específico o mercado do betão e da construção em Angola, um país que constitui actualmente o segundo mercado africano com maior investimento, logo depois da África do Sul, e para o qual, não obstante a actividade fervilhante que o anima, carece, porventura, de uma efectiva normalização e harmonização de algumas regras e procedimentos regulamentares entre muitos dos seus actores intervenientes no domínio da construção civil e obras públicas. Ao longo de mais de um quarto de século de existência, com participação contínua e activa nos principais comités técnicos de normalização nacionais e internacionais inerentes aos principais materiais de construção afins à actividade dos seus associados e membros aderentes, a APEB elegeu sempre como uma das prioridades dos seus Exercícios de Exploração, o acompanhamento e a postura interventiva e pragmática na elaboração e adaptação de normas e regulamentos que permitissem aos agentes do ciclo construtivo, o cumprimento das boas práticas conducentes a garantir a qualidade dos produtos ou construções, e consequentemente a satisfação dos seus utilizadores finais. Embora conscientes da imprevisibilidade do futuro, sobretudo face à conjuntura presente, acreditamos que a indústria do Betão irá contudo, permanecer activa, progredindo em busca de Novas Oportunidades, por mais escassas que elas sejam, e neste momento torna-se importante saber sustentar as estruturas que ainda logram mantê-la operacional, ajustando-as a outros mercados com alguns denominadores comuns, como são os que florescem presentemente em África.
Nestes termos, torna-se igualmente importante que as valências desenvolvidas durante largos anos pelos serviços técnicos da APEB, e tradicionalmente disponibilizadas “entre portas”, sejam também reconhecidas e aproveitadas além-mar pelos seus clientes e associados, de forma construtiva e oportuna, o que naturalmente trará benefícios a ambas as partes interessadas. Recordamos algo que nos habituamos a afirmar em tom profético, mas genuinamente convicto e verdadeiro: o Betão é um material extraordinário, com um conjunto único de propriedades e características enquanto fresco e endurecido, como a versatilidade de formas, cores e texturas, a capacidade resistente, a adaptabilidade arquitectónica e durabilidade adquirida, a sustentabilidade, entre outras, praticamente inigualáveis; no entanto, a sua maior virtude é também a seu maior fragilidade, que consiste na facilidade com que se faz betão contrastando com a dificuldade em fazê-lo bem e claramente adequado ao fim em vista, satisfazendo os requisitos previstos de forma eficaz e inequívoca. E hoje, com a situação em que mergulhámos nos últimos tempos, apesar de haver menos gente a fazer betão, ainda subsistem muitos que, por venderem mais barato, disponibilizam afinal a versão “fácil”, aquela que infelizmente só raramente é adequada ao objectivo para que foi supostamente requerida. Trata-se de um cenário válido, quer em Portugal, quer em Angola ou em qualquer outra economia africana lusófona emergente, pelo que os responsáveis públicos e privados não podem, nem devem esquecer esta realidade. Quanto a nós, cá estaremos para a relembrar e procurar contribuir, sempre que possível, para disseminar e aplicar os conhecimentos básicos subjacentes à prossecução dos objectivos de garantir a adequação do Betão aos fins em vista, onde quer que ele seja produzido!
Outubro 2012 Betão n.29 05
Obra
Estudo do Betão dos Caixotões do Cais do Porto da Praia Segunda Fase dos trabalhos de Expansão e Modernização do Porto de Santiago, na República de Cabo Verde Eng.o Luís Saraiva, APEB
1. Introdução Apesar de, há várias dezenas de anos, procurarmos de modo contínuo o desenvolvimento de composições de betões de ligantes hidráulicos capazes de, por si só, se adaptarem a uma multiplicidade de trabalhos de construção, temos verificado que essa procura incessante nos tem conduzido a um paralelo oposto. Essa procura de uma composição universal tem-nos transportado para um universo muito mais vasto. Assim, dentro do próprio “reino” do betão, temos descoberto diversas novas “espécies” que nos têm permitido, a cada dia, reinventar este produto de excelência. A composição do betão desenvolvida para os Caixotões, a aplicar na expansão do Cais do Porto da Praia, é um exemplo cabal de uma composição
06 Betão n.29 Outubro 2012
específica, pensada para responder adequadamente a diferentes requisitos: • um clima particular; • um conjunto de matérias-primas características da ilha de Santiago; • determinadas particularidades de produção e de aplicação; • diversos objectivos técnicos e económicos previamente traçados. Com efeito, o betão a aplicar na materialização dos Caixotões, devido ao processo de moldagem das suas paredes, por recurso a moldes deslizantes, carece de uma composição própria e distinta das tidas como “convencionais”.
Obra
Figura 1. (À esquerda) O primeiro Caixotão, apresentando um excelente acabamento da superfície
A ideia da diferenciação do tipo de formulação, para esta variante do betão, não é algo que se tenha anuído recentemente. Facilmente percebemos que, há várias dezenas de anos (mais de uma centena), desde a invenção do modo de construção por moldes deslizantes, em 1885 por Carrico, e desde a sua normalização em 1933 nos Estados Unidos, se percebeu que este processo carecia de composições específicas. A composição para os Caixotões do Porto da Praia (PP2*), requisitada pelo Consórcio formado pelas empresas de construção portuguesas, Somague, MSF e Etermar, foi desenvolvida atendendo ao comportamento especificado, concordante com a Metodologia Prescritiva prevista na especificação LNEC E 464. Os principais requisitos previstos são os indicados no Quadro I.
Na construção dos Caixotões são utilizados aproximadamente 740 m3 de betão. As suas dimensões, em planta, são de 20,25 m por 10,25 m. A altura de cada Caixotão é de 16,20 m, incluindo a espessura de 0,50 m relativa à sua laje. O seu corpo é constituído por 10 células de 4,55x3,55 m2. As suas paredes exteriores têm uma espessura de 0,45 m, enquanto as interiores apresentam 0,25 m. Para o PP2 foi prevista a realização de um total de 13 Caixotões. A Metodologia aplicada na Concepção do Betão dos Caixotões é sucintamente descrita na secção 4. deste artigo. As matérias-primas utilizadas encontram-se indicadas na secção 3. * Segunda Fase da Modernização e Expansão do Porto da Praia.
Quadro I. Parâmetros
Requisitos
Normas/Documentos
Classe de resistência à compressão (MPa)
C35/45
Requisito do Cliente NP EN 206-1:2007 LNEC E 464: 2007 NP EN 12390-3: 2011
Classe(s) de exposição ambiental
(XS3+XA1+XC4) (P)
NP EN 206-1:2007 LNEC E 464: 2007 CIRIA C674: 2010
Classe de teor de cloretos
Cl 0,2
NP EN 206-1:2007 Quadro 2/DNA no DNA 5.2.7 Betão Armado
Máxima dimensão do agregado
25 mm
Requisito do Cliente NP EN 12620: 2002/A1:2010 NP EN 933-1:2000/A1:2005
Classe de abaixamento/ Valor pretendido
Abaixamento: (200±30) mm
NP EN 206-1:2007 NP EN 12350-2: 2009 Abaixamento adequado ao tipo de peça a conceber
Ligante Mistura: (Cimento + Pozolana)
Correspondente a: CEM II/B-M(L+P)
EN 197-1:2011 LNEC E 464: 2007
Tipo de cimento e sua origem
CEM II/A-L 42,5 R Cimentos Cabo Verde
EN 197-1:2011
Adição
Pozolanas naturais, provenientes de Santo Antão, CABOCEM
NP EN 4220:2010
Mínima dosagem de ligante
340 kg
NP EN 206-1:2007 LNEC E 464: 2007
Máxima razão água/ligante (em massa)
0,45
NP EN 206-1:2007 LNEC E 464: 2007
Mínima dosagem de água de amassadura
180 a 190 litros
Requisito APEB Mínima dosagem de água concordante com o método de moldagem utilizado
Aplicação
Caixotões de Betão Armado, concebidos por recurso a moldes deslizantes
Requisito do cliente/ Especificações de projecto
Velocidade de elevação do molde
25 a 30 cm/h
Requisito do cliente
Outubro 2012 Betão n.29 07
Obra
Quadro II. LNEC E 464 – Prescrições para uma vida útil de projecto de 50 anos (relativas à composição do betão)
Figura 2. Cortes transversal e longitudinal do Caixotão. Retirados da peça desenhada nº 0.1326.06_PF_ES_07_B, do projecto de execução da Consulmar, Projectistas e Consultores, Lda.
Classe de exposição
Mínima dosagem de ligante (CEM II/B-M(L+P) (kg/m3)
Máxima razão água/ ligante
Mínima classe de resistência
XS3
340
0,45
C35/45
3. Materiais utilizados e suas características
Figura 3. Extensão do novo Cais. Arranjo geral. Retirado da peça desenhada nº 0.1326.06_PE_ES_78_1,do projecto de execução da Consulmar, Projectistas e Consultores, Lda.
2. O betão estudado de acordo com a NP EN 206-1 O betão estudado, de acordo com a NP EN 206-1, tem como características principais, entre os requisitos fundamentais e adicionais, e de acordo com a terminologia utilizada na NP EN 206-1, as indicadas no ponto 1. Introdução. NP EN 206-1: C35/45 XS3 Cl 0,2 Dmáx25 VPA (200±30)mm VPA: Valor pretendido de abaixamento
No Quadro seguinte, apresentamos um resumo dos requisitos especificados para o betão, no referente aos limites da composição e da classe de resistência sob a acção das exposições ambientais definidas para o betão em estudo.
08 Betão n.29 Outubro 2012
3.1. Agregados Os agregados utilizados foram três areias, uma rolada e duas britadas (designadas neste estudo por areia fina rolada, areia fina britada (pó de pedra) e areia grossa britada) e duas britas de origem basáltica (designadas por brita 1 e brita 2). A areia fina natural não é oriunda de Cabo Verde, sendo proveniente da Mauritânia. Todos os agregados bitados são produzidos pela Somague-CVC e são provenientes da sua pedreira localizada na ilha de Santiago. No Quadro III estão indicadas as granulometrias dos agregados (NP EN 933-1). Por forma a avaliar as características dos agregados, destinados à produção do betão dos Caixotões, foram avaliadas as suas características geométricas, físicas e químicas, concordantes com o preconizado nos seguintes documentos: • Especificação LNEC E 467 (Guia para Utilização de Agregados em Betões de Ligantes Hidráulicos). A LNEC E 467 estabelece as características mínimas que os agregados não reciclados, abrangidos pelas normas NP EN 12620 e NP EN 13055-1, deverão respeitar para poderem ser utilizados no fabrico de betões em Portugal, no âmbito da NP EN 206-1. • Na norma NP EN 12620 – Agregados para Betão.
Obra
Quadro III. Granulometria dos agregados NP EN 933-1:2000 Percentagem cumulativa do material passado
Malha do Peneiro (mm) Série base +1+2
Areia Fina Rolada
Areia Britada (Pó de Pedra)
Areia Grossa Britada
Brita 1
Brita 2
31,5
-
-
-
-
100
(25)
-
-
-
-
99,0
22,4
-
-
-
-
92,2
20
-
-
-
100,0
65,0
16
-
-
-
99,3
17,7
14
-
-
-
94,1
4,0
12,5
-
-
-
84,3
1,1
11,2
-
-
-
68,2
0,8
10
-
-
-
54,5
0,7
8
-
-
-
27,8
0,7
6,3
-
-
-
15,6
0,6
5,6
-
-
100,0
9,7
0,6
4
100
100
85,5
2,6
0,6
2
100
97,4
28,8
1,5
0,6
1
98,1
66,3
9,9
1,3
0,5
0,500
64,8
37,8
5,0
1,2
0,5
0,250
47,8
21,1
3,6
1,1
0,5
0,125
10,2
12,5
3,0
1,1
0,5
0,063 % de finos (f)
0,8
8,0
2,4
0,9
0,4
Módulo de Finura
1,79
2,65
4,64
6,64
7,78
3.2. Ligante hidráulico O ligante hidráulico utilizado na produção do betão é constituído pela mistura de CEM II/A-L 42,5 R, da empresa Cimentos Cabo Verde, do Grupo Cimpor, e de pozolanas naturais de Santo Antão, moídas pela empresa Cabocem. A mistura destes dois constituintes foi efectuada em proporções enquadráveis num cimento equivalente CEM II/B-M (L+P). De acordo com a especificação LNEC E 464 (Metodologia Prescritiva para uma Vida Útil de 50 e de 100 anos face às Acções Ambientais), para este tipo de cimento (CEM II/B-M (L+P), os requisitos dos betões (já mencionados no Quadro IV) são: Classe XS3: • Mínima dosagem de cimento: 340 kg • Máxima razão água/cimento: 0,45 • Mínima classe de resistência: C35/45
Quadro IV. Massa Volúmica (LNEC E 64:1979) (g/cm3) Cimento e Adições
Massa Volúmica
Cem II/A-L 42,5 R Cimentos Cabo Verde
3,06
Pozolana de Santo Antão
2,16
Outubro 2012 Betão n.29 09
Obra
A pozolana natural de Santo Antão, de acordo com Sousa Coutinho, é um tufo vulcânico ortotraquítico e traquítico subsaturado. A utilização de pozolanas naturais, e principalmente as de Santo Antão, devido à sua excepcional qualidade permitem a: • Redução do calor de hidratação, sem prejuízo das resistências finais e mesmo das iniciais (no caso concreto deste estudo); • Melhoria do desempenho dos betões, incrementando a sua durabilidade; • Aumento das resistências finais em idades avançadas; • Diminuição do impacto ambiental; • Minoração do teor de hidróxido de cálcio presente na pasta de cimento hidratada, melhorando a resistência à acção dos sulfatos, por diminuição da formação de sulfoaluminato expansivo; • Redução da porosidade; • Produção de betões economicamente mais viáveis; • Prevenção da ocorrência de reacções sílico-alcalinas, por redução do teor de álcalis e do hidróxido de cálcio na pasta de cimento; • Prevenção da ocorrência de reacções sulfáticas internas (DEF), etc. 3.3. Adjuvantes O betão estudado contempla a incorporação de dois adjuvantes da empresa Sika Portugal, SA: • Um superplastificante, designado comercialmente por Viscocrete 3008, utilizado numa dosagem de 1,0%s.p.l. (sobre o peso do cimento + a dosagem total de pozolanas); • Um plastificante retardador de presa, designado por Sikament P190, na dosagem de 0,3% s.p.l. Em substituição do plastificante Sikament P190, poderão, no decurso da produção, ser utilizados outros produtos similares e de igual função, na mesma dosagem, tal como: o Pozzolith 390 N da BASF, o Mapeplast N11 da Mapei, o Mira 44 da Grace, etc. 4. Cálculo da composição 4.1. Formulação O desenvolvimento desta composição tão específica, devido à complexidade do processo de moldagem e ao facto das betonagens decorrerem em condições de Clima Quente, desenrolou-se ao longo de três fases distintas. A primeira fase, desenvolvida durante os meses de Dezembro de 2011 e Janeiro de 2012, correspondeu à estruturação da composição em condições laboratoriais, a partir de amostras de matérias-primas enviadas pela Somague para a nossa unidade laboratorial. Esta etapa é aquela que corresponde ao desenvolvimento da composição “laboratorial”. Este estádio é fulcral, ficando delineados os alicerces basilares da estrutura da composição. Ou seja, ficamos com o
10 Betão n.29 Outubro 2012
corpo da composição praticamente formado, depois, em estádios ulteriores, apenas temos de o engordar ou emagrecer ligeiramente. Estes ajustes dependerão da experiência adquirida e, assim, poderão ser de maior ou menor importância. Numa segunda fase, que muitas vezes é descurada ou tratada de modo menos rigoroso, são realizados ensaios industriais, durante os quais são simuladas as operações reais de deslize, recorrendo a um molde protótipo. Esta desenrolou-se durante o mês de Março de 2012, nas instalações de produção industrial da Somague, na cidade da Praia. Pudemos, assim, verificar a adequabilidade da composição “laboratorial”, bem como constatar quais os ajustes necessários nas quantidades ponderais de cada constituinte. Procurámos durante a realização destes ensaios confirmar que, para além das características de resistência mecânica, a composição estudada seria capaz de garantir um adequado acabamento da superfície do betão, bem como rendimentos de avanço da cofragem concordantes com os ritmos de produção expectáveis e delineados. A elevada qualidade do betão aparente é essencial na garantia de um recobrimento adequado e homogéneo das armaduras, bem como é sintomático do seu envolvimento apropriado e da tão desejável aderência aço/betão. Quando há necessidade de providenciar reparações na superfície do betão, seja porque a composição não apresenta características de trabalhabilidade adequadas ao fim, ou porque o deslize se verifica ou verificou fora do tempo (deverá ocorrer entre o início e o fim de presa do betão), mesmo perante a melhor operação de reparação, dificilmente se alcançará o mesmo nível de protecção de armadura, que uma massa homogénea de betão, isenta de descontinuidades, é capaz de providenciar. Na terceira fase, que se desenvolve durante a operação de construção das primeiras peças, são efectuados os detalhes finais, de modo a adaptar o betão aos rendimentos de toda a equipa operacional e à velocidade de avanço prevista. Na construção de Caixotões, o trabalho e a experiência das equipas de construção envolvidas, tem permitido concluir que a velocidade de deslize adequada se deve situar entre os 25 a 30 cm/h. Esta última etapa comporta o desenvolvimento da composição “real”, ou seja, a composição efectiva. O Eng. Luís Saraiva, da APEB, pôde acompanhar de perto a produção dos 3 primeiros Caixotões, a qual se desenvolveu, no mês de Julho, durante um período de 3 semanas (no PP2 é concebido um Caixotão por semana, demorando a moldagem das suas paredes cerca de 60 horas). As alterações, de minúcia, relativas à composição previamente estabelecida e validada na segunda fase da concepção, limitaram-se a uma aumento de 20 kg na dosagem do agregado
Obra
grosso e subsequente redução no agregado fino, a um aumento de 0,1% s.p.c. na dosagem do superplastificante e a uma diminuição de 0,2% s.p.c. na quantidade do adjuvante plastificante. A formulação da composição, a aplicar nos Caixotões do PP2, foi alvo de uma atenção muita cuidada, por parte dos serviços laboratoriais da APEB. Atendendo a que as operações de produção e betonagem se desenvolvem em clima quente, bem como à agressividade da envolvente, fruto da exposição ambiental, foi prestada a máxima atenção, procurando munir a composição, dentro das matérias-primas disponíveis, de características enquadráveis no clima intrínseco de Cabo Verde. O clima de Cabo Verde é tropical, caracterizado por amplitudes térmicas reduzidas, apresentando valores de temperatura média, ao longo do ano, de 25 ºC. Durante o período de Agosto a Outubro a temperatura alcança o seu máximo, atingindo os 30 ºC. Assim, foi objectivo primordial o estudo de uma composição adequada, não só às características reológicas necessárias e enquadráveis neste tipo de betão, mas também ao tipo de clima, munindo, para tal, a composição de uma quantidade mínima de água de amassadura (efectiva) e de adjuvantes cuidadosamente seleccionados. Com base em toda a experiência, em estudos similares em Cabo Verde, designadamente os afectos aos recentes trabalhos portuários desenvolvidos ou em decurso, em Santiago, na Boavista, na ilha do Sal, e nas do Fogo e da Brava, a dosagem mínima de água de amassadura efectiva definida, para obtenção da consistência desejada, foi de 185 litros (também associada, naturalmente, às características das matérias-primas constituintes e à matriz da composição). Atendendo a que escolha dos adjuvantes é fulcral, depois de efectuada uma escala alargada de amassaduras laboratoriais e industriais, e também com base nas opções e na nossa experiência no estudo de betões em todo o arquipélago de Cabo Verde, os adjuvantes seleccionados foram o Viscocrete 3008 e o Sikament P190, ambos da empresa Sika. O adjuvante Viscocrete 3008 foi especialmente desenvolvido pela Sika, para a produção de betões em climas em tudo iguais ao de Cabo Verde. Na concepção deste betão específico, perante o mencionado, depreende-se facilmente que são factores chave: • Uma mínima dosagem de finos e sua correcta distribuição granulométrica, especificamente as partículas inferiores a 250 mícrons; • A mínima dosagem de água de amassadura seleccionada. Dado que a água de amassadura é responsável pela diminuição do atrito entre as partículas sólidas do betão e a superfície interior da cofragem, durante o deslize, é preferível um excesso de água de amassadura do que a sua falta. Este facto assume ainda maior importância quando as betonagens decorrem em locais de Clima Quente;
• Selecção apropriada de adjuvantes. Nem todos os adjuvantes, principalmente os de última geração, à base de policarboxilatos, são adequados ao processo de moldagem mencionado, dado que alguns conferem o chamado efeito de “pegajosidade”; Será necessário escolher os produtos que concedam ao betão fresco uma viscosidade plástica adequada. Do mesmo modo, dever-se-á seleccionar adjuvantes capazes de, em conjunto com o ligante disponível, perante as condições ambientais, promover tempos de presa apropriados; • Um betão de elevada trabalhabilidade e isento de segregação e exsudação (mesmo para dosagens de água de amassadura na casa dos 190 litros). No respeitante à agressividade do meio ambiente a que o betão dos Caixotões estará sujeito, teremos de ter em linha de conta duas zonas distintas: • A Zona Submersa; • Zona de Marés, de Rebentação e de Salpicos.
Quadro V.
Classes de Exposição – NP EN 206-1; LNEC E 464
Zona de marés, de rebentação e de salpicos
Zona submersa
Simplificando…
XS3 + XA1 + XC4
XS2 + XA1 + XC1
XS3
Apesar do coroamento dos caixotões se situar à cota +1,70 m (ZH), e da sua altura total ser de 16,20 m, considerou-se, numa perspectiva conservadora e de lógica óbvia, privilegiando a durabilidade das peças em causa, que toda a sua estrutura estaria sujeita a uma exposição condizente com a classe XS3. A composição do betão a empregar nesta estrutura foi, então, estudada de modo a obter propriedades de resistência química, física e mecânica adequadas ao meio em que se insere. Assim, a composição foi estudada de modo a garantir as características mínimas regulamentares relativas à acção química, de resistência à difusibilidade de cloretos e, também, à acção abrasiva das ondas (não indicadas na Especificação LNEC E 464). Observe-se que a classe XA1, no que à agressividade química respeita, é a prevista pela LNEC E 464, no caso de betões em contacto com a água do mar.
Outubro 2012 Betão n.29 11
Obra
Figura 5. Molde Protótipo
Figura 4. Molde Protótipo
Apesar do coroamento dos caixotões se situar à cota +1,70 m (ZH), e da sua altura total ser de 16,20 m, considerou-se, numa perspectiva conservadora e de lógica óbvia, privilegiando a durabilidade das peças em causa, que toda a sua estrutura estaria sujeita a uma exposição condicente com a classe XS3. A composição do betão a empregar nesta estrutura foi, então, estudada de modo a obter propriedades de resistência química, física e mecânica adequadas ao meio em que se insere. Assim, a composição foi estudada de modo a garantir as características mínimas regulamentares relativas à acção química, de resistência à difusibilidade de cloretos e, também, à acção abrasiva das ondas (não indicadas na Especificação LNEC E 464). Observe-se que a classe XA1, no que à agressividade química respeita, é a prevista pela LNEC E 464, no caso de betões em contacto com a água do mar.
12 Betão n.29 Outubro 2012
Figura 6. Pormenor da qualidade da superfície do betão, durante a realização do ensaio de moldagem por deslize
XS3
XS3
XS2
Figura 7. Deterioração de estruturas de betão em contacto com a água do mar, de acordo com o CEB, Design Guide for Durable Concrete Structures, 199
Obra
Figura 9. Aspecto do betão fresco, durante uma betonagem, evidenciando elevada homogeneidade, isenta de qualquer exsudação. Ensaio de abaixamento realizado junto do local de aplicação
Figura 8. Os diferentes graus de probabilidade de corrosão das armaduras, por acção dos cloretos em ambiente marinho
Como um dos parâmetros essenciais de base da composição, destacamos a incorporação das pozolanas naturais de Santo Antão. A elevada qualidade desta matéria-prima realça-se, não só nos resultados caracterizadores alcançados, como se consubstancia nos relatos sobre a sua qualidade, tecidos pelo saudoso Sr. Eng.º Sousa Coutinho, o grande ícone do betão em Portugal, que referia num dos seus famosos livros (Fabrico e Propriedades do Betão, Volume I): “Há mesmo pozolanas de qualidade excepcional…, (como a de Santo Antão da República de Cabo Verde),...” Efectivamente, as extraordinárias características desta pozolana eram bastante conhecidas em Portugal, sendo mesmo prescritas pela APDL, nos seus cadernos de encargos, durante diferentes fases da construção do Porto de Leixões. Se durante muitos anos na utilização desta adição primava, por excelência, a redução do calor de hidratação (característica necessária, principalmente em betonagens em massa e em climas quentes) e a redução da probabilidade da formação de sulfoaluminato expansivo (redução do ataque por acção dos sulfatos), no presente, a sua utilização prima, também, pela redução das taxas de emissão de CO2 (reduzir o impacto ambiental da produção do Cimento Portland). Esta redução do impacto ambiental é um facto a que, qualquer um de nós, não pode nem deverá, de futuro, ficar alheio, aquando da formulação de composições e da especificação das características dos betões.
Figura 10. Construção do Caixotão na plataforma, enquanto este ainda não possui suficiente capacidade de flutuação
Outubro 2012 Betão n.29 13
Obra
As relações apresentadas são caracterizadoras do betão estudado, constituindo importantes informações sobre o comportamento dos betões. Um outro parâmetro sempre devidamente analisado é a superfície específica da mistura final. Uma das propriedades da pozolana é a condução à obtenção de misturas de menor superfície específica, para a mesma consistência.
Figura 11. Caixotão terminado, a ser rebocado para a sua posição final. A elevada qualidade do betão aparente, sem recurso a operações de reparação, permite garantir os padrões de durabilidade expectáveis.
A formulação da composição destinada à materialização dos Caixotões do PP2 foi desenvolvida a partir da realização de diversas amassaduras laboratoriais experimentais e industriais. Partindo dos dados essenciais de base, foram arbitradas composições com diferentes relações AG/AF, em massa e em volume, (Agregado Grosso / Agregado Fino). Estas relações foram estipuladas com base nas características de resistência e de trabalhabilidade adequadas ao tipo de betão alvo de estudo e ao elevado padrão de qualidade final do acabamento superficial das peças. Obviamente a variação da relação AG/AF será conducente à obtenção de outras diferentes relações, intimamente ligadas à primeira e não de inferior importância:
Relações AG/ Agreg.
0,55
volume
AG/ AF
1,25
massa
AG/ AF
1,22
volume
AG/ Agreg.
0,45
volume
Agreg. / Lig
4,28
massa
AG/ ( AF+Lig)
0,82
massa
AF/ (argam.)
0,447
volume
água / finos
0,40
massa
As relações apresentadas correspondem ao betão estudado.
14 Betão n.29 Outubro 2012
4.2. Dosagem de cimento e adjuvante As dosagens de cimento e dos adjuvantes utilizadas na composição, bem como a razão água/cimento, foram baseadas na experiência da APEB em concepções de betões com materiais constituintes similares. Estes parâmetros obedecem aos requisitos para a mínima dosagem de cimento, máxima razão água/ cimento e mínima classe de resistência a verificar, concordantes com as classes de exposição, indicados na norma NP EN 206-1 e na especificação LNEC E 464, referentes ao betão em estudo. 4.3. Composição do betão, método de Faury, análise comparativa De entre as várias dezenas de métodos associados à formulação de composição de betões, um dos mais generalizados, principalmente no nosso país, é o Método de Faury. O Método de Faury integra-se no grupo dos métodos baseados em curvas de referência. Apenas a genialidade de Faury e do seu mentor Albert Caquot poderiam conduzir a um método simples e eficaz. A título de curiosidade e porque a comparação da curva traçada para o nosso betão, mediante a nossa abordagem experimental, com a de Faury faz parte integrante do nosso próprio método de formulação de composições, apresentamos os valores dos parâmetros de Faury para a nossa curva final. A curva granulométrica neste método é constituída por dois segmentos de recta, marcados num gráfico, cujas ordenadas são centesimais e as abcissas são proporcionais à raiz quinta da dimensão da malha do peneiro. A abcissa do ponto de encontro dos dois segmentos de recta é de D e a sua ordenada é 2
onde:
Obra
A – Parâmetro que varia com a dosagem de ligante, a forma do agregado e a trabalhabilidade requerida para o betão. D – Máxima dimensão do agregado do betão. B – Parâmetro que depende da potência de compactação. R – Raio médio do molde (zona mais armada). Praticamente, toma-se R = 1. D
Gráfico I. Tensão de rotura à compressão NP EN 12390-3:2011
As ordenadas dos pontos iniciais do segmento de recta são 100 (correspondente à abcissa D) e 0 (correspondente à abcissa 0,0063 mm). Os valores dos parâmetros A e B da nossa curva são: A = 42 B=2 A curva de referência do betão está desenhada no seu Boletim de Composição e tem como coordenadas:
d = 0,0063 mm
- Yd = 0%
D/2 = 12,5 mm
- YD/2 = 82,4%
D = 25 mm
- YD = 100%
4.4. Resultados das resistências mecânicas – amassaduras laboratoriais No Quadro VI está indicado o perfil tipo, referente às tensões de rotura à compressão simples sobre provetes cúbicos (NP EN 12390-3), nas idades alvo de ensaio. Os resultados são referentes a provetes cúbicos de 150 m de aresta. A curva de desenvolvimento da resistência à compressão tem particular interesse, não só para um adequado
(fcm,28) do betão estudado, de acordo com o Quadro 12 da NP EN 206-1:2007, harmoniza-se com um desenvolvimento de resistência rápido. O desenvolvimento rápido, de acordo com o mesmo Quadro, verifica-se quando aos 2 dias de idade é alcançada uma resistência de, no mínimo, 50% da atingida aos 28 dias. Constate-se, contudo, que esta análise de desenvolvimento, segundo a secção 7.2 da NP EN 206-1, deve ser realizada mediante ensaio a 20 ºC. 4.5. Classe de teor de cloretos Em relação à classe de teor de cloretos (requisito fundamental) é necessário ter presente que as especificações referentes ao teor de cloretos no betão simples, armado e pré-esforçado (ou que contenha metal embebido) estão presentes na secção 5.2.7 da NP EN 206-1, sendo o Quadro 10, no nosso Anexo Nacional, substituído pelo Quadro 2/DNA no DNA 5.2.7. De acordo com a Nota (1) do Quadro referido, as classes de teor de cloretos, no caso de betão armado ou pré-esforçado, podem deixar de se aplicar se forem tomadas medida especiais de protecção contra a corrosão. Ou seja, poder-se-á aplicar, nestas condições, a classe Cl 1,0.
Quadro VI. Abaixamento NP EN 12350-2 (mm) 200
Resistência à compressão NP EN 12390-3 (MPa) 1 dia
2 dias
3 dias
7 dias
28 dias
22,5
37,5
41,3
48,8
60,8
46,3% fcm 28d
61,7% fcm 28d
67,9% fcm 28d
80,3% fcm 28d
100%
acompanhamento da produção do betão, permitindo estimar as resistência aos 28 dias de idade, a partir de resultados em idades mais jovens, mas também para o utilizador, no caso específico da aplicação final deste betão, programar a cura, a descofragem e a movimentação das peças. A razão entre resistência à compressão aos 2 dias de idade (fcm,2) e a resistência à compressão aos 28 dias
Segundo a NP EN 206-1, no caso de betão armado exposto a um ambiente classificado como XS, a máxima classe de teor de cloretos a verificar é a Cl 0,2. No cálculo do teor de cloretos do betão em estudo, indicado no Boletim de Composição, foram considerados os seguintes teores máximos de cloretos para cada constituinte:
Outubro 2012 Betão n.29 15
Obra
Quadro VII. Constituintes
Teor de cloretos
Observações
CEM II/A-L 42,5 R
≤0,1%
NP EN 197-1:2001
Pozolana de Santo Antão
≤0,16%
Ficha de Produto
Areia Fina
≤0,04%
Ensaio
Pó de Pedra
≤0,03%
Ensaio
Areia Grossa Britada
≤0,03%
Ensaio
Brita 1
≤0,03%
Ensaio
Brita 2
≤0,03%
Ensaio
Viscocrete 3008
≤0,1%
Ficha de produto
Sikament P190
≤0,1%
Ficha de produto
Água
0,025%
VMA – Água Potável Ficha de Produto (Electra)
5. Conclusão Partindo dos parâmetros base especificados para a composição do betão dos Caixotões, a composição formulada não só alcançou, como ultrapassou amplamente os requisitos mínimos de resistência mecânica especificados. Com a razão água/cimento utilizada (0,44) foi alcançada uma resistência à compressão aos 28 dias de 60,8 MPa. Tendo em atenção a secção 9.5 e o Anexo A da NP EN 206-1, designadamente a secção A.5 (“Critérios para aceitação dos ensaios iniciais”), convém que a margem de segurança, relativa ao início de produção, seja de, pelo menos, 6 MPa a 12 MPa. A composição estudada ultrapassa estes valores mínimos de segurança, indicados com base nos valores de desvio padrão previsíveis em decurso de produção. A composição estudada foi desenvolvida, para além das características mecânicas, tendo, também, em atenção: • A obtenção de uma adequada reologia, conduzindo a uma mais fácil colocação e compactação do betão; • Um tempo de trabalhabilidade do betão fresco adequado às condições higrotérmicas locais e às operações de moldagem; • Tempos de presa adequados à velocidade de deslize necessária; • Elevada qualidade do betão aparente, minorando as operações de reparação ou de acabamento final da sua superfície. Assim, é facilitado todo o processo de produção, visando a execução adequada à construção dos Caixotões.
16 Betão n.29 Outubro 2012
A conformidade do betão com a NP EN 206-1 significa que a avaliação da conformidade prevista na secção 10 desta Norma, os ensaios iniciais da secção 9.5, o controlo da produção previsto na secção 9. e o controlo da conformidade (secção 8) são executados pelo produtor e satisfazem os requisitos. 6. Agradecimentos Não gostaríamos de terminar este artigo sem agradecer todo o apoio e interesse manifestado pelas equipas afectas à produção do betão e à construção dos Caixotões. Só com o seu elevado saber e profissionalismo poderíamos chegar a um resultado final de qualidade ímpar, entre as demais obras do género. Efectivamente, só com todo o espírito de empreendedorismo manifestado pelo Consórcio Construtor e pela empresa de fiscalização afectos ao PP2 se poderia alcançar resultado tão positivo. A todos os que nos apoiaram, o nosso Muito Obrigado, nomeadamente: Eng.º Jorge Marques e Sr. Cruz Mata (o nosso inventor de “zingarelhos”, sem o qual não teria sido possível testar, previamente, a adequabilidade das composições ao deslize, recorrendo ao Molde Protótipo inventado por si) – Somague; Eng.º José Domingos e Sr. Rui Ferreira – Somague-CVC; Eng.º Luís Adão e Sr. Câmara – Etermar; Eng.º Luís Esteves e sua equipa – Consulgal.
Betões • Solos • Betuminosos • Agregados Fundações • Pré Fabricados Controlo de Qualidade
laboratórios móveis
Ensaios de Betões, Cimentos, Asfaltos, Solos, Agregados, Rochas, Aços,
Projectos chave na mão.
Ensaios Não-destrutivos, Ensaios de Estacas.
PERTAngola, Lda Rua Amílcar Cabral, 98 – Bairro da Maianga – Luanda • tel.: +244 921 011 926 e-mail: antonio.mendes@pertangola.com • www.pertangola.com
Técnica
Condicionantes de Projecto Impostas pela Exposição Ambiental das Estruturas de Betão Eng.o João Carlos Duarte, APEB Eng.o Jorge Santos Pato, APEB
1. Introdução As estruturas de betão estão sujeitas a um conjunto de acções de diversa natureza, nomeadamente, e entre outras: • Acções mecânicas; • Acções internas; • Acções ambientais. Como acções mecânicas encontramos essencialmente as solicitações decorrentes do peso da própria estrutura, das sobrecargas (p.e.: divisórias; revestimentos; mobiliário; pessoas; eventuais viaturas ou equipamentos), da acção do vento, da acção da neve e da acção sísmica. Estas acções devem ser identificadas pelo projectista e, ao serem quantificadas, são introduzidas e consideradas no próprio dimensionamento estrutural. Quanto às acções internas, encontramos essencialmente as reacções álcali-agregado, de entre as quais assume especial relevância a reacção álcalis-sílica. Este tipo de acções pode ocorrer no betão, sob determinadas condições, entre compostos incorporados no betão pelos próprios materiais constituintes, pelo que, normalmente, são contrariadas através de uma selecção criteriosa daqueles elementos, optando na medida das possibilidades por materiais não reactivos. Finalmente, temos as acções ambientais, das quais as mais relevantes são: a) a corrosão das armaduras induzida pela carbonatação do betão; b) a corrosão das armaduras provocada pela presença de cloretos; c) a degradação do betão, enquanto húmido, pela acção do gelo-degelo; d) a degradação do betão provocada pelo ataque de compostos químicos presentes nas águas e/ou solos em contacto com a estrutura. Tratam-se de acções que degradam claramente o desempenho estrutural pelo facto de, por um lado, reduzirem a secção das armaduras, provocada pela sua corrosão, e por outro, a redução da secção resistente do betão, provocada não só pela sua degradação, mas também pela acção expansiva decorrente da corrosão das armaduras.
18 Betão n.29 Outubro 2012
Estas acções podem ser prevenidas através de várias formas, consoante a sua agressividade, sendo a mais corrente a definição de disposições prescritivas ao nível do dimensionamento (p.e.: recobrimento mínimo; classe de resistência mínima) e ao nível da composição (p.e.: dosagem de cimento mínima; razão água/cimento máxima). Foi o que aconteceu na generalidade dos países europeus que adoptaram norma EN 206-1 [1], através da qual foram então estabelecidos os limites prescritivos que à partida asseguram a durabilidade das estruturas. Outras soluções para a prevenção da degradação estrutural face às acções ambientais podem envolver medidas extraordinárias tais como a utilização de armaduras resistentes à corrosão (p.e.: aço galvanizado; fibras de carbono) ou o isolamento da estrutura, limitando o seu grau de humidade, pois a generalidade destas acções acontece em ambiente húmido. 2. Classificação da exposição ambiental Em primeira instância, o responsável pela especificação do betão é o técnico que elabora o projecto de estabilidade da estrutura, adiante designado apenas por projectista, pois é este quem define quais os materiais a utilizar, no nosso caso: o betão e as armaduras. A especificação do betão deve ser efectuada de acordo com o estabelecido na NP EN 206-1 (secção 6). Nota: Em Portugal, isto foi tornado obrigatório através do Decreto-Lei n.º 301/2007, de 23 de Agosto.
De acordo com a NP EN 206-1, a especificação do betão deve incluir obrigatoriamente a(s) classe(s) de exposição ambiental, pelo que se pode concluir que compete ao projectista a caracterização dos agentes ambientais e a respectiva classificação. No entanto, esta condição é também reflectida no Eurocódigo 2 [2], onde é referido que, além das acções mecânicas, o projectista deve ter em consideração as condições ambientais a que a estrutura vai estar sujeita durante a sua vida útil, uma vez que estas condicionam a qualidade do betão, nomeadamente no que diz respeito à dosagem de cimento mínima e razão água/cimento máxima, podendo ainda ser estabelecida uma classe de resistência mínima.
Técnica
A classificação da exposição ambiental encontra-se estabelecida na NP EN 206-1, mas não exclusivamente. É também possível encontrar esta classificação, tanto no Eurocódigo 2, como na Especificação E464 [3]. Nesta última, são inclusivamente apresentados outros exemplos de situações onde podem ser encontradas cada uma das classes de exposição ambiental. No Quadro 1 apresentam-se as classes de exposição ambientais tal como definidas na NP EN 206-1 e no Eurocódigo 2. Corrosão das armaduras induzida pela carbonatação do betão Os cimentos correntes são constituídos essencialmente por clinquer Portland, o qual é o principal responsável pelo desenvolvimento das propriedades do betão. Esta substância é constituída essencialmente por silicato tricálcico, silicato bicálcico, aluminato tricálcico e ferroaluminato tetracálcico sendo os que se apresentam em maiores quantidades, o silicato tricálcico e o silicato bicálcico. Da reacção destes dois compostos com a água libertam-se grandes quantidades de hidróxido de cálcio, Ca(OH)2, que é a substância que mais contribui para conferir um elevado pH ao betão e, conse-
quentemente, assumir-se como o principal responsável pela protecção das armaduras contra a corrosão. No entanto, trata-se de uma substância altamente instável na presença de humidade, pois caso esteja na presença ou em contacto com o dióxido de carbono, CO2, ocorre uma reacção de acordo com a seguinte expressão: Ca(OH)2 + CO2
CaCO3 + H2O
(1)
Como se pode verificar, o resultado desta reacção química, correntemente designada por carbonatação do betão, é um composto neutro, o que vai contribuir para a redução do pH do betão, pelo que, quando a camada carbonatada atingir as armaduras, estas deixam de estar protegidas contra a corrosão. A velocidade com que ocorre a carbonatação do betão depende essencialmente do grau de humidade no betão, da concentração de dióxido de carbono e da quantidade de hidróxido de cálcio disponível, sendo esta proporcional à quantidade de clinquer, i.e.: cimento, do betão. Os dois primeiros factores foram os utilizados para classificar a exposição ambiental, no que respeita à corrosão induzida pela carbonatação, conforme apresentado no Quadro 1.
Quadro 1 – Classes de exposição ambiental Acção ambiental
Sem risco de corrosão ou ataque
Corrosão induzida por carbonatação
Corrosão induzida por cloretos não provenientes da água do mar
Classe
X0
Descrição do ambiente
Exemplos informativos
Para betão não armado e sem metais embebidos: todas as exposições excepto ao gelo/degelo, à abrasão ou ao ataque químico Para betão armado ou com metais embebidos: ambiente muito seco
Betão no interior de edifícios com muito baixa humidade do ar
XC1
Seco ou permanentemente húmido
Betão no interior de edifícios com baixa humidade do ar; Betão permanentemente submerso em água
XC2
Húmido, raramente seco
Superfícies de betão sujeitas a longos períodos de contacto com água; Muitas fundações
XC3
Moderadamente húmido
Betão no interior de edifícios com moderada ou elevada humidade do ar; Betão no exterior protegido da chuva
XC4
Ciclicamente húmido e seco
Superfícies de betão sujeitas ao contacto com a água, fora do âmbito da classe XC2
XD1
Moderadamente húmido
Superfícies de betão expostas a cloretos transportados pelo ar
XD2
Húmido, raramente seco
Piscinas; Betão exposto a águas industriais contendo cloretos
Ciclicamente húmido e seco
Partes de pontes expostas a salpicos de água contendo cloretos; Pavimentos; Lajes de parques de estacionamento de automóveis
XD3
(continua)
Outubro 2012 Betão n.29 19
Técnica Quadro 1 – Classes de exposição ambiental (continuação) Acção ambiental
Corrosão induzida por cloretos da água do mar
Ataque pelo gelo/degelo com ou sem produtos descongelantes
Ataque químico
Classe
Descrição do ambiente
XS1
Ar transportando sais marinhos mas sem contacto directo com a água do mar
Estruturas na zona costeira ou na sua proximidade
XS2
Submersão permanente
Partes de estruturas marítimas
XS3
Zonas de marés, de rebentação ou de salpicos
Partes de estruturas marítimas
XF1
Moderadamente saturado, sem produtos descongelantes
Superfícies verticais de betão expostas à chuva e ao gelo
XF2
Moderadamente saturado, com produtos descongelantes
Superfícies verticais de betão de estruturas rodoviárias expostas ao gelo e a produtos descongelantes transportados pelo ar
XF3
Fortemente saturado, sem produtos descongelantes
Superfícies horizontais de betão expostas à chuva e ao gelo
XF4
Fortemente saturado, com produtos descongelantes ou água do mar
Estradas e tabuleiros de pontes expostos a produtos descongelantes; Superfícies de betão expostas ao gelo e a salpicos de água contendo produtos descongelantes; Zona das estruturas marítimas expostas à rebentação e ao gelo
XA1
Ligeiramente agressivo
--
XA2
Moderadamente agressivo
--
XA3
Fortemente agressivo
--
Corrosão das armaduras induzida Corrosão induzida pelos cloretos Por outro lado, a corrosão das armaduras pode ser induzida se ocorrerem diferenças na concentração de cloretos, de água e de oxigénio em contacto com os varões de aço. Assim, caso o betão envolvente das armaduras se apresente menos uniforme, tal vai produzir diferentes graus de penetração de cloretos ao longo das armaduras, originando processos electroquímicos que vão levar à corrosão das mesmas. As descontinuidades no betão de recobrimento podem ser geradas por diversos factores, designadamente por defeitos intrínsecos do betão (p.e.: água em excesso adicionada em obra), defeitos gerados na colocação e compactação do betão (p.e.: segregação; falta de compactação) ou por fissurações do betão endurecido (p.e.: retracção plástica durante a cura; gradiente térmico nas idades jovens do betão). Desta forma, a progressão dos agentes agressivos, neste caso: os cloretos, a humidade e o oxigénio, vai ser variável ao longo da armadura, criando as tais diferenças nas respectivas concentrações, responsáveis pela criação de zonas anódicas e catódicas, entre as quais ocorrem trocas iónicas, num sentido, e electrónicas, noutro (ver Figura 1). Na zona anódica, o Fe2+ acaba por se combinar com o oxigénio, gerando assim diferentes óxidos de ferro, os quais, por ocuparem um maior volume, vão gerar tensões internas que normalmente resultam na expulsão do betão de recobrimento sobre a zona anódica.
20 Betão n.29 Outubro 2012
Exemplos informativos
Concrete ionic current
O2+H2O+2e
1/2
Fe
Fe2 + 2eAnode
2OH-
Cathode electronic current
Steel
Figura 1. Ilustração do mecanismo de corrosão das armaduras embebidas no betão induzida pela acção dos cloretos.
Técnica
Acção do gelo-degelo A exposição do betão, enquanto húmido, a ciclos de gelo-degelo, provoca uma degradação das camadas superficiais do betão. Duma forma genérica, os efeitos deletérios decorrem das pressões hidráulicas que se geram nos poros do betão quando a água neles contida congela formando cristais de gelo. A pressão hidráulica decorre da dificuldade de movimentação da água no seio do betão e depende de vários factores, tais como: da velocidade do congelamento, do grau de saturação do betão, do coeficiente de permeabilidade do betão e do espaço entre vazios (i.e.: distância a percorrer pela água). Desta forma, com a descida da temperatura para valores negativos, a água contida nos poros e fissuras do betão vai congelar e expandir, alargando assim os próprios poros e fissuras, os quais ficam aptos a receber mais água no decorrer da próxima fase de degelo, criando um ciclo de degradação vicioso. A degradação provocada pelo gelo-degelo pode ainda ser maior na presença de cloretos, uma vez que a degradação é significativamente acelerada na presença daqueles iões (p.e.: quando da utilização de cloreto de sódio ou de cloreto de cálcio como agentes descongelantes). Este efeito majorador explica-se pelo facto daqueles sais provocarem uma sobresaturação do betão. Como uma das formas de aumentar a resistência do betão à acção do gelo-degelo, surgiram os processos de introdução de ar, que vão produzir essencialmente uma distribuição de pequenos poros pela massa do betão, reduzindo substancialmente a distância a percorrer pela água. Assim, a água contida num determinado interstício ou fissura pode movimentar-se para poros próximos, equilibrando a pressão hidráulica e reduzindo a ocorrência dos efeitos já referidos, provocados pelo congelamento da água.
Ataque químico O betão tem normalmente um bom desempenho face à maior parte das substâncias químicas agressivas presentes na atmosfera, na água ou no solo. No entanto, existem algumas substâncias que podem reduzir substancialmente o tempo de vida útil das estruturas expostas a ambientes contendo aqueles compostos. O betão é raramente atacado por substâncias químicas secas e no estado sólido. Efectivamente, para poderem atacar o betão, as substâncias químicas devem apresentar-se sob a forma de soluções e com concentrações apreciáveis. Normalmente o ataque dá-se pela penetração daquelas substâncias na massa do betão por efeitos de diferenças de pressão. Assim, uma estrutura sujeita ao gradiente de pressão de uma solução, apenas de um dos lados, vai sofrer muito mais do que uma estrutura com gradientes de pressão equilibrados em toda a sua fronteira. No Quadro 2 são apresentadas as substâncias químicas consideradas actualmente para a classificação da exposição ambiental, assim como os respectivos patamares de concentração. Os ambientes classificados neste quadro têm como base o solo e a água nele contida, com temperaturas do solo ou da água entre os 5 ºC e os 25 ºC e com velocidades da água suficientemente lentas para que possam ser consideradas próximas das condições estáticas. A classe é determinada pelo valor mais elevado para qualquer característica química. Quando duas ou mais características agressivas conduzirem à mesma classe, o ambiente deve ser classificado na classe imediatamente superior, a menos que um estudo especial para este caso específico prove que tal não é necessário.
Quadro 2 – Valores limites das substâncias químicas agressivas para o betão Meio
Águas
Característica química
XA1
XA2
XA3
SO42-, em mg/l
200 e 600
> 600 e 3000
> 3000 e 6000
pH
5,5 e 6,5
4,5 e < 5,5
4,0 e < 4,5
CO2 agressivo, em mg/l
15 e 40
> 40 e 100
> 100 até à saturação
NH4 , em mg/l
15 e 30
> 30 e 60
> 60 e 100
Mg2+ , em mg/l
300 e 1000
> 1000 e 3000
> 3000 até à saturação
SO42- total a) , em mg/kg
2000 e 3000 b)
> 3000 c) e 12000
> 12000 e 24000
> 200 Baumann Gully
Não encontrado na prática
Não encontrado na prática
+
Solos
Acidez, em ml/kg
Notas: a) Os solos argilosos com uma permeabilidade abaixo de 10-5 m/s podem ser colocados numa classe mais baixa. b) O método de ensaio prescreve a extracção do SO42- através de ácido clorídrico; em alternativa, pode usar-se a extracção aquosa, se houver experiência no local de utilização do betão. c) O limite de 3000 mg/kg deve ser reduzido para 2000 mg/kg, caso exista risco de acumulação de iões sulfato no betão devido a ciclos de secagem e molhagem ou à absorção capilar.
Outubro 2012 Betão n.29 21
Técnica
Além desta tabela, há ainda que considerar complementarmente o que se encontra na Especificação E464, nomeadamente no que respeita à água do mar, considerada naquela especificação como um ambiente da classe XA1, e às infra-estruturas de saneamento que, em determinadas situações, conduzem a uma classe XA3. 3. Implicações no projecto de estabilidade Conforme já foi referido, a exposição ambiental das estruturas de betão, simples, armado e/ou pré-esforçado, condiciona a qualidade e a durabilidade do betão. Este condicionamento surge da necessidade de assegurar a manutenção do desempenho da estrutura durante a sua vida útil prevista, o que só é garantido se o aço não sofrer corrosão significativa e se o betão conseguir suportar os efeitos do gelo-degelo e do ataque químico. No que respeita às armaduras, a sua protecção contra a corrosão vai depender essencialmente da espessura e da qualidade do recobrimento. No que respeita à espessura, é facilmente entendível que quanto maior for a mesma, maior será a barreira ente os agentes agressivos (humidade, dióxido de carbono, cloretos) e as armaduras. No respeitante à qualidade, temos de considerar a compacidade do betão, a fissuração, a dosagem de cimento e a razão A/C. Assim, quanto mais compacto for o betão de recobrimento, maior será a resistência à passagem dos agentes agressivos já mencionados, quanto menor for a fissuração menor será a facilidade de penetração dos agentes agressivos, quanto maior a dosagem de cimento, maior será a reserva de agente fixador do CO2 e quanto menor for a razão A/C, maior será a densidade do betão. Quanto ao betão, a sua resistência aos ataques do gelo-degelo, depende essencialmente da resistência do betão e do teor de ar introduzido. Assim, quanto maior a resistência do betão, maior será a resistência à acção expansiva decorrente da congelação da água presente no interior dos vazios do betão, e ao assegurar um teor de ar mínimo, garante-se que a água terá espaço para ocupação em caso de aumento da pressão hidráulica interior. Quanto ao ataque químico, a durabilidade do betão vai depender da sua composição química, o que pode condicionar a selecção dos materiais constituintes, nomeadamente quanto ao tipo de cimento. Por exemplo, se tivermos um betão em contacto com uma solução contendo sulfatos (SO42-), então deverá ser utilizado um cimento que induza uma resistência àquele agente. Tendo em conta estes aspectos, foram estabelecidos limites prescritivos para o recobrimento, para a composição do betão e para o seu desempenho, para cada uma das classes de exposição ambiental. No caso de Portugal, estes limites foram estabelecidos através da
22 Betão n.29 Outubro 2012
Especificação E464, a qual, para cada classe de exposição ambiental define um recobrimento mínimo, uma dosagem de cimento mínima, uma razão água/cimento máxima, uma classe de resistência mínima e, em certos casos, um teor de ar mínimo (ver Quadro 3, no qual são compilados os quadros 6 a 9 da E464). É de salientar que estes limites prescritivos são aplicáveis a estruturas com uma vida útil pretendida de 50 anos. No caso de estruturas para 100 anos de vida útil, há que ter em consideração as seguintes alterações devidas naquele quadro: a) Nas estruturas de betão armado ou pré-esforçado sob a acção do dióxido de carbono ou dos cloretos, o valor mínimo do recobrimento nominal deve ser aumentado de 10 mm; b) Nas estruturas sujeitas à acção do gelo-degelo ou ao ataque químico, a razão A/C máxima deve ser diminuída de 0,05, a dosagem mínima de cimento deve ser aumentada de 20 kg/m3, e a classe de resistência mínima deve ser aumentada de 2 classes. Posto isto, é claro que o projectista deverá primeiramente caracterizar o ambiente que vai estar envolvente à estrutura e seleccionar as classes de exposição ambiental aplicáveis. Só depois está na posse de toda a informação necessária para seleccionar alguns parâmetros essenciais para o dimensionamento da estrutura, nomeadamente: a) Classe de resistência mínima; b) Recobrimento nominal mínimo. Actualmente, surgem ainda projectos de estabilidade em que estes factores ambientais não foram tidos em conta pelos respectivos projectistas, situação potencialmente geradora de dificuldades em obra, e, eventualmente, no respectivo licenciamento. Muitas vezes, justificar-se-ia uma revisão do projecto em causa. No entanto, é corrente verificar que a solução passa, amiúde, por colocar um betão de uma classe de resistência superior à original, o que leva a um sobrecusto para a obra sem qualquer valor acrescentado, uma vez que aquele incremento não foi reflectido em termos de aligeiramento da estrutura ou na redução da secção de aço. Este tipo de situações acontece essencialmente por duas razões: 1. Em Portugal, está ainda em vigor, em termos de legislação de referência obrigatória, o Regulamento de Estrutura de Betão Armado e Pré-esforçado (REBAP) e não o Eurocódigo 2, sendo os técnicos projectistas obrigados a conviver com duas filosofias distintas, especificamente no que respeita à forma como é tratada a durabilidade das estruturas; 2. Falta de informação e preocupação de muitos técnicos em actualizar os seus conhecimentos normativos, pelo que é comum verificar que o betão é ainda frequentemente identificado apenas com base na
Técnica
classe de resistência, estabelecida a partir do Quadro 1 do REBAP, sendo completamente esquecidos os restantes requisitos fundamentais estabelecidos na NP EN 206-1, entre os quais estão as classes de exposição ambiental.
Quadro 3 – Valores limites prescritos para 50 anos de vida útil Tipo de cimento(1)
Classe de exposição
Recobrimento nominal mínimo
Dosagem de cimento mínima
Razão A/C máxima
Classe de resistência mínima
--
X0
--
--
--
C12/15
XC1
25 mm 240 kg/m3
0,65
C25/30
XC2
35 mm
XC3
35 mm 280 kg/m3
0,60
C30/37
360 kg/m3
0,45
C40/50
0,40
C50/60
CEM I; CEM II/A(2)
XC4
40 mm
XS1 / XD1(4)
45 mm
(4)
XS2 / XD2
50 mm
XS3 / XD3(4)
55 mm
380 kg/m3
--
280 kg/m3
XF1
0,60
XF2(5) XA1(4) XA2(4)
0,50
C35/45
0,45
C40/50
260 kg/m3
0,65
C25/30
300 kg/m3
0,55
C30/37
340 kg/m3 --
XA3(4)
CEM II/B(2); CEM III/A(3); CEM IV(3); CEM V/A(3)
360 kg/m3 380 kg/m3
XC1
25 mm
XC2
35 mm
XC3
35 mm
XC4
40 mm
XF1
0,55 --
300 kg/m3
XF2(5)
CEM IV/A; CEM IV/B; CEM III/A; CEM III/B; CEM V; CEM II/B(4); CEM II/A-D
C30/37 0,50
C30/37 0,50
XS1 / XD1
45 mm
XS2 / XD2
50 mm
XS3 / XD3
55 mm
320 kg/m3
0,55
340 kg/m3
0,45
320 kg/m3
0,55
340 kg/m3
0,50
360 kg/m3
0,45
C30/37
C35/45 XA1 XA2
--
C40/50 XA3
De acordo com a especificação E 464, em vez dos cimentos indicados, podem ser utilizadas misturas, obtidas pela junção de um cimento do tipo CEM I ou CEM II/A com adições, cuja composição resultante seja equivalente à de um dos cimentos indicados. Não aplicável aos cimentos II/A-T e II/A-W e aos cimentos II/B-T e II/B-W, respectivamente. (3) Não aplicável aos cimentos com percentagem inferior a 50% de clínquer Portland, em massa. (4) Não aplicável aos cimentos II-T, II-W, II/B-L e II/B-LL. (5) Teor mínimo de ar de 4%. (1)
(2)
Outubro 2012 Betão n.29 23
Técnica
4. Conclusões De acordo com o acervo normativo actual, o técnico responsável pelo projecto de estabilidade das estruturas deve especificar o betão tendo em conta todos os requisitos fundamentais e ainda os requisitos adicionais relevantes. Uma vez que o projecto de estabilidade é elaborado com base em parâmetros previamente seleccionados, torna-se imperioso que o projectista efectue primeiramente a caracterização da exposição ambiental da estrutura, a qual condiciona a selecção de alguns daqueles parâmetros, nomeadamente da classe de resistência à compressão do betão, consoante a vida útil pretendida para a estrutura. Desta forma, o projectista estará a assegurar a optimização económica do projecto, uma vez que os materiais seleccionados são os efectivamente utilizados em obra, dando um contributo claro para a garantia do próprio grau de desempenho e qualidade das edificações, com condições de maior durabilidade face às condicionantes de exposição ambiental actuantes durante a respectiva vida útil.
24 Betão n.29 Outubro 2012
REFERÊNCIAS [1] NP EN 206-1: 2007, Betão – Parte 1: Especificação, desempenho, produção e conformidade. 2.ª ed. Caparica: IPQ, Jun. 2007, 84 p. [2] NP EN 1992-1-1: 2010, Eurocódigo 2 - Projecto de Estruturas de Betão – Parte 1.1: Regras gerais e regras para edifícios. 1.ª ed. Caparica: IPQ, Mar. 2010, 259 p. [3] Especificação E464, Betões – Metodologia prescritiva para uma vida útil de projecto de 50 e de 100 anos face às acções ambientais. Lisboa: LNEC, Nov. 2007, 16 p.
Técnica
Da Amostragem ao Ensaio de Compressão do Betão Etapas Fundamentais Eng.o João André, APEB
1. Prefácio Este artigo tem como objectivo familiarizar o leitor com o controlo da qualidade do betão, de acordo com os novos referenciais normativos europeus elaborados pelo Comité Técnico CEN/TC 104 "Betão e produtos para betão", ao betão fresco (série de normas NP EN 12350), ao betão endurecido (série de normas NP EN 12390) e ainda com alguns aspectos da norma NP EN 206-1. Assim, procura-se através de uma linguagem simples, mostrar as várias fases, desde a amostragem à determinação da resistência à compressão, referindo-se alguns dos ensaios adstritos às subsequentes etapas do processo. 2. Introdução O betão é algo mais que uma simples mistura de areia, brita, cimento e água, colocado e deixado a endurecer nas estruturas. São necessários conhecimentos e qualificação para produzir um betão de qualidade. Assim, desde a escolha criteriosa dos materiais constituintes e da compatibilidade entre os mesmos, ao seu fabrico, colocação em obra e endurecimento, vai um longo caminho de experimentação e ensaios conducentes à avaliação da sua conformidade. Após a formulação teórica da composição de betão, e antes de se iniciar a sua produção, deve-se recorrer a ensaios para determinar qual deve ser a composição final do betão ou da família de betões, de modo a satisfazer, nos estados fresco e endurecido, todos os requisitos especificados. Entre estes requisitos têm-se, entre outros: a consistência, resistência mecânica e durabilidade. Por exemplo, a nível da durabilidade do betão devem-se analisar as seguintes características, quando aplicáveis: porosidade e permeabilidade; ataque às agressões químicas; resistência ao ciclo gelo/degelo; corrosão das armaduras; resistência à abrasão e erosão e resistência ao fogo. Um requisito importante no controlo da produção é verificar se a quantidade de betão ocupa o volume de um metro cúbico (massa volúmica teórica igual à massa volúmica real), quando compactado segundo o procedimento estabelecido na norma NP EN 12350-6 (determinação da massa volúmica real). Ou seja, deve-
26 Betão n.29 Outubro 2012
-se ter a certeza que a central de betão está a fabricar o volume de betão solicitado. Aprovadas as composições de betão, está-se em condições de proceder ao seu fabrico na central. Há dois processos alternativos de operação das centrais de betão: por via húmida e por via seca. No fabrico por via húmida as quantidades dos constituintes são introduzidas numa misturadora mecânica. A mistura obtida é, então, transportada no seu estado fresco (plástico) para o local onde é colocada e aplicada. No caso da via seca o processo difere do anterior, pela simples razão de que os materiais constituintes são pesados e, em seguida, lançados “secos” no tambor do veículo usado para o transporte da mistura. A água e os adjuvantes são adicionados simultaneamente com os materiais secos, e o processo de mistura tem lugar no veículo transportador. 3. O betão fresco 3.1. A amostragem do betão fresco Depois do fabrico do betão chegou a altura de se fazerem os primeiros ensaios, na central logo após a carga dos camiões betoneira, ou depois de transportado para a obra e antes da colocação do betão na estrutura. Assim, tem de se proceder à amostragem do betão fresco, ou seja é necessário proceder à recolha de uma quantidade de betão, que seja representativa da amassadura e ao mesmo tempo suficiente para efectuar os ensaios requeridos. As amostras de betão devem ser seleccionadas aleatoriamente e colhidas de acordo com a NP EN 12350-1. A norma NP EN 12350-1 especifica dois procedimentos para a amostragem de betão fresco: por amostragem composta e por amostragem pontual. Para a realização de ensaios, independentemente do procedimento de amostragem, deve-se obter uma quantidade de betão igual ou superior a uma vez e meia a quantidade estimada necessária para a realização dos mesmos. A amostra composta obtém-se, usando uma colher ou dispositivo similar, retirando o número necessário de tomas uniformemente distribuídas através da amassadura. Se a amassadura for depositada num monte ou montes de betão, as tomas devem ser retiradas, sempre
Técnica
que possível, distribuídas sobre todo o volume do betão, assim como da superfície exposta, em pelo menos cinco lugares diferentes. Caso se pretenda efectuar uma amostragem duma descarga de betão de uma betoneira ou camião betoneira as tomas devem ser efectuadas aproximadamente a meio da operação de descarga. No caso da amostra pontual, tal como o nome indica, deve-se retirar a (s) toma (s) da parte requerida da amassadura ou volume de betão. Independentemente do procedimento de amostragem deve-se sempre depositar as tomas de betão em recipientes feitos de material não absorvente e não atacáveis facilmente pela pasta de cimento e registar a data e a hora da amostragem. Em todas as etapas da amostragem, transporte e manuseamento, deve-se proteger as amostras de betão fresco da contaminação e ter em conta as condições ambientais (não esquecendo que as propriedades do betão fresco variam com o tempo após a amassadura de acordo com estas condições). A próxima etapa é determinar a consistência do betão. 3.2. A consistência do betão De acordo com a norma NP EN 206-1 quando for necessário determinar a consistência do betão, o requisito especificado aplica-se no momento em que o betão é utilizado ou, no caso de se tratar de betão pronto, no momento da entrega. Se o betão for entregue por camião betoneira ou por equipamento agitador, a consistência pode ser medida usando uma amostra pontual obtida a partir da descarga inicial. A amostra pontual deve ser colhida após a descarga de aproximadamente 0,3 m3, de acordo com a NP EN 12350-1. A consistência do betão é determinada utilizando um dos seguintes métodos: • ensaio de abaixamento, de acordo com a NP EN 12350-2; • ensaio Vêbê, de acordo com a NP EN 12350-3; • ensaio de compactabilidade, de acordo com a NP EN 12350-4; • ensaio da mesa de espalhamento, de acordo com a NP EN 12350-5; • ensaio de espalhamento, de acordo com a NP EN 12350-8; • ensaio de escoamento no funil V, de acordo com a NP EN 12350-9; • ensaio de escoamento na caixa L, de acordo com a NP EN 12350-10; • ensaio de segregação no peneiro, de acordo com a NP EN 12350-11; • ensaio de espalhamento no anel J, de acordo com a NP EN 12350-12; • métodos específicos, a acordar entre o especificador e o produtor para o betão destinado a aplicações especiais.
A consistência do betão para as estruturas moldadas in situ é geralmente determinada através de métodos estáticos como o ensaio de abaixamento. Na determinação da consistência de betões fluidos aplica-se o método do ensaio de espalhamento. Na indústria da prefabricação utilizam-se mais os betões secos ou pouco plásticos. Neste caso os métodos dinâmicos, especificados pelo ensaio de Vêbê e do ensaio de compactabilidade, são mais adequados. Este último ensaio é de muito fácil execução, exigindo um vibrador e um recipiente prismático, também designado por Consistómetro de Walz, tendo a vantagem, nomeadamente de indicar de imediato qual o aspecto esperado para o betão após ser vibrado e a observação da existência de eventuais excessos de água. As normas que definem os procedimentos para medir a consistência do betão autocompactável são: NP EN 12350-8; NP EN 12350-9; NP EN 12350-10; NP EN 12350-11 e NP EN 12350-12. 3.2.1. O Ensaio de abaixamento No entanto, tendo em conta que a maioria dos betões aplicáveis nas estruturas de betão são plásticos e muito plásticos, o método mais usual para determinação da consistência é o ensaio de abaixamento. O betão fresco é compactado no interior de um molde com a forma troncocónica (Figura 1). Quando o cone é removido subindo-o, o abaixamento do betão estabelece a medida da sua consistência.
Figura 1. Molde, varão, funil e chapa da base
A norma NP EN 12350-2 especifica um método para determinação da consistência do betão fresco pelo ensaio de abaixamento. O procedimento a seguir é o seguinte: • Antes da realização do ensaio deve-se humedecer o cone e a chapa da base e colocar o molde na placa; • Durante o enchimento do molde, manter o molde fixo contra a placa com os elementos de fixação ou com os pés sobre as abas; • Encher o molde em três camadas, cada uma com aproximadamente um terço da altura do molde quando compactado;
Outubro 2012 Betão n.29 27
Técnica
• Compactar cada camada com 25 pancadas através do varão de compactação; • Distribuir uniformemente as pancadas sobre a secção transversal de cada camada; • Para a camada do fundo é necessário inclinar ligeiramente o varão e dar aproximadamente metade das pancadas em espiral até ao centro; • Compactar a segunda camada e a do topo em toda a sua espessura, para que o varão penetre no interior da camada imediatamente adjacente; • No preenchimento e compactação da camada do topo, amontoar o betão acima do molde antes de iniciar a compactação; • Se a operação de compactação da camada do topo originar assentamento do betão abaixo do bordo superior do molde, adicionar mais betão de modo a manter sempre uma quantidade de betão acima do topo do molde; • Depois da camada de topo ter sido compactada, rasar a superfície de betão através de movimentos de rolamento com o varão de compactação; • Remover o excesso de betão da placa/superfície; • Remover o molde subindo-o cuidadosamente na vertical; • Executar toda a operação de desmoldagem em 2 s a 5 s, através de um movimento firme para cima sem transmitir movimentos laterais ou torsionais ao betão; • Efectuar a operação, desde o início do enchimento até à remoção do molde, sem interrupção, durante 150 s no máximo; • Imediatamente após a remoção do molde, mede-se e regista-se o abaixamento (h), determinando a diferença entre a altura do molde (300 mm) e o ponto mais alto do provete de betão que abaixou (ver Figura 2).
Se em dois ensaios consecutivos se verificar deformação de uma porção de betão da massa do provete, o betão não apresenta a plasticidade e coesão adequadas ao ensaio de abaixamento.
a) Abaixamento verdadeiro
b) Abaixamento deformado
Figura 3. Formas de abaixamento
De acordo com a norma NP EN 206-1 quando a consistência do betão for classificada através do ensaio de abaixamento aplicam-se os valores: Classes de abaixamento Classe
Abaixamento em mm
S1
10 a 40
S2
50 a 90
S3
100 a 150
S4
160 a 210 ≥ 220
S5 (1)
Devido à falta de sensibilidade do método para além de certos valores da consistência, a norma recomenda a utilização do ensaio de abaixamento para valores ≥ 10mm e ≤ 210mm.
1)
A consistência também pode ser especificada através da referência a uma classe de consistência, ou, em casos especiais, por um valor pretendido Neste caso, as tolerâncias correspondentes, para o abaixamento, são as seguintes: Abaixamento Valor pretendido (mm)
≤ 40
50 a 90
≥ 100
Tolerância (mm)
± 10
± 20
± 30
Figura 2. Medição do abaixamento
4. Betão endurecido
O resultado apresenta-se com aproximação aos 10mm. O ensaio só é válido no caso de se verificar um abaixamento verdadeiro, no qual o betão permaneça substancialmente intacto e simétrico (Figura 3 a). Se o provete se deformar (Figura 3 b) deve colher-se outra amostra e repetir o procedimento.
28 Betão n.29 Outubro 2012
4.1. Preparação de provetes A norma NP EN 12390-1 especifica os requisitos para a forma, dimensões e tolerâncias dos provetes de betão e respectivos moldes, referindo que a menor dimensão dos provetes deva ser igual ou superior a três vezes e meia ao valor da máxima dimensão do agregado no betão.
Técnica
De acordo com a NP EN 12390-1 os moldes que se destinam a ensaios onde são requeridos provetes que respeitem tolerâncias dimensionais devem ser calibrados antes e durante a sua utilização. Então, de acordo com a referida norma, os moldes sujeitos a calibração devem ser em aço ou ferro, materiais de referência. Se os moldes são feitos de outro material, que não aço ou ferro, devem evidenciar durante a sua utilização igual desempenho a longo prazo. Depois de analisada a questão dos moldes está na altura de se ver como devem ser feitos e curados os provetes. A norma NP EN12390-2 especifica os métodos para o fabrico e cura dos provetes destinados a ensaios de força. Inclui ainda a preparação e enchimento dos moldes, compactação do betão e transporte dos provetes. A compactação pode ser feita por manipulação manual: varão de compactação ou barra de compactação, ou por processo mecânico: mesa vibradora ou vibrador de agulha. O molde, depois de cheio de betão, compactado e com a superfície superior do provete rasada ao nível do bordo superior do molde, marca-se de uma forma clara e indelével, sem se danificar o provete. O provete deve permanecer no molde pelo menos 16 h, mas não mais que 3 dias, protegido de choques, vibrações e à temperatura de 20ºC ± 5ºC (ou 25ºC ± 5ºC em climas quentes). Depois da desmoldagem o provete deve ter uma cura dentro de água a 20ºC ± 2ºC, ou em câmara de cura à temperatura de 20ºC ± 2ºC e a uma humidade relativa maior ou igual a 95%.
plo, elementos estruturais maciços de grandes dimensões) após conservação sob condições especiais (por exemplo, tratamento com calor). 6. Ensaio de compressão 6.1. Provetes Os provetes são ensaiados de acordo com o procedimento descrito na norma NP EN 12390-3. Os provetes são ensaiados até à rotura numa máquina de ensaio de compressão conforme com a NP EN 12390-4. Regista-se a carga máxima suportada pelo provete e calcula-se a resistência à compressão. O provete deve ser um cubo, cilindro ou carote, que satisfaçam os requisitos das normas: NP EN 12350-1; NP EN 12390-1, NP EN 12390-2 ou NP EN 12504-1 (para os carotes). Se a dimensão do provete não estiver em conformidade com as tolerâncias relativas às dimensões designadas da NP EN 12390-1, este pode ser ensaiado de acordo com o procedimento referido no Anexo B. Tolerância para provetes cúbicos com 150 mm de acordo com NP EN 12390-1: 2010 1. Entre faces moldadas relativa à dimensão designada (d)
< ± 0,75 mm (± 0,5%)
2. Entre as faces de enchimento e do fundo, moldado
< ± 1,5 mm (± 1,0%)
3. Planura das faces de compressão
< ± 0,09 mm (± 0,0006.d)
4. Perpendicularidade das faces do cubo, relativamente à base
< 0,5 mm
5. Resistência à compressão do betão A resistência à compressão é a característica mecânica mais importante do betão, pois nas estruturas a função deste material é essencialmente resistir às tensões de compressão enquanto as armaduras de aço têm a função de resistir às tensões de tracção. A resistência à compressão deve ser obtida em ensaios de provetes cúbicos com 150 mm de aresta ou cilindros de 150 mm / 300 mm conformes com a norma NP EN 12390-1, fabricados e curados de acordo com a norma NP EN 12390-2, a partir de amostras colhidas segundo a NP EN 12350-1. O ensaio à compressão é realizado de acordo com a norma NP EN 12390-3. A escolha da utilização de provetes cúbicos ou cilíndricos para a avaliação da resistência à compressão deve ser declarada pelo produtor em devido tempo antes da entrega do betão. Em Portugal a prática é a utilização de provetes cúbicos. A não ser que seja especificado de forma diferente, a resistência à compressão é determinada em provetes com 28 dias de idade. Em casos particulares, pode ser necessário especificar a resistência à compressão a idades menores ou maiores que os 28 dias (por exem-
A menos que exista documentação que comprove que os provetes foram confeccionados em moldes calibrados, devem ser verificados os requisitos 1, 2, 3 e 4. Se existir documentação que comprove que os provetes foram confeccionados em moldes calibrados, só devem ser verificados os requisitos 1 e 2. 6.2. Preparação e posicionamento de provetes Após verificação da funcionalidade da máquina, posicionar o provete cúbico de forma que a carga seja aplicada perpendicularmente à direcção de moldagem. Centrar o provete relativamente ao prato inferior com uma exatidão de 1 % da dimensão designada do provete (1,5 m para provetes cúbicos com 150 mm de aresta).
Outubro 2012 Betão n.29 29
Técnica
6.3. Aplicação da carga Seleccionar uma velocidade constante de aplicação de carga dentro do intervalo (0,6 ± 0,2) MPa/s. Geralmente as máquinas de ensaio apresentam dispositivos de medição da velocidade em kN/s. Assim, para provetes com 150 mm de aresta, tem-se para estas máquinas: 0,4 MPa/s ................ 9,0 kN/s 0,6 MPa/s .............. 13,5 kN/s 0,8 MPa/s .............. 18,0 kN/s Ou seja, seleccionar a velocidade de aplicação da carga situa-se dentro do intervalo (13,5 ± 4,5) kN/s. Em Portugal, de acordo com o Anexo Nacional, pode aumentar-se a velocidade de aplicação da carga para (0,8 ± 0,2) MPa/s ou (18,0 ± 4,5) kN/s nos betões de resistência superior a 80 MPa e diminuir-se esta velocidade para (0,4 ± 0,2) MPa/s ou (9,0 ± 4,5) kN/s nos betões de resistência inferior a 20 MPa. A força máxima de rotura à compressão é dada em kN. Quando se usam máquinas de ensaio controladas manualmente, corrigir qualquer tendência para a velocidade de carga seleccionada decrescer à medida que se aproxima a rotura do provete, ajustando adequadamente os controlos da máquina. A velocidade de carga é um parâmetro muito importante, pois sabe-se, que quanto mais lentamente aumentar a tensão aplicada tanto menor será a resistência, pelo menos dentro do intervalo de tempo que vulgarmente se considera nos ensaios correntes do betão, de alguns minutos ou horas. Este resultado, que é uma propriedade geral dos materiais, deve-se ao aumento da deformação com o tempo, provocado pela fluência. 6.4. Avaliação do tipo de rotura Nos ensaios laboratoriais aparecem em regra dois tipos de rotura por compressão: rotura sujeita ao efeito do atrito entre o prato da máquina através do qual se aplica a compressão e o topo do provete de ensaio, e rotura por arranque ou descoesão. Um terceiro tipo de rotura que aparece muitas vezes consiste numa rotura cujo plano é inclinado em relação à direcção de compressão, aparentemente por corte. Deve-se à falta de planura das faces de compressão. Quando a distribuição das cargas de compressão sobre o provete é rigorosamente uniforme, a rotura que se verifica é do tipo da indicada na Figura 4. Na Figura 4 é exemplificada a rotura de provetes mostrando que o ensaio foi realizado satisfatoriamente. Todas as quatro faces expostas estão fissuradas aproximadamente da mesma maneira, geralmente com pequenos danos nas faces em contacto com os pratos da máquina de ensaio.
30 Betão n.29 Outubro 2012
Figura 4. Roturas satisfatórias de provetes cúbicos
Quando se procede ao ensaio de compressão, o sistema de forças a que o provete está sujeito durante o ensaio não é unidireccional, devido à complexidade do que se passa na zona de aplicação das forças pela máquina de ensaio, resultante da restrição à expansão lateral sob carga, provocada pelo atrito dos pratos da máquina de ensaio sobre as faces de compressão do provete. À tensão de compressão que actua num dado material está sempre associada uma deformação transversal, cuja grandeza é regulada pelo coeficiente de Poisson. Como o módulo de elasticidade do aço é 5 a 15 vezes o do betão, e o coeficiente de Poisson não excede duas vezes o deste material, a deformação lateral do prato da máquina é pequena comparada com a do betão. Os elementos do provete próximos da superfície de contacto estão sujeitos a um estado triplo de tensões: à tensão de compressão aplicada ao provete somando-se as forças de atrito, que actuam no plano normal ao daquela tensão. Tudo se passa portanto como se este elemento tivesse uma resistência muito maior do que aqueles que estão situados a uma maior distância dos pratos. A grandeza desta força depende não só do atrito entre os pratos da máquina e da superfície dos provetes mas também da própria deformabilidade daqueles. Na Figura 5 estão exemplificadas roturas de provetes não satisfatórias. As roturas não satisfatórias podem ser causadas por: • insuficiente atenção aos procedimentos de ensaio, especialmente ao posicionamento do provete; • defeito na máquina de ensaio. Durante o ensaio para a determinação da tensão de rotura de um provete é essencial que a carga e a deformação sejam aplicadas tão uniformemente quanto possível, evitando concentrações de tensão e obtendo uma deformação uniforme em todas as faces, de modo que o provete rompa simetricamente. Características das máquinas de ensaio que influem na resistência dos provetes: • comportamento da rótula esférica desde a carga inicial até à rotura; • rigidez da estrutura da máquina, especialmente na direcção transversal;
Técnica
• alinhamento dos eixos do êmbolo e do provete com o eixo vertical da máquina de ensaio; • maior ou menor capacidade de a máquina seguir a deformação do provete, mantendo a carga mais ou menos constante; • características dos pratos da máquina, pratos auxiliares da máquina e blocos espaçadores. Os resultados das determinações das tensões de rotura são afectados pela maneira como se realizam os ensaios e em particular pela forma e dimensões dos provetes, equipamentos utilizados, nomeadamente a máquina de ensaio, natureza das superfícies que recebem a acção das cargas (faces de compressão), condições de moldagem do provete, velocidade de aplicação da carga, etc.
6.6. Fidelidade (*) A norma NP EN 12390-3 9. Fidelidade apresenta valores de fidelidade para as medições da resistência à compressão do betão endurecido expressos em média da resistência de dois cubos cuja diferença deve ser comparada com a repetibilidade (r) ou com a reprodutibilidade (R).
Método de ensaio Cubos de 150 mm
Condições de repetibilidade
Condições de reprodutibilidade
Sr (%)
r (%)
SR (%)
R (%)
3,2
9,0
4,7
13,2
Nota: r = f(n) x Sr e R = f(n) x SR f(n) é um factor cujos valores são dados pela norma ISO 5725-6. De acordo com esta norma para n = 2 vem f(n) = 2,8 logo r = 2.8 x 3,2 = 9,0 e R = 2,8 x 4,7 = 13,2. Exemplo: Suponha-se que se ensaiaram dois provetes na condição de repetibilidade. X1 = 38,0 MPa e X2 = 35,0 MPa A média dos dois provetes é = 36,5 MPa Para se verificar as condições de repetibilidade tem de se verificar: (Xmax – Xmin) ≤ r. (Xmax – Xmin) = 38,0 – 35,0 = 3,0 MPa 9% de 36,5 = 3,3 MPa. Conclusão: A média dos dois resultados é 36,5 MPa porque (38,0 – 35,0) ≤ 3,3 MPa. (*) Nota: de acordo com o VIM (Vocabulário Internacional de Metrologia)
Nota: T = fissura de tracção Figura 5. Algumas roturas não satisfatórias de provetes cúbicos
6.5. Resultados A resistência à compressão é dada por: fc = F / Ac Onde: fc é a resistência à compressão, em MPa (N/mm2), expressa com aproximação aos 0,1 MPa; F é a carga máxima à rotura, em N; Ac é a área da secção transversal do provete na qual a força de compressão foi aplicada, calculada com base na dimensão designada (para um cubo é 150 mm) ou a partir de medições no provete de acordo com o Anexo B, em mm2.
fidelidade de medição / measurement precision / fidélité de mesure / fidelidade / precision / fidélité aproximação entre indicações ou valores medidos obtidos por medições repetidas no mesmo objecto ou objectos semelhantes em condições especificadas. 6.7. Preparação dos provetes (Anexo A da NP EN 12390-3) A norma NP EN 12390-3 descreve, no seu Anexo A, os procedimentos a aplicar quando é necessário reduzir a dimensão do provete através do corte ou rectificação. O método de rectificação é o método de referência. Para rectificar os provetes deve-se remover a água dos provetes conservados em água por um período não superior a 1 h para os rectificar e tornar a colocá-los na água no mínimo 1 h antes de os ensaiar ou de os rectificar novamente.
Outubro 2012 Betão n.29 31
Técnica
6.8. Tolerância para provetes de ensaio No seguimento do referido no ponto 6.1. a tolerância para provetes cúbicos com 150 mm de aresta de acordo com a NP EN 12390-1 tem como requisito dimensional: a) Faces moldadas, entre 149,25 mm e 150,75 mm (1, 2, 3 e 4) (Figura 6); b) Face de enchimento (FE) e fundo (F), entre 148,50 mm e 151,50 mm (5, 6, 7 e 8) (Figura 7); c) Rectificação das faces de compressão, verificar se a palheta apalpa folgas de 0,09 mm não passa; d) Ortogonalidade das arestas relativamente à base, verificar se a palheta apalpa folgas de 0,5 mm não passa.
Figura 6. Esquema referente às faces moldadas (1 a 4)
Figura 7. Esquema da face enchimento (FE) e de fundo (F) (5 a 8)
Nos provetes moldados em moldes calibrados verificar só os requisitos a) e b). Se as dimensões verificarem os requisitos a) e b) a área de compressão é: Ac = 150 x 150 (mm2). Se as dimensões não verificarem os requisitos a) e b) ensaiar de acordo com o anexo B da norma NP EN 12390-3 ou rectificar os provetes (ver Preparação dos provetes). Numa situação limite os provetes podem ser rejeitados.
32 Betão n.29 Outubro 2012
6.9. Anexo B da norma NP EN 12390-3) Este anexo descreve um procedimento para ensaiar provetes com dimensões fora das tolerâncias das dimensões designadas na NP EN 12390-1. Fazem-se três medidas das dimensões, em cada uma das direcções ortogonais (x, y, z) com uma exactidão de 0,5% das dimensões (ver Figura 8 e Figura 9). Se qualquer das dimensões for maior ou menor que 3 % da dimensão designada, então o provete é rejeitado ou preparado (de acordo com o Anexo A da norma NP EN 12390-3).
Figura 8. Linhas a tracejado evidenciando as posições de medição nas faces carregadas dos cubos.
Figura 9. Linhas a tracejado evidenciando as posições de medição nas faces não carregadas dos cubos.
As medições individuais (Xi,Yi e Zi) têm de estar dentro do intervalo: [145,50; 154,50] (mm). Os valores médios (xm, ym) são calculados a partir de seis medidas em cada direcção das faces de carga carregadas e expressas com uma exactidão de 0,5 % da dimensão (Figura 8). A área média da face carregada do cubo, Ac = xm . ym é calculada e expressa com aproximação ao mm2. 6.10. Relatório de ensaio O relatório deve incluir: a) identificação do provete; b) dimensões designadas do provete, ou dimensões reais se elas forem maiores e ensaiadas em conformidade com o anexo B; c) pormenores da preparação por rectificação / capeamento (se apropiado); d) data do ensaio;
Técnica
e) carga máxima de rotura, em kN; f) resistência à compressão do provete com aproximação aos 0,1 MPa (N/mm2). g) se apropriado, rotura não satisfatória e referência ao modelo mais próximo; h) qualquer desvio ao método de ensaio normalizado; i) uma declaração da pessoa tecnicamente responsável pelo ensaio de que este foi realizado de acordo com a presente norma, excepto quanto o referido no item em h). O relatório pode ainda incluir: j) massa do provete; k) massa volúmica aparente do provete, com a aproximação a 10 kg/m3; l) condição de recepção do provete; m) condições de cura desde a recepção; n) tempo de ensaio (se adequado); o) idade do provete à data de ensaio (se conhecida).
Trabalhe com
REFERÊNCIAS [1] A fidelidade de medição é usualmente expressa na forma numérica por características tais como, o desvio-padrão, a variância, ou o coeficiente de variação, nas condições especificadas. [2] As ‘condições especificadas’ podem ser, por exemplo, condições de repetibilidade, condições de fidelidade intermédia ou condições de reprodutibilidade (ver ISO 57253:1994). [3] A fidelidade de medição é usada para definir a repetibilidade de medição, a fidelidade intermédia de medição e a reprodutibilidade de medição. [4] Por vezes, o termo “fidelidade” é erradamente usado para designar a exactidão de medição. [5] O termo ‘precisão’ que desapareceu do VIM logo na 1ª edição internacional, em 1984, reaparece agora apenas na versão inglesa. Em português tal como em francês, optou-se pela sua não reintrodução, pela confusão generalizada desse termo com todos os vários.
responsabilidade e segurança
ALUGUER DE EQUIPAMENTO • Gruas • Camiões • Plataformas Elevatórias • Empilhadores e Multifunções • Mini-Escavadoras e Mini-Carregadoras • Cilindros • Ferramenteiros
Lisboa • Porto • Pombal • Sines • Algarve • Angola www.transgrua.pt
Outubro 2012 Betão n.29 33
Acervo Normativo Nacional sobre Betão e os seus Constituintes Pretende-se com este documento, informar os associados da APEB e todos os interessados, sobre o acervo normativo aplicável ou com interesse para o sector do betão pronto, nomeadamente o referente ao betão e seus constituintes. Além das normas portuguesas apresentam-se também as Especificações LNEC e outros documentos normativos europeus, tais como Relatórios Técnicos (TR) e Especificações Técnicas (TS), que complementam o acervo normativo nacional. Esta informação corresponde à situação verificada em 12 de Outubro de 2012, pelo que, após esta data, deverá ser periodicamente actualizada, face à anulação, substituição ou publicação de novos documentos normativos. Agregados Normas NP 957:1973
Inertes para argamassas e betões. Determinação do teor em água superficial de areias.
NP 1039:1974
Inertes para argamassas e betões. Determinação da resistência ao esmagamento.
NP 1380:1976
Inertes para argamassas e betões. Determinação do teor em partículas friáveis.
NP 1382:1976
Inertes para argamassas e betões. Determinação do teor de álcalis solúveis. Processo por espectrofotometria de chama.
NP 1457:1977 NP 1458:1977 Errata: Mai 1979 NP EN 932-1:2002
Peneiros e peneiração para ensaio. Vocabulário.
NP EN 932-2:2002
Ensaios das propriedades gerais dos agregados. Parte 2: Métodos de redução de amostras laboratoriais.
NP EN 932-3:2010
Ensaios das propriedades gerais dos agregados. Parte 3: Método e terminologia para a descrição petrográfica simplificada.
EN 932-5:2012
Tests for general properties of aggregates. Part 5: Common equipment and calibration.
NP EN 932-6:2002
Ensaios das propriedades gerais dos agregados. Parte 6: Definições de repetibilidade e reprodutibilidade.
EN 933-1:2012
Tests for geometrical properties of aggregates. Part 1: Determination of particle size distribution - Sieving method. Ensaios para determinação das características geométricas dos agregados. Parte 2: Determinação da distribuição granulométrica. Peneiros de ensaio, dimensão nominal das aberturas. Tests for geometrical properties of aggregates. Part 3: Determination of particle shape - Flakiness index.
NP EN 933-2:1999 EN 933-3:2012 EN 933-4:2008
Peneiros para ensaio. Redes metálicas e chapas metálicas perfuradas. Aberturas nominais. Ensaios das propriedades gerais dos agregados. Parte 1: Métodos de amostragem.
EN 933-8:2012
Tests for geometrical properties of aggregates. Part 4: Determination of particle shape – Shape index. Ensaios das propriedades geométricas dos agregados. Parte 5: Determinação da percentagem de superfícies esmagadas e partidas nos agregados grossos. Tests for geometrical properties of aggregates. Part 6: Assessment of surface characteristics. Flow coefficient of aggregates. Ensaios das propriedades geométricas dos agregados. Parte 7: Determinação do teor de conchas. Percentagem de conchas nos agregados grossos. Tests for geometrical properties of aggregates. Part 8: Assessment of fines - Sand equivalent test.
NP EN 933-9:2011
Ensaios das propriedades geométricas dos agregados. Parte 9: Avaliação dos finos. Ensaio do azul de metileno.
EN 933-10:2009
NP EN 1097-1:2012
Tests for geometrical properties of aggregates. Part 10: Assessment of fines - Grading of filler aggregates (air jet sieving). Ensaios das propriedades geométricas dos agregados. Parte 11: Ensaio para classificação dos constituintes de agregados grossos reciclados. Ensaios das propriedades mecânicas e físicas dos agregados. Parte 1: Determinação da resistência ao desgaste (micro-Deval).
NP EN 1097-2:2011
Ensaios das propriedades mecânicas e físicas dos agregados. Parte 2: Métodos para a determinação da resistência à fragmentação.
NP EN 1097-3:2002
Ensaios das propriedades mecânicas e físicas dos agregados. Parte 3: Determinação da baridade e do volume de vazios.
NP EN 1097-4:2012
Ensaios das propriedades mecânicas e físicas dos agregados. Parte 4: Determinação dos vazios do fíler seco compactado. Ensaios das propriedades mecânicas e físicas dos agregados. Parte 5: Determinação do teor de água por secagem em estufa ventilada.
NP EN 933-5:2010 EN 933-6:2001 NP EN 933-7:2002
NP EN 933-11:2011
NP EN 1097-5:2011 NP EN 1097-6:2003 A1:2010
Ensaios das propriedades mecânicas e físicas dos agregados. Parte 6: Determinação da massa volúmica e da absorção de água.
NP EN 1097-7:2008
Ensaios das propriedades mecânicas e físicas dos agregados. Parte 7: Determinação da massa volúmica do fíler. Método do picnómetro.
EN 1097-8:2009
Tests for mechanical and physical properties of aggregates. Part 8: Determination of the polished stone value.
NP EN 1097-9:2002
Ensaios das propriedades mecânicas e físicas dos agregados. Parte 9: Determinação da resistência ao desgaste provocado por pneus com correntes. Ensaio nórdico.
A1:2005 EN 1097-10:2002
Tests for mechanical and physical properties of aggregates. Part 10: Determination of water suction height.
EN 1367-1:2007
Tests for thermal and weathering properties of aggregates. Part 1: Determination of resistance to freezing and thawing.
EN 1367-2:2009
Tests for thermal and weathering properties of aggregates. Part 2: Magnesium sulfate test.
NP EN 1367-3:2005 AC:2011
Ensaios das propriedades térmicas e de meteorização dos agregados. Parte 3: Ensaio de ebulição para basaltos “Sonnenbrand”.
NP EN 1367-4:2011
Ensaios das propriedades térmicas e de meteorização dos agregados. Parte 4: Determinação da retracção por secagem.
EN 1367-5:2011
EN 1744-1:2009
Tests for thermal and weathering properties of aggregates. Part 5: Determination of resistance to thermal shock. Tests for thermal and weathering properties of aggregates. Part 6: Determination of resistance to freezing and thawing in the presence of salt (NaCl). Tests for chemical properties of aggregates. Part 1: Chemical analysis.
NP EN 1744-3:2005
Ensaios das propriedades químicas dos agregados. Parte 3: Preparação de eluatos por lexiviação dos agregados.
EN 1744-4:2005
Tests for chemical properties of aggregates. Part 4: Determination of water susceptibility of fillers for bituminous mixtures.
NP EN 1744-5:2011
Ensaios das propriedades químicas dos agregados. Parte 5: Determinação de sais de cloreto solúveis em ácido. Ensaios das propriedades químicas dos agregados. Parte 6: Determinação da influência do extracto de agregados reciclados no tempo de início de presa do cimento.
EN 1367-6:2008
NP EN 1744-6:2011 NP EN 12620:2002 +A1:2010 NP EN 13055-1:2005 AC:2010 NP EN 13055-2:2011 NP EN 13139:2005 AC:2010
Agregados para betão. Agregados leves. Parte 1: Agregados leves para betão, argamassas e caldas de injecção. Agregados leves. Parte 2: Agregados leves para misturas betuminosas e tratamentos superficiais e para aplicações em camadas de materiais não ligados ou tratados com ligantes hidráulicos. Agregados para argamassas.
12 de Outubro de 2012
AGREGADOS (Cont.) Especificações LNEC E 222:1968
Agregados. Determinação do teor em partículas moles.
E 251:1985
Inertes para argamassas e betões. Ensaio de reactividade com os sulfatos em presença de hidróxido de cálcio.
E 415:1993
Inertes para argamassas e betões. Determinação da reactividade potencial com os álcalis. Análise petrográfica.
E 467:2006
Guia para a utilização de agregados em betões de ligantes hidráulicos.
E 471:2009
Guia para a utilização de agregados reciclados grossos em betões de ligantes hidráulicos.
CIMENTOS Normas NP 4435:2004
Cimentos. Condições de fornecimento e recepção.
NP EN 196-1:2006
Métodos de ensaio de cimentos. Parte 1: Determinação das resistências mecânicas.
NP EN 196-2:2006 NP EN 196-3:2005 +A1: 2009 NP EN 196-5:2011
Métodos de ensaio de cimentos. Parte 2: Análise química dos cimentos.
NP EN 196-6:2010
Métodos de ensaio de cimentos. Parte 6: Determinação da finura.
NP EN 196-7:2008
Métodos de ensaio de cimentos. Parte 7: Métodos de colheita e de preparação de amostras de cimento.
NP EN 196-8:2010
Métodos de ensaio de cimentos. Parte 8: Calor de hidratação. Método da dissolução.
NP EN 196-9:2010
Métodos de ensaio de cimentos. Parte 9: Calor de hidratação. Método semi-adiabático.
NP EN 196-10:2007
Métodos de ensaio de cimentos. Parte 10: Determinação do teor do crómio (VI) solúvel em água no cimento.
Métodos de ensaio de cimentos. Parte 3: Determinação do tempo de presa e da expansibilidade. Métodos de ensaio de cimentos. Parte 5: Ensaio de pozolanicidade dos cimentos pozolânicos.
NP EN 197-1:2001 A1:2005
Cimento. Parte 1: Composição, especificações e critérios de conformidade para cimentos correntes.
A3:2008 NP EN 197-2:2001
Cimento. Parte 2: Avaliação da conformidade.
NP EN 197-4:2006
Cimento. Parte 4: Composição, especificações e critérios de conformidade para cimentos de alto-forno de baixas resistências iniciais.
NP EN 413-1:2011
Cimento de alvenaria. Parte 1: Composição, especificações e critérios de conformidade.
EN 413-2:2005
Masonry cement. Part 2: Test methods.
NP EN 14216:2005
Cimento. Composição, especificações e critérios de conformidade para cimentos especiais de muito baixo calor de hidratação.
NP EN 14647:2010
Cimento de aluminato de cálcio. Composição, especificações e critérios de conformidade.
NP EN 15743:2010
Cimento supersulfatado. Composição, especificações e critérios de conformidade.
Especificações LNEC E 64:1979
Cimentos. Determinação da massa volúmica.
E 357:1995
Cimentos brancos. Determinação da brancura (factor de reflectância luminosa).
E 462:2004
Cimentos. Resistência dos cimentos ao ataque por sulfatos.
E 476:2007
Pastas de cimento. Determinação da retracção autogénea.
Outros documentos TR 196-4:2007
Methods of testing cement – Part 4: Quantitative determination of constituents.
CR 13933:2000
Masonry cement – Testing for workability (cohesivity).
CR 14245:2001
Guidelines for the application of EN 197-2 “Conformity Evaluation”.
TR 15697:2008
Cement – Performance testing for sulfate resistance – State of the art report.
Adições Normas NP 4220:2010 NP EN 450-1:2005 +A1: 2008 NP EN 450-2:2006
Pozolanas para betão, argamassa e caldas. Definições, requisitos e verificação da conformidade.
NP EN 451-1:2006
Métodos de ensaio das cinzas volantes. Parte 1: Determinação do teor de óxido de cálcio livre.
NP EN 451-2:1995 NP EN 13263-1:2005 +A1: 2009 NP EN 13263-2:2005 +A1: 2009
Métodos de ensaio de cinzas volantes. Parte 2: Determinação da finura por peneiração húmida.
NP EN 15167-1:2008 NP EN 15167-2:2008
Cinzas volantes para betão. Parte 1: Definição, especificações e critérios de conformidade. Cinzas volantes para betão. Parte 2: Avaliação da conformidade.
Sílica de fumo para betão. Parte 1: Definições, requisitos e critérios de conformidade. Sílica de fumo para betão. Parte 2: Avaliação da conformidade. Escória granulada de alto-forno moída para betão, argamassa e caldas de injecção. Parte 1: Definições, especificações e critérios de conformidade. Escória granulada de alto-forno moída para betão, argamassa e caldas de injecção. Parte 2: Avaliação da conformidade.
Especificações LNEC E 384:1993
Escória granulada de alto-forno moída para betões. Determinação do teor de material vítreo por difracção de raios X.
E 385:1993
Fíler calcário para betões. Determinação do valor do azul de metileno.
E 386:1993
Fíler calcário para betões. Determinação do teor de carbono orgânico total (TOC).
E 412:1993
Materiais em pó. Determinação da superfície específica. Método B.E.T..
E 466:2005
Fíleres calcários para ligantes hidráulicos.
Outros documentos TR 15677:2008
Fly ash obtained from co-combustion – A report on the situation in Europe.
TR 15840:2009
Evaluation of conformity of fly ash for concrete – Guidelines for the application of EN 450-2.
12 de Outubro de 2012
ADJUVANTES Normas NP EN 480-1:2006 +A1:2011 NP EN 480-2:2007
Adjuvantes para betão, argamassa e caldas de injecção. Métodos de ensaio. Parte 1 : Betão de referência e argamassa de referência para ensaio. Adjuvantes para betão, argamassa e caldas de injecção. Métodos de ensaio. Parte 2: Determinação do tempo de presa.
NP EN 480-4:2007
Adjuvantes para betão, argamassa e caldas de injecção. Métodos de ensaio. Parte 4: Determinação da exsudação do betão.
NP EN 480-5:2007
Adjuvantes para betão, argamassa e caldas de injecção. Métodos de ensaio. Parte 5: Determinação da absorção capilar. Adjuvantes para betão, argamassa e caldas de injecção. Métodos de ensaio. Parte 6: Análise por espectrofotometria de infravermelhos. Admixtures for concrete, mortar and grout. Test methods. Part 8: Determination of the conventional dry material content. Adjuvantes para betão, argamassa e caldas de injecção. Métodos de ensaio. Parte 10: Determinação do teor de cloretos solúveis em água. Adjuvantes para betão, argamassa e caldas de injecção. Métodos de ensaio. Parte 11: Determinação das características dos vazios do betão endurecido com ar introduzido. Adjuvantes para betão, argamassa e caldas de injecção. Métodos de ensaio. Parte 12: Determinação do teor de álcalis dos adjuvantes. Adjuvantes para betão, argamassa e caldas de injecção. Métodos de ensaio. Parte 13: Argamassa de alvenaria de referência para o ensaio de adjuvantes para argamassa. Adjuvantes para betão, argamassa e caldas de injecção. Métodos de ensaio. Parte 14: Medição da susceptibilidade à corrosão do aço em betão armado pelo ensaio electroquímico potenciostático. Adjuvantes para betão, argamassa e caldas de injecção. Parte 1: Requisitos gerais. Adjuvantes para betão, argamassa e caldas de injecção. Parte 2: Adjuvantes para betão. Definições, requisitos, conformidade, marcação e etiquetagem. Adjuvantes para betão, argamassa e caldas de injecção. Parte 3: Adjuvantes para argamassa de alvenaria. Definições, requisitos, conformidade, marcação e etiquetagem. Adjuvantes para betão, argamassa e caldas de injecção. Parte 4: Adjuvantes para caldas de injecção para bainhas de pré-esforço. Definições, requisitos, conformidade, marcação e etiquetagem. Adjuvantes para betão, argamassa e caldas de injecção. Parte 5: Adjuvantes para betão projectado. Definições, requisitos, conformidade, marcação e etiquetagem.
NP EN 480-6:2007 EN 480-8:2012 NP EN 480-10:2009 NP EN 480-11:2007 NP EN 480-12:2007 NP EN 480-13:2009 +A1:2011 NP EN 480 -14:2007 NP EN 934-1:2008 NP EN 934-2:2009 NP EN 934-3:2010 NP EN 934-4:2009 NP EN 934-5:2008 NP EN 934-6:2003 A1:2008
Adjuvantes para betão, argamassa e caldas de injecção. Parte 6: Amostragem, controlo da conformidade e avaliação da conformidade.
Especificações LNEC E 416:1993
Adjuvantes para argamassas e betões. Avaliação da corrosão das armaduras. Métodos electroquímicos.
Água Normas NP EN 1008:2003 NP EN 13577:2008
Água de amassadura para betão. Especificações para a amostragem, ensaio e avaliação da aptidão da água, incluindo água recuperada nos processos da indústria de betão, para o fabrico de betão. Ataque químico do betão. Determinação da concentração de dióxido de carbono agressivo da água.
Betão Normas NP 1385:2010
Betões. Determinação da composição do betão fresco.
NP 1387:2010
Betão. Determinação dos tempos de presa.
NP EN 206-1:2007 Emenda 1:2008
Betão. Parte 1: Especificação, desempenho, produção e conformidade.
Emenda 2:2010 NP EN 206-9:2010
Betão. Parte 9: Regras adicionais para betão autocompactável (BAC).
NP EN 12350-1:2009
Ensaios do betão fresco. Parte 1: Amostragem.
NP EN 12350-2:2009
Ensaios do betão fresco. Parte 2: Ensaio de abaixamento.
NP EN 12350-3:2009
Ensaios do betão fresco. Parte 3: Ensaio Vêbê.
NP EN 12350-4:2009
Ensaios do betão fresco. Parte 4: Grau de compactabilidade.
NP EN 12350-5:2009
Ensaios do betão fresco. Parte 5: Ensaio da mesa de espalhamento.
NP EN 12350-6:2009
Ensaios do betão fresco. Parte 6: Massa volúmica.
NP EN 12350-7:2009
Ensaios do betão fresco. Parte 7: Determinação do teor de ar. Métodos pressiométricos.
NP EN 12350-8:2010
Ensaios do betão fresco. Parte 8: Betão autocompactável. Ensaio de espalhamento.
NP EN 12350-9:2010
Ensaios do betão fresco. Parte 9: Betão autocompactável. Ensaio de escoamento no funil V.
NP EN 12350-10:2010
Ensaios do betão fresco. Parte 10: Betão autocompactável. Ensaio de escoamento na caixa L.
NP EN 12350-11:2010
Ensaios do betão fresco. Parte 11: Betão autocompactável. Ensaio de segregação no peneiro.
NP EN 12350-12:2010
Ensaios do betão fresco. Parte 12: Betão autocompactável. Ensaio de espalhamento no anel J.
NP EN 12390-1:2010
Ensaios do betão endurecido. Parte 1: Forma, dimensões e outros requisitos para o ensaio de provetes e para os moldes.
NP EN 12390-2:2009 Errata: Nov 2010
Ensaios do betão endurecido. Parte 2: Execução e cura de provetes para ensaios de resistência mecânica.
NP EN 12390-3:2011
Ensaios do betão endurecido. Parte 3: Resistência à compressão de provetes.
NP EN 12390-4:2003
Ensaios do betão endurecido. Parte 4: Resistência à compressão – Características das máquinas de ensaio.
NP EN 12390-5:2009
Ensaios do betão endurecido. Parte 5: Resistência à flexão de provetes.
NP EN 12390-6:2011
Ensaios do betão endurecido. Parte 6: Resistência à tracção por compressão de provetes.
NP EN 12390-7:2009
Ensaios do betão endurecido. Parte 7: Massa volúmica do betão endurecido.
NP EN 12390-8:2009
Ensaios do betão endurecido. Parte 8: Profundidade de penetração da água sob pressão.
NP EN 12504-1:2009
Ensaio do betão nas estruturas. Parte 1: Carotes. Extracção, exame e ensaio à compressão.
NP EN 12504-2:2003
Ensaio de betão nas estruturas. Parte 2: Ensaio não destrutivo – Determinação do índice esclerométrico.
NP EN 12504-3:2007
Ensaio de betão nas estruturas. Parte 3: Determinação da força de arranque.
NP EN 12504-4:2007
Ensaio de betão nas estruturas. Parte 4: Determinação da velocidade de propagação dos ultra-sons.
12 de Outubro de 2012
BETÃO Normas (Cont.) NP EN 13670:2011 Emenda 1:2012 NP ENV 13670-1:2007 Emenda 1:2008
Execução de estruturas de betão. Execução de estruturas em betão. Parte 1: Regras gerais.
NP EN 13791:2008
Avaliação da resistência à compressão do betão nas estruturas e em produtos prefabricados.
NP EN 14487-1:2008
Betão projectado. Parte 1: Definições, especificações e conformidade.
NP EN 14487-2:2008
Betão projectado. Parte 2: Execução.
NP EN 14488-1:2008
Ensaios de betão projectado. Parte 1: Amostragem do betão fresco e endurecido.
NP EN 14488-2:2008
Ensaios de betão projectado. Parte 2: Resistência à compressão do betão projectado jovem.
NP EN 14488-3:2008 NP EN 14488-4:2005 +A1: 2008 NP EN 14488-5:2008
Ensaios de betão projectado. Parte 3: Resistência à flexão (máxima, última e residual) de vigas reforçadas com fibras.
NP EN 14488-6:2008
Ensaios de betão projectado. Parte 6: Espessura de betão sobre um substrato.
NP EN 14488-7:2008
Ensaios de betão projectado. Parte 7: Dosagem de fibras no betão reforçado com fibras.
NP EN 14845-1:2008
Métodos de ensaio de fibras no betão. Parte 1: Betões de referência.
NP EN 14845-2:2008
Métodos de ensaio de fibras no betão. Parte 2: Influência sobre a resistência.
NP EN 14889-1:2008
Fibras para betão. Parte 1: Fibras de aço. Definições, especificações e conformidade.
NP EN 14889-2:2008
Fibras para betão. Parte 2: Fibras poliméricas. Definições, especificações e conformidade.
Ensaios de betão projectado. Parte 4: Resistência de aderência em carotes à tracção simples. Ensaios de betão projectado. Parte 5: Determinação da capacidade de absorção de energia de provetes de lajes reforçadas com fibras.
Especificações LNEC E 383:1993
Betões. Determinação da resistência à penetração de cloretos. Método da célula de difusão.
E 387:1993
Betões. Caracterização de vazios por método microscópico.
E 388:1993
Betões. Análise macro e micro-estrutural. Exame petrográfico.
E 389:1993
Betões. Preparação de lâminas delgadas para análise micro-estrutural.
E 390:1993
Betões. Determinação da resistência à penetração de cloretos. Ensaio de imersão.
E 391:1993
Betões. Determinação da resistência à carbonatação.
E 392:1993
Betões. Determinação da permeabilidade ao oxigénio.
E 393:1993
Betões. Determinação da absorção de água por capilaridade.
E 394:1993
Betões. Determinação da absorção de água por imersão. Ensaio à pressão atmosférica.
E 395:1993
Betões. Determinação da absorção de água por imersão. Ensaio no vácuo.
E 396:1993
Betões. Determinação da resistência à abrasão.
E 397:1993
Betões. Determinação do módulo de elasticidade em compressão.
E 398:1993
Betões. Determinação da retracção e da expansão.
E 399:1993
Betões. Determinação da fluência em compressão.
E 413:1993
Betões. Determinação da permeabilidade ao ar e à água. Método de Figg.
E 454:1999
Betões de cimento branco. Recomendações para a escolha dos constituintes.
E 461:2007
Betões. Metodologias para prevenir reacções expansivas internas.
E 463:2004
Betões. Determinação do coeficiente de difusão dos cloretos por ensaio de migração em regime não estacionário.
E 464:2007
E 475:2007
Betões. Metodologia prescritiva para uma vida útil de projecto de 50 e de 100 anos face às acções ambientais. Betões. Metodologia para estimar as propriedades de desempenho do betão que permitem satisfazer a vida útil de projecto de estruturas de betão armado ou pré-esforçado sob as exposições ambientais XC e XS. Betões. Determinação da permeabilidade à água. Método GWT.
E 477:2007
Guia para especificação do betão de ligantes hidráulicos conforme com a NP EN 206-1.
E 465:2007
Outros documentos CR 1901:1995
Regional Specifications and Recommendations for the avoidance of damaging alkali silica reactions in concrete.
TS 12390-9:2006
Testing hardened concrete – Part 9: Freeze-thaw resistance – Scaling.
TS 12390-10:2007
Testing hardened concrete – Part 10: Determination of the relative carbonation resistance of concrete.
TS 12390-11:2010
Testing hardened concrete – Part 11: Determination of the chloride resistance of concrete, unidirectional diffusion.
CR 12793:1997
Measurement of the carbonation depth of hardened concrete.
CR 13901:2000
The use of the concept of concrete families for the production and conformity control of concrete.
CR 13902:2000
Test methods for determining the water/cement ratio of fresh concrete.
TR 15177:2006
TR 15868:2009
Testing the freeze-thaw resistance of concrete – Internal structural damage. Concrete – Release of regulated dangerous substances into soil, groundwater and surface water – Test method for new or unapproved constituents of concrete and for production concretes. Survey of national requirements used in conjunction with EN 206-1:2000.
TR 16142: 2011
Concrete – A study of the characteristic leaching behaviour of hardened concrete for use in the natural environment.
TR 16349: 2012
Framework for a specification on the avoidance of a damaging Alkali-Silica Reaction (ASR) in concrete.
TR 16369: 2012
Use of control charts in the production of concrete.
TR 15678:2008
Caldas de injecção Normas NP EN 445:2008
Caldas de injecção para armaduras de pré-esforço. Métodos de ensaio.
NP EN 446:2008
Caldas de injecção para armaduras de pré-esforço. Procedimentos de injecção.
NP EN 447:2008 Errata: Jan 2011
Caldas de injecção para armaduras de pré-esforço. Requisitos básicos.
Fontes de informação: www.ipq.pt | www.lnec.pt | www.cen.eu Significado do sombreado: linha inserida e/ou alterada
12 de Outubro de 2012
Especial Angola
Angola: Novos desafios para a Construção O percurso histórico de Portugal e de Angola através dos séculos esteve sempre ligado ao próprio desenvolvimento político, cultural e socioeconómico de ambos os países, que hoje partilham um leque de interesses comuns abrangendo muito mais do que a língua e a comunhão de culturas ou vivências locais dos seus habitantes. Num mundo fortemente abalado e devastado pela crise conjuntural que se abateu com mais incidência nos países ocidentais, sobressaem contudo, algumas economias em franca expansão e desenvolvimento, patentes em regiões providas de recursos importantes e com potencial de crescimento muito significativo. Nesse contexto, Angola revelou-se como um destes exemplos, que atraiu os principais agentes do meio económico e industrial nacional para as oportunidades de negócio e implantação comercial localmente disponíveis. Portugal vislumbrou então um conjunto de expectativas favoráveis para o futuro da sua própria economia, e tornou-se um parceiro privilegiado com uma relação estratégica que se tem mostrado benéfica para ambas as partes, de tal forma que as empresas portuguesas formam actualmente a terceira maior força construtora em Angola. Nestes termos, justificava-se a criação de um suplemento especial alusivo à presença de algumas empresas nacionais integradas no universo das empresas de Construção Civil e Obras Públicas, materiais e equipamentos de construção, que operam ou apostam no progressivo crescimento do mercado angolano e para as quais é importante divulgar o seu trabalho junto dos principais agentes do meio, aumentando assim a sua visibilidade num momento em que se realiza um dos maiores certames do calendário angolano de feiras, exposições ou eventos dedicados simultaneamente às fileiras da Construção Civil, Imobiliário, Ambiente e Segurança. A APEB, enquanto entidade consciente da importância e necessidade de garantir a correcta utilização e controlo da qualidade do betão como material de
construção prioritário, encontra-se disponível para apoiar e conduzir localmente processos de assistência técnica, ensaios, consultoria, verificação metrológica, calibrações, acções de formação profissional e auditorias na área da certificação da qualidade. As valências estruturadas e desenvolvidas pelos serviços técnicos da APEB em Portugal, ao longo de mais de um quarto de século, procuraram servir, não apenas a comunidade dos seus associados e industriais ligados ao sector do Betão Pronto, mas também promover, disseminar a sua correcta aplicação e informar todas as faixas de utilizadores e os diversos intervenientes no ciclo construtivo, sobre as boas práticas e cumprimento das normas que regem a adequada e correcta concepção, aplicação e utilização do Betão. Acreditamos por isso, que também em Angola, país onde os seus serviços já realizaram algumas intervenções técnicas, a APEB pode prosseguir a sua missão, indo assim ao encontro da satisfação das necessidades de diversos agentes envolvidos, quer no processo construtivo, em geral, quer no sector industrial do Betão Pronto em particular, ou ainda junto das entidades ligadas ao ensino profissional e à fiscalização da construção civil e obras públicas naquele importante Estado do continente africano.
Especial Angola • Outubro 2012 Betão n.29 35
Especial Angola
AIP/Tektónica na Projekta 2012 Participação confirma importância do mercado angolano Projectar o futuro construindo o presente é a assinatura da feira angolana Projekta 2012. Uma oportunidade para potenciar contactos e perspectivar negócios, à qual as empresas portuguesas responderam com uma presença numerosa e um calendário abrangente de actividades.
Jorge Oliveira Director-Geral AIP
A Projekta by Constrói Angola, que tem lugar na FIL de Luanda, de 25 a 28 de Outubro, é actualmente a maior feira do sector da Construção, Obras Públicas, Arquitectura e Urbanismo realizada em Angola. A iniciativa constitui uma plataforma para a criação de novos negócios entre profissionais e empresários e tem, na participação da AIP/Tecktónica, o reconhecimento da importância do mercado angolano, para as empresas portuguesas do sector da construção e do imobiliário. Os números confirmam a relevância do mercado e do evento. No espaço da AIP/Tektónica estarão presentes mais de 50 empresas portuguesas, um recorde desde a primeira participação, em 2005. Ambiente, água, banca, construção sustentável, energias renováveis, máquinas e equipamentos, materiais de construção e projectos são os sectores representados, numa área que ultrapassa os 1.000 m2.
36 Betão n.29 Outubro 2012 • Especial Angola
Da participação faz ainda parte um plano de actividades. Iniciativas destinadas a promover a presença portuguesa no evento e a incentivar a realização de contactos, antecedem os dias de feira. Assim, a 22 e 23 de Outubro, organizam-se visitas e reuniões empresariais em Benguela e no dia 24 realiza-se o 5.º Encontro da Construção e Imobiliário Angola/Portugal, no Hotel Skyna, em Luanda. No espaço da feira, um auditório permanente no Pavilhão de Portugal, acolhe um programa de apresentações e acções de formação (ver programa). De referir que a actuação da AIP/Tektónica no território angolano, inclui ainda uma acção de responsabilidade social: a doação de livros de arquitectura às bibliotecas das Universidades Agostinho Neto e Lusíada, em Luanda. A iniciativa é resultado de uma parceria com a Ordem dos Arquitectos de Portugal e Editora Caleidoscópio e conta com a colaboração especial do arquitecto João Paciência.
Especial Angola Programa de Eventos Tektónica na Projekta by Constrói Angola ACADEMIA TEKTÓNICA ANGOLA Dia 25 de Outubro 2012 (5ª Feira) • 14H00 – 15H00 Tema: Os Novos Desafios das Cablagens Estruturadas (ersys) Organização: eurocabos • 15H30 – 16H00 Tema: Aplicação de Adesivos e Betumes Organização: Kerakoll Portugal S.A. Dia 26 de Outubro 2012 (6ª Feira) • 14H00 – 15H00 Tema: Projecto de Infra-estruturas de Telecomunicações em Edifícios e Urbanizações Organização: Teka Portugal S.A. • 15H00 – 19H00 Tema: Energia Solar Organização: Donauer Solar Systems • 19H00 – 19H30 Tema: Aplicação de Geolite Organização: Kerakoll Portugal S.A. Dia 27 de Outubro 2012 (Sábado) • 14H00 – 15H00 Tema: Sistemas Rádio (Wi-Fi, Wimax) Organização: eurocabos
• 15H00 – 16H00 Tema: Os Novos Desafios das Cablagens Estruturadas (ersys) Organização: eurocabos • 16H00 – 18H00 Tema: cype – Instalações de Edifícios Organização: Top Informática • 19H00 – 20H00 Tema: Aplicação de Fugalite Organização: Kerakoll Portugal S.A. Dia 28 de Outubro 2012 (Domingo) • 14H00 – 15H00 Tema: Projecto de Infraestruturas de Telecomunicações em Edifícios e Urbanizações Organização: Teka Portugal S.A. • 16H00 – 18H00 Tema: cype – Instalações de Edifícios Organização: Top Informática Apresentações comerciais Dia 25 de Outubro 2012 (5ª Feira) • 15H00 – 15H30 Tema: Apresentação de Soluções de Impermeabilização Organização: Kerakoll Portugal S.A.
• 16H00 – 18H00 Tema: cype – Gerador de Preços Angolano, Projecto Integrado Organização: Top Informática • 18H30 – 19H30 Tema: Energia Solar Organização: Donauer Solar Systems Dia 26 de Outubro 2012 (6ª Feira) • 19H30 – 20H00 Tema: Apresentação de Geolite e Geolite Magma Organização: Kerakoll Portugal S.A. Dia 27 de Outubro 2012 (Sábado) • 18H00 – 19H00 Tema: Apresentação de Fugalite Organização: Kerakoll Portugal S.A. Dia 28 de Outubro 2012 (Domingo) • 15H00 – 16H00 Tema: Sistemas de Cablagem Estruturada (Brand-Rex) Organização: eurocabos • 18H00 – 20H00 Tema: cype – Gerador de Preços Angolano, Projecto Integrado Organização: Top Informática
Especial Angola • Outubro 2012 Betão n.29 37
Especial Angola
Prefangol A afirmação do Betão Pronto em Angola Consciente da relevância de pautar a diferença num mercado em pleno crescimento através da aposta na qualidade dos seus produtos, a Prefangol surge actualmente como um exemplo de afirmação, firme e responsável, do Betão Pronto como um material de eleição no desenvolvimento da construção em Angola e Moçambique.
A Empresa Prefangol foi fundada em 2002, em Angola, tendo-se afirmado como uma das entidades pioneiras na produção e comercialização local de Betão Pronto. Alicerçada na sua tradição e experiência, a Prefangol consolidou a sua posição no mercado do fabrico e fornecimento de betão e agregados para os sectores de construção civil e obras públicas. Trata-se de uma empresa que oferece vários produtos de qualidade, monitorados por um laboratório tecnicamente equipado e um sistema de gestão e controlo de qualidade adequado. Caracteriza-se ainda por ser uma organização experiente, rigorosa e dinâmica em todos os seus processos. A sua estabilidade assenta sobretudo na qualidade patente nos seus produtos e no acompanhamento técnico externo subjacente. A Prefangol procura continuamente a satisfação das necessidades dos seus clientes nos domínios em que a sua actividade é especializada, garantindo-lhes a resposta às exigências de qualidade dos seus produtos e a pontualidade no fornecimentos dos mesmos. Nos últimos anos esta organização tem contribuindo para a construção de grandes infra-estruturas em solo angolano, das quais destacamos: Viana Parque (maior complexo industrial de Angola), Edifícios Luanda Towers (maior complexo de edifícios de Angola, compreendendo 3 torres de 20 pisos e um centro comercial com 28.000 m2), Edifício Kaluanda, Edificio Mon-
38 Betão n.29 Outubro 2012 • Especial Angola
cada, Edifício Elite, Túnel do Boavista, ampliação do Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, expansão da Fábrica Refriango, Fábrica de Bebidas Sicasa, Complexo Habitacional Kamakosa, Centro de Reabilitação do Caxito, entre outras. A necessidade de expansão para outros horizontes veio como consequência de vários convites feitos por alguns clientes do mercado moçambicano, que se encontravam insatisfeitos, conduzindo assim à criação de uma outra empresa, a Prefangol Moçambique, S.A., que começou a laborar em Dezembro de 2011, mantendo elevados padrões de qualidade, cenário de que o mercado local estava carenciado há muito tempo. O crescimento tem sido notório, mês após mês, o que se deve, sobretudo, à qualidade dos seus produtos e ao grau de satisfação evidenciado pelos seus clientes. Ao longo da última década, a empresa Prefangol cimentou assim a sua posição no mercado interno africano, sendo hoje já uma referência, quer em Angola, quer em Moçambique. As empresas de Betão Pronto têm uma enorme responsabilidade nestes dois mercados, já que devem cumprir as regras impostas pela lei, facto que não se tem verificado com muitas delas. As normas técnicas nem sempre são cumpridas por parte das mesmas, acabando por se dar mais importância aos preços, descurando assim a qualidade e a responsabilidade inerente a este tipo de actividade e, consequente-
mente a um material estrutural essencial, o que compromete o futuro de muitas estruturas edificadas. A falta de informação no acto de compra por parte de alguns clientes sem conhecimentos técnicos adequados do Betão Pronto, tem sido uma constante com a qual ainda se deparam os serviços desta empresa. Uma má escolha pode vir a reflectir-se no futuro, originando, por vezes, danos irreparáveis. A criação de Alvarás específicos para este tipo de actividade, com diversas classes, à semelhança do que
B.I. Designação: Prefangol, Lda. Actividade: Fabrico e comercialização de Betão Pronto, Agregados e Prefabricação de Produtos de Betão Principais produtos: Betão Pronto e Agregados Mais informações: 00244 222 291 550
Especial Angola • Outubro 2012 Betão n.29 39
Especial Angola
tem sido prática comum na indústria da construção de outros países, ou a implementação de um processo que assegure e certifique a aptidão e competência profissional dos operadores actuantes no sector, deve ser um passo a dar, o quanto antes, por parte das entidades responsáveis, pois só assim se poderá acabar com uma concorrência desleal, que cada vez mais vem acentuando a sua indesejável e nociva presença no mercado. Acreditamos por conseguinte, que só podemos prevalecer no mercado com uma efectiva adesão às regras e regulamentos que regem este tipo de produtos, pelo que esperamos que sejam asseguradas a breve prazo, uma disciplina e uma fiscalização rigorosas nesta indústria.
Especial Angola
Arcen Engenharia Um caminho natural e sustentado A Arcen tem como compromisso oferecer soluções de performance e durabilidade em maquinaria de construção civil. Para a empresa, líder nas centrais de betão e nos portos em Portugal, Angola representa 25 a 30% da facturação anual global. Um mercado de elevado potencial, que merece uma aposta forte. Fundada em 1990, em Canelas, Vila Nova de Gaia, para preencher uma lacuna na indústria portuguesa de máquinas de construção e obras públicas, a Arcen Engenharia tem hoje um mercado alargado, constituído por mais de 45 países. A empresa dedica-se ao fabrico, montagem e serviço pós-venda de máquinas para betão pronto, prefabricação, asfalto, pedreiras na área da construção e pórticos para portos marítimos. Mas porque pretende responder às necessidades exactas de cada cliente, dispõe ainda de uma área de projectos especiais, com soluções à medida. Neste percurso que conta com mais de duas décadas, o crescimento foi acontecendo de forma natural e sustentada, através da abertura de filiais no Brasil, na Polónia, em Espanha e França, para melhor atender aos mercados sul-americanos, aos países do Magreb e aos países do Leste Europeu. Em 2009, a empresa adquiriu 52% do capital da empresa EUROCRANE, com sede no Carregado, de modo a permitir a afirmação no mercado de pórticos marítimos. A presença da empresa nesta área foi ainda reforçada, através da comercialização dos pórticos marítimos STS (Ship-to-Shore), RMG (Rail Mounted Gantry), RTG (Rubber Tyred Gantry) para carga/descarga e parqueamento de contentores, assim como guindastes para carga/descarga de produtos a granel. Assumindo-se líder nas centrais de betão e nos portos em Portugal, a Arcen mantém o focus no desenvolvimento, fazendo da formação e da inovação instrumentos fundamentais. A presença de um elevado número de licenciados nos quadros da empresa e a admissão da mesma na rede de inovação COTEC são tes-
Principais equipamentos
Reciclador R16
Centrais de Asfalto
Centrais de Britagem
Pórticos - Eurocrane
Misturadora Mde
Misturadora Mev
Misturadora Mst
Misturadora Mef
B.I. Designação: Arcen Engenharia Actividade: Máquinas de construção e Obras públicas Principais equipamentos: Centrais de Betão, Centrais de Britagem, Centrais de Asfalto, Pórticos, Misturadoras e Recicladores Mais informações: www.arcen.pt Centrais de Betão
40 Betão n.29 Outubro 2012 • Especial Angola
Na vanguarda da inovação
temunhos desta atitude de evolução contínua, também materializada na entrada em novos mercados geográficos. Neste panorama, Angola apresenta-se como um destino em franco crescimento, no qual a empresa conheceu particular implantação nos últimos seis anos. Principais clientes em Angola Africivil Construção Civil, Lda; ALW; Angobetão; Angolaca (ACA); Anteros (Angola); Betangola – Betões e Pré-fabricados de Angola, Lda.; Centro-Cerro; CFRL Sociedade de Construção, Fornecimentos e Reabilitação, Lda.; Conduril (Angola); Construções Fortaleza S.A.; Construfal – Grupo Lubamba Lda; Domus – Promoção Imobiliária e Construção Civil, S.A.; Edifer Construções S.A., Empreiteiros Casais; Eusébios Angola, Lda.; FDO – ABB Engenharia, Lda.; Griner Engenharia, S.A.; Imosul; Import-car Lda.; Jonce; LM Grupo, Lda.; Moniz da Maia (Angola); Mota-Engil (Angola); Mundibetão; Omatapalo – Engenharia e Construção, S.A.; Opway Angola, S.A.; Orbisrumo; Prefangol – Prefabricados e Agregados de Angola, Lda; Probetão – Produtos Pré-fabricados de Betão; Soares da Costa (Angola); Somague – Engenharia S.A. (Angola); Tecnovia Angola; Teixeira Duarte (Angola); Terraplana; UrbanCraft; Urbanop (Angola); Vilangola; Wayfiled Trading (Refriango); WM Construções Lda.; Zagope (Angola).
Projectos especiais Barragens: • Sabor; • Alqueva; • Salamonde; • Picote.
Revolucionando a tipologia clássica utilizada nas coroas dentadas, que accionam tradicionalmente os moinhos ou fornos horizontais rotativos, a SEW-EURODRIVE desenvolveu uma coroa segmentada. Por ser composta por várias secções, esta solução traz vantagens relativamente à tradicional coroa bipartida. O transporte e a montagem são facilitados e, em caso de avaria de um dos dentes, é possível substituir apenas o segmento correspondente. À novidade ao nível da estrutura, a SEW-EURODRIVE acrescentou ainda a utilização de um material especial, certificado segundo a ISO 17804/EN-GJS1050-6 e destinado a aumentar a performance do produto. O ADI – Austempered Ductile Iron – tem por base um ferro fundido nodular/esferoidal, obtido através dos processos de austenetização e austempera, e resulta num ferro fundido de elevada resistência mecânica e elevada ductilidade, com propriedades estáveis a baixas e/ou elevadas temperaturas. Este material substitui os aços normalmente usados nas coroas, conseguindo superá-los na sua dureza e resistência. A SEW-EURODRIVE encara os projectos de fornecimento de coroas dentadas para accionamento de moinhos ou fornos horizontais rotativos como sistemas integrados. Para além de fornecer todos os componentes, a empresa assegura também o serviço de supervisão à montagem.
Coroa dentada segmentada
B.I. Barragem do Sabor
Delegações • Portugal – Canelas e Sandim • França • Polónia • Espanha • Brasil
Designação: SEW-EURODRIVE PORTUGAL Actividade: Engenharia mecatrónica e sistemas de Automação combinando novas tecnologias de accionamentos industriais mecânicos e electrónicos Principais produtos: Moto-redutores, variadores electrónicos de velocidade e redutores Mais informações: infosew@sew-eurodrive.pt www.sew-eurodrive.pt
Especial Angola • Outubro 2012 Betão n.29 41
Especial Angola
Sew-Eurodrive
Especial Angola
BASF Uma presença assente na parceria Assumindo-se como líder mundial em produtos químicos, a BASF está em Angola desde os anos 90, acompanhando a entrada das empresas portuguesas de construção neste novo mercado. A relação de parceria estabelecida com os clientes é, segundo a empresa, a base para uma presença bem-sucedida.
A diferenciação pela qualidade das soluções é a promessa da BASF, empresa do sector químico, com mais de 111 mil colaboradores e cerca de 370 unidades de produção em todo o mundo. A BASF Construction Chemicals, uma das áreas de negócio da empresa, envolve produtos aplicados na construção e adjuvantes para betão e argamassa. Esta oferta dirige-se a segmentos de mercado como o betão pronto, prefabricação, obras subterrâneas, pavimentos, reparação e reforço, impermeabilização e colocação de cerâmica. Consciente de que a internacionalização é um caminho cada vez mais importante e decisivo para as empresas, a BASF acompanhou as companhias portuguesas do sector da construção que se deslocaram para o mercado Angolano nestas últimas décadas. A relação de parceria mantida ao longo dos anos com os clientes e o reconhecimento da qualidade das soluções BASF por parte dos mesmos, foram, segundo a empresa, fundamentais neste movimento. A comercialização dos produtos é feita através de duas vias: venda directa às empresas de construção e revenda, no mercado local, através da empresa Lunapa, agente Angolano da BASF, sediado na zona de Viana. Do portefólio comercializado em Angola, constam todas as gamas de produtos com aplicação na construção civil e obras públicas. Os adjuvantes para betão e argamassa têm ocupado lugar de destaque ao longo
42 Betão n.29 Outubro 2012 • Especial Angola
dos anos, merecendo a escolha preferencial das empresas construtoras presentes no país africano. A BASF actua neste mercado com três tipos de adjuvantes diferenciados, plastificantes da gama Pozzolith, superplastificantes da gama Rheobuild e Glenium. De referir que os adjuvantes utilizados foram concebidos de modo a que possam funcionar em climas quentes. Principais clientes em Angola Mota-Engil; Angolaca; Angobetão; Urbancraft; Grinner; Betablocos; Soares da Costa; Zagope; Maxi betão; Prefangol; Casais; Namkwang; Teixeira Duarte; Monte Adriano; Jonce; Omatapalo; Anteros; Odebrecht; Mundibetão; OPP; WM; Sonacergy.
B.I. Designação: BASF Construction Chemicals Actividade: Comercialização de produtos aplicados na construção e adjuvantes para betão e argamassas Principais produtos: Adjuvantes para betão: gamas Pozzolith, Rheobuild e Glenium; Produtos de construção: Gamas construção: Emaco, Masterseal, Masterflow e Masterflex. Mais informações: camilo.damiao@basf.com www.basf.pt
Especial Angola
Mundimáquinas Novas instalações, para um negócio em crescimento Servir a actividade da construção civil em Angola foi o objectivo da fundação da Mundimáquinas. Para a empresa de capitais portugueses, com sede em Luanda, 2013 será um ano de mudança. As novas instalações servem um negócio feito para crescer.
Fundada em 2009, em Luanda, a Mundimáquinas é uma empresa especializada na venda e aluguer de maquinaria para construção civil. Detida em 90% pela portuguesa Munditubo, a Mundimáquinas prepara a mudança para instalações próprias, depois dos anos iniciais de actividade a partir da sede no Estádio Nacional da Cidadela. Janeiro de 2013 é a data prevista para a entrada em funcionamento do espaço situado na Avenida 11 de Novembro, no Bairro da Sapú. Implantado num terreno de 21.000 m2, o edifício de construção industrial, ocupa uma área de 2.540 m2, com 10 m de pé direito, assegurando as condições adequadas para o desenvolvimento da actividade e para o crescimento dos negócios.
B.I. Designação: Mundimáquinas Actividade: Venda e aluguer de maquinaria para construção civil Principais produtos: Andaimes, auto-betoneiras, betoneiras, cofragem, elevadores, escoramentos, guinchos de obra, gruas, monta-cargas de cremalheira, maquinaria de transporte e projecção de argamassas, máquinas de corte (para ferro, cerâmica e pavimento), plataformas motorizadas de andaime, réguas vibradoras, talochas, vibradores de betão Mais informações: www.mundimaquinas.com
Qualidade de produtos, capacidade de armazenamento, entrega imediata e eficiência nos serviços de instalação e assistência técnica são compromissos assumidos pela empresa. Do seu portefólio fazem parte soluções variadas, como andaimes, auto-betoneiras, betoneiras, cofragem, elevadores, escoramentos, guinchos de obra, gruas, monta-cargas de cremalheira, maquinaria de transporte e projecção de argamassas, máquinas de corte (para ferro, cerâmica e pavimento), plataformas motorizadas de andaime, réguas vibradoras, talochas, vibradores de betão. Complementarmente, a Mundimáquinas apresenta ainda uma oferta em acessórios de construção civil. No que se refere a marcas, a empresa comercializa produtos e serviços Bunker, Torgar, Lisprene, Leadermec, Of.Me.R e Sima. Em Angola, tem ainda uma parceria com a marca Doka e representa, em exclusivo, soluções Dieci e Alher.
Especial Angola • Outubro 2012 Betão n.29 43
Especial Angola
Arlaco Soluções adequadas, para máximo desempenho Fundada em 2006, a Arlaco – Comércio e Indústria de Material Electrónico, Lda., serve clientes em vários pontos do mundo. Adaptação de soluções, com o foco na qualidade é a receita da empresa que, nos últimos anos, tem crescido com o mercado angolano. A Arlaco dedica-se ao fornecimento de soluções, nas áreas da construção civil, com destaque para as centrais de betão, os programas de controlo de centrais e os equipamentos auxiliares. Os equipamentos e serviços desta empresa, com sede em Vila Nova de Gaia, têm como destino diversos países. Da presença em vários mercados, resulta a identificação de necessidades distintas, às quais a empresa responde com soluções especialmente adaptadas. Neste contexto, Angola, mercado em franco desenvolvimento, tem naturalmente merecido uma atenção especial por parte da Arlaco. Nos últimos anos, em conjunto com alguns fabricantes, a empresa tem desenvolvido equipamentos adequados à realidade do país. O objectivo é garantir aos clientes uma tranquilidade e uma rentabilidade superiores. O transporte pneumático de cimento para silos, a instalação ou actualização de programas para centrais de betão e a montagem de pedreiras têm sido algumas das actividades realizadas pela empresa neste mercado. De entre os produtos disponibilizados, destacam-se ainda as centrais móveis, que permitem uma mobilização rápida de local, e as centrais compactas, ideais para pequenas obras dentro das cidades. Salientando a importância que o mercado angolano tem tido no crescimento das empresas portuguesas, a Arlaco pretende continuar a servir os clientes que nele operam com equipamentos e serviços de qualidade superior, para máximo desempenho.
Principais equipamentos
Centrais Móveis
Equipamentos e Software de Controlo de Fabrico de Betão
Transporte Pneumático de Cimento
B.I. Designação: Arlaco Actividade: Comércio e Indústria de Material Electrónico Principais produtos: Centrais de betão, programa de controlo de centrais e equipamentos auxiliares Mais informações: www.arlaco.pt
44 Betão n.29 Outubro 2012 • Especial Angola
Correctivos Agrícolas
Centrais Compactas
Especial Angola
Pertangola Responder às exigências com evolução Presente há mais de quatro décadas na área da Engenharia Civil, em Portugal, a Perta alargou o seu mercado ao continente africano, nos anos mais recentes. Angola assume-se como destino importante dos produtos e serviços desta empresa comprometida com a evolução contínua, levando à criação da sociedade de direito angolano – Pertangola.
Marcar uma posição relevante enquanto fornecedora de equipamentos e prestadora de serviços na área da Engenharia Civil e Obras Públicas, foi o objectivo na base da fundação da Perta, em 1967. Obras Públicas, Fundações, Prefabricados de Betão, Laboratórios Públicos e Privados de Controlo de Qualidade, Indústria e Construção Civil e Minas, são as principais áreas de actuação, que representa, em exclusividade, mais de 20 fabricantes, de diversos países oriundos de vários continentes. Diversificar a oferta e criar sinergias têm sido preocupações constantes deste percurso que conta já com 45 anos. Inicialmente focada nos equipamentos para o Controlo da Qualidade, com Controls e F+T Seidner, nos anos 80, a empresa passa também a dedicar-se à área das Fundações e Obras Públicas, através da ICE/PVE, IHC, Olmet, Selwood e Casagrande. Com a experiência entretanto acumulada, cria em 2002 o novo departamento de ambiente, associado às actividades de análises de água em contínuo e detecção de fugas. Nos últimos anos, a Perta tem alargado a sua área de fornecimentos a África, com destaque para Angola com quem mantém relações comerciais regulares desde 2006. Uma realidade que levou à criação de uma filial nesta região através da qual para além do fornecimento de equipamentos, presta um serviço de acompanhamento, assistência e consultadoria. Aqui, a empresa tem marcado presença em feiras e eventos do sector da construção e estabelecido relações com organismos oficiais, universidades, empresas de construção civil, obras públicas, betão pronto
e indústrias de prefabricação. Entre os seus clientes, encontram-se a Mota-Engil, Teixeira Duarte, Conduril Angola, Omatapalo, Planasul, Universidade J. Piaget, Cenfoc, Universidade Metodista, Universidade Independente, ARC, Odebrecht, Zagope, Terralógica, Tecnovia, Ministério da Educação de Angola, Griner, Universidade Metropolitana, Monte Adriano, Somague, Soares da Costa,… A actividade no mercado angolano regista já mais de 180 laboratórios quer de entidades privadas, quer públicas, com destaque para os laboratórios móveis. Para além do mercado Angolano, também Argélia, Cabo Verde, Guiné Conakri, Guiné Equatorial e Moçambique surgem como destinos de produtos e serviços da Perta.
B.I. Designação: Perta, Sociedade de Equipamentos de Construção Civil, Lda. / Pertangola, Lda. Áreas de Actuação: Comercialização e Assistência Técnica de Equipamentos para Obras Públicas, Controlo de Qualidade, Fundações, Prefabricados de Betão, Indústria Extractiva Principais Projectos em Angola: Fornecimento de Laboratórios Completos de Controlo de Qualidade, Laboratórios Móveis, Fundações, Minas, Bombas, Prefabricados Mais informações: www.perta.pt www.pertangola.com
Especial Angola • Outubro 2012 Betão n.29 45
Técnica
Controlo da Conformidade do Betão A Resistência à Compressão Eng.o João Carlos Duarte, APEB
1. Introdução O controlo da conformidade do betão constitui-se como uma disposição essencial para assegurar um nível adequado de qualidade do betão produzido e, consequentemente, para contribuir para a garantia da estabilidade e da durabilidade requeridas às obras de construção civil e de engenharia. As regras para o controlo da conformidade encontram-se actualmente estabelecidas na NP EN 206-1 [1]. Resultado de um longo e árduo trabalho desenvolvido ao longo de mais de uma dezena de anos, não só ao nível internacional (no seio do CEN – Comité Europeu de Normalização) mas também a nível nacional, a NP EN 206-1 reflecte não só a tradução da norma europeia (EN 206-1:2000), mas também as disposições que são aplicáveis em Portugal. Estas disposições encontram-se em anexo à NP EN 206-1, nomeadamente, no Documento Nacional de Aplicação. O presente artigo aborda a temática do controlo da conformidade da resistência à compressão, esta que continua a ser a propriedade rainha para a caracterização do betão. Desde já se salienta que a leitura deste artigo não dispensa uma análise cuidada sobre o texto da própria NP EN 206-1.
• Betão de elevada resistência – Betão com classe de resistência à compressão superior a C50/60, nos casos de betão normal ou betão pesado, e a LC 50/55, no caso de betão leve. • Produção inicial – período de produção que decorre até que sejam obtidos, pelo menos 35 resultados. • Produção contínua – período de produção que decorre após a disponibilidade de, pelo menos, 35 resultados. 3. Símbolos n número de amostras/ resultados; fci resultado individual do ensaio de resistência à compressão do betão; fcti valor resultante da transposição de um resultado de ensaio de resistência à compressão para o betão de referência; fck resistência característica à compressão do betão; fcm resistência média à compressão do betão; σ estimativa do desvio padrão duma população; s15 desvio padrão dos últimos 15 resultados; v verifica; nv não verifica. 4. Generalidades
2. Conceitos Ao longo deste artigo são referidos determinados conceitos, alguns dos quais aparecem pela primeira vez estabelecidos, mas outros que, não sendo novos, interessa clarificar ou recordar: • Família de betões – Grupo de composições de betão, para as quais se encontra estabelecida e documentada uma correlação fiável entre as propriedades relevantes. • Betão normal – Betão de massa volúmica, após secagem em estufa, superior a 2.000 kg/m3 mas não excedendo 2.600 kg/m3. • Betão pesado – Betão de massa volúmica, após secagem em estufa, superior a 2.600 kg/m3. • Betão leve – Betão de massa volúmica, após secagem em estufa, superior ou igual a 800 kg/m3 mas não excedendo 2.000 kg/m3.
46 Betão n.29 Outubro 2012
Tanto para efeitos do plano de amostragem como para a aplicação dos critérios de conformidade, a NP EN 206-1 faz uma distinção entre a produção inicial e a produção contínua, sendo que a fase de produção contínua é atingida a partir do momento em que está disponível um número mínimo de 35 resultados de ensaios num período não superior a 12 meses. A introdução desta diferenciação justifica-se pela necessidade de obter um conjunto de dados suficientes que permitam caracterizar a distribuição dos resultados de uma determinada composição ou de uma família de composições. Como será de esperar, o período de produção inicial será menor se a empresa tiver implementado o conceito de família de betões, pois, dessa forma, haverá mais composições a contribuir para os 35 resultados necessários para passar à fase de produção contínua.
Técnica
No entanto, poderá sempre haver composições ou famílias de composições que, pelo facto de terem uma taxa de produção reduzida, nunca cheguem a atingir um número de resultados suficiente que lhes permita passar da fase de produção inicial para a fase de produção contínua. 5. Plano de amostragem e de ensaio O plano de amostragem a desenvolver por cada um dos produtores do betão deve satisfazer o estabelecido no quadro 13 da NP EN 206-1 (ver Tabela 1) e tendo em conta, não só a fase de produção em que se encontra cada uma das composições ou, quando aplicável, das famílias de composições, mas também se o controlo da produção está ou não certificado. Como se pode verificar, a frequência de amostragem a adoptar no caso de o controlo da produção se encontrar certificado, de acordo com os requisitos da NP EN 206-1, é substancialmente inferior do que no caso contrário. No entanto, esta situação depreende-se do facto de um sistema de controlo da produção certificado compreender um conjunto de metodologias, incluindo a realização de amostras por um organismo independente, que aumenta a confiança nos resultados obtidos.
Tabela 1. Frequência mínima de amostragem para avaliação
6. Controlo da conformidade da resistência à compressão O controlo da conformidade da resistência à compressão baseia-se na aplicação dos critérios de conformidade estabelecidos na NP EN 206-1 aos resultados dos ensaios efectuados. Estes critérios encontram-se estabelecidos no quadro 14 da NP EN 206-1 (ver Tabela 2) e, tal como referido anteriormente, é feita a distinção entre a fase de produção inicial e a fase de produção contínua. Na prática, esta distinção entre produção inicial e produção contínua significa que, pelo menos, nos primeiros 35 resultados de uma determinada composição ou família de composições, se devem aplicar os dois critérios a cada grupo de 3 resultados. No caso de a empresa ter implementado o conceito de famílias de betões, torna-se ainda necessário aplicar um terceiro critério para verificar se cada composição continua a fazer parte integrante da família, isto é, se ainda segue as suas tendências de variação. Este critério de confirmação encontra-se estabelecido no quadro 15 da NP EN 206-1 (ver Tabela 3). No entanto, este critério apresenta-se incompleto, pois considera apenas as condições a aplicar nos casos em que uma determinada composição apresenta até 6 resultados no período que está a ser avaliado quanto à sua conformidade, sendo omisso quanto aos casos em que o número de resultados de uma determinada composição é superior, o que pode acontecer frequentemente.
da conformidade Frequência mínima de amostragem Produção
Inicial (até se obterem, pelo menos, 35 resultados)
Produção subsequente aos primeiros 50 m3 Primeiros 50 m de produção 3
3 amostras
Betão com controlo da produção certificado
a)
Betão sem controlo da produção certificado
1/200 m3 ou 2/semana de produção 1/150 m3 ou 1/dia de produção
Contínua b) (quando estiverem disponíveis, pelo menos, 35 resultados)
1/400 m3 ou 1/semana de produção
a) A amostragem deve ser distribuída pela produção e não deve ser mais de 1 amostra por cada 25 m3. b) Quando o desvio padrão dos últimos 15 resultados for superior a 1,37 σ, a frequência de amostragem deve ser incrementada para a requerida para a produção inicial nos próximos 35 resultados de ensaio. Tabela 2. Critérios de conformidade para a resistência à compressão Critério 1
Critério 2
Média dos “n” resultados (fcm) N/mm2
Qualquer resultado individual de ensaio (fci) N/mm2
Produção
Número "n" de resultados de ensaios da resistência à compressão no grupo
Inicial
3
≥ fck + 4
≥ fck – 4
Contínua
≥ 15
≥ fck + 1,48 σ
≥ fck – 4
Outubro 2012 Betão n.29 47
Técnica
Nestas situações, o produtor do betão deverá estabelecer internamente as metodologias a adoptar, no âmbito dos procedimentos do seu sistema de controlo da produção. Uma solução que poderá ter ampla aceitação é a resultante de uma interpolação linear entre o valor obtido para a expressão correspondente a 6 resultados e o valor obtido para a expressão correspondente ao critério 1 (produção contínua). Desta forma, é possível deduzir as correspondentes expressões (ver Tabela 4).
Tabela 3. Critério de confirmação para os membros da família Número "n" de resultados de ensaio da resistência à compressão de um dado betão da família
Critério 3 Média dos “n” resultados (fcm) de um dado betão da família N/mm2
2
≥ fck - 1,0
3
≥ fck + 1,0
4
≥ fck + 2,0
5
≥ fck + 2,5
6
≥ fck + 3,0
Se o número de resultados de uma determinada composição for igual ou superior a 15, dever-se-á aplicar a expressão do critério 1 (fcm ≥ fck + 1,48 σ).
Tabela 4. Critério de confirmação para os membros da família Número "n" de resultados de ensaio da resistência à compressão de um dado betão da família
7. Sobreposição de resultados
Critério 3
Existem dois métodos para a utilização dos resultados dos ensaios: com sobreposição e sem sobreposição. O sistema de controlo da produção deve identificar qual o método a utilizar na aplicação dos critérios de conformidade. Melhor do que descrever os dois métodos por palavras é observar a sua aplicação.
Média dos “n” resultados (fcm) de um dado betão da família N/mm2
7
≥ fck + 0,16 σ + 2,67
8
≥ fck + 0,33 σ + 2,33
9
≥ fck + 0,50 σ + 2
10
≥ fck + 0,66 σ + 1,67
11
≥ fck + 0,82 σ + 1,33
12
≥ fck + 0,99 σ + 1
13
≥ fck + 1,15 σ + 0,67
14
≥ fck + 1,32 σ + 0,33
Ora vejamos: Considerando um determinado conjunto de resultados de ensaios de um betão da classe C 25/30, em fase de produção inicial, vamos aplicar o critério 1, utilizando os dois métodos.
Tabela 5. Exemplo de aplicação do conceito de sobreposição de resultados N.º de amostra
fci (MPa)
1
Com sobreposição
Sem sobreposição
fcm (MPa)
Critério 1 fcm ≥ fck + 4
fcm (MPa)
Critério 1 fcm ≥ fck + 4
40,2
–
–
–
–
2
36,3
–
–
–
–
3
35,2
(f1+f2+f3)/3 = 37,2
Verifica
(f1+f2+f3)/3 = 37,2
Verifica
4
35,9
(f2+f3+f4)/3 = 35,8
Verifica
–
–
5
30,5
(f3+f4+f5)/3 = 33,9
Não verifica
–
–
6
36,7
(f4+f5+f6)/3 = 34,4
Verifica
(f1+f2+f3)/3 = 34,4
Verifica
Como podemos verificar, a utilização da sobreposição de resultados é uma metodologia mais exigente, uma vez que o resultado de uma amostra é utilizado mais do que uma vez nos critérios de conformidade. Efectivamente, utilizando a sobreposição de resultados neste conjunto de amostras, verifica-se uma ocorrência de incumprimento do critério de conformidade envolvendo as amostras 3, 4 e 5, quando as amostras 3 e 4 já haviam sido verificadas no grupo de amostras 2, 3 e 4, cuja média satisfaz o critério.
48 Betão n.29 Outubro 2012
Técnica
8. Desvio padrão
9. Exemplo de aplicação
O desvio padrão é outro aspecto da verificação da conformidade da resistência que também sofreu alterações. Na realidade, não foi a expressão de cálculo do desvio padrão que sofreu alterações, mas sim a origem dos dados utilizados na sua determinação. Efectivamente, o desvio padrão que encontrámos anteriormente na expressão correspondente ao critério 1 (produção contínua) é uma estimativa do desvio padrão da população. Este é determinado a partir de, pelo menos 35 resultados consecutivos anteriores ao período sobre o qual está a ser efectuado o controlo da conformidade, o que se revela substancialmente diferente face ao estabelecido na anterior NP ENV 206, na qual o desvio padrão era determinado a partir dos resultados que estavam a ser verificados quanto à sua conformidade, isto é: o desvio padrão da amostra. No entanto, a estimativa do desvio padrão da população deve ser validada durante a produção subsequente, de modo a garantir a sua adequação, existindo para o efeito dois métodos (ver Tabela 6), um dos quais deve ser previamente seleccionado pelo produtor (isto é, deve constar dos procedimentos inerentes ao sistema de controlo da produção).
Não há nada melhor do que um exercício para clarificar a aplicação dos conceitos apresentados. Assim, consideremos a produção de uma determinada família de composições, abrangendo não só o período de produção inicial mas também dois períodos subsequentes. a) Dados de partida: Considere-se uma família de composições de betões (ver Tabela E1) que foi produzida numa central cujo sistema de controlo da produção estabelece: • períodos de avaliação da conformidade de doismeses (em fase de produção contínua); • a estimativa do desvio padrão é validada pelo método 1; • a transposição de resultados para o betão de referência é efectuada directamente com base nas diferenças face aos valores alvo; • a verificação da conformidade é efectuada sem sobreposição de valores.
Tabela 6. Métodos para a determinação da estimativa do desvio padrão da população Método 1 Em cada período de avaliação da conformidade da resistência à compressão, a estimativa do desvio padrão deve ser verificada para se saber se pode continuar a ser utilizada no período subsequente. Assim, a estimativa do desvio padrão (σ) poderá ser aplicada no período subsequente, desde que o desvio padrão dos últimos 15 resultados (s15) não divirja significativamente do desvio padrão adoptado. Isto é considerado válido desde que: 0,63 ≤ s15 ≤ 1,37 σ Quando o valor de s15 estiver fora destes limites, deve-se determinar uma nova estimativa do desvio padrão (σ) a partir dos últimos 35 resultados de ensaio disponíveis. Método 2 No fim de cada período de avaliação da conformidade é determinada uma nova estimativa do desvio padrão (σ). Esta nova estimativa do desvio padrão (σ) deverá ser aplicada no período de avaliação subsequente.
Tabela E1. Constituição da família de composições e betão de referência Composições da família
Resistência média alvo
C20/25
31,0 MPa
C25/30
36,0 MPa
C30/37
43,0 MPa
Betão de referência
X
b) Resultados da fase de produção inicial: Nesta fase, correspondente ao início de produção desta família de composições, foram considerados os primeiros 39 resultados (ver Tabela E2) de modo a satisfazer, não só a necessidade de incluir, pelo menos 35 resultados, mas também a de abranger um período superior a 3 meses. Desta forma é possível determinar a estimativa do desvio padrão da população, σ, a partir destes resultados. Como se pode observar, os critérios estão aplicados em conjuntos de 3 amostras, de uma forma contínua, sem sobreposição de resultados. Nesta fase de produção inicial, não tem qualquer sentido aplicar-se o terceiro critério (de confirmação).
Outubro 2012 Betão n.29 49
Técnica
Tabela E2. Resultados dos ensaios e verificação da conformidade da fase de produção inicial N.º de amostra
Data
Composição
fci (MPa)
fcti (MPa)
1 2 3
2-Jan 2-Jan 2-Jan
C25/30 C20/25 C30/37
40,6 29,7 48,9
40,6 34,7 41,9
4 5 6
11-Jan 13-Jan 18-Jan
C25/30 C25/30 C30/37
32,5 39,0 49,3
32,5 39,0 42,3
7 8 9
19-Jan 20-Jan 20-Jan
C25/30 C20/25 C20/25
40,2 31,3 30,2
40,2 36,3 35,2
10 11 12
23-Jan 27-Jan 27-Jan
C20/25 C30/37 C20/25
31,2 37,5 31,7
36,2 30,5 36,7
13 14 15
30-Jan 1-Fev 2-Fev
C25/30 C25/30 C25/30
32,5 33,5 37,8
32,5 33,5 37,8
16 17 18
3-Fev 7-Fev 9-Fev
C25/30 C25/30 C25/30
32,2 39,0 39,0
32,2 39,0 39,0
19 20 21
13-Fev 17-Fev 22-Fev
C25/30 C30/37 C30/37
32,3 49,2 49,0
32,3 42,2 42,0
22 23 24
22-Fev 27-Fev 27-Fev
C20/25 C30/37 C20/25
31,3 49,2 31,3
36,3 42,2 36,3
25 26 27
2-Mar 6-Mar 7-Mar
C25/30 C30/37 C20/25
40,7 48,7 32,4
40,7 41,7 37,4
28 29 30
10-Mar 10-Mar 14-Mar
C25/30 C20/25 C25/30
31,1 31,1 32,2
31,1 36,1 32,2
31 32 33
14-Mar 15-Mar 17-Mar
C20/25 C25/30 C25/30
31,3 38,0 33,4
36,3 38,0 33,4
34 35 36
21-Mar 22-Mar 24-Mar
C25/30 C25/30 C25/30
33,2 40,3 40,4
33,2 40,3 40,4
37 38 39
27-Mar 3-Abr 3-Abr
C25/30 C30/37 C25/30
39,0 36,4 39,3
39,0 29,4 39,3
c) Resultados da fase de produção contínua: Neste exemplo, consideram-se os dois primeiros períodos de verificação da conformidade após a fase de produção inicial. Com os resultados da produção inicial, pelo facto de compreenderem mais de 35 resultados num período superior a 3 meses, é possível determinar a estimativa do desvio padrão da população, σ:
50 Betão n.29 Outubro 2012
n
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
fcm (MPa)
39,1
37,9
37,2
34,5
34,6
36,7
38,8
38,3
39,9
33,1
35,9
38,0
35,9
Critério 1 fcm ≥ fck + 4
Critério 2 fci ≥ fck - 4
v
v v v
v
v v v
v
v v v
v
v v v
v
v v v
v
v v v
v
v v v
v
v v v
v
v v v
v
v v v
v
v v v
v
v v v
v
v v v
Este será o valor a utilizar na expressão correspondente ao critério 1.
Técnica
Tabela E3. Resultados dos ensaios e verificação da conformidade da fase de produção contínua: 1.º período de verificação da conformidade Critério 2 fci ≥ fck - 4
Data
Composição
fci (MPa)
fcti (MPa)
40
7-Abr
C30/37
37,5
30,5
v
41
12-Abr
C30/37
49,3
42,3
v
42
12-Abr
C25/30
39,3
39,3
v
43
12-Abr
C20/25
30,3
35,3
v
44
18-Abr
C20/25
32,5
37,5
v
45
19-Abr
C30/37
37,4
30,4
v
46
21-Abr
C25/30
33,3
33,3
v
47
24-Abr
C25/30
31,9
31,9
v
48
28-Abr
C30/37
37,5
30,5
v
49
28-Abr
C20/25
31,5
36,5
v
50
3-Mai
C25/30
40,5
40,5
v
51
5-Mai
C30/37
36,3
29,3
v
52
5-Mai
C25/30
37,8
37,8
v
53
8-Mai
C20/25
32,5
37,5
v
54
9-Mai
C25/30
40,5
40,5
v
55
9-Mai
C20/25
31,0
36,0
v
56
12-Mai
C30/37
37,7
30,7
v
57
16-Mai
C25/30
40,7
40,7
v
58
17-Mai
C20/25
32,7
37,7
v
59
22-Mai
C30/37
36,6
29,6
v
60
23-Mai
C20/25
29,7
34,7
v
61
26-Mai
C25/30
32,5
32,5
v
62
30-Mai
C25/30
40,8
40,8
v
63
2-Jun
C30/37
49,3
42,3
Além destes dois critérios, uma vez que estamos a tratar de uma família de composições, é necessário verificar o cumprimento do critério 3 para cada uma das composições da família.
Tabela E4. Verificação do Critério 3: 1.º período de verificação da conformidade Critério 3 (ver tabela 4)
Composição
n
fcm (MPa)
C20/25
7
31,5
fcm ≥ fck + 1,16σ + 2,67
v
C25/30
9
37,5
fcm ≥ fck + 0,50σ + 2,00
v
C30/37
8
40,2
fcm ≥ fck + 0,33σ + 2,33
nv
n
24
fcm (MPa)
Critério 1
N.º de amostra
35,8
fcm ≥ fck + 1,48 σ
v
v
Como se pode verificar, o betão C30/37 não cumpre com o critério 3, para este período de verificação da conformidade, o que leva a que esta composição seja retirada da família e analisado separadamente quando à conformidade. Desta feita, devem ser retirados da Tabela E3 os resultados correspondentes ao C30/37, passando desta forma a considerar-se os resultados dos betões C20/25 e C25/30, e a verificação da conformidade deve ser efectuada separadamente para o C30/37. Uma vez efectuada a verificação da conformidade, é necessário validar o valor da estimativa do desvio padrão, σ, utilizando o método 1 (ver Tabela 6) com os últimos 15 resultados da família (C20/25 + C25/30). Ora vejamos: s15 = 2,97 MPa
Outubro 2012 Betão n.29 51
Técnica
Como 0,63 σ ≤ s15 ≤ 1,37 σ, então o valor inicial para a estimativa do desvio padrão da população continua válido e pode ser aplicado no próximo período de verificação da conformidade. Quanto ao C30/37, pelo facto de ter tido um comportamento ligeiramente diferente dos restantes elementos da família, pois não passou no critério 3, deve ser controlado isoladamente. No entanto, como ainda não tem disponível um mínimo de 15 resultados de ensaio, fica a aguardar que tal aconteça.
Não se quer com isto dizer que não sejam tomadas medidas para que o mesmo volte futuramente a integrar a família. O modo como isto se processa não nos é indicado na NP EN 206-1, pelo que será necessário estabelecer os respectivos procedimentos no sistema de controlo da produção.
Tabela E5. Verificação da conformidade com separação do betão C30/37: 1.º período de verificação da conformidade
1) 2)
Critério 2 fci ≥ fck - 4
Data
Composição
fci (MPa)
fcti (MPa)
42
12-Abr
C25/30
39,3
39,3
v
43
12-Abr
C20/25
30,3
35,3
v
44
18-Abr
C20/25
32,5
37,5
v
46
21-Abr
C25/30
33,3
33,3
v
47
24-Abr
C25/30
31,9
31,9
v
49
28-Abr
C20/25
31,5
36,5
v
50
3-Mai
C25/30
40,5
40,5
v
52
5-Mai
C25/30
37,8
37,8
v
53
8-Mai
C20/25
32,5
37,5
v
54
9-Mai
C25/30
40,5
40,5
v
55
9-Mai
C20/25
31,0
36,0
v
57
16-Mai
C25/30
40,7
40,7
v
58
17-Mai
C20/25
32,7
37,7
v
60
23-Mai
C20/25
29,7
34,7
v
61
26-Mai
C25/30
32,5
32,5
v
62
30-Mai
C25/30
40,8
40,8
40
7-Abr
C30/37
37,5
1)
v
41
12-Abr
C30/37
49,3
1)
v
45
19-Abr
C30/37
37,4
1)
v
48
28-Abr
C30/37
37,5
1)
v
51
5-Mai
C30/37
36,3
1)
v
56
12-Mai
C30/37
37,7
1)
v
59
22-Mai
C30/37
36,6
1)
v
63
2-Jun
C30/37
49,3
1)
n
16
8
fcm (MPa)
Critério 1
N.º de amostra
fcm ≥ fck + 1,48 σ
37,0
40,2
Como este betão foi retirado da família, já não é necessário transpor os resultados para o betão de referência. O Critério 1 não pode ser aplicado enquanto não estiverem disponíveis, pelo menos, 15 resultados desta composição.
52 Betão n.29 Outubro 2012
v
2)
v
v
Técnica
10. Conclusão A nova norma NP EN 206-1 estabelece o plano de amostragem e os critérios para a resistência à compressão. Estes são diferentes dos que se encontravam estabelecidos na anterior NP ENV 206. No entanto, apesar de mais desenvolvidos, mesmo assim revelam-se incompletos, cabendo a cada um estabelecer os aspectos e/ou procedimentos em falta, dos quais se salientam: • o critério de confirmação (Critério 3), para n > 6; • o critério de readmissão de composições anteriormente excluídas da família para efeitos de verificação da conformidade; • o desvio padrão a utilizar no caso de um betão que foi excluído da família pelo facto de, num determinado período de verificação da conformidade, não ter cumprido o Critério 3. Em relação ao exercício de aplicação, é de referir que se tratam de dados inteiramente gerados de uma forma aleatória, com a ajuda de um computador, pelo que se deve encarar apenas como um elemento de apoio ao exposto anteriormente.
De referir ainda que, neste artigo, não foi abordado o modus operandi em caso de não conformidade. Efectivamente, no exercício apresentado, no período correspondente à produção inicial, um dos grupos de 3 resultados (ver Tabela E2, amostras 28, 29 e 30) não cumpriu com o Critério 1, pelo que na sua sequência deveriam ter sido tomadas as devidas acções, quer no que respeita aos efeitos da não conformidade, quer no que respeita às respectivas causas. Por último, gostaríamos de sublinhar que este artigo não pretende de alguma forma substituir o estabelecido na NP EN 206-1, antes pelo contrário, devendo ser encarado como um elemento de apoio para os necessários trabalhos inerentes à implementação da referida norma portuguesa, nomeadamente no que respeita ao controlo da conformidade dos betões utilizados na construção civil e obras públicas. REFERÊNCIAS [1] NP EN 206-1: 2007, Betão – Parte 1: Especificação, desempenho, produção e conformidade. 2.ª ed. Caparica: IPQ, Jun. 2007, 84 p.
Outubro 2012 Betão n.29 53
Técnica
Verificação da Resistência do Betão Aplicado nas Estruturas Porquê, os ensaios de identidade? Eng.o João Carlos Duarte, APEB
1. Introdução O betão, como material de construção de eleição tem as suas particularidades que advêm essencialmente do facto de ser um produto que é utilizado no estado fresco, sendo assim o seu desempenho estrutural influenciado por todos os intervenientes, incluindo o fabricante e o utilizador. Por este motivo, o acervo normativo tem dedicado muita atenção à forma como é atestada a conformidade do betão, definindo regras relativas ao controlo da qualidade pelo respectivo produtor. No entanto, cientes das características particulares inerentes ao processo de comercialização de betão, os técnicos envolvidos na criação das normas aplicáveis a este sector sentiram necessidade de incluir ferramentas que pudessem dar uma maior garantia da qualidade do betão pronto através dos ensaios de identidade, os quais permitem aos utilizadores e aos agentes de fiscalização de obras verificar a resistência à compressão do betão aplicado nas estruturas. Vejamos então quais as regras actualmente estabelecidas na NP EN 206-1 [1] para os ensaios de identidade,
os quais pretendem assistir os intervenientes no processo construtivo quando estes necessitem de verificar a resistência à compressão do betão aplicado na obra. Nota: Em Portugal, a realização dos ensaios de identidade foi tornada obrigatória para as obras de classe de inspecção 2 e 3 (ver Quadro 1), conforme estabelecido no Decreto-Lei n.º 301/2007, de 23 de Agosto.
2. Objectivo dos ensaios de identidade Os ensaios de identidade assumem-se como a ferramenta estabelecida pela NP EN 206-1, de acordo com a redacção dada pela Emenda 1 [2], para verificar se um determinado volume de betão pertence a uma população avaliada pelo respectivo produtor como conforme quanto aos requisitos da resistência à compressão. De acordo com aquela norma, esta ferramenta deve ser utilizada em situações específicas, nomeadamente: • em caso de dúvida acerca da qualidade de uma amassadura ou de uma carga específica de betão; • quando requerido pelas especificações de projecto ou pelas disposições nacionais.
Quadro 1. Guia para a selecção da Classe de Inspecção Classe de Inspecção 1
Classe de Inspecção 2
Classe de Inspecção 3
Edifícios ≤ 2 andares.
Edifícios > 2 andares; Pontes correntes.
Pontes especiais; Edifícios de grande altura; Grandes barragens; Edifícios para centrais nucleares; Reservatórios.
Tipo de elementos estruturais
Lajes e vigas de betão armado com vãos < 10 m; Pilares e paredes simples; Estruturas de fundações simples.
Lajes e vigas de betão armado com vãos > 10 m; Pilares e paredes esbeltos; Maciços de encabeçamento de estacas; Arcos < 10 m.
Arcos e abóbadas em betão armado; Elementos fortemente comprimidos; Fundações delicadas e complicadas; Arcos > 10 m.
Tipo de tecnologias utilizadas
Estruturas com elementos prefabricados.
Estruturas com elementos prefabricados.
Estruturas com elementos prefabricados; Tolerâncias especiais.
Tipo de construção
Betão
Classe de resistência ≤ C25/30
Qualquer classe de resistência.
Qualquer classe de resistência.
Classe de exposição
X0; XC1; XC2; XA1; XF1
Qualquer classe de exposição.
Qualquer classe de exposição
Armaduras
Passivas.
Passivas e de pré-esforço.
Passivas e de pré-esforço.
54 Betão n.29 Outubro 2012
Técnica
3. Projecto Na elaboração do projecto é necessário identificar a Classe de Inspecção a aplicar na execução da respectiva estrutura, dependendo da especificidade da estrutura em questão, seguindo o guia apresentado no Quadro 1. Nota: Em Portugal, trata-se de uma obrigação legal no âmbito do Decreto-Lei n.º 301/2007, de 23 de Agosto, conforme redacção dada pelo seu Artigo 7.º. Ainda neste artigo é requerida uma Classe de Inspecção 3 sempre que a estrutura tenha uma vida útil pretendida de 100 anos.
Este é um aspecto com particular interesse para o empreiteiro, pois é a este que, como utilizador, compete verificar a resistência do betão utilizado na execução da estrutura, através de ensaios de identidade. Compete assim ao projectista estabelecer, nas especificações de projecto, qual a Classe de Inspecção a aplicar e se é necessário ou não a realização dos ensaios de identidade. Em resumo: a) As especificações de projecto têm de identificar a Classe de Inspecção a aplicar na execução da estrutura; b) As especificações de projecto devem estabelecer a necessidade de o utilizador verificar a resistência à compressão do betão aplicado na estrutura, através da realização dos ensaios de identidade. 4. Orçamentação Conforme já foi referido, em obras que tenham a necessidade de verificar a resistência à compressão do betão aplicado na estrutura, (em Portugal estamos a referir-nos a todas as obras abrangidas pelas Classes de Inspecção 2 e 3), quem tem que assegurar a execução dos ensaios de identidade é o utilizador (i.e.: o empreiteiro), o que quer efectivamente dizer que, independentemente de quem os executa, é o utilizador que vai ter de suportar os respectivos custos. Por conseguinte, estes custos deverão ser quantificados primeiramente pelos técnicos ligados à orçamentação. No entanto, regra geral, quando se está a elaborar um orçamento para uma determinada obra, não existe a possibilidade de efectuar um planeamento adequado, uma vez que tal irá depender dos recursos humanos e meios materiais que irão ser realmente alocados à obra. Desta forma, o técnico de orçamentação deverá munir-se de ferramentas expeditas que lhe permita logo à partida identificar uma estimativa para estes custos. Para esta estimativa, o orçamentista deve prestar atenção ao estabelecido na NP EN 206-1 (Anexo B), mas não só, pois as especificações de projecto podem estabelecer um maior número de ensaios.
A título de exemplo, a última versão do Cadernos de Encargos da Estradas de Portugal [3] estabelece a necessidade de efectuar uma amostra para ensaios de resistência à compressão em cada 30 m3 de betão aplicado em tabuleiros (sem pré-esforço), enquanto a NP EN 206-1 requer que tal seja efectuado em cada 50 m3 ou em cada 100 m3, consoante a situação (ver Quadro 2). Com base nestas premissas, o técnico orçamentista poderá rapidamente efectuar uma primeira estimativa para o número de ensaios a executar para efeitos de ensaios de identidade, bastando para isso dividir o volume de cada tipo de betão pelo tamanho máximo admissível para cada lote. No entanto, uma vez que o tamanho real do lote depende igualmente dos dias de betonagem, e que estes dependem essencialmente dos recursos atribuídos pelo empreiteiro para a execução da estrutura, aquela primeira estimativa vai rapidamente revelar-se mais ou menos sub-dimensionada, dependendo do tipo de estrutura (p.e.: uma estrutura reticulada terá tendência a ter um maior número de dias de betonagem, enquanto uma obra de arte tenderá para um menor número de dias de betonagem; no primeiro caso o número de ensaios tenderá a ser maior do que no segundo caso). Ao longo do tempo, o técnico orçamentista deverá criar regras mais específicas para cada tipo de obra que lhe permitam efectuar uma melhor estimativa de custos relacionados com os ensaios de identidade. Em resumo: a) Para a definição do custo dos ensaios de identidade, o técnico orçamentista deverá primeiramente estimar o número de amostras a executar; b) O número de amostras para efeitos de ensaios de identidade deve satisfazer não só a frequência mínima de amostragem estabelecida na NP EN 206-1, mas também a frequência requerida nas especificações de projecto; c) Para efectuar a estimativa do número de ensaios, deverá ser tido em conta a Classe de Inspecção definida nas especificações de projecto; d) O número de amostras a executar depende igualmente do facto de a central de betão possuir o seu controlo da produção certificado, ou não; e) O técnico orçamentista deverá desenvolver uma metodologia que lhe permita efectuar estimativas cada vez mais próximas da realidade, tendo em conta o tipo de estruturas em causa. 5. Execução Já em obra, na fase de execução das estruturas, compete ao utilizador do betão verificar a resistência do betão aplicado na estrutura. De acordo com a NP EN 206-1 (ver Emenda 1, de Outubro de 2008) esta verificação é efectuada por lotes, sendo o lote um determinado
Outubro 2012 Betão n.29 55
Técnica
volume de betão, conforme veremos mais adiante. Por conseguinte, torna-se necessário preparar previamente um plano de amostragem para os ensaios de identidade, mediante uma divisão da estrutura em lotes de acordo com as regras estabelecidas, que consistem no seguinte: a) cada lote consiste num volume de betão pertencente à mesma composição; b) podem agrupar-se elementos estruturais distintos, podendo o lote ser o volume de betão fornecido para cada piso de um edifício ou para um grupo de vigas e lajes, ou um grupo de pilares e paredes, de um piso ou de um edifício ou um grupo de partes semelhantes de outras estruturas; c) cada lote não pode ultrapassar o volume de betão entregue no local da obra durante 3 dias de betonagem consecutivos; d) o volume de betão de cada lote não pode ultrapassar os 300 m3. Tendo em conta estas premissas, deve ser sempre seleccionada a opção que conduzir ao menor volume de betão. Uma vez efectuado o loteamento da estrutura, é necessário determinar o número de amostras a efectuar em cada lote, devendo para tal ser utilizado o Quadro 2, o qual corresponde ao Quadro 4 do DNA - Documento Nacional de Aplicação (ver Emenda 1: 2008). Quadro 2. Frequência mínima de amostragem Classe de Inspecção
Com certificação do controlo da produção
Sem certificação do controlo da produção
1e2
1 amostra por cada 100 m3, com um mínimo de 1 amostra por dia de betonagem.
1 amostra por cada 50 m3, com um mínimo de 1 amostra por dia de betonagem.
3
1 amostra por cada 50 m3, com um mínimo de 1 amostra por dia de betonagem.
Não aplicável
Como se pode verificar no Quadro 2, o número de amostras a efectuar em cada lote para efeitos de ensaios de identidade, depende não só da classe de inspecção, mas também da central onde o betão vai ser fabricado, nomeadamente se esta possui ou não o controlo da produção certificado. Chama-se a atenção para o facto de as especificações de projecto (p.e.: cadernos de encargos) poderem estabelecer frequências de amostragem mais exigentes que as apresentadas no Quadro 2 para os ensaios de identidade. Em suma, para cada obra onde seja requerida a verifi-
56 Betão n.29 Outubro 2012
cação da resistência do betão empregue na execução da respectiva estrutura, seja por imposição legal ou por requisito das especificações de projecto, torna-se necessário estabelecer um plano de amostragem e ensaio, o qual deve estar intimamente ligado com o plano de betonagem e de inspecção. Para a execução deste plano de amostragem e ensaio, é imperativo efectuar uma divisão do volume total da estrutura em lotes e, para cada um, estabelecer o número de amostras a efectuar. Este planeamento deve ser efectuado com a maior antecedência possível, sendo até elegível já em fase de elaboração da proposta por parte do empreiteiro, pois para a respectiva concretização é necessário prever os necessários recursos, quer em termos de logística para a recolha das amostras e fabricação de provetes para ensaio, incluindo a adequada conservação até aos 28 dias de idade, quer para o respectivo ensaio. Já em fase de execução, o plano de amostragem, tal como o plano de betonagem e de inspecção, deve ser revisto tendo em conta os recursos realmente afectados à obra, uma vez que tal pode influenciar o número de dias de betonagem e, consequentemente, a segmentação da estrutura. De seguida, antes da sua implementação, este plano de amostragem deve ser previamente aprovado pela fiscalização, pois é esta entidade quem, mais tarde, vai ter que confirmar se os resultados dos ensaios de identidade são satisfatórios. Uma vez aprovado o plano de amostragem, é necessário assegurar que o mesmo é escrupulosamente cumprido, devendo para o efeito serem disponibilizados os recursos apropriados para a execução das tarefas relacionadas, nomeadamente no que respeita a equipamentos de ensaio e pessoal qualificado. Estes recursos podem ser assegurados por subcontratação, nomeadamente do próprio produtor do betão para efectuar a amostragem do betão, entendendo-se por amostragem, a colheita da amostra e a fabricação dos provetes. No entanto, uma vez que o utilizador é o responsável pela execução dos ensaios de identidade, é também o utilizador quem deve assegurar que a amostragem é efectuada de acordo com as regras estabelecidas. 6. Colheita da amostra Para efeitos de ensaios de identidade, é necessário que a colheita da amostra do betão seja efectuada no local de utilização do betão, observando o estabelecido na NP EN 12350-1 [4]. Resumidamente, aquela norma de ensaio estabelece que a amostra deve ser representativa da carga de betão. Para o efeito, não devem ser consideradas nem a primeira nem a última partes da descarga e devem tomar-se todas as medidas para proteger o betão
Técnica
fresco da contaminação, ganho ou perda de água e de variações extremas de temperatura, durante todo o tempo que decorre entre a colheita da amostra e a fabricação de provetes. Os detalhes da amostra devem ser registados num relatório de amostragem. 7. Fabricação e cura dos provetes para ensaio De cada amostra devem ser fabricados, pelo menos, dois provetes para ensaio aos 28 dias de idade, embora seja aconselhável a opção por pelo menos 3 provetes, devido à possibilidade de ocorrência das situações que se mencionam mais adiante. Estes provetes devem ser fabricados de acordo com a NP EN 12390-2 [5]. Para o efeito, devem ser utilizados moldes adequados, cumprindo os requisitos definidos na NP EN 12390-1 [6]. Antes de proceder à execução dos provetes, deve homogeneizar-se bem a amostra. Na compactação dos provetes pode ser utilizado um vibrador de agulha ou uma mesa vibratória. Alternativamente, pode ser utilizada a compactação manual, utilizando um varão de compactação ou uma barra de compactação. Uma vez fabricados, é necessário conservar os provetes nos moldes durante as primeiras horas (mínimo 16 horas; máximo 72 horas). Durante este período, os provetes devem encontrar-se protegidos contra choques, vibrações e desidratação, a uma temperatura controlada de (20 ± 5) ºC. Nota: No caso de climas quentes, em vez de (20 ± 5) ºC, os provetes podem ser conservados a uma temperatura de (25 ± 5) ºC, enquanto permanecerem nos moldes.
Figura 1. Exemplo de uma caixa para conservação dos provetes até à desmoldagem, com pormenor da sonda de temperatura.
Por outras palavras, é necessário prever a existência de moldes adequados à fabricação dos provetes e de equipamentos que possibilitem a conservação dos provetes nas obras, dentro da gama de temperaturas
aceitável, pois não poderão ser movimentados, sob pena de se introduzirem choques e/ou vibrações indesejáveis. Uma vez desmoldados, os provetes devem ser conservados até aos 28 dias de idade em condições ambientais controladas. Tal pode ser conseguido por imersão num tanque de água, a uma temperatura de (20 ± 2) ºC, ou por colocação em câmara de cura, a qual, além da temperatura, deve assegurar uma humidade relativa não inferior a 95%. Findo o tempo de cura, os provetes deverão ser encaminhados para o laboratório de ensaios, assegurando-se que são protegidos contra a perda de humidade e contra variações de temperatura. Para tal, os provetes poderão ser transportados em areia ou serradura, ou envolvidos em tecidos molhados, ou dentro de sacos de plástico selados contendo água, ou ainda acondicionados em recipientes específicos que garantam a conservação adequada dos mesmos. 8. Ensaio de resistência à compressão Para efeitos dos ensaios de identidade, o ensaio dos provetes à compressão deve ser efectuado de acordo com a NP EN 12390-3 [7], aos 28 dias de idade, num laboratório devidamente apetrechado para o efeito, quer em termos de equipamentos como de pessoal. Convém que o laboratório de ensaios seleccionado seja independente e imparcial das partes interessadas, nomeadamente o produtor e o utilizador do betão, para que os seus resultados sejam fidedignos e confiáveis. Nota: Em Portugal, o Decreto-Lei n.º 301/2007, através do número 3 do Artigo 6.º, estabelece a obrigatoriedade de os ensaios de resistência serem realizados em laboratório acreditado.
Uma vez efectuados os ensaios, o laboratório deve emitir um relatório no qual devem constar os resultados de todos os provetes da amostra em causa. No entanto, antes de se poder utilizar os resultados dos ensaios, tal como nos chegam, é necessário efectuar a respectiva validação. Esta validação consiste em verificar se o intervalo de variação dos resultados dos provetes da mesma amostra é inferior ou igual a 15% da respectiva média. Caso contrário, os resultados não poderão ser utilizados, a não ser que um estudo identifique uma razão aceitável que justifique a eliminação de um determinado resultado individual. No entanto, isto só será possível no caso de terem sido fabricados mais de 2 provetes da mesma amostra para ensaios de identidade, dado que o resultado da amostra é a média dos resultados de pelo menos 2 provetes. Segue-se um exemplo de aplicação.
Outubro 2012 Betão n.29 57
Técnica
Exemplo de aplicação do critério de validação da amostra Considere-se uma amostra constituída por 3 provetes de ensaio, com os seguintes resultados: x1 = 44,5 MPa x2 = 36,5 MPa x3 = 41,0 MPa O valor médio dos resultados é de 40,7 MPa, enquanto que o intervalo de variação, i.e.: a diferença entre o maior e o menor dos valores, ascende a 8,0 MPa. Como a maior diferença dos resultados (8,0 MPa) é superior a 15% do valor médio (0,15 × 40,7 = 6,1 MPa), os resultados não devem ser considerados, a não ser que seja possível identificar uma razão aceitável, devidamente justificada, para eliminar um dos resultados extremos, x1 ou x2. Neste último caso, passa a ser satisfeito o critério de validação e o resultado da amostra será a média dos dois provetes restantes, sendo este o valor que irá ser utilizado na verificação dos critérios de identidade. 9. Verificação da resistência à compressão A verificação da resistência à compressão do betão aplicado na obra é efectuada em cada lote individualizado. Assim, sobre os resultados dos ensaios de compressão de cada lote definido no plano de amostragem, previamente validados conforme anteriormente descrito, é necessário aplicar os critérios de identidade estabelecido no Quadro B.1 da NP EN 206-1 (ver Quadro 3). Quadro 3. Critérios de identidade Número “n” de resultados do lote
Critério 1
Critério 2
1
Não aplicável
fci ≥ fck - 4
2a4
fcm ≥ fck + 1
fci ≥ fck - 4
5a6
fcm ≥ fck + 2
fci ≥ fck – 4
legenda: fci = Resultado individual (MPa); fcm = Média de “n” resultados do mesmo lote (MPa); fck = Resistência característica especificada (MPa).
Como se pode verificar, apesar do critério 2 ser constante, o critério 1 varia consoante o número de amostras efectuadas. No entanto, só estão previstos critérios até 6 amostras, pelo que, caso tenham sido efectuadas em número superior, as amostras deverão ser agrupadas em conjuntos de 6 recorrendo, quando necessário, à sobreposição dos resultados. Sobre cada conjunto,
58 Betão n.29 Outubro 2012
devem aplicar-se os critérios para 6 amostras e o lote só será aceite caso ambos os critérios sejam satisfeitos em todos os conjuntos considerados. Assim, caso sejam satisfeitos os dois critérios de identidade, o lote é aceite como pertencente a uma população conforme, e tal constitui um facto relevante para a obra, i.e.: deve ser alvo de confirmação pela entidade supervisora. Seguem-se dois exemplos de aplicação. Exemplos de aplicação dos critérios de identidade Exemplo 1: Menos de 6 amostras
Considere-se um lote de uma determinada estrutura, cujo betão é da classe de resistência C30/37 e do qual foram efectuadas 4 amostras, com os seguintes resultados: fc1 = 39,3 MPa; fc2 = 41,1 MPa; fc3 = 37,8 MPa; fc4 = 39,2 MPa. Devemos sempre começar pelo critério 2: fci ≥ fck – 4, que é aplicável a cada um dos resultados. Como facilmente se pode comprovar, todos os resultados deste lote satisfazem este critério. Caso contrário, o lote seria imediatamente considerado não conforme e seriam necessárias medidas correctivas. Já no que respeita ao critério 1, como neste lote foram efectuadas 4 amostras, i.e.: n = 4, é necessário verificar a seguinte expressão: fcm ≥ fck + 1. Face aos resultados obtidos, fcm = 39,4 MPa, que é claramente superior a (37 + 1) MPa, pelo que se constata que o critério 1 é também satisfeito. Desta forma, verifica-se que o betão aplicado neste lote satisfaz ambos os critérios de identidade, pelo que se pode concluir que cumpre os requisitos de resistência à compressão. Exemplo 2: Mais de 6 amostras
Considere-se agora um lote, cujo betão é da classe de resistência C35/45 e do qual foram efectuadas 8 amostras, com os seguintes resultados, ordenados pela sua ordem cronológica: fc1 = 50,1 MPa; fc5 = 46,7 MPa; fc2 = 49,3 MPa; fc6 = 48,1 MPa; fc3 = 52,4 MPa; fc7 = 50,8 MPa; fc4 = 51,2 MPa; fc8 = 49,7 MPa. Uma vez que n = 8, vamos ter de agrupar os resultados em conjuntos de 6, usando alguma sobreposição. Assim, o primeiro grupo será constituído pelos resultados das amostras 1 a 6, enquanto o segundo grupo englobará os resultados das amostras 3 a 8, existindo assim uma dupla avaliação dos resultados das amostras 3 a 6, uma vez que são considerados nos dois grupos.
Técnica
Em cada um dos grupos será necessário aplicar os dois critérios definidos para n = 6 e os resultados serão satisfatórios se forem cumpridos ambos critérios nos dois grupos: Grupo 1 Critério 2: fci ≥ fck – 4 fc1 = 50,1 ≥ 41 fc2 = 49,3 ≥ 41 fc3 = 52,4 ≥ 41 fc4 = 51,2 ≥ 41 fc5 = 46,7 ≥ 41 fc6 = 48,1 ≥ 41 Critério 1: fcm ≥ fck + 2 fcm = 49,6 ≥ 47
Grupo 2
Verifica Verifica Verifica Verifica Verifica Verifica Verifica
Critério 2: fci ≥ fck – 4 fc3 = 52,4 ≥ 41 fc4 = 51,2 ≥ 41 fc5 = 46,7 ≥ 41 fc6 = 48,1 ≥ 41 fc7 = 50,8 ≥ 41 fc8 = 49,7 ≥ 41 Critério 1: fcm ≥ fck + 2 fcm = 49,8 ≥ 47
Verifica Verifica Verifica Verifica Verifica Verifica Verifica
Uma vez que são satisfeitos ambos os critérios de identidade para os dois grupos, pode concluir-se que o betão aplicado neste lote verifica os requisitos de resistência à compressão. 10. Conclusões De acordo com o estado actual da normalização aplicável, o produtor do betão deve implementar os procedimentos necessários para a avaliação da conformidade do betão produzido de acordo com estabelecido na secção 8 da NP EN 206-1. No entanto, tal pode não ser suficiente para assegurar a qualidade do betão aplicado nas estruturas, razão pela qual foram igualmente estabelecidas disposições para que cada utilizador possa efectuar uma verificação complementar sobre a qualidade do betão que lhe foi entregue, através da realização de ensaios de identidade, cujos resultados poderão condicionar a aceitação ou o licenciamento, tal como foi estabelecido para Portugal. Assim, caso se veja na necessidade de realizar os ensaios de identidade, seja por imposição contratual (p.e.: cadernos de encargos) seja por disposições regulamentares (como é o caso de Portugal), o utilizador do betão deve então observar os seguintes procedimentos: a) dividir a estrutura em lotes, definidos como sendo um volume de betão da mesma composição correspondente a um máximo de 300 m3 ou ao volume de 3 dias de betonagem consecutivos; b) definir o número de amostras a efectuar em cada lote e planear a sua realização; c) submeter o plano de amostragem à aprovação da entidade supervisora (fiscalização ou director técnico de obra, consoante se trate do regime de obras públicas ou privadas, respectivamente); d) providenciar a execução da amostragem e da fabricação dos provetes necessários para cada amostra (por pessoal devidamente qualificado, por subcontratação de entidades competentes ou por subcontratação do próprio fabricante do betão);
e) conservar os provetes conforme requerido pelas normas de referência (quer antes, quer após a respectiva desmoldagem); f) providenciar a realização dos ensaios de resistência à compressão, em laboratório acreditado; g) proceder à validação da amostra uma vez recebidos os resultados dos ensaios; h) proceder à verificação dos critérios de identidade, assim que estiverem disponíveis os resultados de todas as amostras de um determinado lote; i) submeter os resultados desta verificação à fiscalização, a qual deve deliberar sobre a aceitação de cada lote e registar devidamente o resultado desta deliberação. Nota: As especificações de projecto (p.e.: cadernos de encargos) podem estabelecer um enquadramento mais exigente que o referido neste artigo.
Para que, quer na fase de execução da obra, quer posteriormente, nunca sejam postos em causa os resultados obtidos, o utilizador deverá ponderar muito bem sobre quais as entidades (laboratórios) onde irão ser realizados os ensaios de identidade, devendo colocar-se ao abrigo de eventuais situações ilusórias, aparentemente simples e rentáveis, de algum facilitismo e pretensa economia, que podem gerar conflitos de interesses ou mesmo subverter inadvertidamente o objectivo dos ensaios de identidade. Torna-se por conseguinte relevante, dissociar e atribuir claramente a função, tipo de interferência, grau ou delimitação de responsabilidades, e teor de isenção absoluta de todos os intervenientes na cadeia do processo construtivo que vai da concepção e especificação do projecto, envolve a produção e colocação do betão, prossegue com a execução da obra e respectiva fiscalização, e termina na sua utilização e conservação funcional.
REFERÊNCIAS [1] NP EN 206-1: 2007, Betão – Parte 1: Especificação, desempenho, produção e conformidade. 2.ª ed. Caparica: IPQ, Jun. 2007, 84 p. [2] NP EN 206-1 – Emenda 1: 2008, Betão – Parte 1: Especificação, desempenho, produção e conformidade. 1.ª ed. Caparica: IPQ, Out. 2008, 5 p. [3] Caderno de Encargos Tipo Obra: Capítulo 14.00 Controlo de Qualidade, Fevereiro 2009. [4] NP EN 12350-1: 2009, Ensaios do betão fresco. Parte 1: Amostragem. 2.ª ed. Caparica: IPQ, Jul. 2009, 8 p. [5] NP EN 12390-2: 2009, Ensaios do betão endurecido. Parte 2: Execução e cura dos provetes para ensaios de resistência mecânica. 2.ª ed. Caparica: IPQ, Out. 2009, 11 p. [6] NP EN 12390-1: 2010, Ensaios do betão endurecido. Parte 1: Forma, dimensões e outros requisitos para o ensaio de provetes e para os moldes. 2.ª ed. Caparica: IPQ, Set. 2010, 14 p. [7] NP EN 12390-3: 2011, Ensaios do betão endurecido. Parte 3: Resistência à compressão de provetes. 3.ª ed. Caparica: IPQ, Dez. 2011, 21 p.
Outubro 2012 Betão n.29 59
Associados
Alexandre Barbosa Borges, S.A. Rua do Labriosque, 70 Martim 4755-307 BARCELOS
Betão Liz, S.A. R. Qta. do Paizinho, Edifício Bepor, Bloco 2, 1º Esq. 2790-237 CARNAXIDE
BritoBetão, Lda. Herdade Monte das Flores Estrada da Canada, Apartado 437 7002 -505 ÉVORA
Brivel – Britas e Betões de Vila Real, S.A. S. Cosme, S. Tomé do Castelo 5000-371 VILA REAL
Concretope – Fábrica de Betão Pronto, S.A. Estrada Nacional 10/1, Qta. dos Porfírios 2819-501 SOBREDA
Duarbel – Construção Civil e Obras Públicas, S.A. Rua da Aviação Portuguesa, 135 2705 -845 VILA VERDE SNT
Eurobetão – Betão Pronto, S.A. Av. António Augusto de Aguiar, 21, 4.º 1069 -128 LISBOA
Eurocálcio Calcários e Inertes, S.A. Vale de Ourém, São Mamede Apt. 96 2496 -908 FÁTIMA
Ibera – Indústria de Betão, S.A. Quinta da Madeira, EN 114, Km 85 Apartado 424 7006-805 ÉVORA
Lenobetão, S.A. Apartado 1004 PC Quinta da Sardinha 2496-907 Santa Catarina da Serra
Lusobetão – Betões de Portugal S.A. Urb. Imotorres, Lote 8 Quinta da Bela Vista 2660 - 009 FRIELAS
Mota-Engil – Engenharia e Construção, S.A. Rua do Rego Lameiro, 38 4300 - 454 Porto
Pragosa Betão, S.A. Apartado 46 2440 - 901 BATALHA
60 Betão n.29 Outubro 2012
Prebel – Soc. Técnica de Prefabricação e Construção, S.A. Caminho do Engenho Velho, São Martinho 9000 - 260 FUNCHAL
Salvador & Companhia, Lda. R. dos Arcos, 67, Apartado 79 2301-909 TOMAR
Sonangil – Construção Civil e Obras Públicas, S.A. Quinta do Secretário Via Rápida da Caparica 2810 -116 Almada
TCONCRETE, S.A. Rua de Pitancinhos, Apartado 208, Palmeira 4711-911 BRAGA
Unibetão – Indústrias de Betão Preparado, S.A. Av. António Augusto de Aguiar, 21, 4.º 1069-128 LISBOA
Valgroubetão – Sociedade de Betão Pronto, Lda. Z. I. Vale do Grou, R. Sta. Bárbara 2525-000 ATOUGUIA DA BALEIA
Associados
Betão Liz, S.A. Capital Social 22.000.000,00 euros
Sede Social R. Quinta do Paizinho Edifício Bepor, Bloco 2, 1.º Esq. 2790-237 Carnaxide
CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL
CENTROS DE PRODUÇÃO CONTACTO
LOCAL
Valença
251 839 079
Portela de Sintra
219 233 471
Ponte de Lima
258 762 840
Cascais
214 690 613
255 311 337
Carnaxide
Guimarães
252 904 344
Alhandra
Bragança
273 300 950
Loures
219 893 589
278 263 722
Frielas
219 896 370
Vila Real
259 336 954
Alfragide
214 241 700
Famalicão
252 372 508
Almada
212 533 728
Armamar
254 851 048
Setúbal
265 709 600
Senhora da Hora
229 511 323
Pinhal Novo
224 893 949
Alcochete
Custóias
229 512 849
Alcantarilha
282 322 439
Gondomar
224 649 780
Esteveira
282 968 168
Gaia
227 629 887
Loulé
Viseu
232 440 075
Tábua
235 412 736
Vila Real 2
Mangualde
232 611 501
Vila Real 3
Felgueiras
Mirandela
Rio Tinto
Esmoriz
RESPONSÁVEL/DIRECTOR DO MERCADO
Telefone: 214 247 500 Fax: 214 247 599
João Pedro Alves
Eng.º Jorge Ferraz
Eng.º Jorge Santos
Mário Jorge Neto
Aveiro
234 743 714 279 252 628
Trancoso
219 511 401
212 380 978 Eng.º Paulo David
212 348 360
289 420 280 CENTRAIS DE OBRA Eng.º Jorge Ferraz
962 938 831 962 374 221
271 805 156 Eng.º Daniel Cruz
271 221 321
Covilhã
275 331 551
Castelo Branco
272 327 501
Figueira da Foz
233 435 400
Coimbra
213 118 312
V. Nova de Poiares
239 420 640
Pombal
214 247 547 Eng.ª Cristina Cruz
234 342 471
Moncorvo
Condeixa
CONTACTO
256 781 016
Anadia
Guarda
RESPONSÁVEL/DIRECTOR DO MERCADO
Eng.º Aníbal Ferreira
239 941 072 236 216 156
Leiria
244 841 735
Entroncamento
249 727 372
Rio Maior
243 991 138
Óbidos
262 959 595
Outubro 2012 Betão n.29 61
Associados
BritoBetão – Central de Betão, Lda. Capital Social 350.000,00 euros
Sede Social Herdade Monte das Flores Estrada da Canada, Apartado 437 7002-505 Évora
Telefone: 266 704 138 Fax: 266 704 108
CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL
RESPONSÁVEL/DIRECTOR DE ZONA
CONTACTO
Évora Vendas Novas
266 704 138 Arq.º Pedro Teixeira
265 805 222
Alcácer do Sal
265 613 281
Brivel – Britas e Betões de Vila Real, S.A. Capital Social 400.000,00 euros
Sede Social S. Cosme – S. Tomé do Castelo 5000-371 Vila Real
Telefone: 259 302 630 Fax: 259 356 538 E-mail: geral@brivel.pt
CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL
Vila Real Macedo de Cavaleiros
62 Betão n.29 Outubro 2012
RESPONSÁVEL/DIRECTOR DO MERCADO
CONTACTO
Eng.º Rui Teotónio
259 302 630 939 201 033 ruiteotonio@brivel.pt
Hugo Ferreira
939 201 022 hugoferreira@brivel.pt
Associados
Concretope – Fábrica de Betão Pronto, S.A. Sede Social Estrada Nacional 10/1 Quinta dos Porfírios 2819-501 Sobreda
Telefone: 212 587 540 Fax: 212 587 548 E-mail: geral@concretope.pt
CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL
CONTACTO
Almada
212 557 339
Lagos
282 770 470
S. Brás de Alportel
289 840 400
Albufeira
289 572 863
Duarbel – Construção Civil e Obras Públicas, S.A. Capital Social 700.000,00 euros
Sede Social Rua da Aviação Portuguesa, 135 2705-845 Vila Verde SNT
Telefone: 219 614 100 Fax: 219 615 930 E-mail: geral@duartes.pt
CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL Vila Verde
RESPONSÁVEL/DIRECTOR DO MERCADO António Fernando Rodrigues José Botelho
CONTACTO 219 614 100
Outubro 2012 Betão n.29 63
Associados
Eurobetão – Betão Pronto, S.A. Capital Social 675.000 euros
Sede Social Av. Ant.º Augusto de Aguiar 21, 4.º 1050-012 Lisboa
Telefone: 213 172 420 Fax: 213 555 012 E-mail: geral.eurobetao@secil.pt
CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL
RESPONSÁVEL/DIRECTOR DO MERCADO
CONTACTO
Pombal
236 216 114
Leiria
244 843 170
Caldas da Rainha
262 841 777
Santarém
Eng.º Luís Moreira
243 351 459
Abrantes
241 833 129
Portalegre
245 362 177
Elvas
268 624 181
Beja Sines
Arq.º Pedro Teixeira
284 324 430 269 632 332
Ibera – Indústria de Betão, S.A. Capital Social 2.000.000,00 euros
Sede Social Quinta da Madeira EN 114, Km 85 Apartado 424 7006-805 Évora
Telefone: 266 758 500 Fax: 266 758 511 / 506
CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL
RESPONSÁVEL/DIRECTOR DO MERCADO
Évora
266 758 501/2
Montemor-o-Novo Borba
266 893 709 Eng.º Joaquim Cascalheira
268 890 612
Reguengos de Monsaraz
266 501 604
Sines
269 878 160
Beja Moura
64 Betão n.29 Outubro 2012
CONTACTO
Eng.º Ricardo Matias
284 998 744 285 252 573
Associados
Lenobetão, S.A. Capital Social 7.000.000,00 euros
Sede Social Apartado 1004 PC Quinta da Sardinha 2496-907 Santa Catarina da Serra
Telefone: 244 749 100 Telefax: 244 749 129 E-mail: geral@lenobetao.pt Website: www.lenobetao.pt
CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL Paredes* Fátima* Leiria* Abrantes* Castelo Branco Portalegre* Tomar* Tortosendo* Guarda Alcantarilha* Montijo*
RESPONSÁVEL/DIRECTOR DO MERCADO
CONTACTO 224 332 430 249 539 551 244 851 900 241 362 217 272 325 799 245 362 009 962 108 036 275 957 270 962 108 036 282 310 330 212 308 390
Eng.º Bruno Martins (962 108 237)
Eng.º Hugo Basílio (962 108 036)
Eng.º Bruno Costa (962 108 197)
*Centrais com controlo de produção de betão com a norma NP EN 206-1:2007
Mota-Engil – Engenharia e Construção, S.A. Capital Social 100.000.000,00 euros Sede Social Rua do Rego Lameiro, 38 4300-454 Porto
Telefone: 220 914 820 Fax: 220 914 830
ÁREA COMERCIAL LOCAL
RESPONSÁVEL ÁREA COMERCIAL
Rego Lameiro
Eng.ª Daniela Maia
CONTACTO 912 504 080 comercialbet@ mota-engil.pt
CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL
RESPONSÁVEL DO MERCADO
CONTACTO
Eng.ª Marta Durães
919 448 593
Eng.ª Fernanda Moreira
918 541 754
Eng.ª Margarida Morgado
913 642 133
Paredes* Canelas* Venda Nova III* Vila Flor* Penela* Sertã* Proença-a-Nova* Cantanhede Santa Iria da Azóia* Metro Sul Tejo* Pedrógão *Centrais com capacidade para fornecer betão para Classe de Inspecção 3.
Outubro 2012 Betão n.29 65
Associados
Prebel – Sociedade Técnica de Prefabricação e Construção, S.A. Capital Social 2.000.000,00 euros
Sede Social Caminho do Engenho Velho São Martinho 9000-260 Funchal – Madeira
Telefone: 291 706 050 Fax: 291 706 057 E-mail: deptfabril@prebel.pt
CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL
RESPONSÁVEL/DIRECTOR DO MERCADO
CONTACTO
S. Martinho (2)
Eng.º Henrique Ferreira
291 706 050
Salvador & Companhia, Lda. Capital Social 5.500,00 euros
Telefone/fax: 249 382 112 E-mail: salvador.companhia@gmail.com
Sede Social Rua dos Arcos, 67 Apartado 79 2301-909 Tomar
CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL
RESPONSÁVEL/DIRECTOR
CONTACTO
DO MERCADO Tomar
Guerreira Santa Cita -Tomar
Dr. Joaquim Oliveira (Mercado) Eng.º Hugo Cruz (Qualidade) Pedro Nunes (Comercial)
66 Betão n.29 Outubro 2012
249 382 112
249 382 112
962 604 463
Associados
Sonangil - Construção Civil e Obras Públicas, S.A. Capital Social 200.000,00 euros
Sede Social Quinta do Secretário Via Rápida da Caparica 2810 -116 Almada
Telefone: 212 952 990 Fax: 212 952 989 E-mail: geral@sonangil.pt Website: www.sonangil.pt
CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL
RESPONSÁVEL/DIRECTOR
CONTACTO
DO MERCADO Almada
Fernando Mendes
212 952 990
Unibetão – Indústrias de Betão Preparado, S.A. Capital Social 13.110.000,00 euros Sede Social Av. Ant.º Augusto de Aguiar 21, 4.º 1069-128 Lisboa
Telefone: 213 172 420 Fax: 213 555 012 E-mail: sede@unibetao.pt www.unibetao.pt
CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL
RESPONSÁVEL/ DIRECTOR DE ZONA
Gaia / Maia
227 169 180 / 229 415 953
Carriça / Póvoa do Varzim Viana do Castelo / Braga Guimarães / Penafiel
CONTACTO
229 871 490 / 252 611 460 Eng.º José Guedes
Amarante / Vila Real
258 322 203 / 253 672 578 253 587 183 / 255 726 365 255 432 819 / 259 336 067
St.ª Maria da Feira
256 373 625
Vagos
234 940 280
Albergaria-a-Velha / Coimbra Castelo Branco / Tondela
Eng.º Vítor Moreira
234 524 533 / 239 980 390 272 907 221 / 232 817 325
Guarda / Figueira da Foz
271 211 559 / 233 412 081
Frielas / Apelação
219 898 640 / 219 480 629
Queluz Linhó / Vila Franca de Xira Malveira / Muge
Eng.º Pedro Menéres
Torres Vedras / Ericeira Setúbal / Alcochete Casal do Marco Ferreiras / Olhão Portimão / Lagoa
214 343 290 219 240 457 / 263 286 810 219 863 862 / 243 581 061 261 330 030 / 261 864 058
Arq.º Pedro Teixeira
265 528 220 / 212 348 370
Eng.º Sebastião Santos
289 571 371 / 289 703 336
212 267 800 282 968 173 / 282 353 554
Outubro 2012 Betão n.29 67
Membros Aderentes
ARCEN ENGENHARIA, S.A. Rua de S. Caetano, n.º 125 Zona Ind. de S. Caetano 4410 - 494 CANELAS Tel.: 227 637 130 • Fax: 227 637 159 arcen@arcen.pt www.arcen.pt
EUROMODAL, LDA. Rua Aires Ornelas, 137 4000 -023 Porto Tel.: 225 379 171 • Fax: 225 360 508 mail@euromodal.pt www.euromodal.pt
ARLACO – COMÉRCIO E INDÚSTRIA DE MATERIAL ELECTRÓNICO, LDA. Rua Joaquim Agostinho n.º 33 4410 - 276 Canelas VILA NOVA DE GAIA Tel.: 227 128 271/80 • Fax: 227 128 281 arlaco@arlaco.pt www.arlaco.pt
LUSOMAPEI – PRODUTOS QUÍMICOS PARA A CONSTRUÇÃO, S.A. Business Parque Tejo XXI EN1, Km 29 – Gelfas 2600-659 CASTANHEIRA DO RIBATEJO Tel.: 263 860 360 • Fax: 263 860 369 info@mapei.pt www.mapei.pt
BASF Portuguesa, S.A. Rua 25 de Abril, nº1 2689-538 PRIOR VELHO Tel.: 219 158 550 • Fax: 219 158 552 geral-ebeportugal@basf.com www.basf-cc.pt / www.basf.pt
DIRECÇÃO DE INFRAESTRUTURAS – REPARTIÇÃO DE ENGENHARIA DE AERÓDROMOS Laboratório de Solos e Pavimentos Av. Leite de Vasconcelos, n.º 4 2724 -506 AMADORA Tel.: 219 537 181 • Fax: 219 936 035 di.repea.lsp@emfa.pt
68 Betão n.29 Outubro 2012
MAQUIMOURA – REPARAÇÃO E ALUGUER DE MÁQUINAS, LDA. Qta. do Romão, Edifício Polana, Lote E3, r/c A e B 8125-302 QUARTEIRA Tel.: 289 366 000 • Fax: 289 360 282 geral@maquimoura.pt
PERTA – SOC. EQUIP. CONST. CIVIL, LDA. Rua Jaime Lopes Dias, n.º 3 A/B 1750-124 Lisboa Tel.: 217 520 560 • Fax: 217 592 842 vendas@perta.pt www.perta.pt
PREFANGOL, LDA. Pólo Industrial de Viana Luanda Angola Tel.: 00244 222 291 550 Fax: 00244 929 172 459
SAINT-GOBAIN WEBER PORTUGAL, S.A. Tojeira, Apartado 16 3240-908 AVELAR Tel.: 236 620 600 • Fax: 236 620 620 info@weber.com.pt www.weber.com.pt
SIKA PORTUGAL, S.A. Rua de Santarém, 113 4400-292 Vila Nova de Gaia Tel.: 223 776 900 • Fax: 223 776 966 info@pt.sika.com www.sika.pt
SORGILA – SOCIEDADE DE Argilas, S.A. Rua Principal, 1420 2415-002 Bidoeira de Cima Tel.: 244 720 580 • Fax: 244 721 097 geral@sorgila.pt
速
Glenium SKY
Controle Total de Desempenho