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N.
Revista da Associação Portuguesa das Empresas de Betão Pronto
Julho 2013
Vida Associativa: Desafios da Engenharia Civil em Tempos Menos Favoráveis 04 Vida Associativa: ERMCO em Portugal 09 Técnica: A Problemática da Avaliação da Resistência “In Situ” do Betão 14 Obra: A Ponte Sobre o Rio Ocreza 24 Técnica: A Utilização de Agregados Finos Reciclados em Betão 28
Editorial
“Certezas e Incertezas…” o
Eng. Jorge Santos Pato
A vida é um desafio permanente, feito de certezas e incertezas com as quais o ser humano tem de aprender a lidar, procurando enfrentar com o maior sucesso possível as situações e cenários proporcionados por umas e outras. Hoje em dia, em Portugal, as certezas são, infelizmente, cada vez mais amargas enquanto as incertezas prenunciam mais desesperança do que outrora. Há, no entanto, algumas convicções que permanecem inalteradas e que devem ser preservadas, não obstante o mar de dúvidas em que está mergulhado o seu futuro. Referimo-nos em particular ao Betão como material de construção, sobre o qual mantemos a certeza inabalável de constituir o material de opção lógica e natural para utilização na construção civil e obras públicas, não só devido às tradicionais propriedades intrínsecas que apresenta, como pelas suas características extrínsecas e socio-ambientais inerentes ao país que tem ajudado a edificar, apesar da teimosa incerteza que persiste quanto ao futuro deste sector na sociedade portuguesa. Não obstante ser difícil acreditar em certezas absolutas, sabemos que, se for concebido, produzido, aplicado, controlado e conservado em conformidade com os preceitos técnicos e regulamentares aplicáveis, o Betão garantirá aos seus utilizadores a certeza de se afirmar como a solução mais adequada para a generalidade das obras estruturais, não se esgotando aí, todavia, a plenitude do seu potencial e a versatilidade das suas utilizações nos mais diversos campos, incluindo o da arte e decoração, onde pode criar autênticas simbioses de cor, forma e harmonia, entre meios e materiais diferentes, naturais e artificiais. Perante a certeza dos recursos ainda disponíveis para a continuidade da produção das mais diversificadas variantes e tipos de Betão, permanece contudo, a incerteza das oportunidades de colocação e da sua procura no horizonte mais próximo ou da apreensão que recai, cada vez com maior premência, sobre a certeza das práticas competentes e responsáveis de muitos agentes e operadores activos no mercado, asfixiados pela imposição das ditadura dos preços, da contracção de custos e escravizados no seio da luta incessante pela sobrevivência.
Se há uns anos atrás nos dissessem que a indústria de Betão Pronto corria sérios riscos de estagnar e definhar progressivamente até níveis de produção meramente residuais, reagiríamos prontamente, contestando tal previsão, com a certeza de se tratar de uma mera falácia ou de um sofisma sem sustentação válida. Actualmente, o reduzido grau de incerteza que podia consubstanciar a previsão mencionada nas linhas anteriores, cresceu de tal forma que se tornou uma certeza em progressão, a não ser que algo ainda muito incerto, mas possível, possa vir a suceder a breve trecho. Sempre defendemos que procurar garantir a qualidade do Betão se assume como um objectivo básico de quem está envolvido no seu ciclo de vida, podendo e devendo ser alvo de medidas conducentes à optimização da relação qualidade-preço, mas nunca sujeitando a satisfação da primeira a ser sacrificada em circunstância alguma, devido a imposições de natureza económica ou financeira. Temos a certeza absoluta de que esta é a única postura correcta para salvaguardar os interesses do utilizador final e a durabilidade do património erigido em Portugal. Receamos, todavia, que a forte incerteza que se abate quotidianamente sobre as empresas e trabalhadores da indústria e da sociedade em que se enquadram, provoque cada vez mais danos colaterais nessas estruturas, criando cenários indesejáveis de incumprimento e atropelo das práticas que devem propiciar a certeza do bom desempenho e dos níveis de qualidade pretendidos. No meio de tantas certezas ou incertezas, a verdade é que a imaginação do Homem não tem fim, pelo que a busca de soluções para os problemas ocorridos e para as dúvidas que os mesmos geram, não pode parar, nem mesmo quando, aparentemente, os elementos participantes nesta comunidade não evidenciam qualquer afinidade. Fundamentalmente, o que precisamos é de procurar manter viva a chama da vontade de afastar as más incertezas, lutando para as tornar boas certezas, designadamente as de que o Betão é tão útil e necessário que nunca podemos parar de o produzir e usar...
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Sumário
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N.
Julho 2013 Foto da capa: Ponte sobre o rio Ocreza – Proença-a-Nova / Perdigão
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Vida Associativa
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Entrevista
Desafios da Engenharia Civil em tempos menos favoráveis
Prof. Francesco Biasioli, Secretário-Geral da ERMCO
09
Vida Associativa
14
Técnica
Conferência da ERMCO em Portugal
A Problemática da Avaliação da Resistência “in situ” do Betão através de Ensaios de Carotes Eng.o João André
24
Obra A Ponte sobre o Rio Ocreza
28
Técnica A Utilização de Agregados Finos Reciclados de Resíduos de Construção e Demolição no Fabrico de Betão: Levantamento do estado da arte Eng.o Luís Evangelista Prof. Jorge de Brito
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Notícias - Aprender com os Senhores do Betão: a última aula (?!) do Prof. Gaspar Nero - Breves
Associados da APEB: ABB, Betão Liz, Britobetão, Brivel, Concretope, Duarbel, Eurobetão, Eurocálcio, Ibera, Lenobetão, Lusobetão, Mota-Engil – Engenharia e Construção, Pragosa Betão, Prebel, Salvador & Companhia, Sonangil, Tconcrete, Unibetão e Valgroubetão. Membros Aderentes da APEB: Arcen, Arlaco, BASF, Direcção de Infraestruturas – Repartição de Engenharia de Aeródromos, Euromodal, Perta, Prefangol, Saint-Gobain Weber Portugal, Sika Portugal e Sorgila.
Propriedade APEB – Associação Portuguesa das Empresas de Betão Pronto • Av. Conse-
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Depósito legal 209441/04
Os artigos assinados são da responsabilidade dos seus autores.
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Vida Associativa
Desafios da Engenharia Civil em tempos menos favoráveis
Organizado pelo NECUBI, Núcleo de Estudantes de Engenharia Civil da Universidade da Beira Interior, decorreu na Covilhã, nos passados dias 22, 23 e 24 de Abril, mais um ciclo de conferências de civil, o CCC’13, subordinado a um tema geral alinhado com a conjuntura actual que o País e o sector vivem: “Desafios da Engenharia Civil em tempos menos favoráveis”. No âmbito do programa, os organizadores não quiseram deixar de dedicar a tarde do dia 23 de Abril ao Betão, material de eleição na construção das sociedades actuais, com a sessão subordinada a um enquadramento de partida na óptica da Qualidade, Sustentabilidade e Perspectivas do Betão Pronto, tema este abordado pelo Eng.º Jorge Santos Pato, Secretário-Geral da APEB, que abriu a conferência. Em resposta ao convite endereçado pelo Prof. João Castro Gomes, professor catedrático no departamento de Engenharia Civil e Arquitectura e director do C-MADE, Centro de Materiais e Tecnologias
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Construtivas da Universidade da Beira Interior, a APEB enviou uma delegação constituída pelo Eng.º Jorge Santos Pato, Eng.º João Carlos Duarte e Eng.º João André, que se constituíram como os principais oradores convidados da referida sessão, aos quais se juntou o colega Eng.º José Carlos Marques, da empresa associada Betão Liz, S.A. Como referimos, a abertura da sessão da tarde esteve a cargo do Eng.º Jorge Santos Pato, cuja intervenção abordou as características intrínsecas e extrínsecas do Betão que lhe conferem argumentos relevantes na contribuição para uma construção sustentável e de qualidade, possibilitando ainda cenários e aplicações construtivas que ampliam consideravelmente os cenários mais tradicionais de aplicações de base ou fins de âmbito essencialmente estrutural. De facto, se existe um material que tem marcado decisivamente a construção das sociedades modernas e o desenvolvimento mais recente do património edificado em todo o mundo, esse material é sem dúvida o betão.
Vida Associativa
Em Portugal, e atendendo, quer à disponibilidade das matérias-primas subjacentes ao seu fabrico, quer à natureza e cultura subjacentes ao projecto e execução das obras de construção civil no nosso território, o betão tem-se afirmado como um material estrutural por excelência, estando, por isso, a sua utilização essencialmente subordinada a pressupostos inerentes à satisfação das exigências concretas de estabilidade e segurança das construções. No entanto, o betão é, actualmente, muito mais do que um material de índole estrutural destinado a integrar ou constituir a ossatura das edificações, já que a tecnologia subjacente à sua concepção e aplicação permite incorporá-lo também como material arquitectónico de revestimento aparente e protecção das superfícies e paramentos das construções, conferindo-lhes significativas mais-valias técnicas e estéticas associadas à durabilidade intrínseca e potencial que o betão apresenta, e que pode contribuir de modo efectivo para uma construção que se deseja sustentável e funcional.
transfiguração e resposta aos mais diversos requisitos tecnológicos, posicionam o betão como um material “camaleónico” capaz de se enquadrar e integrar com sucesso no meio natural que o rodeia, conferindo-lhe ainda mais-valias adicionais. Daí que o caminho rumo ao futuro deva considerar, não apenas o Betão Pronto como uma opção natural dos processos de construção, alicerçada nas suas comprovadas propriedades e atributos técnicos, económicos e na sua sustentabilidade objectiva, como também o recurso ao betão como uma opção “camaleónica” para os projectos construtivos do futuro. No entanto, o percurso entre presente e futuro deve assentar em importantes etapas e passos evolutivos, e saber interagir e influenciar positivamente os principais factores condicionantes da utilização do betão nas comunidades. Relativamente às tendências e opções que estão a surgir com mais veemência e potencial de valorização do Betão como um material de construção com ambições complementares das convencionais, salientam-se, entre outras:
É assim que os desafios e perspectivas de futuro imediato que se colocam à indústria de Betão Pronto passam inevitavelmente pela aposta dos principais agentes e responsáveis envolvidos no processo construtivo, nas alternativas de utilização do betão, também como material de revestimento final, alienando à sua vasta gama de aplicações um variado leque de opções de acabamento superficial e de forma, que incluem a cor e a textura nas suas mais diversas soluções. Nestes termos o Betão Pronto pode e deve ser encarado então, não apenas como um material de construção cujo volume pré-determinado vai “cubicar” as edificações que incorpora, mas também e de forma progressiva, a solução construtiva e arquitectónica que dá resposta e concretiza fisicamente as ideias estabelecidas na concepção e no projecto de qualquer obra. Efectivamente, estamos perante um caso único cuja extraordinária versatilidade e adaptabilidade arquitectónica, conjugadas com a sua notável capacidade de
• Evolução nos constituintes (ligantes, adições, adjuvantes, agregados, reciclados, subprodutos, etc.); • Criatividade na cor, forma e texturas (betões coloridos texturados, estampados, impressos, etc.); • Alternativas nos betões reforçados (fibras, têxteis, etc.); • Sinergias nos betões especiais correntes (elevado desempenho, leves, auto-compactáveis, porosos, etc.); • Betões Inovadores: translúcidos, autolimpeza, fotocatalíticos, “ultraporcrete”, “aerogel concrete”, fotogravados, etc.. Face ao leque de soluções inovadoras que enriquecem o leque de opções afectas à utilização do betão em toda a plenitude de aplicações possíveis, numa perspectiva de concepção da solução global e não apenas do elemento individualizado da estrutura a corporizar com aquele material, importa contudo,
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Vida Associativa
consciencializar-nos que é imperativo garantir algumas etapas ou passos evolutivos fundamentais, nesta caminhada entre o presente e o futuro do betão na construção, que se procuraram resumir de forma algo visionária nas seguintes premissas essenciais e que devem ser monitorizadas com o devido empenho e acentuada convicção:
… Da percepção deficiente e redutora à realidade amigável, … Da desinformação dos intervenientes à reeducação valorizadora, … Do assédio leviano à abordagem profissionalizada, … Do material estrutural básico à solução conceptual integrada, … Da ossatura interior ao acabamento e revestimento final, … Do simples volume à solução construtiva e arquitectónica, … Das formas e formatos convencionais aos devaneios conceptuais, … Dos materiais tradicionais aos betões inovadores, … Da “sustentação” da indústria à sustentabilidade objectiva, … Da consciência facilitadora à exigência e ao rigor.
Neste contexto e face às mudanças profundas das sociedades mundiais, muito condicionadas pelas mais recentes oscilações conjunturais de carácter político, económico e sócio-ambiental, as perspectivas de uma crescente utilização do betão requerem ajustamentos comportamentais e organizacionais importantes por parte de todos os estratos e agentes envolvidos, nomeadamente: • opinião pública e “mass media”; • produtores e industriais; • projectistas e promotores de obra; • materiais; • utilizadores; • administração pública. Por outro lado, revelando-se o desenvolvimento sustentável um requisito fundamental para as nossas comunidades, as valências do betão e o seu extraordinário potencial de contribuição para a sustentabilidade de construção são argumentos que devem ser valorizados e aproveitados mais adequadamente. Nestes termos a indústria de Betão Pronto pode e deve conceber e disponibilizar soluções tecnológi-
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cas com betão que satisfaçam, quer a qualidade e os requisitos de ordem física e estrutural estabelecidos no projecto, quer também as componentes estética e funcional das edificações, personalizando-as e garantindo sempre que possível os objectivos de sustentabilidade associados ao seu bom desempenho. Foi aliás nesta óptica, que se enquadrou a apresentação do Eng.º José Carlos Marques, da empresa Betão Liz, S. A., na qual aquele técnico teceu algumas considerações que reforçaram os atributos actuais de qualidade e sustentabilidade complementados com os passos mais marcantes da inovação já evidenciada pela indústria de Betão Pronto na disponibilização de novas soluções que concretizam as ideias anteriormente apresentadas na alocução do Eng.º Santos Pato. Destas, foram destacadas as argamassas estabilizadas e autonivelantes, os betões leves e aligeirados, os betões arquitectónicos coloridos, texturados, desactivados, polidos, porosos, translúcidos, etc. que constituem uma oferta diversificada no mercado actual que nem todos conhecem, mas que algumas empresas de betão pronto, como a Betão Liz, incluem no seu catálogo de produtos. No decorrer da sessão houve oportunidade para que o próprio CMADE/UBI apresentasse alguns dos projectos de investigação em curso que de alguma forma
Vida Associativa
estão vinculados às preocupações de sustentabilidade na construção e na indústria de betão, sobretudo através da busca de soluções exequíveis para a incorporação e utilização de resíduos ou subprodutos industriais. Deste modo, foi com interesse que assistimos às intervenções do Eng.º Arlindo Cabrito sobre o ”Potencial de incorporação de cinzas de biomassa em Betão” e do Eng.º José Carvalho, sobre a “Reciclagem e valorização de resíduos com o Betão Auto-compactável”. Relativamente à primeira abordagem, cujo objectivo visa estudar as alternativas de substituição parcial do cimento por cinzas de biomassa provenientes da queima industrial, para produção de electricidade e vapor a partir de resíduos agrícolas e florestais, a investigação está ainda em curso, verificando-se contudo, uma frequência indesejável de elevados teores de perda ao fogo e comportamento bastante diversificado nas diferentes cinzas ensaiadas. No que respeita ao tema apresentado pelo Eng.º José Carvalho, o mesmo destacou o papel fundamental que a incorporação de resíduos de outras indústrias tem para garantir a desejável sustentabilidade da indústria da construção, nomeadamente através da sua aplicação no Betão Auto-compactável, o qual se constitui como um meio eficaz para a reciclagem e valorização de resíduos, sobretudo materiais finos.
A reciclagem e a valorização de resíduos podem ser totais ou parciais e feitas a vários níveis: materiais reciclados como agregados grossos e finos, ou materiais reciclados como materiais finos e agentes modificadores de viscosidade. Existindo assim espaço para uma investigação criteriosa no domínio do comportamento reológico do BAC, designadamente com a incorporação de materiais reciclados, que permita correlacionar a reologia da pasta com a reologia da argamassa, poder-se-á caminhar para a previsão do comportamento reológico do BAC com materiais reciclados. Num registo temático mais ligado às questões subjacentes à qualidade do betão e inerente avaliação da sua conformidade, foram incluídas no programa da tarde as duas intervenções dos quadros da APEB, Eng.º João Carlos Duarte e Eng.º João André, que abordaram respectivamente os temas: “Controlo da Conformidade do betão” e “A Problemática da Avaliação da Resistência “in situ” do betão através de Ensaios Destrutivos”. Vivendo-se actualmente um dos períodos de maior debilidade económica e financeira da História do nosso país, numa conjuntura que criou níveis de recessão sem precedentes na construção civil e obras públicas, as probabilidades de que os níveis de qualidade e segurança das estruturas de betão possam ter sido e sejam arrastados no meio da crise, provocando consequências muito preocupantes durante o período de utilização das obras edificadas, são, infelizmente, reais. Assim, há que combater esse estado de algum marasmo e negligência em que mergulhou o controlo da qualidade de muitos empreendimentos e dos respectivos materiais incorporados nos mesmos, como é o caso do betão, promovendo e implementando com afinco os procedimentos básicos inerentes ao controlo da conformidade deste material de construção. Há duas perspectivas básicas que estão subjacentes à necessidade daquele controlo: • a do Produtor, através da avaliação da conformidade da sua produção com base em ensaios iniciais e controlo da produção; • a do Utilizador, através da verificação de resistência com base nos Ensaios de Identidade. O controlo e os critérios de conformidade devem incidir e abranger não só a resistência à compressão do betão, mas também as outras propriedades relevantes: massa volúmica, razão A/C, dosagem de cimento, teor de ar, teor de cloretos e a consistência, neste último caso avaliada através dos métodos de ensaio de abaixamento, Vêbê, Compactabilidade e Espalhamento de acordo com a série de normas NP-EN 12350. Em caso de não conformidade o produtor deve conferir os resultados dos ensaios, implementar acções correctivas e se a eventual não conformidade detec-
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tada não for óbvia na altura da entrega, deve ser notificado o especificador e o utilizador, para se evitarem quaisquer danos subsequentes, registando as acções tomadas. Relativamente aos ensaios de identidade, os quais se destinam a verificar se a resistência à compressão do betão aplicado na estrutura está de acordo com o especificado, devem ser realizados quando requeridos pelas especificações de projecto ou pela legislação, e ainda em caso de dúvida quanto à qualidade do betão, havendo que definir os planos de amostragem em função dos volumes de betão em avaliação e as classes de inspecção das obras. Neste particular foi chamada a atenção para a importância e influência que tem nos resultados finais, não só a fabricação como também a conservação dos provetes de ensaio. A problemática da avaliação da resistência “in situ” do betão através da extracção e ensaio de carotes a partir da estrutura é uma questão complexa e que carece de consenso internacional quanto ao referencial normativo a seguir, sobretudo quando se pretende correlacionar a resistência real do betão aplicado com a resistência potencial de controlo do betão fabricado. Surgem amiudadamente disputas sobre a qualidade do betão fornecido e a responsabilização dos intervenientes em caso de insucesso ou incidentes estruturais em obra, cujo apuramento não é taxativo. Na realidade, factores como o teor de água de um carote ou o aumento da porosidade (excesso de vazios) influenciam os factores de correcção a praticar para a determinação da resistência à compressão do betão, tal como a relação comprimento/diâmetro dos provetes, relação da direcção de extracção com a direcção de betonagem ou a eventual existência de armadura também podem determinar variações mais ou menos significativas nos resultados. A norma NP-EN 13791: “Avaliação da resistência à compressão do betão nas estruturas e em produtos prefabricados” é fundamentalmente uma norma que estabelece técnicas para estimar a resistência à compressão do betão in situ, naquelas estruturas e elementos. No entanto, em situações de litígio acerca da qualidade do betão, não conformidade ou execução defeituosa na construção em betão, esta Norma não fornece orientações suficientes e inequívocas sobre os factores subjacentes causadores de uma resistência “in situ” inferior à requerida no projecto, pelo que urge preparar e estabelecer um critério ou referencial nacional consensual aplicável a estas situações. De facto, à falta de melhor, as entidades e laboratórios intervenientes nos ensaios de avaliação procuram recorrer a documentos de referência estrangeiros que
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não estão formalmente adoptados e assumidos pelo acervo normativo nacional, cuja lacuna nesta matéria tarda em ser preenchida, ao contrário do que sucede, por exemplo, no Reino Unido, onde existe um BS 6089:2010 intitulada: “Guia complementar para aplicação da Norma BS EN 13791”. Considerando que na conjuntura actual, não obstante os volumes de betão produzidos e colocados em obra serem hoje muito menores, os níveis de desempenho e a qualidade intrínseca do material e da mão-de-obra associada podem estar a sofrer os efeitos nefastos das políticas desesperadas de redução de custos, impostas a muitos dos protagonistas do sector de construção, então os danos colaterais deste cenário podem vir a originar um acréscimo de situações de não conformidade do betão nas estruturas e os subsequentes episódios de litígio entre o fornecedor de betão e o empreiteiro/utilizador. A APEB, tem, aliás, alertado diversas vezes e em diferentes locais e meios, para os riscos decorrentes do período conturbado em que vive a nossa sociedade e as suas implicações em variadas áreas, pelo que são importantes as iniciativas e capacidade de difusão de informação desenvolvidas por entidades institucionais com objectivos pedagógicos claros e tão importantes como são as Universidades. Neste sentido, deixamos aqui nestas páginas o nosso apreço e satisfação pela colaboração activa, directa e presencial que a APEB pode garantir através dos seus principais quadros, durante o ciclo de Conferências de Civil 2013 organizado na Covilhã pelo NECUBI (Núcleo de Estudantes de Engenharia Civil da Universidade da Beira Interior), o qual esperamos tenha contribuído para esclarecer e sensibilizar os participantes para um conjunto de questões, não apenas inerentes ao mundo do Betão Pronto, mas igualmente transversais a toda a indústria de Betão em geral. Deste modo terminamos com uma palavra de felicitações ao Prof. João Castro Gomes, da UBI, Director do C-MADE, pelo excelente trabalho que coordenou e ajudou a executar com os membros do NECUBI, aos quais replicamos votos idênticos, esperando que o possam repetir em anos vindouros.
Vida Associativa
Conferência da ERMCO em Portugal
Jorge Pato, Secretário Geral da APEB
Não obstante a grave conjuntura em que se tem debatido a indústria europeia de Betão Pronto, com alguns países a serem mais violentamente fustigados pelos seus efeitos, como são os casos de Portugal e Espanha, mas talvez por isso mesmo, a ERMCO (European Ready Mixed Concrete Organization) decidiu escolher o nosso país e mais concretamente a cidade de Cascais, para local de realização da sua Assembleia Geral anual, em 6 e 7 de Junho último. Neste evento, para além das reuniões formais e técnicas habituais, tornou-se já uma prática útil e muito aplaudida pelas dezenas de participantes dos diversos países que se constituem como membros daquela organização, a efectivação de uma conferência a anteceder a Assembleia Geral de representantes. Deste modo, teve lugar na manhã do dia 7 de Junho, uma sessão de apresentações técnicas na qual foram abordados temas de considerável interesse e importância para o sector, sobretudo no âmbito do tema geral da conferência: “Soluções Inovadoras para a Indústria de Betão”. Não se afigurando exequível, nesta edição da revista, incluir um relato pormenorizado de todos os conteúdos veiculados ao público presente na Conferência, importa contudo, salientar alguns dos aspectos mais relevantes então apresentados.
Assim, numa sessão intensa sucederam-se várias intervenções que incidiram respectivamente sobre: • “A Optimização dos Custos de Transporte no Betão Pronto”; • “Fornecimento Reponsável (Responsible sourcing) no Reino Unido”; • “Sustentabilidade na Indústria de Betão: EPD e LCA para Betão”; • “Betão Compactado com Cilindros no Reino Unido: Experiência e Oportunidades”; • “Beton Bewust – um Programa de Sensibilização da VOBN (Associação Holandesa das Empresas de Betão Pronto)”; • “Aplicações e Benefícios do Betão Compactado com Cilindros e do Betão Poroso nos EUA”; • “Sustentabilidade e Materiais de Construção: Mitos, Factos e Falácias”. Não obstante o inequívoco interesse de todas as apresentações, valerá a pena destacar alguns tópicos inerentes a algumas delas, como foi o caso deste último tema da autoria do Prof. Francesco Biasioli, que desmistificou alguns pontos nucleares da argumentação regularmente utilizada pela indústria do Betão na defesa do seu material, que na maioria das vezes resulta improdutiva e desajustada ao que a comunidade necessita de compreender ou saber sobre o
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Vida Associativa
mesmo, em vez de se concentrarem em factores chave básicos facilmente convincentes e assimiláveis pelos utilizadores do Betão. De facto, há que recordar que o betão, depois da água, continua a ser o material de construção mais usado em todo o mundo, e quando se procura estabelecer comparações entre os principais materiais estruturais: madeira, aço e betão, estes devem ser estruturados considerando unidades funcionais (pilares, vigas, lajes edifícios, etc.) e o respectivo desempenho e não apenas os materiais e suas propriedades intrínsecas em abstracto, situação que pode conduzir a juízos e interpretações enganosas. Deste modo, importa adoptar uma metodologia que considere os seguintes 3 passos fundamentais: • Identificar uma unidade funcional (com as fronteiras incluídas); • Conceber/desenhar a unidade funcional utilizando um material de referência no seu desempenho máximo e desenhar a mesma unidade funcional com outros materiais de forma a obter o desempenho equivalente; • Comparar as diferentes soluções considerando os três pilares essenciais da Sustentabilidade (Social, Económico e Ambiental).
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No caso do betão armado há coeficientes de valorização essenciais a considerar para três factores fundamentais: a resistência, o custo e o CO2 incorporado. No entanto, existe uma questão pertinente de atitude que deve ser assumida por todos os actores do processo construtivo, desde os engenheiros e empresas de construção até aos próprios agentes políticos e que consiste no estabelecimento de um compromisso entre o custo e a avaliação de desempenho das diferentes soluções e materiais estruturais. O especificador procura o valor mínimo para as relações custo/resistência e custo/kg CO2 incorporado, pelo que os engenheiros devem efectuar a melhor escolha possível em função dos interesses do cliente, do público em geral e do ambiente, visando uma regra geral: quanto mais elevada a classe de resistência melhor será o desempenho global da unidade funcional de betão em termos de custo, segurança e impacto ambiental. De facto, em vez de os industriais de betão se concentrarem em argumentos que, embora válidos, como a inércia térmica, a resistência ao fogo, a recarbonatação, a reciclabilidade, o ciclo de vida, etc., são de mais difícil apreensão pelos utilizadores, não seria mais eficaz apostar em evidenciar como são eficientes as soluções em betão face às alternativas em aço e madeira? Actualmente, as soluções em betão permitem responder com “fatos à medida” às pretensões dos seus utilizadores, combinando materiais, formas, cores e texturas, sem desperdícios, de modo a satisfazer as mais exigentes solicitações do mercado, complementando os requisitos primários de projecto com importantes mais-valias de desempenho, sem custos adicionais. No caso do Betão Pronto este cenário afigura-se mais optimizado devido à natureza “local” da actividade e dos recursos incorporados, com transporte reduzido e uma integração social fluida. Nestes termos, o Betão assume-se hoje, antes de mais, como um material flexível, técnica e economicamente eficaz e ambientalmente amigável, cuja sustentabilidade objectiva na construção é evidente e comprovável nas múltiplas e versáteis soluções que pode e deve integrar. E a propósito de soluções de betão, será importante recordar algumas referências feitas durante a conferência, como as do Eng.º Jorge Pato que na primeira apresentação da sessão, subordinada ao título “Betão em Portugal: que Futuro?”, relembrou as lições de sobrevivência que nos são proporcionadas pela Natureza, comparando a resiliência e durabilidade de certos espécimes vivos, como o camaleão, animal que bem conhecemos, cuja extraordinária capacidade de transformação e adaptação ao ambiente envolvente, podem e devem ser uma referência para o material Betão e para as soluções de forma, cor, aspecto e textura que pode corporizar nas estruturas que integra ou nas superfícies que reveste.
Vida Associativa
Foto esq.: Jorge Pato, Alfredo Fonseca – FIHP, Robert Garbini NRMCA – EUA, Manuel Lascarro – FIHP Foto dir.: Jorge Pato, Serra Brandão, Sven Tosterud, Francesco Biasioli
Hoje, existem já muitas soluções inovadoras que recorrem a versões evolutivas de betões especiais com constituintes alternativos ou tradicionais, aproveitando sinergias criativas das suas propriedades, que necessitam, contudo, de ser devidamente endereçadas e promovidas junto dos agentes condicionadores do mercado, desde a opinião pública e os “mass media”, passando pelos especificadores, produtores e órgãos fiscalizadores, até aos utilizadores finais e à administração pública. Uma experiência interessante partilhada por dois dos oradores presentes, Steve Crompton do Reino Unido e Robert Garbini dos Estados Unidos da América, é a do crescimento da utilização do Betão Compactado por Cilindros (RCC), afinal um betão constituído pelo mesmo tipo de materiais que um betão corrente, ainda que com proporções diferentes, com abaixamento zero, colocado por equipamentos idênticos aos dos pavimentos em asfalto e compactados por rolos/cilindros, sem recurso a incorporação de quaisquer armaduras de aço e que combina cumulativamente factores tecnológicos inerentes às metodologias de pavimentação com asfalto (características construtivas) e com betão (características dos materiais). Não sendo propriamente um novo produto, o BCC (RCC) tem os atributos do betão aliados à velocidade de aplicação do asfalto, tornando a pavimentação com betão uma opção economicamente viável e sustentável na maioria das aplicações possíveis, conduzindo a menores custos iniciais e durante o período de serviço dos pavimentos, menor manutenção e utilização de combustível ou ainda menores emissões de CO2, proporcionando assim a execução de mais Kms com menor investimento.
No continente americano, para além do BCC em pavimentos há uma outra variante de betão que tem aumentado significativamente a sua penetração no mercado da pavimentação rodoviária: o Betão Poroso (“pervious concrete” no original). Trata-se de um tipo especial de betão com elevada porosidade, utilizado em superfícies planas que permitem às águas precipitadas ou de outras fontes atravessar directamente as superfícies, eliminando as águas depositadas, conduzindo-as para o subsolo e simplificando assim a sua gestão. Trata-se de um betão que contém muito pouca areia, de forma a criar um teor de vazios substancial (entre 15 a 25% no betão após endurecido) e coeficientes de escoamento da água através do betão na ordem de 0,34 cm/s ou 200 l/m2/min, ou mesmo superiores. A utilização do Betão Poroso tem-se revelado cada vez mais consistente na adequada gestão das águas pluviais em pavimentos rodoviários, parques de estacionamento, caminhos pedestres, estufas e na protecção da qualidade da água e dos solos, já que permite actuar como uma bacia de infiltração de águas precipitadas que possibilita a sua introdução no subsolo em grandes áreas, facilitando assim a reposição dos níveis freáticos e aquíferos e contribuindo para minimizar o risco de inundações. Nos dias de hoje, com níveis de procura do Betão mais reduzidos (e nalguns casos também reprimidos…) do que nunca, torna-se essencial destacar e promover as valências deste material em aplicações diversificadas, cujas carências ainda impliquem, mesmo em tempo de crise e escasso investimento público e privado, algumas oportunidades de aplicação, como são os casos referidos anteriormente.
Julho 2013 Betão n.30 11
Entrevista
A ERMCO em Portugal Entrevista com o Secretário-Geral, Prof. Francesco Biasioli
Aproveitando a presença em Portugal, mais concretamente em Cascais, do Prof. Francesco Biasioli, Secretário-Geral da ERMCO, a propósito da realização da Assembleia Geral anual daquela organização no nosso país, em 6 e 7 de Junho, a Revista Betão não quis perder a oportunidade de travar um breve diálogo com aquele ilustre técnico, dirigindo-lhe algumas questões inerentes à crise actual e sobre a conjuntura desfavorável que envolve a indústria de Betão Pronto internacional, com evidentes reflexos no nosso país, procurar saber que evolução podemos perspectivar relativamente a este sector para os próximos anos. Assim, decidimos sintetizar em 5 questões essenciais a opinião de uma personalidade que é hoje uma referência marcante, não só ao nível institucional da indústria internacional de Betão Pronto, mas sobretudo do próprio meio técnico de relevo ligado ao Betão estrutural. O Professor Francesco Biasioli, para além de Secretário-Geral da ERMCO, cargo que assumiu em 1997, afigura-se actualmente como um dos especialistas de renome mundial em matérias inerentes à tecnologia do betão estrutural, sendo também Investigador no Departamento de Engenharia de Estruturas e Geotecnia do Instituto Politécnico de Turim, em Itália. Desde 1975 que tem estado igualmente envolvido no domínio da Normalização e Especificação dos Materiais e no Cálculo e Dimensionamento de Estruturas de Betão, sendo membro de diversos comités do CEN (Comité Europeu de Normalização) e autor de inúmeras comunicações em conferências e congressos.
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Qual é a sua opinião acerca do futuro do Betão, particularmente do Betão Pronto, considerando a grave crise que se abateu sobre a indústria europeia em geral, com alguns países, como Portugal, em pior situação relativamente a outros? Provavelmente, os volumes de produção nunca voltarão aos níveis atingidos em 2007. No entanto, em certos países ainda existe um espaço considerável para a actividade da indústria de Betão Pronto, relativamente à melhoria das infra-estruturas e requalificação urbana. Em muitos países, mesmo nos mais desenvolvidos, como o Reino Unido, existe um défice de edifícios residenciais e se houver financiamento isso poderá ajudar a indústria do Betão Pronto, o sector da construção em geral e toda a economia. De forma similar (mesmo nos países mais avançados) os projectos de infra-estruturas são vistos como um factor chave na recuperação económica. Para todas estas aplicações o betão tem sido sempre e continua a afirmar-se como o material de construção de eleição! Como pode a indústria de Betão Pronto sobreviver e o que é que a ERMCO pode fazer para ajudar os seus membros a ultrapassar esta situação? A indústria tem de continuar a lutar no seu campo e prosseguir com a insistência nos muitos benefícios das construções em betão. Nos Estados Unidos, com uma produção total com a mesma expressão da obtida na Europa, há muito mais gente que continua a promover comercialmente as vantagens do betão, procurando simultaneamente novos mercados e novos produtos. A nossa indústria pode talvez seguir este exemplo. A ERMCO está intimamente empenhada no acompanhamento da legislação e normalização europeias, para evitar limitações desnecessárias ou exigências irrealistas e para melhorar a assimilação dos diversos aspectos envolvidos na produção e utilização dos materiais de construção. Por exem-
Entrevista
plo, a produtividade e o rendimento podem ser optimizados se as dimensões permitidas para os camiões betoneira forem maiores e se a definição e contagem das horas de condução fosse mais realista e melhor adaptadas à nossa indústria. A ERMCO tem estado muito activa ao apresentar estes assuntos às instituições europeias. No domínio da normalização, especialmente no que concerne à revisão da EN206, temos estado a promover métodos alternativos de avaliação da conformidade e da especificação do betão que possam melhorar o grau de competitividade do betão quando forem adoptados. Porque é que a ERMCO escolheu Portugal (Cascais) e a APEB como anfitriões da sua Assembleia Geral de 2013, sabendo que o nosso país é um dos mais afectados pela recessão? Essencialmente para ajudar os nossos colegas Portugueses! Para fazer o que pudermos e trazer novas pessoas para visitar um país fantástico onde já organizámos um excelente e inesquecível Congresso na altura da Expo de 1998. Nalguns países como Portugal, a percepção pública do betão como um material de construção essencial para as sociedades é ainda muito deficiente, penalizando duramente a indústria do Betão Pronto. O que é que sugere para se conseguir ultrapassar ou mudar esta percepção?
As pessoas precisam de compreender melhor as múltiplas propriedades do betão e as mais-valias que este material pode trazer às suas vidas e comunidades. Trata-se de um material ímpar que pode suportar acidentes naturais extremos ou causados pelo homem, incluindo inundações, furacões, tornados, chuvas, incêndios e muitos outros desastres. O betão está presente para defender as nossas vidas e os nossos bens, para nos dar algo onde viver e trabalhar, para permitir que viajemos, etc. E pode ser realmente belo… Um mundo sem betão é difícil de imaginar… Porque é que podemos afirmar aos arquitectos e projectistas que o Betão Pronto deve ser considerado e encarado como uma “opção natural”, quando aqueles têm de tomar uma decisão adequada acerca da escolha dos materiais de construção? Porque é realmente assim! A sua exploração recorre a recursos e mão-de-obra locais e naturais, utiliza matéria-prima abundantemente disponível, pode ser projectado para satisfazer com precisão as necessidades requeridas, sem perda de material, pode ser utilizado para construir qualquer estrutura, incluindo arrojados cenários artísticos ou arquitectónicos, é económico, intrinsecamente durável, oferece mais valias na inércia térmica e resistência ao fogo, pode ser reciclado, etc. Estas são apenas algumas das razões pelas quais o betão é e se mantém como o material de construção mais usado em todo o mundo!
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Técnica
A problemática da avaliação da resistência “in situ” do betão através de ensaios de carotes Eng.o João André
1. Introdução Existem várias razões para determinar a resistência "in situ": conformidade pré definida para a resistência "in situ", por exemplo, para elementos prefabricados de betão; avaliação de estruturas antigas que vão ser modificadas, reabilitadas ou foram danificadas; disputa sobre a qualidade do betão fornecido ou da mão-de-obra; betão declarado como não conforme. Consoante a perspectiva dos interessados, duas grandezas de resistência à compressão estarão em causa: a resistência potencial e a resistência real (resistência in-situ). A resistência potencial está associada às operações de ensaio e controlo da qualidade do betão e a resistência real, ou "in situ", associada às operações adstritas à execução da estrutura. Ainda que a resistência potencial seja mais importante na óptica do fornecedor de betão, a avaliação da resistência à compressão "in situ" característica é fundamental na garantia de segurança e desempenho da estrutura edificada. Este artigo pretende contribuir para a clarificação destes aspectos recorrendo ao ensaio de carotes extraídos da estrutura. A base do artigo baseia-se de forma objectiva, para além das normas aplicáveis em Portugal, essencialmente nas normas BS 6089:2010 e BS EN 12504-1:2009, transcrevendo-se inclusive passagens dos citados documentos normativos. Pretende-se dar uma orientação sobre a forma de quantificar alguns factores que de acordo com as normas NP EN 12504-1 e NP EN 13791 influenciam a avaliação da resistência à compressão do betão nas estruturas e em produtos prefabricados, mas não são quantificados por estes documentos normativos. Estes itens podem ser agrupados, devido à sua influência, em: factores que influenciam a resistência das carotes; conceitos respeitantes à relação entre a resistência "in situ" e a resistência de provetes normalizados e as orientações para a planificação, amostragem e avaliação dos resultados de ensaio quando da avaliação da resistência "in situ".
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A avaliação da resistência da estrutura com recurso aos ensaios de carotes deve ser consensual e da concordância das diferentes partes envolvidas. A extracção, a preparação, exame e ensaio de carotes é conveniente ser realizada por laboratórios acreditados como garante de independência, da realização dos ensaios por técnicos devidamente qualificados e de equipamentos adequados e calibrados. Como é sabido, os resultados dos ensaios não podem ser mais exactos do que os equipamentos utilizados. 2. A resistência real e potencial do betão Um dos desafios diários colocados aos técnicos de betão é a compatibilização do desempenho do betão estudado em laboratório com o produzido em central e entregue em obra. Esta situação põe-se porque estes betões estão sujeitos a formas diferentes de produção, transporte, colocação, compactação e cura. Assim, a garantia da qualidade do betão depende directamente de uma aplicação efectuada de acordo com as boas práticas e a normalização aplicável. Todos sabemos que muitas vezes o betão fornecido à obra está de acordo com o especificado e uma colocação, por exemplo, inadequada afecta de forma irreversível a qualidade do betão endurecido. Por isso é essencial que o controlo da qualidade deva abranger as diversas fases de betonagem e não basear-se apenas no controlo da sua resistência mecânica (ver esquema 1). O betão é um material que apresenta variabilidade devido a alterações dos processos produtivos e de amostragem. A avaliação da resistência à compressão do betão permite-nos: • dispor de um critério claro para a aceitação ou rejeição do betão; • indicar o que fazer quando os resultados obtidos não são satisfatórios; • servir como ferramenta de gestão para a optimização dos recursos , • evitar discrepâncias de análise entre o produtor e o dono da obra.
Técnica
Materiais constituintes do betão
Produção do betão
Operações associadas à execução da estrutura
Operações associadas aos ensaios e controlo da qualidade
Resistência in-situ (resistência real) do betão aplicado
Resistência potencial de controlo do betão
Esquema 1. Significado da resistência à compressão do betão obtida através do seu controlo
O controlo da qualidade do betão passa pela determinação da resistência à compressão, a qual deve ser determinada sobre provetes de ensaio normalizados (cubos ou cilindros), amostrados, curados e ensaiados de acordo com a NP EN 12350-1, NP EN 12390-2 e NP EN 12390-3. A máquina de ensaios deve cumprir os requisitos da NP EN 12390-4. Esta resistência denomina-se resistência à compressão normalizada. Concluímos que a resistência potencial (resistência à compressão normalizada) só se aplica à qualidade do betão produzido, sendo aquela que é obtida a partir da resistência num elemento estrutural ou elemento prefabricado de betão expressa em termos da resistência equivalente de um provete cúbico ou cilíndrico normalizado (resistência "in situ" à compressão determinada sobre carotes) e convertida na resistência normalizada. De acordo com a NP EN 13791 a resistência duma carote extraída horizontalmente com 100 mm de diâmetro (d) e uma altura (l) com (l/d = 1) corresponde à
resistência de um cubo de lado igual a 150 mm. Nesta situação a resistência "in situ" corresponde à resistência real do elemento estrutural, expressa em termos da resistência equivalente de um provete cúbico. Se tivermos em conta as condições associadas à execução da estrutura, o betão aplicado não passa pelas mesmas condições em que se encontram os provetes confeccionados em condições normalizadas que nos serviram de controlo para verificar a conformidade do betão de acordo com o especificado a nível de projecto, facilmente entendemos que a resistência potencial é normalmente superior à resistência real. Ao analisarmos o procedimento de análise proposto pela BS 6089 aplicável quando existe disputa sobre a qualidade do betão fornecido (ver Fluxograma) são visíveis as várias etapas a percorrer desde a avaliação da resistência in-situ; à avaliação estrutural; à determinação da resistência potencial e às implicações na durabilidade da estrutura.
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Técnica
Fluxograma Localizar na estrutura a área que contém betão em dúvida
3. Factores que influenciam a resistência das carotes Não
É necessária uma avaliação da resistência "in situ" ?
Sim
Avaliar a resistência "in situ" de acordo com a EN13791, secção 9. A resistência "in situ" satisfaz os critérios da cláusula 9 ?
Sim
Não Avaliar as implicações estruturais
Não
É necessário atribuir responsabilidade entre o contratante e o fornecedor do betão?
Determinar o excesso de vazios. Determinar o efeito de outros factores associados ao betão, por exemplo: adição de água não prevista; segregação da mistura; perda de finos; etc.
A análise destes factores é suficiente para a atribuição da responsabilidade? Sim
Não Determinar a resistência potencial
Avaliar as implicações na durabilidade
Determinar as acções que precisam de ser tomadas
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De acordo com a NP EN 13791 “os factores que influenciam a resistência das carotes podem ser classificados em categorias conforme a sua influência está ligada a uma propriedade do betão ou é provocada por uma variável de ensaio. A resistência de uma carote é influenciada pela história da conservação da estrutura e pela idade do betão quando da extracção da carote. Certos factores de influência devem ser tidos em conta quando da avaliação dos resultados de ensaio. Alguns outros factores podem ter que ser considerados enquanto outros são geralmente ignorados.” Assim, socorrendo-nos nomeadamente das normas NP EN 13791, BS 6089:2010 Guia de aplicação da norma BS EN 13791 e da BS EN 125041:2009 National Annex NA (informative) Guidance on the use of BS EN 12504-1, vamos quantificar alguns destes factores. 3.1 Teor de água De acordo com a NP EN 13791 A2.1 “O teor de água da carote influencia a resistência medida. Assim, a resistência duma carote saturada de água é cerca de 10% a 15% inferior à duma carote seca ao ar, cujo teor de água é geralmente compreendido entre 8% a 12%.” A NP EN 13791 refere em D.4 que as condições de humidade deverão ser tidas em conta. Nos casos onde a estrutura ou o elemento prefabricado de betão está húmido, as carotes deverão ser ensaiadas saturadas, de forma semelhante se, a estrutura ou elemento prefabricado de betão está seco, as carotes deverão ser ensaiadas secas, as carotes devem ser expostas ao ambiente do laboratório durante pelo menos 3 dias antes do ensaio. De acordo com a NP EN 12504-1se for requerido ensaiar o provete em condições saturadas, deve-se mergulhá-lo em água a 20ºC ± 2ºC, pelo menos durante 40 horas antes do ensaio. Em conclusão pode-se referir que é requisito da NP EN 13791, 7.1 que as carotes devem ser expostas ao ambiente do laboratório durante pelo menos 3 dias antes do ensaio, salvo se tal não for possível. O ensaio de carotes à compressão imediatamente após a cura em água é considerado um desvio ao método de ensaio normalizado e deve ser indicada no relatório de ensaio, como refere a NP EN 13791 cláusula 10. f).
Técnica
3.2 Porosidade A porosidade do betão é a sua propriedade de apresentar poros ou vazios. É considerada a relação entre o volume de vazios e o volume total aparente. Nesta análise das carotes tem mais interesse em medir-se o excesso de vazios em relação a determinada referência. Podemos considerar o excesso de vazios como a diferença entre a porosidade medida nas carotes e a porosidade medida num provete de ensaio normalizado de betão. O betão totalmente compactado, por exemplo, num provete de ensaio correctamente executado, terá sempre algum ar aprisionado, em geral de aproximadamente 0,5% de vazios. Ou seja, o excesso de vazios de uma carote é a quantidade de vazios que excedem o valor do volume de vazios existentes num provete cúbico do mesmo betão, bem moldado e compactado (nível de “vazios potencial”). Uma vez que o nível de “vazios potencial” nunca é conhecido, em situações práticas, quando necessário o seu valor é assumido como 0,5%. Na estrutura, a compactação é tal que a porosidade do betão é superior à medida nos provetes de ensaio. Este valor da porosidade relativo ao excesso de vazios, de modo geral, reduz a resistência à compressão do carote de betão em relação a um provete de ensaio totalmente compactado. A NP EN 13791 A2.2 refere “Um aumento da porosidade diminui a resistência. Aproximadamente 1 % de vazios decresce a resistência cerca de 5 % a 8 %.” O excesso de vazios no intervalo de 0,5% a 2,5% deve ser considerado normal. A correcção da resistência à compressão devido ao excesso de vazios só é necessário quando estimamos a resistência potencial. De acordo com a BS 6089 A.3 Corrections of excess voidage a estimativa da resistência do cubo "in situ", se tiver sido devidamente compactado, é calculada da seguinte fórmula:
3.2.1 Método visual O excesso de vazios pode ser estimado por comparação com o número e dimensões dos poros expostos na superfície de corte da carote, com fotografias padrão correspondentes a diferentes percentagens de excesso de vazios conforme definido pela BS EN 12504-1 NA.4 (identifica a percentagem do excesso de vazios com recurso a fotografias padrão). A comparação deve ser feita por dois observadores e usando uma fonte de iluminação que permita que as sombras façam sobressair os poros expostos na superfície da carote. Procedimento: 1 – cortar uma abertura numa cartolina de 125 x 80 mm; 2 – colocar a cartolina sobre a carote com elásticos (ver Figura 1); 3 – comparar com as fotografias padrão; 4 – mover a cartolina para outras áreas de modo que a análise seja representativa; 5 – registar a média das observações individuais respeitantes aos dois observadores para o múltiplo mais próximo de 0,5%. Os valores apresentados na Tabela 1 são valores médios de acordo com a BS 6089 A.3 para os factores multiplicativos para a estimativa do excesso de vazios determinado de acordo com a BS 12504-1. Tabela 1. Factor de correcção para a resistência de um cubo "in situ", Kv Estimativa do excesso de vazios
Factor de correcção para a resistência de um cubo "in situ" (Kv)
0,0
1,00
0,5
1,03
1,0
1,06
1,5
1,09
2,0
1,12
2,5
1,15
Um excesso de vazios superior a 2,5% indica que o betão não foi bem compactado. O excesso de vazios não é fácil de determinar com exactidão. Recomendam-se os dois métodos seguintes para estimar o seu valor: método visual e a partir dos ensaios de massa volúmica.
Figura 1.
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Técnica
3.2.2 Método a partir da massa volúmica Este método é descrito pelo Concrete Society Technical Report n.º 11. Este método é objectivo, mas depende da exactidão com que a massa volúmica potencial do betão é estabelecida e do grau de saturação dos vazios.
onde: Dp – massa volúmica potencial, em kg/m3; Da – massa volúmica real do carote saturado de água, em kg/m3; K – fracção de vazios do carote resultante da compactação imperfeita e cheios de água quando se calcula Da. O valor K assume-se como sendo 0,5 a não ser que se acorde noutro valor por qualquer motivo.
Nota: A massa volúmica do betão endurecido pode ser determinada através do procedimento da NP EN 12390-7.
Este método tem como inconveniente, o facto de que se a massa volúmica do provete for baixa devido à adição de água, no local sob a responsabilidade do utilizador, os provetes de ensaio terão uma massa volúmica inferior à da massa volúmica real da mistura e conduzir a um valor mais baixo do excesso de vazios. Esta situação poderá dificultar a atribuição de responsabilidades, se aplicável. 3.3 Direcção relativa da betonagem A NP EN 13791-A.2.3 refere que “A resistência medida de uma carote, cortada verticalmente na direcção da betonagem, depende da estabilidade do betão fresco, sendo maior do que se for extraída horizontalmente no mesmo betão. A diferença é tipicamente entre 0 % a 8 %.” A mesma norma em 7.1 diz que em geral, o resultado da carote não deverá ser modificado para ter em conta a direcção da carotagem, a menos que requerido pelas especificações de projecto ou por disposições válidas no local de utilização.
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De acordo com o Concrete Society Technical Report n.º 11, a resistência à compressão de uma carote extraída na direcção ortogonal à de colocação do betão deve ser majorada de 1,08. Este documento conclui que a resistência do provete de betão extraído na perpendicular à direcção de betonagem é 8% menor que a do provete normalizado onde a moldagem e a aplicação da força no ensaio têm a mesma direcção. 3.4 Razão comprimento/diâmetro O diâmetro da carote influencia a resistência medida e a variabilidade da resistência. A resistência duma carote extraída horizontalmente com 100 mm de diâmetro (d) e um comprimento (l) com (λ = l/d = 1) corresponde à resistência de um cubo de lado igual a 150 mm. A razão comprimento/diâmetro (λ) duma carote influencia a resistência medida. A resistência diminui para λ > 1 e aumenta para λ < 1. Isto resulta principalmente da restrição introduzida pelos pratos das máquinas de ensaio. Para a BS EN 12504-1 NA.3 para se determinar a resistência à compressão "in situ" de um cubo, deve-se ajustar o valor de acordo com a relação comprimento / diâmetro. O factor de correcção (Kis,cubo) é válido para carotes com um valor λ entre 1,0 e 1,2, para a resistência real de um cubo.
Não existindo necessidade de corrigir a tensão de rotura à compressão devido à existência de varões de aço na carote ensaiado, a tensão de rotura real estimada do betão é dada por:
onde, fis,cubo = resistência real estimada para um cubo de controlo, em MPa; σtarolo = resistência à compressão da carote, em MPa. Para λ = 1, verificamos que o valor estimado para a resistência real de um cubo é igual à da carote ensaiada.
Técnica
3.5 Armadura As carotes utilizadas para medir a resistência do betão não deverão conter armaduras. Quando tal não puder ser evitado, deve ser expectável que ocorra uma redução da resistência medida no caso duma carote contendo armadura (não situada axialmente). As carotes com armaduras paralelas à aplicação da força (ou próximo dele) não são adequadas para ensaios de resistência. Para a BS EN 12504-1 NA.3 as carotes devem ser sempre que possível ensaiadas sem armadura. Quando não se consegue ensaiar as carotes sem varões, pressupõe-se que a existência dos mesmos origina uma redução na resistência do provete. Assim, quando existe armadura nas carotes multiplica-se a tensão de rotura real estimada à compressão pelo seguinte factor: para um varão:
para mais que um varão:
onde (ver Esquema 2), dvarão – diâmetro do varão; dcarote – diâmetro da carote (diâmetro médio de acordo com a norma NP EN 12504-1); l – distância do eixo do varão à face de compressão mais próxima; L – comprimento da carote depois de cortada e rectificada.
Nota: para dois varões cuja distância entre eles no seu ponto mais próximo não seja superior ao diâmetro do maior deles, só se considera o varão com maior diâmetro.
A correcção da resistência "in situ" de um cubo (fis corr, ) é calculada pela aplicação das correcções dadas anteriormente para a resistência real da carote.
cube
Este valor pode ser utilizado para avaliar a integridade estrutural e não serem necessárias correcções complementares. Ao registar a resistência, tanto o resultado do ensaio real como o do valor corrigido devem ser registados. Nos elementos estruturais de grande altura os materiais constituintes do betão mais leves, o ar e a água, têm tendência a subirem para o topo (segregação), reduzindo a resistência potencial nesse local, por exemplo o topo dos pilares, ou na superfície das lajes e vigas (devido à exsudação). Segundo o ACI 214.4R o betão no topo dos pilares pode ter uma resistência à compressão 15% inferior relativamente à que apresenta no primeiro terço. A BS EN 12504-1 recomenda que os locais de ensaio devem ser tais que a carote daí extraída e submetida a ensaio não contenha: • betão a partir de uma distância de 50 mm de qualquer superfície betonada; • betão entre 50 mm ou 20% do topo do elemento betonado, o que for maior, nas secções quando a altura do elemento estrutural é inferior a 1,5 m; • betão de 300 mm do topo do elemento estrutural, quando a altura da peça é igual ou superior a 1,5 m.
dvarão
L
d
50mm / 0,2d
dcarote Esquema 2. Medição de varão de aço relativamente à face de compressão.
Esquema 3. Espessura da camada (d) menor que 1,5m (ex. laje)
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Técnica
300mm
Vejam-se alguns dos requisitos da NPEN 13791para a avaliação por carotes: NP EN 13791 secção 7.3.2 Abordagem A A estimativa da resistência à compressão "in situ" característica da zona de ensaio é o mais baixo valor de:
1,5m
d
fck,is = fm(n),is – 1,48xs ou fck,is = fis, mais baixo + 4 NP EN 13791 secção 9. Avaliação no caso da conformidade do betão ser baseada em ensaios normalizados postos em causa
50mm
50mm
Esquema 4. Espessura da camada (d) maior que 1,5m (ex. pilar, viga ou parede)
3.6 Efeito da extracção Mesmo com recurso a técnicos qualificados e equipamentos adequados o processo de extracção pode originar microfissuras no processo de corte que podem ter incidência nos resultados obtidos ao se proceder ao seu ensaio de compressão. De acordo com a NP EN 12504-1 para a linearidade, a tolerância da linha geradora das carotes deve ser 3 % do diâmetro médio da carote. Este requisito não impede que na extracção se originem microfissuras no processo de corte do betão no decorrer da extracção. O ACI 214 4R, na tabela 8-1 indica o valor de 1,06 para majoração da resistência à compressão das carotes, devido aos danos causados na extracção. A Concrete Society considera uma redução de 5% a 7% na resistência, correspondendo a um factor de correcção médio da ordem de 1,06 equivalente ao proposto pelo ACI. 3.7 Avaliação do resultado individual de uma carote dentro de um grupo Os procedimentos da NP EN 13791 aplicam-se para: fm(n), is – a média dos resultados de n ensaios da resistência à compressão "in situ"; fis, menor – menor resultado do ensaio da resistência à compressão "in situ".
20 Betão n.30 Julho 2013
Para 15 ou mais carotes: fm(n),is ≥ 0,85 x ( fck + 1,48 x s) e fis, mais baixo ≥ 0,85 x ( fck - 4) Para menos de 15 carotes. fis, mais baixo ≥ 0,85 x ( fck - 4) Está implícito que esse menor resultado da carote é um resultado válido, mas a norma NP EN 13791 não fornece nenhuma orientação sobre a forma como validar esse resultado. Uma forma de validar o mais baixo resultado do ensaio de resistência à compressão é através da metodologia descrita na BS6089 secção 6.1: da fórmula do Concrete Society Technical Technical Report n.º 11
onde X – média dos resultados das carotes, não considerando o valor mais baixo das carotes ensaiadas; x – resultado mais baixo das carotes ensaiadas; n – número de carotes ensaiadas. a expressão anterior resolvida para uma relação simples, vem
Técnica
Assume-se uma população com desvio padrão de 6% para o valor médio das outras carotes. O valor t é baseado para (n-2) graus de liberdade.
3.8 Abordagem alternativa para a avaliação da resistência à compressão in situ característica por ensaios em carotes, NP EN 13791 secção 7.
Calcula-se a relação seguinte
De acordo com o número de carotes ensaiadas a norma NP EN 13791 apresenta duas metodologias, para a estimativa da avaliação da resistência "in situ" característica. A abordagem A baseada na análise de 15 ou mais carotes e a abordagem B quando o número de carotes é entre 3 e 14. Este documento refere em 7.3.1 “A aplicação das duas abordagens na avaliação da resistência do betão nas estruturas existentes, acerca das quais não há informação anterior, pode ser definida no local de utilização.” A EN 13791 permite que um organismo nacional de normalização possa definir uma abordagem alternativa para estruturas existentes sobre o qual não há conhecimento prévio. Neste sentido a norma BS6089 apresenta uma alternativa a estas duas abordagens, aplicável no Reino Unido. O procedimento seguido é o que a seguir se descreve.
Se o valor de Rt exceder o valor indicado na Tabela 2 o resultado da resistência à compressão da carote deve ser tratado como suspeito (Coluna 1) ou eliminado (Coluna 2). Se Rt for maior do que o valor correspondente da Coluna 1, o resultado é provavelmente diferente dos restantes, e deverá ser rejeitado, por exemplo, se a carote possuir armaduras, excesso de vazios ou outros defeitos e se a localização não tiver sido adequada no que respeita à profundidade da última camada betonada. Se Rt for maior do que o valor respectivo da Coluna 2 o resultado deverá ser rejeitado, independentemente de qualquer consideração. Estes valores não entram na determinação da estimativa da resistência potencial.
Após a validação dos resultados das carotes conforme descrito no ponto 3.7 calcula-se a resistência média, fm(n),is, e o desvio padrão da amostra, s. A resistência à compressão "in situ" característica, fck,is, deverá ser calculada a partir de: fck,is = fm(n),is –t0,05.s, em que t0,05 é obtido a partir de Tabela 3.
Tabela 2. Verificação da validação do resultado mais baixo de uma carote Tabela 3 – valores de t0,05 para determinação da resistência
N.º de carotes
Coluna 1- Relação (Rt) da qual o menor resultado deverá ser tratado como suspeito
Coluna 2- Relação (Rt) da qual o menor resultado deverá ser rejeitado (1)
4
0,202
0,298
n
t0,05
n
t0,05
5
0,158
0,213
3
2,92
15
1,76
6
0,140
0,182
4
2,35
17
1,75
5
2,13
19
1,73
6
2,02
21
1,72
7
1,94
26
1,71
31
1,70
à compressão "in situ" característica baseada em (n-1) graus de liberdade
7
0,131
0,167
8
0,125
0,157
9
0,121
0,150
8
1,89
10
0,118
0,146
9
1,86
61
1,67
11
0,115
0,142
10
1,83
121
1,66
12
0,114
0,140
11
1,81
>121
1,64
13
1,78
13
0,112
0,137
14
0,111
0,136
15
0,110
0,134
16
0,109
0,133
(1) Rejeitado pelo cálculo da resistência média, mas o resultado continua a ser válido, por exemplo, porque representa uma zona mal compactada.
Se o valor calculado é baseado numa grande quantidade de ensaios de carotes, o valor é apropriado para os cálculos estruturais desde que não seja maior do que fis, mais baixo + 4. Se for maior que fis, mais baixo + 4, o valor mais baixo deve ser considerado o valor da resistência à compressão "in situ" característica.
Julho 2013 Betão n.30 21
Técnica
De salientar que a norma NP EN 13791relativamente à abordagem B recomenda que a mesma não deva ser utilizada em caso de litígio sobre a qualidade do betão. A razão de se remeter a caracterização do betão para a secção 9. Avaliação no caso da conformidade do betão ser baseada em ensaios normalizados postos em causa é a de existir uma elevada probabilidade de se considerar o betão como não conforme, quando na realidade o betão está em conformidade. 3.9 A avaliação do ACI 318 O ACI 318 secção 5.6.5.4 refere que o betão representado pelos carotes ensaiados à compressão deve ser considerado estruturalmente conforme se a média de pelo menos três carotes, corrigidos para l/d (comprimento/diâmetro) de acordo com a ASTM C42, é de pelo menos 85% da resistência característica à compressão e se nenhum dos resultados é inferior a 75% da resistência característica à compressão*. São permitidos ensaios de resistência à compressão de carotes adicionais extraídos de locais representados por resultados irregulares (resultados claramente diferentes dos restantes que podem ser justificados por uma razão fisicamente válida que não tem qualquer influência relativa à adequação da estrutura de betão em causa). Para a adequação da estrutura, a ACI 318 refere que o requisito de resistência à compressão através de carotes precisa apenas ser satisfeita na idade em que a estrutura estará sujeita às cargas de projecto. * De um modo geral esperar resultados dos ensaios à compressão dos carotes iguais à resistência característica à compressão não é realista, uma vez que é diferente: o tamanho dos provetes; as condições de execução dos provetes e os procedimentos associados à cura, não permitem obter valores iguais.
3.10 Situações de projecto – coeficiente se segurança Não obstante a importância da resistência potencial, é a resistência à compressão "in situ" característica que assume extrema importância na avaliação da segurança e desempenho da estrutura em análise. De acordo com o Eurocódigo 2, NP EN 1992-1-1 em 2.4.2.4 Coeficientes parciais relativos aos materiais o coeficiente para o betão para situações de projecto persistentes e transitórias é γc = 1,5. Logo, o valor de cálculo da resistência do betão à compressão fcd obtém-se dividindo a resistência característica fck pelo coeficiente de segurança γc = 1,5.
Ao obtermos a resistência directamente da estrutura e não de provetes normalizados, o Eurocódigo 2, no seu Anexo A (tem carácter informativo – ver condições de aplicabilidade) A.2.3 Redução baseada na avaliação 22 Betão n.30 Julho 2013
da resistência do betão na estrutura acabada permite reduzir o factor de minoração da resistência do betão. De acordo com esta norma “para os valores da resistência do betão medidos em ensaios numa estrutura ou num elemento acabados (ver EN 13791, EN 206-1 e normas dos produtos aplicáveis), γc poderá ser reduzido através de um factor de conversão η. Nota: O valor de η a utilizar num determinado país poderá ser indicado no respectivo Anexo Nacional. O valor recomendado é 0,85.
O valor de γC ao qual esta redução se aplica poderá já ter sido reduzido de acordo com A.2.1 ou A.2.2. No entanto, o valor resultante do coeficiente parcial não deverá ser inferior a γc,red4. Nota: O valor de γC,red4a utilizar num determinado país poderá ser indicado no respectivo Anexo Nacional. O valor recomendado é 1,3.”
Desta forma se a avaliação da resistência do betão for determinada directamente da estrutura estima-se para a resistência do betão da estrutura, na idade i: f c,i = 0,85 x 1,3 f c,ext,i = 1.10 x f c,ext,i em que: f c,i é a resistência do betão da estrutura, na idade i f c,ext,i é a resistência das carotes extraídas, na idade i. A NP EN 1990-1-1 refere no Anexo nacional NA que “ O Anexo A, embora mantendo o carácter informativo, só pode aplicar-se em Portugal se se tiver em conta o disposto na alínea a) desta secção. a) Utilização do Anexo A Para que seja possível aplicar as reduções preconizadas no Anexo A é necessário que esteja garantida a adopção de uma classe de fiabilidade 3, conforme descrito na NP EN 1990:2009 – “Eurocódigo – Bases para o projecto de estruturas”, e de uma classe de inspecção 3, conforme descrito na NP ENV 13670-1:2007 –“Execução de estruturas em betão – Parte 1: Regras gerais”. Para além disto, a redução dos coeficientes só poderá ser feita com a concordância do dono de obra.”. 4. Considerações finais Pelo exposto neste artigo verifica-se que a determinação da tensão de rotura potencial, por exemplo, é afectada por vários factores não quantificáveis pelas nor-
Técnica
mas portuguesas. A elaboração de um Anexo Nacional à norma NP EN 13791, a exemplo do que foi feito no Reino Unido com a norma BS6089, torna-se fundamental. A necessidade de se unificarem os critérios adstritos a esta temática deve contribuir para que a avaliação da resistência da estrutura com recurso aos ensaios de carotes seja consensual e da concordância das diferentes partes envolvidas, incluindo a dos técnicos que elaborem os relatórios de caracterização.
Bibliografia mais relevante [1] BS6089:2012 – Assessment on in-situ compressive strength in structures and precast concrete components – Complementary guidance to that given in BS EN 13791. [2] ACI214.4R-10 Guide for Obtaining Cores and Interpreting Compressive Strength Results [3] ACI 318-11 – Building Code Requirements for Structural Concrete and Commentary Building Code Requirements for Structural Concrete and Commentary [4] BS EN 12504-1: 2009 Testing concrete in structures. Part 1: Core specimens – Taking examining and testing in compression [5] BS EN 13791: 2007 – Assessment on in-situ compressive strength in structures and precast concrete components. [6] The Concrete Society Project Report 3: 2004 – "in situ" concrete strength. [7] Concrete Society Technical Report (CSTR) n.º 11: 1976 – Concrete core testing for strength NP EN 1992-1-1: 2010 Eurocódigo 2. Projecto de estruturas de betão. Parte 1-1: Regras gerais e regras para edifícios.
Julho 2013 Betão n.30 23
Obra
A Ponte sobre o rio Ocreza Eng.o Carlos Graça, Mota-Engil Engenharia Eng.a Fernanda Moreira, Mota-Engil Engenharia
1. Descrição e Enquadramento da Obra A Subconcessão do Pinhal Interior foi adjudicada à Ascendi em 2010 e constitui um dos maiores projectos rodoviários desenvolvidos nos últimos anos em Portugal. Com uma extensão total de 520 km, inclui 89,40 km de construção nova em perfil de Auto-Estrada, 59,90 km de construção nova em perfil de Itinerário Principal/ Complementar ou Estrada Nacional, 13,50 km de alargamentos, 185 km de manutenção e 171,70 km de beneficiação. Construída por um grupo de empresas nas quais a Mota-Engil Engenharia possui 53,52% de participação, a empreitada inclui a concepção, projecto, construção, financiamento, exploração e conservação por um período de 30 anos sendo os seus principais eixos a A13/IC3 que liga Tomar a Coimbra e o IC8 ligando Pombal (A17/A1) a Vila Velha de Ródão (A23). É neste ultimo eixo que se encontra inserida a Ponte sobre o rio Ocreza, mais propriamente no lanço IC8 – Proença-a-Nova/Perdigão (A23), que tem origem imediatamente após o Nó Nascente de Proença-a-
24 Betão n.30 Julho 2012
-Nova e final no Nó de Perdigão da A23 (IP2), denominado de Lote7. O Lote 7 foi incluído no 5.º Grupo da SPI – Lanços objecto de “Concepção, Projecto, Construção, Conservação e Exploração sem cobrança de portagem”, com outros 5 lanços. Por conseguinte, este lanço foi construído de raiz. Na zona de implantação da obra, o rio Ocreza desenvolve-se num vale muito cavado e com um desnível significativo. A rasante encontra-se a cerca de 95 m do leito menor. A inclinação pronunciada das margens, nomeadamente da margem Poente, e a presença daquele importante condicionamento hidráulico, conduziu à adopção de uma solução estrutural e disposição dos vãos que permitiram a execução de pilares e fundações afastadas daquela linha de água. Para a situação do leito menor, com uma largura de cerca de 50 m, o pilar P1, que é o mais próximo, encontra-se afastado da margem do Rio cerca de 40 m e está a uma cota mais elevada de cerca de 25 m. No caso do pilar P2, cuja fundação também se encontra a uma cota mais elevada, aquele afastamento é, aproximadamente, de 100 m.
Obra
Esta obra está localizada dentro da albufeira da barragem de Pracana e terá a montante a futura barragem do Alvito. A Ponte sobre o Rio Ocreza desenvolve-se desde o km 11,850 ao km 12,270, resultando um comprimento total de 420,00 m. A plataforma transversal do tabuleiro é constituída por uma faixa de rodagem obtida directamente do perfil transversal da estrada, acrescido dos passeios, resultando numa largura total de 15,30 m. Esta plataforma rodoviária, compõe-se do seguinte: • Faixas de rodagem – 2 x 3,75 m • Berma direita – 2,50 m • Berma esquerda – 2,50 m • Passeios, incluindo cornijas e guardas – 2 x 1,40 m Em perfil longitudinal a obra insere-se, em geral, numa curva circular côncava com raio de 5.500 m. Em planta a obra apresenta um traçado recto. O tabuleiro tem uma inclinação constante de 2.5% para cada um dos lados, relativamente ao eixo da directriz. Esta obra teve o certificado de início a 3 de Junho de 2011 e foi aberta ao trânsito a 30 de Novembro de 2012, tendo sido executada em 18 meses. 2. Solução Construtiva
quentemente, os trabalhos para a execução das suas fundações, assim como o número de frentes de trabalho. Esta optimização permitiu igualmente eliminar a necessidade de efectuar a rotação de um dos dois pares de carros de avanço, previstos para a execução desta obra de arte. Com o decorrer da obra, veio a confirmar-se que foi essencial para cumprimento do programa de trabalhos, a eliminação desta actividade.
A solução adoptada para a construção da Ponte teve por base a necessidade de maximizar o afastamento entre pilares, tendo em conta a acentuada pendente das margens, que conduz a dificuldades acrescidas na realização da escavação e execução das fundações e dos próprios pilares. Assim, minimizaram-se os apoios da Ponte, nomeadamente com a utilização de apenas 2 pilares centrais. A metodologia construtiva mais apropriada para este tipo de vãos, de grande comprimento, baseia-se na execução do tabuleiro em caixão, de altura variável, por avanços sucessivos. Estes desenvolveram-se em consola, a partir dos pilares, num total de 22 aduelas para cada lado dos pilares designados por P1 e P2. Com um vão central de 190 metros e vãos laterais de 110 e 120 metros, chegou-se ao comprimento total de 420 metros, entre eixos dos apoios situados nos encontros. Partindo de um ante-projecto que previa a execução de 3 pilares, foi possível através da coordenação entre a produção da Mota-Engil e o Projectista, optimizar a estrutura, reduzindo o número de pilares e conse-
2.1. Tabuleiro O tabuleiro em betão armado pré-esforçado, apresenta uma secção em caixão, com altura variável entre 11,20 metros sobre os pilares P1 e P2 e 4,25 metros no meio do vão central e junto dos encontros. A laje/banzo superior tem espessura variável no sentido transversal, apresentando na zona central, entre almas, uma espessura igual a 0,30 m. As consolas têm uma espessura de 0,25 m a 0,60 m. Sobre as almas foram previstos esquadros para acomodar o pré-esforço longitudinal superior. A laje/banzo inferior tem uma espessura variável ao longo do desenvolvimento do tabuleiro, apresentando 1,90 m sobre os pilares e 0,25 m na secção mais afastada. Contém igualmente esquadros de ambos os lados, junto das almas, com 0,60 m de espessura para acomodar os cabos inferiores de continuidade. As almas, com uma ligeira inclinação, têm espessuras variáveis ao longo do desenvolvimento do tabuleiro, nomeadamente 0,65 m, 0,55 m e 0,45 m. A espessura das almas do tabuleiro na zona entre os diafragmas, sobre os pilares, é de 1,00 m.
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Obra
A continuidade do tabuleiro foi assegurada através dos cabos de pré-esforço aplicados sobre os pilares (cabos rectos superiores), colocados à medida que iam sendo executadas as sucessivas aduelas, e na zona de vão (cabos inferiores no tramo central e tramos laterais). As aduelas foram executadas com comprimentos variáveis, de 3,35 m (junto do pilar), 3,50 m, 4,0 m e 5,0m, tendo a aduela de fecho do tramo central um comprimento de 3,60 m. A aduela de arranque (aduela 0) tem 9,0 m de desenvolvimento. Estes comprimentos foram definidos em fase de projecto, face ao equipamento (carros de avanço) previsto utilizar nesta obra. Neste caso foram carros de 200T, propriedade da Mota-Engil. Para garantir eventuais intervenções futuras de reforço na Ponte, foram ainda previstos septos de desvio no interior do caixão, para instalação de pré-esforço exterior, com espessuras de 1,0 m. Na fase construtiva do tabuleiro, com a estrutura executada a partir de cada um dos pilares, em “T”, foi utilizado um sistema de atirantamento exterior, concretizado através de cabos de equilíbrio ou de pré-esforço vertical à sapata (solução tradicional em “V”), sendo desactivado após execução dos fechos do tabuleiro. Os fechos do tabuleiro, junto aos encontros, foram efectuados com recurso a cimbre ao solo, com comprimentos de 11,80 m junto ao E1 e 21,80 m junto ao E2. O fecho central foi executado com recurso a um dos carros de avanço. A ligação do tabuleiro aos pilares é feita monoliticamente.
26 Betão n.30 Julho 2012
2.2. Pilares: Devido ao vale profundo foi necessário considerar pilares com uma altura elevada. O Pilar P1 eleva-se até aos 63,5 m de altura e o Pilar P2 apresenta 44,5 m de altura. Face à elevada altura dos pilares, foram previstos dois diafragmas/nervuras no pilar P1, afastados a terços da altura e um, no caso do pilar P2, a meia altura. No topo dos pilares, foi executado um maciço com 2,0 m de espessura, na zona de interligação ao tabuleiro. Os fustes dos pilares têm uma secção rectangular, oca, com 6,5 m x 8,5 m, nervurada nos cantos. Por questões construtivas, optou-se por uma secção constante em altura, o que facilitou a utilização do método de cofragem deslizante, técnica tão bem dominada e utilizada há várias décadas pela Mota-Engil. O deslize do primeiro pilar (P2) teve início no dia 28-11-11 e conclusão no dia 07-12-11, tendo-se conseguido um rendimento médio de 4,5 metros por dia. O pilar P1 teve início no dia 03-01-12 e conclusão no dia 17-01-12, tendo-se conseguido um rendimento médio de 4,3 metros por dia. 2.3. Fundações e Encontros: A solução estrutural adoptada para as fundações, quer dos pilares, quer dos encontros, foi do tipo directa. No caso dos pilares, as sapatas apresentam uma dimensão em planta de 18,0 m x 16,0 m, com secção variável e decrescente, a partir dos 2,0 m de espessura, terminando com a secção igual à do fuste dos pilares, num total de 5,5 m de espessura.
Obra
Os encontros E1 e E2 são do tipo perdido, constituídos por sapatas, gigantes, viga estribo e muros ala. O tabuleiro tem livre dilatação em ambos os encontros, onde se encontram instalados os aparelhos de apoio e batentes.
4. Quantidades Relevantes: Ponte sobre o rio Ocreza Comprimento Tabuleiro (m)
420
Área Tabuleiro (m2)
3. Betões Na Ponte sobre o Rio Ocreza, o fornecimento de Betão Pronto foi assegurado pela central de produção certificada de Proença, tendo sido incorporados 15.317 m3 de Betão, distribuídos por quatro classes de resistência, especificados de acordo com a informação seguinte, em referência a Norma NP EN 206-1: • Fundações: C30/37 XC4(P) Cl0,40 D22 S3 e C35/45 XC4(P) Cl0,40 D22 S3 • Elevação dos Encontros: C30/37 XC4(P) Cl0,40 D22 S3 • Elevação dos Pilares: C40/50 XC4(P) Cl0,40 D22 S3 • Tabuleiros: C50/60 XC4(P) Cl0,20 D22 S4 As betonagens do tabuleiro decorreram entre Abril e Outubro de 2012. Nos pilares foi utilizada uma composição com cinzas e no tabuleiro foram utilizadas 2 composições, uma com cinzas e outra sem cinzas. Foi definido em projecto de pré-esforço o patamar dos 42 MPa para a aplicação do pré-esforço, e com o betão utilizado, logrou-se obter tais resistências às 14 horas. Foram realizados no LNEC ensaios do módulo de elasticidade para a classe C50/60. Realizou-se também internamente um estudo de maturidade para a composição C50/60, de forma a ser conhecido e devidamente percepcionado o comportamento da curva de resistência nas primeiras horas.
6.426,00
Escavação Fundações (m )
18.279,00
Betão (m )
15.317,00
Cofragem (m2)
26.823,00
Aço (kg)
1.554.947,00
Juntas Dilatação (m)
25
Aparelhos Apoio (un)
4
Pré-Esforço (kg)
538.373,00
Betão Projectado (m3)
239
Pregagens (m)
3.328,00
3
3
5. Conclusões e Agradecimentos Consideramos que a base do sucesso desta empreitada ficou a dever-se ao envolvimento, empenho e dedicação de todos os intervenientes, para os quais, a equipa de obra deixa aqui um especial agradecimento. Apesar de se tratar de uma lista imensa de pessoas e entidades, não podemos deixar de fazer referência e agradecer o envolvimento e colaboração do Professor Júlio Appleton e toda a sua equipa da A2P, em especial o Eng.º José Delgado.
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Técnica
A Utilização de Agregados Finos Reciclados de Resíduos de Construção e Demolição no Fabrico de Betão: Levantamento do estado da arte Luís Evangelista, Assistente, Instituto Superior de Engenharia de Lisboa, Instituto Politécnico de Lisboa Jorge de Brito, Professor Catedrático do Departamento de Engenharia Civil e Arquitectura do Instituto Superior Técnico, Universidade Técnica de Lisboa
Resumo À medida que a utilização de agregados grossos reciclados (AGR) de Resíduos de Construção e Demolição (RCD) se torna uma prática corrente, a investigação incide agora noutras direcções. Uma das mais importantes linhas de investigação actualmente em desenvolvimento está relacionada com a possibilidade de utilizar agregados finos reciclados (AFR) de RCD em substituição (parcial ou total) de areais naturais em betão. Este objectivo serve um propósito ambiental maior, uma vez que combate a depleção de recursos abióticos, nomeadamente ao reduzir a extracção de areia em margens de rio e na costa marítima. As investigações sobre esta matéria foram descontinuadas principalmente porque algumas tentati-
28 Betão n.30 Julho 2013
vas iniciais de utilização destes materiais demonstraram ser demasiado lesivas do desempenho do betão. Neste artigo, faz-se um levantamento exaustivo do actual estado do conhecimento sobre esta matéria, tendo em conta a informação e resultados mais recentes publicados em todo o mundo no que concerne ao comportamento do betão fabricado com agregados finos reciclados, assim como a investigação mais recente efectuada pelos autores do artigo. Pode ser referido com um significativo grau de confiança que o betão feito com agregados finos reciclados é viável para fins estruturais, desde que se considere o efeito das propriedades intrínsecas destes materiais na sua concepção, produção e aplicação.
Técnica
1. Introdução À medida que a população mundial cresce para níveis nunca antes atingidos, as preocupações ambientais inerentes a esse crescimento também crescem. Aliado ao facto de as populações estarem a crescer, existe também o êxodo em massa das populações rurais para os centros urbanos, em particular nos países emergentes, com elevadas taxas demográficas e altas concentrações de habitantes por km2 (Yusuf e Wu, 1997). Para poder acomodar o crescimento das cidades que acolhem estas populações, dá-se um aumento desenfreado da indústria da construção, tornando-se um motor das economias locais. Contudo, um desenvolvimento urbanístico desregrado e mal orientado cria problemas ambientais superiores às soluções que fornece (Ng, 2002) (Grimm et al., 2008). Sabendo-se que a indústria da construção é uma actividade que muito contribui para os desequilíbrios ambientais actuais, é de senso comum estabelecer que é necessário alterar profundamente o paradigma vigente, de forma a, por um lado, reduzir drasticamente o consumo de recursos naturais não renováveis e, por outro, limitar o depósito de resíduos provenientes da construção e demolição (RCD), que ocupam espaço cada vez mais limitado. Uma das formas de melhorar a eficiência ambiental da indústria da construção é promover a reciclagem dos RCD. O uso destes materiais como substitutos de agregados naturais é uma alternativa que se mostra apelativa, considerando o benefício que traz nos dois vectores atrás anunciados. A utilização de agregados reciclados (AR) como substitutos dos agregados naturais para produção de betões tem sido alvo de estudo desde meados do século XX (Hansen, 1986) (Nixon, 1978), tendo sofrido uma intensificação das investigações nas duas últimas décadas desse mesmo século. O desenvolvimento de casos de estudo (Koulouris et al., 2004) (Poon e Chan, 2007) e o crescente interesse comercial por estes materiais (Sagoe-Crentsil et al., 2001) (Tempest et al., 2010) levaram ao crescimento do conhecimento científico sobre a matéria no que diz respeito ao uso de agregados grossos reciclados no betão (AGR) (Katz, 2003) (Poon et al., 2004) (Limbachyia et al., 2007) (Etxeberria et al., 2007) (Gomes e Brito, 2009) (Xiao et al., 2012).
Apesar dos avanços atingidos no estudo de betões com agregados grossos reciclados serem suficientes para se poder dizer com fiabilidade que é possível produzir betões com AGR que possuem características perfeitamente aceitáveis para uma utilização corrente, a utilização da fracção fina destes mesmos AR continua limitada ou banida. Nos relatórios iniciais, os agregados finos reciclados apresentavam características de tal modo prejudiciais que a sua utilização acarretava perdas de desempenho não aceitáveis. Tomaram-se como principais causas para o fraco desempenho dos AFR a baixa densidade das partículas, associada a uma elevada taxa de absorção de água, o elevado teor de contaminantes presentes, bem como a forma mais irregular das partículas, o que dificulta a amassadura. Na recomendação RILEM de 1994, indica-se claramente que o uso de AFR é limitado devido aos conhecimentos insuficientes sobre o desempenho dos betões com eles produzidos. Em consequência disso, a maioria das normas e recomendações vigentes sobre a utilização de AR em betões limita ou mesmo restringe o uso de AFR. No trabalho compilado por Gonçalves (2007), das normas ou especificações nacionais conhecidas, apenas as normas Suíça (2006), Japonesa (2005) e Russa (Roos, 2002) prevêem a utilização até 100% de AFR, se usado para betão não armado (aceitando até 20% de AFR para classes até C30/37), no da Suíça e para classes de resistência até 18 e 15 MPa, no caso do Japão e Rússia, respectivamente. No Brasil (2005), é possível incluir até 100% de AFR, desde que o betão seja não estrutural, enquanto que na Dinamarca (1995) se permite a inclusão até 20% de AFR, com a limitação da resistência máxima em 20 MPa e 40 MPa, casos os AFR sejam provenientes de RCD ou de betão, respectivamente. Na Holanda (1984, 1986, 1994), é possível usar até 100% de AFR caso os agregados grossos sejam naturais (limitando o uso para ambientes não agressivos, como máximas classes de resistência de C20/25 e C40/50, para AFR de RCD ou betão, respectivamente). Nas restantes normas analisadas (Alemanha (2002), Hong-Kong (2002), UK (2002), Portugal (2006) e Espanha (2011)), o uso de AFR é estritamente proibido, seja qual for a sua natureza ou o destino a dar ao betão.
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Técnica
Estudos mais recentes, como os desenvolvidos por Leite (2001), Khatib (2005), Evangelista e Brito (2007, 2010) e Kou e Poon (2009), mostram que é possível produzir betão com agregados finos reciclados sem que com isso se tenha de abdicar de modo significativo do desempenho. Assim, de forma a inverter a tendência de restrição do uso de AFR, é necessário continuar a desenvolver os trabalhos de análise e caracterização dos AFR e dos betões com eles produzidos. Neste artigo, pretende-se apresentar um levantamento do estado da arte acerca do processamento e caracterização dos AFR, bem como da produção e desempenho dos betões com eles produzidos. 2. Produção, tratamento e propriedades dos afr 2.1. Produção e tratamento Normalmente, os AFR são um produto que surge na trituração dos RCD como um subproduto não desejado, contendo elevadas taxas de contaminantes (Angulo, 2000) (Rodrigues, 2011). Bianchini et al. (2005) referem que os AFR podem ser utilizados se esses mesmos contaminantes forem separados na origem dos RCD. Angulo (2005) e Rodrigues et al. (2011) referem que a origem dos RCD e o seu processo de cominuição alteram significativamente a composição dos AFR. Sabendo-se que a qualidade dos AR é dependente do seu processo de fabrico e de tratamento (Nagataki et al., 2000) (Shima et al., 2005), alguns autores têm desenvolvido metodologias para melhorar o desempenho para que mais facilmente se possam utilizar em betões. Alguns estudos para o melhoramento de AGR foram desenvolvidos com sucesso, nomeadamente por aplicação de ultra-sons e imersão em soluções de sílica de fumo (Katz, 2004), por aplicação de agentes de superfície (Tsujino et al., 2007) e por aplicação de nanosílica (Descarrega, 2011), não se conhecendo trabalhos semelhantes aplicados aos AFR. Ulsen (2011) produziu AFR recorrendo a técnicas utilizadas em separação e cominuição de minérios, de modo a os poder melhorar e obteve características mais próximas das dos AFN. Para tal, procedeu a uma trituração terciária, constituída por trituração inicial na central de reciclagem, seguida por trituração por mandíbulas e, finalmente, por trituração efectuada por britador de impacto vertical. Os produtos resultantes dessa trituração foram beneficiados com recurso a técnicas de atrito, para remoção da pasta de cimento, e foram efectuados estudos de separabilidade, quer por densidade, quer por magnetismo, dos AFR. Os resultados obtidos por análises químicas, por MEV, de DRX e FRX mostram que os AFR assim obtidos apresentavam formas mais arredondadas, com menores teores de argamassa aderida.
30 Betão n.30 Julho 2013
2.2. Propriedades dos AFR As propriedades dos AFR têm sido alvo de alguns estudos, apesar de poucas vezes serem tratados separadamente da fracção grossa. Esta escolha não permite, muitas vezes, que se possa estabelecer as respectivas diferenças e a influência distinta que os AFR e AGR introduzem nos betões. Reconhecidamente, uma das características que mais se distingue entre AFN e AFR é a sua densidade. As diferenças advêm da existência de material poroso aderido às partículas de material pétreo (argamassa, cerâmico, estuque, entre outros) que, para além de reduzir a densidade, aumenta também a capacidade de retenção de água. Os resultados obtidos pelos diversos autores variam significativamente, apontando para uma grande dispersão desta grandeza, estando directamente ligada à natureza dos produtos reciclados. Os valores obtidos para as densidades apresentam variações entre 1,89 g/cm3 (Levy e Helene, 2007) e 2,7 g/cm3 (Müeller e Winkler, 1998). A absorção de água apresenta valores entre 4,3% (Müeller e Winkler, 1998) e 13,1% (Evangelista e Brito, 2007), dependendo da natureza dos AFR (de betão (AFRB), de alvenaria (AFRA), ou indiferenciados (AFRI)). No Quadro 1, são apresentados os valores obtidos no levantamento bibliográfico para as densidades das partículas (secas [s], saturadas com a superfície seca [sss], e material impermeável [a]), bem como as absorções de água obtidas (W). Fumoto e Yamada (2002) obtiveram características para AFR de estruturas de betão com idades distintas (0, 45 e 70 anos) muito semelhantes, parecendo indicar que esse factor não é relevante. A análise microscópica dos AFR mostra que as partículas possuem formas mais angulosas do que os AFN (Figuras 1 e 2) (Kikushi et al. 1998). Esta característica será uma das principais razões para a perda de trabalhabilidade, para uma mesma relação a/c efectiva (Evangelista e Brito, 2007). Essa maior angulosidade, associada à existência de poros abertos na superfície dos AFR, aumenta a superfície específica dos AFR, como comprovaram Fumoto e Yamada (2002). Os autores obtiveram superfícies específicas determinadas por BET (Brunauer, Emmett e Teller) até 400% superiores às dos AFN. O aumento de superfície específica será também a causa da perda de eficácia do uso de superplastificantes. Pereira et al. (2012a) notaram uma perda de rendimento nos plastificantes que utilizaram em betões com agregados finos reciclados (BAFR), dando a entender que as cadeias poliméricas possuem maiores áreas de contacto com os AFR, comparativamente aos AFN. Kou (2006) analisou a microestrutura dos AFR por MEV e determinou que esta apresenta fissuras associadas ao processo de fabrico (Figura 3).
Técnica
Quadro 1 – Massa volúmica e absorção de água dos AFR de várias investigações Tipo de AFR
s (g/cm3)
sss (g/cm3)
a (g/cm3)
W (%)
Hansen e Narud (1993)
AFRB
2,28
2,31
-
9,8
Müeller e Winkler* (1998)
AFRI
-
-
2,66
5,5
Kikushi et al. (1998)
AFRB
2,06-2,23
-
-
7,3-10,0
Fumoto e Yamada (2002)
AFRB
1,99-2,18
Katz (2003)
AFRB
2,23
-
-
12,7
Khatib (2005)
AFRB
2,34
-
-
6,2
Lyn et al. (2004)
AFRB
2,25
-
-
11,3
Solyman (2005)
AFRB
2,36
2,48
2,56
8,0
Evangelista e Brito (2007)
AFRB
1,91
2,17
2,56
13,1
Levy (2007)
AFRB
-
2,32
-
10,3
Levy (2007)
AFRA
-
1,89
-
13,0
Kou e Poon (2009)
AFRB
2,34
-
-
11,9
Pereira et al. (2012a)
AFRB
2,01
2,23
2,57
10,9
Autores (s)
8,1-11,4
* Valor médio para 13 amostras de RCD; valor para AFR+AGR
1.
2.
3.
Figura 1. MEV de AFN (Solyman, 2005). Figura 2. MEV de AFR (Solyman, 2005). Figura 3. Fissura presente nos AFR (Kou, 2006).
A análise mineralógica dos AFR, quer por DRX, quer por FRX, apresenta uma dispersão inerente à natureza dos materiais reciclados. Solyman (2005) obteve teores de SiO2 entre 60,1 e 81,1%, estando os valores mais altos associados a AFRB que sofreram duas fases de britagem. As amostras apresentam teores de CaO entre 4,3 e 12,4%, sendo os restantes óxidos com valores residuais. Dada a natureza dos AFR, os teores de SO3 são insignificantes (entre 0,01 e 0,37%), o que demonstra a não existência de sulfatos. No caso de AFRI, os valores de minerais presentes varia significativamente. Rodrigues et al. (2011) obtiveram teores de gesso de AFRI produzidos em centrais de reciclagem Portuguesas entre 0 e 1,2%, enquanto que as restantes fases (quartzo, calcite, muscovite, feldspa-
tos de potássio e de sódio) apresentam dispersões elevadas. Ulsen et al. (2012) determinaram os teores dos principais óxidos presentes nos FRAI sujeitos a melhoramento e obtiveram teores de SiO2 entre 65 e 75%, CaO entre 7 e 11% de Al2O3 e cerca de 2,5% de Fe2O3, mostrando a eficácia do processamento dos AFR. 2.3. Novas metodologias para determinação da absorção de água dos AFR Um dos principais problemas que existem na caracterização de agregados finos, em particular dos AFR, é o da determinação da absorção de água e, consequentemente, das densidades das partículas. As técnicas correntes de ensaio pensadas para os AFN apresen-
Julho 2013 Betão n.30 31
Técnica
tam dificuldades de execução, particularmente devido à presença de fases altamente porosas nas partículas, por vezes com capacidade coesiva. Tam et al. (2008) reportam as principais dificuldades dos ensaios correntes como sendo: a secagem a 105 ± 5 ºC decompõe os produtos, por remoção de água de constituição; o tempo de saturação é muito elevado e variável com o tipo e natureza dos AR. Evangelista e Brito (2008) notaram que os AFRB ensaiados formaram uma argamassa fraca aquando da saturação, dificultando a realização do ensaio. Para tentar resolver estes problemas, têm sido desenvolvidas algumas investigações. Gagnon (2000) desenvolveu um método que permite a determinação rápida em estaleiro das densidades e absorção de água dos AR, utilizando para o efeito um núcleo-densímetro e forno micro-ondas, obtendo resultados fiáveis, com excepção dos AR que possuíssem betume. Leite (2001) desenvolveu um método no qual a absorção de água é obtida pela média dos resultados das absorções do material seco e do material submerso, recorrendo a uma balança hidrostática com leituras contínuas no tempo. A metodologia proposta dá apenas uma absorção aproximada da real, uma vez que não é possível saber a massa hidrostática do material seco. Pi (2009) apresentou um método automático de determinação da densidade e absorção de água de AFR e AGR utilizando um equipamento, denominado SSDetect, que detecta o ponto em que as partículas atingem a condição de saturadas com a superfície seca, por reflexão de raios infravermelhos. Os resultados obtidos pelo autor mostram que a variabilidade das grandezas lidas é substancialmente reduzida e a repetibilidade do ensaio é significativamente melhorada. Rodrigues et al. (2012) propõem um método de determinação da absorção de água em que os ensaios aos agregados são realizados numa solução de hexametafosfato de sódio (Na6P6O18), de modo a evitar a aglomeração de partículas. Os resultados mostram que a utilização deste composto evita a formação de aglomerados, melhorando a fiabilidade do ensaio. Kasemchairisi e Tangtermsirikul (2007) propõem que não seja a absorção de água o parâmetro considerado nas amassaduras, mas sim a água retida, que consiste na soma da água absorvida com a adsorvida nas superfícies dos AFR. De modo a determinar essa grandeza, desenvolveram um método em que os AFR são sujeitos a forças centrífugas que irão libertar a água em excesso, presente entre partículas. Os resul-
32 Betão n.30 Julho 2013
tados obtidos aparentem ter boa fiabilidade, com desvios padrão baixos, o que parece indicar que o método é válido. 3. Técnicas de amassadura dos betões com afr Um problema fundamental no dimensionamento e produção dos BAFR é a necessidade de ter em atenção a sua elevada porosidade, prevendo, para tal, a adição de uma quantidade suplementar de água às amassaduras. A não consideração deste acréscimo de água afectará negativamente o desempenho dos betões (Fumoto e Yamada, 2002, 2006), uma vez que parte da água de amassadura, necessária para hidratação do cimento e para garantir fluidez da pasta, será absorvida pelos AFR. Na hipótese de os AFR estarem saturados, os processos dinâmicos da amassadura poderão provocar a libertação de água para a pasta, aumentando indirectamente a relação a/c. Ferreira et al. (2011) concluíram que os betões produzidos com AGR submetidos a uma pré-molhagem, de modo a ficarem apenas parcialmente saturados, continham interfaces entre pasta e agregado mais homogéneas do que as obtidas para os AGR saturados. Leite (2001) e Evangelista e Brito (2007, 2010) produziram betões efectuando uma pré-molhagem dos AFR, com parte da água de amassadura, antes de introduzirem os restantes materiais na misturadora. Leite analisou a interface entre os AFR e a pasta de cimento e constatou que esta é mais coesa do que nos AFN (Figuras 4 e 5). Kimura et al. (2004) propõem que se melhore a zona de interface entre a pasta e os AR aproveitando o facto de estes serem porosos e introduzindo uma descompressão a vácuo no momento da amassadura, seguida de uma rápida libertação. Os autores conseguiram obter ligações substancialmente melhores entre os AR e a pasta. Tam et al. (2006) propõe um método de produção de betões com AR denominado “Two stage mixing approach”. O método é semelhante ao utilizado por outros autores (Leite, 2001) (Evangelista e Brito, 2007) (Fumoto e Yamada, 2006) diferindo apenas no facto de os AR serem molhados com parte da água e com o cimento, introduzindo-se posteriormente os restantes constituintes. Os resultados apresentados pelos autores mostram bons desempenhos do método (Tam et al,. 2006, 2007) (Tam e Tam, 2007).
Técnica
4.
5.
Figura 4. Interface entre AFN e a pasta (Leite, 2001). Figura 5. Interface entre AFRB e a pasta (Leite, 2001).
4. Propriedades dos betões com afr 4.1. Propriedades mecânicas A avaliação das propriedades mecânicas dos BAFR é fundamental para se poder caracterizar e categorizar estes materiais, para fins estruturais. Devido à presença de partículas mais porosas e frágeis, é de esperar que os BAFR possuam desempenhos inferiores aos betões convencionais. Trabalhos iniciais desenvolvidos por Merlet e Pimienta (1993) apresentaram perdas de resistência à compressão entre 19 e 38% para betões com incorporação total de AFN e AGR. Leite (2001) ensaiou diversas famílias de betões, com diferentes taxas de substituição de AFN por AFRI e diferentes relações a/c. A autora obteve, inesperadamente, ganhos de resistência à compressão de cerca de 10% quando substituiu integralmente os AFN por AFRI. Comportamentos semelhantes foram sentidos na resistência à tracção e módulo de elasticidade (em ambos os casos apenas para relações a/c acima de 0,47), com ganhos até 32% para a resistência à tracção e de cerca de 15% para o módulo de elasticidade. A autora justifica a melhoria de desempenho com a melhor ligação entre os AFR e a nova pasta. Para as relações a/c menores, cujos resultados foram contrários, a autora julga que as amassaduras apresentaram dificuldades de hidratação, em virtude de os AFR consumirem água de amassadura.
Khatib (2005) ensaiou betões com substituição de AFN por AFRB e por AFR de tijolo (AFRT) até 100%. O autor obteve perdas máximas de resistência à compressão de cerca de 30% para os betões com AFRB e obteve resistências à compressão constantes para os betões com AFRT. O autor justifica os segundos resultados com a presença de sílica e alumina reactivas libertadas aquando da trituração dos tijolos. Para o módulo de elasticidade dinâmico, o autor obteve uma perda semelhante para os dois tipos de betão, como reduções até 20%, para as composições com substituição integral. Solyman (2005) estudou diversas famílias de BAFR com AFRB e AFRI obtidos de centrais de reciclagem alemãs. Os resultados obtidos pelo autor mostram que os betões com AFRB possuem resistência à compressão similar à dos betões com AFN, com perdas máxima de 6,5%, para uma substituição integral dos AFN. Para as famílias constituídas por AFRI, o autor obteve perdas até 29%, muito devido à presença de materiais não minerais, como sejam asfaltos. Na análise às composições com diferentes taxas de cimento e relações a/c, o autor não notou tendências distintas, podendo-se afirmar que as variações são semelhantes, indiferentemente do patamar de resistência analisado. A resistência à tracção apresentou perdas até cerca de 20%, indiferentemente do tipo de AFR usado. O módulo de elasticidade baixou, para as taxas de substituição máxima, entre 17 e 25%, dependendo do tipo de AFR usado. Evangelista e Brito (2007) estudaram betões com AFRB e obtiveram resultados análogos aos de Solyman (2005). A resistência à compressão manteve-se praticamente constante (reduções máximas de 8%), com valores próximos de 55 MPa, sendo os resultados justificados pela melhor ligação entre a nova pasta e os AFR e a eventual presença de cimento não hidratado. A resistência à tracção e o módulo de elasticidade apresentaram reduções de 30,5 e 18,5%, respectivamente. Kou e Poon (2009) avaliaram o desempenho de betões auto-compactáveis (BAC) com incorporação de AFRB e constataram que o desempenho não era afectado pela presença de entre 25 a 50% de AFR. De qualquer modo, obtiveram BAC com resistência à compressão da ordem de 64 MPa em betões com substituição integral de AFN por AFR.
Julho 2013 Betão n.30 33
Técnica
Pereira et al. (2012a, 2012b) analisaram o efeito da introdução de superplastificantes em betões com AFR, tendo para isso utilizado um plastificante de desempenho regular e um de alto desempenho. Os resultados obtidos mostram que existe uma perda insignificante de resistência à compressão com a inclusão de AFR no caso dos betões correntes e com superplastificante (interior a 5%), existindo picos de perda de resistência de cerca de 15%, para o plastificante de pior desempenho. Os autores justificam essa diferença com a menor robustez deste último, perdendo eficácia com o aumento da superfície específica dos AFR. Para a resistência à tracção por compressão diametral e para o módulo de elasticidade, os autores obtiveram perdas de desempenho entre 15,6 e 24,3% para a resistência à tracção e entre 20,7 e 33%, para o módulo de elasticidade. Em todas as situações, os autores previram que, com a utilização de pequenas dosagens de plastificante, seria o suficiente para colmatar a perda de desempenho devida à presença dos AFR. 4.2. Durabilidade Merlet e Pimienta (1993) determinaram a retracção de betões com AFRB e constataram que a utilização de superplastificantes, bem como a aplicação de pré-molhagem, melhoram a performance dos betões. Os BAFR atingiram retracções entre 20 e 50% mais altas do que os betões com AFN. Solyman (2005) avaliou a retracção de BAFR e constatou que a retracção medida após 1 ano era 15% superior nos betões com AFRB do que nos betões com AFN. Esse valor subiu para 40% para betões com AFRI. A carbonatação dos BAFR mostrou ser até 17% superior, após 1 ano de ensaio. Uma vez mais, os AFRB mostram resultados mais interessantes, com aumentos de cerca de metade dos anteriormente referidos. Os ensaios de gelo-degelo demonstraram perdas de desempenho entre 60 e 143%, para uma taxa máxima de 70% de substituição de AFN por AFR. Para este ensaio, o autor sugere que não se ultrapasse 30% de substituição. Khatib (2005) determinou a retracção de betões com AFR de betão e de tijolo e constatou que a presença de finos reciclados prejudica o desempenho dos betões, uma vez que todas as amassaduras apresen-
34 Betão n.30 Julho 2013
taram retracções superiores à do betão de controlo. Para os betões com AFRB, a retracção aumentou cerca de 52% face ao betão de referência, aos 90 dias, para 100% de substituição. Os betões com AFRT apresentaram resultados erráticos, não sendo possível tirar conclusões. Evangelista e Brito (2010) testaram a absorção de água por imersão e por capilaridade de betões com AFRB. Os autores obtiveram excelentes correlações entre a taxa de substituição e as absorções analisadas, tendo atingido ganhos de absorção de água de 46 e 70.3%, para a absorção de água por imersão e absorvidade, respectivamente, para os betões com substituição integral de AFN por AFR. No ensaio de penetração de iões cloreto, obteve-se um aumento de cerca de 33% para os betões produzidos apenas com AFR, enquanto que a carbonatação após 21 dias aumentou cerca de 110% para os betões com AFR. Levy e Helene (2007) estudaram o efeito de incorporação de AFRB e AFRA em betões com diferentes patamares de resistência. Para cada patamar, várias taxas de substituição foram analisadas em termos de absorção de água, volume de poros, carbonatação e resistividade eléctrica. Os diversos resultados mostram que, para um mesmo patamar de resistência, as propriedades analisadas foram similares, sendo, em alguns casos, ligeiramente melhores nos BAFR do que nos BAFN. Os autores justificam tal fenómeno com o facto de ser necessário introduzir maiores quantidades de cimento nos BAFR de modo a atingir a mesma resistência. Esse aumento da dosagem de cimento melhora a matriz, provocando os resultados atingidos. Zega e Di Maio (2011) analisaram betões com AFRB em termos de absorção de água sobre pressão, sob imersão e por capilaridade. Complementarmente, determinaram a retracção dos mesmos betões. Os autores constataram que a retracção dos diversos betões (com 0, 20 e 30% de substituição de AFN por AFR) foi semelhante, associando isso ao facto de os AFR terem absorvido água de amassadura e, consequentemente, a relação a/c ter ficado menor. As diferentes absorções de água medidas deram valores semelhantes entre as diferentes famílias, levando os autores a concluir que é possível produzir betões com exigências de durabilidade com taxas de substituição até 30%.
Técnica
5. Conclusões Não obstante o uso de agregados grossos reciclados para produção de betões ser uma prática cada vez mais vulgar, patrocinada ou imposta pelos governos nacionais, a utilização de AFR, seja qual for a sua natureza, continua muito restringida, ou mesmo proibida, em virtude da falta de conhecimentos consolidados nesta matéria. Apesar disso, a crescente procura de recursos naturais, nomeadamente pétreos, está a criar uma pressão ambiental insustentável, pelo que urge alterar o paradigma presente de não permitir o uso de AFR na produção de betões. Os conhecimentos actuais sobre a matéria permitem estabelecer que, se forem consideradas as especificidades deste material, é possível produzir betões com qualidade aceitável, utilizando taxas apreciáveis de substituição.
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Ao nível do processamento dos AR (recolha e produção), podem ser realizadas operações de tratamento e beneficiamento que melhoram a qualidade dos AFR. As características típicas deste material mostram que são mais leves e porosos do que os AFN. A sua natureza mineralógica está directamente ligada com o material original, sendo possível ter AFR que cumprem os requisitos normativos. A caracterização dos AFR tem de ter em atenção a sua maior porosidade e, ao nível da determinação da absorção de água, impõe-se que se atinja uma teoria unificada, dada a dispersão de trabalhos existente. A produção dos betões com AFR não pode ser considerada da mesma forma do que um betão convencional. A presença de agregados mais porosos do que os tradicionais impõe que a absorção de água dos AFR seja considerada para acertos das relações a/c.
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Julho 2013 Betão n.30 35
Técnica
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Técnica
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[60] SOLYMAN M, Classification of recycled sands and their applications as fine aggregates for concrete and bituminous mixtures, PhD Thesis, Fachbereich Bauingenieurwesen der Universität Kassel, Kassel, Germany, 2005, 196p. [61] TAM V, GAO X F, TAM C M, CHAN C H, New approach in measuring water absorption of recycled aggregates, Construction and Building Materials, 2008, Vol. 22, No. 3, pp. 364369. [62] TAM V, GAO X F, TAM C M, Micro-structural analysis of recycled aggregate concrete produced from two-stage mixing approach, Cement & Concrete Research, 2006, Vol. 35, No. 6, pp. 1195-203. [63] TAM V, TAM C M, Assessment of durability of recycled aggregate concrete produced by two-stage mixing approach, Journal Materials Science, 2007, Vol. 42, No. 10, pp. 3592-3602. [64] TAM V, TAM C M, WANG Y, Optimization on proportion for recycled aggregate in concrete using two-stage mixing approach, Construction and Building Materials, 2007, Vol. 21, No. 10, pp. 1928-1939. [65] TEMPEST B, CAVALLINE, T, GERGELY J, WEGGEL D, Construction and demolition waste used as recycled aggregates in concrete: Solutions for increasing the marketability of recycled aggregates concrete, Concrete Sustainability Conference sponsored by the National Ready Mixed Concrete Association (NRMCA), Tempe, USA, 2010, pp. 1-15. [66] TSUJINO M, NOGUSHI T, TAMURA M, KANEMATSU M, MARUYAMA I, Application of conventionally recycled coarse aggregate to concrete by surface modification treatment, Journal of Advanced Concrete Technology, 2007, Vol. 5, No. 1, pp. 13-25. [67] ULSEN C, Caracterização e separabilidade de agregados miúdos produzidos a partir de resíduos de construção e demolição, Tese de Doutoramento em Engenharia Mineral, Escola Politécnica da Universidade de S. Paulo, Brasil, 2011, 184 p. [68] ULSEN C, KAHN G, HAWLITSCHEK G, MASINI E A, ANGULO S, JOHN V M, Production of recycled sand from construction and demolition waste, Construction and Building Materials, 2012, in press. [69] WBTC No.12/2002, Specifications facilitating the use of recycled aggregates, Works Bureau Technical Circular, Hong-Kong, 2002. [70] XIAO J Z, LI W G, POON C S, Recent studies on mechanical properties of recycled aggregate concrete in China – A review, China Technical Science, 2012, No. 55, pp. 14631480. [71] YUSUF S; WU W P, The dynamics of urban growth in three Chinese cities, Oxford Univ. Press, London, 1997, 242 p. [72] ZEGA C, DI MAIO A, Use of recycled fine aggregate in concrete with durable requirements, Waste Management, 2011, Vol. 31, No. 11, pp. 2336-2340.
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Notícias
Aprender com os Senhores do Betão A última aula (?!) do Prof. Gaspar Nero Eng.o Jorge Pato Dizem que a vida é um processo de aprendizagem contínua, constituído por diferentes etapas e cenários, uns mais formais,com eventual contexto académico, outros meramente informais, sustentados em bases empíricas ou em vivências pontuais salpicadas de um ineditismo tantas vezes didáctico e aliciante. E se há coisas importantes que nos ficam retidas na nossa mente após longos anos de dedicação aos materiais de construção, e neste caso, ao Betão, é saber que muitos dos conhecimentos que assimilámos, foram fruto do contacto e da inspiração que recebemos de Homens ímpares neste círculo profissional em que nos movimentamos. É um desses Homens, membro exclusivo de um grupo restrito que ousámos designar por Senhores do Betão, que deu recentemente a sua última aula oficial no Instituto Superior Técnico, Referimo-nos concretamente ao Prof. José Manuel Gaspar Nero, que não obstante continuar envolvido em muitas outras lides profissionais, cessou neste ano lectivo a sua prestação como docente na mais distinta e renomada escola de ensino de engenharia em Lisboa. O ensino universitário da engenharia civil ficará obviamente mais pobre, já que se é verdade que qualquer docente pode ser substituído, também não deixa de o ser, o facto de que há personalidades únicas e irrepetíveis na natureza humana com as quais a oportunidade de podermos privar, de forma profissional, social ou humana, é algo que contribui decisivamente para o nosso crescimento e valorização no mundo laboral. Sinto-me feliz por ter aprendido, convivido e seguido a liderança e exemplo do Prof. José Manuel Gaspar Nero, e ainda mais contente por saber que ainda vou ter a sorte de o ver jogar muitos outros desafios, em vários outros campos para além do académico, como aliás, tem sido o timbre da sua riquíssima e versátil carreira profissional, verdadeiramente invejável e inimitável. De facto, se há exemplos de técnicos de engenharia civil que lograram desenvolver com sucesso carreiras profissionais mistas,conciliando a actividade académica com a da engenharia aplicada, o Prof. Gaspar Nero é, sem dúvida, um caso paradigmático, já que paralelamente aos 42 anos de carreira como docente universitário, manteve sempre uma vertente viva de prática da engenharia civil e da gestão em diversos domínios de actividade pluridisciplinar que corporizam o verdadeiro sentido e origem da profissão de engenheiro. Tive o raro ensejo de assistir a essa última aula leccionada pelo Professor Gaspar Nero, no passado dia 23 de Maio, no anfiteatro Va4 do Pavilhão de Engenharia Civil do IST, numa sala repleta, com um assistência onde se incluía uma boa dose da nata da Engenharia Civil portuguesa destes últimos decénios, e durante a qual presenciei, mais uma vez, a extraordinária visão e o notável contributo deste Homem para o ensino da engenharia em geral e dos materiais de construção em par-
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ticular, (com óbvio realce para o Betão) e para a formação de alguns dos melhores profissionais saídos daquela escola. Mais uma aula brilhante, mais um momento inesquecível, mais uma sensação comparável àquele concerto de “rock” com a nossa estrela favorita, que ansiámos ver e ouvir durante meses e que, quando termina, o que mais queremos é logo vê-lo outra vez, pois nunca nos consegue cansar... Ao longo destes anos de ligação profissional às indústrias do betão e também de contacto com o mundo académico, foram muitos, logicamente, os colegas e técnicos com que me cruzei nestas lides profissionais, alguns verdadeiramente talentosos e altamente competentes. No entanto, o melhor elogio que posso fazer ao Prof. José Manuel Gaspar Nero, é a de que se fosse necessário formar uma equipa de futebol (desporto de que tanto gosta) com engenheiros, o primeiro jogador a seleccionar para a integrar seria sem dúvida ele mesmo! Na realidade, é legítimo perguntar se haverá alguém no seu perfeito juízo que ouse prescindir actualmente de um jogador polivalente, que não sabe jogar mal, que é competente e dedicado em todas as posições do terreno, defende, distribui, marca golos, sempre a pensar o jogo e nos colegas, e que nos intervalos ainda vai ajudar a formar as camadas jovens?! Ora bem, se pudéssemos cruzar ou transpor o paralelo do cenário futebolístico para o da engenharia, o Professor Gaspar Nero foi, é e continuará a ser esse tipo de treinador-jogador que só surge uma vez em cada século, e é um enorme orgulho, não só ter sido treinado por e jogado com ele, como ter merecido também a sua amizade ao longo destes anos e saber que ainda tem e pode ensinar-nos muito mais… Assim, dizer que a sessão de 23 de Maio constituiu a última aula do Prof. Gaspar Nero acaba por ser uma mera formalidade académica no contexto universitário do ensino público, já que dar aulas, e sobretudo boas aulas, nem que seja através de uma simples conversa de ocasião, está-lhe na massa do sangue, como diz o povo, e, decerto, muitos afortunados terão ainda a possibilidade de o constatar futuramente. Aqui ficam pois as nossas sinceras felicitações ao Prof. José Manuel Gaspar Nero pelo percurso já realizado e os melhores votos de continuado sucesso para os desafios vindouros!
Notícias
BASF Construction Chemicals Espanha na Construmat 2013 A BASF, enquanto empresa especializada na área dos adjuvantes para betão e sistemas construtivos, participou na 18.ª edição da Construmat 2013, nos dias 21 a 23 de Maio, em Barcelona. Uma presença que ganha particular interesse num ano bastante difícil para o sector e que possibilitou à BASF apresentar as suas propostas mais inovadoras em produtos de referência para o mundo da construção e arquitectura numa feira reconhecida internacionalmente e em constante progresso. De referir que este ano, a Exposição Internacional da Construção registou uma evolução positiva no sentido de oferecer soluções reais e cada vez mais profissionais e eficazes para as empresas, através da entrada na feira de novos mercados externos para a indústria da construção na Península Ibérica. Mais uma aposta inovadora que vem reforçar o conceito deste certame no qual se enquadra a filosofia da BASF Construction Chemicals, que tem na inovação, na eficiência energética e nas soluções destinadas para novos edifícios e reabilitação os seus pilares estratégicos. Entre as várias novidades apresentadas no stand da BASF destacaram-se a vasta gama de pavimentos Ucrete® (assumido como o revestimento mais robusto do mundo), a inovação em impermeabilização com as membranas cimentícias MASTERSEAL® 6100 FX e as fibras de polipropileno MasterFiber 248, para substituição da armadura de betão projectado e pré-fabricado. De referir ainda a realização de breves palestras onde profissionais especializados da empresa partilharam com os visitantes o seu conhecimento sobre alguns produtos e sistemas.
Inovação BASF Masterseal® 6100 FX Novo padrão na impermeabilização cimentícia • Membrana monocomponente, extremamente flexível e elástica, de baixo consumo e cura rápida, para a impermeabilização e protecção do betão; • Utilizado em interiores e exteriores (além dos campos de aplicação mais habituais, destaca-se a impermeabilização de estruturas de contenção de água, a aplicação em caves, tanto pelo lado exterior, como interior, e a protecção de betão face a agressões ambientais, tais como a carbonatação e o ataque por cloretos); • Misturado apenas com água durante a execução, reduz erros de mistura e permite um fácil manuseamento; • Facilidade de aplicação e endurecimento rápido, o que diminui ou elimina o tempo de espera entre camadas; • Resistente à pressão positiva de água até 5 bars e à pressão negativa até 1 bar; • Disponível em branco e cinza claro; Sem odor amoniacal, pode ser usado em ambientes fechados; • Produto sustentável, concebido de acordo com os critérios LEED® (Leadership in Energy and Environmental Design, desenvolvidos pelos EUA pelo Green Building Council).
A eficiência nos accionamentos Mecatrónicos Sew-Eurodrive A integração e descentralização apresentam-se cada vez mais como a chave para o sucesso futuro dos accionamentos. Há muito que gerar movimento deixou de ser condição suficiente para definir um accionamento. Continua, porém, a ser necessário gerar o movimento, mas de forma eficiente e com maximização da relação performance/custo. É neste âmbito que se destacam os accionamentos mecatrónicos enquanto accionamentos tecnicamente evoluídos, munidos “de inteligência própria” e capacidade de adaptação às inconstantes e reais necessidades de aplicação, designadamente em termos de binário. No arranque, o binário solicitado pelas aplicações é
elevado e de curta duração. Numa fase seguinte, as exigências tornam-se inferiores. É neste regime, designado por contínuo, que o accionamento vai operar a maior parte do tempo. Os accionamentos mecatrónicos surgem assim como a evolução natural dos accionamentos descentralizados, sendo compostos por um motor, redutor e electrónica de potência, numa unidade extremamente compacta e com elevado rendimento. Mais informação sobre as vantagens deste tipo de accionamentos em www.sew-eurodrive.pt ou através de: infosew@sew-eurodrive.pt
Julho 2013 Betão n.30 39
Associados
Alexandre Barbosa Borges, S.A. Rua do Labriosque, 70 Martim 4755-307 BARCELOS
Betão Liz, S.A. R. Qta. do Paizinho, Edifício Bepor, Bloco 2, 1º Esq. 2790-237 CARNAXIDE
BritoBetão, Lda. Herdade Monte das Flores Estrada da Canada, Apartado 437 7002 -505 ÉVORA
Brivel – Britas e Betões de Vila Real, S.A. S. Cosme, S. Tomé do Castelo 5000-371 VILA REAL
Concretope – Fábrica de Betão Pronto, S.A. Estrada Nacional 10/1, Qta. dos Porfírios 2819-501 SOBREDA
Duarbel – Construção Civil e Obras Públicas, S.A. Rua da Aviação Portuguesa, 135 2705 -845 VILA VERDE SNT
Eurobetão – Betão Pronto, S.A. Av. António Augusto de Aguiar, 21, 4.º 1069 -128 LISBOA
Eurocálcio Calcários e Inertes, S.A. Vale de Ourém, São Mamede Apt. 96 2496 -908 FÁTIMA
Ibera – Indústria de Betão, S.A. Quinta da Madeira, EN 114, Km 85 Apartado 424 7006-805 ÉVORA
Lenobetão, S.A. Apartado 1004 PC Quinta da Sardinha 2496-907 Santa Catarina da Serra
Lusobetão – Betões de Portugal S.A. Urb. Imotorres, Lote 8 Quinta da Bela Vista 2660 - 009 FRIELAS
Mota-Engil – Engenharia e Construção, S.A. Rua do Rego Lameiro, 38 4300 - 454 Porto
Pragosa Betão, S.A. Apartado 46 2440 - 901 BATALHA
40 Betão n.30 Julho 2013
Prebel – Soc. Técnica de Prefabricação e Construção, S.A. Caminho do Engenho Velho, São Martinho 9000 - 260 FUNCHAL
Salvador & Companhia, Lda. R. dos Arcos, 67, Apartado 79 2301-909 TOMAR
Sonangil – Construção Civil e Obras Públicas, S.A. Quinta do Secretário Via Rápida da Caparica 2810 -116 Almada
TCONCRETE, S.A. Rua de Pitancinhos, Apartado 208, Palmeira 4711-911 BRAGA
Unibetão – Indústrias de Betão Preparado, S.A. Av. António Augusto de Aguiar, 21, 4.º 1069-128 LISBOA
Valgroubetão – Sociedade de Betão Pronto, Lda. Z. I. Vale do Grou, R. Sta. Bárbara 2525-000 ATOUGUIA DA BALEIA
Associados
Betão Liz, S.A. Capital Social 22.000.000,00 euros
Sede Social R. Quinta do Paizinho Edifício Bepor, Bloco 2, 1.º Esq. 2790-237 Carnaxide
CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL
RESPONSÁVEL/DIRECTOR DO MERCADO
Telefone: 214 247 500 Fax: 214 247 599
CENTROS DE PRODUÇÃO CONTACTO
LOCAL
RESPONSÁVEL/DIRECTOR DO MERCADO
CONTACTO
Valença
251 839 079
Figueira da Foz
233 435 400
Ponte de Lima
258 762 840
Coimbra
213 118 312
Felgueiras
255 311 337
239 420 640
Guimarães
252 904 344
V. Nova de Poiares
Famalicão
João Pedro Alves
252 372 508
Bragança
273 300 950
Mirandela
278 263 722
Vila Real
259 336 954
Armamar
254 851 048
Senhora da Hora
229 511 323
Rio Tinto Custóias
Eng.º Jorge Santos
224 893 949 229 512 849
Gondomar
224 649 780
Gaia
227 629 887
Esmoriz
256 781 016
Aveiro
234 342 471
Anadia
234 743 714
Viseu
232 440 075
Tábua
235 412 736
Mangualde
232 611 501
Moncorvo
Mário Jorge Neto
279 252 628
Guarda
271 221 321
Covilhã
275 331 551
Castelo Branco
272 327 501
Condeixa Pombal
Eng.º Aníbal Ferreira
239 941 072 236 216 156
Leiria
244 841 735
Entroncamento
249 727 372
Rio Maior
243 991 138
Óbidos
262 959 595
Portela de Sintra
219 233 471
Cascais
214 690 613
Carnaxide Alhandra
214 247 547 Eng.ª Cristina Cruz
219 511 401
Loures
219 893 589
Frielas
219 896 370
Alfragide
214 241 700
Almada
212 533 728
Setúbal
265 709 600
Pinhal Novo Alcochete
212 380 978 Eng.º Paulo David
212 348 360
Alcantarilha
282 322 439
Esteveira
282 968 168
Loulé
289 420 280
Julho 2013 Betão n.30 41
Associados
BritoBetão – Central de Betão, Lda. Capital Social 350.000,00 euros
Serviços Centrais e Administração
Telefone: 266 704 138 Fax: 266 704 108
Herdade Monte das Flores Estrada da Canada, Apartado 437 7002-505 Évora
CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL
RESPONSÁVEL/DIRECTOR DE ZONA
CONTACTO
Évora Vendas Novas
266 704 138 Eng.º Pedro Menéres
265 805 222
Alcácer do Sal
265 613 281
Brivel – Britas e Betões de Vila Real, S.A. Capital Social 400.000,00 euros
Sede Social S. Cosme – S. Tomé do Castelo 5000-371 Vila Real
Telefone: 259 302 630 Fax: 259 356 538 E-mail: geral@brivel.pt
CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL
Vila Real Macedo de Cavaleiros
42 Betão n.30 Julho 2013
RESPONSÁVEL/DIRECTOR DO MERCADO
CONTACTO
Eng.º Rui Teotónio
259 302 630 939 201 033 ruiteotonio@brivel.pt
Hugo Ferreira
939 201 022 hugoferreira@brivel.pt
Associados
Concretope – Fábrica de Betão Pronto, S.A. Sede Social Estrada Nacional 10/1 Quinta dos Porfírios 2819-501 Sobreda
Telefone: 212 587 540 Fax: 212 587 548 E-mail: geral@concretope.pt
CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL
CONTACTO
Almada
969 053 428
Lagos
968 034 979
S. Brás de Alportel
968 013 214
Albufeira
966 903 721
Duarbel – Construção Civil e Obras Públicas, S.A. Capital Social 700.000,00 euros
Sede Social Rua da Aviação Portuguesa, 135 Vila Verde 2705-845 Terrugem – Sintra
Telefone: 219 614 100 E-mail: geral.duarbel@gmail.com
CENTRO DE PRODUÇÃO LOCAL
RESPONSÁVEL/DIRECTOR DO MERCADO
CONTACTO
Vila Verde – Sintra
António Fernando Rodrigues
219 614 100 962 677 277
Julho 2013 Betão n.30 43
Associados
Eurobetão – Betão Pronto, S.A. Capital Social 675.000 euros
Serviços Centrais e Administração
Sede
Av. das Forças Armadas 125, 7.º 1600-079 Lisboa
Telefone: 213 172 420 Fax: 213 555 012 E-mail: geral.eurobetao@secil.pt
Outão – Setúbal CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL
RESPONSÁVEL/DIRECTOR DO MERCADO
CONTACTO
Pombal
236 216 114
Leiria
244 843 170
Caldas da Rainha
262 841 777
Santarém
243 351 459
Abrantes Portalegre
Eng.º Luís Moreira
241 833 129 245 362 177
Elvas
268 624 181
Coimbra
239 980 390
Tondela
232 817 325
Figueira da Foz
233 412 081
Beja Sines
Eng.º Sebastião Santos
284 324 430 269 632 332
Ibera – Indústria de Betão, S.A. Capital Social 2.000.000,00 euros
Sede Social Quinta da Madeira EN 114, Km 85 Apartado 424 7006-805 Évora
Telefone: 266 758 500 Fax: 266 758 511 / 506
CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL
RESPONSÁVEL/DIRECTOR DO MERCADO
Évora
266 758 501/2
Montemor-o-Novo Borba
266 893 709 Eng.º Joaquim Cascalheira
268 890 612
Reguengos de Monsaraz
266 501 604
Sines
269 878 160
Beja Moura
44 Betão n.30 Julho 2013
CONTACTO
Eng.º Ricardo Matias
284 998 744 285 252 573
Associados
Lenobetão, S.A. Capital Social 7.000.000,00 euros
Sede Social Apartado 1004 PC Quinta da Sardinha 2496-907 Santa Catarina da Serra
Telefone: 244 749 100 Telefax: 244 749 129 E-mail: geral@lenobetao.pt Website: www.lenobetao.pt
CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL Paredes Fátima Leiria Abrantes Castelo Branco Portalegre Tomar Tortosendo Guarda Alcantarilha Montijo
RESPONSÁVEL/DIRECTOR DO MERCADO
CONTACTO 224 332 430 249 539 551 244 851 900 241 362 217 272 325 799 245 362 009 962 108 036 275 957 270 962 108 036 282 310 330 212 308 390
Eng.º Bruno Martins (962 108 237)
Eng.º Hugo Basílio (962 108 036)
Eng.º Bruno Costa (962 108 197)
Mota-Engil – Engenharia e Construção, S.A. Capital Social 100.000.000,00 euros
Telefone: 220 914 820 Fax: 220 914 830 ÁREA COMERCIAL
Sede Social Rua do Rego Lameiro, 38 4300-454 Porto
LOCAL
Responsável/Director do Mercado
Rego Lameiro
Eng.ª Daniela Maia
CONTACTO 912 504 080 comercialbet@ mota-engil.pt
CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL
RESPONSÁVEL Produção
CONTACTO
Eng.ª Marta Durães
919 448 593
Eng.ª Fernanda Moreira
918 541 754
Eng.ª Margarida Morgado
913 642 133
Paredes* Canelas* Venda Nova III* Cantanhede Ceira Santa Iria da Azóia* Metro Sul Tejo* Pedrógão *Centrais com capacidade para fornecer betão para Classe de Inspecção 3.
Julho 2013 Betão n.30 45
Associados
Salvador & Companhia, Lda. Capital Social 5.500,00 euros
Telefone/fax: 249 382 112 E-mail: salvador.companhia@gmail.com
Sede Social Rua dos Arcos, 67 Apartado 79 2301-909 Tomar
CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL
RESPONSÁVEL/DIRECTOR
CONTACTO
DO MERCADO Tomar
Guerreira Santa Cita -Tomar
Dr. Joaquim Oliveira (Mercado) Eng.º Hugo Cruz (Qualidade) Pedro Nunes (Comercial)
249 382 112
249 382 112
962 604 463
Sonangil - Construção Civil e Obras Públicas, S.A. Capital Social 200.000,00 euros
Sede Social Quinta do Secretário Via Rápida da Caparica 2810 -116 Almada
Telefone: 212 952 990 Fax: 212 952 989 E-mail: geral@sonangil.pt Website: www.sonangil.pt
CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL
RESPONSÁVEL/DIRECTOR
CONTACTO
DO MERCADO Almada
46 Betão n.30 Julho 2013
Fernando Mendes
212 952 990
Associados
Unibetão – Indústrias de Betão Preparado, S.A. Capital Social 13.110.000,00 euros
Sede Outão – Setúbal
Serviços Centrais e Administração Av. das Forças Armadas, 125 – 7º piso 1600-079 Lisboa
Telefone: 213 172 420 Fax: 213 555 012 E-mail: sede@unibetao.pt www.unibetao.pt
CENTROS DE PRODUÇÃO LOCAL
RESPONSÁVEL/ DIRECTOR DE ZONA
CONTACTO
Gaia / Maia
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Carriça / Póvoa do Varzim
229 871 490 / 252 611 460
Viana do Castelo / Braga Guimarães / Penafiel Amarante / Vila Real
258 322 203 / 253 672 578 Eng.º José Guedes
253 587 183 / 255 726 365 255 432 819 / 259 336 067
St.ª Maria da Feira
256 373 625
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234 940 280
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234 524 533
Castelo Branco
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Guarda
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Frielas / Apelação
219 898 640 / 219 480 629
Queluz Linhó / Vila Franca de Xira Malveira / Muge
Eng.º Pedro Menéres
214 343 290 219 240 457 / 263 286 810 219 863 862 / 243 581 061
Torres Vedras / Ericeira
261 330 030 / 261 864 058
Setúbal / Alcochete
265 528 220 / 212 348 370
Casal do Marco Ferreiras / Olhão Portimão / Lagoa
212 267 800 Eng.º Sebastião Santos
289 571 371 / 289 703 336 282 968 173 / 282 353 554
Julho 2013 Betão n.30 47
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ARLACO – COMÉRCIO E INDÚSTRIA DE MATERIAL ELECTRÓNICO, LDA. Rua Joaquim Agostinho n.º 33 4410 - 276 Canelas VILA NOVA DE GAIA Tel.: 227 128 271/80 • Fax: 227 128 281 arlaco@arlaco.pt www.arlaco.pt
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DIRECÇÃO DE INFRAESTRUTURAS – REPARTIÇÃO DE ENGENHARIA DE AERÓDROMOS Laboratório de Solos e Pavimentos Av. Leite de Vasconcelos, n.º 4 2724 -506 AMADORA Tel.: 219 537 181 • Fax: 219 936 035 di.repea.lsp@emfa.pt
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48 Betão n.30 Julho 2013
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Controle total de execução A gama de produtos Glenium®® SKY é a família de superplastificantes com maior presença no mercado de betão pronto, demonstrando que a tecnologia de éter policarboxílico desenvolvida pela BASF Construction Chemicals, fornece as melhores prestações e rentabilidade ao betão
A gama de Superplastificantes Glenium®® ACE destinada ao mercado da pré-fabricação, proporciona elevadas resistências iniciais, e poder fluidificante ao betão, tornando esta indústria mais rentável.
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