OPINIÃO Algumas pessoas são mais que torcedores, são fanáticas pelo seu time página 3
JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO ● ANO 12 - EDIÇÃO Nº 41 ● JUNHO DE 2015
Ilustração por: Everton Marques (Mamâe)
Algumas páginas possuem desenhos para que você, leitor, fique a vontade para colorir. Expresse sua criatividade, e o mais importante, divirta-se!
OPINIÃO
OUTROLHAR JUNHO DE 2015
AO LEITOR Pra bom entendedor...
Hipocrisia da aceitação
Nem melhor, nem pior do que os da cidade. Apenas um jornal diferente e com outros objetivos em relação aos existente em Viçosa (MG). OutrOlhar é um veículo totalmente apartidário e independente de posições de quaisquer grupos, instituições, partidos ou existentes em diversas áreas Somos um jornal laboratório experimental, e cumprimos a tarefa de atender a uma obrigatoriedade ditada pela entidade maior que regula os cursos de Jornalismo no País: o Ministério da Educação. O nosso papel principal é o de proporcionar ao acadêmico e futuro jornalista um veículo no qual ele possa praticar e problematizar o ato de fazer jornal, de fazer o jornalismo. Por questões técnicas e éticas adotamos uma linha editorial diferenciada de órgãos tradicionais e respeitáveis da cidade como o “Folha da Mata”, “Tribuna Livre” e o “Popular”, pelos quais manifestamos o nosso respeito e reconhecemos a importância de suas existências. Principalmente por vivermos em um País livre e
democrático, não truculento e que ainda, de uma certa forma, respeita a liberdade de expressão e de imprensa. Antigamente, para ser jornalista, o candidato ingressava nas redações na função de revisor. Aos poucos ia acumulando experiência e agregando técnicas no seu conhecimento até chegar à reportagem e de lá aos cargos diretivos. Hoje, com a existência das faculdades, as quais reputamos necessárias, todo esse aprendizado é feito internamente em salas de aulas, laboratórios e no campo, via atividades de ensino, extensão e pesquisa. No entanto, há que se ter uma boa vocação para exercer a profissão. OutrOlhar, além de atividade laboratorial, paralelamente é uma atividade extensionista, uma vez que é produzido para a sociedade. A atual configuração e sistemática do jornal é exercida em respeito a todas essas particularidades aqui citadas. Adotamos você, leitor do Ensino Médio, como público-alvo, não por acaso, embora tenhamos leitores nos mais diversos âmbitos da sociedade. Após uma pesquisa realizada no iní-
cio do ano de 2007, junto à sociedade viçosence, detectamos a inexistência de publicações especializadas em pessoas de sua faixa etária. Publicações especializadas que abordassem os seus gostos, anseios, problemas e dúvidas. E reiteramos, tudo de forma isenta, apartidária e independente. Todo corpo redacional que passa por nosso laboratório, anualmente, tem como primeira função uma imersão nas escolas , a fim de melhor conhecer aqueles que nos leem e seguem. Saber um pouco mais sobre a realidade de suas aspirações, gostos e problemas que facilitem as nossas abordagens. Os temas que você está acostumado a encontrar em nossas páginas são cuidadosamente escolhidos, levando-se em consideração esses pré-requisitos e informações aferidas nas visitas prévias. Juntam-se a eles, é claro, temas sobre cultura viçosense, geral e sobre cidadania, visando contribuir com o seu acervo de conhecimentos sobre a vida.
As crianças são perguntadas constantemente em reuniões de família “O que você quer ser quando crescer?”, algumas dizem que querem ser médicas, outras veterinárias, outras apenas ser grande igual ao papai ou a mamãe. Mas e quando elas não se enxergam? Existem 31 milhões de meninos e meninas negros no Brasil que não aparecem nas propagandas, não são protagonistas de novelas, não
são modelos para as outras crianças. É durante a infância que formamos nossa personalidade, conhecemos nosso corpo. Isso se dá por meio da observação do comportamento e da influência das propagandas, uma forma de contato com diversos produtos, ideologias e serviços existentes no mercado. As publicidades voltadas para o público infantil trazem cores e diversos recursos,
para que consigam prender a atenção das crianças e fazer com que elas se sintam parte da situação e comprem a ideia ou produto. Mas as crianças negras raramente aparecem nesses comerciais e delas são exigidas que logo aprendam a lidar com questões como o preconceito. E esta invisibilidade traz consequências para o futuro dessas crianças. Ao não conseguirem se enxergar
em sua época tão importante, acabam tendo uma adolescência com baixa autoestima, negando a própria imagem, dificuldade de confiar em si mesmas, o que podem afetar o rendimento escolar desses estudantes. Vivemos em uma democracia racial há anos e é inimaginável que em uma sociedade capitalista, um grupo de pessoas possa ser excluído por meio de sua cor e traços. As meninas
DIAGRAMAÇÃO Cleomar Marin, Jésus Dias, Mateus Dias, Núbya Fontes, Robson Filho, Ronan dos Santos e Taiane Souza.
DIRETORA DO CCH Prof.ª Maria das Graças Floresta
outrolharufvmg@gmail.com
Joaquim Lannes Editor
Faz alguns anos, pouco mais de 500 mil, que nós, humanos, existimos e convivemos. Durante esse tempo, e na medida em que as sociedades foram se concretizando, buscou-se o equilíbrio e a igualdade entre nós. Alguns dizem que atingimos o sucesso, já que é até engraçado como tudo hoje aparenta ter uma aceitação maior. Não é difícil aplaudir o beijo gay na novela, defender os direitos de casais homoafetivos, mas é muito mais fácil se afastar de um amigo, ou amiga, que assumiu sua sexualidade. Reconhecer que os gêneros precisam ser tratados como iguais também não é algo complicado de se entender, porém o garoto nunca ajuda a mãe em casa porque isso é “coisa de mulher” e a garota se priva de muitas coisas porque “ela não é homem”. Mais um exemplo clássico é afirmar que o preconceito racial no Brasil é coisa do passado, mas já conversar
com o colega negro como se ele precisasse da sua ajuda. A lista de exemplos não se limita aí. A discussão se estende a todas as formas de identidade e meios de interação humana (religiosidade, aparência física, grupo ou classe social, etc). Todo esse preconceito mascarado leva à exclusão, ao afastamento ou ao sentimento de inferioridade dos que o sofrem. Alguns se veem obrigados a mudar o seu rumo de vida e outros, logo de cara, já desistem dela. Todos nós estamos inseridos em um discurso de falsa aceitação. E, muitas vezes, nem sequer temos ciência disso. Ninguém é obrigado a vestir a camisa e lutar pelos direitos de algo com o que não se simpatiza, mas não devemos nos esquecer que o nosso direito e a nossa opinião não devem invadir o direito e a opinião do outro. Núbya Fontes
A INFORMAÇÃO COM ANGULAÇÃO DIFERENCIADA
Mãe, qual modelo eu posso seguir?
O jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Viçosa (UFV - MG) é produzido para os estudantes do Ensino Médio das escolas públicas do município e adjacências. Atualmente o jornal encontra-se sob a responsabilidade da turma 2013, na disciplina COM 452 - Jornal- Laboratório II. EDITOR Prof.º Joaquim Sucena Lannes
2
MONITORIA Ana Cláudia Richardelli
REVISORES Ingrid Carraro e Karina Mendes
APOIO Centro de Ciências Humanas Letras e Artes CCH
REITORA Prof.ª Nilda de Fátima Ferreira CHEFE DO DCM Prof.º Joaquim Sucena Lannes
COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO Prof. Henrique Mazetti (suplente) ENDEREÇO Vila Giannetti, casa 39
Campus Universitário 36570-000 Viçosa - MG Tel.: 3899-2879 www.com.ufv.br
Os textos assinados não refletem necessariamente a opinião da instituição ou do Curso, sendo da responsabilidade de seus autores e fontes. Cópias são autorizadas, desde que o conteúdo não seja modificado e que sejam citados o veículo e o(s) autor(es).
devem ter exemplos que valorizem suas formas, os meninos devem encontrar seus heróis. As crianças negras fazem parte do Brasil e para a construção de um país melhor precisam se sentir parte dele. Camila Santos
OPINIÃO
OUTROLHAR JUNHO DE 2015
DE CASA PARA A ARQUIBANCADA Futebol. Esporte que une as famílias, faz amigos se reunirem e diverte as torcidas. Certo? Errado! O que vemos a respeito de futebol ultimamente é: “Torcedor do time Y é morto por torcedor do time Z”, “Torcidas organizadas marcam briga”. O mágico futebol, tão conhecido e famoso por ser o “esporte brasileiro”, já não é tão pacífico e integrador como um dia foi. Meu pai, um senhor de
60 anos, nasceu em uma capital onde três times são considerados maiores. Sempre amou assistir jogos. Ia ao estádio quase todos os fins de semana, ficava na geral, pagava mais barato. Nem sempre os amigos iam. Não tinha perigo algum de briga. Ele podia curtir à vontade o jogo, cantar o hino e abraçar o cara que estava ao lado dele quando um gol era marcado. Cresci indo a festas da
minha família e vendo meus tios e primos discutindo muito sobre o futebol. Tenho um tio que quando sabe que meu time ganhou um campeonato não conversa comigo. Me ignora pelo simples fato do time dele não ter sido campeão. Em um Natal, um tio se fantasiou. No início não entendi bem, mas depois me explicaram que era roupa típica do país que aconteceu o mundial de clubes e, neste
campeonato, o time que ele torce contra não conseguiu vencer os dois primeiros jogos. Era uma mera provocação a todos que torciam para o time. Mas era Natal. Única época em que a família toda se reúne. Eu queria muito que desta reunião tivéssemos lembranças de risos, brincadeiras das crianças, abraços. E não de um marmanjo trajado sei lá de que. A família não se uniu pelo esporte.
Ele é a principal causa das brigas e divergências, não só na minha família. Pessoas estão se matando por um mero jogo! Queria voltar no tempo e ter o futebol como o abraço do cara ao lado na geral e pagando barato pra ver o espetáculo. E só!
Há alguns meses, em março deste ano, um beijo homoafetivo entre as personagens de Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg na estreia da novela das 21h da Globo, Babilônia, deu o que falar. As redes sociais foram bombardeadas de comentários negativos e a bancada evangélica da Câmara dos Deputados publicou uma nota de repúdio propondo o boicote à novela. Segundo os evangélicos, o fato impõe valores que contrariam os “costumes, usos e tradições da sociedade brasileira”. É uma situação difícil de compreender, considerando que outros beijos gays já foram exibidos nas telinhas
anteriormente. Mas, ao analisar com mais atenção, percebemos que nesse julgamento há outro preconceito envolvido: o do prazer na velhice. A sociedade brasileira ainda não é capaz de aceitar que um casal com mais de 80 anos sinta atração e prazer sexual, mesmo com a medicina atual avançada que aumenta a expectativa de vida saudável e sexualmente ativa. A novela enfrentou dois tabus sérios em uma cena simples de 15 segundos. Genial! Ao contrário do que pensa a bancada evangélica e diversas pessoas espalhadas por aí, o dever dos meios de comunicação é promover
o debate de diferentes assuntos, representando em seus programas e novelas as realidades do cotidiano. A união homoafetiva, assim como outras diversas configurações de família, já é comum e deve ser aceita pela população. Isso apareceu também na novela anterior, Império, que além de representar uma união gay entre os personagens Cláudio e Léo, ainda contou a história de Naná, Xana e Antônio que, juntos, formaram uma família. Não dá para esperar que a sociedade aceite com mais naturalidade essa realidade, pois ela já é antiga. Chegou a hora de mostra-la goste o
telespectador conservador ou não, queira a bancada evangélica ou não. Todas as formas de amor e as escolhas individuais devem ser respeitadas e reconhecidas
em suas singularidades. Afinal, qual a real diferença de um beijo homo para um heterossexual?
EU QUERO VER AMOR
Ingrid Carraro
Everton Marques (Mamâe)
Diz aí Ricardo Almeida
Ana Prates
Nessa edição, o OutrOlhar foi atrás de uma opinião de mestre, ou melhor, do mestre. Professor de Sociologia do Effie Rolfs, Bartomelio Martins topou vir bater um papo com a gente sobre os assuntos que estão dando o que falar nas mídias.
OutrOlhar: O que você pensa sobre a união homoafetiva? Bartomelio Martins: O Código Civil deve priorizar a garantia de diretos a todos. Independente de cor, raça ou religião, a pessoa deve ser atendida. A união homoafetiva deve ser reconhecida e garantida pelo Estado. Se esse assunto não se torna público, vai se tornando esquecido. OO: Você considera que as novas configurações de família são favoráveis ou desfavoráveis? BM: Família é uma construção cultural. Criam-se muitos mitos sobre a construção da família, por exemplo na comemoração do dia das mães na escola. Não posso dizer se um casal hetero tem mais sucesso na criação de uma criança que um homossexual ou uma mãe solteira. Depende muito mais do contexto social em que a família está inserida. O determinismo é perigoso. OO: Como a escola trata esse assunto? BM: A escola não se sente à vontade, tem dificuldade de discutir sobre o tema. Isso porque muitos acham que o assunto não deve ser tratado. Alguns professores se arriscam a falar, mas se chega reclamação na direção causa desconforto, alguns pais de alunos não aceitam. Precisamos trabalhar este assunto com maturidade. Deixar os alunos serem protagonistas. A escola muitas vezes enjaula o aluno e determina o que ele deve discutir, não abre oportunidade para que o aluno fale o que ele quer. Isso é errado. OO: As manifestações de 2013 geraram mudança de comportamento? BM: O povo manifestou e votou em deputados e senadores que contradizem em atitudes o que foi manifestado. Muitas pessoas não sabem em quais leis os deputados que escolheram votam. O crescimento da ala conservadora na Câmara demonstra isso.Talvez a projeção do Eduardo Cunha esteja sendo boa para dar visibilidade ao Senado e sua importância. OO: E as manifestações deste ano contra o governo, você as considera válidas? BM: A grande mídia tendeu a controlar as manifestações, sua postura foi diferente da imparcialidade. Por exemplo, mudaram o horário do jogo para que as pessoas pudessem ir às manifestações. Muita gente que pedia o impeachment não sabia quais eram suas consequências. OO: Quanto a abordagem policial nas manifestações do Paraná, como você a vê? BM: Houve muita repressão. A polícia defende os interesses da elite, a minoria. Eu não me sinto protegido por ela, nem a maioria dos cidadãos brasileiros. Ela mata sua própria população e as pessoas não falam muito abertamente sobre isso.
3
MEIO AMBIENTE
OUTROLHAR JUNHO DE 2015
MENOS SACOLAS, MAIS CONSCIÊNCIA
Pesquisa desenvolvida na UFV descobriu método que reduz tempo de degradação das sacolinhas Por Guilherme Pimenta
REDUZIR, REUTILIZAR, RECICLAR Por Laryssa Cristina
Para diminuir o impacto causado ao meio ambiente, é simples: podemos começar mudando nossas ações e, para isso, devemos ter consciência e muita força de vontade. Uma pequena atitude pode trazer grandes mudanças pessoais e para o ambiente em que vivemos. Que tal começar a praticar dentro de sua própria casa com o método de reciclagem? Para reciclar, é necessário fazer a coleta seletiva, separando materiais já usados, mas que podem ser reaproveitados, para que não sejam descartados. Mas, primeiramente, devemos avaliar a quantidade de produtos que estamos consumindo, depois dar a eles um novo uso, em seguida, encaminhar às usinas de triagem os resíduos que podem ser reciclados. São, então, três passos a serem seguidos: reduzir o consumo, reutilizar e reciclar. Segundo o site da SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto), em uma pesquisa feita em 2005 na cidade de Viçosa - MG, constatou-se que os moradores produzem um grande volume de lixo, cerca de 40 toneladas por dia, sendo apenas 23,9% recicláveis. Com a alta da discussão sobre preservação ambiental, várias campanhas educativas estão sendo feitas para mobilizar a população brasileira sobre esse assunto. Exemplo disso é o projeto InterAção: Responsabilidade Social e Meio
4
Ambiente, que tem feito, em parceria com o SAAE, a implantação e expansão da coleta seletiva no município, com a finalidade de reciclar. Parte dos moradores já havia aderido a essa sensibilização. É o caso de Felipe Dias (17), aluno do Ensino Médio, que em sua casa separa as embalagens de materiais plásticos, metal e vidro e faz o descarte em lixeiras separadas. Antes disso, porém, ele lava os materiais, tornando mais fácil o processo de reciclagem. Na rua do Felipe existe uma caçamba para material reciclável e outra para os demais dejetos. Essa coleta seletiva feita em domicílio auxilia a reciclagem, também realizada pelos vizinhos, como ele destaca. Para Felipe as campanhas são pertinentes, porém a cidade ainda carece de medidas mais efetivas para estimular a população a reciclar. Somos responsáveis por aquilo que produzimos e devemos ter consciência do seu destino. O lixo pode ser até considerado imprestável, porém gera renda, emprego e manutenção do meio ambiente, através do seu reaproveitamento. Não temos apenas que ter em mente o que é reciclar, mas devemos exercitar este processo em nosso cotidiano porque essa é uma atitude inevitável para garantir o futuro de todos. Alguns projetos são, por exemplo, praticados para ajudar nessa conscientização. Conheça um deles na matéria “Brincadeira séria”, na página seguinte.
dora de um desses trabalhos, que desenvolveu uma técnica de aceleração do tempo de degradação da sacolinha plástica. Ela ajudou o doutorando José Maria Rodrigues da Luz nesse estudo. O objetivo é reduzir o impacto ambiental. Se antes de desenvolver esse projeto uma sacolinha levava, aproximadamente, seis meses para se decompor, agora ela leva 45 dias. De acordo com José Ma-
ria, o objetivo é conscientizar as pessoas sobre o uso correto desse objeto tão comum em nosso cotidiano e ensiná-las sobre a melhor maneira de descartar os dejetos. Cinquenta e cinco toneladas de lixo são produzidas diariamente só em Viçosa. Noventa e oito por cento dessa sujeira é embalada em sacos plásticos. O futuro para o meio ambiente será muito benéfico, caso as sa-
colas comecem a desaparecer no tempo equivalente à quarta parte do que é hoje. O infográfico abaixo ajudará a ter uma noção disso. Medidas bastante simples, feitas em casa mesmo, são muito eficazes no combate ao lixo excessivo. E o uso das sacolinhas plásticas pode ser, também, muito mais consciente, desde o momento em que elas saem do supermercado.
Everton Marques (Mamãe)
O Laboratório de Microbiologia da Universidade Federal de Viçosa (UFV) é um espaço para muitos experimentos. Lá são realizadas diversas pesquisas que contribuem para descobertas científicas e que podem mudar as nossas vidas. Em muitos casos, estudantes do Ensino Médio de escolas públicas em Viçosa (MG) estão
envolvidos nos estudos. Por meio do projeto de Iniciação Científica Júnior (BIC-Jr), vários estudantes de 15 a 18 anos participam ativamente das descobertas. Segundo a professora Maria Catarina Megumi Kasuya, a maior parte desses alunos é aprovada no vestibular da UFV logo na primeira tentativa e têm uma carreira brilhante dentro do laboratório. Maria Catarina é orienta-
MEIO AMBIENTE
OUTROLHAR JUNHO DE 2015
BRINCADEIRA SÉRIA
Por meio de atividades lúdicas, projeto conscientiza crianças sobre questões relacionadas ao meio ambiente
INFORME
Teatro de fantoches sobre um cachorro abandonado ajuda a discutir sobre cuidado e adoção. A cidade apresenta, entre outros problemas, altos índices de animais abandonados pelas ruas, daí a necessidade de tratar temas como castração, cuidado e adoção. De acordo com Kamilla Botelho, coordenadora do projeto, a ideia não é le-
var um conteúdo massante para as crianças, mas sim atividades divertidas para poder questioná-las e fazê-las refletir sobre assuntos ambientais diversos, desde proteção de espécies animais e vegetais até preservação da água. Para isso,
durante as apresentações, a equipe do projeto faz uso de fantoches, fichas e brinquedos, todos confeccionados com sucata, promovendo, assim, o reaproveitamento de materiais recicláveis. Por meio da ludicidade, o projeto realiza, portan-
to, a conscientização ambiental das crianças, que estão em uma fase de desenvolvimento que colabora para isso, conforme conta a estudante Vanessa Araújo, bolsista do projeto: - A Educação Infantil é a primeira etapa da educação básica. Se a gente tiver uma base boa com as crianças, teremos adultos mais conscientes – afirma. Celeste Fialho, coordenadora do Laboratório de Desenvolvimento Infantil da UFV, atendido pelo projeto, também reconhece a importância da conscientização das crianças. Conta também que elas levam o assunto a sério, se interessam, comentam e, inclusive cobram dos pais pontos de suma importância, como, por exemplo, o desperdício na crise da falta de água. Interessados em maiores informações sobre o projeto ou em ajudar com doação de produtos recicláveis para a confecção dos materiais, podem fazer contato pelo telefone (31) 3899-2420.
Robson Filho
A educação ambiental é muito importante para a conscientização das pessoas sobre o mundo em que vivem, de modo a dar a elas mais qualidade de vida sem desrespeitar o meio ambiente. Exigida por lei, a educação ambiental deveria ser desenvolvida em todos os níveis da educação formal, desde o ensino básico até o superior. Entretanto, isto nem sempre acontece. Preocupado com esta questão, surgiu recentemente o projeto Meio ambiente e ludicidade, realizado pelo curso de Educação Infantil da UFV. A equipe visita instituições de Ensino Infantil e Fundamental de Viçosa – MG para levar a educação ambiental às crianças por meio de histórias, jogos e brincadeiras. O projeto foi idealizado pela professora Maria de Lourdes Mattos, a partir de seu interesse e envolvimento com questões ambientais e da análise do contexto de Viçosa – MG.
Robson Filho
Por Robson Filho
OUTROLHAR NA CÂMARA Por Robson Filho
O OutrOlhar foi apresentado na Tribuna Livre, durante uma reunião da Câmara Municipal de Viçosa – MG, a convite do vereador Idelmino Ronivon. Como representante do OutrOlhar, o aluno Guilherme Pimenta falou às autoridades e ao público presente sobre o jornal, suas editorias, conteúdo e repercussão em outras
cidades do país. Ele aproveitou também para reivindicar que os governantes deem atenção especial aos jovens viçosenses, que são o público-alvo do jornal. Após a apresentação, a vereadora Marilange Pinto Coelho, presidente da Câmara, parabenizou o OutrOlhar e o curso de Jornalismo da UFV pelo trabalho realizado. Ela contou que, como educadora, conhece o jornal há bastan-
te tempo e já o usou nas escolas por várias vezes: - O jornal é muito útil nas aulas e deve ser trabalhado pelos professores pela sua diversidade de temas e por buscar constantemente assuntos relevantes a serem discutidos em Viçosa. Vale lembrar que as reuniões são abertas ao público e acontecem todas as terças-feiras às 18h na Câmara Municipal de Viçosa, localizada no Calçadão.
Direto da camâra, nosso jornal marcando presença
Parte da turma responsável pela produção dessa edição do OutrOlhar 5
COMPORTAMENTO
OUTROLHAR JUNHO DE 2015
COSPLAYER, A ARTE DE SE TRANSFORMAR EM OUTRA PESSOA Fãs de animes e mangás participam de encontros de RPG e da cultura japonesa em Viçosa
Alice Alves
Quem nunca assistiu a um filme e quis se parecer com um personagem que chamou a sua atenção? Para algumas pessoas, isto é possível por intermédio da prática do Cosplayer, termo que pode ser definido como o costume de se fantasiar, se caracterizar como um personagem de animação, de um filme ou de um seriado, e por algum tempo po-
der se sentir como ele. Segundo a psicóloga Adriana Santos Ribeiro, o Cosplay sugere uma identificação do sujeito com um personagem. É considerada uma forma de diversão ou um hobbie, onde as pessoas buscam fugir da rotina ou de sua realidade estressante: - Entretanto essa prática não é tão simples e “inofensiva” quanto parece no primeiro momento, pois
Mãe e filha compartilham o gosto pela cultura Japonesa
envolve vários fatos, principalmente a influência da mídia e da indústria cultural na subjetivação e valores desses grupos – afirma Adriana Em Viçosa existem os encontros de RPGs, os quais reúnem fãs de jogos, animes e mangás. São uma oportunidade para que as pessoas que gostam desse universo possam se reunir. É o que acontece com dona Júnia Izabel Faria (53), apaixonada pela cultura japonesa. Ela conta que sempre incentivou seus filhos a assistirem animes, como Cavaleiros do Zodíaco, Shurato, Pokémon, Digimon, entre outros. No último encontro de RPG, Júnia foi fantasiada como a casamenteira do filme da Disney, Mulan, acompanhada de sua filha Alice Alves (19), estudante do Ensino Médio, que faz parte do universo “Lolita”, termo utilizado para as pessoas que se caracterizam por se vestirem iguais as bonecas, como explica Alice. Júnia e Alice são duas gerações de uma mesma família que vivenciam a prática do Cosplayer. Assim, uma influencia a outra na escolha das personagens. Júnia diz ter gostado da
Sara Brunelli
Por Jésus Dias
Encontro de RPG reúne fãs, e estimula a imaginação ideia quando seus filhos começaram a frequentar os eventos de anime - É um ambiente muito interessante, onde o foco é realmente esse mundo fantástico. Outra apaixonada pelo universo do Cosplayer é a estudante Izabela Amaral (17), do terceiro ano do Esedrat. A primeira vez em que ela ouviu falar do termo foi lendo NeoTokyo (revista especializada em animes) e, como é “fissurada” em desenhos japoneses, logo se interessou.
VERGONHA, POR QUÊ? Por Júlia Moreira
6
acabava me deixando pra baixo e com muita vergonha – disse. A pessoa tímida começa a se sentir inibida, acanhada e insegura em situações corriqueiras como fazer amizade ou mesmo namorar. Porém, quando a timidez se apresenta intensa a ponto de impedir que a pessoa possa ter uma vida normal em sociedade, entende-se que ela desenvolveu uma patologia chamada fobia social. A fobia social pode ser intensa ao ponto de levar a pessoa a ter ataque de pânico. Aquele medo considerado natural evolui a tal ponto que prejudica a pessoa em situações como entrevista de emprego, festas e falar em público. Para a psicóloga Maria Eugênia Maciel Siqueira, quando chegar a esse ponto deve-se procurar um especialista: - O tratamento adequado é a terapia ou os medicamentos, porém, isso pode variar de acordo com cada caso. O ideal é procurar um especialista e seguir o tratamento até o final. Infelizmente, não há cura para o proble-
ma, mas se o paciente se dedicar, pode recuperar a qualidade de vida e ser feliz – concluiu.
A timidez, para não causar maiores danos, deve ser observada e tratada com cuidado
Júlia Moreira
O simples fato de não conseguir encarar um público ou mesmo ter a sensação de muita gente te olhando, pode indicar que você sofre de timidez. Pesquisas demonstram que pessoas com esse perfil aumentaram na última década. Hoje em dia 48% da população mundial sofre, ou já sofreu, de timidez ao longo da vida. Muitas podem ser as causas para que uma pessoa desenvolva esse tipo de transtorno. Entre elas estão a insegurança, o perfeccionismo e a hipersensibilidade. Foi uma dessas causas que começou a se desenvolver em Thainá Costa (19) e a fez procurar um tratamento. - Sempre fui muito insegura. Tinha medo de errar
na frente de todos, mas isso foi bem no início. Com o tempo essa insegurança foi aumentando e começou a me prejudicar na escola. Foi nesse momento que procurei um especialista – conta. O excesso de preocupação com sua imagem, ou mesmo com a imagem que os outros terão de alguma atitude sua, é outra forma de se desenvolver a timidez. Esse tipo de situação pode acontecer em idade escolar na qual as pessoas estão em processo de formação e constituição de sua identidade. Foi o que aconteceu com Lívia Motta (12) que também precisou da ajuda de uma especialista para superar a timidez na escola. - Muita gente reparava em mim por ser alta e magra para a minha idade. Isso
Ela conta que já foi a cinco encontros de RPGs, mas que ainda não teve a chance de fazer o seu Cosplayer: - Infelizmente, nem um ainda, porém tenho projetos de fazer das minhas personagens favoritas. Adriana diz que não se pode negar que as pessoas se sentem como formadoras de um grupo social, sendo valorizadas e reconhecidas pelo outro, mas afirma que também envolve uma reprodução de normas externas e modelos ideais.
COMPORTAMENTO
OUTROLHAR JUNHO DE 2015
AMIZADE ENTRE HOMEM E MULHER EXISTE, MAS É PRECISO CUIDADO Segundo pesquisas, a tênue linha que separa amizade e amor faz com que esses sentimentos se misturem
- Não se pode haver amizade entre homem e mulher. Pode haver paixão, hostilidade, admiração, amor, mas não amizadedisse o escritor irlandês Oscar Wilde, certa vez. Wilde viveu no século XIX e, no contexto social da época, essa frase era válida. Não vivemos mais nesse tempo. Agora, homens e mulheres convivem em todo o tipo de atividade. Então, pode haver amizade entre homem e mulher? Para a psicóloga Maria Eugênia Maciel Siqueira, “eles e elas podem ser genuinamente amigos. Porém, pesquisas apontam que a atração física está presente na maioria dessas relações e o conhecimento popular prega que a linha que separa a amizade do amor é tão tênue que, numa relação em que homem e mulher gostam da companhia um do outro, esses sentimentos certamente irão se misturar”. Para Nando Gonçalves (15) “esse tipo de amizade existe sim e acontece porque as amigas escutam e tratam você diferente, sendo mais acolhedoras e pacientes”. Já Paula Meireles (20) acredita que exista, “mas desde que não haja segundas intenções das
Reprodução
Por Matheus Filipe
Na sétima arte, inúmeros filmes retratam a amizade entre homens e mulheres partes, o que caracterizaria um interesse movido à esperança de oportunidades”. Para eles, pode haver amizades verdadeiras entre homens e mulheres com benefícios para os dois. Troca de conselhos, informações, risadas, choros e confidências. Múcio Crepalde (25) opina que se trata de “um relacionamento bastante proveitoso para ambos, pois há muito que se aprender com o sexo oposto e as conversas são quase sempre agradáveis”. Muitos acreditam que amizade entre pessoas de sexos diferentes são mais sinceras do que entre o mesmo sexo, talvez porque os homens são mais realistas, falam diretamente, são mais racionais e menos emocionais. Paula Meireles completa afirmando que “não tem aquele joguinho de ficar emburrado. Geralmente quando não gostam de alguma coisa, eles são mais abertos a conversar e resolver”. Letícia Valadares (24) concorda com a afirmação e diz que “os homens são mais sinceros e dão mais liberdade para falar de qualquer assunto”. Porém, quanto mais próxima for essa relação, maior a probabilidade de que a amizade se transforme em algo maior. Pode acontecer com um lado primeiro. Com o tempo, a outra parte estará envolvida e o que era amizade se tornará o amor entre duas pessoas que se conhecem profundamente e que, sem perceber, já fazem parte da rotina um do outro. Esse fato foi vivenciado por Múcio, que hoje namora uma de suas melhores amigas. Nesses casos, há muita coisa envolvida: afeto, respeito, intimidade, confiança, cumplicidade e gostos: -Tudo conspira para que uma afeição mais intensa apareça, afinal, como mandar nos sentimentos? Não tem como! Essas coisas acontecem, é mais forte e inevitável- afirma Maria Eugênia. Se acontecer de se apaixonar por sua melhor amiga, por que não contar? Nando Crepalde entende que “se ela é minha melhor amiga, sei o que ela gosta e como tratá-la. Conheço-a melhor do que os caras que se interessam por ela, então a chance de encontrar a maneira certa de me expressar é maior”. Para Maria Eugênia, “a maioria das pessoas prefere preservar a amizade e não arriscar, mas tem sempre aqueles casos de amizade que viram namoro”. Outro ponto comum é entrar num relacionamento pela opinião de outros. Para Letícia Valadares, “sozinha, a pessoa tem que descobrir o que realmente sente, sem se deixar influenciar pelos amigos. Esteja certa de seus sentimentos e só aceite algo sério se o afeto for recíproco”. Segundo Maria Eugênia, a opinião dos amigos pode atrapalhar nesse processo: - As pessoas não acreditam em um relacionamento entre homem e mulher, então elas acabam incentivando excessivamente, o que pode confundir os sentimentos de um ou de outro – finaliza.
CÉU QUE DESPERTA PAIXÕES E PASSATEMPOS Por Luiza Carvalho
A astronomia, ciência que faz parte da Física, atrai a curiosidade de pessoas com diferentes idades. O interesse vai além de apenas observar o céu, já que muitos jovens e adultos dedicam parte de sua rotina a observar os astros e buscam aprofundar os conhecimentos sobre a ciência. Thaís Castro (17), estudante do 3º ano do Ensino Avançado do Colégio Anglo de Viçosa, afirma que já gostava do assunto desde criança, mas que, a partir de uma certa idade, o interesse pela astronomia aumentou:
- A partir dos doze anos eu comecei a assistir programas de TV relacionados e o interesse cresceu. A partir daí, eu passei a comprar revistas, pesquisar na internet, até mesmo nas páginas do Facebook que publicam muitas matérias sobre o assunto – relata Thaís, que aprofunda os conhecimentos sobre o assunto no campo da teoria. A estudante afirma que gosta de ler sobre descobertas e sobre o funcionamento do universo, não se interessando por algo que envolva a realização de cálculos. A curiosidade sobre o tema pode ser explorada de forma individual ou co-
letiva, pois muitas pessoas compartilham seus interesses e conhecimentos com outras. Quando começou a procurar sobre o assunto na internet, Thaís acabou interagindo com mais pessoas: - Quando comecei a procurar na internet, eu encontrei pessoas que também gostavam do assunto e elas me convidaram a participar de vários grupos no Facebook, canais no Youtube, etc. Existem algumas transmissões ao vivo bem legais, onde eles convidam professores para participar e todos podem falar. Então, eu sempre queria estar por dentro das novidades. – disse a jovem.
O interesse por astronomia na vida do estudante Pedro Meinberg Junior (26) e, do Professor Doutor Orlando Fonseca (53), se deu por diferentes formas. No caso do estudante, ele surgiu na infância, assim como a vontade de ter um telescópio. - No início me interessava por objetos do Sistema Solar - o Sol, planetas, luas e asteroides. Acho tudo muito bonito e misterioso. Depois que comecei a estudar o assunto, e não apenas admirar, passei a me interessar por objetos de céu profundo - estrelas, nebulosas, galáxias e outros. Comprar o telescópio era uma vontade de infância. Tínhamos em casa um binóculo bastante potente que dava observações da Lua, mas deixava a desejar no restante. Na primeira oportunidade que tive, adquiri os telescópios. – relata Pedro, que também opta por observações a olho nu. Na vida do Orlando, professor de Física na Universidade Federal de Viçosa, o interesse pela ciência surgiu durante a graduação, o que o levou a realizar o mestrado e o doutorado na área da Astrofísica. Mesmo que as pessoas demonstrem uma curiosidade com mais ou menos intensidade, é certo que a astronomia fascina. A ciência desperta paixões e se torna um passatempo para jovens e adultos.
7
ESPORTE
OUTROLHAR JUNHO DE 2015
FIQUE POR DENTRO DO RUGBY
Esporte vem aumentando sua popularidade no Brasil e buscando se livrar da fama de violento mento mais leve, uma das principais diferenças entre os dois esportes é a forma de pontuar. Um dos principais objetivos do rugby é o Try (quase como o gol do futebol), que vale a pontuação máxima do jogo. Mas há várias outras maneiras de marcar pontos. O rugby foi incluído como modalidade esportiva nas Olimpíadas de 2016, no Rio
seja levado para as escolas, nas aulas de Educação Física. – explica. E em Viçosa (MG) também tem rugby. O UFV Rugby foi Embora pouco conhefundado em 1988. Hoje, após reformulações, o projeto atua cido no Brasil, o rugby é de maneira mais autônoma, com o nome de Viçosa Rugby extremamente popular em Clube. Para Simón Pineida, treinador e jogador, o time daqui centenas de países, sendo o funciona como uma equipe recreativa, a ideia é estimular o segundo esporte em equipe lazer e o trabalho em equipe. mais praticado no mundo. – É, em geral, um esporte de corrida, mais de contato. Frequentemente confundiAqui a gente não tem objetivo de competir, é mais pelo esdo com o futebol americaporte e lazer mesmo. O time não é estritamente masculino. no, um pouco mais popular A proporção de homem e mulher é quase de 50% no treino. por aqui, ele possui regras – ele declara. próprias. Além do equipaApesar da fama de violento, os praticantes afirmam que o esporte é apenas de intenso contato físico e pode ser jogado por homens e mulheres de todas as idades. Thais Nunes pratica rugby há dois anos e destaca que o melhor é o fato de não haver mais separação entre esporte de homem e de mulher. – As mulheres estão entrando com tudo em qualquer esporte. Todos os esportes são adaptados para qualquer tipo de pessoa. No rugby não é diferente. É um jogo que tem muita técnica. Quando você aprende a se defender, a ter o contato no lugar certo, você não se machuca tanto. Para muitos jogadores, o rugby não é apenas um esporte, mas uma filosofia de vida baseada no controle, respeito mútuo e disciplina, o que estimula o companheirismo entre os atletas. Se você procura um esporte diferente, o rugby pode ser uma ótima opção! Opção para a prática de rugby na cidade, o Viçosa Rugby Clube compete por lazer e treina com time misto
de Janeiro. Tanto a seleção brasileira masculina quanto a feminina farão parte da competição. Para Janderson Pereira, professor de Educação Física, esse fator deve aumentar a popularidade do esporte no Brasil. – Com o aumento da exposição do rugby na mídia, mais pessoas devem procurar o esporte para praticar. Isso pode fazer com que ele
HIDRATAÇÃO DO CORPO É INDISPENSÁVEL PARA QUEM PRATICA ESPORTE Por Lucas Moura
Desde antigamente, aprende-se que o consumo de água é fundamental para manter o corpo funcionando da maneira correta. Com mais da metade do organismo formado apenas por este líquido, aprendemos que um adulto, mesmo que sedentário, necessita de uma rotina de consumo regular ao longo do dia. No entanto, nos dias de hoje, é comum observar quem não ligue muito para essa orientação. O perigo é ainda maior quando se existe a prática da atividade física. Na busca por um corpo perfeito, muitos jovens atletas, por exemplo, acabam indo à academia ou praticando qualquer outro tipo de atividade sem se hidratar corretamente, o que pode trazer danos serios à saúde. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as crianças e os adolescentes, juntos dos
8
Lucas Moura
Reprodução / UFV Rugby
Por Karina Mendes
idosos, são as maiores vítimas de desidratação. Qual seria, então, a quantidade indicada de ingestão de água para quem pratica esporte? Segundo o professor do
Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Viçosa (UFV), João Carlos Bouzas Marins, ela varia de acordo com o tamanho e o peso da pessoa. – Essas demandas po-
dem multiplicar por 2 ou por 3 em função da quantidade de líquido perdido durante o exercício. Em uma proporção de 1 grama para 1 mililitro, se você treinou 2 horas na academia e a dife-
Mesmo na água, o cuidado com a hidratação do nosso corpo deve ser levado em consideração
rença na balança foi de 1 kg, então você tem que beber, além daquilo que seria normal, mais 1 litro. O que você perdeu ali não foi gordura, foi água corporal – explica. Ainda segundo João, a bebida direcionada para o esporte, também chamada de isotônico esportivo, pode ser uma alternativa interessante se o indivíduo estiver se exercitando por mais de uma hora. O estudante Luiz Felipe Almeida (17) pratica natação três vezes ao longo da semana e é um dos adeptos da bebida. Ele comenta sobre as diferenças que observou no seu rendimento quando passou a se hidratar mais. – Melhorou bastante! Quando comecei a nadar, bebia pouca água e me sentia bastante fraco no final do dia. Hoje tenho sempre uma garrafinha ao meu lado e não me deixo ficar com sede em nenhuma hora – conta.
ESPORTE
OUTROLHAR JUNHO DE 2015
TÊNIS DE MESA VIÇOSENSE VIVE NOVA FASE Mateus Dias
Primeira escola especializada na cidade mineira e a realização da Copa Viçosa fortalecem a prática do esporte
No Complexo Esportivo da Prefeitura de Viçosa (MG), mesa-tenistas disputam a Copa Viçosa de Tênis de Mesa em seis categorias Por Mateus Dias
Em competições esportivas, geralmente os atletas possuem características em comum, como a idade ou a altura. Mas nem todo esporte segue esta regra. Prova disso é o Tênis de Mesa, ou ping pong, que recebe este nome quando é realizado como uma atividade recreativa. A modalidade permite o jogo entre competidores de idades diferentes em partidas ocasionais. Isto porque é a técnica ou habilidade
que vai retratar o desempenho por meio dos pontos ganhos. Assim, vale mais o conhecimento do que a altura dos jogadores, que é uma característica importante para o basquete e vôlei, por exemplo. Para jogar o Tênis de Mesa é necessária uma rede de 15,25 cm de altura, uma bolinha de celuloide e uma raquete emborrachada. E além disso, uma mesa apropriada, que segundo a Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM), possui 2,74 metros (m) de compri-
mento, 1,52 m de largura e 76 centímetros (cm) de altura. A partida se constitui de um número ímpar de sets de onze pontos. No caso de empate em dez pontos, o vencedor será o que fizer dois pontos consecutivos primeiro. Em Viçosa (MG), o esporte é praticado em alguns colégios públicos e particulares. Há também uma escola especializada em Tênis de Mesa, que objetiva ensinar e aperfeiçoar a técnica do jogo aos seus alunos. O pro-
prietário da instituição, Jansen de Assis, considera que a modalidade passa por um momento de renascimento na cidade. Ele disse que há alguns anos tinham aproximadamente 80 “mesa-tenistas” em Viçosa, que treinavam em um clube. Agora o esporte é trabalhado apenas como fim recreativo, ou seja, como ping pong. Para estimular a competição e reviver o Tênis de Mesa viçosense, acontece há quatro anos a Copa Viçosa de Tênis de Mesa, idealizada pela Secretaria de Cul-
retas é a academia a céu aberto inaugurada no final do ano passado. Localizada perto do Alojamento Masculino, o espaço já tem ganhado usuários de todas as idades.
vidades para manter a boa forma aos 49 anos. O local também chamou a atenção do estudante do Ensino Médio João Vitor Souza, que gosta de praticar diversos esportes e manter
A personal trainer Marina Lopes destaca que os equipamentos são de fácil manuseio. Eles se adaptam ao próprio corpo do usuário, que com seu peso consegue gerar resistência
tura, Patrimônio Histórico e Esportes da Prefeitura Municipal. Este ano, a competição aconteceu no dia 26 de abril e atraiu mais de 60 atletas da região e do estado do Rio de Janeiro. Segundo o jogador e um dos organizadores da Copa, Tiago dos Santos, seis categorias foram disputadas. – Tivemos a participação de competidores entre oito e 55 anos de idade. Eles foram distribuídos nas categorias pré-mirim, mirim, infantil, juvenil, adulto e sênior. Além disso, os “mesa-tenistas” puderam jogar em mais de uma categoria em função da pré-disposição e espírito competitivo – explicou Tiago. Quem tem interesse em participar da Copa terá que aguardar a edição do ano que vem. Mas se você não quer esperar muito, os Jogos Escolares de Viçosa (JEVS) e o programa “Viva a Rua” da Prefeitura, que leva atividades recreativas para as comunidades da cidade, possibilitam a prática deste esporte.
ESPORTE E NATUREZA, COMBINAÇÃO PERFEITA PARA UMA VIDA SAUDÁVEL
Jonathan Fagundes
Por Jonathan Fagundes
Que tal praticar atividades físicas em um belo cenário da cidade? A Universidade Federal de Viçosa (UFV) é considerada
É importante que a pessoa faça um alongamento antes e também depois do treino. Além de se manter hidratada – destaca Marina. A Divisão de Esporte e Lazer da UFV (DLZ) é a res-
Academia a céu aberto fica localizada próximo ao alojamento masculino. Os equipamentos estão disponíveis para utilização por pessoas de qualquer idade por muitos “a mais bonita do Brasil”. Estudantes e viçosenses utilizam seus espaços para caminhar, jogar futebol e realizar outras atividades. A novidade para quem passa por suas
A diarista Marluci Lopes caminha todos os dias no campus universitário no período da manhã, antes de ir para o trabalho, e afirma que a academia já entrou no circuito de ati-
um bom condicionamento físico. Muitas cidades por todo o país também têm adotado a ideia para incentivar os moradores a terem uma vida saudável.
e benefício personalizado. – Os perigos na execução dos exercícios nesses locais são poucos. Mas todo cuidado precisa ser tomado para evitar qualquer distensão muscular.
ponsável pela manutenção dos equipamentos e garante que o espaço é para a utilização de todos. Porém, ressalta a cooperação necessária para sua boa preservação.
9
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
OUTROLHAR JUNHO DE 2015
A EVOLUÇÃO DOS CLICKS NA ERA DIGITAL Avanços tecnológicos na fotografia possibilitam a todos a eternização de momentos
Reprodução
Representação minimalista da evolução dos equipamentos fotográficos
Por Patrícia Freitas
Em 2014 fez 175 anos da criação da fotografia na França. Desde seu surgimento, ela vem conquistando pessoas por todo o mundo. Quando começou, era muito difícil ter acesso a uma foto devido ao seu alto custo, mas com o avanço da tecnologia ela se popularizou e hoje está nas mãos de todos. O avanço na área se deu da técnica analógica para a digital e facilitou ainda mais a vida dos fotógrafos. Não depender mais do número de poses dos limitados filmes e ainda poder ver as fotos assim que são tiradas
ajuda muito no trabalho, é o que conta Ana Elídia Mol, fotógrafa amadora: - Com a fotografia digital podemos ter noção de como estão as fotos. Ao fazer ensaios ou eventos é essencial ter esse instrumento, pois estamos lidando com expectativas de outras pessoas, o que é uma grande responsabilidade. Outro benefício é poder intervir: se uma foto não ficou boa, se o cliente não ficou legal, podemos tirar outra foto. O que já nos ajuda a fazer fotos melhores e, logo, um melhor trabalho. Outro benefício da evolução do mercado fotográfico é que, atualmente, todos podemos tirar fotos em qual-
quer lugar. Os smartphones possibilitam que momentos possam ser eternizados e estão ao alcance de todos. Até mesmo os que não são tão apaixonados por fotografia acham bem útil ter uma câmera embutida no celular, como é caso de Viviane Fialho, estudante de Letras: - Não sou de sair de casa com minha máquina fotográfica, então é muito bom ter uma já dentro do celular. A gente nunca sabe quando vai ver uma cena que valha a pena ser fotografada, nem que seja uma reunião de amigos.
são alguns exemplos desses espaços. Para muitos educadores, como Paulo Freire, aliar teoria e prática é essencial: - “Quando se une a prática com a teoria tem-se a práxis, a ação criadora e modificadora da realidade”. (Pedagogia da Autonomia, 1996). A Sala Mendeleev, que pertence ao Departamento de Química da UFV, traz
essa união em seu espaço ao abordar exposições e experimentos de uma das matérias consideradas mais difíceis no ensino médio. A sala possui uma Tabela Periódica de mais de seis metros quadrados que mostra, além dos nomes dos elementos, representações físicas de como eles são utilizados no nosso dia a dia. Ao visitar o espaço os alunos podem ver esses
CURIOSIDADES • A primeira câmera digital demorava 23 segundos para formar a imagem. Imagine ficar imóvel por todo esse tempo; • O primeiro processo de revelação durou 8 horas para acontecer. Hoje em dia a revelação é quase instantânea; • Foto post mortem é de uma pessoa morta. Esta era uma prática muito comum no século XIX, para fazer parecer que as pessoas ainda estavam vivas. Como a fotografia na época ainda era muito cara, muitas vezes essa poderia ser a única foto da pessoa. Bizarro, não? • No Facebook são postadas 250 milhões de fotos por dia. Para revelar esse volume de fotos, seriam necessários 6.944.444 filmes de 36 poses. E no Instagram são 5 milhões de fotos, que dá um número de 138.888 filmes de 36 poses para serem revelados.
VIVÊNCIA E INTERAÇÃO AJUDAM NO APRENDIZADO Por Ana Leão
Reprodução
Uma das melhores maneiras de aprender é colocar em prática o que a escola ensina nas salas de aula. É isso que alguns espaços de ciências da UFV fazem para deixar a maneira de estudar mais fácil e, muitas vezes, divertida. A Sala Mendeleev, o Museu de Ciências da Terra Alexis Dorofeef e o Museu de Zoologia João Moojem
Tabela Periódica dos elementos químicos é uma da atrações da Sala Mendeleev
10
elementos e ainda manipular amostras, que é um dos fatores que mais chamam atenção dos visitantes. Com uma lista de experimentos químicos disponíveis para a manipulação os estudantes podem fazer espelhos de prata, revelações de impressões digitais, além de comparar e produzir reatividade. Taís Rocha é articuladora do circuito de Museus, que
promove interação entre os espaços de ciências da UFV e a população viçosense. Para ela a visita a esses espaços é mais interativa, o que torna mais fácil visualizar os assuntos: - Visitas são mais didáticas, e dão a oportunidade de não só os estudantes, mas também qualquer pessoa, aprenderem sobre o assunto – observa.
“Quando se une a prática com a teoria temse a práxis, a ação criadora e modificadora da realidade”. Paulo Freire. Pedagogia da Autonomia, 1996.
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
OUTROLHAR JUNHO DE 2015
CIÊNCIA PRODUZIDA PARA A SOCIEDADE Quem não se interessa por algo que é novo? No mínimo, você ficou curioso quando ouviu, por exemplo, que um médico italiano afirmou que será possível realizar, daqui a pouco tempo, um transplante de cabeça em um ser humano. Loucura, certo? Diariamente na tela do seu celular você tem acesso a um mundo de coisas relacionadas a descobertas e inovação, que provavelmente chegam até você por meio da Internet. Há muito tempo, a ciência e a tecnologia avançam a passos largos e cada vez mais rápidos, movidas pela vontade e curiosidade de pessoas que buscam entender os mais variados aspectos da nossa vida e encontar soluções para os nossos problemas. Nesse caminho a divulgação cien-
tífica, ou popularização da ciência, é o nome dado às atividades que procuram levar o conhecimento produzido no meio científico ao público geral ou não-especializado, como você e eu. Aqui no Brasil, as iniciativas pioneiras que envolvem a ideia de colocar o trabalho de pesquisa ao alcance do nosso cotidiano surgem com a criação das primeiras instituições científicas no século XIX. Entre elas, estão lugares famosos que fazem esse trabalho até hoje, como o Jardim Botânico do Rio de Janeiro (criado em 1808), o Museu Paulista (de 1893) e o Museu Nacional (desde 1918). Fernanda Márcia (24) é estudante da UFV e há quatro anos atua com pesquisa e extensão em um dos espaços ligados à Universidade Federal de Viçosa que trabalham com
base na intermediação entre meio acadêmico e tudo que está além dos limites do campus: - A cidade de Viçosa recebe de braços abertos milhares de estudantes que realizam atividades de pesquisa e produzem muito conhecimento que, sem a divulgação científica, iria embora junto com eles ao final da graduação. Tem que existir essa ponte entre leigos e especialistas para que a gente perceba que a ciência está no nosso dia a dia todo o tempo, e também para dar um retorno à sociedade – finaliza Fernanda.
Simples e baratas, as tintas feitas de terra podem substituir os produtos industriais convencionais, tanto para a construção civil quanto para a utilização artística. A Professora do Departamento de Solos da UFV, Cristine Muggler, que
também já usou a tinta em sua própria casa, conta que é ótima alternativa. - Aqui em Viçosa tem muitas casas pintadas com esse produto artesanal, a minha mesmo é uma. Também têm paredes internas e externas. Há uma durabi-
Reprodução
Por Cleomar Marin
Eistein foi um dos incentivadores da divulgação do progresso científico
CORES DA TERRA SÃO USADAS NAS PAREDES
Por Leonardo Gonçalves
aprender. O Projeto Cores da Terra, que promove oficinas para ensinar desde a coleta de material e preparo da mistura até a aplicação, e o Museu de Ciências da Terra, na Vila Gianetti, que é aberto ao público e também realiza oficinas periódicas. Cleomar Marin
A ONU declarou 2015 como o Ano Internacional dos Solos, uma iniciativa que pretende mobilizar a sociedade para a importância dessa mistura de minerais e matéria orgânica, sobre a qual vivemos, como parte do meio ambiente. E uma alternativa favorável ao meio ambiente é o uso do próprio solo para a produção de tintas. A pintura é feita com ingredientes naturais e cria uma paisagem urbana com as cores características da terra da região. Tintas convencionais são produtos químicos altamente processados, com componentes tóxicos, como metais e solventes. As tintas de solos, são feitas basicamente de terra, água e cola branca atóxica. A estudante de geografia e bolsista do Museu de Ciências da Terra, Fernanda Souza, afirma que tinta natural é de fácil preparo e inofensiva para a saúde: - É muito fácil de preparar. Tanto que nós fazemos o tempo todo aqui no museu, em oficinas para todo tipo de público. E as crianças podem brincar à vontade.
lidade similar às das tintas convencionais por um preço muito mais baixo. Para quem se interessar sobre a produção ou uso da técnica de pintura com terra, na UFV há locais abertos para a participação do público, para se informar e
Mãos que pintam uma nova maneira de usar os solos
11
CIDADE
OUTROLHAR JUNHO DE 2015
LENDAS URBANAS SÃO MUITO PRESENTES EM Por Laira Carnelós
O costume de contar histórias vem se perdendo com o passar do tempo, o que representa uma grande perda na memória coletiva das cidades. Em Viçosa, há uma grande distância sócio-cultural e comportamental entre a comunidade universitária e a viçosense. O diálogo entre essas comunidades se faz de forma muito superficial. Muitos dos que moram por poucos anos na cidade mal conhecem sua história, ou as histórias que perpassam gerações. Os contos, “causos”, lendas e folclore são características presentes neste “universo paralelo” da cidade. É nítido o papel exercido pela oralidade na organização de uma sociedade, a sua representação de humanidade. É nela que reflete a personalidade de um povo. A atem-
poralidade de uma lenda só causa encanto e emoção se fizer entendida por quem as ouve. Por isso a importância de manter a “contação de causos”, lendas, histórias mal assombradas, que refletem na história da própria cidade e no perfil de um povo que ainda permanece aqui. José Einloft, morador antigo de Viçosa, se entristece ao notar como a “contação de causos” vem diminuindo com o tempo. - As histórias estão se perdendo, e rápido! Não existem mais as rodas de contar caso. Aqui em Viçosa tinha a rodinha de criadores de passarinhos, de bicicleteiros e a de pescadores, que é a única que sobreviveu, da qual eu faço parte – diz ele. José conta que todo dia na Praça Silviano Brandão, às oito horas da manhã, podemos encontrar a roda de senhores conversando so-
Laira Carnelós
Costume de contar histórias vem se perdendo com o passar do tempo, o que
OS VISITANTES DA MEIA NOITE Por Mariana Diniz
Mariana Diniz
A palavra “cemitério” vem do latim coemeterium, que por sua vez significa: “fazer deitar”. Esse nome foi dado pelos primeiros cristãos aos terrenos destinados às sepulturas de mortos. Hoje, alguns cemitérios
rompem com essa imagem tradicional com jazigos e monumentos de mármore, substituindo-os por parques em que placas de metal no chão são o único sinal de que o local está povoado por gente morta. Os chamados “cemitérios parques” tem uma estética
mais clean. Segundo os representantes do “Parque da esperança”, em Belo Horizonte, a arquitetura moderna e a presença de animais silvestres traz à família - ou seria aos mortos? - um verdadeiro sentimento de paz. Os cemitérios tradicionais podem ser bem menos arrojados, mas ainda assim são lugares incríveis de se visitar. Segundo L.K, que não quer se identificar porque tem medo de ser zoado, andar pelo cemitério às vezes pode ser realmente inspirador: - As pessoas não entendem muito bem, acham que se vou ao cemitério, e não é enterro de alguém, é porque vou fazer pacto com o capeta. Mas não é nada disso, tem a ver com ser um lugar calmo e bom para refletir. Segundo Aline Teixeira, quando mais nova gostava de ir muito ao cemitério encontrar com seus amigos vivos, principalmente quando era um cemitério preservado e limpo. E se tivesse esculturas e túmulos enfeitados, melhor ainda! Ela explica: - Assim como playboys gostam de ir em micaretas, os góticos gostam de ir ao cemitério. Não tem mistério, é só um local agradável. E todo gótico lembra sempre de respeitar o local, nunca fui em cemitério para quebrar as coisas ou destruir, apenas apreciar. Os dois admitem que não têm ido tanto ao cemitério desde que se mudaram para viçosa, o lugar não é tão bem cuidado e calmo assim: - Sempre tem uma galera bêbada procurando ação na madrugada, e acabam indo parar no cemitério. Qualquer coisa assusta e sai gritando! . - Confidencia Aline. É, nem todo mundo sabe apreciar a beleza dos cemitérios.
Nos cemitérios, nós que aqui estamos por vós esperamos
12
TÁ FRIO! Por Shayene Martins
O frio chegou com tudo esse ano, fazendo jus àquele antigo bordão da cidade “Viçosa Perereca”. Nessa época surgem várias campanhas em prol da população menos favorecida. A Empresa Jr. Florestal da UFV realiza a Campanha do Agasalho em Viçosa desde 2008, “com o objetivo de ajudar as pessoas carentes da cidade a enfrentarem o inverno com mais conforto, segurança e dignidade”, afirma Aline Costa, atual Diretora de Projetos da Empresa Jr. do Curso de Engenharia Florestal. Academias, escolas e grupos autônomos também estão recolhendo doações de agasalhos, cobertores e alimentos. Uma república universitária decidiu abraçar a causa. - Nós, como estudantes, percebemos a importância de propagar a ideia de ajudar ao próximo na cidade que nos acolhe - conta Willy Cogo, morador da República Deck. Não deixe de participar, pois como já dizia Antoine de Saint-Exupéry “A verdadeira solidariedade começa onde não se espera nada em troca”.
CIDADE
OUTROLHAR JUNHO DE 2015
VIÇOSA E REFLETEM PERFIL DOS MORADORES representa uma grande perda na memória coletiva das cidades bre pescaria e lendas da cidade: - E pescador você sabe né, é cada história mais escabrosa que a outra - comenta ele. Sendo verídicas ou não, completamente fantasiosas ou baseadas em fatos reais que se distorceram com o tempo. A tradição oral desempenha dentro de uma sociedade uma função geradora de fantasia, unindo os homens na troca de experiências, e colocando na crua realidade cotidiana do homem simples, pingos de sonho.
A história de Marden é revivida todos os anos na data de aniversário de sua morte
OLHA O TREM, MARDEN! No ano de 1989, numa noite normal, após jantar no Restaurante Universitário (RU), Marden (ex-aluno da UFV) tomou seu caminho de casa. Dizem que ele estava de bicicleta. Ao atravessar os trilhos do trem ele foi atingido, alguns dizem que pelo trem dando ré, outros pelo veículo que limpava os trilhos e há até quem conte que ele bateu em uma barra de ferro que excedia a extensão do trem. Da forma que foi, Marden não sobreviveu ao acidente. Desde então, todo dia 14/06 (data de sua morte) aparece pintado no cruzamento próximo ao RU a frase: “Olha o trem Marden!”. Não se sabe a origem das pinturas. Há quem defenda que são manifestos em memória de Marden e quem defenda ser o próprio, alertando os colegas de faculdade para que não cometam a mesma desatenção que ele.
A FAZENDA MAL ASSOMBRADA Havia uma fazenda bem grande e bonita nos arredores do Fundão (Bairro São José do Triunfo) que permanecia abandonada há alguns anos. As mulheres dos arredores procuravam por barro branco, para barrear as paredes da casa, o chão e o fogão a lenha, e se adentravam no terreno à procura. Porém elas eram expulsas da fazenda a chicotadas e pedradas, sem conseguirem avistar de onde vinha a agressão. Alguns homens duvidavam da história e iam até a fazenda conferir, mas também não eram perdoados. Conta-se que durante uma divisão de herança, um dos herdeiros se desentendeu com o restante e saiu prejudicado na divisão de terras. Insatisfeito, ele rogou uma praga na fazendo dizendo que se ele não iria morar ali, então mais ninguém iria. E então entregou as terras para o coisa ruim, que afastou não só os moradores mas também os meros visitantes da fazenda. Há algum tempo a fazenda mudou de dono, foi reformada e é habitada, mas para isso o atual dono pediu que rezasse missa, benzesse, fizessem mandiga e o que mais fosse necessário para afastar o mal que rondava por aquelas terras.
ACESSIBILIDADE É PROBLEMA EM TODA A CIDADE Por Taiane Souza
Reprodução
Viçosa é uma cidade que, devido ao acelerado crescimento e à falta de planejamento urbano, falha no que diz respeito à acessibilidade e assistência a pessoas que necessitam de meios alternativos para se locomover. Por isso, as ruas mal asfaltadas, calçadas desregulares e pouco espaçosas, carência de rampas em locais com degraus, escassa fiscalização nas vagas para deficientes, e principalmente, má educação de muitos cidadãos e profissionais para lidar com esse assunto, resultam na hostilidade da cidade para com essas pessoas. Erick Fabrício, viçosense, estudante da UFV e cadeirante, conta que tem que encarar todos os dias calçadas estreitas e postes entre calçadas, e vê em paredes residenciais e de estabelecimentos comerciais entraves a serem enfrentados. - Não bastasse a conjuntura física imposta pelas vias públicas, também sou obrigado a conviver com a invasão do espaço público por comerciantes informais que utilizam as calçadas para exposição e vendas de produtos – diz Erick. Por isso, ele prefere utilizar as ruas para se locomover todos os dias, e enfrentar o perigo do trânsito. - Portanto, acaba sendo um total desrespeito às Leis e ao direito de ir e vir, não apenas dos cadeirantes, mas de todos os cidadãos – acrescenta. Ele ainda ressalta o despreparo da Universidade, que só iniciou reformas de acessibilidade no prédio ECS quando solicitada pelo aluno. Além disso, Erick precisa avisar todos os professores em início de período para reservar salas para aula no primeiro andar do PVA, já que o edifício não possui rampas nem elevadores. A moradora de Viçosa, Junice Souza Freitas, é portadora de uma doença chamada “artrose” no quadril, e por isso, precisa andar de muletas. Assim como Erick, ela enfrenta diariamente dificuldades para se locomover pela cidade, e depende na maioria das vezes do seu carro. Mas ainda assim, encontra problemas nos estacionamentos para deficientes, que, segundo ela, são na maioria das vezes ocupados por carros de pessoas sem nenhuma necessidade especial, e não possuem fiscalização alguma para garantir seus direitos. Apesar dos obstáculos que Erick e Junice se deparam o tempo todo, ambos acreditam que já estão acontecendo mudanças na cidade, como adoção de rampas pelo comércio, e acesso do transporte público para pessoas deficientes. Essas mudanças podem ser vagarosas mas, ainda assim, muito importantes. A redação do OutrOlhar, infelizmente, também carece desses meios de acesso, e lamenta não poder dar assistência, se necessário, para pessoas com necessidades especiais.
Erick e Junice enfrentam todos os dias problemas como postes entre calçadas, ruas desregulares e falta de consciência e respeito por parte de outros moradores
13
VIDA E SAÚDE
OUTROLHAR JUNHO DE 2015
CONHEÇA OS RISCOS DE FAZER DIETA POR CONTA PRÓPRIA Reeducação alimentar sem acompanhamento especializado pode ter efeitos colaterais inesperados A última pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde revela que quase metade dos brasileiros (48,5%) estão acima do peso. Esse levantamento foi feito pela Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel). Muitos desses, na tentativa de emagrecer, buscam variadas dietas ‘’milagrosas’’ por conta própria. Mas o efeito pode surpreender, e na maioria das vezes de forma negativa. O Dr. Vanderson Esperidião é médico e professor do Departamento de Medicina e Enfermagem da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Ele afirma que os sintomas mais agudos das
Everton Marques (Mamãe)
Por Ronan dos Santos
dietas por conta própria estão relacionados aos níveis de nutrientes na corrente sanguínea como lipídeos, glicose e proteínas. A segunda carência se relaciona à desnutrição de natureza carencial, relacionadas aos nutrientes específicos, como as avitaminoses. Vanderson afirma que nesses casos há uma de-
BUSCA PELA ESTÉTICA PERFEITA Por Jorge Oliveira
O mundo está se tornando cada vez mais esteticista, a busca por um corpo em forma tem se tornado cada vez mais comum. Uma pesquisa do Ministério da Saúde, do ano de 2006 até o atual, mostra um aumento de 50% dos praticantes de musculação e que 33,8% dos brasileiros acima de 18 anos praticam atividades físicas regularmente. Um dos problemas ocasionados por essa busca pela perfeição do corpo é o uso de anabolizantes. Essas substâncias são uma classe de hormônios esteróides sintéticos e naturais, que promovem o crescimento celular e a sua divisão, o que resulta no desenvolvimento dos tecidos, principalmente o ósseo e o muscular. Para pessoas que buscam um aumento de massa muscular, o uso dessas substâncias seria ideal para a aceleração do processo, se não houvessem efeitos colaterais tão graves. Lucas Rodrigues (21), morador de Viçosa, pratica musculação há cinco anos e diz já ter usado anabo-
14
lizantes para obter um maior ganho muscular. Ele evidencia que, por sorte, não foi vítima de consequências graves. Para quem tem dificuldades de ganhar massa muscular magra, o personal Fernando Resende recomenda uma dieta acompanhada por um nutricionista para suprir de forma saudável as carências do organismo. Ele esclarece que existem atletas que utilizam anabolizantes para intensificar seus ganhos. O fato de ter um acompanhamento médico não anula os riscos, mas tenta diminuí-los ao mínimo, examinando o corpo de cada pessoa. O médico Ricardo Massarolli explica que, sem a orientação devida, as consequências podem ser graves. Exalta também que os riscos podem variar de acordo com a pessoa, mas traz maiores problemas para o coração, fígado, podendo causar derrame e até mesmo o câncer. Segundo ele, o uso de anabolizantes traz riscos, todo ganho deve ser devidamente acompanhado para que as mudanças aconteçam de forma saudável.
pendência direta relacionada ao tempo de duração da dieta. Quando detectado o equívoco cedo, torna maior as chances de recuperação de sequelas. Um estudo realizado no Rio de Janeiro mostra que os adolescentes são a faixa etária mais insatisfeita com próprio corpo, cerca de 75% deles. A pesquisa
foi realizada com 3 mil adolescentes do ensino médio. Para adolescentes e crianças as dietas são ainda piores, pois, como afirma Paula Melin, Psiquiatra e diretora do Núcleo de Transtornos Alimentares e Obesidade (Nuttra) do Rio de Janeiro, é na puberdade que se nota os aumentos mais significativos de gordura no corpo.
Fica claro que a atitude a se tomar em caso de insatisfação com o seu corpo é procurar um profissional especializado, para que esse direcione uma dieta de forma correta e que possa trazer somente benefícios.
Por Weliton Pereira
em estado de alerta, o que é considerado por ela nem tranquilo e nem tão crítico. Para a coordenadora a higiene é o principal passo para evitar que as larvas do mosquito se proliferem: -Os moradores não devem deixar de prestar atenção em tudo que possa acumular água, como acúmulo de coisas velhas no quintal, garrafas, caixas d’ água, vasos de plantas, vasos sanitários que não utilizados com frequência, entre outros. Eliane Teixeira estuda na Escola Estadual Dr. Raimundo Alves Torres (Esedrat) e mora no Bairro Santa Clara que fica próximo ao de Posses (local onde residia a vítima que morreu em Viçosa). Ela conta que em sua casa todo mundo ficou espantado com tudo que está acontecendo. A jovem diz que não adianta um se conscientizar e o restante não se mobilizar: -Lá em casa a gente sempre olha, mas em outros locais por aí já vi muita água parada, principalmente em locais públicos e até mesmo nas ruas, aí fica difícil. Várias alternativas laboratoriais estão sendo
testadas e comprovadas para evitar a infestação do mosquito no Brasil. 10 ml de água sanitária colocada em 1 litro de água tratada já é o suficiente para matar as larvas do Aedes Aegypt por 24 horas, segundo estudos da Abiclor (Associação Brasileira das Indústrias de Álcalis, Cloro e Derivados). Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Rio Claro (SP) também conseguiram avançar nos estudos contra o mosquito. Eles descobriram que a substância “ramnolipídio”, um metabólito microbiano oriundo da bactéria Pseudomonas aeruginosa LBI, associada a solos contaminados por petróleo consegue matar as larvas e o mosquito também na fase adulta. Eles reiteram que é preciso reduzir os custos de produção para que um inseticida seja criado e que o próprio possa ser acessível num futuro muito próximo ao consumidor.
DENGUE TRAZ ALERTA PARA POPULAÇÃO DE VIÇOSA
Em 2015, a dengue volta a ser uma das pautas primordiais discutidas no Brasil. Tal situação se deve aos casos e mortes envolvendo a doença, que aumentaram de forma assustadora no primeiro trimestre deste ano. De acordo com o Ministério da Saúde, a região sudeste é a 2ª colocada no ranking nacional de aumento dessa infestação. A realidade trazida pela picada do Aedes Aegypti chegou com força a Viçosa. Os dados divulgados pela Secretaria de Saúde apontaram até o dia 8 de maio 103 notificações. Dessas, 65 foram confirmadas, 19 descartadas, 15 estavam em investigação e 4 foram identificadas como pessoas não residentes ou de fluxo de retorno, ou seja, contraíram dengue em outra cidade. A coordenadora do setor de Vigilância Ambiental do município Karen Lopes, afirma que mesmo com todos os avisos e precauções existentes sempre algo de errado é encontrado em algum lugar. Karen certifica que a cidade se encontra
CULTURA
OUTROLHAR JUNHO DE 2015
INTERCÂMBIO CULTURAL Por Thalison Oliveira
Conhecer outras culturas, pessoas e cidades. Estas são algumas das inúmeras vantagens que o intercâmbio pode proporcionar. A Associação Brasileira de Organizadores de Viagens Educacionais e Culturais (Belta) divulgou dados revelando um crescimento de aproximadamente 600% neste mercado durante os últimos dez anos. Diego Nizzato (22) é estudante da UFV e já viajou para diversos lugares. - Intercâmbio é viver outro país, e isso dinheiro nenhum no mundo compra, nem fogo nenhum destrói. Suas memórias, gostos, abraços, viagens, momentos, sempre ficarão na mente, não importa o que aconteça – relata. Diogo chegou a fazer dois intercâmbios por organizações, um ainda no Ensino Médio e o outro já durante a faculdade. - Minha experiência com
Por Erick Coelho
para quem acredita em fazer a diferença. A AIESEC oferece diversas oportunidades para ações voluntárias em ONGs e escolas com projetos voltados à educação cultural, ao ensino de novas línguas, e a inclusão social e desenvolvimento de mulheres, jovens e crianças. Juan Tumbanóe é membro do Rotary, uma das maiores organizações de prestação de serviços humanitários em todo o mundo. Ele fala sobre a importância cultural de se fazer o intercâmbio. - A força mais poderosa na promoção da paz e compreensão internacional é o contato com culturas diferentes. O mundo torna-se um lugar menor e mais aconchegante quando aprendemos que todas as pessoas têm os mesmos desejos básicos. O Intercâmbio de Jovens oferece a milhares de estudantes essa oportunidade. Diego Nizzato incentiva o intercâmbio feito no
Ensino Médio, justificando que “pode atrasar um pouco seus estudos no Brasil, mas o que ele lhe acrescenta como pessoa e como profissional não tem preço” – conclui. Porque você decidiu fazer intercâmbio? Eu tinha muitos amigos de outros lugares nos Estados Unidos, inclusive alguns brasileiros. Eles sempre contavam histórias muito divertidas sobre os lugares que moraram, e isso foi me dando cada vez mais vontade de ir pra outro país. Até que um dia minha mãe foi em uma agência de viagem e eu vim pra cá. Você que escolheu o Brasil? Sim! Como eu disse, já conhecia alguns brasileiros, e vocês eram sempre os mais divertidos. Minhas amigas que conheciam o Brasil também sempre falaram muito bem daqui, então eu escolhi vir. Fora que eu queria conhecer as praias!
Como foi o choque cultural? Foi difícil de se adaptar? O choque foi muito grande no início, principalmente com a comida. Minha comida preferida daqui é o strogonoff. Eu achei que a língua seria um pouco mais fácil, por eu já ter tido um contato maior com o espanhol. Mas a única palavra que eu sabia falar em português era abacaxi! O que mudou na sua vida depois desse intercâmbio? Minha vida mudou completamente. É um experiência maravilhosa, que todos deveriam fazer. Conheci pessoas que eu vou levar comigo pro resto da vida, junto com todo o amadurecimento que eu tive aqui. Foram 9 meses de Brasil que eu nunca vou esquecer. O sentimento de estranheza do início ficou pra trás, e eu pretendo fazer outros intercâmbios ainda. Por mim eu não ia embora, mas a hora ta chegando!
ras e shows, tinha estrutura grandiosa e capacidade para mais de 600 pessoas, um dos maiores do interior de Minas Gerais. O local onde funcionou, hoje é um sacolão. -- Tinha sessão todo dia. Segunda, terça e quarta, uma sessão. Quinta, sexta e sábado, duas. Já no domingo, eram quatros sessões. – conta, enquanto descreve o interior da sala. As atuais 2830 salas de exibição, não superam as mais de 3200 que haviam em 1975, num país com quase metade da população de hoje; os pouco mais de 150 milhões de espectadores atualmente, não chegam nem perto dos mais de 270 milhões do mesmo período, ano de filme d’Os Trapalhões e auge do cinema catástrofe. Daí em diante, a gente já sabe: a disputa contra a televisão acirrou e os velhos cinemas viraram história – e na maioria dos casos, igrejas evangélicas. Os cinemas do século XXI - no passado ponto de encontro nas ruas da maioria das cidades e entretenimento popular, de norte a sul do país - voltaram como multiplexes, caros e fechados nos shoppings dos grandes centros urbanos. Dos quase 6
mil municípios, apenas 290 contam com alguma sala de exibição, hoje. Andréia, proprietária do único cinema em funcionamento na cidade, inaugurado há 13 anos, veio de longe, da região sul do estado, buscando numa cidade universitária e com público jovem, uma oportunidade de permanecer no ramo da família. Os cinéfilos buscam em iniciativas na UFV, como o
Cineclube Carcará (fundado em fins dos anos 1960, em plena ditadura militar), por exemplo, uma possibilidade de expandir seus horizontes com a exibição de filmes de fora do circuito comercial. Além de projetos como o Cine Com que exibem gratuitamente, em telões instalados em locais públicos, filmes de diversos gêneros para toda a comunidade. Já o cinema clássico,
aquele na sala escura, com telona, pipoca e último representante de sua espécie na cidade, conta hoje com projetos de digitalização da projeção como uma forma de dinamizar a programação. Assim, fica mais fácil receber lançamentos junto às capitais – fruto da quantidade limitada de cópias distribuídas com o atual formato de películas 35mm – e uma maior variedade de longas.
cinemas no interior do país lutam pela sobrevivência
Edifício onde funcionava principal sala de cinema da cidade resiste, mas hoje é um mercado de hortifruti
15
Reprodução
O mercado cinematográfico brasileiro fechou 2014 com números impressionantes. O Brasil levou no ano passado, segundo a Agência Nacional de Cinema (Ancine), 155,6 milhões de espectadores para as suas 2830 salas pelo país. Ao todo, o setor faturou 1,96 bilhão de reais no ano, consolidando a posição do país no circuito das grandes distribuidoras e exibidoras mundiais, recebendo boa parte dos filmes com pouco ou nenhum atraso em relação a seus locais de origem. Entretanto, apesar dos grandes números e crescimento vertiginoso, foram poucos os que tiveram acesso a sétima arte e o país ainda está longe de bater seus próprios recordes de bilheteria. Viçosa (MG), que já chegou a contar com três cinemas, hoje, um, é uma exceção. Poucas são as cidades do interior do país que ainda possuem uma sala de cinema. Demerval conta que quando adolescente, trabalhou como baleiro no antigo Cinema Brasil de Viçosa. O cinema inaugurado em 1956, que também recebia peças de teatro, formatu-
o Rotary foi um Programa de Intercâmbio de Jovens, onde o adolescente vai para um país, enquanto seus pais recebem um intercambista aqui no Brasil. Estive em vários países da Europa com meus amigos, e confesso que tais momentos foram o ápice. Já o intercâmbio pela AIESEC fui para Budapeste, capital da Hungria. Lá desenvolvi um projeto com jovens excepcionais, o que foi muito gratificante, sobretudo em um nível pessoal – conta. A AIESEC é a maior organização jovem reconhecida pela UNESCO que tem como objetivo desenvolver liderança responsável e empreendedora por meio de intercâmbios e experiências de grupo. Suellen Santana (21) é estudante da UFV e atual presidente da AIESEC Viçosa. Ela ressalta o valor do intercâmbio voluntario na vida das pessoas. -O trabalho voluntário é uma importante ferramenta
CULTURA
OUTROLHAR JUNHO DE 2015
Desenhar e colorir deixam de ser um passatempo para se tornar terapia
16
Reprodução
N
o princípio, não havia o verbo. Os ancestrais dos humanos modernos se comunicavam por meio de gestos, gritos, posturas, e expressões. Imaginem os Neanderthais, por exemplo. A imagem que nós temos dessa figura antropológica é a mais primitiva possível, não? Em grande parte, isso se dá pela ausência da forma escrita. Esse foi um dos critérios, inclusive, para a subjugação dos povos nativos da América. Para os Europeus, o fato de não terem ainda aprendido ou desenvolvido uma forma gráfica de comunicação, entre outras coisas, os caracterizava como selvagens. Não até oito mil anos antes de cristo que a primeira forma de escrita foi registrada, por meio de pinturas nas paredes das cavernas. A arte já nascia com o viés da comunicação, pois era através desses desenhos que os outros habitantes da caverna sabiam onde ir caçar. Além, é claro, de servir como uma excelente forma de se gabar do tamanho do bisão que você matou. Desde o seu nascimento até os dias de hoje, o ser humano procurou formas de expressão artística para marcar sua presença no planeta. Em um processo contínuo e sempre em transformação, devemos à arte o papel de mensagem, canal, e meio. Ela contém os anseios do autor, seja ele expressionista ou dadaísta. Por meio dela que conseguimos externalizar nossos sentimentos mais íntimos. Mas afinal, em meio a tantas definições diferentes, o que é que pode se caracterizar como arte? Há quem diga que se uma pessoa que se denomina como artista chama alguma coisa que fez de arte, o assunto ta encerrado. Mas essa discussão vai além. Sem uma resposta concreta para essa pergunta, muitos veem na arte uma construção cultural variável, sem significado constante. Quando falamos de arte, estamos falando de dança, pintura, escultura, cinema, música, poesia... E isso sem falar tudo! O espectro do que pode ser chamado de arte é monumental. O artista, ou aquele que cria arte, já foi considerado tanto nobre quando subversivo. Na idade média, quando os aspectos religiosos prevaleciam no meio artístico, os pintores trabalhavam para os mais altos escalões sociais. Isso muda quando olhamos para a Alemanha nazista, quando Hitler chamou os modernistas de “loucos e degenerados”. Definir arte é limitá-la a determinado período ou movimento. Apesar do tempo histórico em que está inserida, a faceta artística da nossa espécie sempre acha uma maneira de se mostrar. O artista plástico e professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFV Cláudio José Magalhães acredita que “a arte vai sempre apresentar resistências”, se referindo à opressão dos períodos totalitários na Europa do Século XX. Segundo ele, a arte acha um caminho, pois “mesmo em meio a tantos conflitos, ela continua em voga até hoje. Isso mostra a sua validade”. O ensino da arte para a juventude, de acordo com o estudante do segundo ano do Ensino Médio Elisson Gomes (17), é o ensino da sensibilidade. - A gente quando começa a prestar mais atenção nas cores e nos desenhos dos quadros percebe melhor até os prédios na rua. De acordo com Elisson, que sente a falta de incentivo à cultura presente nas periferias viçosenses, falta participação da juventude no meio artístico atual. - É tudo muito nada a ver pra gente, o povo não se interessa por pintura de museu. A arte pode ter muitos papéis na formação do jovem, desde o fortalecimento da identidade até a formação de caráter. Não são poucos os casos onde foi a prática artística a responsável por uma vida diferente, das ruas para as galerias. Arte é cultura, e expande a visão de mundo do homem desde os seus tempos de caverna, quando a pintura era a única forma de se comunicar. Incentivar a arte e todo o debate que o meio gera é, portanto, incentivar não só o crescimento humano, mas o progresso de toda a humanidade.
Imagem retirada do livro “Jardim Secreto”
Arte e o desenho através dos tempos
E
ntre as várias formas de arte, a mais comum provavelmente é o desenho. Quem nunca desenhou? Desenhar é um dos passatempos mais comuns na infância. Isso pode ser explicado pela facilidade de acesso aos “instrumentos”. Basta um papel e um lápis. O desenho é uma forma de manifestação da arte, o artista transfere para o papel imagens e criações da sua imaginação. Há profissões em que essa manifestação é mais valorizada, é o caso do Arquiteto. Estudante de arquitetura, Thais Freitas sempre gostou de desenhar. Seus desenhos não eram divulgados, ficavam guardados e só seus amigos tinham conhecimento. Ela teve a ideia de divulgar, chegou a criar uma conta no Instagram para postar o seu trabalho, no entanto, por falta de tempo, a conta ficou desatualizada e raramente tem novas postagens. Segundo Thais, aquilo que era só lazer, ficou mais sério graças a profissão que escolheu fazer:_ Acredito que o desenho seja uma forma de me expressar, de me acalmar, de colocar minhas ideias de um jeito que não seja escrito. Sempre desenhei por hobbie, mas ultimamente o desenho acabou sendo muito utilizado no curso que faço, exatamente por ser um modo de expressar as ideias de um projeto e tentar entender de uma forma tridimensional . Explica. Há algum tempo livros de desenhar e colorir para adultos, como Jardim Secreto e Floresta Encantada, vem fazendo enorme sucesso. A ideia é que as pessoas possam esquecer um pouco o estresse do dia a dia se concentrando em algo simples, como colorir. É comprovado que desenhar ou colorir acalma. São técnicas usadas como terapia. Seja para acalmar, divertir, passar um tempo, ou hobbie, a verdade é que desenhar faz bem. Então vamos começar? João Negrelli & Ricardo Almeida