OutrOlhar 10 anos

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MAKING-OF Fotografamos todas as etapas do jornal para você. Veja no encarte.

JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UFV ● ANO 10 - EDIÇÃO 34 - ESPECIAL ● DEZEMBRO DE 2013

COMPLETAMOS UMA DÉCADA! Fotografia por Lucas Kato

Apuração, reportagens, fotos e, principalmente, um outro olhar sobre Viçosa

A ORIGEM DO NOSSO JORNAL Acompanhe a trajetória do Curso de Jornalismo da UFV p.15

O QUE ROLOU NOS ÚLTIMOS DEZ ANOS?

Veja na linha do tempo p.8

JÁ FOI CAPA Confira as matérias que fizeram história no jornal p.2

PERFIL Quem é e quem já foi a cara do OutrOlhar página 6


ESPECIAL 10 ANOS

OUTROLHAR DEZEMBRO DE 2013

Há dez anos nascia o jornal OutrOlhar no Curso de Jornalismo da UFV. O objetivo, atender a uma exigência curricular laboratorial na área impressa, com vistas à boa formação no campo jornalístico. Segundo Dirceu Fernandes Lopes, eminente professor da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) e da Faculdade de Comunicação de Santos , “jornais–laboratório são instrumentos fundamentais, uma vez neles se inicia a vivência dos estudantes com o cotidiano da profissão, da captação e redação da notícia até a distribuição do jornal, passando pelo comentário, reportagem, diagramação e edição.” Nesta trajetória, o jornal obteve significativos ganhos. Além de ter proporcionado a necessária prática da teoria aprendida nos períodos letivos do Curso a centenas de alunos, o OutrOlhar ainda foi destinado a um público-

-alvo especial, estudantes do Ensino Médio das escolas públicas do município de Viçosa (MG). Além disso, originou projetos de extensão que utilizam o veículo em atividades direcionadas aos jovens estudantes do Ensino Médio, duas monografias de final de Curso, inspiradas no dia a dia desta atividade acadêmica, um projeto de pesquisa junto ao público-alvo e alguns prêmios nacionais e regionais. Nesta edição, trouxemos depoimentos, reportagens e um pouco dos bastidores da atividade de elaboração deste veículo laboratorial. Tudo a partir de um projeto especialmente elaborado pela turma de 2012 para que você leitor saiba um pouco mais como este veículo experimental, destinado a você, é planejado, elaborado e finalizado. Uma excelente leitura, Joaquim Lannes Professor-Editor

Fotografia por Lauzemir Carvalho

AO LEITOR

TURMA

“Hoje eu tenho o grande prazer de receber aqui a última edição do jornal OutrOlhar que é uma ferramenta de ensino muito importante. É a partir da elaboração deste jornal que os alunos têm talvez pela primeira vez a possibilidade de montar um jornal e de discernirem qual é a melhor notícia, de entrevistarem as pessoas nos assuntos que estão relacionadas. Essa ferramenta no meu ponto de vista é importantíssima, porque é realmente o estudante colocando a mão na massa, é ele fazendo o jornal, mas não é só um jornal experimental que ele monta e depois ele não é publicado, é um jornal produzido e editado, e, o mais importante, é distribuído. E ele é distribuído em locais onde vai despertar a possiblidade de você trazer para a Universidade futuros ingressantes com potencial muito grande para a área de Comunicação Social.” Profª Nilda de Fátima Ferreira Soares, reitora da UFV

Ana Abreu, Ana Moreira, Ana Richardelli, Bruna Guimarães, Bruna Santos, Camila Denadai, Camila Macedo, Caroline Bacelar, Caroline Mauri, Cássia Lellis, Dayane Pereira, Fernando Cézar, Gabriel Novais, Gabriela Dalton, Graziele Oliveira, Hugo Amichi, Isadora Canela, Júlia Drumond, Juliana Souza, Letícia Natalina, Lhaís Carvalho, Lidiany Duarte, Lucas Kato, Lucas Moura, Marco Neves, Mariana Elian, Monique Bertto, Pedro Cursi, Pedro Vital, Thaiss Moreira, Vinicius Sant’anna, Yane Guadalupe EDITOR CHEFE

Prof.° Joaquim Sucena Lannes MONITOR

Lauzemir Carvalho DIAGRAMADORES

Camila Denadai, Gabriel Novais, Yane Guadalupe DIRETOR DE ARTE

Gabriel Novais

COTIDIANO

Ilustração por Gabriel Novais

Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Viçosa (UFV), atualmente sob responsabilidade da turma de 2012, na disciplina Jornal Laboratório I

DIRETOR DE FOTOGRAFIA

Lucas Kato REVISORA

Graziele Oliveira APOIO

Centro de Ciências Humanas Letras e Artes - CCH REITORA

Prof.ª Nilda de Fátima Ferreira DIRETOR DO CCH

Prof.° Walmer Faroni CHEFE DO DCM

Prof.° Joaquim Sucena Lannes COORDENADORA DO CURSO

Uma crônica por Isadora Canela Ela é atleta, acorda cedo, todos os dias toma um banho bem frio e uma vitamina. Abre um jornal e vai correr. Nervoso como o diabo, ele parece que vai explodir. Acorda às 4 da manhã reclamando de insônia. Toma um gole de whisky e acende um cigarro, liga a tevê, outro cigarro. Anda pela casa, abre um livro e depois desiste, lê um jornal. Vai para o trabalho e volta, sem esquecer a noite mal dormida. Isso todos os dias. Ela é boa, sabe aquelas pessoas boas? Já na terceira idade, acorda quase com o sol e passa um cafezinho. Gosta de dar um passeio pela orla do Rio, se admira vendo os “casaizinhos jovens”, como diz ela. Passa a manhã na casa de seu filho cuidando do neti-

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nho. Volta para casa e prepara o almoço. As tarde variam, dia passa com a amiga vizinha, outro tira um cochilo e domingo vai à Igreja. Depois do café da tarde lê um jornal e vai assistir à novela das oito. Depois do yoga matinal, toma um café sem açúcar e volta a dormir. Ele é músico, toca saxofone em uma banda e dá aulas do instrumento para sua sobrinha todos os dias de manhã. É professor também em uma faculdade de música e antes de ir trabalhar toma um banho, lê o jornal do dia e sua agenda. Sempre tive um encantamento com esses pequenos hábitos. Pensa bem, a gente consegue imaginar quase o cheiro da pessoa só por essas coisas que fazem no pi-

loto automático. Mas o que mais me intriga, em todos os fiéis componentes rotineiros – olha que são muitos e tem uns estranhos que só! - é o jornal. Incrível. Ele se dá bem com todos os personagens. Carente que nem cachorro, vem ao mundo com vários outros iguais e já chega querendo se enturmar fofocando para lá e para cá, isso todos os dias sem ninguém nem se dar conta. Grande e desengonçado, consegue papeis em quase todos os filmes, desde a companhia na privada (típico das comédias) até os filmes de máfia em que o assassino se esconde atrás do jornal fumando um charuto. Mas se fosse só um grande cachorrão estrela de filme não lhe teria nenhum cha-

DE JORNALISMO

mego. O jornal com toda sua simpatia não observada, sua intima e constante presença despercebida, tem a perspicácia que só se vê nos reais artistas: provocar todo tipo de sentimento, sustos, risos e revoltas. Conta fatos que ficarão para sempre na História mundial e outros com a praticidade de alguns dias de importância. E no fim, morre como um astro de rock’n’roll, depois de uma vida intensa e breve. Tratou da morte do presidente, tragédia mundial ou último capítulo da novela, e se despede do mundo com uma admirável e elegante humildade. Em seu último suspiro, serve como privada de cães até como objeto de estudos dos acadêmicos cientistas.

Prof.° Mariana Lopes Bretas ENDEREÇO

Vila Gianetti, casa 34, Campus Universitário 36570-000 Viçosa - MG Tel.: 3899-2879 www.com.ufv.br

Os textos assinados não refletem necessariamente a opinião da Instituição ou do Curso, sendo da responsabilidade de seus autores e fontes. Cópias são autorizadas, desde que o conteúdo não seja modificado e que sejam citados o veículo e o(s) autor(es).


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COMPROMISSO SOCIAL FAZ PARTE DA NOSSA HISTÓRIA Sempre que fazemos pesquisa de opinião com nosso público-alvo ouvimos sugestões. – O jornal precisa abordar tal assunto, quero saber o que está acontecendo na cidade – questiona os leitores. E é para atender esses anseios que o jornal OutrOlhar tem trabalhado nesses dez anos. Prova disso está na edição nº 20 que tratou da superlotação e da falta de segurança em ônibus escolares da cidade. Conforme retratou a matéria da edição nº 20, os alunos viajavam sem cinto de segurança, de pé nos ônibus e sem acompanhamento de um adulto, como é exigido pela legislação. Na cobertura especial feita sobre o assunto, revelamos que não havia fiscalização periódica no transporte escolar de Viçosa. Em entrevista ao jornal, o Secretário Municipal de Trân-

sito, Transporte e Segurança da época, Reinaldo Lopes de Souza, afirmava que até o momento em que foi procurado pela equipe do OutrOlhar não sabia das irregularidades que estavam acontecendo e declarou que a nossa reportagem deu um impulso para que ele começasse a fiscalizar. A implantação dos semáforos em Viçosa chegou também aos nossos leitores. Há dois anos, os semáforos foram colocados em Viçosa com o intuito de melhorar o caos que tinha se tornado o trânsito da cidade. Quando foram instalados no ano de 2011 muita gente estranhou e até questionou a necessidade dos novos sinais. Poucas pessoas sabem, mas Viçosa já teve semáforos há muitas décadas atrás. Os sinais foram retirados e quando voltaram recentemente foi

preciso uma nova adaptação. Nesse contexto, o jornal OutrOlhar aparece como importante instrumento de informação e de educação para o seu público-alvo. Dois anos após a instalação, é possível notar que os semáforos melhoraram a convivência entre pedestres, ciclistas e automóveis; entretanto, ainda há muito o que melhorar. Dentro desse contexto social, noticiamos também a onda de furtos no campus da UFV. Também em 2011, foram publicadas uma série de matérias referentes a abordagens criminosas sofridas pelos estudantes da UFV. Passado dois anos, os índices de crimes violentos continuam crescendo, e, apesar das dicas dadas pelo jornal e pelas autoridades acadêmicas na ocasião, os estudantes continuam sendo o grande alvo dos marginais.

Fotografia por Lucas Kato

Yane Guadalupe analisa as principais matérias do jornal

Situação dos ônibus de Vi;osa não se modificou

UM RETORNO AO BUIEIÉ

Localizada na zona rural do município de Viçosa a aproximadamente 15 km do Centro, está a comunidade do Buieié. A terra onde fica o bairro foi doada pelo, então, dono da propriedade aos seus escravos recém-libertados, e tem passado de pai para filho desde então. Atualmente, os moradores convivem com alguns problemas como a falta de saneamento básico, saúde, educação, transporte e lazer. Na primeira edição do jornal, dezembro de 2003, a equipe do OutrOlhar trouxe para você um pouco sobre a comunidade. Nós resgatamos agora o que mudou nesses dez anos. O “Fala Buieié” foi o tema abordado pela matéria realizada em 2003. O projeto foi idealizado a partir de uma pesquisa feita pela pedagoga Rosangela Fialho. O objetivo principal era de trabalhar a inclusão social, promovendo a autoestima e o reconhecimento dos moradores como cidadãos, por meio de atividades como dança, artesanato e culinária. Paralelo ao o programa,

também surgiu o “Tambores do Buieié”, um grupo de percussão que reunia os jovens da comunidade. O grupo encerrou suas atividades em 2012. O projeto durou apenas três anos, mas trouxe mudanças significativas para a comunidade, como conta Rosangela: - Quando che-

guei lá no início de 2000, ainda não tinha luz, nem água e nem transporte público. Um único ônibus passava na estrada, fora da comunidade, duas ou três vezes na semana. Hoje o bairro conta com luz elétrica, água encanada, e transporte público regular, além de uma evi-

dente melhora na infraestrutura das casas. Segundo ela, “trazê-los para a cidade e para as outras cidades da região e fazer com que os reconhecessem como cidadãos, foi o ponto alto do Fala Buieié” A ex-moradora do bairro, Juliana Alves, viu de perto as mudanças que

Hoje, no Buieié, as crianças se arriscam brincando em locais impróprios por falta de opções

Fotografia por Juliana Souza

Monique Bertto e Juliana Souza visitam o bairro rural de Viçosa dez anos depois da primeira edição

aconteceram no bairro. Na matéria da primeira edição do OutrOlhar, Juliana, que seria a primeira entre eles a prestar vestibular, contava que seu sonho era cursar Ciências Contábeis na UFV. Hoje, formada em Pedagogia, Juliana mora na Zona Urbana de Viçosa, mas visita com frequência sua família que continua na comunidade. - O projeto fez com que muitos adolescentes se desenvolvessem e até mesmo saíssem da comunidade, a maioria veio para Viçosa e está trabalhando, estudando. Com o fim dos projetos na comunidade, as opções de lazer para a população, principalmente aos mais jovens, são praticamente nulas. Segundo a moradora Maria das Mercês Ferreira, as crianças ficaram ociosas depois que acabaram todos os projetos que proporcionavam algum tipo de ocupação e de entretenimento, “agora quando eles voltam da escola ficam brincando nas estradas, não têm outra opção”, finalizou.

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ELE ACREDITOU NA VISÃO DOS ALUNOS

Fotografia por Graziele Oliveira

Orlando Rodrigues conversa com Lhaís Carvalho sobre as edições especiais para a COPEVE O jornal-laboratório OutrOlhar abriu espaço para publicações extras em toda a sua história. Foram oito, as quais continham temas como esporte, fotografia e até matérias produzidas por alunos do Ensino Médio. A Edição Especial Vestibular 2010, lançada

em dezembro de 2009, e a Especial 2, de agosto de 2010, bateram o recorde de tiragem e de circulação. Elas tiveram, juntas, 50 mil exemplares enquanto as publicações tradicionais contam com uma tiragem de 2 mil cópias. Os periódicos foram o

resultado de uma parceria entre o Curso de Jornalismo da UFV e a DVE (Diretoria de Vestibular e Exames). Os exemplares destas edições foram distribuídos em cidades de todo o país onde estavam sendo realizados exames para a Instituição. A inten-

ção era de divulgar a Universidade e a vida acadêmica em Viçosa para atrair futuros universitários. Os principais assuntos abordados foram: nível de excelência dos cursos; viagens universitárias; experiência longe da casa dos pais; opções de lazer e de refeição dentro e fora do campus; e atividades extracurriculares que acrescentam na formação. Esse foi um marketing inteligente pensado pelo Professor Orlando Rodrigues quando ocupava o cargo de diretor da COPEVE (Comissão Permanente de Vestibulares e Exames). Atualmente, ele é o Chefe do Departamento de Física e acredita que a visão dos alunos sobre a academia era mais convincente do que uma propaganda convencional. Por este motivo e pelo tom “crítico” das matérias do jornal, Rodrigues procurou o professor Joaquim Lannes, editor responsável pelo jornal-

Para professor, o olhar dos estudantes sobre a Universidade atrai novos candidatos

-laboratório e se propôs a investir financeiramente nos especiais. A época não podia ser melhor: os resultados do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e de outros vestibulares se aproximavam. Era preciso atrair os candidatos que não haviam decidido qual seria a sua Universidade. A iniciativa deu tão certo que a primeira edição ganhou prêmio de melhor jornal-laboratório no Intercom (Congresso de Ciências da Comunicação) de 2010 em Caxias do Sul. Devido a essa repercussão, o professor dá a dica - A UFV deveria financiar um OutrOlhar interno pelo menos uma vez por ano, sendo ele uma análise critica da Instituição. Este tipo de ação poderia ajudar a administração a definir prioridades, sob a ótica do aluno; as pautas seriam os problemas que incomodam os estudantes. É um custo muito baixo para um retorno muito alto – finalizou.

O JORNAL LABORATÓRIO EM NÚMEROS Graziele Oliveira mostra resultado de pesquisa feita envolvendo todas as edições Em circulação desde dezembro de 2003, o OutrOlhar foi produzido pelas mãos de mais de 280 alunos. Essas mentes criativas noticiaram os fatos que ocorreram em Viçosa por meio da distribuição deles nas chamadas “editorias”, que são aqueles nomes que vemos no topo das páginas do nosso jornal. As editorias nos direcionam para o tema das notícias de uma sessão do periódico; é a partir delas que sabemos previamente sobre a informação que leremos. Contabilizamos as matérias veiculadas nesses 10 anos. Olhem na tabela que números altos! Em 2009, o OutrOlhar lançou sua primeira edição especial. Contando com este jornal que você está lendo agora, produzimos nove especiais. Juntos, eles contam com 91 matérias. Confira, ao lado, as temáticas abordadas neles.

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Editorias Opinião Cultura Cidadania Comportamento Esportes Entrevista Cidade Meio Ambiente Universidade/Campus Lazer Vida, Ciência e Saúde Entretenimento Ciência e Tecnologia Total

Nº de páginas ocupadas 50 43 10 37 38 39 59 33 12 8 16 3 33 381

EXTRA VESTIBULAR

Nº de matérias 95 88 21 81 80 73 106 71 17 16 32 7 63 750

ESEDRAT

Universidade FOTOGRÁFICO

Viçosa

ESPORTE


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“FAZER O JORNAL FOI DIFÍCIL” Um bom jornal carrega consigo grandes editores, pessoas que buscam e levam ao leitor informações de qualidade, que observam e analisam tudo que está inserido dentro da redação e que trabalham à procura das melhores notícias. Ao longo destes 10 anos, o jornal-laboratório OutrOlhar contou com a colaboração de personagens que contribuíram muito para a realização de cada publicação, que dedicaram esforços para a realização do jornal. Grandes profissionais ajudaram nesta trajetória do OutrOlhar; alguns deles foram os ex-editores Ernane Rabelo, o jornalista Élson Rezende, o professor Ricardo Duarte Gomes, e o atual editor Joaquim Lannes. A primeira editora e uma das fundadoras do jornal, a professora Adriana Araújo Passos, nos contou um pouco sobre o OutrOlhar dos dois anos em que foi a editora-chefe. OutrOlhar: Qual era o objetivo inicial do jornal-laboratório? Adriana: O objetivo foi atender a uma exigência do MEC. Existia também uma demanda por parte dos alunos e dos professores de ter um veículo em que houves-

se o exercício jornalístico, já que, na época, não havia ainda laboratórios de rádio e de televisão. O: Depois da implantação do jornal no Curso, como foi o processo de fazer as primeiras edições? A: Fazer o jornal-laboratório foi difícil porque ele não era vinculado a uma disciplina; era aberto a todos os alunos de Jornalismo. Em função da quantidade de tarefas que o Curso demandava, era complicado para os alunos pensar em pautas e produzir as matérias dentro dos prazos solicitados. De um modo geral, o jornal acabava envolvendo quase que o mesmo grupo: as pessoas que estavam mais interessadas no jornal impresso. O: Sobre o conteúdo, você falou que era diferente dos jornais da cidade? A: Ao contrário do que muitos dizem, o jornal surgiu com a ideia de divulgar informações diferenciadas das que os jornais da cidade traziam. Matérias sobre

questões que nem sempre são tratadas, especialmente aqui em Viçosa. Vale destacar que o nome do jornal não foi imposto. Alguns nomes foram colocados para um grupo e foi feita uma vo-

tação, na qual os alunos optaram por OutrOlhar. O: Falando ainda desse processo do fazer do jornal. No início foi tudo uma questão democrática? Tudo discutido com os alunos dentro da sala de aula? A: Sim, tudo foi discutido. Não dentro de sala de aula, porque, como eu falei,

ele não era vinculado a uma disciplina. Era nos laboratórios do Curso de Jornalismo que a gente se reunia para discutir. A ideia era de que todos os professores participassem. O que a gente queria era levar o conhecimento produzido na Universidade para a cidade e vice-versa. O Curso estava começando, tínhamos poucos professores, mas precisávamos promover essa interação. O: Adriana, no tempo em que você foi editora, quais foram os principais desafios e as principais dificuldades enfrentadas? A: Eu vou lhe dizer que todos. Primeiro, era um projeto novo; virei “mãe” de um projeto que não é só meu, era de várias pessoas. A gente discutiu muito as questões editoriais. Foi um processo de estudo para que houvesse o jornal-laboratório, até porque era a minha primeira experiência nesse sentido. Éramos cinco professores a cuidar do veículo de comu-

nicação do Curso. Foi difícil para idealizar a forma como ele seria e aconteceria, até mesmo em termos de impressão. O: Hoje, o jornal ainda enfrenta limitações financeiras. Como era a questão da impressão no início? A: Como era um instrumento pedagógico, isso foi algo tratado pela Coordenadoria e pela Chefia de departamento. A gente tinha que fazer um projeto coerente com os recursos que eram repassados. As limitações existiam. O desejo de todos nós, por exemplo, era fazer o jornal colorido, mas era viável? O: Hoje você acompanha o OutrOlhar como leitora? A: Eu tinha mais acesso antes de trabalhar na Divisão de Jornalismo da Universidade, inclusive fica aí uma dica para que o jornal seja enviado para a Divisão. Mas acho que ele evoluiu bastante, especialmente na programação visual. Ele está hoje vinculado a uma disciplina e isso, de certa forma, envolve todo mundo, obrigatoriamente (como possibilidade de as pessoas reconhecerem a importância de trabalhar nesse instrumento). O fato de ser distribuído nas escolas, também acho bastante positivo.

EX-EDITORES TAMBÉM DÃO SEUS DEPOIMENTOS Camila Macedo e Fernando Cézar trazem relatos de antigos responsáveis pelo jornal Cada editor que passou na história do jornal-laboratório deixou a sua marca registrada. Nas primeiras edições do OutrOlhar, a jornalista Adriana Passos era a editora geral, mas ela não estava sozinha. Com ela estavam os outros professores do Curso de Jornalismo, como por exemplo, Élson Resende Mello e Débora de Carvalho Pereira, que foram os editores responsáveis pelo primeiro projeto gráfico do jornal. Hoje, os dois professores não integram mais o corpo docente da UFV. Em depoimentos dados para o trabalho de conclusão de curso, intitulado “OutrOlhar sobre o ensino de Jornalismo: Uma análise da importância do jornal-laboratório para a formação profissional”,

da Aluna Samantha Gomes Dias, o professor Élson destaca que desde o princípio, o OutrOlhar pretendia criar uma interação entre Cidade e Universidade - A gente sugeriu não fazer um jornal só voltado para a Universidade, os estudantes falando sobre problemas de universidade, a gente não queria só isso. Queríamos fazer voltado para a cidade e para algum bairro. Aos poucos, o Curso foi ganhando novos professores e a missão de coordenar as edições do jornal-laboratório foi sendo passada para outras mãos. Ernane Rabelo começou a integrar a equipe de orientadores no ano de 2004 e já na edição de número quatro ele era o editor geral. Er-

nane inaugurou uma nova fase do OutrOlhar. Assim como a ex-editora Adriana Passos, Ernane encontrou dificuldades. Ele diz que um dos maiores obstáculos foi que até aquele momento não exisitia um acordo firmado para a impressão do jornal - Como não tinha a garantia da Universidade de que o jornal seria impresso e nem vinculado a alguma disciplina, o aluno, às vezes, produzia desmotivado e com a incerteza de que o jornal sairia ou não. Isso era a maior dificuldade para a participação dos alunos. Devido aos altos custos para impressão, o jornal também sofreu modificações no formato de impressão. Ernane lembra que a intenção era de garantir que o OutrOlhar

fosse publicado. - O jornal era feito em policromia com 12 páginas, e eu sugeri fazermos preto e branco em papel jornal, papel de qualidade inferior, mas em compensação nós faríamos quatro edições anuais, para realmente produzir mais e com a garantia de que iria sair - explica Emane. Mais nomes apareceram na orientação do jornal-laboratório. Ricardo Duarte começou a coordenar as edições junto com Ernane Rabelo, posteriormente ele assumiu o cargo de principal editor. Enquanto Ricardo foi editor, a falta de alunos para a produção das matérias começou a acabar. Ricardo comenta que os alunos passaram a ter mais empolgação para fazer o

OutrOlhar. - Todos os alunos sentiam o jornal sendo produzido por eles mesmos. Tentamos de certa maneira motivá-los, à medida que começamos adotar um jornal a partir das discussões conjuntas e de assembléias, porque sozinhos não tínhamos condição de fazer o jornal. As mudanças foram acontecendo aos poucos no OutrOlhar. A cada novo editor, novas ideias e novas propostas surgiram. Nomes como Adriana Passos, Élson Resende, Débora Carvalho, Ernane Rabelo, Ricardo Duarte, Adriano Medeiros, Elisângela Baptista e Mariana Bretas contribuíram para cada edição, para cada mudança, e fizeram grande diferença no Jornal Laboratório.

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Fotografia por Camila Macedo

Ex-editora, Adriana Passos, conta para Camila Macedo e Fernando Cézar como surgiu o OutrOlhar


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O OUTROLHAR NAS ESCOLHAS DE VIDA Ex-alunos contam para Letícia Natalina como o OutrOlhar foi responsável pela opção por Jornalismo do sua opção pela UFV e outro momento de sua vida, quando já estava no Curso de Jornalismo. - Posso dizer que o OutrOlhar foi importante em dois momentos diferentes. O primeiro foi como uma vestibulanda perdida, que prestou uma prova e pouco sabia sobre a cidade onde poderia morar. E eu sempre digo que foi pelo jornal que a vontade de passar aqui aumentou! Eu vim para Viçosa com o jornal todo dobrado junto com os meus documentos de matrícula. O segundo momento foi como uma estudante de Jornalismo que produziu um OutrOlhar. O que eu mais gostei foi de ter contato com uma das escolas que recebem o jornal, o meu grupo ficou com a escola Raul de Leoni - conta ela. Já o aluno Rafael conheceu a primeira edição do jornal entre os anos de 2004 e 2005, mas ele se tornou um leitor assíduo a partir do Ensino Médio, em 2007. Inicialmente, ele lia o OutrOlhar porque as maté-

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Posso dizer que o OutrOlhar foi importante em dois momentos diferentes. O primeiro é como uma vestibulanda perdida que prestou uma prova e pouco sabia sobre a cidade que poderia morar. rias chamavam sua atenção, e como os assuntos abordados são atualidades poderiam se tornar temas de redação em vestibulares. O OutrOlhar também foi um elemento que aumentou a sua vontade de fazer Jornalismo. Ele conta que mesmo antes de entrar no Curso ele já sabia o nome de professores, funcioná-

rios e alunos do Departamento de Comunicação. E que o acompanhamento da produção do jornal deu uma visão do que é o fazer jornalístico. Ambos concordam que o OutrOlhar fez parte de um momento especial na vida deles, que foi o do auxílio no crescimento e nas escolhas para a vida. O fato

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O jornal OutrOlhar vai além de um material produzido para atender uma das exigências do Conselho Nacional de Educação. Seu conteúdo, voltado para os alunos do Ensino Médio, serve de apoio a uma das fases da vida em que é preciso fazer escolhas, muitas vezes definitivas, e conviver com situações novas. O teor de suas matérias desperta a atenção de adolescentes e de jovens que se identificam com o que está sendo exposto. O jornal torna-se, em algumas situações, um objeto que norteia as decisões de estudantes. É o caso dos alunos de Comunicação Social da UFV Marcela Corcino e Rafael Fialho. Marcela teve o primeiro contato com o OutrOlhar em dezembro de 2009 em sua cidade natal, Ribeirão Preto (SP). Era uma edição especial sobre vestibular que tratava de assuntos como a UFV, viver em Viçosa, dicas sobre a vida universitária e outras abordagens dentro do tema. O jornal acabou influencian-

de ser um jornal voltado para os jovens mostra uma preocupação em informar e em ajudar no crescimento pessoal. Além de trazer uma linguagem verbal simples que torna a leitura prazerosa. Dessa forma, o OutrOlhar marcou a vida de Marcela e de Rafael de forma positiva.

O OLHAR JOVEM DA NOTÍCIA Estudantes do Ensino Médio normalmente enfrentam uma das fases mais importantes e difíceis da vida: a necessidade de tomar decisões. Escolhas sobre o que fazer nos estudos e na própria vida pessoal. É nesse momento que um olhar diferente sobre o mundo pode ajudá-los a fazer essas escolhas. Foi justamente dessa forma que Lívia Soares (17) se encantou pelo jornal OutrOlhar. Lívia estuda na ESEDRAT (Escola Estadual Dr. Raimundo Alves Torres) e sempre gostou muito de ler. Frequentadora da biblioteca de sua escola, foi assim que ela teve seu primeiro contato com o jornal. O título OutrOlhar e a logomarca da publicação chamaram sua atenção e fizeram com que ela resolvesse ler. A estudante adorou o conteúdo e sua forma de apresentação. - Eu achei o jornal muito legal logo de cara. Na primeira vez que eu o li, já vi que ele é feito para gente da minha idade mesmo. Os

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outros jornais que circulam em Viçosa normalmente trazem matérias com uma linguagem mais jornalística, e o OutrOlhar não. Dá para perceber que é feito de um jovem para outro jovem. Você lê e consegue entender tudo o que é falado nas matérias – explica. O fato de o jornal ser produzido por estudantes do Curso de Jornalismo da UFV faz com que Lívia goste tanto dessa leitura. Ela se interessa no diferencial de a publicação apresentar um olhar diferenciado da notícia: um olhar do jovem. - É como se a gente visse Viçosa pelo olhar dos jovens, um olhar mais dinâmico sobre o que acontece e o que é do nosso interesse afirma. Uma das edições do jornal contou com a participação de Lívia, que escreveu uma matéria publicada no encarte especial ESEDRAT. Sentindo-se orgulhosa pelo seu trabalho, ela distribuiu entre a família e os amigos a edição na qual colaborou. A

estudante conta que a experiência fez com que ela percebesse que quer seguir a carreira de jornalista. Filha de um Diretor de Fotografia, Lívia conta que seus amigos já falavam que o Jornalismo está no seu sangue, e após essa iniciativa ela teve a certeza de que é o que quer para sua vida. Caíque Verli é aluno do 6º período de Jornalismo da UFV e foi quem supervisionou o projeto na ESEDRAT, permitindo que alunos do

Ensino Médio também escrevessem para o OutrOlhar. Sendo um leitor atual do jornal como Lívia, Caíque acredita na forma inovadora como a notícia é apresentada nas publicações. - O jornal tem uma cara e uma identidade voltada para um público muito específico e ao mesmo tempo muito difícil, que é o público jovem, de Ensino Médio. E essa interação com o público, esse olhar atento para as necessidades do leitor, são

características muito importantes - opina o futuro jornalista. O diferencial na forma de tratar e de apresentar a notícia é o que mais encanta os novos leitores do OutrOlhar, como Lívia e Caíque. Ambos acreditam que esse olhar mais direto, mais jovem, é o que faz com que sua leitura seja tão prazerosa. É um Jornalismo feito pensando no que pode ser oferecido para enriquecer a vida e ajudar nas escolhas dos jovens.

Lívia Soares, aluna do ESEDRAT, enxerga no jornal uma experiência jornalistica e jovem

Fotografia por Gabriela Dalton

Leitores atuais contam para Gabriela Dalton o que faz com que se encantem pelo jornal


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PROJETO PROMOVE INTERAÇÃO ENTRE

UNIVERSIDADE E COMUNIDADE O jornal OutrOlhar, além do objetivo de formação acadêmica com o ensino das técnicas do Jornalismo impresso, exerce um papel social importante. Estudantes do segundo grau do Ensino Médio de Viçosa recebem o Jornal gratuitamente. A intenção é de despertar o interesse pela leitura nos jovens, por meio de um veículo acessível, feito especialmente com temas ligados à realidade dos leitores. Interação entre comunidade e Universidade é muito importante, é o uso do conhecimento acadêmico para o desenvolvimento da sociedade. Com base no papel social do jornal-laboratório, foi desenvolvido um projeto de extensão na escola ESEDRAT em 2012. O objetivo do projeto foi a junção entre Jornalismo e cida-

dania, abordando com os alunos leitores do jornal questões culturais, críticas e morais. A ampliação do conhecimento geral dos alunos é favorecida por intermédio da interdisciplinaridade proposta pelo projeto, com o uso do nosso jornal como um meio pedagógico. As discussões em sala de aula baseadas nas matérias produzidas pelo OutrOlhar auxiliam o jovem a ter uma visão crítica a respeito da sociedade e a formar uma opinião sobre os acontecimentos da região, por meio da compreensão e interpretação das informações veiculadas. Autor de pesquisa sobre os leitores atuais do OutrOlhar, Rafael Fialho destacou a importância do projeto realizado com o público leitor: - Ele é importante porque atende a de-

manda de um público que não está muito acostumado com a leitura. Isso dá um gás a mais para produzirmos um jornal bacana que será instrumento de estímulo à leitura, além de ser um bom au-

xiliar aos professores nas aulas, servindo até mesmo como material paradidático. O uso de jornal em sala de aula só traz benefícios, e deve ser propagado pelos ganhos educativos, como interpretação de

texto, compreensão do gênero jornalístico e contato com a mídia, estimulando o senso crítico dos estudantes. É isso que nós, alunos da disciplina, humildemente tentamos fazer a cada edição - esclarece.

Alunos da Esedrat observam o jornal feito pelos alunos participantes do projeto

EX-ALUNA FALA SOBRE A IMPORTÂNCIA DO OUTROLHAR

O Outrolhar foi base para a produção da monografia da ex-aluna do Curso, Bianca Damas. Orientada pelo professor Joaquim Lannes, atual responsável pela disciplina, Bianca escreveu sobre a importância e a influência dos meios de comunicação na sociedade, especificamente na escola, com ênfase no campo denominado educomunicação. O objeto de pesquisa foi a análise do projeto de extensão “O jornal e as práticas jornalísticas como instrumentos de formação acadêmica e cidadã de estudantes do segundo grau do Ensino Médio de Viçosa”. Na entrevista concedida ao Outrolhar, Bianca fala sobre a importância do jornal laboratório para o Curso, para o público alvo e para a sua formação. OutrOlhar: Qual a importância do jornal-laboratório para você? No que ele contribuiu para a sua formação? Bianca: O jornal-laboratório representou para mim uma experiência única, que ampliou as possibilidades de conhecimento no campo do

Arquivo do OutrOlhar

Um pate papo com Bianca Damas por Lidiany Duarte

Defesa da monografia de Bianca Damas Jornalismo. O veículo despertou minha atenção pela linha editorial e por ter como público-alvo os estudantes de Ensino Médio de escolas públicas do município. O jornal se revelou também um instrumento de pesquisa, ensino e extensão. Com a orientação do professor Lannes pude experimentar um pouco de cada um desses campos e isso enriqueceu enormemente minha formação. O: Com base nas pesquisas realizadas, quais os pontos positivos do jornal para o desenvolvimento acadêmico dos

alunos de Comunicação e para a formação do público-alvo? B: Conforme os estudos, é perceptível que quando a turma de Jornalismo trabalha na produção de um jornal que tem um público-alvo segmentado e definido, há uma maior motivação. Dessa forma, prepara o futuro jornalista para pensar, apurar, escrever e criar com a finalidade de alcançar o interesse desse público. Quando os estudantes de Ensino Médio de escolas públicas têm o contato com um veículo de comunicação que os representa, que aborda seus inte-

resses e que os encantam, se torna ainda mais prazeroso o exercício da leitura de jornais, bem como de outros produtos jornalísticos e literários. O: Qual a conclusão encontrada relativa ao trabalho? B: Concluímos que a apropriação do jornal em sala de aula estimula os estudantes de Ensino Médio de escolas públicas à leitura, e o contato com um veículo que é direcionado a eles, incita ainda mais a essa prática. Além disso, a partir do conhecimento do processo da construção da informação jornalística, com todas as suas influências editoriais, sociais e econômicas, nas oficinas e com a leitura do jornal OutrOlhar, o olhar dos estudantes mudou com relação ao que leem, se tornando mais crítico e apurado. Por fim, na medida em que esses alunos passam a pensar sobre a realidade ao seu redor e começam a questioná-la, a redigir textos e até a produzir o próprio jornal, praticam a redação e se mobilizam enquanto cidadãos. O: O que você gostaria de acrescentar?

B: O OutrOlhar, sem dúvidas, tem uma grande influência na minha formação e também, evidentemente, na minha vida. Durante toda a trajetória tive apoio do Curso de Jornalismo, do Departamento e do meu orientador Lannes, bem como de outros professores que tiveram profundas influências em meu aprendizado. Além disso, na ESEDRAT, a professora Edith e os alunos do colégio possibilitaram o projeto de extensão. Enquanto aluna, aprendi sobre a prática jornalística e como aliar critérios cidadãos e éticos neste exercício, pensando claramente no público alvo. Na pesquisa, pude aprofundar os conhecimentos na área da educomunicação, mais especificamente do Jornalismo em sala de aula. Com a extensão, percebi como uma parcela do público-alvo recebe o jornal e como ele pode crescer academicamente e de forma cidadã com o Jornalismo. E no ensino, enquanto monitora, reforcei a certeza que tinha da importância do OutrOlhar.

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Fotografia por Bianca Damas

Lidiany Duarte mostra o jonalismo nas escolas públicas do município


ESPECIAL 10 ANOS

OUTROLHAR DEZEMBRO DE 2013

O mundo nos últimos 10 anos Buscamos os principais acontecimentos do mundo pop, técnológico, jornalístico e esportivo

2003 Chega no Brasil a moda Emo, caracterizada pelo comportamento, geralmente, emotivo e tolerante, pelo visual, em geral, composto por trajes pretos, listrados, Mad Rats, cabelos coloridos e franjas caídas.

Estados Unidos e Reino Unido criam uma aliança chamada de Coalizão. O objetivo era de invadir o Iraque e derrubar o poder de Saddam Husseim.

2005

2004

Em fevereiro, surge o Facebook, uma das redes sociais mais populares do mundo.

Nasce o Youtube, site que, atualmente, trasmite cerca quatro bilhões de vídeos por dia.

Com a morte do papa João Paulo II, foi eleito o cardeal alemão Joseph Ratzinger (Bento XVI ) como o 265º papa da história da Igreja Católica.

2006 Record começa a exibir o seriado de humor “Todo mundo odeia o Chris”.

Brasil perde para França nas quartas de final e Itália vence Copa do Mundo pela quarta vez.

Design de Gabriel Novais

As Olimpíadas retornaram à Grécia, local onde surgiu a competição.

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Apple apresentava o primeiro Iphone.

Aos 69 anos, Saddam Hussein é enforcado em Bagdá

Sistema de pontos corridos é adotado pela primeira vez no Campeonato Brasileiro

2013

2007

Encerrando 14 anos do governo mais longo na América Latina, em tempos de democracia, morre Hugo Chavez.


OUTROLHAR DEZEMBRO DE 2013

Fotografia por Lauzemir Carvalho

ESPECIAL 10 ANOS

2008

2009

2010

É lançado o filme “Crepúsculo”. Enquanto isso, no Brasil, surge a banda “Restart”, fazendo a linha feliz e otimista.

O seriado americano “Supernatural”, exibido no Brasil com o nome de “Sobrenatural”, se torna um sucesso no canal SBT.

É criada a rede social de compartilhamento de fotos mais famosa do mundo: o Instagram

Barack Obama é eleito presidente dos EUA em meio à crise econômica.

As Olimpíadas de Pequim acontecem. Michael Phelps se torna o atleta com o maior número de medalhas de ouro em uma só edição dos jogos.

A maior estrela do Pop, Michael Jackson, morre aos 50 anos em Los Angeles.

Após três tentativas fracassadas, o Brasil é declarado país sede das Olimpíadas.

Os avanços tecnológicos estáo cada maiores. Seja em casa ou na rua, todos estão conectados à internet, o que diminuiu as distâncias de diversas maneiras. Siga abaixo na linha do tempo as principais evoluções e acontecimentos da última década.

2011

2012

Estréia filme da maior franquia cinematográfica do mundo, “Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2”.

Dilma Rousseff é eleita a primeira mulher presidente do Brasil.

Na Copa do Mundo da África do Sul, a seleção brasileira cai nas quartas e a Espanha se torna campeã pela primeira vez.

O STF (Supremo Tribunal Federal) julga o mensalão, considerado um dos maiores escândalos de corrupção da política brasileira.

Ronaldo Fenômeno se aposenta do futebol em jogo festivo no Pacaembu, São Paulo.

Londres recebe as Olimpíadas e Brasil alcança seu maior número de medalhas na história. Foram 17 ao todo: três de ouro, cinco de prata e nove de bronze.

Imagens de repodução

Iphone 5S é lançado com recurso de desbloqueio por impressão digital.

Papa Bento XVI renuncia e causa surpresa no mundo católico.

Miley Cyrus é primeiro lugar nas paradas de sucesso com o hit “Wrecking Ball”.

LINHA VERDE

Bruna Guimarães

LINHA ROSA

Dayane Pereira

LINHA AZUL

Pedro Cursi Hugo Amichi

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ESPECIAL 10 ANOS

OUTROLHAR DEZEMBRO DE 2013

DEZ ANOS DE MUITO ORGULHO PARA A UFV Todos sabem que o OutrOlhar é um jornal-laboratório produzido por alunos do Curso de Jornalismo da UFV. O que alguns podem não saber é que o Curso, assim como os outros da Universidade, está ligado a um departamento – no caso, o Departamento de Comunicação Social (DCM) - e a um centro que congrega diversos departamentos de áreas afins – o Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCH). Sem a ajuda de ambos, nem o Curso, nem o OutrOlhar existiriam. O CCH, por exemplo, é responsável por todo o custeio do jornal, ou seja, a verba para a impressão de todos os 2 mil exemplares vem de lá. De acordo com o diretor do Centro, professor Walmer Faroni, tudo começou quando o professor da disciplina responsável pelo OutrOlhar, Joaquim Sucena Lannes, foi até a sala dele pedir ajuda para a impressão do jornal. - O departamento à época era o de Artes e

Humanidades (DAH), que abrigava os cursos de Comunicação, Dança, Geografia e História, e não tinha condições de financiar a impressão do OutrOlhar. Do jeito que a atividade me foi explicada e justificada, ficou impossível de não destinar um recurso para ele. Fazemos isso até hoje e com um prazer imenso. - disse. Em entrevista concedida especialmente para esta edição de 10 anos, o professor Walmer também se mostrou satisfeito com o trabalho desempenhado pelos estudantes. - É um trabalho de cunho profissional e que não se difere em nada do que encontramos em nossas bancas. Um jornal de qualidade, que dialoga com os três pilares da Universidade [ensino, pesquisa e extensão] e que promove o vínculo com a cidade que tanto prezamos. - elogiou. No início do próximo ano, o CCH recebe uma nova direção, mas o atual diretor já fez questão de

MONITORIA ORIENTA O TRABALHO DE PRODUÇÃO E EDIÇÃO

Coordenar as atividades dos alunos e ajudar no rendimento dos trabalhos do jornal laboratório. Essas e outras funções permeiam as tarefas do aluno designado para a monitoria, cargo que exige dedicação absoluta e conhecimento teórico da área estabelecida. A orientação do monitor é dividida em turnos, sendo uma parte na sala de aula, com o professor e os alunos, e a outra realizada no Laboratório de Comunicação, em que os alunos podem levar suas dúvidas e pendências até o monitor, com um contato direto entre alunos. Na sala de aula ele é a figura que auxilia o professor no decorrer das reuniões, ajudando nas atividades e resolvendo as demandas técnicas ligadas à disciplina. Como o monitor é sempre um aluno que já completou a disciplina ele pode usar seu conhecimento prévio para ilustrar e nortear as decisões, tanto na produção das matérias, ajudando a localizar fontes ou pautas importantes, quanto na edição do impresso, na redação e no projeto gráfico.

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Fotografia por Joaquim Lannes

Lucas Moura ouve o que o diretor do CCH tem a dizer sobre o OutrOlhar

Profº Walmer Faroni conta um pouco da parceria entre o Curso e o CCH assegurar a continuidade das edições do jornal OutrOlhar, patrocinadas pelo seu setor. - Iremos fazer uma recomendação para ele [o novo diretor]. A reitora e todos os pró-reitores da UFV já conhecem o Ou-

trOlhar, sabem o bom trabalho que é realizado dentro da disciplina, e isso não pode e não vai parar. Mérito de todos, cada parte é importante nesse grande tripé, principalmente o aluno e o seu comprometimento

próprio. Todos do Curso de Jornalismo estão de parabéns, pois estão sempre trazendo novas conquistas e prêmios Brasil afora para a Universidade. São dez anos de muito orgulho para gente. - concluiu.

OUTROLHAR, HÁ 10 ANOS FAZENDO PARTE DA SUA VIDA


ESPECIAL 10 ANOS

OUTROLHAR DEZEMBRO DE 2013

MITO DA COMPANHIA ETERNA “Mito da Companhia Eterna” é o título de uma das fotografias mais emblemáticas da história do OutrOlhar, e que já rendeu prêmios em um dos maiores congressos de comunicação do país – o Intercom. A foto é de autoria da ex-estudante do Curso de Comunicação Social da UFV e hoje Assessora de Comunicação e

Imprensa na Fundação de Ensino Superior de Passos (SESP), Kívia Oliveira, e foi enquadrada como edição especial do jornal-laboratório, desenvolvida pelos alunos da disciplina de Fotografia durante o segundo semestre de 2009. Essa edição foi inspirada na revista Fatos e Fotos, publicada pela BLOCH, Editora dos anos 60 aos 80.

Em 2010 a foto foi premiada nas etapas Regional e Nacional do Intercom, na Categoria Jornalismo, modalidade fotografia. Segundo Kívia, a maior intenção na hora de fazer o registro era deixar a criatividade fluir, quebrar com o automatismo da produção fotográfica e dar prioridade à sensibilida-

Essa é a foto Mito da Companhia Eterna, premiada no Intercom 2010

de do olhar. A imagem foi produzida durante o feriado de Finados em um dos cemitérios da cidade. O lugar que é palco das lembranças de momentos e pessoas que já foram, também serviu como diferencial, uma vez que fugia dos cenários geralmente utilizados pelos alunos na hora da produção de fotografias. A então estudante e repórter-fotográfica passou diversas horas dentro do local observando o comportamento das pessoas, a arquitetura e o tato do ambiente. Enquanto passava pelos caminhos estreitos do cemitério, percebeu uma imagem que se destacava no final da tarde: um cão repousando ao lado de um túmulo aberto. A imagem faz alusão às diversas interações existentes e a fidelidade entre homem e cachorro. Na hora de fazer o registro, foi pensando em uma composição que enobrecesse a cena e sua carga metafórica. O trabalho delicado também contou com o cuidado de preservar o interior do túmulo, justamente por se tratar de um lugar privado, e que seria mais interessante apenas ser sugerido em seu conteúdo.

A imagem, além de ser escolhida para fazer parte da edição especial do jornal, também fez parte de uma exposição e foi tema de um artigo vencedor no Intercom. Kívia sempre teve interesse e curiosidade pela fotografia, trabalhou como monitora da disciplina e como fotógrafa colaborativa em uma revista. Sua proximidade com luzes, sombras, enquadramentos, registros, estética e a experiência de trabalhar com o olhar e com a sensibilidade, possibilitou que essa área se tornasse uma forma de expressão própria, o que a motivou a defender seu trabalho no congresso. A repórter-fotográfica afirma que “isso é um diferencial para o currículo e, pela experiência da exposição do trabalho para colegas e professores de outras Instituições, não deixa de ser um aprendizado, um amadurecimento dentro do meio acadêmico”. Após ter sua fotografia premiada e o reconhecimento do esforço empreendido, o OutrOlhar possibilitou que todo o seu trabalho e postura também passassem a ser vistos com uma atenção mais profissional e confiável.

OUTROLHAR AUXILIA ALUNOS E PROFESSORES Profª Edith conta para Bruna Santos e Cássia Lellis sobre sua experiência com o jornal no ESEDRAT OutrOlhar é um jornal-laboratório produzido pelos alunos do Curso de Comunicação Social da Universidade Federal de Viçosa. Ele tem como objetivo atingir o público jovem do Ensino Médio de escolas públicas da cidade, que geralmente não têm o hábito de leitura. Para conseguir uma maior aproximação com seu público, o OutrOlhar traz informações com linguagem simples e objetiva, textos mais curtos, imagens atrativas e assuntos relacionados à rotina dos jovens. Desde 2005, o jornal também é distribuído na Escola Estadual Dr. Raimundo Alves Torres (ESEDRAT) e vem trazendo bons resultados. A professora de Português, Edith Maria Alves Siqueira, trabalha na escola há 20 anos e afirma que ele desperta o interesse dos alunos pela leitura, além de ajudar a melhorar a escrita. Em 2012, a turma 322

desenvolveu um jornal mural com a ajuda da estudante de Comunicação Social, Bianca Damas Pereira. Por meio do jornal, foi ensinado como fazer bons leads e títulos, o que é uma pauta e como ela deve ser feita, foram passadas dicas para editar e corrigir textos e boas noções do cotidiano de um jornalista. A professora Edith considerou a iniciativa muito válida e só elogia o jornal: - Vejo que os alunos gostam bastante do OutrOlhar, já que ele traz temas variados e que estão próximos da realidade que eles vivem e isso ajuda bastante – diz ela. Outro fator que enriqueceu a experiência dos alunos com o OutrOlhar foi eles terem participado de todo o processo de construção do jornal mural da escola, desde a escolha dos temas a serem tratados até às fotografias para as matérias.

Fotografia por Bruna Santos

Fotografia por Kívia Oliveira

Uma história de prestígio, recontada por Lucas Kato e Thaiss Moreira

Professora Edith conta que o jornal contribuiu para melhorar a leitura e a escrita dos alunos No ESEDRAT, o jornal também é utilizado como base para outras atividades em sala de aula. - Uso o jornal em muitas atividades nas minhas aulas, uso os textos para discussões sobre alguns temas, para mostrar a

grafia das palavras, a importância do uso correto delas para expressar as ideias com clareza – afirma a professora Edith. Ela acredita que a participação dos alunos nos encartes do OutrOlhar foi também muito importan-

te. Os fatos de os alunos participarem da criação e de se verem no jornal é um incentivo muito grande para eles, o que os motiva a escreverem e permite uma maior proximidade do aluno com a leitura.

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ESPECIAL 10 ANOS

OUTROLHAR DEZEMBRO DE 2013

O MEIO DIGITAL COMO INSPIRAÇÃO Letras garrafais, quadros coloridos, fotos e ilustrações dão boas vindas ao leitor do OutrOlhar. Na capa, na segunda página e em todo jornal, além do trabalho do jornalista, há também o do designer. Aqui no OutrOlhar essa função também é realizada por alunas e alunos. Desde que o jornal começou, várias “caras” já foram pensadas para ele. Há dez anos, se aproximava de uma revista, hoje ele já tem cara de jornal. A influência dos meios digitais e o estabelecimento de uma periodicidade foram os responsáveis pelas primeiras alterações no projeto gráfico entre 2006 e 2007. Lentamente, o jornal mudava no tamanho, na disposição de elementos e na tipografia. Ainda assim essas modificações não eram suficientes, era preciso algo realmente novo, algo leve, porém com conteúdo, algo que correspondesse às necessidades e aos limites do público-alvo: os jovens.

Reproduçao

As “caras” do jornal contadas por Gabriel Novais

Na tentativa de acompanhar o público jovem, o design do jornal é sempre repensado A nova “cara” chega em novembro de 2008, quando todo o OutrOlhar é reformulado. A concepção foi encabeçada pelo ex-aluno Thiago

Araújo e reagiu à crise do impresso diante das novas mídias. “Preferi não nivelar por baixo, e propus mudanças que levaram em conta principal-

mente o universo digital. Imagens grandes, aspas, linguagem mais pessoal, quase de blog. Também deles veio a inspiração da capa”, afirma Thiago.

O design que antes era um “mezzo” – meio-revista, meio-jornal – agora se assumia com o de um jornal moderno. Imagens, caixas, títulos chamativos e cores vivas agora compunham uma capa muito mais atraente. As mudanças não pararam por aí. Em 2010, também em novembro, novas alterações ocorrem. Vários elementos foram aprimorados, da tipografia ao formato das caixas, além do aumento de chamadas na capa. Já se pode notar mudanças desde então. Hoje, o OutrOlhar enxuga boa parte dos antigos recursos gráficos utilizados e se aproxima do minimalismo, como se pode ver na edição 33, publicada em setembro deste ano. Não há caixas, as chamadas estão no próprio branco do jornal e os títulos das matérias são postos em letras garrafais. O design de um jornal é tão dinâmico quanto suas noticiais, com alterações constantes para uma melhor experiência ao leitor.

O OUTROLHAR E SEU CAMINHO ENTRE

A UNIVERSIDADE E A COMUNIDADE Mesmo antes de ser aluno da disciplina, Thiago Araújo já havia deixado claro que traria mudanças quando chegasse sua vez de participar do jornal. A reformulação do layout e a nova logomarca mudaram a imagem do impresso definitivamente. Com uma forma mais moderna, o novo OutrOlhar deu abertura para outras alterações ao decorrer do tempo, tanto visual como de conteúdo. Para Thiago, a imagem do jornal não fazia jus à sua ideia: – Desde quando vi o jornal pela primeira vez achei a logo antiquada para a proposta: um jornal feito por jovens, para jovens – diz ele. Somado à isso, a turma dele estava entrando em um momento diferente no Curso, no qual várias outras coisas estavam mudando e evoluindo também. – Junto com a logo do OutrOlhar, foram criadas logomarcas para o Curso,

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o “COM”, também de minha autoria, e para o programa Espaço Universitário, da rádio – conta ele. A novo logo foi concebida durante o processo de reformulação de todo o projeto gráfico do jornal, a partir do tema “novos rumos”. A antiga fonte da logo, que Thiago considerava pouco expressiva, foi substituída por uma de maior gramatura e peso, combinando com as linhas e setas que a marca ganhou. A letra O, que interliga as duas palavras e lembra um olho, permaneceu com a mesma função, mas representando agora uma ligação. Para Thiago, a logomarca mostra exatamente isso: “o caminho entre a universidade, os colégios e a comunidade”. A recepção quanto a logo não foi unânime. Apesar de uma boa aprovação pelos colegas de sala, uma outra parte preferia não mudar. Porém, sendo

Arquivo do OutrOlhar

Uma entrevista com o ex-aluno Thiago Araújo por Caroline Mauri

Mesmo com opiniões divididas, o júri premiou Thiago. a escolha final por concurso, Thiago ficou satisfeito de ter agradado o júri. Ele lembra também que a recepção dos leitores, alunos de Ensino Médio, foi ótima. Perguntado sobre como anda o OutrOlhar atualmen-

te, Thiago admite que acompanha pouco e apenas de longe, mas ainda acha que o jornal tem muito a melhorar. Sobre a última versão que obteve acesso, Thiago acha que “houve um retrocesso, pois perdeu algumas

características de modernidade” implantadas por sua turma. Essas alterações, porém, conforme o objetivo da atividade são decididas coletivamente pelas turmas que produzem o jornal-laboratório em cada período.


ESPECIAL 10 ANOS

OUTROLHAR DEZEMBRO DE 2013

POR TRÁS DO JORNAL IMPRESSO:

A CRIAÇÃO E PRODUÇÃO DO OUTROLHAR

Zé Mauro revela detalhes sobre os processos de impressão do outrolhar tes na produção do Jornal, o chefe da Divisão Gráfica da Editora UFV, José Paulo de Freitas, o Zé Paulo, faz questão de acentuar o que mais lhe agrada no jornal, produzido pelos alunos de Jornalismo da Universidade: – O mais bacana é que o OutrOlhar atinge a comunidade viçosense e não apenas a UFV, retratando sem-

Depois que o jornal é finalizado na redação a próxima etapa acontece na gráfica...

pre características culturais e sociais dos moradores. Além disso, pesa a favor o seu formato, bastante agradável e econômico no que se refere à questão de material. Zé Paulo ainda confidencia se sentir honrado em fazer parte desta atividade, responsável por fornecer aos alunos de Jornalismo a possibilidade de produ-

zir um jornal laboratório. – A satisfação é grande em saber que uma ação da gente aqui da Gráfica contribui na formação dos estudantes daqui da Universidade, futuros profissionais de Comunicação. É bem gratificante saber que cada jornal impresso aqui reflete o trabalho de todos. – ele declara. Fotografia por Lucas Kato

Quando o jornal chega a suas mãos, apenas alguns ajustes são necessários, às vezes na cor e no formato de impressão. Após as correções, o Jornal é enviado para a chapa de impressão, e de lá saem as páginas para o acabamento final, etapa onde elas são organizadas e realizadas as dobras. Como um dos coadjuvan-

Fotografia por Lucas Kato

Da redação para a gráfica, da gráfica para as mãos dos alunos do Ensino Médio de Viçosa. De maneira sucinta, esse tem sido o trajeto percorrido pelo OutrOlhar durante esses dez anos de existência. No entanto, sabe-se pouco das etapas de produção que envolve a impressão do jornal. Desde Gutenberg, o criador do processo de impressão, aos dias atuais, tudo se tornou mais rápido e de qualidade. Nos tempos da tipografia, cada letra era produzida a mão e montava-se uma página inteira apenas juntando as letras. Hoje em dia, com todo processo tecnológico, a impressão é feita pelo computador, o que reduz consideravelmente o tempo demandado. O chefe de pré-impressão da Gráfica UFV Mauro Jacob, ressalta evoluções que o jornal OutrOlhar vem sofrendo desde suas primeiras edições, afirmando que a mudança com maior notabilidade ocorreu no tempo de preparação e impressão na própria Gráfica, como destaca: – O tempo depende do volume de serviço, mas em geral, o OutrOlhar leva de dois a três dias, no máximo, para ser impresso. Isso porque, hoje, o jornal já chega pronto em termos de preparação, mas antigamente esse tempo era consideravelmente maior. – Diz ele.

Fotografia por Ana Moreira

O jornal na gráfica UFV por Ana Moreira e Ana Richardelli

onde o processo também é acompanhado pelos alunos

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OUTROLHAR DEZEMBRO DE 2013

DAS ÁRVORES ÀS SALAS DE AULA Houve uma época em que os filósofos ensinavam até debaixo das árvores. O tempo passou e hoje, ainda bem, temos as escolas. Mas nem sempre elas oferecem a estrutura física necessária para atender seus alunos. Em 2010 o OutrOlhar fez uma reportagem especial sobre as escolas públicas de Viçosa (ed. 22) e constatou inúmeros problemas de infraestrutura nos colégios. Pouco espaço, falta de materiais e escassez de lâmpadas foram alguns dos problemas encontrados, não dos dirigentes das escolas, mas da política educacional vigente no país. Nesse cenário, a Escola Estadual José Lourenço Freitas, localizada no distrito de São José do Triunfo, chamou atenção. No local havia uma sala improvisada em um corredor entre duas outras salas de aula. Na entrada, uma divisória de madeira servia de parede. Essa era a “caixinha de fósforo”, que ali funcionava há três anos. Diante da situação calamitosa dos colégios, o repórter Rodrigues Alves procurou a diretora da Superintendência Regional de Ensino do Estado de Mi-

Arquivo do OutrOlhar

Os resultados de uma boa apuração por Yane Guadalupe

Alunos e editor do jornal se reúnem com diretora do ESEDRAT para esclarecer mal entendido nas Gerais, Ana Maria Gomes, em Ponte Nova (MG), para apurar a razão da existência de tal cenário. Segundo Alves, hoje repórter do Estado de São Paulo, na sucursal de Brasília (DF), nesse tipo de matéria de denúncia, a procura pelo outro lado é imprescindível. Os alunos responsáveis pela reportagem queriam dar um espaço para que a Secretaria de Educação se posicionasse a respeito. - Queríamos mostrar duas realidades diferentes que estavam a poucos quilômetros de nós. O Coluni

da UFV é eleito todo ano o melhor colégio de ensino médio de Viçosa e do Brasil, e é público. São dois mundos, o ideal e o real, ressalta Rodrigues Alves. Com essa cobertura jornalística, o OutrOlhar atendia não só o interesse do público-alvo, estudantes de Ensino Médio de escolas públicas, como também o interesse popular. Rodrigues Alves lembra ainda que o dinheiro do transporte para ir à escola de São José do Triunfo e a Superintendência em Ponte Nova foi custeado

por ele, embora tenha sido autorizado pelo professor. No dia seguinte à apuração, a “caixinha de fósforo” da escola José de Lourenço foi desativada. Quando a edição foi publicada a sala de aula já não funcionava mais no corredor, o que deu enorme satisfação aos alunos e ao professor da disciplina de jornal laboratório.

A repercussão

Quando o jornal foi deixado na Escola Estadual Doutor Raimundo Alves Torres (ESEDRAT), a di-

retora da época, Analice Saraiva, procurou imediatamente a pessoa responsável pela foto do colégio que foi divulgada na matéria. A foto mostrava as grades da escola, que segundo Analice apareceu como se fosse cadeia. Na imagem aparecia a escola vazia, só com as grades. A ex-diretora procurou o curso de Comunicação Social para manifestar sua insatisfação e uma reunião foi feita com o editor chefe do OutrOlhar para esclarecer a situação. Na ocasião, o professor da disciplina explicou à escola que o intuito da foto assim como toda a matéria era fazer com que as deficiências escolares chegassem ao conhecimento das autoridades. Na edição seguinte, o professor abriu espaço para mostrar os trabalhos positivos da escola. As grades estavam ali por causa dos roubos que aconteciam. A matéria não falava disso. - Depois do mal entendido, fizemos uma parceria. O professor nos orientou na rádio escola e no jornal interno que fizemos. A ocasião gerou bons frutos. Agora, o ESEDRAT é um lugar para construirmos coisas juntos, declara Analice.

Nem tudo são flores A capa que gerou processo por Yane Guadalupe

A capa da quarta edição trouxe problemas judiciais para o Curso de Comunicação Social e para a Universidade Federal de Viçosa. Nessa edição foi feita uma investigação da qualidade da merenda que era servida nas escolas públicas na época. A equipe de reportagem apurou que não havia acompanhamento nutricional no preparo dos lanches. Quando o jornal foi publicado, a diretora de uma das escolas públicas entrou com um

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pedido de indenização contra o editor geral do OutrOlhar, à época o professor Ernani, e também contra a UFV. A alegação inicial era de que a matéria denegria a imagem da escola. Posteriormente o alvo da discussão passou a ser a foto de capa. Na ocasião, a família de um dos meninos que aparecia na foto se envolveu no processo. A imagem mostrava dois meninos. Um deles com um prato de comida nas mãos en-

carava a câmera. O outro, perfil, completava a foto. Depois de algumas audiências, o juiz deu ganho de causa à UFV e ao curso de Comunicação Social, tendo em vista que a foto do menino não se relacionava com as acusações feitas no processo. Uma das principais argumentações foi de que a foto, tirada dentro da escola, só foi possível com a autorização da diretora, responsável por tudo que acontece no âmbito escolar.


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O CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL NA UFV Uma retrospectiva do curso por Caroline Bacelar e Mariana Elian começou-se a questionar a necessidade de profissionais que auxiliassem na comunicação interna da UFV. Outra demanda por jornalistas era percebida em Viçosa. A expansão da Universidade atraiu mais habitantes ao município e, na medida em que crescia, a cidade passou a necessitar de profissionais responsáveis por veicular informação. As demandas de Viçosa e da instituição cresciam proporcionalmente. Esses fatores, somados, culminaram na criação do Curso de Comunicação Social/Jornalismo, em 2001. Inicialmente, o Jornalismo da UFV fazia parte do Departamento de Artes e Humanidades, o qual inte-

grava, também, os cursos de: Geografia, História e Dança. O espaço destinado a esse departamento era consideravelmente pequeno, no qual cada área possuía apenas uma sala para todo o corpo docente. Além disso, a quantidade de instalações e equipamentos – computadores, câmeras fotográficas, gravadores, entre outros – era muito precária. — Quando comecei minha graduação, tinham apenas três professores efetivos e três substitutos — ressalta Mariana Procópio, 28 anos, professora e ex-aluna do curso. O Jornalismo da UFV ganhou mais notoriedade em 2005. Neste ano, o curso já possuía um laboratório es-

pecífico (LabCom) e foi reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC). Algum tempo depois, em 2009, o Curso foi incorporado a um departamento próprio, o Departamento de Comunicação Social (DCM). Desde então, sua identidade foi consolidada e as dificuldades estruturais foram bastante amenizadas: — Depois do DCM, nós passamos a ter voz no conselho departamental. Passamos a ter uma cadeira ao lado de pessoas que representavam cursos antigos da UFV. Isso é muito importante em termos de autonomia administrativa e institucional do Curso — afirma o professor e jornalista, Ernane Rabelo, 45 anos.

As rápidas conquistas do Curso promoveram sua expansão em curto espaço de tempo. Almejando este constante progresso, o curso visa proporcionar uma participação conjunta de estudantes e professores: — Cada um deve assumir suas responsabilidades e fazer com que o Curso continue sendo uma unidade. Isso é o principal. Temos um longo caminho para percorrer, mas quando olho para trás fico muito feliz porque percebo que já demos muitos passos adiante — conclui Mariana Procópio. — E não me arrependo, em momento algum, de ter voltado para o Jornalismo da UFV — completa a professora. Arquivo do OutrOlhar

O berço do OutrOlhar é o Curso de Comunicação Social/Jornalismo da Universidade Federal de Viçosa (UFV), que apesar de recente é bastante expressivo. Com seus 12 anos, ele originou-se na UFV a partir de demandas que tangenciavam esta área. Fundada em 28 de agosto de 1926, como Escola Superior de Agricultura e Veterinária (ESAV), a UFV é uma das Universidades Federais mais renomadas do país. Para esta conquista, foi necessária sua expansão para outras áreas do conhecimento. Em 1992, a TV Viçosa, articulada para fomentar a interação entre instituição e cidade, foi fundada. Desde então,

Arquivo do OutrOlhar

Reunião que deu início às atividades do Departameto de Comunicação Social (DCM)

atualmente O Curso de Comunicação Social/Jornalismo da UFV é destaque no cenário das Universidades Federais do país. Em sua trajetória, já conquistou 25 premiações em congressos. Conheça a participação do OutrOlhar em algumas dessas vitórias! - O jornal–laboratório como ferramenta na formação em Jornalismo: um OutrOlhar sobre o papel do jornalista na comunidade(Modalidade: Jornal-laboratório impresso - conjunto/série) - Na etapa regional do Expocom, realizada em Vitória (ES), em 2010 - OutrOlhar de Viçosa – Uma Nova “Mirada” Sobre a Cidade (Modalidade: Fotografia Jornalística - avulso) - etapa nacional do Expocom 2012 -A experimentação de formatos e linguagens no Jornal Laboratório: As edições regulares e especiais do OutrOlhar Modalidade: Jornal-Laboratório Impresso - Conjunto/Série) - etapa regional expocom 2012.

Inaguração do LabJor, sede do curso de Jornalismo, situada na Vila Gianetti

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ESPECIAL 10 ANOS

OUTROLHAR DEZEMBRO DE 2013

O ESPORTE NO OUTROLHAR Duas bolas, um par de chuteiras, um livro com as regras e uniformes usados. Descrevendo esses materiais não se imagina o tesouro que o jovem Charles Miller trazia da sua estadia na Inglaterra. O futebol começou no Brasil ainda nos finais do século XIX, mas foi no século seguinte que se tornou popular. Com tanta gente querendo informações sobre o esporte, era questão de tempo os jornais passarem a acompanhar os novos acontecimentos. O Brasil conquistou o pentacampeonato mundial no futebol e a cobertura jornalística tornou-se digna de cinco estrelas. Mas isso não foi privilégio do futebol. Os esportes olímpicos, o futsal e o automobilismo logo ganharam destaque nos jornais. Em 10 anos de produção acadêmica, o jornal OutrOlhar dedicou um espaço significativo à Editoria de Esporte. Isso fica evidente ao analisarmos a estrutura que prevalece na maioria das edições do jornal: duas páginas ocupadas por uma média de quatro reportagens com a temática. É verdade que no início não era bem assim. Na primeira edição do jornal, em dezembro de

Fotografia por Kívia Oliveira

Dez anos de esporte no Jornal OutrOlhar por Ana Abreu e Pedro Vital

Fotografia da estudante Kívia Oliveira sobre o Projeto Nadar da UFV em novembro de 2010 2003, uma reportagem sobre educação física e portadores de Síndrome de Down ocupou uma página. Mas nos três anos seguintes, foram seis edições sem espaço para o esporte. Em setembro de 2006, ele voltou às páginas do OutrOlhar com duas reportagens veiculadas na editoria Cidades. O balé e o levantamento de peso eram os temas dessa vez. Na edição seguinte, em janeiro de 2007, a Editoria de Esportes aparece com força

maior: quatro reportagens em duas páginas abordaram a peteca, o skate, as lutas e a natação. Daí em diante, diversos esportes, alguns não tão populares, foram tratados nas duas páginas que o jornal reservava, como a escalada esportiva, ginástica ritmica, rugby, futebol americano, tênis, pôker, xadrez, truco, betes (taco), mountain bike e paintball. Ao todo, o esporte apareceu até hoje em 27 das 33 edições do OutrOlhar. Foram

ao todo 93 reportagens dedicadas ao tema. O jornal ganhou um especial de 12 páginas dedicadas somente ao esporte em 2010. A segunda edição saiu no ano seguinte. A identidade da edição esportiva (impressa em papel cor-de-rosa) foi uma homenagem ao saudoso Jornal dos Sports, da cidade do Rio de Janeiro, fundado pelo jornalista Mário Filho em 1931. O OutrOlhar ainda teve uma edição fotográfica, no primeiro semestre de 2012, que

trouxe, na última página, cinco fotografias sobre esporte. O OutrOlhar inovou - e fez jus ao nome - ao dar uma angulação diferente ao esporte, mostrando os benefícios da prática de uma atividade física à saúde. Nesses dez anos, o jornal foi sensível ao acompanhar o crescimento do esporte na cidade de Viçosa e se aproximou do leitor, cumprindo um serviço público ao abordar temas que permeiam o esporte e podem ajudar no dia a dia de pessoas comuns.

BATALHADORA, BETE NÃO DESISTE

DO SEU AMOR PELO ESPORTE Atleta conta a Vinicius Sant’Anna e Marco Neves os problemas que enfreta em seu novo projeto Aos 40 anos de idade, Maria Elizabete Jorge, a Bete, representava o Brasil no levantamento de peso, durante os Jogos Olímpicos de Sidney no ano 2000. Na ocasião, a “Vovó do Peso” (apelido como ficou conhecida) era a mulher mais velha da competição e ficou entre as dez melhores colocadas. Depois, tornou-se treinadora e presidente da Federação Mineira de Levantamento de Peso – como foi relatado pelo OutrOlhar nas edições de número 8(2006), número 22(2010), e na Edição Especial de Esportes(2011). Em sua última entrevista ao OutrOlhar, Bete treinava atletas de levantamento de peso no centro de treinamento do Departamento de Educação Física da UFV. Mas hoje, ela nos mostra um panorama bem diferente, consequência de uma

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história recheada de confusões. Em 2000, quando voltou de Sidney, o Comitê Olímpico Brasileiro fez uma reunião com ela e seu treinador, o professor Davi Monteiro Gomes, e com treinadores de outros estados, comunicando-lhes que iriam passar uma verba para a Confederação Brasileira de Levantamento de Peso, que deveria ser entregue às fede-

rações estaduais. Para a Federação Mineira receber esse dinheiro, no entanto, teria que estar com todos os documentos em dia, e toda estrutura organizada. Mas não estava. Bete, então, com o próprio dinheiro pagou todos os encargos da federação, fazendo um acordo verbal com seus atletas para que eles pudessem devolver a quantia, à medida

A criatividade de Thiago rendeu dois prêmios para o estudante.

que o repasse estivesse sendo entregue a cada um deles. Com o passar dos anos a campeã mundial não foi reembolsada, até que em 2006 ela resolveu passar o acordo para um documento. Entretanto, Bete relatou que escolheu mal as palavras. - Não era para ser como coloquei, como prestação de serviço. Na realidade não era, e eles tinham consciência disso. – Desabafou. - Mandaram cópias (do documento) para o Comitê Olímpico, para a Secretaria de Esportes de Belo Horizonte, para o Ministério do Esporte, e cancelaram o meu contrato. E ficaram com os meus atletas, todos bolsistas que eu coloquei lá - disse. Maria Elizabete vai correr atrás de seus direitos, mas enquanto não resolve essa situação, ela continua treinando

atletas, em um espaço de pouca estrutura, cedido pela prefeitura de Viçosa, na Praça Municipal de Esportes – a antiga AEV. O espaço é adaptado e ao ar livre, e o treino dos jovens atletas é interrompido quando o calor é intenso, ou quando há chuvas. No entanto, ela conseguiu um acordo com a prefeitura. Caso consiga um projeto arquitetônico para construção do centro de treinamento, a verba será liberada. Sempre sorridente e confiante, a “Vovó do Peso” diz que vai continuar lutando pelo esporte que tanto ama, e vai seguir trabalhando para formar novos campeões. - O espaço nós ganhamos, agora é só conseguir o engenheiro (para realizar o projeto do centro de treinamento) e a verba para fazer isso. – Declarou. - A gente tá aí, lutando. Não desisto!


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