RE
TA S I V
Museu da Comunicação ganha nova sede na Vila Giannetti Publicidade de alimentos causa obesidade infantil 4% da população brasileira é dependente de internet Museu Itinerante promove atividades em escolas de Viçosa
Campanha permanente de doações O Museu da Comunicação agradece às 564 pessoas que nos visitaram no ano de 2015 e que doaram peças para o acervo, especialmente a Alice Inês de Oliveira e Silva, a Martinho Mucci Daniel e a Carla Fonseca de Oliveira. Se você tem algo que conte um pouquinho da história da comunicação, entre em contato pelo telefone 3899 2093 ou por intermédio do e-mail museudacomunicacaoufv@gmail.com Compartilhe!
Câmera Minolta Pocket Autopak 450 E do ano de 1970
Revistas escritas a partir de 1922, Careta, Visão, Grande Hotel, Alterosa, Casa e Jardim e Eu Sei de Tudo
Vitrola portátil philips 133 rpm do ano de 1963
Autotransformador ineltec autotransformador de voltagem constante
Máquina de escrever Underwood fabricada nos Estados Unidos
Rádio tocador de disco e fita Trio Dominante Telefunken
90 anos de história
Revista do Museu Itinerante da Comunicação (PRJ-234/2013) Coordenação Profes. Ernane Correa Rabelo, Laene Mucci Daniel, Mariana Lopes Bretas e Ricardo Duarte Gomes da Silva Secretaria Renata Rizzo Equipe do Projeto Alejandra Cedano, Andrea Villalobos, Edivânia Cristina, Gustavo Sobrinho, Iago Santos, Miriam Lima Design Gráfico Diogo Rodrigues Foto de Capa Guilherme Queiroz Fotografias Equipe do Museu Impressão Divisão Gráfica Universitária Jornalista Responsável Ernane Correa Rabelo - 23741 SP Tiragem: 5 mil exemplares Museu da Comunicação Vila Giannetti Casa 39, Campus UFV museudacomunicacaoufv@gmail.com fb.com/ museudacomunicacaoufv www.com.ufv.br/museu (31) 3899-2093
Patrocínio:
As festividades comemorativas aos 90 anos de fundação da Universidade Federal de Viçosa prevêem, entre outros atos, a inauguração oficial do Museu da Comunicação, uma feliz coinciência. Desde os primeiros tempos, a antiga Escola Superior de Agricultura e Veterinária primou pelo registro de seus atos, valorizando a memória como legado para as gerações futuras. Nestas nove décadas, nada foi fácil. Peter H. Rolfs e João Bello Lisboa, os dois primeiros diretores da universidade, registraram em diários, cartas e fotografias boa parte desta história. Após a fundação da ESAV, em 1926, a sequência dos fatos comprova que as enormes dificuldades iniciais nem sempre significaram sina ou destino mas, ao contrário, etapas que foram vencidas e fortaleceram a universidade. O Museu da Comunicação espelha-se nestes bons exemplos para superar as adversidades e cumprir seus objetivos: promover a cultura de memória, garantir a preservação de equipamentos de valor histórico cultural e incentivar atividades e estudos sobre a Comunicação e o Jornalismo, conforme norteia o Regimento do MUC. A atual Reitoria, sabiamente, atendeu uma antiga reivindicação dos museus e criou no ano passado a Semec (Secretaria de Museus e Espaços de Ciências da UFV), que tem desde então plenamente justificado sua importância. Os próximos passos, entendemos, são fortalecer todos os museus da UFV, garantindo condições estáveis de funcionamento. Nestes três anos de existência, o MUC tem muito a comemorar: conseguimos uma sede na Vila Giannetti, realizamos dezenas de oficinas e visitas a escolas, recebemos periodicamente caravanas de estudantes, recebemos com frequência doação de equipamentos e nosso público visitante tem aumentado. Mesmo na impossibilidade de citar nominalmente a todos os que tem auxiliado, o Museu não poderia deixar de registrar agradecimentos à PAD, ao CCH, ao DCM e à Reitoria. Além de perseguir nossos objetivos iniciais, os próximos desafios do Museu da Comunicação são consolidar institucionalmente o espaço, reformar e adaptar os ambientes internos da Casa, e angariar servidores e bolsistas permanentes para atendimento ao público. Para isto, esperamos continuar a merecer o apoio do Departamento de Comunicação Social, do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, da Pró-Reitoria de Administração, da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura e da Reitoria da UFV. Ernane Rabelo Editor
Revista Museu da Comunicação
3
Nº 39, VILA GIANNETTI, UFV
Miriam Lima “Não importa que a tenham demolido. A gente continua morando na velha casa em que nasceu”. Em certa medida, a célebre frase do poeta Mario Quintana pode ser usada para representar o sentimento de Fabiana Rocha. Em viagem de férias, ela visitou a Casa 39 da Vila Gianetti, nova sede do Museu da Comunicação, antiga moradia de sua família. Filha de Fernando Rocha, ex-professor de Sociologia Rural na UFV, ela se lembra da época com grande carinho: “Era sensacional poder morar sem muros separando os vizinhos. Todo mundo deixava a porta aberta, ia na casa do amigo brincar, entrava lá como se fosse a sua própria casa. Eu adorava aqui”. Hoje professora da USP, Fabiana residiu na Casa 39 entre 1965 e 1969. Posteriormente, as paredes internas da edificação foram alteradas. Ela lembra da localização original de alguns cômodos. A sala onde fica a Secretaria era o escritório do pai; o antigo banheiro foi dividido em dois, masculino e feminino, a cozinha atualmente é uma sala de exibição de video e seu quarto hoje é a ilha de edição linear (foto ao lado). A professora vem sempre a Viçosa, mas é a primeira vez que trouxe os filhos para conhecerem a casa onde morou. Ao levá-los para verem o quintal, recordou-se de uma história que deixou marcas – literalmente: “Meu filho acha engraçado uma cicatriz que tenho nas costas; eu passava embaixo da cerca, sob o arame farpado, para
4
Revista Museu da Comunicação
Fabiana Rocha, o Professor Fernando Rocha e o menino Rogério Rocha (ao fundo, uma vizinha da família, Cristine Capideville)
visitar meu amigo, aí um dia rasgou exatamente aqui” – conta, mostrando a cerca que ainda divide as casas 39 e 40, ao lado da TV Viçosa e da Rádio Universitária. Desde a fundação do Curso de Comunicação Social, há 15 anos, a Casa 39 abrigou seus laboratórios. No ano passado, a Comissão de Espaço Físico da UFV destinou a frente da Casa 27
(onde nos fundos sedia o Grupo Escoteiro) para o Museu mas, antes da mudança, os laboratórios foram transferidos para o Edifício Fábio R. Gomes, próximo ao Bernardão. Desta forma, o MUC devolveu a Casa 27 e deixou de ocupar apenas a garagem da Casa 39 para apoderar-se de todo espaço.
Arquivo pessoal
Uma casa de lembranças
Pornografia nas redes sociais Gustavo Sobrinho Com a criação e a popularização de novas redes sociais como o Facebook, Instagram, WhatsApp e Snapchat, um fato preocupante para pais e professores cresce cada vez mais, a pornografia criada e compartilhada na Web. Tem sido muito frequente a postagem nos celulares de vídeos com cenas íntimas e mesmo de sexo. As principais vítimas são as meninas que muitas vezes gravam vídeos ou fazem fotos e enviam para amigos e namorados. A brincadeira ingênua vira uma tragédia quando essas imagens se espalham pelo mundo virtual. Cerca de 40 alunos do ensino médio da Escola Estadual Maria Aparecida David, da cidade de Canaã, discutiram a questão da pornografia na internet. Na maioria das vezes, as vítimas
passam por graves traumas psicológicos. Há casos de afastamento da es-
desenvolveu a mesma atividade em outras escolas de Viçosa desde 2014
cola, perda de interesse nos estudos, depressão até tentativas de suicídio. Essa ação foi uma parceria entre a Secretaria de Assistência Social da Prefeitura de Canaã e da direção da escola, depois da ocorrência de alguns casos e os jovens não estavam preparados para lidar com a situação. O Museu da Comunicação
e há demanda de outras instituições. Esse fato é muito preocupante, pois na maioria das vezes as vítimas expostas não recebem o devido auxílio dos pais e professores, e por não aguentarem a situação, algumas acabam entrando em depressão ou até mesmo cometendo suicídio, como forma de acabar com o problema.
Conversatório em espanhol, dedicado às mulheres Alejandra Cedano O espanhol é o segundo idioma mais falado do mundo. Com o objetivo de auxiliar na prática do idioma, o MUC ofereceu o curso “Conversatório em Espanhol”. Foi escolhido como fio condutor dos encontros o tema "Violência contra a mulher", um contexto social que afeta a todos, independente de cor, raça ou idioma. Por meio de filmes e documentários em língua espanhola, visitou-se o entorno social, econômico e cultural de diferentes situações de violência contra o sexo feminino na América Latina.
As estudantes colombianas Andrea Villalobos e Alejandra Cedano coordenaram o evento, com encontros às quintas-feiras, quando se reuniram e compartilharam com entu-
siasmo um pouco do seu idioma e de suas experiências, relembrando a luta que muitas mulheres levam por um mundo justo, de inclusão e participação.
Revista Museu da Comunicação
5
Propaganda na TV prom Ernane Rabelo Gustavo Sobrinho
Y
an mora em uma palafita de dois quartos na periferia de Manaus. Aos quatro anos de idade, ele não pode brincar com os amigos na beira do Rio Negro pois padece de doenças do coração e do pulmão. Yan tem quase 80 quilos. Mas como uma criança que vive em meio à natureza pode ser tão gordo? Os pais de Yan também são obesos e levam uma vida nada saudável. Ao invés do popular arroz com feijão, carne e salada – e suas variações – a família empaturra-se com doces, refrigerantes, biscoitos e salgadinhos. Filho único, Yan desempenha com maestria a velha birra infantil: - Yan é brincalhão, é bravo, quando ele quer uma coisa ele quer mesmo! A gente bota uma alimentação pra ele e diz: Yan é só isso aqui! Mas ele não aceita, faz greve, briga, chora e fala que não gosta mais de ninguém - resigna-se a mãe. O garoto chantageia, rola pelo chão e faz escândalo se não recebe um copo de refrigerante e um pacote de batatas fritas. O pai sabe dos riscos que o filho corre, mas pouco faz para reverter a situação de obesidade da criança. O pai repete o diagnóstico: - A gordura força o pulmão e dá falta de ar. Todo ser humano quando começa a engordar muito a tendência é forçar o coração e ficar com o coração grande.
Enquanto tenta corrigir o filho, negando-lhe um copo de refrigerante, o pai abre a geladeira, retira uma garrafa pet de dois litros e serve-se. Com a porta ainda aberta, vendo o pai bebericando, Yan implora sua parte. Segurando uma caneca e aos berros, gesticula, esperneia e vence a batalha. O pai olha para a câmera e sorri sem graça. Estas cenas fazem parte do documentário “Muito Além do Peso”. Para crianças que moram no Sudeste brasileiro, região desenvolvida
quase sempre tentam escapar com compreensíveis justificativas - é que eles são os culpados. Mas o que fazer? Educar os pais, dizem os especialistas. Esses mesmos especialistas dão outra receita: diminuir ou mesmo impedir a propaganda desses produtos, desses venenos, dizem outros. Uma das formas encontradas pelas indústrias é associar esses alimentos com personagens infantis ou brindes, como brinquedos. Outro agravante: as crianças bra-
e com mais acesso a informação a situação não é diferente. Na sequência do filme, a repórter exibe vários legumes a diversas crianças que não os reconhecem. Ela exibe uma cenoura e pergunta: - O que é isto? - Beringela? - tenta adivinhar uma linda menina com idade aproximada de 13 anos. A cena prossegue com outras crianças e abóboras e chuchus. A inocência e a beleza das crianças pertuba essa brincadeira que não tem graça. Uma das principais causas da obesidade infantil é a má alimentação associada ao consumo exagerado de açúcar e sal, encontrados nos sucos, biscoitos, doces e refrigerantes. Por vários motivos, os pais acham mais conveniente oferecer aos filhos alimentos pobres em vitaminas e nutrientes. O desagradável para os pais – que
sileiras passam cerca de 4 horas diariamente diante da televisão, levando-as a desejar as “porcarias” que as empresas anunciam nos intervalos e enchendo de dinheiro as emissoras de TV. É a propaganda que sustenta a TV e os jornais, por isto quase não se vê denúncias contra este verdadeiro crime que se comete contra a população brasileira. Nos países mais desenvolvidos, há muita restrição a tais propagandas, em alguns é até proibido. Este problema é vivido no dia a dia das escolas e muitos servidores fazem o que podem para resolver um problema que, na verdade, é causado principalmente dentro das famílias. E assim a equipe do Museu Itinerante da Comunicação resolveu auxiliar a enfrentar esta “epidemia” da propaganda com outro vídeo: o documentário “Muito Além do Peso”. A primeira escola a receber a abordagem foi a Escola Estadual Madre Santa Face, que atende crianças
O Museu Itinerante da Comunicação é um projeto financiado pelo Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), (n.406520/2013-5) e desenvolve trabalhos em escolas públicas e particulares de Viçosa e cidades da região.
6
Revista Museu da Comunicação
move obesidade infantil
com idade entre cinco e dez anos. O documentário foi exibido durante uma reunião de pais e mestres, e contou com a participação de mais 80 pais. Ao final, houve um debate sobre o assunto. E para demonstrar de forma prática o consumo de aditivos como açúcares, sal, corantes e gorduras a equipe do Museu levou exemplos dos alimentos mais consumidos pelas crianças, refrigerantes, salgadinhos, sucos industrializados, biscoitos, balas e doces. E foi demonstrado aos pais as quantidades que cada alimento contém desses aditivos, que causam obesidade e doenças como
hipertensão, diabetes, apnéia do sono e depressão. Segundo a Organização Mundial de Saúde a obesidade é um dos maiores problemas de saúde pública no mundo. A projeção é que, em 2025, cerca de 2,3 bilhões de adultos estejam com sobrepeso; e mais de 700 milhões, obesos. O número de crianças com sobrepeso e obesidade no mundo poderia chegar a 75 milhões, caso nada seja feito. No Brasil não é diferente. Milhares de pessoas sofrem com a obesidade e, segundo o IBGE, 15% das crianças com idade entre cinco e nove anos têm obesidade. Uma
a cada três não chegam ao nível de obesidade, mas estão com peso acima do recomendado pela Organização Mundial de Saúde. O documentário é uma produção da Produtora de Filmes Maria Farinha, e foi lançado em 2012 em um contexto de amplo debate sobre a alimentação das crianças, e os efeitos da comunicação mercadológica de alimentos dirigida a elas. O filme é fruto de uma longa trajetória de sensibilização e mobilização da sociedade sobre os problemas decorrentes do consumismo na infância. E está disponível na internet, inclusive para download.
Revista Museu da Comunicação
7
UFV participa da 13º Semana de Museus Com o objetivo de despertar nas famílias viçosenses o gosto pela valorização da cultura local e de conhecer espaços que preservam a história, a Universidade Federal de Viçosa participou da 13º Semana de Museus promovida pelo Instituto Nacional de Museus (Ibram). Durante o mês de maio, museus espalhados por todo o Brasil participaram da campanha. O Museu da Comunicação ofereceu diversas atividades gratuitas para as comunidades universitária, viçosense e regional. Os participantes puderam desfrutar de visitas guiadas ao acervo do museu, exibição de documentários relacionados à sustentabilidade e oficina de fotografia, na qual fotógrafos amadores puderam compreender os princípios básicos da teoria e da prática fotográfica.
Em 2016 a 14ª Semana dos Museus aconteceu de 16 a 21 de maio e teve como tema “Paisagens Culturais em 90 anos da UFV”, em homenagem ao aniversário da UFV. Durante esses dias foram realizadas visitas guiadas dentro do projeto
“Circuito de Museus”, mesa redonda no Auditório da Biblioteca Central e caminhadas orientadas pela cidade e dentro do Campus da UFV, além da distribuição do Álbum Ilustrado “Descobrindo os Museus e Espaços de Ciência da UFV”.
Domingão do Faustão: do sushi erótico à ridicularização Gustavo Sobrinho Imagine você em uma tarde de domingo com toda a família reunida em casa para assistir televisão, e quando a TV é ligada você e seus filhos se deparam com a seguinte cena: mulheres completamente nuas com as partes íntimas cobertas por sushi, prato típico da culinária japonesa. Próximo a elas, alguns homens famosos tentando “degustar o prato”. A audiência do programa estoura, principalmente entre os telespectadores do sexo masculino. Essas cenas eram veiculadas às 14h30 das tardes de domingo em rede nacional, no quadro “Sushi Erótico” do Programa do Faus-
8
Revista Museu da Comunicação
tão na Rede Globo. Em outro canal, segundo na audiência, o SBT concorria com a “Banheira do Gugu”, outro quadro pornográfico do extinto Programa do Gugu. Nele eram apresentadas gente famosa entrando de biquini e sunga em uma banheira com objetivo de pegar um sabonete. Atráves do vidro, os telespectadores podiam ver as partes íntimas dos convidados e o “esfrega-esfrega”. Atualmente Faustão contenta-se em fazer piadas e comentários preconceituosos em relação a convidados do programa, aos seus telespectadores e alguns vídeos exibidos no quadro “Vídeo Cassetadas”.Faustão parece tentar pregar um conceito de beleza através
de seu programa, ao levar atores da própria Globo, e celebridades nacionalmente conhecidas. Com a participação dessas pessoas ele exalta a beleza e um padrão de vida superior à realidade da grande maioria dos telespectadores. Esses são resultados da pesquisa “Espetáculo televisivo: estratégias de comunicação no Domingão do Faustão”, desenvolvida no Centro de Educação Superior Norte do Rio Grande do Sul. Por que em países desenvolvidos não existem programas assim? Dois motivos principais: boicote a eles e às empresas que anunciam nos intervalos comerciais e a legislação que impede ou restringe a determinados horários.
MUC comemora 9º Primavera de Museus O campus da Universidade Federal de Viçosa é tido como um dos mais belos do Brasil. Com suas construções arquitetônicas e belas paisagens, a UFV é destino de muitos que vem para estudar ou simplesmente desfrutar de suas belezas. Com o intuito de aumentar na população o interesse pela ciência, a Secretaria de Museus e Espaços de Ciência participou das atividades da 9º Primavera de Museus promovida em 2015 pelo Ibram com o tema “Descubra a UFV: Museus e Espaços de Ciência”. O Museu da Comunicação ofereceu visitas guiadas ao acervo e oficinas para as crianças. O ápice do evento foi a exibição do documentário “Sal da Terra”, que conta a his-
tória de vida pessoal e profissional do renomado fotógrafo Sebastião Salgado, que saiu das Minas Gerais e encantou o mundo com suas belas fotografias. A Primavera de Museus é um
evento que acontece anualmente no mês de setembro e é organizado pelo Instituto Brasileiro de Museus ligado ao Mistério da Cultura. Em Viçosa contou com o apoio da Secretaria de Museus e Espaços de Ciência da UFV.
Curso de extensão em Cinema O MUC, em parceria com o Departamento de Comunicação Social, ofereceu entre os meses de abril e junho de 2015 o “Curso de Extensão em Cinema: Princípios Básicos e Teóricos”. O curso foi ministrado pelo professor Ernane C. Rabelo, com auxílio dos alunos da disciplina Tópicos Especiais em Cinema. “Ao se estudar os princípios do cinema e do audiovisual, o espectador passa a compreender mais ampla e profundamente os filmes”, afirmou o professor. O curso abordou a história do cinema, desde os filmes mudos e em preto em branco às grandes produções dos estúdios de Hollywood. Discutiu-se ainda técnicas como fotografia, movimento de câmera, edição, montagem e questões ideológicas, além de roteiro. Contando com a participação de 41 pessoas, sendo alunos e funcionários da UFV, alunos das escolas de Viçosa e moradores de Viçosa e região. Houve a doação de cerca de 240 litros de leite longa vida por parte dos alunos do curso e essas doações foram destinadas as entidades filantrópicas de Viçosa: Centro comunitário professor Geraldo Paiva, Rebusca, Creche Pingo de Luz, Creche São José Batista e Creche São Sebastião.
Revista Museu da Comunicação
9
Museu Itinerante nas Escola Estadual José Lourenço de Freitas
Os alunos do Ensino Médio da Escola Estadual José Lourenço de Freitas participaram das atividades do Museu da Comunicação. Os personagens foram divididos: um jornalista, um cinegrafista, um dependente de internet, os pais e os amigos do dependente. Após um breve ensaio, o grupo apresentou para o resto da sala uma performance teatral sobre os riscos e as consequências do uso abusivo da internet e das redes sociais.
Centro Municipal de Educação Dr.
Os alunos do Centro Municipal de E Fontes, acompanhados pelo bolsista orientações para a encenação do teat
Escola Estadual Maria Aparecida Dav Escola Estadual Padre Álvaro Correia Borges
Na Escola Estadual Padre Álvaro Correia Borges, os alunos do 9° do Ensino Fundamental participaram das atividades do Museu da Comunicação, aprendendo por meio de uma explicação do bolsista Gustavo Sobrinho a desenvolver a leitura crítica da mídia.
10
Revista Museu da Comunicação
A secretária do MUC, Renata Rizzo, min sobre pornografia nas redes sócias para o Médio da Escola Estadual Maria Aparecid município de Canaã, localizada a 43 km d
escolas
. Januário de Andrade Fontes
Educação Dr. Januário de Andrade a Gustavo Sobrinho, receberam tro sobre a dependência de internet.
Escola Municipal Ministro Edmundo Lins
A bolsista do MUC, Edivânia Cristina, atualmente já graduada em Comunicação Social, esteve na Escola Municipal Ministro Edmundo Lins em 2014. Na ocasião, ela trabalhou a questão da cobertura da mídia sobre casos de estupro. Nesta imagem Edivânia promove a distribuição dos papéis que seriam representados pelos estudantes.
vid
nistrou uma palestra os alunos o 3° do Ensino da David, localizada no do centro de Viçosa.
Escola Estadual Effie Rolfs
Os alunos da Escola Estadual Effie Rolfs, localizada no campus da UFV, se organizam para debater e realizar uma apresentação sobre o vício nas redes sociais. No mesma manhã, foi discutido com os estudantes formas de manipulação das informações.
Revista Museu da Comunicação
11
O bicho papão não está debaixo da cama Gustavo Sobrinho
O
pavoroso e temido bicho papão que antes vivia debaixo da cama de crianças travessas e desobedientes passou a habitar seus computadores e celulares. Antes feio e assustador, agora se passa por um “amigo bonzinho”, como na velha história do Lobo Mau. Há pouco mais de 15 anos a maioria das crianças se espalhavam pelas ruas jogando bola, empinando pipa e fazendo diversas travessuras, mas hoje com o avanço tecnológico e com o aumento da violência as crianças tendem a ficar mais sedentárias, tendo cada vez menos contato com pessoas de fora da família e com atividades de lazer. Ao invés de carrinhos e bonecas, as crianças reivindicam, ou recebem espontâneamente, celulares e computadores. A internet proporciona uma enorme gama de conteúdo educativo e diversional mas infelizmente, conteúdos impróprios acabam chegando as crianças e adolescentes que navegam sem a vigilância dos pais. As crianças ficam desprotegidas diante da internet devido ao fato dos pais acreditarem que os filhos estão seguros dentro de casa, e infelizmente não buscam monitorar o que os filhos fazem na internet. A forma mais comum de exposição que as crianças sofrem é o Facebook, maior site de relacionamentos do mundo, e ali elas estão expostas a tudo, desde a encontrar seus familiares e colegas de escola e também de terem contato com desconhecidos – arriscadamente adultos que se aproveitam da inexperiência de crianças
12
Revista Museu da Comunicação
e adolescentes. Não é raro casos de constrangimento sexual na rede ou, pior, abusos físicos cometidos por “lobos maus” que conheceram na internet. Cumprindo o seu papel de educar, formar e informar através da comunicação e seus meios, o Museu Itinerante da Comunicação realizou atividades com crianças de 5 a 10 anos da Escola Estadual Madre Santa Face localizada na cidade de Viçosa, onde foi abordado o uso da internet pelas crianças e seus perigos. Foi constatado pela equipe do Museu que mais de 90% das crianças têm acesso a internet através de celulares e computadores dados de presentes pelos pais; e todas essas crianças possuem contas no Facebook, WhatsApp, Instagram, Snapchat e etc. Além disso, essas crianças têm acesso a diversos conteúdos e pessoas nessas redes sociais. A grande maioria das crianças afirmaram que seus pais e responsáveis monitoram suas atividades na internet, procurando saber com quem elas conversam, os tipos de
conteúdo que as crianças tem acesso e também os que elas disponibilizam para que outros usuários dos mesmos tenham acesso. Confira algumas dicas que a SaferNet e a Childhood agências especializadas em segurança na internet prepararam para pais e filhos. Para crianças e adolescentes: *Não divulgue dados pessoais. * Cuidado ao falar com estranhos. * Não aceite convites para encontrar alguém que conheceu na internet. Se de fato quiser conhecê-la, converse primeiro com seus pais ou responsáveis para que o acompanhem. Para Pais e Responsáveis * Limite o tempo de utilização da internet pelas crianças e adolescentes. * Saiba por quais sites eles navegam e que comunidades virtuais eles usam. * Peça para ler o que eles divulgam em seus blogs, comunidades e salas de bate-papo. * Instrua-os a não divulgar dados pessoais, como nome, endereço, telefone, fotografias, escola e e-mail em locais públicos da internet.
MUC aborda perigos da internet com estudantes de Viçosa Gustavo Sobrinho
É
cada vez mais comum nos depararmos com pessoas caminhando de cabeça baixa, olhando para seus celulares, totalmente despercebidas e não sabendo ao certo para onde vão. Ou numa roda de amigos em um bar que, ao invés de conversarem entre si, estão conectados no Facebook, WhatsApp e outros aplicativos de conversa instantânea.Essa nova geração é apelidada como geração “cabeça baixa”, que se fecha nos seus próprios mundos criados na internet e não levanta a cabeça para viverem a realidade. As novas tecnologias vieram para revolucionar e tornar nossa vida mais fácil, mas muitas vezes se tornam vilãs, principalmente entre os mais jovens, que já nasceram e cresceram em meio a elas. Mesmo os mais velhos veem-se cada vez mais dependentes de suas infinitas relações virtuais e seus aparelhos telefônicos, cuja última função é telefonar. Uma pesquisa realizada pelo Hospital das Clínicas de São Paulo aponta que o Brasil tem cerca de 8 milhões de pessoas dependentes de internet, isso corresponde a 4% da população total. Larga-se mão do trabalho, de estudos, da convivência pessoal com a família e amigos, da prática de exercícios físicos e do bom lazer para se dedicarem exclusivamente a redes sociais, jogos on-line, sites de compras,sites pornográficos e tantas outras atividades que a internet proporciona.
Escolas atentidas pelo MUC em 2015 Centro Educacional Doutor Januário Escola Estadual José Lourenço de Freitas Escola Estadual Effie Rolfs Escola Estadual Madre Santa Face Escola Padre Álvaro Correa Borges Escola Estadual Nossa Senhora de Fátima Escola Estadual Maria aparecida David (Canaã)
ESCOLA SCHOOL
A proposta do Museu Itinerante da Comunicação foi visitar escolas de Viçosa e região para a discussão da dependência de internet, seus benefícios e riscos para as crianças, jovens e adolescentes. Foram discutidos com os alunos como a internet revolucionou a vida em sociedade, como ela auxilia em atividades do dia-a-dia, a popularização das redes sociais e suas consequências para os usuários. Os jovens puderam compreender que o uso exagerado e incorreto da internet os expõe a diversos riscos, desde ter sua intimidade exposta à graves problemas de saúde como depressão, insonia, sobrepeso ou até mesmo desnutrição, já que muitos deixam de ter uma alimentação saudável para se dedicarem exclusivamente a internet.
O que deve ser compreendido por todos é que a internet é um meio de comunicação essencial para a vida nos dias de hoje, já que ela possibilita uma comunicação rápida e instantânea entre todos os continentes. Mas, oque é preciso ser entendido é que a internet precisa ser usada com cautela, pois tudo o que é postado dificilmente será apagado. Por intermédio do projeto “Museu Itinerante da Comunicação”, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, o Museu da Comunicação conseguiu desde 2014 visitar dezenas de escolas no município de Viçosa e região. O Cnpq suportou a compra de telas de exibição, cadeiras, aparelho de som, mão-de-obra, material de divulgação e de consumo.
Revista Museu da Comunicação
13
Luz, câmera... Cinecom! Núbya Fontes
O
cinema é um dos grandes meios de comunicação de todos os tempos. Ele é assim considerado graças à sua capacidade de carregar mensagens, significar sentidos, representar mundos e criar comparações entre a realidade da plateia e aquelas transmitidas pelo filme. Nessa comparação, o público analisa o enredo e os personagens, refletindo sobre sua realidade e vislumbrando novas visões de mundo. Podemos afirmar que ninguém é o mesmo após assistir uma sessão de cinema, uma vez que ele entretém, impacta, faz pensar, provoca e até muda atitudes. Foi pensando assim que, em 2012, a professora Laene Mucci, do Departamento de Comunicação Social da UFV e alguns de seus alunos deram início ao Cinecom – cinema e cultura para todos. O Cinecom oferece uma opção gratuita de lazer cultural à comunidade por meio da produção de sessões de cinema de qualidade e ao ar
14
Revista Museu da Comunicação
livre. Dessa forma, pessoas da esfera universitária e viçosense têm se reunido em volta da arte cinematográfica, numa oportunidade de enriquecimento cultural. Enquanto o público recebe uma boa programação de cinema, os estudantes de Comunicação praticam o Jornalismo e assimilam outras práticas, tais como produção de eventos artísticos, design gráfico e de conteúdo para internet. O projeto já realizou 38 sessões, sendo 11 delas esse ano com o apoio do Museu da Comunicação. Os filmes exibidos foram: O Pequeno Nicolau (França, 2009) no dia 15 de março; Minhas Tardes com Margueritte (França, 2010) no dia 19 de março; O Feitiço do Tempo (EUA, 1993) no dia 29 de março; Temporário 12 (EUA, 2013) no dia 26 de abril; Mamma Mia! (EUA, 2008) no dia 31 de maio; Medianeras- Buenos Aires na era do amor virtual (Argentina, 2011) no dia 28 de junho; Bonequinha de Luxo (EUA, 1961) no dia 20 de setembro; Blade Runner (EUA,
1982) no dia 27 de setembro; Os caça-fantasmas (EUA, 1984) no dia 4 de outubro; O contador de histórias (Brasil, 2009) no 25 de outubro; e Peixe Grande e suas histórias maravilhosas (EUA, 2003) no dia 22 de novembro. Além de longas-metragens de qualidade, o público recebe, toda sessão, o impresso “Jornal do Cinecom”, que trás críticas e resenhas cinematográficas relacionadas ao filme exibido. Além disso tudo, o projeto promove a “Troca Cultural”. onde os espectadores podem trocar livros, CDs, DVDs, revistas e outros produtos culturais em prol do enriquecimento do enriquecimento cultural. Nesses quase quatro anos, o Cinecom tem se consolidado junto à comunidade viçosense como uma opção de entretenimento cultural de qualidade em que crianças, jovens e adultos, estudantes, trabalhadores e famílias têm comparecido às sessões em número significativo, o que faz nosso trabalha valer cada vez mais a pena.
O Museu da Comunicação recebe periodicamente grupos de diversos municípios, como Cajuri, Canaã, Guaraciaba, São Domingos do Prata, São Miguel do Anta e Visconde do Rio Branco. Na foto acima, 45 visitantes de Ubá (MG) estiveram nas antigas instalações do museu, em julho de 2015. Nestas oportunidades, a Semec (Secretaria de Museus e Espaços de Ciência) procura organizar visitas coordenadas a outros museus da UFV.
Com cheiro, sabor e cor da nossa América, MUC realiza mostra de cinema latino Alejandra Cedano
O
cinema latino-americano, entre suas fases de altos e baixos, teve que se renovar para podermos enxergar realidades e pontos de vista sobre a vida real: aquela história que é levada às salas de cinema com olhar criativo, cheio de tristezas, esperanças, saberes, culturas, terror, suspense, amores e desamores. O cinema latino procura perpetuar histórias que encontramos no cotidiano, mas são esquecidas com o passar dos dias. Com a mesma perspectiva, o Museu da Comunicação da UFV quis fazer uma homenagem aos filmes latinos promovendo o primeiro festival de Cinema Latino-americano, chamado “Nuestra América”. Para isso, reuniu trabalhos de alguns países como Argentina, Bolívia, Chile,
Colômbia, Cuba, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela, com a finalidade de viajar no tempo e percorrer, por meio das películas, as estradas de nossa América. De 13 a 15 de outubro, o MUC ofereceu ao público uma sala audiovisual climatizada – um ambiente tranquilo com colchonetes, almofadas e travesseiros, pensando na
Uma das organizadoras do evento, a colombiana Andrea Villalobos, comentou acerca da mostra: “O estilo dos filmes que foram exibidos é de uma temática interessante. Esse espaço tem potencial e pode ser usado com mais frequência para que o público aproveite mais”. Ela também exaltou o trabalho dos estudantes da disciplina – em
comodidade dos espectadores e organizadores do evento. Foram oferecidos ao público pipoca e suco para acompanhar cada filme. Escolhida como nação homenageada nesta edição da “Nuestra América”, a Colômbia teve um dia da mostra dedicado somente para si. Foi realizada uma exposição fotográfica dos pontos turísticos, pessoas e belezas naturais do país. Neste dia foram exibidos apenas filmes colombianos.
sua maioria, do segundo período do Curso de Jornalismo da UFV –, que fizeram parte da logística e programação da mostra, juntamente a voluntários e da equipe de trabalho do Museu da Comunicação. Com grande entusiasmo, o Museu da Comunicação fechou a maratona de cinema já pensando em se preparar para o próximo festival, esperando cada vez mais audiência e adesão por parte dos estudantes e habitantes de Viçosa.
Revista Museu da Comunicação
15
Com os cinco sentidos, crianças demonstram criatividade Com o propósito de incluir crianças de Viçosa na programação cultural, o Museu da Comunicação realizou em 2015 uma oficina para explorar a criatividade por intermédio de estimulação dos cinco sentidos. O relaxamento por meio da música e do paladar estimula a criatividade emocional dos participantes, que é a capacidade de se realizar atividades criativas e solucionar diferentes situações a partir da experiência pessoal, da personalidade e da forma de sentir e interpretar as emoções. As crianças se apoiaram em lembranças para produzir o contato com o sentido do gosto, utilizando alimentos como bananas, chocolates, biscoitos e limões. Utilizando tais técnicas os participantes desenharam experiências
íntimas, como lembranças, sabores, cheiros, imagens e texturas que recordaram algum momento já vivido em suas vidas. Esses desenhos fizeram parte da criação de um Stop Motion, uma técnica de animação que consiste em
criar um vídeo por meio de uma série de fotografias consecutivas. Com a ajuda também dos pais (como se vê na fotografia acima) as crianças terminaram uma jornada de diversão, brincadeira e conhecimento.
CNPq patrocina mostra de filmes na praça Durante uma semana, a Praça Silviano Brandão, no Centro de Viçosa, foi palco do projeto Museu Itinerante da Comunicação no final de 2014, quando foram exibidos filmes e documentários relacionados à comunicação. Com o apoio da CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifíco e Tecnológico), do DCM (Departamento de Comunicação Social), da UFV e da Prefeitura de Viçosa, o museu instalou na praça um telão, um projetor e cadeiras para exibição dos filmes.
16
Revista Museu da Comunicação
Em sintonia com o rádio Kátia Fraga
B
om dia, amigos e amigas ouvintes! No programa de hoje vamos falar sobre um companheiro de mais de 90 anos de existência: o rádio. Isso mesmo, ele permanece presente em nossas vidas, em casa, no carro, no celular, no computador. E muita gente disse várias vezes que ele iria desaparecer com o surgimento de novos veículos de comunicação e ficar na história somente nos acervos de museus, espaços de grande valor de memória e de cultura. Falando nisso, é bom lembrar que a primeira transmissão oficial no Brasil foi em 7 de setembro de 1922,
durante as comemorações do centenário da Independência do país, no governo do presidente Epitácio Pessoa. Anos depois, Edgar Roquette-Pinto cria a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, com o objetivo de transformar o rádio num canal educativo e cultural para a população. Ao longo da história, o rádio passou por muitas fases e deu grandes contribuições para o cenário da comunicação. Foi por meio desse veículo que ficamos informados sobre diversos assuntos, desde o Repórter
tecnologias proporcionaram o surgimento de outros veículos como a televisão e a internet. Todavia, o rádio continua informando, emocionando, sendo companheiro. Cada meio de comunicação tem sua função e importância e muitos estão interligados com as conexões tecnológicas. Além das mídias tradicionais e comerciais, cada vez mais surgem novas possibilidades de interação por meio da criação de rádios comunitárias, rádios na internet, dentre tantas outras opções. Seja qual for a
Esso até os dias atuais. Também nos emocionamos com as famosas radionovelas, que depois migraram para a televisão no formato de telenovelas. Nas últimas décadas, as novas
sua escolha, sugiro que guarde um momento do seu cotidiano para fazer uma boa escuta radiofônica. Até o próximo programa, sempre com muita alegria no coração!
Mídia, escola e leitura crítica do mundo Miriam Lima No texto “Mídia, escola e leitura crítica do mundo”, a professora Graça Caldas faz uma reflexão sobre a utilização da mídia na escola. Diante do quadro em que a mídia influencia a formação de nossos cidadãos, qual seria o papel da escola? Estimular os alunos a desenvolverem a capacidade de perceberem manipulações deliberadas de informações implica um professor capacitado a compreender estas armadilhas da linguagem. É necessário “estabelecer relações e conexão entre os fragmentos dos fatos e sua historicidade”. Ou seja, o contexto é importante para se fazer a leitura crítica da mídia. Neste contexto a escola não é a
única, mas seu papel é desafiador e a mídia como um grande instrumento de possibilidades poderá ajudar os nossos alunos neta grande caminhada, na formação de leitores críticos e
construtores das suas próprias narrativas, ou seja “sujeitos de sua própria história”. Texto completo: www.scielo.br/ pdf/es/v27n94/a06v27n94.pdf
Revista Museu da Comunicação
17
Cidade Alerta: O importante é a audiência
O
principal programa policial da televisão brasileira está mais interessado em denunciar e vigiar do que investigar exatamente as causas da violência. Os motivos principais são: a cumplicidade com a polícia e a audiência a todo custo. “O Cidade Alerta se beneficia de um bom relacionamento construído com o meio policial, o que lhe garante vários ‘furos’ e a possibilidade de acompanhar e transmitir ao vivo as ações policiais”, afirma a pesquisaora Itania M. Gomes. E para que nenhum fato passe despercebido existem várias equipes de reportagem espalhadas pelas principais delegacias da cidade de São Paulo, prontas para noticiar qualquer caso e um helicóptero garantindo muitas das vezes a cobertura nua e crua de ações policiais. O programa é exibido para todo o Brasil através da Rede Record, mas a grande maioria dos fatos noticiados
18
Revista Museu da Comunicação
ocorre na cidade de São Paulo. O fato de as notícias serem concentradas na maior cidade do país não impede que o programa seja assistido por pessoas de norte a sul, e que conseguem identificar ali fatos que acontecem no dia-a-dia de suas cidades. No Cidade Alerta, Marcelo Rezende personifica a voz da indignação popular, ao mesmo tempo em que emite seu veredicto acerca das coisas certas ou erradas que vão sendo mostradas e exige alguma atitude dos órgãos públicos. Rezende já afirmou que não é “desses apresentadores que só gritam, eu pesquiso”. Mas, muitas das vezes ele entra em contradição com a própria afirmação, ao noticiar fatos “ao vivo”, e passa aos seus telespectadores informações erradas. Já ao tratar de temas mais delicados, Rezende busca a cumplicidade do público e, às vezes, das fontes: “Eu pergunto à população se não está na hora de pressionar o Congresso para
votar a prisão perpétua ou a pena de morte”. Rezende busca o respaldo para seu discurso conservador, que ele espera que se iguale com aquele do seu público, atesta Itania M. Gomes. O programa fala para um espectador pouco exigente em relação aos valores de notícia e que não busca a informação checada, confrontada, questionada e contextualizada. O discípulo do Cidade Alerta não está interessado em qual é a origem dos dados, quais são as fontes e as versões. Este tipo de telespectador busca uma abordagem específica sobre a violência e as mazelas do mundo. Itania Maria Mota Gomes é pesquisadora na área de jornalismo na Universidade Federal da Bahia e desenvolveu o estudo Brincadeira de bandido e mocinho: um exercício de análise do programa Cidade Alerta, publicado no site da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação. (www.compos.org.br)
QUADRINHOS
Na roça de Chico Bento não aparecem grandes dilemas sociais ou políticos Mariana Procópio
Q
ue os quadrinhos são valiosos instrumentos para despertar o gosto pela leitura, sobretudo das crianças, todos já sabem. Mas que as histórias em quadrinhos (HQ’s) são também reveladoras de um modo de se enxergar e se representar a sociedade talvez nem todos tenham percebido. Queremos dizer que os quadrinhos podem ser um importante local de representação de valores e de signos da sociedade, em uma determinada época. No caso das HQ’s brasileiras, as criações de Maurício de Sousa são as mais conhecidas. Estudiosos afirmam que, este sucesso pode ser atribuído, em grande parte, em função dos personagens de Maurício de Sousa representarem crianças comuns, universais. As histórias da Turma da Mônica já foram traduzidas para diversos países sem haver uma modificação na caracterização dos personagens. No entanto, o autor não deixou de lado a realidade de seu país. Alguns de seus personagens como Chico Bento, por exemplo, transmitem simbolicamente o universo brasileiro ligado à agricultura e aos valores do campo. Mas que campo e que homem do campo é esse que os quadrinhos do Chico Bento nos revelam? Em nossa pesquisa de mestrado, observamos 157 gibis do personagem Chico Bento, publicados entre 1995 e 2004. Nessas histórias, Chico Bento se apresenta como um homem ordeiro, trabalhador e responsável. Ele é reli-
gioso e convive harmonicamente com a natureza, sem grande interferência da tecnologia e sempre valorizando sua experiência e sensibilidade. Entretanto, no “campo” onde vive Chico Bento, não apareceram temas como maquinário agrícola destinado ao cultivo, transgênicos, reforma agrária, produção em larga escala, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra, apesar de serem tão presentes nas questões agrárias nacionais. Porém, referências a programas televisivos da época – como o reality
show Casa dos Artistas – , aos lançamentos da indústria cinematográfica e a brinquedos infantis foram realizados. Ao que tudo indica, as revistas em quadrinhos do personagem Chico Bento parecem querer representar uma realidade rural romantizada, sem interferências ideológicas e sem abordar conflitos e questões polêmicas na sociedade. Mas estimular o consumo das crianças, tanto de artigos infantis quanto de produtos midiáticos, parece não ser um problema.
Revista Museu da Comunicação
19
Os museus da UFV
Visite nossa página: www.semec.ufv.br
A UFV possui alguns espaços dedicados a preservar a história da Universidade, bem como de áreas específicas do conhecimento. Fotos: ww.ufv.br
MUSEU DE CIÊNCIAS DA TERRA ALEXIS DOROFEEF Busca despertar a curiosidade e o interesse das pessoas pelo que existe e acontece em nosso planeta, tendo como principais elementos os solos, as rochas e os minerais. Com a exposição de seu acervo e, principalmente, com a realização de ações educativas, o Museu de Ciências da Terra Alexis Dorofeef é um espaço de descobertas e interações. CASA ARTHUR BERNARDES Após o tombamento da antiga residência do ex-presidente da República Arthur Bernardes, localizada na Avenida Bueno Brandão, foi reunido o acervo referente à sua vida e obra, como fotografias, mobiliário, documentos, peças de arte, armas e munições, peças de vestuário, etc. Os cômodos da Casa abrigam ainda o mobiliário original e o acervo reunido posteriormente. MUSEU DE ZOOLOGIA JOÃO MOOJEN Com sua coleção iniciada em 1933, pelo professor João Moojen, hoje o Museu de Zoologia conta com mais de 20 mil peças zoológicas em seu acervo, incluindo fósseis, peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos, em sua maioria coletados na região de Viçosa e no estado de Minas Gerais.
MUSEU HISTÓRICO E PINACOTECA DA UFV O Museu Histórico tem por finalidade de estudar fontes históricas, coletar, guardar, classificar e expor objetos referentes à memória institucional. O acervo é constituído por mobiliário, peças de laboratório e outros materiais utilizados em diversos cursos no início da trajetória da UFV. A Pinacoteca realiza exposições e incentivo ao lazer cultural e a expressão artística. São expostos trabalhos de artistas conhecidos e também de iniciantes. SALA MENDELEEV Exposição interativa sobre a Tabela Periódica dos elementos, inclui amostras reais de substâncias elementares e compostos representativos de todos os elementos químicos estáveis em uma Tabela Periódica gigante, com três metros de comprimento e dois de altura. Estão expostos, ainda, espécies minerais e aplicações dos elementos em materiais do cotidiano. Os visitantes têm a oportunidade de manipular amostras e realizar experimentos.
20
Revista Museu da Comunicação