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Edição 102 - Outubro 2018
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Radiologia Oncológica
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contece no Centro de Treinamento do InRad, neste 26 de outubro, o Seminário de Radiologia Oncológica: “Das melhores práticas radiológicas aos desafios futuros”. O evento é uma realização conjunta dos Serviços de Radiologia e Diagnóstico por Imagem do ICESP e InRad do HCFMUSP, comemorativo aos 10 anos do ICESP e do Serviço de Radiologia Oncológica. O evento contará com a participação de médicos do AC Camargo Câncer Center e do Hospital do Amor de Barretos. O professor convidado William Mayo-Smith, vai ministrar a palestra: “Customized Residency Leadership Tracks: ideias for the future”. O seminário, coordenado pelo prof. Giovanni Guido Cerri, drs. Marcio T. Garcia e Regis França Bezerra, tem o apoio do Centro de Estudos Radiológicos “Rafael de Barros” e ID Editorial – jornal ID Interação Diagnóstica. Mais informações no site: https://www.sympla.com.br/seminario-radiologia-oncologica---10-anos-do-icesp
Mentoria: projeto celebra dois anos
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rograma pioneiro de Mentoria para Residentes do Instituto de Radiologia do HCFMUSP comemora dois anos com uma avaliação positiva e planos de expansão para outras instituições. Na sequência desse trabalho, a bem sucedida iniciativa já está produzindo resultados: no dia 1 de dezembro, coordenado pelas dras. Regina Lucia Elia Gomes e Patricia Bellodi será realizado o Curso de Mentoria para o Desenvolvimento Pessoal e Profissional. Veja matéria na página 4 e notícia sobre o curso na pag. 10.
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Informativo do Instituto de Radiologia - HCFMUSP
Registro de novo fármaco amplia a atuação do InRad na luta contra o câncer
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om registro de mais um fármaco concedido pela ANVISA, o Fluoreto de Sódio, o Cíclotron do InRad-HCFMUSP acaba de concluir mais uma etapa na sua história. Há quase 10 anos em funcionamento no Centro de Medicina Nuclear, o CINRAD é a primeira unidade de produção de radiofármacos instalada em um hos-
pital público no País. O novo produto amplia a área de atuação da instituição na luta contra o câncer, completando com o FDG (Fluor 18) o portfólio de produtos disponíveis para atender as instituições dedicadas à Oncologia. Na página 3 a farmacêutica Miriam Okamoto fala sobre essa conquista e sobre o trabalho que vem sendo desenvolvido na instituição.
HC integra serviços de radioterapia com foco na jornada do paciente
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om os olhos focados na jornada do paciente que circula pelo Complexo HC, iniciativas vem sendo implantadas com sucesso e positiva repercussão entre os que precisam da instituição. A integração dos Serviços de Radioterapia do InRad e do ICESP vem ao encontro desse objetivo e tem como focoprincipal o paciente que se movimenta no HC para chegar até esse tratamento. Além de agilizar o processo e proporcionar mais conforto, atende a expectativa do paciente. Saiba mais na página 2, onde a médica Herbeni Cardoso Gomes fala sobre o assunto e analisa todo este processo.
O futuro da Radiologia
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frente de uma das principais publicações na área do diagnóstico por Imagem, o dr. David A. Bluemke esteve no InRad participando do Curso Internacional de Diagnóstico de Davos, onde falou sobre o tema, mostrando que os radiologistas devem estar atentos e preparados para o aumento das doenças cardiovasculares. Veja na pag. 12.
“Outubro Rosa” na luta contra o câncer de mama
“Outubro Rosa” no InRad foi marcado pela distribuição de laços e rosas, e palestras, com o objetivo de estimular a conscientização, prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama, entre funcionários do Complexo HCFMUSP. A enfa. Luciana Paula Martins, assistente técnica da diretoria executiva abriu a sessão e destacou a importância dessa mobilização e o engajamento do InRad nessa luta, sempre preocupado em orientar e promover a atualização e aprimoramento das suas equipes técnicas. Especialistas focaram em suas palestras o papel do rastreamento mamográfico e o diagnóstico do câncer de mama; fatores que influenciam a prática da prevenção do câncer. “A melhor prevenção
contra o câncer de mama é o diagnóstico precoce, através do rastreamento mamográfico, que reduz a mortalidade significativamente”, enfatizou a dra. Barbara Helou Bresciani. O dr. Vinicius de Aquino Calheiros, da Radio-
terapia (foto) enfatizou a importância dos hábitos saudáveis no dia a dia para prevenir a doença, e a relevância de se realizar ações como essa, principalmente, para os profissionais de saúde, que muitas vezes negligenciam a própria saúde. O Projeto de Bem com Você – a beleza contra o câncer, que oferece oficinas de automaquiagem para mulheres em tratamento oncológico encerrou a programação, com a entrega de uma rosa às participantes. O Outubro Rosa é um movimento que nasceu nos Estados Unidos na década de 90 e hoje celebrado em todo o mundo com o objetivo de compartilhar informações sobre a doença, reforçar a importância da prevenção.
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HC integra serviços de radioterapia com foco na jornada do paciente Com a recente integração dos Serviços de Radioterapia do InRad e do ICESP, a instituição fez um mapeamento de todo o processo da jornada do paciente que se movimenta no HC para chegar até esse tratamento.
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integração dos Serviços de Radioterapia do Instituto de Radiologia – InRad e do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo – ICESP, é de fundamental importância para uma gestão centrada no paciente oncológico e suas necessidades. Entender “o que é valor para o paciente?”, e toda a jornada que ele percorre desde a sua chegada ao Hospital das Clínicas, tendo dois serviços de radioterapia onde ele pode ser tratado e que devem proporcionar a mesma experiência, é um dos caminhos para a implementação contínua de melhorias na prestação de serviços de acordo com a jornada do paciente, foco principal da instituição como um todo. Para a instituição é importante saber o que tem de se fazer pelo cliente, de forma clara. O entendimento do que é o caminho, do seu trajeto até o hospital, que em sua maioria é muito difícil, pois muitos vêm do interior e outros estados, é fundamental para oferecer outros padrões de atendimento - não só no circuito HC. Com a regionalização, por exemplo, é possível otimizar a distribuição na rede de atendimento, evitando o deslocamento desnecessário desses pacientes até a capital, para realizar um procedimento de 12 minutos, que é a Radioterapia,. Segundo a dra. Herbeni Cardoso Gomes, do Serviço de Radioterapia do InRad, “a importância da discussão desse novo foco é que para nós o que era um problema ou uma qualidade, às vezes não se identificava com o que o paciente pensava. Aí, com reuniões e uma série de entrevistas, começamos a entender como é o andar e o desenvolvimento do paciente nesse circuito do hospital, até o Serviço de Radioterapia InRad/ICESP, para tratamento e segmento”, explica a médica.
O trabalho em equipe, como enfatiza a dra. Herbeni Cardoso Gomes, do Serviço de Radioterapia, aliado aos avanços tecnológicos, tem como foco a melhor qualidade de atendimento aos pacientes do InRad/ICESP.
Para o mapeamento do processo foram realizadas cerca de 50 entrevistas com pacientes: internados, portadores de patologias benignas, pediátricos e os pacientes portadores de doenças neoplásicas, que é o principal foco para o Serviço
de Radioterapia. A demanda de pacientes tem origem nos vários Institutos do Complexo HC, e de instituições externas. “Mapear é algo bem complexo, mas é muito importante para nós, porque na verdade, o nosso paciente é que tem que ser suprido de todas as suas necessidades, e ao identificarmos essas condições ou comprovar que
as nossas ações atendam a demanda do cliente, é muito importante”, enfatiza a dr. Herbeni. “A Radioterapia é um tratamento oncológico que evoluiu muito nos últimos anos com os avanços tecnológicos e ganhou muito em eficiência com o uso do diagnóstico por imagem, que permite imagens tridimensionais para o planejamento do tratamento que será realizado no paciente, melhorando não só a eficácia como a qualidade desse tratamento e a redução dos efeitos colaterais da radioterapia,” conclui a médica. O aparato moderno e o acervo tecnológico de ponta dos serviços de Radioterapia do InRad/ICESP, permite a oferta de várias modalidades consagradas no mundo como o tratamento conformacional, com intensidade modulada, a radiocirurgia e a irradiação de corpo inteiro para transplante de medula. Para os pacientes em estágio inicial da doença, o uso de todo esse arsenal pode significar a cura. O projeto de integração das unidades de radioterapia do Complexo HC, tem a proposta de ouvir e entender a jornada do paciente, com o objetivo de atender as suas necessidades e melhorar de forma contínua o atendimento e a qualidade do serviço aos pacientes oncológicos.
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E P E D IENT E InRad News: Órgão informativo editado pelo Centro de Estudos Radiológicos Rafael de Barros para o Instituto de Radiologia - HCFMUSP Travessa da Rua Dr. Ovídio Pires de Campos, 75 (ligação entre a Rua Dr. Enéas de Carvalho Aguiar e a Rua Dr. Ovídio Pires de Campos) - Cerqueira César São Paulo - SP - CEP 05403-010 homepage: www.hcnet.usp.br/inrad Centro de Comunicação Institucional/INRAD - HCFMUSP E-mail: imprensa.inrad@hc.fm.usp.br Edição 102 Contato do leitor: (11) 2661-7675
Conselho Editorial: Giovanni Guido Cerri Claudia da Costa Leite Eloisa Maria Melo Santiago Gebrim Ilka Regina Souza de Oliveira Leandro Lucato Manoel de Souza Rocha Maria Cristina Chammas Nestor de Barros Olinda V. Costenaro Regina Lucia Elia Gomes
Diretor Responsável: dr. André Scatigno Neto Editor e Jornalista responsável: Luiz Carlos de Almeida (MTb 9313) Edição: ID Editorial Tel. (11) 3285-1444 - id@interacaodiagnostica.com.br Arte: Marca D´Água - mdaguabr@yahoo.com.br Colaboraram: Valéria de Souza André Santos (fotos) Angela Miguel Cleber de Paula (fotos) Agnaldo Dias (fotos) Evelin Pereira (fotos)
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P ANEJAMENTO
ANVISA concede registro inédito ao InRad Com registro de mais um fármaco concedido pela ANVISA, o Fluoreto de Sódio, o Cíclotron do InRad-HCFMUSP acaba de concluir mais uma etapa na sua história. Há quase 10 anos em funcionamento no Centro de Medicina Nuclear, que é dirigido pelo prof. Carlos Alberto Buchpiguel, o CINRAD é a primeira unidade de produção de radiofármacos, instalada em um hospital público no País.
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Fabricação, emitido pela ANVISA. e acordo com Mir iam O registro para fabricação do FDG, Okamoto, farmacêutica, produto comercial que atende a diretora administrativa rotina do Complexo HCFMUSP e do Centro de Medicina instituições parceiras, veio em Nuclear e coordenadora técnica seguida e foi obtido em 2017. Após do CINRAD - Centro de Produa obtenção desse primeiro registro ção de Radiofármacos do InRadfoi possível diversificar o portfólio -HCFMUSP, essa é uma conquista de produtos. a ser comemorada, pois, é muito importante para a instituição. “O O Fluoreto de Sódio na registro do fluoreto de sódio vai luta contra o câncer possibilitar atender segmentos Importante na luta contra o importantes na área da Oncologia. câncer, o Fluoreto de Sódio pode Já temos o registrodo FDG e, agora, substituir a cintilografia óssea, com o Fluoreto de Sódio atingimos muito usada no diagnóstico de a nossa meta, no que se refere a metástase óssea e no estadiamento fármacos comercializáveis”, explide alguns tipos de câncer.” É um ca Miriam. fármaco com o mesmo material Esclarece a diretora, que a radioativo do FDG, o flúor. Sua chegada do Cíclotron ao Complexo meia vida também é de duas horas, HCFMUSP está ligada aos avanços logo, a logística de distribuição com o uso do FDG, glicose radioganha agilidade por estarmos mais ativa, indicado no diagnóstico próximos do clientes. A organiprecoce de alguns tipos de câncer. zação da produção e da entrega “Esse radiofármaco mudou paradesse medicamento vai ser muito digmas no prognóstico do câncer, permitindo que a escolha do tratamento fosse ef iciente, com menor custo. Abriu novos caminhos para a Medicina Nuclear e, dessa forma, por meio de parceria público-privada, o Hospital das Clínicas decidiu investir na aq uisição de um Cíclotron. Iniciou um projeCINRAD, inovação e pesquisa to de vanguarda: parecida com a do FDG, que ainda construir e desenvolver dentro do é a maior demanda do serviço”, Complexo uma unidade de pesdestaca a farmacêutica. quisa e de produção de imagem O Cíclotron do InRad tem o molecular. Esse centro inovador objetivo de manter a sua missão em pesq uisa – o CINRAD, foi de desenvolver e produzir novos estruturado, com independência marcadores dedicados a pesquisas e autonomia f inanceira, para na área de imagem molecular. desenvolver radiofármacos para Ainda neste mesmo ano, o centro projetos de pesquisa e pacientes conseguiu a validação de dois noclínicos da instituição. vos radiofármacos marcados com Tudo começou em 2014, quancarbono-11, o PIB, para diagnóstido a instituição conseguiu o co de Alzheimer, e o PK11195, para Certificado de Boas Práticas de
avaliação de neuroinflamação. O ras doses de FDG. É importante Zircônio 89, usado no exterior ressaltar que naquele momento, para marcação o Hospital das de anticorpos Clínicas, não monoclonais, possuía todo o para identificar recurso necestumores, tamsário, assim bém começou foi realizada a ser produzido uma parcer ia em 2017. com o Hospital Miriam Sírio Libanês, Okamoto conque participou ta q ue com a com 50% deste produção de investimento. FDG estruturaNos primeiros da, o CinRad três anos de avançou na funcionamento produção oudo Cíclotron, o tros fármacos. que o HC ecoPor exemplo, o Miriam Okamoto, diretora administrativa nomizou, por do Centro de Medicina Nuclear Zircônio é um n ã o m a i s te r radioisótopo utilizado no exteque adquirir o FDG de fornerior, inclusive já em pacientes cedores externos compensou o clínicos, para identificação de investimento inicial. tumores. “Você marca o anticorpo Segundo Miriam Okamoto, de que tem uma afinidade por algum 2010 até 2012, a unidade passou tumor com Zircônio. pela fase do aprendizado, ou seja, Já conseguimos prode colocar a produção dentro das duzir amônia, que é normas aceitas e exigidas pela um radiofármaco utiAgência Nacional de Vigilância lizado para infarto do Sanitária e Comissão Nacional de miocárdio e substitui Energia Nuclear – CNEN. “Então, com algumas vantatoda equipe se dedicou a implantar gens o MIBI marcado processos de produção e controle com tecnécio. Também de qualidade com segurança, tanto produzimos em 2017, do ponto de vista da ANVISA, quano FES flúor-estradiol, to da proteção radiológica”, lembra. para câncer de mama. O processo de produção do E agora, finalmente, FDG para o consumo do próprio conseguimos o regisHC e atender ao InRad, InCor e tro do fluoreto de sóICESP se consolidou, superando dio, que representa as expectativas. “Um excedente um grande conquista para a nossa de produção, q ue poder ia ser instituição”, comemora. comercializado para manter toda a estrutura do Cíclotron em funcioProjeto viabilizado com namento, era uma realidade. Para apoio de parcerias comercializá-lo foi efetivada outra parceria, firmada com a FURP No período de 2006 a 2009, Fundação para o Remédio Popular. foram realizadas as negociações, O recurso obtido é reinvestido na o planejamento do layout de todos própria unidade na manutenção os laboratórios, a construção civil da estrutura instalada, da infrade todos os laboratórios e do local estrutura civil dos laboratórios e para receber e instalar o Cíclodos equipamentos”, esclarece a tron, finalizada em 2010, quando Miriam Okamoto. começou a produção das primei-
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Mentoria: projeto do InRad celebra dois anos Um programa pioneiro de Mentoria para Residentes implantado no Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da FMUSP está comemorando dois anos, com uma avaliação muito positiva e planos de expansão para outras instituições. Focado em apontar caminhos para que o profissional se realize na especialidade, não apenas como médico, mas, também atento às suas responsabilidades e necessidades como indivíduo dentro da sociedade, especialmente frente às mudanças na área da saúde e às novas tecnologias, o Projeto de Mentoria, que celebra esses dois anos de sucesso e grande participação de residentes, preceptores e mentores, se fortalece com algumas inovações.
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a coordenação do programa a Dra. Regina Lúcia Elia Gomes, também coordenadora do Programa de Residência Médica em Radiologia e Diagnóstico por Imagem do InRad HCFMUSP, e a Dra. Patrícia Bellodi, coordenadora do programa de Tutoria/Mentoring da Graduação da FMUSP, somaram experiências e pesquisas para a implementação do projeto. Na vice-coordenação, o Dr. Marcio Sawamura, médico vice-coordenador do Programa de Residência Médica em Radiologia e assistente do grupo de Radiologia Torácica da FMUSP. De acordo com a Dra. Regina Lúcia Elia Gomes, numa avaliação desses dois anos, esse projeto tem sido um sucesso. “Ele trouxe para os residentes a possibilidade de um acolhimento quando chegam ao serviço e, há um ano, decidimos torná-lo obrigatório para os R1. Como eles não conheciam as pessoas que seriam seus mentores, tornou-se obrigatório para todos, que depois teriam a liberdade de sair, caso desejassem, de acordo com suas preferências e a medida que conhecessem melhor os assistentes.” “Essa tática foi um sucesso, porque eles não só não saíram, como pouquíssimos pediram para trocar. Como fazemos avaliações regulares da residência médica,
médica, atual R4 ou preceptor, que já passou pela experiência inicial e que continua ligado ao grupo. “Esse co-mentor é uma figura mais experiente que pode auxiliar na administração do grupo, a escolher tópicos para discussão e oferecer apoio em geral. Temos vários de nossos R4 e preceptores que seguem com o grupo voluntariamente”, continua a coordenadora.
Experiência compartilhada Dr. Marcio Valente Y. Sawamura (vice-coordenador da Residência Médica), Mauricio Kase, Guilherme Orbinelli e Sergio Brasil Tufik, preceptores e Regina Lucia E. Gomes, coordenadora de Residência Medica e do projeto de Mentoria.
e nesse tópico entra também a Mentoria, muito bem avaliada na maioria dos grupos. Em situações em que o mentor é obrigado a sair do programa por motivos particulares, temos treinado novos mentores, que já absorveram os grupos que estariam sem mentor”, acrescenta a coordenadora. “O objetivo da mentoria é que ela exerça o acompanhamento que o residente precisa para o sucesso na carreira. Então quando fazemos o fórum de avaliação da residência médica, temos um feedback real de como está sendo o processo todo. Temos 24 residentes por ano, um número muito grande, então
precisamos que cada um tenha alguém mais próximo no serviço. Os coordenadores estão sempre disponíveis, assim como os preceptores, que ajudam em todo o processo de treinamento, distribuição e possível realocação dos residentes”, explica a Dra. Regina Gomes. Além do mentor, cada R1 é acompanhado por cerca de três residentes. Nos anos seguintes, como R2 e R3, o radiologista pode escolher se continua ou não no programa. Para que o profissional se sinta acolhido e atendido durante todo o ciclo da residência, foi criado o papel de co-mentor, realizado pelo R3 que acabou de se formar na residência
Tudo começa na graduação na FMUSP “A Mentoria para os alunos da FMUSP teve início em 2001 buscando promover a troca de experiências entre os diferentes anos da graduação e um maior vínculo entre discentes e docentes”, destaca a dra. Patrícia Bellodi, coordenadora da área, em depoimento ao InRad News. “O programa tem já tem 18 anos e a permanência dele ao longo de todo esse tempo mostra que ele tem sentido e importância para os alunos e para os professores que dele participam. Os alunos conhecem o curso como um todo, aprendem uns com os outros diferentes estratégias de enfrentamento das dificuldades ao longo do caminho da formação, discutem e refletem sobre suas escolhas no presente e no futuro, num ambiente de cumplicidade e livre expressão. Os mentores também referem mudanças e satisfação no contato com a nova geração. A adesão é variada, mas a qualidade da experiência é o nosso maior indicador de sucesso. Os alunos escolhem seu mentor/mentora, inscrevendo-se voluntariamente no programa no início de cada ano. Os encontros são em grupo e ocorrem uma vez por mês, fora da grade horária. Temos, há dois anos, também a participação especial de um aluno do internato (ou residente) como mentor jr, um parceiro do mentor na condução dos encontros”, conclui a coordenadora.
A partir da experiência adquirida, as dras Regina Lucia e Patrícia Bellodi, consideraram que o modelo pode ser muito útil para outras instituições. Portanto, acabam de estruturar um Curso sobre a Prática da Mentoria, que será ministrado no Centro de Treinamento do InRad, em 1º de dezembro. “A intenção é apresentar o projeto e dicas práticas de aplicação da experiência dos últimos dois anos”, enfatizam. De acordo com as responsáveis pelo programa “a maior dificuldade foi transformar a teoria em realidade. O objetivo é apresentar esse curso prático, com depoimento de mentores e mentorandos, para que os próprios alunos também possam tirar suas dúvidas, e outras instituições possam criar seus programas”, completam. Sobre o pioneirismo da FMUSP na Mentoria em Radiologia, a coordenadora lembra que esse acompanhamento sempre existiu nas universidades e em outras especialidades, mas encontrá-lo na Radiologia é pouco comum, mesmo fora do Brasil. “Fazemos um trabalho pioneiro e esse é o papel, ainda mais nesse momento em que as tecnologias de ponta têm mais expressão nos artigos científicos. A parte da mentoria voltada para a pessoa, para o relacionamento, para estimular o contato do grupo e o acolhimento do residente é muito importante. O mentor é um exemplo a ser seguido, então queremos trazer um pouco desse lado humano para a residência”, finaliza.
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ELATO DE CASO
Teleangiectasia Hemorrágica Hereditária História Clínica Paciente feminina, 69 anos, com queixa de epistaxes recorrentes de longa data de etiologia indeterminada. Relata surgimento recente de dispneia progressiva. História familiar de três filhos com epistaxes de repetição . Ao exame físico apresentava telangiectasias em lábios, língua e extremidades. Solicitadas radiografias (Fig. 1 e 2) e tomografia computadorizada de tórax (Fig. 3 – 5) com protocolo de tromboembolismo pulmonar para elucidação da queixa respiratória.
Fig. 1 - Radiografia de tórax em PA demonstrando tênues formações nodulares de dimensões variadas, notadamente na projeção dos campos pulmonares médio à esquerda e médio/inferior à direita.
Fig 2 - Radiografia de tórax em perfil confirma a presença das estruturas nodulares caracterizadas na incidência em PA e demonstra a presença de estrutura alongada tubular anterior a silhueta cardíaca com componente que se insinua para o hilo pulmonar, sugerindo possível natureza vascular.
Fig. 3 - Tomografia de tórax com contraste em cortes axiais demonstrando múltiplas estruturas vasculares enoveladas, nutridas por ramos da artéria pulmonar e drenadas por ramos das veias pulmonares, caracterizando malformações arteriovenosas.
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ELATO DE CASO
Fig. 4 - Tomografia computadorizada de tórax em corte axial em reconstrução de intensidade máxima (MIP) caracterizando uma das MAVS do pulmão esquerdo.
Fig. 5 - Tomografia computadorizada de tórax em corte axial em reconstrução de intensidade máxima (MIP) demonstrando uma MAV calibrosa, complexa (duas artérias nutridoras) no pulmão direito.
Discussão A presença de múltiplas malformações arteriovenosas (MAV) pulmonares deve sugerir o diagnóstico de Telangiectasia Hemorrágica Hereditária (THH). O diagnóstico dessa condição é alcançado utilizando os critérios de Curaçao composto pelos seguintes: epistaxes recorrentes e espontâneas, múltiplas telangiectasias mucocutâneas, MAVS viscerais e história familiar positiva. Há confirmação quando presentes três, dos quatro anteriormente citados. No caso em estudo, a paciente apresentava todos os critérios. Havia queixa de epistaxe recorrente de longa data, telangiectasias em pele e mucosas detectadas ao exame físico, MAVs pulmonares documentadas pela TC de tórax e havia filhos com história compatível com o diagnóstico de THH.
Telangiectasia Hemorrágica Hereditária Denominada originalmente como Síndrome de Osler Weber Rendu, a THH é uma doença autossômica dominante rara, ocorrendo em média 1,5 casos para 100.000 indivíduos. Possui como substrato fisiopatológico a presença de malformações arteriovenosas em múltiplos órgãos, sem a esperada rede de capilares se interpondo entre os leitos vasculares. Os sítios preferenciais de formação destas anormalidades são a pele e mucosas, fígado, demais porções do trato gastrointestinal, pulmões e sistema nervoso central. A Radiologia exerce papel fundamental no diagnóstico da THH ao caracterizar as MAVS e complicações associadas nas mais diversas técnicas de imagem, com destaque para a TC e RM. No caso das epistaxes, telangiectasias cutâneas e viscerais (trato gastrointestinal) as alterações serão detectadas pelo exame clínico e endoscópico. No acometimento hepático, os métodos de imagem podem detectar sinais de hipertensão portal, em função da presença de fístulas arterioportais, dilatação da artéria hepática, hepatomegalia e doença biliar, secundária a isquemia ocasionada pelo fluxo escasso na via biliar em consequência das fístulas intraparenquimatosas. No caso do sistema nervoso central, pode-se caracterizar além das MAVS, a presença de aneurismas, sinais de embolia paradoxal e aumento da incidência de telangiectasias e anomalias do desenvolvimento venoso. O acometimento do tórax evidenciará as estruturas enoveladas vasculares, geralmente nutridas por ramos da artéria pulmonar e drenadas por ramos das veias pulmonares, caracterizando as MAVS pulmonares. Podem ser únicas, ou mais frequentemente, múltiplas. Associam-se sinais de insuficiência cardíaca de alto débito, em casos mais exuberantes.
Referências bibliográficas 1. Claire L. Shovlin, et. al, Diagnostic Criteria for Hereditary Hemorrhagic Telangiectasia (Rendu-Osler-Weber Syndrome), American Journal of Medical Genetics 91:66–67 (2000) 2. Agnollitto P M, Rendu-Osler-Weber syndrome: what radiologists should know. Literature review and three cases report, Radiol Bras. 2013 Mai/Jun 3. T. Krings, H. Kim, et al, Neurovascular Manifestations in Hereditary Hemorrhagic Telangiectasia: Imaging Features and Genotype Phenotype Correlations, AJNR Am J Neuroradiol, 2015 4. Nishith K. Singh, Raghu Kolluri, Paradoxical Systemic Embolization in Hereditary Hemorrhagic Telangiectasia, Circulation: Cardiovascular Imaging. 2008
Apresentação Carlos Roberto B. Vasconcelos Junior Médico Residente do Departamento de Radiologia e Diagnóstico por Imagem do Hospital das Clínicas da FMUSP Dr. Marcio Sawamura Médico radiologista - Grupo de Radiologia Torácica - Instituto de Radiologia HCFMUSP
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Síndrome de Birt-Hogg-Dubé História Clínica Paciente do sexo feminino, com 53 anos. Apresentou queixa de dor torácica súbita à esquerda. Foi solicitada avaliação radiológica com uma tomografia de tórax:
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Imagens da tomografia computadorizada do tórax, sendo as três primeiras em cortes axiais e a última em corte coronal evidenciam a presença de pneumotórax à esquerda e cistos pulmonares com variadas dimensões, alguns com morfologia alongada, com predomínio basal e subpleural.
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ELATO DE CASO
A paciente também investigava um nódulo renal, sendo feita a avaliação radiológica com uma tomografia do abdome.
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(F) As imagens da tomografia do abdome de em corte axial (E) e coronal (F), em fase arterial mostram a presença de nódulo no terço superior do rim direito, com realce pelo meio de contraste. Tal lesão foi biopsiada, com resultado de carcinoma de células renais cromófobo.
A paciente também apresentava lesões cutâneas na face, diagnosticadas como fibrofoliculomas.
Discussão e diagnóstico A associação de cistos pulmonares com predomínio basal, pneumotórax, fibrofoliculomas e carcinoma de células renais levou ao diagnóstico de Síndrome de Birt-Hogg-Dubé. A Síndrome de Birt-Hogg-Dubé é uma doença autossômica dominante incomum causada por mutações no gene FLCN (foliculina), caracterizada pela associação variável de cistos pulmonares, pneumotórax espontâneo, neoplasias renais e fibrofoliculomas cutâneos. Estima-se que seja subdiagnosticada, pois a expressão clínica é variável. Apesar do acometimento pulmonar, a função pulmonar costuma ser normal. Salienta-se que existe um risco aumentado para o desenvolvimento de neoplasias renais (principalmente dos tipos cromófobos e oncocitomas). Dessa forma, sendo feito o diagnóstico, é preciso vigilância em relação a essa possibilidade. Em relação à imagem torácica são caracterizados múltiplos cistos pulmonares, classicamente com formato alongado, mas que também podem assumir formatos irregulares, com variadas dimensões e de predomínio basal e subpleural, em geral, bilaterais. Não raro, se apresenta com pneumotórax espontâneo. Nos exames do abdome podem ser identificados nódulos renais com realce pelo meio de contraste. O diagnóstico diferencial da doença é amplo, mas devemos lembrar da esclerose tuberosa que pode estar associada à linfangioleiomiomatose, doença que acomete predominantemente mulheres, sendo caracterizada por cistos ovais mais uniformes e com distribuição difusa, geralmente menores que na Síndrome de Birt-Hogg-Dubé e que também pode cursar com pneumotórax. No caso da esclerose tuberosa, a associação se dá com angiomiolipomas renais e podem existir achados no encéfalo (túberes), coração (rabdomiomas) e fibromas cutâneos. É importante lembrar de outros diferenciais de doenças císticas pulmonares como a histiocitose de células de Langerhans que é associada ao tabagismo e que pode se apresentar com múltiplos nódulos pulmonares com predomínio em campos pulmonares superiores e médios, podendo ser irregulares e cavitar, dando origem a cistos com tamanhos diversos e com formato bizarro. Outro diferencial a ser lembrado é a pneumonia intersticial linfocítica, que pode cursar com opacidades pulmonares em vidro fosco, nódulos centrolobulares mal-definidos e cistos de paredes finas com predomínio peribroncovascular e basal. Em suma, a Síndrome de Birt-Hogg-Dubé é uma condição rara, autossômica dominante, caracterizada pela associação variável de fibrofoliculomas, cistos pulmonares, pneumotórax espontâneo e tumores renais. Ao nos depararmos com pneumotórax espontâneo e cistos pulmonares devemos lembrar da síndrome pois o acometimento pulmonar pode ser o primeiro sinal da doença e o estabelecimento do diagnóstico pode levar à detecção precoce de tumores renais.
Apresentação Lucas Gonçalves Nakazoni Médico Residente do Departamento de Radiologia e Diagnóstico por Imagem do Hospital das Clínicas da FMUSP Marcio Sawamura Médico assistente do grupo de radiologia torácica do Departamento de Radiologia e Diagnóstico por Imagem do Hospital das Clínicas da FMUSP
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70 ANOS
CBR resgata suas origens na Congregação da FMUSP
O Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem, entidade representativa dos especialistas da área, comemorou os 70 anos de sua criação em sessão solene realizada na sala da Congregação da Faculdade de Medicina da USP, num gesto simbólico que resgatou a historia da entidade, cuja fundação ocorreu neste mesmo local.
O prof. Manoel de Souza Rocha, presidente do CBR, saudou os presentes, enfatizando os laços históricos da entidade com a Faculdade de Medicina da USP.
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ato, que contou com a presença de ex-presidentes, representantes da comunidade acadêmica e profissional e parceiros, foi aberto pelo prof. Manoel de Souza Rocha, presidente do CBR, que saudou os presentes e “enfatizou os laços históricos da entidade com a Faculdade de Medicina da USP”. À mesa da sessão solene estiveram, além do Dr. Manoel Rocha, o prof. José Octávio Costa Auler Junior, diretor da Faculdade de Medicina da USP, dr. Aldemir Humberto Soares, ex-presidente do CBR e representante do Conselho Federal de Medicina, e dr. Henrique Carrete Junior, representante do Conselho Consultivo do CBR. “A história do CBR teve início em 15 de setembro de 1948, neste mesmo prédio, nesta sala, gentilmente cedida pelo Dr. José Otávio Auler. A trajetória do CBR tem muito a ver com a da Faculdade de Medicina da USP, e é um grande prazer comemorar esses 70 anos do órgão responsável pela titulação dos especialistas em radiologia no país”, reforçou o presidente do CBR. O Prof. Dr. José Otávio Auler
ressaltou o vínculo entre o CBR e a FMUSP e a importância do Colégio para a especialidade, principalmente em face das evoluções: “A radiologia cresceu muito, se tornou uma profissão multifacetada e extremamente dinâmica, que usa de muita inovação e até mesmo de Inteligência Artificial para auxiliar na produção de diagnósticos e procedimentos terapêuticos. Ter uma instituição como o CBR para o fortalecimento da radiologia no país é fundamental”. Em seguida, o Dr. Aldemir Soares falou sobre o apoio do Conselho Federal de Medicina à área de radiologia, em especial na questão da especialização da área e do lugar do radiologista como o responsável técnico. “O CFM reforça todo o suporte à comunidade da radiologia e parabeniza o CBR pelo trabalho realizado até hoje, um trabalho que agregou muito valor à especialidade, apesar de todo o fracionamento que a radiologia sofreu. Toda a radiologia é contemplada no CBR e poucas sociedades médicas conseguiram manter essa unidade, uma vez que todos os profissionais estão buscando um único objetivo que
é o diagnóstico de imagem que se correlaciona com diversos métodos”, afirmou. Na condição de presidente em exercício do Conselho Consultivo do CBR, Dr. Henrique Carrete Junior reforçou que sua presença representava todos os ex-presidentes do CBR que construíram tal caminho na história da radiologia brasileira e que dedicaram grande parte do seu tempo à instituição. “Todos foram essenciais para que chegássemos a esse ponto, diante de uma comunidade muito forte, unida e que faz a diferença na medicina, que acompanha toda a evolução da especialidade e trabalha na expansão do conhecimento. O CBR também se vale de diversas sociedades regionais que o apoiam demais e todo esse relacionamento faz com que sejamos tão fortes na comunidade”, disse. Por fim, o Dr. Manoel Rocha agradeceu a todos os colaboradores que fazem e fizeram parte do CBR nesses 70 anos, além de mostrar aos presentes a capa do programa da primeira Jornada de Radiologia, realizada de 12 a 18 de setembro em 1948, em São Paulo. Nessa apre-
sentação, ele destacou a presença do Prof. Dr. Rafael Penteado de Barros, presidente da comissão organizadora da Jornada, que também está presente no quadro na sala da congregação da FMUSP. “A Jornada foi uma criação coletiva que se materializou nesse ambiente e, por isso, estamos muito felizes ao realizar esse evento aqui. Como presidente atual do CBR, desejo que esses sejam os primeiros 70 anos da instituição. A radiologia é uma prática intensa com grande capacidade de adaptação, tenho certeza que a radiologia não será a mesma daqui a 20 ou 30 anos, mas estará presente porque o diagnóstico é parte fundamental para um tratamento adequado. E esse é o nosso objetivo final, capacitar os médicos para a realização desse tratamento ideal”, finalizou. Presentes, também, os drs. Fernando Alves Moreira, Jaime Ribeiro Barbosa, Sebastião Tramontin, ex-presidentes do CBR, dr. Carlos Homsi, presidente da Sociedade Paulista de Radiologia, dra. Marisa Madi, diretora executiva do InRad, representando o prof. Giovanni Guido Cerri, e diretores da entidade.
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Sequências de RM na detecção de calcificações em portadores de Neurocisticercose A dra. Gislaine Cristina Lopes Machado Porto, sob a orientação do prof. Leandro Tavares Lucato, defendeu a tese de doutorado no Departamento de Radiologia da FMUSP, com o objetivo de comparar a Performance das sequências de Ressonância magnética (RM) ponderadas em suscetibilidade magnética na identificação de calcificações intracranianas em pacientes com Neurocisticercose (NCC), que é a principal causa evitável de epilepsia adquirida no mundo.
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NCC, além de ser, a doença parasitária mais comum do SNC, representa um importante problema de saúde pública, especialmente em países em desenvolvimento, e os estudos de neuroimagem são cruciais no diagnóstico e planejamento terapêutico dessa patologia. A autora mostrou que, apesar da ressonância magnética (RM) fornecer maior número e detalhe de informações sobre a doença, a tomografia computadorizada (TC) ainda é o método mais sensível na detecção de calcificação intracraniana, o indicador radiológico mais comum da NCC. O estudo prospectivo, unicêntrico, envolveu 57 indivíduos que foram submetidos a TC e RM de crânio. Todos os indivíduos foram provenientes do Ambulatório de Doenças Infecciosas do Departamento de Neurologia do Hospital das Clínicas - Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), com diagnóstico confirmado de NCC.
A doutoranda Gislaine Cristina Lopes Machado Porto com a banca examinadora
O protocolo de RM, como informou a doutoranda, incluiu uma sequência convencional 2D gradiente eco (2D-GRE) e duas relativamente novas sequências de suscetibilidade magnética: susceptibilityweighted imaging (SWI) e principles of echo shifting with a train of observations
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(PRESTO). A TC foi considerada método padrão de referência. Dois neurorradiologistas, cegos para os dados clínicos e demais achados radiológicos, analisaram independentemente as sequências 2D-GRE, SWI e PRESTO quanto à presença, número e localizações de calcifica-
ções intracranianas atribuídas a NCC. Nos resultados foram identificadas, pela TC, 739 lesões calcificadas relacionadas a NCC em 50 dos 57 indivíduos incluídos no estudo. A pesquisadora conclui que as sequências SWI, PRESTO e 2D-GRE apresentam boa sensibilidade na identificação de lesões calcificadas em pacientes com NCC, e as sequências SWI e PRESTO tiveram melhor performance do que 2D-GRE. Todas as sequências estudadas mostrarem-se apropriadas para identificar indivíduos com NCC no estágio de calcificação. Sequências ponderadas em suscetibilidade magnética podem ajudar no entendimento da história natural, fisiopatologia e achados de imagem da NCC. A banca examinadora foi constituída pelo profs. Claudia da Costa Leite; Hélio Rodrigues Gomes; José Oswaldo de Oliveira Junior, Rubens Chojniak e o orientador prof. Leandro Lucato, na foto com a doutoranda Gislaine Cristina Machado Porto.
A UALIZAÇÃO
Mentoria na formação médica
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o dia 01 de dezembro, será realizado o Curso de Mentoria para o desenvolvimento pessoal e profissional no Centro de Treinamento do InRad HCFMUSP. Com o objetivo de apresentar e desenvolver a compreensão do processo de mentoria, o curso abordará o papel de mentor e do mentorando, as habilidades necessárias à tarefa e as características da relação ao longo do tempo. Busca também apresentar e discutir aspectos do planejamento e da implantação de programas de mentoria na formação médica em dois contextos: na Graduação e na Residência. Indicado para estimular o desenvolvimento pessoal e profissional da equipe, tem como público alvo professores, supervisores, preceptores, gestores, alunos e residentes envolvidos na formação médica em diferentes níveis, bem como para os profissionais de outras áreas da saúde. Formatado em um modelo teórico-prático, o curso faz uso de uma metodologia de exposição dialogada e exercícios interativos. A programação inclui temas como: Fundamentos da Mentoria; Conceito, Histórico, Modalidades; A relação de Mentoria; Fases da relação; Ser mentor; Papel e habilidades; Minha experiência como mentor; Ser mentorando; Gerações na Mentoria; Minha experiência como mentorando; Mentoria na Graduação; Como fazemos na FMUSP; Mentoria na Residência Médica; Como fazemos no INRAD; Avaliação da Mentoria; Benefícios para os participantes e os Sucessos e desafios na gestão. As palestras são ministrados pelas coordenadoras, dra. Regina Lúcia Elia Gomes e dra. Patrícia Lacerda Bellodi e professores convidados. Mais informações e inscrições sobre o curso no Centro de Treinamento do InRad HCFMUSP pelo telefone: 11 2661-7067, ou no E-mail: centrodetreinamento.inrad@hc.fm.usp.br
Curso de Ultrassonografia mamária
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Curso Ultrassonografia mamária ACR BI-RADS® e Intervenções é um curso prático baseado na interpretação de imagens, com ênfase na prática diária, na aplicação do léxico ACR BI-RADS®, com módulos práticos de intervenção e abordagem da paciente. Será realizado nos dias 09 e 10 de novembro, na sala de estação de trabalho do Instituto de Radiologia. Ministrado pelos radiologistas das equipes do InRad e do ICESP, drs. Nestor de Barros, Erica Endo, Flavio Spindola Castro, Vera Christina C.F. Ferreira, Su Jin Kim Hsieh e Carlos Shimizu, com experiência em assistência e ensino, o objetivo do curso é apresentar os aspectos ultrassonográficos das alterações mamárias, classificação atual do ACR BI-RADS®, correlacionar os diversos métodos de imagem, introdução prática e orientada dos procedimentos orientados por ultrassonografia. Em cada sessão, haverá breve exposição teórica sobre o tema e os alunos terão a possibilidade de manipular imagens de exames selecionados em computadores individuais com posterior discussão dos casos. O curso tem a coordenação dos Professores Assistentes do CEDIM - INRAD e ICESP. Este curso será oferecido para médicos radiologistas e residentes da especialidade, ultrassonografistas ginecologistas e mastologistas. Em cada sessão, haverá breve exposição teórica sobre o tema e os alunos terão a possibilidade de manipular imagens de exames selecionados em computadores individuais com posterior discussão dos casos. No final do curso o participante estará apto a aplicar de forma adequada e segura o ACR BI-RADS® nos exames de ultrassonografia das mamas e terá uma idéía baseada na teoria e introdução prática em “phantom” de como realizar procedimentos intervencionistas das mamas. Mais informações no Centro de Treinamento do InRad HCFMUSP pelo telefone: 11 2661-7067, ou no E-mail: centrodetreinamento.inrad@hc.fm.usp.br
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Imagem nas doenças cardíacas: tema reúne especialistas no InRad A terceira edição do Curso Internacional de Diagnóstico de Davos (IDKD), que neste ano abordou como tema: Doenças de Tórax, Coração e Vascular, foi realizada no Centro de Treinamento do InRad, com a participação de mais de150 especialistas, de diversos centros do País. Com um formato interativo e dividido em subespecialidades da radiologia, a programação contemplou um pré-curso de Imagem Cardíaca, neste ano coordenada pelo dr. Cesar Higa Nomura, diretor do Serviço de Radiologia e Diagnóstico por Imagem do InCor.
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omo já é uma tradição, esse evento – que ocorre também em centros de referência como o InRad HC/ FMUSP -- é realizado na Suiça, e até o final do ano será em Pequim, Hong Kong e Atenas. Em 2019, será novamente no Brasil. Um registro especial para a participação do Dr. David A. Bluemke, PdD, que falou sobe o futuro da radiologia, da prática médica diante dos avanços tecnológicos, os desafios do ensino e da produção científica. Enfatizou a importância de publicações como a Revista Radiology, que completa 100 anos de história em 2023. Radiologista Dr. Cesar Nomura com os professores do IDKD da Universidade de Wisconsin, atua como caso do Brasil, temos visto um movimento como editor dessa publicação da Sociedade Nortejá ocorrido nos Estados Unidos. Uma vez que -Americana de Radiologia (RSNA), desde janeiro há desenvolvimento e crescimento acelerado da deste ano. economia, as doenças cardíacas aumentam conO prof. Bluemke participou de workshop sosideravelmente, e melhores imagens são cada vez bre imagens de ressonância magnética cardíaca mais necessárias para a prevenção e o cuidado da e auxiliou no diagnóstico de seis pacientes com população”, afirmou ele. doenças cardiovasculares. “É importante que Em sua palestra reforçou a importância de os radiologistas sejam sensíveis ao aumento de exames mais assertivos e imagens mais claras e, doenças cardíacas em suas comunidades. No também de radiologistas atentos e atualizados.
Segundo o especialista a introdução de novos equipamentos também significa mais exames a serem analisados. “Em algumas ocasiões, uma nova máquina apenas significa mais dados, portanto, é importante que o radiologista saiba identificar anormalidades e auxilie o clínico a agir com rapidez e eficiência”, avalia o dr. Bluemke. O IDKD é um dos principais cursos de pós-graduação em radiologia diagnóstica e apoia a aprendizagem ao longo da vida, a fim de aumentar a eficácia da interpretação de imagens e melhorar os tratamentos subsequentes. Seu corpo docente é composto por especialistas em imagens médicas, incluindo radiologia intervencionista, medicina nuclear, radiologia pediátrica e imagem mamária (mamografia). Na direção do curso os professores Juerg Hodler, Zurich (CH); Rahel A. Kubik-Huch, Baden (CH) e Gustav K. von Schulthess, Zurich (CH), contou com um comitê local formado prof. Giovanni Cerri, Chairman, São Paulo (BR); Carlos Alberto Buchpiguel, São Paulo (BR); Cesar Nomura, São Paulo (BR) e Romeu Côrtes Domingues, Rio de Janeiro (BR); e o dr. Marcelo Queiroz, na organização do evento.
ESE Diagnóstico por US na Evolução perinatal: livre docência
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médico Waldemar Naves do Amaral submeteu-se ao concurso para obtenção do título de Professor Livre-Docente, junto ao Departamento de Radiologia e Oncologia da Faculdade de Medicina da USP, apresentando o tema: “Anomalia Fetal do Sistema Nervoso Central: Diagnóstico Ultrassonográfico e Evolução Perinatal”, que foi avaliado e aprovado pela banca de examinadores composta pelos professores: Giovanni Guido Cerri; Hilton Augusto Koch; Francisco Mauad Filho, Nestor de Barros e Ayrton Roberto Pastore. O pesquisador teve como principal objetivo, avaliar a importância do diagnóstico ultrassonográfico das anomalias do sistema nervoso central e prognóstico da evolução intrauterina e perinatal. As anomalias congênitas podem ser definidas como sendo alterações estruturais ou funcionais, que ocorrem durante o desenvolvimento embrionário ou fetal. De acordo com o autor, foi possível concluir com esse estudo que os fatores de risco para as anomalias fetais do SNC Sistema Nervoso Central foram o histórico familiar pregresso de anomalias congênitas, a consanguinidade e o consumo de teratógenos (chamamos de agentes teratogênicos tudo aquilo capaz de produzir dano ao embrião ou feto durante a gravidez. Estes danos podem se refletir como perda da gestação, malformações ou alterações funcionais (retardo de crescimento, por exemplo), ou ainda distúrbios neuro-comportamentais, como retardo mental.), e a hidrocefalia, anencefalia e meningocele, foram os achados ecográficos mais comuns nas grávidas portadoras de anomalias fetais do SNC. A frequência de perdas fetais foi de 37,11%, sendo 55,5% destes, por interrupção legal (anencefalia).
A pesquisa foi realizada de novembro de 2014 a fevereiro de 2018, no Setor de Medicina Fetal do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás, com 231 gestantes atendidas no hospital nesse período, das quais 97, eram portadoras de fetos com anomalias do SNC. Em suas considerações finais, o dr. Waldemar Naves do Amaral lembra que a natureza das anomalias congênitas do SNC podem ter origem genética, deficiência alimentar materna (ácido fólico) e ambiental, em especial infecções congênitas. “Em decorrência da relevante repercussão (mortes e sequelas) que elas promovem no ser humano, recomenda-se o estímulo permanente ao pré-natal precoce e a incorporação do ultrassom fetal de rastreamento, morfológico e avançado no I e II trimestre da gestação, associado a procedimentos intervencionistas para o correto diagnóstico das anomalias fetais”, pontua o pesquisador. O estudo também recomenda o uso pré-concepcional de ácido fólico como protetor dos defeitos do SNC, a adequação dos estudos genéticos pré e pós-natais nos fetos com sinais dessas anomalias, o aconselhamento genético dos casais para futuras gestações e capacitação das equipes profissionais que assistem a gravidez de alto risco por anomalia fetal. Dessa forma é possível que além da orientação ao casal, estabeleçam critérios prognósticos daquele feto e do seu futuro, propondo terapias corretivas na vida intrauterina e pós-natais e, até mesmo, a interrupção legal da gravidez, no sentido de reduzir a mortalidade, a letalidade e as sequelas dramáticas que os defeitos do SNC promovem no ser humano.
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NOVAÇÃO
Nova estrutura, mais conforto e eficiência na sala de laudos do InCor Com uma infraestrutura readequada e monitores de precisão, centralizados em 22 postos de trabalho, a nova sala de laudos do Departamento de Radiologia do InCor fortalece o ensino, a pesquisa e o atendimento aos pacientes, com mais conforto e melhores condições de trabalho para a equipe.
O Serviço foi contemplado com um espaço amplo, com 22 postos, preparado para acolher 24 residentes, destaca no dr. Cesar Nomura, diretor do Serviço de Radiologia do InCor.
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m entrevista ao InRad News, o dr. Cesar Higa Nomura, coordenador da Radiologia Torácica e Cardiovascular do InRad HCFMUSP e diretor do Departamento de Radiologia do InCor HCFMUSP, fala sobre essa conquista e enfatiza o significado dessa expansão, ja que “ o Incor não tinha até então uma sala de laudos nos moldes do que já tinham os outros institutos do Complexo das Clínicas” Para que esta reforma acontecesse, foi feito um intenso trabalho de mobilização filantrópica, apoio empresarial e de emendas parlamentares. “Anteriormente não havia uma sala de laudos apropriada no instituto, o espaço era dividido em salas pequenas e a cerca de dois anos o Serviço foi contemplado com um espaço único com 22 postos de trabalho. A nova sala de laudo era o que nos faltava, porque temos profissionais competentes, precisávamos de um espaço e equipamentos adequados, a mudança foi fundamental”, pontua o Dr. Nomura. Os recursos para construção da sala de laudos vieram de uma doação da família Klabin, os equipamentos foram comprados através da parceria com a Canon, e também com recursos de emenda parlamentar orçamentária. Dentro dessa linha de atuação, o serviço se beneficiou também de grandes investimentos na área de Tomografia Computadorizada, o que o
coloca como uma referência na área da imagem cardiovascular. “O InCor entende que a tomografia é fundamental na área da cardiologia, por isso, oferece serviço de excelência com equipamentos de alta performance. Foi pioneiro na obtenção do tomógrafo de 320 detectores, um dos mais moderno equipamento de tomografia computadorizada do gênero”. destaca o médico. Além disso está equipado com mais um tomógrafo de 160 detectores e outro de 64, tomografia por Emissão de Pósitrons (PET-CT) e SPECT-CT.
Residência e Pesquisa As reformas estruturais permitiram que uma outra mudança fosse implementada: o programa de residência médica, que agora está unificado ao Hospital das Clínicas. Nesse novo formato, o InCor recebe residentes para as áreas de ultrassonografia, imagem torácica e cardiovascular. Segundo o Dr. Nomura, agora o InCor está preparado para acolher um número maior de residentes com uma estrutura adequada. O Complexo das Clínicas tem 24 residentes por ano, agora com a unificação será possível que os residentes consigam usar o que tem de melhor em cada instituto. “O instituto incentiva o crescimento do titulado na própria instituição e também o desenvolvimento dos projetos de pesquisa”.
Com a ampliação da sala de laudos, a área de pesquisa do instituto também cresce. “Montamos também duas áreas que chamamos de laboratório, com computadores equipados de softwares especiais para análise de imagens cardiovasculares.”, conta Dr. Nomura . Em parceria com a Canon Medical Systems, o InCor também se tornou um centro de desenvolvimento de softwares nas áreas de ressonância cardiovascular, fortalecendo a união entre o Brasil e o Japão no quesito tecnologia. “Aliando conhecimento dos diferentes grupos de pesquisa, muitos dos testes, atualizações de software e validação dos equipamentos são feitos pela empresa no Instituto”, esclarece. Ajudamos no desenvolvimento e validação clínica de sequências de pulso em Ressonância Magnética, sendo uma das principais linha de pesquisa, o desenvolvimento do Mapa T1, que avalia uma padrão de fibrose intersticial e que poderá auxiliar na detecção precoce de alterações miocárdicas. “Atualmente mais de 100 projetos de pesquisa envolvem o Serviço de Radiologia do InCor. O Incor oferece também programa de especialização e aprimoramento em imagem cardíaca e apoia a difusão da expertise científica por meio da participação de seus especialistas em eventos científicos nacionais e internacionais”, conclui o Dr. Cesar Nomura.