Revista AutoPesado

Page 1

FÓRMULA TRUCK

- As emoções da categoria mais popular da América do Sul

Julho 2012 R$ 13,90

O QUE PESA NO FRETE As barreiras que encarecem o transporte rodoviário e exigem manobras para fechar o mês no azul

GIGANTE DOS ARES

Conheça o P-3AM Orion, maior avião de patrulha da Força Aérea Brasileira

TUDO ONLINE Veja como se adequar ao Conhecimento de Transporte Eletrônico


Índice 06. Tá na Mão Selecionamos objetos que podem ser levados na bagagem para garantir praticidade e – por que não – dar um toque de estilo ao dia a dia na estrada

10. Quer acordar onde? Esta é para os aventureiros: o motorhome permite viajar para qualquer canto sem abrir mão do conforto da sala, da cozinha e da suíte

16. Eterna rainha Depois de uma pausa na carreira, Sula Miranda comemora 25 anos de estrada retornando à música sertaneja. Ela conta os planos à Auto Pesado

22. Fique por dentro Três grandes eventos apresentam as novidades do setor. Confira os destaques da Automec Pesados & Comerciais, do Brazil Road Expo e da Pneushow-Recaufair

32. Capa - Frete pesado Especialistas revelam o que atrapalha o caminho das transportadoras e dos motoristas autônomos que circulam pelo Brasil – e também apontam soluções

44. Eficiência online

O Conhecimento de Transporte Eletrônico (CT-e) deverá ser adotado, até 2013, por todas as empresas e modalidades de transporte no País. Veja como se adequar

2

AutoPesado

Julho 2012

Julho 2012

AutoPesado

3


50. Foi dada a largada

Fique por dentro da história e dos bastidores da Fórmula Truck: pilotos, estratégias, equipes e detalhes da categoria mais popular da América do Sul

56. Atenção à carga O transporte de produtos perigosos deve ser cercado de cuidados para evitar riscos à saúde das pessoas, à segurança pública e ao meio ambiente

62. Embarque nessa Silenciosos, com design moderno, mais espaço e visibilidade, os ônibus urbanos estão cada vez mais confortáveis – um estímulo ao uso do transporte coletivo

68. Pesado que voa Conheça o P-3AM Orion, maior avião de patrulha da Força Aérea Brasileira. Ele tem radares para monitorar a costa marítima e pode até afundar submarinos

P

Editorial

roblemas de infraestrutura, roubos de cargas, pedágios, manutenção e desvalorização da frota, preço do combustível, fretes pouco rentáveis e a sobrecarga do modal rodoviário. Todos esses obstáculos estão no caminho de quem se aventura a transportar mercadorias pelas estradas do Brasil – sejam grandes companhias, sejam motoristas autônomos – e exigem habilidade em manobras para garantir bons resultados financeiros. A Auto Pesado ouviu uma série de especialistas para decifrar a complexidade dos fatores que elevam os custos do transporte rodoviário no País e também apontar soluções. É quase unânime a opinião de que investir em alternativas como a cabotagem e as ferrovias podem ser caminhos para baratear as operações e desafogar as rodovias. A reportagem de capa revela, ainda, o que os investimentos previstos para os próximos anos reservam para a infraestrutura de transportes brasileira. Também mergulhamos em outro assunto que está na pauta das empresas: o Conhecimento de Transporte Eletrônico (CT-e), que no ano que vem se tornará obrigatório para todo o setor. Para quem não sabe por

onde começar, a Auto Pesado explica como o sistema funciona, qual o caminho para se adaptar à mudança e como essa novidade vai facilitar a vida dos empresários. Na seção Grande porte, apresentamos um perfil do maior avião de patrulha da Força Aérea Brasileira (FAB). O P-3AM Orion, um gigante com 30 metros de envergadura, 35 metros de cumprimento e 47 toneladas, tem a missão de monitorar a costa marítima brasileira e é equipado com dispositivos capazes de afundar até mesmo submarinos. Nesta edição, a Auto Pesado inaugura a seção Beira da estrada, que vai mapear a estrutura e os melhores serviços das principais rodovias brasileiras. O primeiro trecho é o Sistema Anchieta – Imigrantes. Outra novidade nas nossas páginas é a tabela de preços de caminhões da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Não deixe de conferir também as emoções da Fórmula Truck, os cuidados no transporte de produtos perigosos, um bate-papo com a rainha Sula Miranda e o projeto que espalha cultura pelo Brasil a bordo de um caminhão. Embarque nas reportagens e boa viagem!

76. Beira da estrada Mapeamos os melhores lugares para descansar e se alimentar no Sistema Anchieta – Imigrantes, que liga a região metropolitana de São Paulo ao Porto de Santos

Diretora de redação:

Expediente Produção:

78. Carregado de cultura O Projeto Conexão Cultural Tigre viaja pelo País na boleia do caminhão para levar teatro e cinema às populações carentes. São 40 mil quilômetros de história

83. No mercado Compare preços de veículos novos e usados das principais marcas de caminhões nacionais e importados

Diretor administrativo: Julio Cesar Amaral Diretor comercial: Jonathan Roger Linzmeyer jonathan@editorala.com.br Contato: (47) 3626 6686 contato@editorala.com.br www.editorala.com.br www.autopesado.com.br

Diretora de redação: Sabrina Domingos Editora-chefe: Cinthia Andruchak Diretor de arte/Diagramação: Felipe Santos Repórteres: Daiana Meller, Daniela Bidone, Felipe Carneiro e Letícia Bombo. Apoio: Jacqueline Assing Contato: redacao@editorala.com.br www.emvoga.com.br

4

AutoPesado

Julho 2012

Julho 2012

AutoPesado

5


Tá na Mão

Acelere com charme Está se tornando comum encontrar mulheres pilotando caminhões, ônibus e, claro, autos nem tão pesados assim. Para trazer mais conforto na hora de pegar a estrada, é importante escolher o sapato certo. A Arezzo tem dicas bacanas de botinha de cano baixo, sapato Oxford, sapatilha e sandálias com saltinho ou sem salto que, além de dar comodidade, tornam o look mais elegante, pronto para qualquer ocasião. Há opções com preços que variam de R$129,90 a R$199,99. Procure no site da marca: www.arezzo.com.br.

Confira sugestões de objetos interessantes para levar na viagem que podem ser utilizados dentro e fora da estrada. Afinal, nunca se sabe se na próxima parada você terá uma festa ou uma reunião importante onde, com certeza, vai precisar fazer bonito

Para relaxar Fotos: Felipe Carneiro

O travesseiro de pescoço é um acessório indispensável para garantir mais conforto e comodidade durante as viagens, sejam elas longas ou curtas. A Sestini oferece este, feito de pelúcia, por R$39,99. Fique por dentro dos itens que fazem parte da linha pelo site www.sestini.com.br.

Estilo no pé

Visual em dia Quem disse que os homens não podem cuidar da aparência? A Le Postiche oferece para o público masculino o kit cutelaria. Por R$29,99, ele vem com duas tesouras – uma para as unhas e outra para aparar os pelos do nariz –, dois cortadores para as unhas mais duras, além de uma pinça e uma lixa. Itens importantes se a viagem for durar muito tempo ou apenas para quem quer sentir-se bem. Procure este e outros objetos na loja virtual da marca: www.lepostiche.com.br.

6

AutoPesado

Julho 2012

Os rapazes também precisam estar com a elegância em dia. Portanto, a Beagle separou alguns calçados que fazem a diferença quando o assunto é pegar a estrada. A bota Quest, mais social, sem cadarço e com estilo country, deixa o visual mais descolado. Já o sapatênis Café Tênis dá um ar mais social, mas sem perder o casual do look. Os preços variam entre R$199,90 e R$269,90. Acesse o site www.beaglebrand.com e confira.

Julho 2012

AutoPesado

7


Íntimo e pessoal Sempre online

Com o frio da estação, nada melhor do que se proteger dentro e fora das estradas, certo? A Lupo tem a linha térmica que conta com bermuda e camiseta (feminina e masculina) que não deixam o frio passar. Confortável e ideal para estradas frias, a bermuda pode ser adquirida por R$80 e a camiseta por R$70. Além disso, as meias de lã (R$22,40) e as ceroulas de algodão (R$50,20) são ótimas alternativas para se aquecer nesta estação. Para conhecer outros produtos da marca, acesse o site: site.lupo.com.br.

Para aqueles que levam o notebook como companheiro de viagem, é bom ter acessórios de computador sempre à mão. Pensando nisso, a Sestini criou o kit para notebook que vem com mouse, entradas USB, fone de ouvido e cabo que pode ser usado para conectar a internet. Detalhe: todos os itens vêm com espaço determinado no estojo, que fica organizado e muito prático. Ele pode ser adquirido por R$69,99. Acesse o site www.sestini. com.br.

Momento cult

Sensação de frescor Quem não quer estar com cheirinho de perfume ao final do dia? Pensando nisso, O Boticário sugere a Acqua Fresca, primeira fragrância lançada pela marca. Com um toque amadeirado, o perfume feminino que comemora os 35 anos d’O Boticário proporciona sensação de frescor o dia inteiro. Ele pode ser comprado por R$ 59,99 no site www.oboticario.com.br.

8

AutoPesado

Julho 2012

Para relaxar entre uma estrada e outra, os livros são ótimos companheiros. Afinal, ler é viajar para lugares inesperados, cheios de ficção e magia. A Livraria Saraiva indicou alguns livros práticos para levar na bagagem e que podem render ótimas histórias: o livro dois-em-um de Malba Tahan traz O homem que calculava e Os melhores contos, por R$16,90. Outra dica, de autoajuda, é do autor Monty Roberts, que es-

creveu Violência não é resposta e O homem que ouve cavalos, pelo mesmo preço. Além desses, a sessão Clássicos de pocket books tem O morro dos ventos uivantes, de Emily Brontë, por R$19,90, Memórias de um sargento de milícias, de Manoel Antônio de Almeida, por R$11,90, e Madame Bovary, de Gustave Flaubert, por R$19,90. Os livros podem ser adquiridos pelo site www.livrariasaraiva.com.br.

Julho 2012

AutoPesado

9


Perfil

Fotos: Felipe Carneiro

Casa viajante

O motorhome é uma opção para quem curte pegar a estrada sem muito planejamento. Equipado para dar autonomia aos aventureiros, o veículo garante aos viajantes a liberdade de pernoitar em locais pouco explorados e sem estrutura hoteleira

10

AutoPesado

Julho 2012

Julho 2012

AutoPesado

11


D

e Pomerode, em Santa Catarina, com destino a Carretera Austral, no sul do Chile. Para fazer essa viagem, a primeira opção da maioria das pessoas seria embarcar em um avião no aeroporto mais próximo. Mas há um público específico que faz viagens diferentes e tem como característica a vontade de desvendar a essência dos locais que visita. Para esses aventureiros, o motorhome é o parceiro certo. Com eficiência de carro e conforto de casa, o veículo é a escolha de quem quer investir na liberdade. O modelo com chassi da Iveco e construído pela Kaiper Motorhomes pertence a José Rüdel e

A mesa da cozinha se transforma em estrado para cama de casal e os estofados dos assentos fazem a função de colchão 12 Julho 2012

AutoPesado

Denise Scheidt, os viajantes que passaram 100 dias em terras argentinas e chilenas até chegar a Carretera Austral. Após dez anos com o primeiro veículo, o casal adquiriu um novo motorhome em 2010, fabricado sob encomenda e entregue em sete meses. A experiência em viagens anteriores ajudou José e Denise a definir os atributos necessários para ter conforto e autonomia no novo lar fora de casa. O resultado foi um veículo compacto, com lugar para quatro pessoas e boa autossuficiência energética. O modelo é o 5516, ou seja, tem capacidade para 5,5 toneladas de carga bruta e 16 válvulas.

Mesmo para um veículo a diesel, José destaca que o modelo possui alta rotação para ultrapassagens. O intercooler, de 155HP, permite que haja 20% menos perda de potência no motor. O vendedor João Carlos de Matos Consul, da loja Novo Trailer, de Biguaçu (SC), destaca que a parte mecânica de um motorhome é equivalente à de um caminhão. “A diferença é que não se leva cargas pesadas nesse tipo de veículo, o que facilita no caso de subir uma serra, por exemplo”, explica. Além disso, o gasto de combustível e os problemas com pneus e suspensão são menores do que em veículos de carga.

Lugar para tudo Para garantir o máximo de conforto, alguns itens do motorhome devem ser bem pensados durante o projeto, principalmente considerando a questão de espaço. No caso do Iveco 5516 de 2010, são 7,5 metros de comprimento incluindo cabine, sala/cozinha, banheiro e quarto. No espaço para as refeições, a mesa se transforma no estrado para uma cama de casal. Os estofados dos assentos fazem a função de colchão. Acima, junto ao teto, fica guardado o carregador inteligente de bateria, responsável por captar energia das placas solares instaladas sobre o carro. O aparelho, original da Alemanha, dá autonomia na geração de energia elétrica para a parte da “casa”. Graças a ele, o casal passou 40 dias em uma fazenda no sul do Chile sem maiores problemas. “Só nós tínhamos uma geladeira naquele local, abastecida pelo sol”, lembra José. A geladeira foi produzida por uma fábrica especializada em re-

frigeradores para barcos e motorhomes. Além de ocupar menos espaço, o equipamento funciona a 12V. Esse modelo dispensa o uso de conversor, mas custa mais que o dobro de uma geladeira comum. A porta do eletrodoméstico possui uma presilha para se manter fechada e evitar sustos durante o percurso. Pelo mesmo motivo, os armários da cozinha têm encaixes para a louça. O fogão tem apenas duas bocas e, embaixo, no lugar do forno, Denise e José instalaram um aparelho de calefação, importante em viagens como a que fizeram ao sul do Chile. O sistema de ar-condicionado também tem as funções de resfriar e aquecer, mas é abastecido apenas com energia elétrica. No caso da calefação, a água que evapora e esquenta o ambiente é aquecida a gás. O banheiro fica no pequeno corredor que liga a cozinha ao quarto. Os resíduos vão para uma fossa com capacidade para 70 litros. O vendedor João Carlos explica que o

No quarto, duas camas de solteiro liberam espaço para mais armários

reservatório é pequeno exatamente para exigir o esvaziamento periódico e evitar mau cheiro. Para a água, há dois tanques: um com capacidade de 150 litros e outro, de 250 litros, para água potável. No Iveco 5516 há, ainda, um aquecedor para o chuveiro e a pia. O quarto fica localizado na parte de trás do veículo. Por questão de espaço e praticidade, os proprietários optaram por colocar duas camas de solteiro no lugar de uma de casal. Alguns motorhomes possuem sapatas anexas às rodas que permitem o nivelamento do veículo em um terreno instável. José optou por não incluir esse mecanismo por representar um peso – cerca de 250 quilos – que, para ele, não se justifica. “Se sinto que o motorhome está instável, tento estacionar de outras formas”, explica. Para se certificar de que está bem posicionado, o viajante usa uma técnica simples, mas infalível: o nível da água na pia da cozinha.

Julho 2012

AutoPesado

13


Estrutura valiosa O motorhome de Denise e José é totalmente feito de fibra, que oferece leveza e isolamento térmico. É possível escolher um material mais barato mas, mesmo assim, adquirir uma casa viajante é luxo para poucos. O Iveco 5516 novo custou R$250 mil. Dois anos e algumas viagens depois, o veículo está com 29 mil quilômetros rodados. Além das utilidades escolhidas pelos futuros proprietários,

o projeto de um motorhome precisa considerar alguns itens que assegurem o livre trânsito durante as viagens, principalmente se o destino são outros países da América Latina. Na Argentina, por exemplo, é exigido que o veículo tenha dois triângulos. O vendedor João Carlos acrescenta a obrigatoriedade de um engate para reboque. Além disso, o diesel deve ser uma preocupação constante. “É

preciso saber a autonomia do carro e se há combustível disponível nos postos”, explica José. Se o investimento é possível e há tempo para curtir a estrada, o motorhome é a escolha certa para os apaixonados por viagens. “Depois de que nos aposentamos, passamos quase o ano todo em viagem”, diz Denise. Para quem já embarcou na ideia, assim como ela, saudade de casa não é problema.

O Iveco 5516 de 2010 tem capacidade para 5,5 toneladas de carga bruta. Novo, o veículo custou R$ 250 mil

14

AutoPesado

Julho 2012

Entre na fila No Brasil, as casas sobre rodas são fabricadas, principalmente, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Segundo o vendedor João Carlos de Matos Consul, há filas de espera pelos veículos, mas a produção é artesanal e cada estabelecimento consegue finalizar cerca de 20 por ano. Na Europa, onde os motorhomes são uma cultura disseminada, tudo é automatizado, o que permite a entrega de 15 mil por fábrica todos os anos.

Instalado embaixo do fogão, o aparelho de calefação é importante nos destinos mais frios

Placas solares instaladas no teto do veículo permitem viajar a regiões sem energia elétrica

Julho 2012

AutoPesado

15


A rainha volta à estrada

Foto:Vanessa Deleu

Bate-papo

De Melindrosa a Rainha dos Caminhoneiros, 25 anos de estrada marcam a história de Sula Miranda. Este ano, ela lança o CD e o DVD que comemoram o tempo de carreira solo e o retorno à música sertaneja após uma pausa de cinco anos para se dedicar ao lado espiritual. Com três profissões: cantora, apresentadora e decoradora, Sula afirma que disciplina e organização são fundamentais para quem tem uma rotina agitada

16

AutoPesado

Julho 2012

Julho 2012

AutoPesado

17


Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

AP – Quando começou sua carreira solo, em 1986, você já imaginava que se tornaria a Rainha dos Caminhoneiros? Sula Miranda – Acho que profetizei isso, porque quando fui gravar o primeiro disco observei que todos os cantores sertanejos sempre gravavam uma música que falava do peão de boiadeiro e também do caminhoneiro. Em uma ocasião falei, brincando: “Eu quero ser a Rainha dos Caminhoneiros”. Acho que os anjos concordaram e, logo em seguida, a música escolhida do meu primeiro disco foi Caminhoneiro do amor, que foi a que realmente me deu o título de Rainha dos Caminhoneiros.

Com estilo inspirado nas Irmãs Galvão e em Dalva Aguiar, Sula Miranda tem 25 anos de carreira na música sertaneja

AP – Você costuma participar de corridas e exposições, onde pode ter bastante contato com o seu público?

Identificação com o público e músicas sobre a vida na estrada renderam o título de Rainha dos Caminhoneiros

N

o ano de 1970, ainda na adolescência, Sula Miranda, suas irmãs Maria Odete e Yara e a amiga Paula formaram o grupo As Melindrosas, que fez bastante sucesso com o público infanto-juvenil. O fato rendeu a gravação de vários discos e de um filme, a comédia musical intitulada É proibido beijar as Melindrosas. Após três anos de sucesso no grupo, Sula ficou quatro anos afastada dos palcos e da vida artística. Apenas na década de 80 decidiu

18

AutoPesado

Julho 2012

AP – Alguma vez você dirigiu um caminhão se escutando? Qual é a sensação da Rainha dos Caminhoneiros ao se escutar dirigindo um caminhão? voltar à ativa, mas dessa vez focada no mundo sertanejo que, na época, passava por transformações com Chitãozinho e Xororó, Milionário e José Rico, além de Sérgio Reis e tantos outros nomes que modernizaram o gênero musical. Sula Miranda decidiu unir o seu estilo de música favorito ao mercado promissor da época e não deu outra: em julho de 1986 gravou o disco Volume 1 e, em outubro do mesmo ano, já era recorde

de vendas. Nascia ali a Rainha dos Caminhoneiros. Hoje ela divide a rotina entre os trabalhos de cantora, decoradora e apresentadora do quadro Fazendo a Diferença no programa Notícias e Mais, da Rede CNT, além de comandar o Na Medida, com informações sobre lazer, gastronomia e entretenimento. Mesmo com toda essa correria, Sula reservou um tempo para dar entrevista exclusiva à Auto Pesado.

Sula Miranda – Normalmente eu dirijo caminhões para gravar clipe, reportagem, algo nesse sentido. E como normalmente eles pedem que eu esteja cantando, acontece de eu estar me escutando ao dirigir. Mas sou suspeita pra falar de como me sinto porque, quando faço um trabalho, vivo a emoção dele, desde o comecinho, então me escutar na cabine de um caminhão é ainda mais gratificante.

Foto:Vanessa Deleu

Sula Miranda – Sempre participei de muitos eventos ligados a caminhoneiros, como shows em diversos lugares, inclusive postos de gasolina, campanhas, programas de televisão e eventos direcionados para esse público. Em função disso acabei tendo uma proximidade muito grande com eles porque, além de estar presente nos eventos, eu também me envolvi em campanhas sociais e esse vínculo foi se firmando cada vez mais.

Cantora, apresentadora e decoradora, Sula encara as três profissões com agenda organizada e muita disciplina

Julho 2012

AutoPesado

19


AP – Durante cinco anos você deu um tempo nas produções e gravações sertanejas. Por que aconteceu essa pausa? Sula Miranda – Porque eu optei por uma busca pessoal do meu lado espiritual, quis curtir a minha vida e acabei abrindo mão de cantar. Depois, quando eu retornei a gravar, acabei cantando música gospel. AP – Como seus fãs, os caminhoneiros, receberam essa transição entre a música sertaneja e música gospel? Sula Miranda – Na verdade foi uma coisa até muito natural, porque existe um respeito pela minha pessoa e a história toda que eu tive com eles. Estou completando agora 25 anos de carreira e essa distância foi boa porque percebi que, mesmo com esse período que optei por estar afastada da música, eles me veem como a Rainha dos Caminhoneiros e isso é gratificante. Foi uma coisa que eu plantei, deu frutos e permanece, porque depois disso, mesmo com a minha ausência, não surgiu outra Rainha dos Caminhoneiros. E agora, com essa comemoração dos 25 anos, estou retomando minha carreira na música sertaneja.

20

AutoPesado

Julho 2012

Foto:Vanessa Deleu

Foto:Vanessa Deleu

Aconchego é a palavra que resume o que a cantora sente ao retornar para os palcos e as estradas

AP – Ainda este ano você volta a fazer shows em comemoração aos seus 25 anos de estrada. Sua intenção é misturar o gospel com o sertanejo? Como você enxerga isso? Sula Miranda – Na verdade os dois vão caminhar juntos, até porque há grandes artistas da música popular, vou citar inclusive Roberto Carlos, que professam a fé e o público gosta e acompanha. Eu não tenho mais como separar isso de ser a Sula sertaneja ou a Sula gospel. No meu CD canto música para Jesus sim, inclusive Roberto Carlos me deu autorização para gravar Jesus Cristo. Estou lançando um CD de música sertaneja, mas nesse trabalho as pessoas vão conhecer a minha fé.

No novo CD, os estilos sertanejo e gospel caminham lado a lado

AP – Quais são os próximos projetos da Rainha dos Caminhoneiros? Sula Miranda – Estou lançando um CD com músicas novas. E quando eu estiver na estrada, fazendo shows, vai acontecer a gravação do DVD em comemoração aos 25 anos. No paralelo a tudo isso, tenho minha carreira como apresentadora e as outras atividades. AP – Como você consegue conciliar ser apresentadora, cantora e decoradora? É muita correria? Sula Miranda – Correria com certeza, mas a gente consegue com muita disciplina e organização, que são fundamentais, porque só é possível administrar diversas atividades quando se tem uma agenda organizada.

AP – Quais artistas inspiram você?

AP – Que recado você deixa para o público da Rainha dos Caminhoneiros?

Sula Miranda – Quando criei meu estilo, há 25 anos, claro que fui buscar informação na música sertaneja. As Irmãs Galvão para mim são as rainhas da música sertaneja, as representantes da ala feminina que têm mais importância hoje. E também a Dalva Aguiar, que tinha um trabalho parecido com o que cheguei a fazer. Apesar de ficar mais nos rodeios, a Dalva era meio que a rainha dos peões e também me influenciou muito porque tinha um estilo country, uma voz maravilhosa. Essas artistas serviam como referência em termos de qualidade musical.

Sula Miranda – O recado é o trecho de uma música que, mesmo não sendo minha, utilizo para abrir meu show, pois é o que sinto: “Estou de volta pro meu aconchego, trazendo na mala bastante saudade”. É isso, estou de volta pro meu aconchego, pro aconchego da estrada e dos caminhoneiros, com um CD lindo e uma música de caminhoneiro que chama Caminhoneiro, tô apaixonada. Acho que isso já fala tudo. Que Deus abençoe os caminhoneiros pelas estradas do Brasil.

Julho 2012

AutoPesado

21


Zero Km

Eventos realizados em São Paulo apresentaram novidades em produtos e tecnologias para diversas áreas ligadas ao segmento de pesados. O público teve acesso a peças e acessórios para veículos, além de inovações para obras em rodovias e informações sobre pneus e o mercado da borracha 22 Julho 2012 AutoPesado

Fotos: Divulgação

Modernidade em exposição

N

o primeiro semestre de 2012, eventos significativos para o setor de veículos pesados foram realizados em São Paulo. A Automec Pesados & Comerciais apresentou novidades de produtos e serviços na área. No Brazil Road

Expo, o foco foram soluções para melhorar a qualidade e a segurança de rodovias. Já a Pneushow-Recaufair mostrou aos visitantes inovações e tecnologias aplicadas em todo o ciclo produtivo do pneu, com foco na sustentabilidade. Julho 2012

AutoPesado

23


Automec Pesados & Comerciais: ambiente de negócios Público de vários países focado em conhecer o mercado brasileiro e fechar negócios. Esse é o principal perfil dos visitantes que estiveram na 3ª Automec Pesados & Comerciais – Feira Internacional Especializada em Peças, Equipamentos e Serviços para Veículos Pesados e Comerciais. Importadores de países como Rússia, Argentina, Peru, Colômbia, Equador e África do Sul estiveram presentes nas rodadas de negócios realizadas durante o evento, que reuniu 542 marcas expositoras. Na abertura do evento, quem passou pelo Anhembi, em São Paulo, foi o Ministro da Fazenda,

Guido Mantega, que falou sobre as ações do Governo Federal para estimular o mercado interno do setor de autopeças e que, consequentemente, refletem no segmento de pesados. Segundo ele, o Novo Regime Automotivo prevê medidas como desoneração da folha de pagamento, aumento no volume de crédito com redução nos juros e aumento dos prazos de pagamento em algumas linhas de financiamento. A divulgação dessas medidas tornou o ambiente da Automec ainda mais propício para a realização de negócios. O Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para

Veículos Automotores (Sindipeças) realizou, durante a feira, dois dias de rodadas de negócios que contaram com a participação de representantes de nove países. Foram, ao todo, 429 reuniões com 51 empresas brasileiras. Essa iniciativa faz parte do Projeto Comprador, realizado pelo Sindipeças em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). Theophil Jaggi, responsável pela área de feiras e eventos do sindicato, ressalta que o Brasil já conquistou boa fatia do mercado externo, o que ficou comprovado durante a Automec.

Evento contou com 542 expositores, incluindo representantes de países como Rússia, Equador e África do Sul

Retorno

24

AutoPesado

Julho 2012

O Ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou medidas do Governo Federal para estimular o mercado interno de autopeças

Muitos empresários ficaram satisfeitos com as negociações realizadas durante os dias de exposição. O gerente de vendas da Birkson Automotive, Marcos Camargo, recebeu vários representantes do exterior. “Nossos focos de exportação são os países do Sul. Conseguimos realizar cerca de 400 contatos para vendas futuras”, conta. O gerente de vendas da Lontra, Danilo Zille Dutra, também comemora os resultados. “Realizamos cerca de 40 vendas durante a feira para visitantes de todo o Mercosul”, revela. A empresa Dana recebeu, no estande, visitantes de países latino-americanos como Chile, Peru, Paraguai e Colômbia. Para Osmar Maia, gerente de planejamento de produto para o mercado de reposição, a feira está bastante direcionada para a realização de negócios.

Atrações A Automec trouxe novidades em produtos e serviços para suprir a demanda do setor. A Eaton anunciou, durante a feira, a comercialização de novos volantes de motor a partir do segundo semestre de 2012. O diretor de vendas e marketing para América do Sul, Ricardo Dantas, aproveitou para destacar que o Brasil é um importante polo exportador, tanto de peças para montadoras quanto para o aftermarket, formado pela cadeia que inclui fabricante, distribuidor, varejo e oficina. A marca apresentou na Automec uma linha de embreagens para veículos pesados a partir de 7 toneladas e a linha Reman, composta por transmissores, sincronizadores e embreagens.

Os remanufaturados também estavam em exposição. Dantas ressaltou que esses produtos possibilitam uma economia de 40% em relação aos novos, diminuem o tempo de veículo parado e evitam o descarte. Outra fabricante que marcou presença foi a Rede Pitstop, que conta com 670 pontos de venda no Brasil. A nova marca da rede, a Top Truck, direcionada exclusivamente ao varejo de veículos pesados, foi apresentada ao público durante a Automec. Segundo o diretor comercial da distribuidora, Rodrigo Carneiro, o novo modelo de segmentação que originou a marca permite estratégias diferenciadas voltadas ao mercado de pesados e à linha leve.

Além das novidades dos expositores, a Automec Pesados & Comerciais incluiu na programação eventos técnicos, como a palestra sobre o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve P7) com o engenheiro Luso Martorano Ventura. Em vigor desde janeiro, a nova legislação estabelece limites de emissões de poluentes mais rígidos, exigindo novas tecnologias para caminhões e ônibus. Na palestra, o consultor destacou que a aplicação do ARLA 32 (Agente Redutor Líquido Automotivo), composto por 32% de ureia e água mineralizada, é eficiente para limpeza dos gases do escapamento, mas eleva os custos dos veículos. Julho 2012

AutoPesado

25


Brazil Road Expo: de olho na qualidade das vias O Brasil é um País com dimensões continentais, que utiliza prioritariamente o transporte de cargas por rodovias. Para apresentar produtos e soluções que permitam a construção de vias com qualidade, durabilidade e segurança para os usuários, a Quartier Feiras promoveu o Brazil Road Expo, em São Paulo, no mês de abril. Durante os três dias de evento, mais de 8 mil profissionais visitaram a feira e participaram dos seminários do Brazil Road Summit e do Congresso Brasileiro de Infraestrutura de Transportes (Coninfra), que aconteceram em paralelo. A exposição reuniu empresas tradicionais do setor, como Maccaferri, Ulma Construcción, Terex,

Aximum e Zydex. A Único Pavimentos e a Asfaltec, representantes da área de pavimentação, apresentaram soluções que podem ser usadas por prefeituras de todo o País. Também participaram do evento marcas que atuam com sinalização viária, máquinas e equipamentos, softwares, segurança e drenagem de rodovias. Para Neliton Gonçalves, gerente de contas da Lindsay, empresa que atua na área de faixas reversíveis, o principal destaque do evento foram as soluções para melhorar a segurança nas estradas, com a presença de autoridades mundiais no assunto trazidas pela Internacional Road Federation (IRF). O gerente de marketing da Kraton, do segmento

de petroquímicos, Hernando Macedo de Faria, ressaltou que o Brazil Road Expo é fundamental em um País como o Brasil, onde a malha rodoviária sustenta o transporte de todas as riquezas. Presente na feira, o Departamento de Engenharia e Construção do Exército apresentou os recursos que aplica na construção de rodovias e em projetos como a integração das bacias do rio São Francisco. A obra na rodovia BR-101, no Nordeste, com 160 quilômetros pavimentados, foi um dos cases apresentados. De acordo com o coronel de engenharia Odilon Mazzini, o departamento tem 56 grandes projetos em execução pelo Brasil.

Expositores apresentaram tecnologias para obras de rodovias

26

AutoPesado

Julho 2012

Julho 2012

AutoPesado

27


Seminários

As novidades do evento atraíram mais de 8 mil profissionais

Além de conhecer novidades para infraestrutura de rodovias, os visitantes da Brazil Road Expo puderam participar do programa de conferências Brazil Road Summit, em que foram realizados workshops, seminários e treinamentos. A IRF trouxe o engenheiro Robert Rausch para um curso sobre sistemas inteligentes de transporte e o vice-presidente executivo Michael Dreznes, que prestou treinamento sobre segurança rodoviária. O Congresso de Infraestrutura de Transportes (Coninfra) aconteceu simultaneamente ao Brazil Road Summit pela primeira vez. “A interação entre palestras e expositores enriquece os temas tratados, já que há exemplos de tecnologia in loco”, avaliou João Virgílio Merighi, presidente da Associação Nacional de Infraestrutura de Transportes (Andit).

No Brazil Road Summit, workshops e seminários receberam autoridades reconhecidas internacionalmente

28

AutoPesado

Julho 2012

Pneushow-Recaufair: da fabricação ao descarte Produtos e tecnologias para aplicação em todas as fases do ciclo de vida de um pneu, desde a produção até o descarte, foi o que a Pneushow-Recaufair ofereceu ao público no mês de abril em São Paulo. O evento aconteceu simultaneamente à Expobor – Feira Internacional de Tecnologia, Máquinas e Artefatos de Borracha. Juntas, Expobor e Recaufair reuniram 191 expositores dos segmentos de artefatos de borracha nos 16 mil metros quadrados do Expo Center Norte.

Segundo Edgar Solano, presidente do Sindicato da Indústria de Artefatos de Borracha no Estado de São Paulo (Sindibor), as medidas para aquecimento da economia anunciadas semanas antes pelo Governo Federal dentro do Plano Brasil Maior mudaram o enfoque da feira. “Profissionais que antes visitavam o pavilhão apenas para conhecer os equipamentos, este ano vieram para comprar”, conta. Os visitantes tiveram acesso a produtos de fornecedores prove-

nientes de 65 países, como China, Taiwan, Itália, Estados Unidos, Alemanha, França, Coreia do Sul, Polônia e Paraguai. Para Edgar Solano, o incentivo ao crédito não resolve, mas ao menos minimiza o processo de desindustrialização por que passa a indústria de artefatos de borracha. “Esse processo iniciou há dois anos, quando a matéria-prima foi sobretaxada e o produto importado ficou mais atrativo que o fabricado no Brasil”, destaca.

Produtos e tecnologias para aplicação em todas as fases do ciclo de vida do pneu foram destaques do evento

Julho 2012

AutoPesado

29


Novidade

Sustentabilidade

Desde 2008, a Pneushow-Recaufair abrange toda a cadeia produtiva do pneu, diferente das edições anteriores, em que era focada apenas na reforma. Por causa da mudança, a feira reuniu empresas especializadas tanto em pneus novos quanto nos reformados. Juntos, os dois segmentos colocam no mercado mais de 75 milhões de pneus todos os anos. De acordo com dados da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP), em 2011 a produção de pneus novos foi 0,6% menor que no ano anterior. O presidente da entidade, Eugênio Deliberato, justifica a queda, principalmente, pela concorrência com os produtos asiáticos. Este ano, entretanto, a expectativa é de crescimento de 2,5%.

A perspectiva permanece boa para os anos seguintes, especialmente por conta da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016. Entre as fabricantes de pneus novos que participaram da feira estão as nacionais Global Brasil Pneus, Magnum Tire, Euro América, Fate, Grupo Sailun Siqueira Campos e Suntek.Também estiveram no evento as estrangeiras Shangay Roctyre, da China, e Sunset, do Paraguai. O foco dessas marcas continua no setor de transporte de cargas e passageiros, um dos públicos prioritários da Pneushow-Recaufair. A Global Brasil Pneus, por exemplo, apresentou uma linha dedicada à carga pesada, com pneus reforçados com duas telas de aço e capa de nylon. Já a Fate do Bra-

sil, que é líder do setor na Argentina, tem como público-alvo as transportadoras e frotas de ônibus e oferece uma linha com ombros reforçados na banda de rodagem, quatro blocos largos e mais dois transversais. A feira também mostrou tecnologias para reforma de pneus. Empresas especializadas como ABC Borracha, Lukatec, VMI AZ e Vipal atualizaram os visitantes sobre equipamentos e técnicas que facilitam o processo. A reforma de pneus é uma alternativa para reduzir a necessidade de fabricar novos, já que o produto é muito agressor ao meio ambiente. O procedimento restaura partes danificadas e corrige imperfeições adquiridas durante o uso, possibilitando uma sobrevida ao pneu.

Visitantes tiveram contato com fornecedores de 65 países, como China, Itália, Estados Unidos, Alemanha, França, Coreia do Sul e Polônia

30

AutoPesado

Julho 2012

Com o objetivo reduzir o impacto causado pela fabricação dos pneus, o evento reservou lugar para temas ambientais. No Espaço Sustentabilidade, a Reciclanip, instituição responsável pela coleta e reciclagem desses produtos, montou uma área para demonstrar o ciclo de vida do pneu. “Mostramos também outros fins possíveis, como solado de sapa-

to, pisos de borracha e cimento asfáltico”, conta o gerente geral César Faccio. Ainda no foco ambiental, a Pneushow-Recaufair contou com duas palestras. Uma delas foi sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos, lei aprovada em 2010 e que obriga as indústrias de pneus a aplicar a logística reversa, ou seja, o

retorno do artigo ao fabricante para fazer o descarte correto. A outra conferência foi sobre a Portaria nº444, publicada pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), que institui a obrigatoriedade do Registro de Avaliação de Conformidade para o serviço de reforma de pneus.

Diversas empresas apresentaram produtos para veículos pesados, como pneus reforçados

Julho 2012

AutoPesado

31


Custo do transporte, uma carga pesada

32

AutoPesado

Julho 2012

Foto: Felipe Carneiro

Capa

No transporte rodoviário, algumas cargas são mais rentáveis do que outras. Os produtos alimentícios, por exemplo, possuem valor de frete menor que os perigosos, cujo transporte exige procedimentos mais complexos. Mas existem outras questões que também interferem nos resultados. Problemas de infraestrutura, a grande dependência do modal rodoviário e os roubos de carga encarecem o transporte no País Julho 2012

AutoPesado

33


gios, manutenção da frota, condições das estradas e roubo de cargas são alguns dos obstáculos que dificultam essa operação. Marco Antônio de Oliveira Neves, diretor-presidente da Tiger Log, empresa de consultoria e treinamento em logística de São Paulo, aponta que o custo do transporte rodoviário no Brasil representa de 70% a 80% da receita operacional líquida das empresas do setor.

Foto: Felipe Carneiro

chega ao seu destino. O Ministério dos Transportes estima que o total de carga transportada chega a 1,1 bilhão de toneladas por quilômetro percorrido a cada ano. Para movimentar todo esse volume pelas rodovias brasileiras e ainda garantir bons resultados no faturamento, as transportadoras – sejam elas grandes ou pequenas – precisam administrar uma série de fatores. Preço do combustível, pedá-

Foto: Felipe Barros

A

ntes de qualquer produto chegar às mãos do consumidor, há uma grande operação de bastidores que envolve diversas empresas e profissionais. Mesmo quando o artigo já está pronto para uso, muitas vezes é preciso percorrer centenas ou milhares de quilômetros até alcançar o destinatário, que pode estar dentro ou fora do País. No Brasil, é pelas estradas que a maior parte das mercadorias

No Brasil são transportadas 1,1 bilhão de toneladas por quilômetro percorrido a cada ano

34

AutoPesado

Julho 2012

No segmento dos produtos agrícolas, é preciso trabalhar com grandes volumes para melhorar a rentabilidade

Julho 2012

AutoPesado

35


As cargas consideradas mais lucrativas, porém, são as mais difíceis, pois exigem procedimentos complexos no transporte. Empresas que trabalham com os setores aeronáutico e automotivo, por exemplo, têm receitas maiores porque desenvolvem um escopo maior de atividades além do transporte. No caso do setor automotivo, a empresa também pode atuar na coleta programada em fornecedores das montadoras, em operações de importação e exportação, entre outras. “O valor do frete e, consequentemente, o faturamento do transportador, aumenta de acordo com o valor agregado das mercadorias. Dependendo do servi-

Obstáculos diários

ço requerido, pode subir até 100%”, explica Marco Antônio. Outro caminho para melhorar a rentabilidade é se especializar em algum tipo de carga. Flávio Benatti, presidente da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC & Logística), ressalta que o setor de transportes é altamente segmentado e não há muito espaço para empresas generalistas. Para ele, se há mão de obra qualificada, fica mais fácil trabalhar com a carga. “Se a empresa é especializada, terá dimensionados, em seu projeto, todos os possíveis problemas que podem ocorrer no transporte de um tipo específico de produto”, explica.

Parte dos problemas enfrentados tanto por empresários quanto por motoristas autônomos se deve às características do sistema de transportes brasileiro, que é massivamente realizado por rodovias – 55% do total, segundo o Ministério dos Transportes. Uma pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) em parceria com o Centro de Estudos em Logística da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) aponta que essa configuração é a mesma adotada nos países menores, enquanto em nações com território extenso, como China e Rússia, o modal ferroviário é o mais explorado. O estudo alerta, ainda, que a dependência das rodovias brasileiras gera perda de produtividade em todo o sistema de transportes. As condições da malha rodoviária também dificultam o trabalho nas estradas. A CNT aponta que 78% das rodovias brasileiras estão em estado péssimo, ruim ou deficiente. Já o Ministério dos Transportes trabalha com um índice de 20% de estradas em condições ruins. Essa realidade eleva o custo operacional do transporte, na análise do presidente da Associação Brasileira de Transporte de Cargas (ABTC), Newton Gibson. “Tam-

bém aumenta o risco de acidentes, casos em que há grande perda material”, acrescenta. Nos trechos onde há estradas bem conservadas, os transportadores muitas vezes se deparam com pedágios, que podem chegar a R$120 para um caminhão de seis eixos com reboque. José Machado, presidente da ATR Brasil, cita como exemplo o estado de São Paulo: embora as estradas estejam em boas condições, resultando em menos gastos com manutenção dos veículos, é onde as empresas gastam mais com pedágios do que com óleo diesel. De acordo com o Ministério dos Transportes, no PAC 2 estão em andamento a construção ou pavimentação de 4.567 quilômetros de rodovias em todo o País. Outros 2.293 quilômetros estão em duplicação e adequação da capacidade. A previsão de entrega é para 2014. Ainda segundo o Ministério, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) tem, pela Lei Orçamentária Anual, R$8,1 bilhões para construção, pavimentação e duplicação e R$5 bilhões reservados para obras de manutenção e sinalização, operação do sistema de pesagem e controle de velocidade.

Foto: Felipe Carneiro

Foto: Felipe Carneiro

Dependendo do tipo de carga, o desafio de fechar o mês no azul pode ser ainda maior. De acordo com o presidente da Associação do Transporte Rodoviário do Brasil (ATR), José Machado Diniz Neto, o transporte focado no ramo do agronegócio é considerado de baixa rentabilidade, já que o valor da tarifa de frete é menor. Ele explica que a lei da oferta e procura é que define o frete, ou seja, no caso de falta de motoristas, por exemplo, o preço automaticamente sobe. Mesmo assim, a lucratividade nesse setor não passa de 3%. “As empresas optam por transportar grandes volumes para conseguir algum retorno”, explica.

Transporte especializado no setor automotivo é mais lucrativo, mas também mais complexo

36

AutoPesado

Julho 2012

As condições das estradas podem elevar o custo operacional das empresas

Julho 2012

AutoPesado

37


Idade da frota res de veículos automotivos estejam adaptados para o diesel de baixo teor de enxofre, deve mexer com os custos do setor. “Ainda não houve impacto no transporte de cargas, já que as vendas de caminhões no início de 2012 foram baixas”, explica Flávio Benatti, presidente da NTC & Logística. Os novos caminhões entraram no mercado com aumento de cerca de 15% no preço mas, segundo ele, a tendência é que as vendas dos veículos se normalizem.

Idade média da frota atuante no País é de 17,5 anos; 76% dos veículos têm mais de dez anos

38

AutoPesado

Julho 2012

Uma grande preocupação de quem tem as estradas brasileiras como ambiente de trabalho é o alto índice de roubos de cargas. De acordo com a CNT, só em 2001 foram registradas cerca de 8 mil ocorrências, provocando um prejuízo de R$500 milhões. Dados da NTC & Logística mostram que esse número cresceu substancialmente em 2010, chegando a mais de 12 mil ocorrências registradas e prejuízo de R$880 milhões. As cargas mais visadas, segundo Márcio Almeida D’agosto, do programa de Engenharia de Transportes da UFRJ, são cigarros, Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), eletro-

eletrônicos, bebidas e alimentos. Ele afirma que só há roubo por causa da alta receptividade das mercadorias: “Toda carga fácil de revender é ‘boa de roubar’”. Os números que crescem ano após ano exigem altos investimentos em segurança. Para enfrentar essa situação, as empresas precisam incluir no orçamento gastos com seguro da carga e equipamentos de rastreamento e monitoramento. Segundo Marco Antônio, da Tiger Log, os custos com o transporte podem subir para até 90% do faturamento caso o transportador sofra com roubos. “Para driblar essas perdas, alguns empresários utilizam escolta ar-

mada”, conta. Também há empresas que fazem o transporte em horários específicos e misturam produtos de alto valor agregado com outros de menor valor na mesma carga, para minimizar os prejuízos. Por conta dos riscos, é preciso ter alternativas de roteiro para trafegar pelas estradas, muitas vezes optando por um trajeto mais difícil para fazer a entrega das encomendas. Fatores como perda de produtividade por causa dos procedimentos de gerenciamento de risco e a não utilização da capacidade máxima de carga do caminhão por limitação da seguradora também impõem obstáculos à rentabilidade do negócio. Foto: DNS Fotografia Digital

los têm mais de dez anos, segundo a CNT. Situação que, para o presidente da ATR, ajuda a elevar as despesas no transporte. “O veículo velho exige mais gastos com manutenção”, explica. A idade da frota também contribui, de acordo com a CNT, para que essa situação fique insustentável no longo prazo por causa do transporte inadequado. A entrada em vigor da norma Euro 5, que exige que os moto-

Foto: DNS Fotografia Digital

A desvalorização do caminhão também pesa no bolso do transportador e ajuda a encarecer o frete. “Nossa prática diz que o caminhão deprecia, em média, 10% ao ano nos primeiros cinco anos. Um veículo comprado a R$500 mil, em cinco anos será vendido por R$250 mil”, calcula José Machado Diniz Neto, presidente da ATR. Essa desvalorização contribui para que a frota atuante no País tenha idade média de 17,5 anos, sendo que 76% dos veícu-

Roubo

Com alta receptividade, bebidas estão entre as cargas mais visadas para roubos

Julho 2012

AutoPesado

39


Na avaliação de muitos especialistas, o sistema de transporte de cargas brasileiro precisa ser repensado. “Sou defensor da intermobilidade e acho que não podemos dar continuidade a esse peso tão grande ao sistema rodoviário”, enfatiza Newton, da ATR Brasil. “Com a costa marítima que o Brasil tem, é inadmissível que não haja boa infraestrutura para transporte por mar”, acrescenta Flávio, presidente da NTC & Logística. Investir no modal aquaviário para que o País tenha portos adequados e hidrovias navegáveis é uma boa alternativa na visão de Márcio D’agosto, da UFRJ. Porém, um levantamento da CNT revela que ainda há pouco investimento nesse tipo de transporte no interior do País por causa da localização dos rios navegáveis e da necessidade de intervir em trechos pouco profundos ou com usinas hidrelétricas, por exemplo. O resultado dessa situação é a baixa viabilidade econômica de boa parte das vias. Aproveitar os mais de 7 mil quilômetros de costa brasileira voltados para o Oceano Atlântico para investir no sistema de cabotagem pode ser uma saída, acredita Heder Cassiano Moritz, diretor executivo do Porto de Itajaí. Ele explica que raramente a carga sofre avaria durante o trajeto entre os portos do País. Além disso, os riscos de acidentes são menores e praticamente não existem assaltos aos navios. “Com o desenvolvimento de novas técnicas e equipamentos, as operações de consolidação e desconsolidação de contêineres se tornaram mais eficientes, tornando a cabotagem adequada a praticamente todas as situações”, defende.

40

AutoPesado

Julho 2012

Embora possa ser cerca de 30% mais barata que o meio de transporte rodoviário (dependendo do volume da carga e da distância), a

cabotagem ainda é pouco explorada no País. “O domínio dos navios que atuam na nossa costa é de armadores estrangeiros e praticamente não

temos mais empresas brasileiras operando no transporte marítimo”, destaca o diretor executivo do Porto de Itajaí.

Foto: Divulgação Porto de Itajaí

Foto: Divulgação Porto de Itajaí

Outros caminhos

Transporte em navios reduz os riscos de acidentes, assaltos e danos à carga Explorar melhor a costa marítima brasileira pode ser uma saída para desafogar as estradas

Julho 2012

AutoPesado

41


Economia Para o especialista, o setor ferroviário brasileiro está atrasado em cerca de 30 a 40 anos. “A França, que é um país pequeno, tem malha ferroviária maior que a do Brasil”, exemplifica. Dados do PAC 2, porém, apontam que o Governo Federal possui um plano de investimentos que prevê a injeção de R$43,9 bilhões em expansão das ferrovias até 2014. A previsão de investimentos em diferentes áreas ligadas aos

transportes e a perspectiva de crescimento econômico e melhoria da infraestrutura que a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas trazem para o País dão esperança para o setor e desenham boas perspectivas para os próximos anos. Mesmo com os percalços do setor, na avaliação de Flávio Benatti, presidente da NTC & Logística, as expectativas são boas. “Se o País cresce, o desenvolvimento do setor de transportes é consequência”, conclui.

Foto: Divulgação DNIT

Levar uma carga no vagão de um trem pode custar menos da metade do que a mesma operação na carroceria de um caminhão. A redução significativa se explica pelas grandes quantidades. “Uma carreta, por exemplo, pode levar de 25 a 30 toneladas, enquanto uma composição ferroviária pode levar carga equivalente ao transporte de 50 a 80 carretas, dependendo da locomotiva e do tipo de vagão”, explica Marco Antônio.

No vagão de um trem, o frete pode custar menos da metade do que na carroceria de um caminhão

Foto: Divulgação ANTF

De acordo com a CNT, o modal ferroviário brasileiro é o menos disponível para uso, com apenas 3,4 quilômetros de extensão para cada mil quilômetros quadrados de área do País. Os investimentos no setor equivalem a um terço se comparados ao que é aplicado nos Estados Unidos, por exemplo. “A falta de uma estrutura ferroviária adequada dificulta o transporte no interior do Brasil. Em algumas regiões até existem ferrovias, mas a dependência das rodovias ainda é muito grande”, analisa Flávio Benatti, da NTC & Logística. A CNT também aponta que o investimento em ferrovias tem alta dependência de capital e baixa rentabilidade, por isso demanda cifras elevadas com retorno de longo prazo. Além disso, negócios com essas características são mais afetados pela alta de juros, o que reduz a atratividade para investimentos da iniciativa privada. Para Marco Antônio de Oliveira Neves, presidente da Tiger Log, o investimento em um sistema ferroviário de qualidade poderia contribuir significativamente para baratear o custo dos transportes no País em relação ao modal rodoviário. Isso porque nas ferrovias é possível transportar muito mais toneladas com menor esforço humano e consumo de combustível – logo, o frete por tonelada é muito mais barato.

Foto: Divulgação ANTF

Pelas ferrovias

Investimentos no sistema ferroviário podem baratear o custo dos transportes no Brasil

42

AutoPesado

Julho 2012

A previsão de investimentos em diferentes áreas ligadas aos transportes traz esperança para o setor

Julho 2012

AutoPesado

43


Documento digital, eficiência no frete

44

AutoPesado

Julho 2012

Até dezembro de 2013, todas as modalidades de transporte de carga do País devem se adequar ao Conhecimento de Transporte Eletrônico. O novo sistema abandona as vias em papel e faz todo o reconhecimento online, via internet. O modelo é mais sustentável, tem menor custo de armazenagem de arquivos e dificulta a sonegação fiscal

Julho 2012

AutoPesado

45

Fotos: Felipe Carneiro

Reportagem


I

magine fazer todo o processo de conhecimento fiscal pela internet, sem custo com impressão e sem precisar arquivar papel. Se antes esse processo gerava até cinco vias, com o Conhecimento de Transporte Eletrônico (CT-e) elas são substituídas por um documento digital e apenas um comprovante impresso. O novo sistema é uma iniciativa das Secretarias de Fazenda que, assim como a Receita Federal, passam a receber todas as informa-

ções sobre prestação de serviços de transporte em tempo real. A transição está no início, mas até o final de 2013 o CT-e deve atingir os contribuintes de todas as modalidades de transporte de carga do País: rodoviária, aérea, dutoviária, aquaviária e ferroviária. O documento eletrônico, válido juridicamente em todo o território nacional, é garantido pela assinatura digital do emitente e pela Autorização de Uso fornecida pelo

Fisco. A assinatura digital é um código único e intransferível expedido pela Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-BR). “É como se fosse uma assinatura de próprio punho. Ela garante que o documento não será alterado, pois tem garantia de integridade, e não existe a possibilidade de forjá-la, confeccioná-la ou repudiá-la”, explica Clóvis Antonio de Souza, líder do projeto e do CT-e na Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo.

Cronograma A obrigatoriedade de emissão do CT-e vai passar por várias fases até entrar em vigor para todos os segmentos que atuam no transporte de carga. “Na fase atual, as empresas interessadas em aderir podem entrar no site do Conhecimento de Transporte Eletrônico de seu estado e pleitear o credenciamento, seja qual for o seu modal de transporte”, explica Clóvis. A próxima etapa entra em vigor no dia 1º de setembro e exige a adesão obrigatória de quase 300 empresas do transporte rodoviário, além das que atuam com transporte dutoviário e aéreo. As demais deverão se adequar às novas regras até 2013, de acordo com um cronograma já definido.

O processo em papel gerava cinco vias que precisavam ser impressas e arquivadas

viço de transporte mantenham em arquivo digital todos os CT-e emitidos pelo prazo estabelecido na legislação tributária. Porém, os custos com backup dos arquivos digitais são inferiores aos dos documentos físicos e as informações digitais podem ser organizadas mais facilmente e localizadas com maior rapidez. Para o proprietário da Conecta Cargas, de Guarulhos (SP),

Rogério Dulius, que já opera com o CT-e, a mudança favorece o meio ambiente e reduz os custos das empresas com papel. “Antes tínhamos que emitir o conhecimento de frete em cinco vias – a do tomador, o comprovante de entrega, a do Fisco de origem, a do arquivo fiscal e o arquivo da empresa. Agora temos apenas o conhecimento eletrônico e o comprovante de entrega”, conta.

Prazo para adequação ao CT-e •

1º de setembro de 2012: cerca de 300 empresas de transporte rodoviário e todas dos sistemas dutoviário e aéreo.

1º de março de 2013: todas as empresas do transporte aquaviário.

1º de agosto de 2013: empresas do sistema rodoviário cadastradas com regime de apuração normal do ICMS.

1º de dezembro de 2013: todas as demais empresas do sistema rodoviário optantes do Simples Nacional e as multimodais de cargas.

Mudanças Com o CT-e, o único papel impresso é o Documento Auxiliar do Conhecimento de Transporte Eletrônico (Dacte). Esse comprovante acompanha a mercadoria e facilita a consulta dos fiscais e do recebedor na internet. Outra facilidade é que ele pode ser impresso em papel

46

AutoPesado

Julho 2012

comum A4, evitando gastos com a impressão dos formulários em gráfica e o preenchimento na empresa. “Elimina-se a necessidade de digitação, o que reduz custos, evitam-se erros na emissão do conhecimento e se ganha em produtividade. Porém, o ganho maior é do Fisco, que inibe

a evasão ou sonegação de impostos”, acrescenta o assessor jurídico da NTC & Logística, Marcos Aurélio Ribeiro. Apesar de não haver a necessidade de guardar uma cópia do documento físico, ainda é preciso que o emitente e o tomador do ser-

Para operar com o novo sistema, é possível usar o emissor de CT-e disponível no site da Sefaz de cada estado

Julho 2012

AutoPesado

47


Adaptações Como funciona 1. O remetente emite a nota fiscal e contrata o serviço do transportador.

4. Com o documento aprovado, o Dacte é gerado para impressão.

2. O transportador gera o CT-e em um sistema adaptado ou diretamente a partir do programa disponibilizado na internet pela Secretaria da Fazenda. Um arquivo no formato XML é enviado para a Sefaz com a assinatura digital.

5. O Dacte é entregue ao motorista com a nota

3. A Sefaz reconhece a assinatura, registra o docu-

mento e devolve a autorização do CT-e, que deve ser armazenada na empresa, em backup, junto com o arquivo em XML para futuras consultas.

Para aderir ao Conhecimento de Transporte Eletrônico de cargas, a empresa precisa se credenciar na Secretaria da Fazenda de todos os estados onde possuir estabelecimentos e desejar emitir CT-e. Além disso, deve ter assinatura digital ex-

pedida por uma autoridade certificadora credenciada ao ICP-BR. Para operar com o novo sistema, é possível usar o emissor de CT-e disponível no site da Sefaz de cada estado ou adaptar o programa de faturamento da empresa. No caso

da Conecta Cargas, essa alteração levou 30 dias. “Contratamos uma empresa que adaptou nosso sistema de faturamento, com custo aproximado de R$1,5 mil, e recebemos treinamento para utilizá-lo”, conta Rogério Dulius.

fiscal para o transporte. O Dacte tem um código de barras que permite consultar o CT-e no site da Sefaz.

6. O Dacte é entregue ao destinatário, que confe-

re se o CT-e está devidamente registrado na Sefaz. Caso não esteja, é dever do tomador do serviço não receber a mercadoria.

O Dacte é entregue ao motorista e acompanha a mercadoria até o destinatário, que confere as informações sobre o frete na internet

Vantagens

O CT-e agiliza o processo nos Postos Fiscais de Fronteira e os caminhoneiros ganham tempo

48

AutoPesado

Julho 2012

Além de reduzir os custos com impressão de documentos, aquisição de papel e armazenagem dos documentos, o sistema eletrônico dispensa obrigações acessórias, como a Autorização de Impressão de Documento Fiscal (AIDF). Outra vantagem é que, no caso do modal rodoviário, os caminhões permanecem parados por menos tempo nos Postos Fiscais de Fronteira, pois o CT-e simplifica e agiliza o processo

de fiscalização. As empresas tomadoras de serviço não precisam mais digitar documentos na recepção dos fretes, pois podem adaptar seus sistemas para ter acesso às informações digitais, reduzindo as chances de erro. Para o empresário Rogério Dulius, uma das principais vantagens para quem trabalha no setor de transportes é que acaba a possibilidade de adulterar documentos,

como existia com o Conhecimento de Transporte em papel. “Com o novo sistema você é obrigado a declarar o que de fato está transportando. Isso é bom, pois acaba com a concorrência desleal e as pessoas que trabalham de forma errônea vão ser penalizadas”, comemora. O CT-e digital pode ser acessado no ambiente virtual da Sefaz de cada estado ou no site nacional: www.cte.fazenda.gov.br. Julho 2012

AutoPesado

49


Reportagem

Fotos: Orlei Silva/Grelak Comunicação

Competição de peso

A Fórmula Truck foi homologada pela Confederação Brasileira de Automobilismo em 1996 e, desde então, realiza grandes eventos a cada ano. De março a dezembro, diversas cidades do Brasil e uma da Argentina recebem etapas do campeonato, que é a categoria de automobilismo mais popular da América do Sul 50

AutoPesado

Julho 2012

Julho 2012

AutoPesado

51


G

igantes, pesados e, acima de tudo, velozes. Assim são os caminhões que correm pela Fórmula Truck, categoria mais popular da América do Sul, que em 2012 completa 17 anos de emoções e quilômetros rodados. Criada por Aurélio Batista Félix em 1995, a Fórmula Truck atualmente é presidida por Neusa Navarro Félix. A presidente da categoria conta que nos últimos 10 anos o

evento cresceu e ganhou mais visibilidade por conta do trabalho voltado para o automobilismo mais pensado para o público e o patrocinador. “O evento não é apenas uma corrida, é um show de atrações, com desfiles, apresentação de motos e muita diversão durante o dia que tem como grand finale a corrida de caminhões”, afirma. A primeira competição da história da Fórmula Truck foi reali-

zada em 1995 no município de Cascavel, no interior do Paraná. No ano seguinte, a Confederação Brasileira de Automobilismo criou o Campeonato Brasileiro de Fórmula Truck. Após a homologação, a primeira corrida aconteceu em Guaporé, no Rio Grande do Sul. Desde então, a prova recebe um público médio de 40 mil pessoas por evento e se consolida como a maior corrida do automobilismo brasileiro.

Feras ao volante Para participar da corrida, o competidor deve ser maior de 21 anos, ter carteira de piloto A (o que significa que participou de outras categorias) e passar no teste no qual dirige um caminhão, que comprova que ele está apto para dirigir o veículo de corrida. “Atualmente não conseguimos abrir exceção, é muito importante seguir todas essas regras”, explica a presidente.

Em geral, 25 pilotos competem por seis marcas: Mercedes-Benz, Volvo, Scania, Iveco, Volkswagen e Ford. Cada competidor pode fazer a prova com uma equipe própria, que conta com o apoio oficial de fábricas, incluindo equipamento, tecnologia e patrocínio. Alguns dos nomes desta temporada são Beto Monteiro, Felipe Giaffone, atual campeão da categoria, e Wellington Cirino.

Emoção em etapas Cada temporada é composta por 10 competições realizadas de março a dezembro. O Brasil sedia nove etapas, normalmente disputadas em Porto Alegre, Santa Cruz do Sul e Guaporé (RS), Londrina e Curitiba (PR), São Paulo (SP), Campo Grande (MS), Rio de Janeiro (RJ), Goiânia (GO), Brasília (DF) e Caruaru (PE). Uma das etapas acontece na Argentina – nos três últimos anos foi realizada em Buenos Aires, mas em 2012 será em Córdoba. As apresentações iniciam cedo. Domingo, às 9 horas, o público começa a chegar aos autódromos para ver os shows de fogos de artifício, skates, manobras radicais de caminhões – executadas pelos três filhos da presidente: Danielle, Gabrielli e Aurélio Junior –, além do show de moto com o piloto Jorge Negretti. Neusa está empolgada com as equipes e espera ver uma corrida melhor que a outra nesta temporada. “O ano começou com o pé direito. Com certeza será melhor que os anteriores. Os pilotos estão bastante competitivos entre si e esperamos um espetáculo melhor a cada etapa”, afirma a presidente da Fórmula Truck.

52

AutoPesado

Julho 2012

Grid da segunda etapa da temporada da Fórmula Truck 2012, disputada no Rio de Janeiro

Os irmãos Dani, Júnior e Gabi, que apresentam o show de manobras radicais com caminhões

O pernambucano Beto Monteiro se divide entre as corridas da Nascar, nos Estados Unidos, e a Fórmula Truck, na qual corre pela Iveco

Beto Monteiro corre desde os 14 anos por influência do pai e do avô. Aos 23 anos mudou-se para a Europa e correu pela Fórmula 3 até 2001, quando voltou para o Brasil e precisou substituir um piloto da Volvo às pressas, oportunidade que acabou lhe rendendo o ingresso na equipe.

Desde 2009, Beto se divide entre as corridas da Nascar, nos Estados Unidos, e a Fórmula Truck, na qual corre pela Iveco. “Os caminhões da equipe passaram por uma reformulação em 2011 e estamos confiantes para esta temporada. As máquinas estão mais rápidas e resistentes durante as provas”, diz Beto. Julho 2012

AutoPesado

53


Feito para correr As diferenças entre os caminhões convencionais e os de corrida começam pelo peso: os estradeiros pesam em média 7 toneladas, têm potência ao redor de 400 cavalos, são projetados para carregar outras tantas toneladas e andar, no máximo, a 90 km/h, de acordo com as leis brasileiras. Os de Fórmula Truck pesam 4 a 5 toneladas e são feitos para correr: alcançam até 240 km/h e são movidos a motores com mais de 1.000 cavalos de potência. Para ganhar velocidade, o caminhão passa por uma reforma que o deixa mais leve, é rebaixado para ganhar estabilidade e tem o motor recuado para dar equilíbrio e distribuir melhor o peso. Os pneus são os mesmos da estrada, porém raspados, para garantir maior aderência ao piso (no caso de chuva utilizam-se Felipe Giaffone, dono de três títulos brasileiros (2007, 2009 e 2011) e um sul-americano (2011), competindo pela categoria

Trabalho em equipe Uma corrida não se faz apenas de pilotos. Para que eles conquistem uma boa classificação no pódio, as equipes de mecânicos e organizadores é que dão a base. De acordo com o chefe de equipe da Scania, Pedro Pimenta, o piloto nunca vence uma corrida sozinho, pois cada integrante do grupo tem sua participação no resultado. “Cada um sabe seu papel na equipe e ninguém deve ir além de sua função para que todos trabalhem organizadamente”. Segundo o líder, se acontecer de quebrar um câmbio ou um motor durante a corrida, a equipe fica de mãos atadas, pois o regulamento não permite o uso de ca-

54

AutoPesado

Julho 2012

minhão reserva. Porém, se for uma troca de pneus ou algo possível de ser resolvido na hora, organização é fundamental para os mecânicos conseguirem fazer sua parte e ajudar o piloto a chegar na frente. “Se não mantivermos a ordem no box, os mecânicos acabam não utilizando todo o seu conhecimento e isso prejudica o andamento da equipe”, garante. Pimenta explica que, para ser mecânico de uma equipe de Fórmula Truck, o candidato tem que ter muita força de vontade, pois é um trabalho difícil e cansativo. “O profissional tem hora para chegar, mas não tem hora para sair. Por isso, é preciso amar o esporte”, revela.

Wellington Cirino foi quatro vezes campeão brasileiro

pneus normais, sem raspagem). O sistema de gerenciamento eletrônico do motor é alterado para ficar mais “feroz”, já que a prioridade é a velocidade. De acordo com o chefe de equipe da Scania, Pedro Pimenta, as equipes constroem seus caminhões partir do chassi do modelo. “Um detalhe importante é a instalação do santo-antônio, um tipo de gaiola de aço que evita a deformação da cabine e protege o piloto em caso de acidente”, explica. Com tanta tecnologia, os motoristas de caminhão também saem ganhando, já que muitas das novidades que nascem nas pistas de corrida vão parar nas estradas. “A Fórmula Truck é um laboratório onde os equipamentos são submetidos a condições limites de desempenho, segurança e durabilidade”,

afirma Pimenta. Para atender essa demanda, os engenheiros das fábricas e das equipes precisam criar soluções que acompanhem um nível de exigência crescente. Afora as equipes, os caminhões, os pilotos e shows à parte da Fórmula Truck, o público é uma das peças principais para garantir um belo domingo de corrida. A animação, a torcida e o respeito são fundamentais para dar o tom certo ao evento que, se depender dos organizadores, promete ser mais emocionante a cada temporada. “Queremos melhorar a Fórmula Truck cada vez mais e trabalhamos muito para isso”, diz a presidente, Neusa Navarro Félix. Confira o calendário das próximas etapas da categoria no site www.formulatruck.com.br.

Fotos: Orlei Silva/Grelak Comunicação

Felipe Giaffone começou aos 13 anos como piloto nos kartódromos, onde conquistou o campeonato paulista e o sul-americano e atuou até 1996. O piloto, que também se dividiu entre Estados Unidos e Brasil, atualmente corre na Fórmula Truck pela Volkswagen, equipe pela qual foi campeão em 2011. Para a temporada de 2012, ele mantém a confiança: “Vou fazer o melhor para liderar o caminhão e conquistar grandes momentos neste ano”, afirma. Correndo pela ABS/Mercedes-Benz desde 2001, Wellington Cirino, tetracampeão da categoria, é outro nome que se destaca na Fórmula Truck. Ele começou a correr aos 11 anos como piloto de kart júnior em Francisco Beltrão (PR). “Herdei do meu avô e do meu pai a garra e a vontade de correr”, revela. Aos 15 anos, Wellington entrou na categoria de turismo, onde ficou até os 19. “Um ano mais tarde, Seu Aurélio e Dona Neusa me convidaram para correr pela Fórmula Truck”, conta. O piloto foi a única exceção da história da categoria.

Na etapa de Tarumã, no ano 2000, disputa pela liderança entre Wellington Cirino e Roberval Andrade, que anos depois integrariam a galeria de campeões da Fórmula Truck

Julho 2012

AutoPesado

55


Reportagem

Carga perigosa, cuidado redobrado

N

o Brasil, mais da metade do transporte de cargas é feita por rodovias. No caso dos produtos perigosos não é diferente. São os caminhões que escoam boa parte dessas substâncias de um destino a outro. Por oferecerem risco, essas cargas exigem cuidados especiais no transporte. As regras abran-

gem a habilitação do motorista, a manutenção do caminhão, o carregamento e o descarregamento do material, o itinerário, os pontos de parada, a documentação e uma série de procedimentos que precisam ser adotados em casos de emergência. Os produtos perigosos são classificados em nove categorias que

representam diferentes graus de risco. “Cada uma dessas classes tem características que a tornam perigosa para o transporte, ou seja, cada produto carrega seu perigo”, explica Rodrigo Amorim, da Superintendência de Regulação de Transporte Rodoviário da Agência Nacional de Transporte Terrestres (ANTT).

O transporte de produtos que oferecem riscos para a saúde das pessoas, para a segurança pública ou para o meio ambiente deve ser cercado de cuidados para evitar acidentes. Cargas perigosas são aquelas que possuem características explosivas, inflamáveis, tóxicas ou radioativas 56

AutoPesado

Julho 2012

Julho 2012

AutoPesado

57

Foto: Felipe Carneiro

Capa | Destaque da edição


Classificação dos produtos 1. Explosivos; 2. Gases: inflamáveis, não inflamáveis, tóxicos e não tóxicos; 3. Líquidos inflamáveis; 4. Sólidos: inflamáveis, sujeitos a combustão espontânea ou que, em contato

Painel de Segurança Placas identificam o tipo de carga perigosa que o caminhão carrega

Rótulos de Risco

A linha superior refere-se ao número de risco do produto, que é composto por no mínimo dois algarismos e, no máximo, pela letra X mais três números. O “X” identifica se a carga reage de maneira perigosa em contato com a água. Na linha inferior, o número da Organização das Nações Unidas identifica a carga. Quando o painel não tem identificação, mais de um produto perigoso é transportado.

Apresentam diversas cores e símbolos. Cada combinação de imagem, cor e número corresponde à classe de risco do produto transportado.

Foto: Lucas Moço

com a água, emitem gases inflamáveis; 5. Oxidantes: liberam oxigênio quando entram em contato com outros materiais ou calor; 6. Substâncias tóxicas e infectantes; 7. Material radioativo; 8. Substâncias corrosivas; 9. Substâncias perigosas diversas.

Decifrando as placas

Quando o caminhão transporta um produto perigoso de qualquer uma das categorias, ele deve ser identificado de acordo com as normas brasileiras. A identificação é feita no tanque com retângulos laranjas, o chamado Painel de Segurança, e losangos, definidos como Rótulos de Risco, que apresentam diversas cores e símbolos correspondentes à classe de risco do produto.

58

AutoPesado

Julho 2012

Manter distância do caminhão-tanque e fazer ultrapassagens seguras ajuda a evitar acidentes

Foto: Lucas Moço

Identificação

Atenção no transporte O carregamento e o descarregamento do caminhão devem ser feitos por pessoas autorizadas, devidamente preparadas – com treinamento específico e vestidas com equipamentos de proteção Individual –, de acordo com as normas do Ministério de Trabalho. Para Alexandre Gonçalves, consultor da área de gerenciamento de riscos no transporte da BR Distribuidora, se cumpridos todos os requisitos de segurança, o perigo é minimizado. Já no transporte, novos integrantes participam dessa operação e

não basta saber conduzir de forma segura. “É preciso estar preparado para as adversidades e armadilhas do trânsito. Por isso, há a necessidade de dirigir defensivamente e com uma percepção elevada para os riscos”, explica Alexandre. Por esse motivo, o motorista, além da carteira de habilitação de categoria específica, precisa ter o curso de Movimentação Operacional de Produtos Perigosos (MOPP). Os demais condutores também precisam estar atentos para evitar acidentes. Para Ronaldo Dall Pos-

so, professor da área de transportes do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), todo motorista de carro, caminhão e moto deveria ser treinado para saber se comportar adequadamente quando estiver próximo a um veículo com carga perigosa. “Algumas dicas são manter distância do caminhão-tanque, fazer ultrapassagens seguras e, na primeira oportunidade, ultrapassar o veículo”, orienta. Os motoristas que trafegam com cargas perigosas são obrigados a dirigir em baixa velocidade para minimizar os riscos no transporte. Julho 2012

AutoPesado

59


programado para evitar a presença do caminhão em vias de grande fluxo de trânsito nos horários de maior movimento. Além disso, os veículos só podem estacionar em locais previamente determinados. Caso não haja áreas identificadas, o caminhonei-

ro deve evitar zonas residenciais e de grande concentração de carros e pessoas. Apenas em situação de emergência – parada técnica, falha mecânica ou acidente – o veículo pode estacionar ou parar nos acostamentos das rodovias, desde que seja devidamente sinalizado.

Foto: Lucas Moço

A legislação especifica algumas normas para o itinerário. Por se tratar de uma carga que, exposta a situações de risco, pode provocar acidentes e até mortes, é preciso evitar áreas povoadas, com reservatórios de água ou reservas florestais e ecológicas. O percurso deve ser

O transporte deve ser planejado para evitar a presença do caminhão em vias de grande fluxo nos horários de pico

Tudo em ordem Para trafegar pelas rodovias brasileiras, os caminhões são rigorosamente inspecionados e devem portar uma série de documentos. O tanque deve passar por avaliação periódica – pelo menos uma vez por ano – de uma instituição aprovada pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). “Lá, os técnicos, após os procedimentos de limpeza do tanque, vão analisá-lo. Caso esteja em boas condições, será emitido o Certificado de Inspeção para o Transporte de Produtos Perigosos, o CIPP”, explica

60

AutoPesado

Julho 2012

o professor Ronaldo, do Senai. Além do CIPP, são obrigatórios o Certificado de Inspeção Veicular (CIV), aplicável a todos os veículos e equipamentos que transportam produtos perigosos, e a nota fiscal, contendo número, nome e classe do produto e a declaração do expedidor de que a carga está adequadamente acondicionada para suportar os riscos de carregamento, descarregamento e transporte. O motorista também precisa levar a Ficha de Emergência e o Envelope para o Transporte, emi-

tidos pelo expedidor. Eles trazem orientações que devem ser seguidas em caso de emergência ou avaria. Os documentos contêm os telefones para acionar os órgãos competentes. O kit de emergência, composto por cones, fitas zebradas, calços, placas indicativas de perigo e faixas refletivas, também é obrigatório. “Quando você sofre um problema mecânico ou bate em outro veículo, esses materiais são usados para isolar o caminhão e informar aos outros motoristas que existe um risco”, conta Ronaldo.

Foto: Lucas Moço

Por onde andar

Mantenha distância Em caso de acidente ou avaria, o motorista precisa agir rapidamente. Sempre que possível, deve iniciar os procedimentos de isolamento da área, utilizando equipamentos de proteção individual e o kit de emergência, de acordo com as especificações da Ficha de Emergência. Além disso, deve comunicar as autoridades responsáveis pela administração da rodovia e as demais que forem necessárias. Outro cuidado é manter as pessoas afastadas do lugar. “Muitos acidentes foram agravados por curiosos que não sabiam o que tinha ali e acabaram fazendo coisas erradas”, explica Ronaldo. Ele destaca que os produtos perigosos podem liberar gases tóxicos e, no caso dos inflamáveis, basta uma faísca para desencadear um incêndio ou uma explosão. Quando o motorista está preso nas ferragens, os demais condutores devem avisar a Polícia Rodoviária Federal, o Corpo de Bombeiros e o atendimento médico sobre o acidente. “Eles são preparados para atender esse tipo de situação. Os outros condutores devem manter distância”, reforça Rodrigo Amorim, da ANTT.

Em situações de acidente ou falha mecânica, o motorista deve utilizar o kit de emergência e isolar a área ao redor do caminhão

Quem pode transportar Para levar cargas perigosas, a empresa deve seguir as regulamentações previstas pela ANTT para o transporte de cargas em geral. Não há normas específicas às quais a transportadora deva se adequar, porém, o caminhão deve ter docu-

mentação específica e o tanque de transporte. Há outras regras. “O tanque destinado ao transporte de cargas perigosas não pode ser usado para levar animais ou produtos alimentícios porque existe o risco de conta-

minação”, afirma o superintendente da ANTT, Rodrigo Amorim. O uso do cavalo, sem o tanque, é liberado para outras cargas. Em caso de dúvidas, a legislação pode ser consultada em www. antt.gov.br.

Julho 2012

AutoPesado

61


Foto: Osvaldo Palermo

Bem equipado

Conforto no coletivo

Redução de ruídos, acessibilidade, segurança e design moderno são características do novo Viale BRT, ônibus desenvolvido pela Marcopolo que busca dar mais comodidade aos usuários e estimular o uso do transporte coletivo. Para os passageiros, o bemestar durante a viagem é ponto forte do veículo 62

AutoPesado

Julho 2012

Julho 2012

AutoPesado

63


Tecnologia O ônibus pode vir com GPS, televisão digital, internet sem fio, câmeras de segurança, computador de bordo, além de indicação audiovisual de parada no salão de passageiros. Um sistema de gerenciamento permite que o frotista saiba, em tempo real, pela internet, sobre qualquer problema no sistema elétrico do veículo para providenciar a substituição e programar a manutenção. O sistema transmite também dados do trajeto como velocidade, estatística e consumo de combustível. De acordo com Paulo Corso, gerenciar a frota em tempo real é importante para atender demandas dos usuários, como informações sobre saída e chegada dos ônibus a cada estação. “Por ser online e estar conectado à sede do frotista, o sistema de gerenciamento pode fornecer informações sobre quais linhas de ônibus chegam a cada estação e quanto tempo falta para a chegada”.

64

AutoPesado

Julho 2012

cado brasileiro. A maior largura interna, associada à configuração das poltronas, proporciona mais área livre e facilita a circulação dos passageiros. A altura interna também foi aumentada, permitindo a inclusão de dutos de ar, alto-falantes e espaço para propaganda. O Viale possui câmbio automático e sistema de segurança para que o ônibus não se movimente com as portas abertas. O veículo atende todas as exigências dos sistemas de plataformas de embarque existentes no País, com opção de porta com 1,1 metro de vão livre na frente do rodado dianteiro e piso elevado, adaptados à acessibilidade.

Foto: Divulgação Marcopolo

coletivo em grandes centros urbanos, conhecidos como BRT (Bus Rapid Transit). Externamente, o veículo tem design futurista inspirado nos trens de alta velocidade. Os vidros laterais colados garantem maior visibilidade e proporcionam uma visão panorâmica aos passageiros. Disponível nas versões 4x2, articulado e biarticulado, o ônibus possui conjuntos óticos dianteiro e traseiro em LED para garantir melhor iluminação. “É o primeiro ônibus urbano no mercado brasileiro a contar com Daytime Running Light, dispositivo para acendimento automático dos faróis mesmo durante o dia”, explica Paulo Corso, diretor comercial da Marcopolo para o mer-

A altura interna foi aumentada, permitindo a inclusão de dutos de ar, alto-falantes, monitores informativos e espaço para propaganda

Foto: Divulgação Marcopolo

T

er mais conforto no trajeto até o trabalho ou qualquer outro destino que a correria diária exigir é desejo de todos. Para que o carro não seja a única opção cômoda no vaivém da vida urbana – e reduzir o número de veículos que se acumulam em congestionamentos –, os fabricantes de ônibus têm se esforçado para facilitar a vida dos passageiros. A preocupação se estende àqueles que viajam em pé, afinal, o caminho pode ser longo e conforto também significa qualidade de vida. Uma novidade nessa área é o Viale BRT da Marcopolo, que consumiu dois anos de pesquisa e desenvolvimento para atender aos avançados sistemas de transporte

Maior largura interna, associada à configuração das poltronas, facilita a circulação dos passageiros

Julho 2012

AutoPesado

65


Foto: Divulgação Marcopolo

Foto: Divulgação Marcopolo

Design futurista é inspirado nos trens de alta velocidade. Vidros laterais colados dão mais visibilidade

Tecnologia a favor da comodidade Computador de bordo, GPS, câmeras de segurança e câmbio automático são diferenciais do veículo

Na estrada Rogério dos Santos Lopes, controller da empresa Canasvieiras, de Florianópolis (SC), garante que, por ser mais amplo e ter mais área envidraçada, o veículo proporciona maior conforto para os passageiros. “Ele é agradável, com maior campo de visão e espaço para movimentação interna. A redução do nível de ruído também é uma característica

66

AutoPesado

Julho 2012

marcante”, afirma. O biólogo Felipe Beux, usuário de transportes coletivos na capital catarinense, confirma: “Os passageiros podem visualizar melhor o trajeto e não precisam lidar com tanto barulho depois de um dia de trabalho”. O Viale BRT também chamou a atenção dos usuários da Visate, de Caxias do Sul (RS). “Por se

tratar de um veículo que fugiu do convencional, com interior mais amplo e design moderno na medida certa, o ônibus despertou a curiosidade das pessoas e elas gostaram muito do que viram”, conta o superintendente Fernando Ribeiro, que acredita que, com ônibus mais confortáveis, é possível atrair mais pessoas para o sistema de transporte coletivo.

O engenheiro eletrônico Juan Camilo Rodriguez, da Unicamp, de São Paulo, desenvolveu uma tecnologia que oferece dados precisos sobre a qualidade dos transportes coletivos. O Sistema embarcado para monitoramento do conforto em transporte público (SEMC-TP) mede a aceleração do veículo e capta a posição geográfica e temporal dos eventos produzidos pelo modo de dirigir do motorista ou pela presença de estruturas e defeitos na pista. O sistema possui acelerômetro, GPS, sistema de comunicação via rádio e cartão de memória. Toda vez que o ônibus retorna à estação, as informações são transmitidas para um computador central por um dispositivo de comunicação sem fio. “As operadoras e as prefeituras podem ter, ao final de

cada percurso, um mapa sobre a qualidade das viagens realizadas”, explica o professor Fabiano Fruett. A tecnologia foi validada nos ônibus da linha circular interna do campus de Barão Geraldo, em Campinas. O resultado foi que, em alguns pontos, o desconforto proporcionado pelo transporte coletivo é pelo menos dez vezes maior que o causado pelo individual. “Esses dados ajudam a monitorar de forma objetiva a qualidade do transporte público”, analisa Juan. O SEMC-TP ainda não está em uso, mas a expectativa dos pesquisadores é que ele seja utilizado nas cidades que funcionarão como sedes e subsedes da Copa do Mundo e das Olimpíadas no Brasil. Fonte: Jornal da Unicamp

Julho 2012

AutoPesado

67


Grande porte

68

AutoPesado

Julho 2012

Julho 2012

AutoPesado

69

Foto: Felipe Carneiro

Guardião do mar

Nova aeronave da Força Aérea Brasileira é equipada com modernos sistemas para proteção da costa brasileira. Com 30 metros de envergadura, 35 metros de comprimento e 47 toneladas, o P-3AM é o maior avião de patrulha da FAB. O gigante dos ares devolve à corporação a capacidade de afundar submarinos em casos de conflito


possíveis invasores da costa brasileira, região que o P-3 monitora, não se sintam ameaçados, mas um cidadão comum tem a certeza de estar mais protegido ao ver de perto essa fera dos ares. Os três primeiros chegaram ao Brasil em 2011. Depois de construídos nos Estados Unidos, os aviões partiram para a Espanha,

onde foram equipados com os mais modernos sistemas de patrulha marítima. Desde que o governo brasileiro fechou contrato com a empresa espanhola que ganhou a licitação, foram cinco anos para as primeiras unidades chegarem à base área de Salvador, na Bahia. Em 2012, mais dois aviões serão entregues, mas o Brasil ainda receberá sete P-3.

veis pelo P-3, conta que um velejador holandês que estava em viagem pela América Latina se perdeu duas vezes, precisando ser socorrido pela FAB. Os casos de naufrágios também podem ser atendidos pelo P-3. Se alguma embarcação mercante estiver próximo ao local do acidente,

os tripulantes da FAB avisam sobre a necessidade de ajuda e é dever dos responsáveis prestar socorro às vítimas. Mas caso não haja apoio imediato pelo mar, o P3 lança botes salva-vidas em regiões de fácil acesso. Em cada bote cabem 10 pessoas, e há comida e água disponível.

Guerreiro dos mares

Com a descoberta da camada pré-sal, a vigilância da zona brasileira do Oceano Atlântico ganha ainda mais importância. Segundo a Petrobras, a estimativa é de que haja 1,6 trilhão de metros cúbicos de gás e óleo na área, o que coloca o Brasil como detentor de uma das maiores reservas de petróleo do mundo. No caso de embarcações que realizam pesquisas sem permissão, por exemplo, o P-3 é utilizado para identificá-las e avisar a Marinha, que faz a notificação.

A prática da pesca industrial na costa brasileira também precisa de liberação da Marinha. A FAB tem acesso à lista de embarcações autorizadas e, assim, consegue identificar ilegalidades. “A primeira iniciativa, em situações irregulares, é tentar contato com os tripulantes. Pela lei brasileira, eles são obrigados a retornar”, explica o major. Como a FAB não pode intervir diretamente nesse tipo de ocorrência, a equipe do P-3 comunica as autoridades da Marinha sobre o ocorrido.

Foto: Agência Força Aérea

A principal função do P-3AM é monitorar a costa brasileira, o que inclui controle do tráfego marítimo para identificar embarcações suspeitas, pesca ilegal, casos de poluição no mar, além de operações de busca e salvamento. O major José Henrique Kaipper, um dos aviadores responsá-

Patrimônio protegido

Foto: Felipe Carneiro

G

rande, pesado e misterioso. O P-3AM Orion faz parte do conjunto de aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) utilizados em situações de conflito e, por isso, até mesmo poucos integrantes da corporação têm acesso à parte interna. Para quem pode ver apenas de fora, a sensação é de que a aeronave é mesmo poderosa. Pode ser que os

Com a descoberta da camada pré-sal, a vigilância da zona brasileira do Oceano Atlântico ganha ainda mais importância

70

AutoPesado

Julho 2012

Na parte de trás, em uma espécie de cauda, fica o Detector de Anomalias Magnéticas, utilizado para localizar submarinos

Julho 2012

AutoPesado

71


Alta tecnologia Os sistemas da aeronave são comandados por seis consoles dispostos na lateral do corredor interior, em telas touchscreen de 21 polegadas. Por causa dessa aparelhagem de última geração, é proibido acessar o interior do avião sem permissão da FAB, regalia concedida a poucos integrantes da corporação. De acordo com o major, o sistema é operado em inglês e mantido em funcionamento por quatro geradores, responsáveis por todas as funções elétricas da aeronave.

afundar submarinos. A FAB não tinha equipamentos com essa capacidade há 16 anos, quando o antigo P-17 ficou obsoleto e foi aposentado. A aeronave tem 30 metros de envergadura, 35 metros de comprimento e pesa 47 toneladas. Atualmente, o P-3 é o maior avião para

patrulha da Força Aérea Brasileira. Para colocá-lo no ar, são necessários quatro motores ativos, que são abastecidos por 28 mil litros de combustível disponíveis nos tanques. A autonomia de voo também surpreende: as quatro turbo-hélices garantem 14 horas no ar sem abastecimento.

A FAB está em processo de treinamento dos tripulantes que farão parte da equipe de patrulha marítima. Segundo o major Kaipper, a tripulação do P-3 é de, normalmente, 12 pessoas, mas cabem até 20 no avião. Na cabine ficam dois pilotos e dois mecânicos de voo, responsáveis por dar a partida em cada motor. Kaipper é um dos aviadores respon-

sáveis e já acumula 110 horas de voo com o P-3. Para se formar piloto da FAB, Kaipper passou por sete anos de estudo, incluindo o ensino médio, cursado em Minas Gerais, e a Academia da Força Aérea, no interior de São Paulo. Além disso, a formação incluiu treinamento com aviadores mais experientes e prática de simu-

lação de voo. O local da simulação depende do tipo de aeronave que o piloto conduzirá. No caso do major, foi necessário ir até os Estados Unidos para cumprir essa fase da capacitação. Hoje, há 24 anos na corporação, Kaipper enfrenta um novo desafio: proteger a costa brasileira, um dos patrimônios mais preciosos do País.

Foto: Felipe Carneiro

Na outra ponta há o Detector de Anomalias Magnéticas (DAM). Esse radar, original do Canadá, é utilizado para localizar submarinos porque percebe as alterações no campo magnético da Terra causadas por essas embarcações. As sono-boias também ajudam a identificar submarinos. Quando jogadas no mar, elas são capazes de detectar outros radares. “Um submarino em movimento não passa despercebido pelas sono-boias”, garante Kaipper. O P-3 pode carregar 126 delas em uma patrulha.

Foto: Agência Força Aérea

Para os aviadores da FAB, o P-3 representa o estado da arte, pois possui as mais modernas tecnologias disponíveis para a sua função. Na parte da frente, o “nariz” da aeronave, o sensor térmico Forward Looking Infrared (FLIR) detecta a radiação infravermelha emitida por outros objetos. Como é um sensor de longo alcance, facilita a localização de embarcações no mar. Para melhorar a operação do radar, o “nariz” é pintado com uma tinta que permite a passagem de raios infravermelhos.

Tripulação

No “nariz” da aeronave, um sensor detecta a radiação infravermelha emitida por outros objetos

Armamento pesado Por ser um avião de guerra, o P-3 também pode transportar armas como bombas, mísseis e minas. Se necessário, um compartimento embaixo da aeronave se abre e projeta atiradores para os dois lados. Mas a grande novidade da aeronave são os torpedos, utilizados para

72

AutoPesado

Julho 2012

Quatro turbo-hélices colocam a aeronave no ar. O P-3 pode ficar até 14 horas em voo sem necessidade de abastecimento

Julho 2012

AutoPesado

73


74

AutoPesado

Julho 2012

Julho 2012

AutoPesado

75


Beira da estrada

As melhores opções da estrada

Pedágio É preciso estar prevenido para passar pelos postos de pedágio ao longo da via: um na Imigrantes, sentido sul, no km 32, e outro na

A cada edição, a Auto Pesado vai trazer informações sobre serviços disponíveis nas rodovias e lugares para fazer paradas estratégicas. O Sistema Anchieta – Imigrantes, primeiro trecho a compor a seção Beira da estrada, é a principal ligação entre a região metropolitana de São Paulo e o Porto de Santos, o maior da América Latina

O

Sistema Anchieta – Imigrantes (SAI) é formado pelas rodovias Anchieta, Imigrantes, Padre Manoel da Nóbrega e Cônego Domênico Rangoni, além de duas interligações entre a Anchieta e a Imigrantes. Todas as vias juntas somam 176,8 quilômetros de es-

tradas. A Anchieta, com mais de 60 anos, recebe toda a produção que vai de São Paulo para o Porto de Santos para ser exportada. Só em 2011, trafegaram pelas rodovias do SAI mais de 38 milhões de veículos. A Ecovias é a concessionária que administra o trecho desde 1998.

Estrada

Atendimento São disponibilizados aos usuários do SAI serviços como socorro mecânico e médico, guincho e telefones de emergência que podem ser acessados ao longo de toda a via. Ainda existem sete bases operacionais da empresa que prestam atendimento de emergência e contam com banheiros e bebedouros. O serviço de atendimento ao usuário pode ser acionado gratuitamente pelo telefone 0800-197878. Além disso, 144 câmeras distribuídas pelas rodovias monitoram o sistema 24 horas por dia.

76

AutoPesado

Julho 2012

O asfalto borracha começou a ser utilizado em 2002 em caráter de teste e, depois de aprovado, passou a ser aplicado em larga escala. Hoje, cerca de 70% das rodovias sob concessão da Ecovias são pavimentadas com esse material.

Em 2011, mais de 38 milhões de veículos trafegaram pelas rodovias do sistema

Fotos: Divulgação Ecovias

Mais da metade do trajeto é pavimentado com asfalto borracha, produzido a partir de pneus velhos. Além das vantagens ambientais, esse material aumenta a vida útil da estrada, é mais resistente às intempéries e sofre menos deformações.

Anchieta, também sentido sul, no km 31. Os veículos de pequeno porte pagam R$20,10, enquanto caminhões leves, furgões e veículos de até dois

eixos pagam R$40,20. Para os mais pesados, a cobrança pode atingir até R$120. É possível pagar em dinheiro, cupom e vale-pedágio.

uma opção para lanche e conta com posto de combustível nas proximidades. No sentido norte, no km 61, os viajantes encontram outro restaurante Frango Assado, com serviços de abastecimento e telefones. Na rodovia Anchieta, no tre-

cho Guarujá – Santos, sentido norte, há um restaurante no km 62 para almoçar com tranquilidade e descansar antes de seguir viagem. Os motoristas que trafegam no sentido oposto encontram uma lanchonete Habib’s na altura do km 17.

sível encontrar sanitários, banheiro com chuveiro quente, sala de estar com TV, área reservada para veículos com cargas perigosas, quiosques

com churrasqueira e quadra poliesportiva. Tudo com segurança 24 horas. A capacidade máxima é de 90 veículos.

Serviços No trecho São Vicente – Praia Grande da Imigrantes, sentido sul, uma dica para fazer refeições é o Frango Assado, localizado no km 15. Lá também há serviços de abastecimento, telefone e lojas de conveniência. No km 35, o McDonald’s é

Área de descanso No km 40 da Via Anchieta, os caminhoneiros tem à disposição uma área de 27,5 mil metros quadrados para descanso. No local é pos-

Polícia Militar No sentido sul da Via Anchieta, o motorista encontra postos da Polícia Militar Rodoviária no km 21 e no 29. No sentido norte, tem acesso aos postos no km 10 e no 40. Na rodovia Imigrantes, eles ficam no km 23 no sentido sul e no km 62 no sentido norte.

Há dois postos de pedágio: um fica na Via Anchieta e o outro na Imigrantes

Comunicação Seguindo o perfil @_ecovias no Twitter, os usuários recebem informações atualizadas sobre as condições das rodovias todos os dias da semana. Nesse canal também é possível interagir com a administradora do SAI e fazer solicitação de atendimento. Julho 2012

AutoPesado

77


Achados

Fotos: Divulgação

Carroceria cultural Viajando por sertões, serras, planaltos e planícies, como a maioria dos caminhoneiros do País está acostumada a fazer, o caminhão do projeto Conexão Cultural Tigre leva teatro e cinema para a grande parcela da população brasileira: a simples

78

AutoPesado

Julho 2012

Julho 2012

AutoPesado

79


Q

uilômetros e mais quilômetros. À frente, apenas chão: de terra, asfalto ou pedra, perfeito ou irregular. Basta uma estrada, mesmo que difícil para trafegar com um veículo pesado e abarrotado de equipamentos de iluminação, som e camarins inteiros, para que as cortinas dos shows possam se abrir para o público. Assim o caminhão da Conexão Cultural Tigre atravessa o País, levando arte e entretenimento aos menos favorecidos e colocando a população a par do que está em cartaz no cenário cultural brasileiro.

O roteiro é traçado no mapa de acordo com as apresentações e o orçamento. Com equipe itinerante na boleia, o Volkswagen 15180 segue acomodando duas pessoas no interior: só o motorista e um assistente que ajuda a montar o palco. Os dois viajantes também são responsáveis pela manutenção do veículo durante a empreitada, preparados para trocas de pneus e outros imprevistos que acontecem quando o assunto é rodar em estrada. O resto da equipe – atores, maquiadores e cenógrafos – vai de avião, ônibus ou carro, de-

pendendo da distância. Nos cinco anos do projeto cerca de 280 mil pessoas já tiveram acesso aos espetáculos teatrais e cinematográficos em mais de 70 cidades de sete estados brasileiros. Entre os destinos, localidades não tão conhecidas, como Castro, no Paraná, Camaçari, na Bahia, e Escada, a 63 quilômetros da capital pernambucana. O Volkswagen 15180 já ultrapassou a marca dos 40 mil quilômetros rodados – boa parte deles em estradas secundárias, às vezes lentas, de chão batido e poeira no para-brisa.

Caminhão-palco Apenas a carroceria do veículo foi adaptada, com corte de lataria e soldagem de material. Para um palco são necessários muitos quilos de apetrechos fixados para sustentar tecidos e a cenografia em geral. O corte na lateral do baú facilita o manuseio das roldanas que sobem e descem as cortinas e permite que o caminhão estacione lateralmente ao público. De modo geral, o mecanismo é simples, com um camarim montado na lateral direita da carroceria e uma escada para que os artistas subam e desçam do veículo. Na lateral esquerda abre-se uma porta, do tamanho do baú, que fica em paralelo ao solo, tornando-se o palco das peças teatrais.“A apresentação é feita através de uma porta lateral de 8 metros de largura por 2,5 metros de altura. O palco tem 7,5 metros de profundidade por 8 metros de largura, totalizando 60 metros quadrados”, detalha Jefferson Bevilacqua, idealizador do projeto.

Projeto leva atrações culturais de qualidade a comunidades carentes

Porta lateral do baú fica paralela ao solo e vira o palco das peças teatrais

Cerca de 280 mil pessoas já assistiram aos espetáculos do projeto

80

AutoPesado

Julho 2012

Julho 2012

AutoPesado

81


Mercado

Valores em Reais (R$)

Trajeto de histórias São dois caminhõesVolkswagen Constellation em revezamento. Quando um viaja, o outro fica parado. A vida útil do veículo para fazer esse tipo de serviço é a mesma do caminhão usado no transporte de carga: em conformidade com as revisões e devidas manutenções, varia entre dez e quinze anos de rodagem. Embora fique mais tempo parado, o caminhão-palco percorre estradas secundárias para chegar aos lugares mais remotos. E nessas paradas é que as boas histórias e conversas surgem: “Em cada cidade a equipe conhece mais pessoas. Os moradores ficam curiosos para entender do que se trata, como funciona e param para conhecer o equipamento. Como os projetos geralmente vão para cidades afastadas e com pouco acesso a atividades culturais como essas, a maior parte dos beneficiados nunca foi a uma sala de cinema ou assistiu a uma peça num teatro, o que torna o projeto mais gratificante ainda”, diz Jefferson Bevilacqua.

A

O camarim fica dentro da carroceria do caminhão, atrás do palco

Astran está criando

novos caminhos

Ações sociais

Rod, SC 301, nº 889, sala 01 - CEP 89.284-665 São Bento do Sul - Santa Catarina

que fazem toda a diferença

Conheça a Astran: 8 www.astran.org.br | ( (47) 3626-7193 82

AutoPesado

Julho 2012

Julho 2012

AutoPesado

83


84

AutoPesado

Julho 2012

Julho 2012

AutoPesado

85


86

AutoPesado

Julho 2012

Julho 2012

AutoPesado

87


88

AutoPesado

Julho 2012

Julho 2012

AutoPesado

89


90

AutoPesado

Fonte: Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe)

Julho 2012

Julho 2012

AutoPesado

91


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.