Vendo o mundo de outra forma

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PROJETO DE EDUCAÇÃO FÍSICA 7ºs ANOS (ABCD) Tema: ESPORTE ADAPTADO

2017


COLETIVO DE AUTORAS E AUTORES

ALICE C. RIBEIRO ALICE M. P. P. BASTAZIN ANA C. B. K. MORAES ANA ELISA DE C. ALVES ANTONIO R. A. AUGUSTO BRUNO R. DE V. CUNHA CAROLINA C. FERREIRA DAVI S. BARREIRA TIAGO M. U. MANDUCA EDUARDO R. BARBOSA ENZO C. P. MC CARDELL GABRIEL VICENTINI GABRIELA M. GOZZI GIOVANA T. L. CERVELATI GUILHERME EL BANAT DE PAULA GUILHERME F. MARTELLI GUILHERME ZANELLA JOÃO ANTÔNIO D. SERAFIM JOÃO PEDRO DE S. DOMINGUES JOÃO VÍTOR I. SÁ NOGUEIRA JÚLIA DELGADO JULIA P. ALVES LUCAS B. ALFONSI LUCCAS S. B. R. DO VALE LUIGI DE P. K. MARINHO LUISA P. HOLANDA MARIAH FERREIRA ROSA PEDRO H. S. ORTOLAN PIETRA PUGLIA NUTI RAFAEL M. DE MORAES SOFIA P. D. DOS SANTOS SOFIA SILVA LOPES

ALEXIA R. K. SAMPAIO ANA BEATRIZ BARBETTI ANDRÉ NUNES MILAN ANTONIO L. V. S. CREMASCO BIANCA L. DOMENE BRUNA T. L. CERVELATI BRUNO L. MACHADO CAIO VON ZUBEN EMILIO DE R. T. DIVANI TIAGO A. D. PINTO FELIPE V. LEVY GABRIELA B. RODRIGUES GIOVANNA S. NATALI GISELLE. ROSMANINHO GIULIA CARELLI ISABELA S. MAINIERI JOSÉ EDUARDO V. R. PERINE JULIA LIMA GRIPPA JÚLIA PRAVATO LUCAS LUCENTI RAMOS LUCCA GONÇALVES MAIA LUIZ ANDRÉ R. JUNIOR MARIA CLARA Z. MICHELINI MARIANA DELORENZO SAID MATHEUS G. DE OLIVEIRA MATHEUS P. STAROPOLI PEDRO ZAMBOTTI NOVOA SOFIA PACOBELLO FARAH SOFIA VINHA SANDRI POLI THEO ALVES DE PAULA THIAGO C. D. DE OLIVEIRA VINICIUS DE P. ROSSETTO

ANA CLARA DE S. PAGANI BRENO C. ANDREUCCI BRUNO C. TOGNOLO BRUNO G. SILVA CAIO C. BLEINROTH CAIO P. S. MARIA CATHARINA S. SZENCSAR CLARA B. CAVALCANTE DANIEL KAZITORIS DAVI A. DILLENBURG DAVI R. DE ALMEIDA ELISA L. BITTENCOURT ENZO P. STEVANATO FELIPE D. FORNAZARI GIOVANNA L. MORAES HENRIQUE P. GÜTH HENRIQUE R. M. DA SILVA ISABELA A. LANA TAÍS A. GONTIJO JOSÉ W. DE S. T. NETO LAURA P. SOUSA LUANA T. DA ROCHA SOFIA F. R. DOS S. OLIVEIRA LUCCA B. ALEO MARCELO C. DE M. SALLES MARIA A. D. A. TEIXEIRA MARIA C. VIGANI MARIANA A. P. ZAMPIERI MARINA DE L. TRESMONDI MIE G. M. RIBEIRO


ALEXANDRE H. AZEVEDO ANA C. V. MENDES ANABELLA D. PAYARO ANDREZZA C. SVERZUT DAVI J. NEGRETE HEITOR S. DE CAMPOS ISABELLA D. D. ALONSO ISABELLA H. ANESIO JOÃO A. SUZAN JOÃO P. A. DE AMORIM JULIA C. LÉPORE LORENZO D. L. P. PIGHINI LUCA A. MACHADO LUCA D. D. ALONSO LUIZ S. M. LIMA MANUELA J. A. DE MORAIS MARIA E. L. DA S. ALVES MARIA L. R. COSTA MARIANA A. PIOTTO MILENA V. BARREIRA OTÁVIO A. PINHEIRO PEDRO S. R. RAMALLO RAFAELA T. CIPRIANI REBECA M. FURTADO RODRIGO D. C. SOARES ALEXANDRE B. D. STRACHMAN ANITA M. DO AMARAL BEATRIZ D. NUCCI BEATRIZ P. MARCHIORI CAMILA M. PARISOTTO GABRIEL D. ARRUDA GABRIEL S. SCHADE GABRIELA A. DE PAULA GIOVANNA VENTURINI ISADORA R. DE S. FANELLI LETICIA P. HOLANDA ISABELLA G. AGEA

MARIA ELISA P. DE C. ROCHA MARIA PAULA DE S. RAMOS MARINA B. ALVAREZ MATHEUS DA C. VEDOVATTO ROBERTO C. CAPELLA SOFIA V. M. HADDAD THEO M. ASSUMPÇÃO TIAGO B. MASCARENHAS ALICE M. ANEAS ANA S. DE A. TOMITA EDUARDO B. A. PINTO FRANCISCO S. JULIO GABRIELA BISCA GIOVANA J. MARCHETTI GUSTAVO DE S. M. CAMPOS HENRIQUE C. CARVALHO LAURA F. ROCHA LUÍZA H. S. MOURA MANOELA A. FERREIRA MARIA FERNANDA M. ARAÚJO MARIA LUIZA T. CARLETTI MARIAH C. SILVA MATHEUS N. C. BRUSTELO OTTO P. DAVID RAFAEL B. PIOVEZANNI VITÓRIA C. G. NAKAMURA ANA LUIZA A. POLO CAMILA L. DE O. ALBIERI CAROLINA MURAKAVA CATARINA G. A. DE ARAUJO DORA GAMBERGER GIOVANNA M. RONCAL ISABELLA B. MANGILI JULIA L. FONTINELE JÚLIA V. LEVY MANOELA B. DE A. CORRAL MARIA CLARA A. GONÇALVES

AMANDA HOLZSCHUH ANA B. A. KUMAGAI BEATRIZ DE M. B. AMBRÓSIO CAÍQUE C. BIGARAM CAROLINA M. MERHY DANIEL P. DOMINGUES ESTELA S. B. PENZE FRANCISCO MAGALHÃES GABRIEL V. PORTO GABRIELA F. LINGERFELT GIANLUCA B. RODRIGUES GIOVANNA L. B. DOS SANTOS GUILHERME R. GOMES ISABELA DE S. C. MARÓSTICA JOÃO V. DE P. ALVES JÚLIA M. GALEMBECK LETÍCIA V. JUNQUEIRA LÍVIA M. DO AMARAL LUIZA C. D. CAVIOLA MARIA C. L. GONZAGA MARIA E. SILVA MARIA L. A GONÇALVES NATHAN M. DUARTE NICOLAS Q. FORESTI NINA D. A. BASSET RAFAELA S. C. ESTEVES RODRIGO R. MARQUES VITOR B. MARGARIDO VITÓRIA N. R. MOREIRA MARIA CLARA C. BATISTA MARIA F. V. DUTRA TARSILA Q. MONICI GABRIEL SPOLAOR


TEXTOS DO LIVRO - SOBRE O OLHAR - SOBRE O LIVRO 1. IMAGINANDO UM OUTRO MUNDO 2. EXPERIMENTANDO O OUTRO MUNDO 3. VENDO O MUNDO DE OUTRA FORMA - ACABAMENTO PROVISÓRIO


SOBRE O OLHAR O ato de olhar para o mundo, as coisas, os outros... Olhar reconhecido, mediado... Olhar humanizado na relação... Olhar que escuta, que responde... Olhar dialógico...

Olhar que não se restringe aos olhos... Olhar com os ouvidos, com as mãos, com as emoções, com o coração... Olhar de Corpo Inteiro...

Olhar sempre com um ponto de vista... Olhar que se permite ampliar com os outros? Olhar que impõe e não permite borrar sua identidade? Olhar diferente, mas não indiferente... Olhar que precisa de outro olhar para se perceber... Olhar inconcluso, inacabado...

Como sensibilizar e tornar o olhar dialógico? Como sensibilizar o olhar que se fecha para outros olhares? Por que determinados olhares são valorizados e outros não? Quem é cego? Quem é deficiente do olhar? Aquele que se fecha aos olhares outros? Ou aquele que olha o mundo de outras formas?

Olhar que constrói, desconstrói e dinamiza realidades provisórias... Como seria o mundo, as coisas, os outros, se apenas alguns olhares fossem possíveis? Como seria, se vários olhares fossem possíveis?


Que mundos poderíamos borrar? Que outros mundos poderíamos criar?

Gabriel Spolaor Professor de Educação Física dos 6ºs e 7ºs anos da ECC


SOBRE O LIVRO Nas aulas de Educação Física dos 7ºs anos da ECC, no mês de agosto de 2017, tínhamos como tema de estudo o Esporte Adaptado, com ênfase nas práticas corporais específicas dos deficientes visuais. Como objetivos desta tematização, tentamos permitir que os alunos: (1) refletissem sobre as possibilidades de movimento no cotidiano das pessoas com deficiência visual, reconhecendo suas potencialidades e dificuldades; (2) vivenciassem os esportes adaptados, explorando e aprendendo diferentes gestualidades e formas de diálogo corporal; (3) compreendessem as regras, os códigos, estratégias e os elementos técnico-táticos das modalidades; (4) experimentassem diferentes papéis (guia, cego, árbitro, entre outros), atentando-se para as formas de comunicação e valorizando a responsabilidade e o trabalho coletivo. Para além destes objetivos, no desenvolvimento do projeto, percebemos que, no processo de apropriação desses conhecimentos, os alunos e o professor também produziam muitos outros, dinamizando a própria tematização. O olhar se mostrou um importante elemento a ser reconhecido e valorizado nas aulas. Não estava previsto no planejamento inicial mas, no processo dialógico das aulas, começou a ser descoberto, ganhando muita importância. De que adiantaria se nossos alunos conhecessem as práticas adaptadas, as regras e formas de jogo, se não fossem sensíveis na relação com a diferença? Sensíveis com o outro, que olha o mundo de outro lugar, de outro jeito, em outro contexto? Nas rodas de conversa, nas atividades, nos diálogos, expressávamos tantas impressões, tantos conhecimentos! Diante desta intensa criação, nos preocupamos em como esses saberes poderiam ser registrados, materializados e compartilhados com alunos de outras turmas, com outros profissionais da escola e com as famílias.


Na produção de resposta para estas questões, vivenciamos estranhamentos, tensões e deslocamentos. Não eram preocupações tão comuns nas aulas de Educação Física! Mais do que uma aula para jogar, brincar e praticar atividade física apenas. Mesmo com as resistências, começamos a construir um modelo de aula que permitia a reflexão e o diálogo. Valorizamos também a expressão de conhecimentos sobre a Cultura Corporal nas suas variadas formas e linguagens. Ainda estamos descobrindo o potencial dos desenhos, das fotos, dos vídeos para guardar as experiências vividas corporalmente nas dinâmicas da aula, da lousa como local de registro dos temas conversados coletivamente e até mesmo da escrita com papel e caneta, permeando alguns momentos do cotidiano da aula. A experiência corporal traduzida em outras linguagens, traduzida por outros atos corporais que normalmente não aparecem no território das quadras. Estamos ainda em processo de elaboração de trajetos possíveis nessa perspectiva. Este livro mostra um dos trajetos construídos. Como o leitor deve ter visto na lista de autoras e autores, esse material foi escrito por muitas mãos, muitas vozes, muitos olhares e experiências corporais, em um processo de construção possível dentre tantos outros. Pretende, assim, reunir, narrar e compartilhar, na diversidade de vozes e formas de registro, os conhecimentos produzidos sobre o mundo dos cegos, dos Esportes Adaptados, assim como do nosso mundo visto de outro lugar, a partir da tematização feita com os 7ºs anos em 2017. No primeiro capítulo, trataremos das primeiras percepções dos alunos sobre como eles imaginavam o mundo e a vida de um cego no início do projeto. Como é o mundo de alguém que nunca conseguirei me colocar no lugar de fato, a menos que me torne cego? Nesse texto, contamos sobre os primeiros estranhamentos nessa relação de um “vidente” com esse mundo outro. No segundo capítulo, entraremos em contato com as narrativas dos alunos sobre a experiência de uma aula importante para a tematização, em que eles saíram vendados


para andar pela escola. A experiência corporal nesse outro mundo, traduzida em palavras e enunciados. Percebemos aqui alguns deslocamentos importantes e ricos para o trabalho. O terceiro e último capítulo, construído ao final do projeto, mostra algumas fotos e desenhos das vivências realizadas nas aulas, além de escritos compartilhando as reflexões, valores e aprendizados que mais marcaram os alunos no processo. Há que fazer um destaque importante também para a participação dos alunos do 6º ano nesse fechamento. Inspirados pelas produções dos colegas mais velhos, eles aceitaram o convite e contribuíram de forma muito interessante para a confecção do material. A intencionalidade pedagógica desses três momentos de escrita nas aulas de Educação Física tem base em alguns elementos importantes de serem comentados. O primeiro tem a ver com a possibilidade de reflexão sobre o vivido corporalmente. Poderíamos aprender as modalidades esportivas, vivenciar na prática, até conversar um pouco e mudar de tema, porém o que se perderia nesse processo? Ao materializarmos, na escrita, parte dos conhecimentos produzidos em aula - nesse caso em relação ao olhar abrimos a possibilidade de guardar as compreensões sobre o tema naquele momento do projeto e, ao retomar o material, já em outros momentos, renovar as interpretações feitas no começo da tematização. Um segundo elemento tem a ver com o conhecimento produzido corporalmente, dialogando e dando sentido para o escrito. As palavras e enunciados não tem significado em si mesmas. Elas ganham sentido e significação no uso, no contato com o mundo, no diálogo com as experiências que os autores vivenciam. Apesar de serem as mesmas palavras, cada aluno ali colocou as suas impressões singulares, tentou expressar sentidos muito particulares e dialogou com experiências corporais que somente ele vivenciou. Do corpo para a palavra e, após a reflexão, da palavra para o corpo. Para o leitor atento, o rico desse trabalho está na possibilidade de aproximação de olhares completamente diversos e singulares sobre o tema tratado em aula!


Por fim, um último elemento tem a ver com o posicionamento de quem escreve. Quem escreve algo sempre se coloca em um lugar. Os sentidos expressados nas palavras, em diálogo com o corpo, são sempre realizados a partir de um ponto de vista. Como possibilitar a ampliação dessa perspectiva? Ao pedir para que os alunos escrevessem em diferentes momentos da tematização, percebemos esse deslocamento no lugar da escrita, no posicionamento dos seus olhares. Em um primeiro momento, ainda na posição de “videntes”, imaginando como é ser deficiente visual. Depois, narrando sobre a experiência de aproximação com a deficiência, “vendo de dentro”. E posteriormente, novamente no lugar de “videntes”, já em um diálogo e lugar diferentes do primeiro momento, mostrando o que ficou de aprendizado e valores desse deslocamento. Como coletivo, chegamos em consenso de que esse material poderia ser compartilhado para que outras pessoas, assim como os meninos e meninas do 6º ano, se sensibilizassem para a questão do olhar. Mesmo sem colocar as vendas e experimentar como é ser cego, ao ler nossas palavras, esperamos que vocês percebam a existência de um outro mundo ainda pouco conhecido e discutido, que pode ser melhor compreendido. Esperamos contribuir para que os conhecimentos construídos em nossas aulas extrapolem os espaços da quadra e cheguem em outros contextos, em outras realidades, em outras percepções, promovendo novos deslocamentos.


1. IMAGINANDO UM OUTRO MUNDO COMO É POR DENTRO OUTRA PESSOA Como é por dentro outra pessoa Quem é que o saberá sonhar? A alma de outrem é outro universo com que não há comunicação possível, com que não há verdadeiro entendimento. Nada sabemos da alma senão da nossa; As dos outros são olhares, são gestos, são palavras, com a suposição de qualquer semelhança no fundo. (Fernando Pessoa)

Primeiro dia de aula com o tema de Esporte Adaptado e as questões levantadas para a discussão coletiva foram: “Como vocês imaginam o mundo de um cego? Como vocês acham que é ser cego? ” Nesse momento, a ideia de escrever um livro não havia surgido. Não estava em nosso planejamento. Porém, em resposta às questões levantadas, muitos quiseram dar suas opiniões e falar o que achavam. Discutimos por vários minutos sobre a locomoção de um cego, o uso de outros sentidos, a necessidade de ajuda, pensamento e imaginação. Todos temas tão complexos para jovens de doze anos! A intenção do debate inicial era apenas abrir a imaginação para a possibilidade de um mundo completamente diferente a ser estudado. Surpreendemo-nos com os rumos que as discussões nos levaram e, em impulso, o professor pediu para que os alunos colocassem no papel aquilo que haviam conversado no grupo. Após tantas intervenções interessantes e ricas em dúvidas e elaborações, seria um desrespeito não guardar aquilo de alguma forma!


A escrita, nesse momento, foi solicitada pensando que, após o término da tematização, os alunos poderiam ler suas palavras e perceber o distanciamento do olhar, ao final, já constituído de outras experiências. Apesar das intenções, ali tivemos um primeiro estranhamento: “Por que escrever nas aulas de Educação Física? Nós nunca fizemos isso antes!!! O que isso tem a ver com o tema de nossas aulas? Nós nem temos caderno de Educação Física!” O professor, percebendo o distanciamento no olhar, tentou explicar os motivos do pedido, a importância de ter aquela discussão anterior materializada de alguma forma para nosso estranhamento posterior em aula. Alguns alunos compreenderam, outros não tanto, mas de alguma forma todos fizeram a escrita.


A partir do exercício, foi interessante perceber que os alunos escreveram seus textos em tom imaginativo, se esforçando para tentar descrever algo que nunca foi vivenciado. Todos ali enxergavam e se colocavam nesse lugar em relação aos cegos e deficientes visuais. Nosso olhar tem sempre um ponto de vista que, para se constituir, dialoga com outros olhares. Como dizer do que não conhecemos? Como olhar para o mundo de um cego, de um deficiente visual, se nunca estivemos lá, na mesma situação? A imaginação cria essa ponte e permite o primeiro esforço de aproximação entre dois mundos tão distantes, “com a suposição de qualquer semelhança”.

SOBRE OUTROS SENTIDOS Quando você é cego, você tem os outros sentidos para se locomover ou usa uma bengala para ajudar. André


Eu imagino que a vida de um cego deve ser totalmente diferente, no ponto de vista. Ele pode imaginar como são as cores, como são as pessoas, os animais. Luana O mundo deve ser cheio de dificuldades, mas acredito que, se um deficiente visual tiver determinação, ele consegue vencer dificuldades. Giovana No mundo de cego, a pessoa tem dificuldades para fazer as coisas, mas todos os cegos também podem fazer as coisas com as outras pessoas, além de só verem preto, pois sempre existe solução para tudo. Mariana Eu acho que a vida de um cego é muito diferente da nossa pois, sem ver, os outros sentidos são mais aguçados. Enzo Eu imagino que os outros sentidos sejam mais aguçados, para que eles possam se localizar melhor. Bruno Eu acho que o cego imagina o mundo como as pessoas dizem que ele é, pois ele se inspira nas falas dos outros e “vê” o mundo do jeito dele. Henrique Ele não vê nada, porém no resto ele é igual a mim. PS: Menos na escrita, pois minha letra é horrível e a dele com certeza é muito melhor. José


A vida de um cego não é uma vida colorida. O mundo deles é de uma cor só, a preta. Imaginam cores e com sua capacidade de tentar, nem parecem que são cegos. Catharina Eu imagino que deve ser bem difícil de se localizar. Deve ser necessária ajuda e as outras coisas devem ser mais fáceis de ouvir e cheirar. Deve ser bem escuro. Resumindo, seus sentidos são mais aguçados e, a localização, mais difícil. Ele também necessita imaginar o mundo como é. Bruno Eu acho que o mundo de um cego é o que ele imagina. Se ele imagina que é bonito e alegre, é o que ele pensa. Então é esse mundo para ele. Mas todos têm uma visão diferente para o mundo e para cada detalhe dele, desde uma moeda até o universo. Enfim, sei que ser um cego no começo é difícil, mas se a pessoa apenas aceitar ser cego, ela vai descobrir que é “única”, diferente. Aceitar os fatos é o melhor a se fazer. Ana Clara Para mim, um cego cria em sua mente um mundo imaginário! Eles podem ver em preto, sem cores, sem forma... Mas cada um deles cria seu mundo conforme o tato, sua audição, etc... Sofia Para mim, ser cego deve ser como se você tivesse os seus outros sentidos bem mais fortes, pois você vai utilizar mais e com mais precisão. Deve ser difícil (e um pouco chato) você ser cego, porque os seus amigos e parentes enxergam, e você não! Mas você tem que entender que a vida “escolheu” isso para você. Laura


Na minha opinião, a maioria das pessoas sente dificuldades no começo, mas com o tempo se acostuma. Também acho que os cegos têm uma audição melhor. Os cegos têm muitas diferenças em relação a nós. Beatriz Ser cego é não ver nada. Na verdade, você também pode ver algumas cores. A pessoa que é cega tem uma imaginação muito mais fértil e os outros sentidos ficam muito melhores do que de uma pessoa que enxerga. Sofia Ser cego deve estimular muito a imaginação! Ter que imaginar e sentir deve ser difícil, pois você não tem referência de nada. Giulia Para mim, ser cego é não conseguir enxergar. Usando suas outras habilidades como olfato, tato e outros, ele consegue viver a vida bem. Isabela Ser cego é sentir as coisas principalmente com os ouvidos e o coração. Você não utiliza seus olhos. Muitos acham que é difícil ser cego, mas eles já estão acostumados. Além disso, os cegos utilizam muito a imaginação pois não tem a referência. Você possui todos os sentidos melhores, menos os olhos. Mariana Ser cego não deve ser tão difícil para ele, pois são adaptados e tem todo um preparo para isso. Por outro lado, eles têm algumas dificuldades, pois não tem noção das coisas. Sofia


Ser cego é não enxergar o mundo à sua volta. As pessoas cegas tendem a ter os outros sentidos mais apurados para compensar a falta de visão. Ser cego é depender de outros sentidos sem serem a visão. Giselle Para mim ser cego é não enxergar, porém, cada um tem um nível. Ele muitas vezes não obtém um nível grande de percepção e/ou definição das coisas, pois nunca viu a coisa ou objeto antes. Ele nunca deixa de ter outros sentidos. Giovanna Ser cego é ver a escuridão. Antônio Ser cego deve ser ruim, pois eles não conseguem ver nada. Mas o bom é que as pessoas cegas devem usar outros “recursos” do corpo, como a audição, o olfato e o tato. Julia Ser cego deve ser difícil, pois eles só conseguem se direcionar escutando o som, cheirando, experimentando e tocando nas coisas. Essas pessoas têm que imaginar como as coisas são. Bruna Ser cego é não poder ver o que é real, o formato, cor, tamanho, é não ter muita noção de espaço, mas ter uma grande habilidade no tato. O cego não “vê” a mesma coisa que vemos quando fechamos os olhos, pois se ele nasceu cego não sabe o que é imagem, cor. Bianca


Para mim, mesmo não vendo, eles conseguem saber onde estão, pois, os outros sentidos são muito mais apurados do que os nossos. Saber como é o mundo sem ver é incrível. Alice Não deve ser muito bom, porque você não tem visão. Mas, o bom é que os outros sentidos são melhores, como por exemplo a audição. Luigi Ser um deficiente visual deve ser muito difícil, pois eles não conseguem ver para onde estão indo e nem ler. Porém, eles desenvolvem mais os outros sentidos. Lucas Ser deficiente visual é uma coisa diferente. Tem seus prós e contras. Apesar de não ser possível enxergar, os outros quatro sentidos são muito mais aguçados. Luisa Um deficiente visual tem alguns problemas no decorrer da vida, como andar sozinho. Mas isso não significa que ele não seja um ser humano... uma pessoa como qualquer outra, só com a diferença de não enxergar. Sofia Deficiente visual é uma pessoa igual a todos com uma única diferença, sua visão não é presente em sua vida. Então, essa pessoa necessita de uma ajuda para fazer algumas coisas. Ao longo do tempo, essa pessoa vai melhorando em seus outros sentidos. Julia


SOBRE PRECONCEITOS Para mim, ser um deficiente visual é um pouco complicado, pois parte da população não aceita. Mas eles conseguem fazer coisas incríveis, como atletismo. Mesmo com essa dificuldade, eles conseguem e tem que utilizar os outros sentidos. Ana Elisa Para mim, ser cego é muito diferente do que todos pensam. Muitas pessoas acham que ser cego é algo muito negativo, que não é muito valorizado no mundo, mas o cego que se sobressai é tão capacitado quanto alguém que pode ver. Clara Um deficiente visual tem uma vida difícil, pois não tem a habilidade de ver. A sociedade atualmente está ruim e os cegos passam por muitos desafios. Guilherme Para mim, ser um deficiente visual é ruim, mas para você fazer esportes ou outras coisas, você precisa usar seus outros sentidos. Eu acho muito legal que o professor esteja fazendo isso com a gente, pois assim nós saberemos como é que os cegos sofrem, até porque a população tem muito preconceito. Giovana Ser deficiente visual é muito difícil, pois não é possível ler... somente em braile. E isso causa dificuldades no aprendizado. Cegos, às vezes, acabam sofrendo preconceito por ignorantes que “zoam” de suas diferenças. Davi


PROBLEMÁTICAS DE SER CEGO O mundo de um cego deve ser preto, eles têm 2 braços e 2 pernas. Como ele anda? Também não sei! Eles devem sentir tristeza por ser DIFERENTE. E deve ser difícil, hein? Felipe Eu acho que ser cega é difícil. Seus outros sentidos ficam muito mais fortes, já que não tem a visão. Você fica dependente, mas consegue imaginar as dimensões de onde você está. Mie O mundo de cego deve ser difícil e preto, ele tem que decorar o percurso onde anda e usar uma bengala. Daniel O mundo de um cego deve ser estranho, pois você não enxerga nada. A sensação deve ser diferente. Você precisa de uma bengala para conseguir se locomover e, para se exercitar, precisa de bastante ajuda. Tiago

Eu imagino que deva ser um mundo bem mais chato do que o nosso, porque ele não pode ver as belezas do mundo e da natureza. Deve ser monótono e preto. Lucca A vida de um cego é muito triste porque ele tem que imaginar as cores, as coisas e isso é triste porque cor é vida! Maria


PRETO PRETO PRETO PRETO PRETO PRETO PRETO PRETO PRETO PRETO PRETO PRETO PRETO PRETO PRETO PRETO PRETO PRETO PRETO PRETO Deve ser muito ruim, porque você não consegue enxergar nada e fazer nada, absolutamente nada facilmente!! PRETO PRETO PRETO PRETO PRETO PRETO PRETO PRETO PRETO PRETO PRETO PRETO PRETO PRETO PRETO PRETO PRETO PRETO PRETO PRETO Marcelo O mundo de um cego é cheio de obstáculos. Eles têm sempre que superar as dificuldades de maneiras diferentes de nós, pois as coisas não são iguais para todos. Isabela O mundo de um cego deve ser muito ruim. Você não pode jogar videogame, ver jogos de futebol, jogar futebol normal, enfim, deve ser horrível! Davi Para mim, ser cego deve ser bem difícil. Penso que é necessária muita ajuda para essas pessoas, pois não conseguem enxergar e nem saber como é o lugar em que você está. Mesmo com os sentidos mais aguçados, ainda há uma incerteza do que pode acontecer com você sem saber o que há em sua volta. Marina Eu acho que o mundo dos cegos deve ser ruim, pois eles não conseguem ver as coisas e nunca saberão como o mundo é realmente (cores, árvores, etc...). Eu acho que também deve ter vantagens, como: seus ouvidos melhoram, assim como, outros sentidos. Breno


Deve ser tudo mais difícil e preto. Caio A vida de um cego é quase imaginária, sem poder ver as cores ou as lindas coisas que o cercam. O mundo preto é triste, quase sem vida. Elisa O mundo do cego, se ele já nasceu assim, não seria tão ruim, pois já estaria acostumado. Mas, se ele nasceu enxergando o mundo e, por alguns motivos, perdeu a visão, seria com certeza bem ruim, porque levaria muito tempo até ele se acostumar. Caio Ser cego é não poder ver. Você tem que usar outros sentidos (tato, paladar, olfato, audição). Algumas pessoas com deficiência visual não tem ideia de como as pessoas são. Gabriela Sozinho e com outros sentidos aperfeiçoados. Alexia Você não vê nada e tromba nas coisas. Pedro Você vê a escuridão. Caio Não ver nada é viver na escuridão eterna. Anônimo


Ser um deficiente visual deve ser muito difícil, pois você precisa aprender a se virar com os seus outros sentidos também. Você é bem dependente dos outros, pois tem coisas que você não consegue fazer a partir dos seus sentidos. Pietra Ser cego deve ser muito ruim, pois a pessoa tem que lidar com as dificuldades do seu dia a dia e não consegue ver nada. Gabriela Eu imagino que deve ser bem ruim, já que você não consegue enxergar nada. Luccas Deve ser muito difícil, porque você não sabe onde está indo. Você enxerga tudo preto e deve precisar de ajuda para fazer as coisas. Guilherme Deve ser ruim, pois você não consegue ver. Os outros sentidos devem ser melhores. Gabriel Ser cego deve ser ruim, pois tem dificuldades como ler, ou andar e até dirigir. Também deve ser difícil ter que ter alguém com você por 24 horas por dia. João Deve ser bem ruim e difícil, você tem que aprender a melhorar os outros sentidos e precisa de ajuda das outras pessoas. Há coisas que facilitam, como a linguagem em braile. Guilherme


A vida dos deficientes visuais deve ser difícil pois, ao longo da vida, eles não podem ver nada. Uma dificuldade enfrentada por eles é aprender as cores, ou ler, ou assistir um filme. Outra é andar ou dirigir. Mas, mesmo eles tendo essas dificuldades, eles podem vencer na vida. Eduardo Ser um deficiente visual não deve ser muito bom. Você iria precisar de pessoas te ajudando quase o dia inteiro e você também não iria conseguir ver o mundo. Porém, você seria mais privilegiado do que as outras pessoas, pois você tem uma diferença. Rafael Ser deficiente visual deve ser difícil e diferente, pois a pessoa nunca poderá ver nada. Há cegos que gostariam de ser jogadores e, para isso, foram feitas as modificações nos jogos. Eu nunca me imaginaria sendo cega, pois deve ser muito difícil e triste. Mas há pessoas cegas que jogam muito bem, mesmo não vendo. Alice Ser deficiente visual não deve ser fácil, pois eles dependem da ajuda de alguém para fazer quase tudo, independentemente da idade. Mariah Ser deficiente visual é ter problemas em seu cotidiano e necessitar do outro para ter a visão. Na maioria das vezes, pessoas ficam cegas por acidentes ou genética. Ana


Acho que ter deficiência visual é uma coisa que altera fortemente o nosso dia-adia, nossos hábitos e rotina, pois para executar muitas tarefas necessitamos da nossa visão. Felizmente, com a tecnologia atual, acaba sendo mais fácil, muitas coisas são modificadas de acordo com essa nova perspectiva de mundo e essas novas dificuldades, afinal precisamos de ajuda para atingir nossas metas e objetivos. Carolina


2. EXPERIMENTANDO O OUTRO MUNDO

Após o primeiro momento de conversa, escrita e imaginação do mundo de um cego, tentamos nos aproximar um pouco mais da realidade de um deficiente visual. Colocar a venda nos olhos não faz com que nos tornemos cegos. Sempre haverá uma distância entre nós e eles, mas o exercício nos permite olhar para o que já conhecemos de um jeito diferente, permite-nos criar referências para que o diálogo imaginativo anterior seja outro. Partindo dessa concepção, colocamos as vendas e começamos a andar primeiro pelo espaço da quadra e depois pela escola de maneira mais ampla. Espaços conhecidos pelos alunos, mas que, na naturalização do cotidiano, já passavam despercebidos. Além desse estranhamento em relação a ser cego, queríamos também que os alunos vivenciassem o papel de guias, percebendo as dificuldades e as responsabilidades de alguém que orienta pela voz e pelo tato. O olhar do outro complementando o deles e mostrando o que não podem ver sobre eles mesmos.





Após o passeio pela escola e a corrida no campão, todos queriam contar como foi. Falavam alto, ao mesmo tempo, muitas vozes e pouca escuta. A aula foi longa e cheia de experiências interessantes para os alunos. O tempo estava terminando e não daria para todos compartilharem o que tinham sentido. Novamente, a escrita foi solicitada. Um parágrafo que narrasse o vivenciado. Aqui, a escrita deixa de ser em tom imaginativo, sobre um mundo diferente, e passa a tratar do corpo e da experiência de cada um nesse outro mundo. A escrita em primeira pessoa. Os autores se colocando no texto. Os conhecimentos produzidos corporalmente carregando as palavras e enunciados de sentido e significação. Corpo traduzido em palavras. A ESCURIDÃO Ao botar a venda tudo muda Tudo muda no escuro Em pouco tempo, percebo como o mundo é frio e duro Sou puxado pela escola Como uma serpente, o medo me enrola Com o passar do tempo, perco ainda mais a autoconfiança Me sinto como uma criança, que está perdida e sem esperança Quando chego no campão, encontro uma salvação Aliviado, tiro a venda e sento no chão Com o passar do tempo, penso que viver assim seria tenso, Pois infelizmente o mundo não é propenso para o indefenso. Davi Eu não conseguia ver, mas eu conseguia identificar onde estava pelo som, pela lembrança e pela sensação do lugar. Pude viver o que muitas pessoas no mundo passam. Alice Eu achei que foi uma experiência muito legal e diferente. Eu senti medo e dificuldade no início, mas depois eu superei isso e me diverti muito. Lucas


Para mim foi super legal ter a experiência de ser cego, mas confesso que fiquei com medo. Foi muito legal nós passarmos por isso para saber a realidade dos cegos. Giovana Essa aula foi bem legal. Na hora em que eu estava vendada, senti que ia morrer, cair, que ia me machucar, foi muita adrenalina! Apesar disso, a confiança na minha dupla me ajudou a superar esse medo. Foi bem legal, a experiência! Sofia Na aula de Educação Física de hoje, andamos pela escola com uma venda. Deume muito medo, porque eu não sabia aonde eu estava. Minha guia ia me falando e mostrando. Não sei se todos os cegos sentem isso, pois alguns se lembram de como as coisas são, mas e os que já nasceram assim? Júlia A minha experiência foi muito positiva. Pude perceber o quanto é difícil fazer uma atividade sem enxergar. Utilizei outros sentidos, como por exemplo a audição, o tato e o olfato. Percebi que estávamos na cantina pelo barulho do Ensino Médio e pelo aroma da comida da cantina. Utilizei o tato para segurar no corrimão da escada e para sentir as paredes. A atividade do campão foi a mais complicada para mim, pois não dava para usar o tato e os outros sentidos! Tínhamos que confiar muito nos nossos parceiros, que estavam nos guiando. Foi uma experiência muito rica em aprendizado! Ana Elisa Quando coloquei a faixa nos olhos, o mundo ficou preto. Não sabia se tinha algo ou alguém na minha frente. Eu andava devagar, com as mãos estendidas, tateando o lugar. Foi estranho ter que depender de alguém para andar e para viver meu dia. Ao correr, o frio na barriga aumentava e a mão apertava cada


vez mais forte. Ao parar, o alívio de estar bem e poder tirar a faixa, olhar o mundo. Nem todos podem tirar essa faixa de si. Quem pode, aproveita. Quem não pode, sonha! Sofia Eu achei que os exercícios com a venda foram na base da confiança no colega e achei essa experiência interessante e divertida! Mas fiquei medo de bater em uma parede. Ana

Ter essa experiência foi muito bom, pois pudemos ver como o cego vive. No meu ponto de vista os cegos têm que ter uma confiança muito grande em seus parceiros, saber escutar e fazer o que os guias pedem, pois caso contrário os cegos podem cair, trombar em outras pessoas. Isso causaria uma certa desconfiança de seu parceiro. Ser cego, para mim é bem desconfortável, você não sabe onde está nem com quem está falando. Muitas vezes, tive vontade de


ver o que estava acontecendo, mas sabia que não era para tirar a venda. Foi bem difícil! Julia Na última aula, nós nos vendamos e um amigo nos guiou pela escola. Eu me senti muito estranha, mas foi legal saber como é complicada a vida do deficiente visual. Achei estranho termos que confiar tanto em alguém e, quando essa pessoa saia só um pouco de perto, eu já me sentia completamente perdida. Foi difícil “me virar” algumas vezes só ouvindo a voz do guia, tendo que me basear completamente na minha audição. A experiência valeu a pena. Pietra Primeiramente, quando colocamos as vendas e fomos conduzidas por nossas duplas, eu me senti um tanto desorientada, mas depois consegui me deslocar com mais facilidades. Porém, já quando corremos de olhos vendados, eu me senti muito desorientada e confusa, achando que em algum momento eu bateria de cara em alguém ou alguma coisa. Foi uma experiência incrivelmente diferente. Gostei de experimentar ficar cega e percebi o quão difícil e estranho deve ser a vida de alguém com deficiência visual. Luisa Embora eu não tenha tido a oportunidade de correr vendada, pude perceber, só de andar, que sentimos muito medo de cair e bater em algo ou alguém. Se já foi difícil andar com um guia, não consigo nem imaginar como seria difícil andar sozinha ou, ainda por cima, ter que ler ou escrever! Essas experiências que estamos tendo em aula são muito valiosas! Carolina Para mim, a sensação de andar por parte da escola vendada foi muito legal e um pouco assustadora (preocupante), pois eu senti que não tinha mais o


“controle” de onde ir, do que fazer. Tinha que dedicar toda a minha confiança na minha colega. Não poder ver o espaço a minha volta foi assustador, pois isso é uma coisa tão simples, que só quando é tirada de nós mesmos vemos o quanto era importante. Na minha opinião, o exercício mais preocupante foi o de correr vendado com alguém preso aos seus braços. Para tudo dar certo, era precisa sintonia por ambas as pessoas, confiar na visão de um outro colega, um outro alguém... isso é algo muito estranho, você não é mais dono do seu próprio jogo! Giselle Ao andar pela escola sendo cega, percebi que não é uma coisa fácil. Também percebi que ser cega é utilizar todos os outros sentidos do corpo de forma mais precisa pois, se não tivermos um desses, os outros serão bem mais preciosos do que são normalmente, para quem enxerga. Eu gostei da experiência, mas viver assim diariamente não deve ser bom! =[ Mariana Minha sensação foi de estar em um lugar infinito, sem fim! Na corrida, principalmente, sempre achava eu iria bater no gol, pois sempre imaginava que já tinha chegado no final, porém nada aconteceu e foi uma ótima experiência. Antônio Andar como um cego foi medonho! Não via nada, não tinha noção do espaço e não sabia se eu iria cair. Ser cego é não ter noção do mundo e aprender a ver com os ouvidos. Lucca Poder sentir o que o cego sente foi uma experiência diferente e estranha, porém eu gostei bastante. Foi bem difícil e deu um pouco de medo de bater em alguma coisa. Gabriela


Ao ver como é ser cego, percebo que é muito difícil. Eu não consigo nem imaginar não conseguir enxergar nada, deve ser complicado! Pensar que você não vai conseguir ver as cores, coisas, sua família, amigos, é horrível! Pelo menos, os sentidos das pessoas cegas ficam melhores. Consigo observar também que as pessoas, depois de um tempo, já se acostumam e isso é bom. Sofia A sensação que tive ao andar vendado foi bastante diferente... percebi como um cego não é capaz de se localizar facilmente, ele passa por diversas dificuldades ao longo do caminho. São elas: obstáculos e falta de noção de espaço. Acho que, para os cegos, seria necessário um bom guia e além disso, chão tátil, linguagem adaptada. Foi legal experimentar as condições em que um cego se encontra, mas acho que não seria legal ter isso como rotina, devido ao tamanho da dificuldade. Luiz Nas últimas aulas de Educação Física, vivemos a experiência do deficiente visual. Para mim isso foi diferente, pois não estou acostumada a me guiar pela audição e pelo meu tato, gerando sentimento de insegurança e medo de cair ou bater em algo, pois eu não conseguia me localizar no espaço. Isabela Para mim, andar pela escola vendado foi uma experiência diferente, pois a gente tinha que colocar toda a nossa confiança no guia e prestar atenção no que ele dizia. Também foi estranho não poder ver nada e dava muito medo de cair, tropeçar ou esbarrar em alguém, principalmente na hora de subir e descer as escadas. Foi uma sensação nova! José


Ser cego é uma coisa muito difícil de se lidar, você não tem noção do espaço, das pessoas, da cor, de onde tem descida, escada etc... Eu tive que confiar bastante na minha dupla. Apesar de eu conhecer o espaço da escola, nem sempre sabia onde estava ou se tinha algo na minha frente. Foi uma experiência legal, mas eu prefiro o guia que encosta na gente, pois sabemos que ele está perto. Bianca Nas aulas de Educação Física, pela primeira vez nós estamos experimentando um pouco da realidade que o deficiente visual encara todo dia. Durante esta vivência, eu pude finalmente entender um pouco dessa realidade, em que eu me senti totalmente perdida, insegura e com medo de cair, bater em algo ou escorregar, pois é algo totalmente novo para mim e estou acostumada a ver as coisas o tempo todo. Giovanna Para mim, foi muito legal a experiência de fazer várias coisas do nosso dia-a-dia vendados. É ruim, a sensação de fazer essas coisas cegos, principalmente quando tínhamos que correr. Parecia que você ia bater em alguma coisa ou em alguém! Bruna Correr com os olhos fechados é muito parecido com a sensação de passear no infinito. Dá medo e parece que você pode cair em qualquer momento! Vinícius Sendo cega: passear pela escola vendada é uma sensação desconfortável, pois a escola não é muito preparada para isso mas, com o auxílio de um guia, ajuda muito.


Sendo guia: ser o guia, para mim, é muita responsabilidade, pois você que enxerga pelo seu cego. Ele depende de você para entender o ambiente. Julia Essa experiência de “ser cega” foi muito interessante e, ao mesmo tempo, amedrontadora. Pude descobrir novos jeitos de “viver”, sentir, andar e também aprender a confiar muito em uma pessoa que, no meu caso, foi o Léo. Também achei muito inovadora, essa experiência! =] Giulia Para mim, ser um cego é muito difícil de acostumar, pois você pode trombar em várias coisas e se machucar. É sempre bom ter um guia ou uma bengala, senão você fica perdido. Pedro Eu achei legal a experiência, tanto de ajudar o cego, quanto de ser cego. Eu também descobri que é muito complicado ser cego sem um guia, pois você não sabe onde está indo. Theo No dia 31 de julho, na aula de Educação Física, começamos um projeto em que nós “viramos” deficientes visuais. Nessa semana “viramos” cegos e fizemos diversas atividades em que tivemos a possibilidade de ter a noção de como os cegos vivem, transitam e fazem coisas do nosso dia a dia. Percebi que se, nessa atividade, eu não tivesse um guia, eu iria tropeçar ou ficar parada, pois não tinha muita noção de onde eu estava. Por isso, concluí que sempre devemos ajudar aos outros. Ana Beatriz


Quando eu coloquei a venda, fiquei perdido. Tudo ficou escuro. Então, eu percebi que não podia depender mais da minha visão. Passei a depender de uma outra percepção. Cada passo que eu dava tinha que ser devagar, um a um, passo a passo. Percebi que as minhas mãos passaram a ser muito importantes para me darem segurança e me localizar. Percebi a importância que uma outra pessoa teria para me guiar. Sozinho, eu estaria perdido no mundo. A experiência me fez perceber como nunca a importância das pessoas nas nossas vidas. E como devemos estar atentos a quem precisa de nossa ajuda. A importância da solidariedade. Thiago Na minha experiência, percebi o quanto dependo da visão, pois me senti perdido, sem saber onde estava ou para onde ir. Fiquei com medo de cair, tropeçar e esbarrar em alguém. Breno


A experiência de ser cego foi ruim. E pensar que existem pessoas que vivem assim por alguns anos e que nunca vão poder enxergar o mundo ou “tirar a venda”! Se você já nasce cego, não seria tão ruim quanto perder a visão no meio da sua vida. Naquele dia, como cego, eu me senti inseguro. Caio Ser cego foi bem difícil para mim. Não enxergar nada na sua frente. Ver aquele preto com medo do que ia acontecer, se ia cair ou tropeçar. Fiquei com muito medo de acontecer alguma coisa do tipo na aula. Quem já é cego e já tem certa prática em sua vida, por exemplo, os atletas da paralimpíadas, são pessoas que já tem têm facilidade de viver cegos. É óbvio que eles não queriam ser cegos, mas o jeito que conseguem lidar com as situações, mesmo não vendo nada, imaginando cores em sua cabeça, isso que eu acho muito legal em um cego. Catharina A sensação de andar vendado foi legal. A experiência foi ótima, mas acredito que deva ser muito mais difícil, pois não se aproxima muito do real de um cego, já que nós já tínhamos conhecimento do local. Bruno Passar pela experiência da vivência do deficiente visual foi interessante, pois nós pudemos ver como os cegos vivem. Laura Aula passada, tivemos uma experiência para ver como o cego vive. Alguns acham chato, mas não sou uma delas! Pelo contrário, adoro essas experiências. Andamos pela escola e admito, nunca pensei que seria tão legal! Não sabia onde estava e achei que estava em lugares onde não fomos. Essa experiência requer confiança em seus amigos e foi isso que lhes dei. Entreguei-me a eles e


confiei! Acho que essa pode ser uma lição de moral. Entregar-se junto com a confiança! Ana Clara Quando fizemos essa brincadeira de andar cegos pela escola e fazer um circuito, pude sentir e perceber como é triste, pois você tem que imaginar onde está, as cores e pessoas ao seu redor. Tem também uma grande diferença em ser cego e estar cego por causa de uma brincadeira. E é importante fazer com que a autoestima do cego não fique para baixo. Se ele precisar de ajuda, isso não custa nada e você fará uma pessoa feliz! Maria No dia três de agosto, simulamos a vida de um deficiente visual, fazendo atividades de corrida e trajeto com um guia. Meu guia me fez bater o nariz na parede, porém foi bacana conhecer o novo professor e vivenciar a atividade. Henrique Eu achei essa atividade muito boa para melhorar a confiança nos amigos e, sem querer ser pessimista mas, caso nós fiquemos cegos um dia, vai nos ajudar bastante. Esse tipo de atividade foi muito divertido para mim e eu gostaria de ter mais disso! Henrique Na aula passada, tivemos a experiência de ser cegos e sair pela escola. Me senti com medo e curiosa para saber o que estava acontecendo. Luana Ao fazer o exercício vendada pela escola, me senti muito insegura. Parecia que eu iria cair ou bater em alguma coisa. Realmente, os cegos passam por muitas dificuldades e desafios.


Maria A. Para mim, ser cega foi uma experiência muito legal que exige muita confiança em seu guia! Admito que, às vezes, pensei que ia bater a cara na parede, mas adorei passar por essa experiência. Precisa ter muita confiança e cuidado! Clara Em nossas vidas, pude perceber o quanto é difícil a vida de um cego. Giovanna Com a atividade realizada na aula de Educação Física, tive uma maior ideia de como é o mundo dos cegos. No circuito e na corrida, permanecia com certa insegurança, medo de esbarrar com alguém. Já no passeio pela escola, fiquei um pouco mais tranquila pela ajuda da guia, porém ainda com um pouco de medo de tropeçar ou me machucar. Marina Ao colocarmos as vendas para realizar os exercícios, já fiquei um tanto preocupada, não sabia o que estava acontecendo ao meu redor. Eu apenas ouvia vozes. Quando comecei a andar, eu senti medo, medo de cair ou de esbarrar em alguém, ou até bater na parede. Minha guia falava baixo no meio da confusão dos meus colegas e eu ficava confusa, pois não estava entendendo os comandos que ela me dava. Mesmo com todas as dificuldades, eu achei divertido e adorei testar meus limites, principalmente durante a corrida no campão, quando eu tinha certeza de que iria bater com tudo em uma parede ou na trave do gol. Isabela Ao ficar cega por um tempo, eu pude perceber que não é porque estou sem visão que não vou conseguir me locomover! Pude perceber que, usando o ouvido e tocando nos lugares, conseguia ter a noção de onde eu estava. Até o


nariz foi muito útil! Nessa situação, você passa por dificuldades, porém ao longo do tempo me acostumei e percebi que a sensação de estar cego é maior do que só ver PRETO. Mariana Depois de ter andado cego pela escola, percebi que a vida de um cego é realmente mais difícil do que eu pensava. Você tem que tomar cuidado com tudo, escutar muito bem as instruções do seu guia e tentar ter uma “noção” de espaço. O cego não consegue ver onde está e isso para mim é o pior de tudo, pois ele não consegue ver a paisagem e nem ver o espaço em sua volta. O cego só pode ouvir e sentir. Vou confessar: para mim, foi tão difícil ser cego na escola que tentei dar uma espiadinha, mas não deu, eu estava muito bem vendado! É realmente muito difícil ser e ter a vida de um cego! Tiago A minha experiência como deficiente visual foi muito boa, pois pude entender como é o mundo para alguém com essa deficiência. Conseguir andar pela escola sem ver nada é muito complicado, porque você não sabe ao certo onde está nem para onde está indo ou se vai bater em algum lugar. Pude perceber a dificuldade dessas pessoas, principalmente dos atletas que, além de não saberem onde estão, precisam confiar no outro, no guia, o que deixa a atividade bem mais difícil. Mariana Na última aula, senti como deve ser triste e desesperador ser cego, como deve ser difícil! Você não consegue ver com quem fala, para onde está indo, no que toca e penso que não só os atletas paraolímpicos, mas todos com essa deficiência são talentosos e merecem ser respeitados, ajudados e parabenizados. Rebeca


Hoje, dia 03/08/2017, fomos ao campão e andamos por uma parte da escola, em duplas. Nessa atividade, uma pessoa da dupla ia vendada e, na volta, a outra. No campão, nós corremos em linha reta, novamente em dupla. Uma ia correndo primeiro e depois a outra. Eu acho muito interessante que nós estamos fazendo esse projeto, pois assim podemos entender e compreender um pouco sobre como as pessoas cegas vivem. Na última aula, nós andamos pela escola com um guia e foi muito legal, ao mesmo tempo deu muito medo! Quando achávamos que estávamos correndo rápido, na verdade, estávamos devagar! Maria Luiza Na minha vez de ser cega, eu senti medo, insegurança e parecia que tinha alguém na minha frente. Na hora da corrida, parece que você é a mais rápida, que está correndo muito, mas no final está em última! Eu gostei muito dessa experiência de poder conhecer o mundo deles e me sentir assim, como eles! Ana Eu gostei muito da experiência e senti muito medo, pois não enxergava completamente nada! Uma coisa muito legal também foi a necessidade de confiar completamente no colega que está te guiando. Otávio Quando eu botei a venda, senti várias sensações, como medo, aflição e até ri um pouco. Depois dessa experiência, percebi como deve ser difícil ser cego. Adorei tudo! Lorenzo Na aula, nós trabalhamos atividades de cego. Na hora de andar pela escola, fiquei com medo, mas depois percebi que não precisava e o medo passou. Na hora da corrida, apenas corri, sem medo, e me surpreendi de chegar entre os 5 primeiros.


Davi Eu senti muito medo. Quando me vendaram, eu ouvia o barulho em todo lugar e pensei que não tinha ninguém ao meu redor. Gostei muito dessa atividade de ser um cego. Quando perde a visão, a gente usa a audição. Luiz Eu senti muito medo, pois eu estava sem enxergar nada e iria correr, então, se eu fosse descuidado, ia tropeçar, cair, me machucar. Quando estava chegando na linha de chegada da corrida, uma certa pessoa - que não vou dizer o nome colocou o pé na minha frente e me derrubou! Eu achei até que legal porque eu não me machuquei e senti muita adrenalina! Rodrigo Na aula de quinta, na atividade que a gente fez de cegos, eu senti principalmente medo e, ao mesmo tempo, felicidade, pois eu pensava que iria bater em algum poste, banco ou alguma coisa do tipo. E senti felicidade pois gostei muito desta experiência que fizemos. Pretendo voltar a fazer mais isto em outras aulas ou também na minha casa, com meus irmãos e parentes. Heitor Eu achei as experiências dessas últimas aulas muito diferente! A sensação foi estranha e confesso que senti muito medo de cair ou bater em alguma coisa e acabar me machucando. Fiquei aliviada quando soube que teríamos um guia. Agora eu sei como os cegos batalham na vida. Andrezza No começo, me senti muito insegura, pois ao mesmo tempo que ouvia minha guia dizer “anda para frente”, estava com medo de bater em um pilar ou tropeçar. Depois, na corrida, minha guia estava me puxando e eu estava com medo de bater em alguém. Quando eu era a guia, minha “cega” sempre andava


para o lado errado, ou não parava de andar, o que me deixou com um pouco de medo. Rafaela Na minha opinião, a experiência de “ser cega” foi bem interessante, pois pude perceber e entender as dificuldades de quem tem essa deficiência e principalmente dos atletas que são cegos e precisam de um guia para tais atividades. Ter que confiar em alguém, o que pode ser muito difícil. Julia Na aula de Educação Física, nós ficamos em dupla (o cego e o ajudante). Os ajudantes iam guiando os cegos pela escola sem tocar neles, apenas falando as direções. Depois, fomos a um campo enorme e fizemos uma corrida de cegos, que, na minha opinião, deu um pouco de medo na hora em que fui a cega. Isabella É algo muito diferente do que estou acostumada! Você fica com medo, pois não sabe se tem alguém na sua frente. Você acha que está na frente de todo mundo, mas na verdade está em último! É preciso tem muita confiança no seu guia. Anabella Na aula passada, senti algo muito diferente! Medo (de cair), nervosismo e ansiedade. Eu acho bom nós fazermos isso, pois nos ajuda a entender como eles se sentem. Manuela Nessas últimas duas aulas em que nós fizemos a dinâmica dos cegos, eu aprendi que a vida de um deficiente visual é muito difícil e, nas paralimpíadas, eles têm que ter muita confiança em seu guia, assim como eu tive no meu. Eu


senti muito medo e adrenalina nesses momentos. Também foi divertido guiar meu amigo, pois me senti responsável. Luca Quando nós fizemos essas atividades de Educação Física, eu estava correndo e senti que tinha um monte de gente na minha frente, mas não tinha ninguém. Parecia também que você corria muito rápido mas, na real, era bem devagar. Quando andamos todos pela escola, pensei que eu estava indo reta, mas eu estava andando torta! Deu medo e pensei que ia bater em alguma coisa. Essa experiência foi muito legal e espero que a gente faça mais vezes. Maria No começo, eu estava com medo de cair, pois eu não estava vendo nada. Eu caí e depois passou meu medo. Quando chegou a minha vez de guiar, fiquei com medo do meu cego cair. Por minha causa, isso não aconteceu. Depois foi a corrida. Eu, de olho vendado, com medo de cair e me machucar. Fui muito devagar e achei que era o primeiro. Foi legal a sensação! João Ao correr de olhos vendados, eu senti medo e receio de correr muito rápido pois, como eu não enxergava, tinha a impressão de que fosse cair, esbarrar em alguém ou bater de cabeça na trave do gol que estava do outro lado do campo. Mesmo assim, eu pensei que estivesse correndo rápido, porém estava bem devagar. Foi uma experiência única e divertida. Isabella Ao fazer a atividade de andar pela escola de olhos vendados, senti um pouco de medo de cair e me machucar, mas foi super divertido, minha amiga me guiou super bem, sem contar a parte que eu trombei com o poste, porque saí correndo.


Milena Quando eu estava correndo com os olhos vendados, senti muito medo de bater na trave, bater em um pilar, cair ou de esbarrar em alguĂŠm. Eu tambĂŠm senti muita adrenalina de apostar corrida vendado e percebi como ĂŠ muito difĂ­cil ser cego. Eu achei essa atividade legal. Luca


3. VENDO O MUNDO DE OUTRA FORMA Ficamos impressionados com as reflexões que a aquele passeio na escola provocou! As narrativas dos alunos mostram as impressões e tensões no processo de deslocamento da própria identidade, antes tão pautada na visão, no olhar do outro. Quando isso é tirado de nós, sentimos medo, dor, insegurança e tantas outras emoções! As vivências não pararam por aí! Aquele era só o começo da tematização. No atletismo, estudamos e experimentamos várias modalidades, como arremesso de dardo, disco e peso, salto em distância e corrida (que já foi comentada no capítulo anterior).





Depois do atletismo, vivenciamos algumas modalidades coletivas. O Goalball, única modalidade criada especialmente para deficientes visuais, e o Futebol de 5. Para as vivências, os materiais, os espaços e também as formas de jogo tiveram que ser adaptadas. Colocamos as bolas em sacolas plásticas para que, no contato com o chão, pudessem emitir sons. Esse referencial auditivo é importante para o cego se localizar e compreender o que está acontecendo no jogo. No lugar das traves, colocamos cones. Os guias ficavam sempre muito próximo dos jogadores, para evitar acidentes e colaborar com a dinâmica dos jogos.





Depois dos primeiros contatos com as práticas, como parte do fechamento do tema, planejamos, realizamos e avaliamos um festival interno em cada turma. Nesse evento, os alunos decidiram quais seriam as modalidades praticadas, as equipes que participariam, quem ficaria responsável pela arbitragem e registro, enfim, todas as atribuições encontradas em um evento esportivo comunitário. Essa experiência foi interessante, uma vez que possibilitou o trabalho coletivo, a construção de todo o processo em formato de assembleias, assim como a chamada de atenção para a autonomia dos alunos.


Em toda a tematização, vivenciávamos as práticas e discutíamos sobre elas, compartilhando impressões e, como pano de fundo, mas não menos importante, a questão do olhar e do preconceito sempre reaparecia. De que adiantaria aprender as práticas, as modalidades acima mostradas, se a sensibilidade para a diferença não fosse construída, desconstruída, deslocada e valorizada no processo? Ao final da tematização, na aula após o fechamento do festival, a pergunta lançada para os alunos foi: o que vocês aprenderam nessas aulas? O que ficou de importante para vocês? A escrita desse último capítulo foi realizada em grupos, justamente para potencializar o debate e a reflexão confrontando diferentes experiências e pontos de vista. Destacamos que os 6ºs anos também contribuíram com a construção do material, visto


que, sensibilizados pelas escritas anteriores dos colegas mais velhos, quiseram também que seus textos fizessem parte deste livro.

ESCRITOS DOS GRUPOS Nessas aulas, aprendemos que, apesar das diferenças, temos os mesmos direitos e devemos ser respeitados por isso! Porém, temos diferentes pontos de vista e, com isso, podemos perceber as nossas diferenças e ajudar uns aos outros. Respeito deveria ser natural, mas na sociedade é conquistado. Não importa a raça, cor ou etnia, todo cidadão tem que ser tratado igual. Cego, mudo, surdo e deficiente,


são gente como a gente! Fazem o que fazemos, comem o que comemos, então por que tratá-los diferente? Deficiência pode ser genética, classe social, oportunidade, se temos preconceito com isso, o que vai acontecer com a humanidade? Beatriz, Francisco, Carol e Julia

Apesar de só experimentar uma parte dessa realidade, já tivemos muitas dificuldades. Não éramos experientes em andar sem a visão nos ajudando, e muitas vezes nós trombávamos ou tropeçávamos, pois os nossos parceiros não eram experientes também. Aprendemos que o deficiente visual, apesar da sua deficiência, não é impedido de realizar diversos esportes e atividades físicas, como corridas, lançamentos de dardos e discos, goalball, e outros... é claro, com ajuda! Aprendemos também que o preconceito acontece quando só um dos pontos de vista que cobram a nossa sociedade é enxergado. Se nós não tentarmos ver o outro lado, seremos egoístas e é aí que nasce o preconceito. Às vezes, por não querer enxergar o outro lado, criamos uma barreira, para nos “proteger” do diferente. Somos nossa própria barreira. Não podemos deixar essa barreira nos cegar. Alice, Carol e Sofia

Aprendemos que ser cego NÃO é fácil nem legal, pois precisam de ajuda e devemos respeitá-los de maneira racional;

No começo dessa aprendizagem percebemos que ser cego é uma grande vantagem


Para participar dos jogos tem que haver muita coragem. É uma luta sem fim, pois o cego é lutador pelos seus sonhos e sempre será assim!!

Ser cego é ter uma vida de amor e emoção, pois não se enxergar com os olhos mas sim com o coração.

Letícia, Maria Cecília, Estela e Rafaela.

“Preconceito: a diferença olhar do outro” O que é preconceito? Por que ele existe? Há várias perguntas que não conseguimos responder e, as que conseguimos, respondemos com mais perguntas. Mas há uma pergunta que não podemos ignorar. Por que temos preconceito com quem é “diferente”? Ninguém nasce preconceituoso, aprende a ser. Talvez tenhamos preconceito com o diferente porque temos medo dele. Um medo meio ridículo, se formos pensar, pois não importa se você é cego, mudo, surdo, ou não tem deficiência, mesmo assim somos todos diferentes e o diferente pode não ser algo ruim. Laura, Isabela e Taís

Aprendemos a respeitar as deficiências, pois cada um tem suas preferências. Devemos aprender mais, para entender que somos todos iguais. Todos temos o mesmo direito, e por isso não podemos perder o respeito. Fizemos essa rima,


para ensinar que a desigualdade não leva a lugar nenhum. Nathan, João, Caíque, Rodrigo

Em um minuto, você enxerga o mundo e logo… PUM... um blackout, como se o mundo fosse tirado de você. É como uma luz que, quando você menos espera, se apaga. Para algumas pessoas, não ter visão é possuir uma fraqueza porém, até você estar cego, você nunca vai saber como é estar no lugar dessa pessoa. As coisas não acontecem por um acaso, como a construção de um lego... por um momento a imaginação vem e não tem como segurá-la, o mundo é um lugar vasto e parte dele está pronta para levá-los aonde quiserem. Ser cego é ser normal. Ser cego É não enxergar, é depender dos outros sentidos para viver e andar... É precisar de animais e pessoas para se orientar... Identificar o lugar a sua volta para assim aproveitar... Uma vida que para alguns pode ser limitada Mas que, para eles, pode ser vasta... O respeito é uma coisa muito preciosa nesse momento, pois sem ele o mundo anda mais “lento”... Preconceito diante deles, aqueles que não os respeitam... as pessoas, aquelas que não têm o direito de falar o que é normal, porque o normal pode ser o diferente. Bianca, Sofia, Julia, Giselle, Ana


Dicionário de opiniões: Cego: 1- Aquele que é privado da visão; 2- Dependente; 3- Se esforça para viver, vive para se esforçar; 4- Deficiente; 5- Incapaz; 6-Coitado; Esse é normalmente o olhar de uma pessoa que enxerga, mas não vê. Não vê que cego também é gente, talvez um pouco diferente, mas todos nós nos tornamos especiais por aquilo que nos torna incomuns. Então não julgue, pois a experiência de ser cego só vem com a vivência. Giovanna, Maria e Mie

Sem preconceito, pois não temos o direito de julgar as pessoas do jeito que são. Sua deficiência não é motivo de risos, porque todos têm seus valores e dores. Com esse projeto, aprimoramos a ideia de respeitar pessoas com variados tipos de dificuldades, pois suas habilidades, inclusive no esporte, mostram seu forte ao mundo, unindo tudo. Manuela, Isabella Alonso e Milena Ser cego é muito além do que ver o preto, é alcançar seus limites e exercitar outros sentidos. Parece ser algo difícil, negativo, mas é apenas uma questão de costume. O cego que sobressai mostra que os cegos podem ser valorizados. Em nossas aulas, pudemos perceber a realidade de um cego no mundo e que ele necessita ser valorizado, respeitado e ajudado. Enfim, as pessoas precisam ser reconhecidas na sociedade, pois são como nós. Marina, Clara e Mariana

Entre os cegos e nós há um rio com muitas corredeiras, desafios e podemos escolher atravessá-lo ou deixar que a névoa esconda o que queremos ver. Nas aulas de Educação Física, aprendemos a respeitar e aceitar, além de sentir e


entender como é estar do outro lado do rio. Vivenciamos as dificuldades, desafios, tristezas e felicidades de ter deficiência. Jogamos, corremos e andamos com vendas nos olhos, podendo cada vez mais sentir e aprender como é estar no lugar deles. Porém, com uma diferença, sabíamos que, a qualquer momento, poderíamos voltar ao outro lado do rio, apenas tirando uma venda, não tendo o medo de não poder voltar a enxergar. Mariana, Julia e Rafaela

Ser cego por um dia foi muita pressão! Você não pode enxergar e tem medo da escuridão. Fomos para o galpão e depois para o campão, enquanto isso, nossa visão parecia um borrão. No campão, fizemos a corrida com muita atenção! Precisávamos de ajuda, pois era muita tensão! E no salto em distância, então... Tínhamos que usar muito a audição. Não sabíamos para onde íamos nem a hora de pular... o maior problema era quando estávamos no ar, não sabíamos se íamos cair no chão ou no colchão! João, Bruno, Lucas e João

No começo tudo é claro e límpido, coloco a venda e chego em um mundo sem fundo. Me sinto como um cego, fico com um pouco de medo e com frio nos dedos. Na hora do jogo, faço um “bolo”, pois não consigo enxergar. Finalmente compreendo a dificuldade das pessoas deficientes. Não devemos humilhar e sim respeitar. Para nós, a vida é difícil, mas pense como é a vida de um cego! Matheus e Tiago Uma experiência incrível e inesquecível que tivemos a honra de poder viver. Por pouco tempo, vivemos como algumas pessoas vivem a vida toda. Sem enxergar, sem perceber e sem conhecer a beleza que o mundo tem. Quando tirei a venda, voltei a ver o que o mundo tem para me oferecer, porém fiquei pensativa, pois algumas pessoas nunca fizeram isso na vida. Essas pessoas não enxergam com os olhos e sim com o coração, e essa é a verdadeira união. Ao tirar a venda, senti uma grande emoção que morreu meu coração, senti que estava livre e solta para o mundo. Cego, para alguns, pode ser uma grande tristeza e para outros uma grande beleza, cego com os olhos, mas comovido com o coração e isso é uma grande emoção! Manuela e Laura


Para ser cego, é preciso aprender que não é somente com os olhos que podemos ver. Saiba como agir diante das situações e a reagir a diferentes opiniões. Tenha vontade de acordar todo dia bem cedo pois, ao enfrentar o mundo, não devemos ter medo! Temer? Jamais! Os direitos são sempre iguais! Mesmo para quem tem deficiências visuais! Viva mais todos os dias, não deixe nada te impedir. Pois tudo que você quer no mundo, você pode conseguir. E eu posso dizer: eu não nego, gostei muito da experiência de ser cego. Luisa, Julia e Davi

O mundo de um cego é difícil, tem que ter coragem para tanto perigo. Depois de tanto esforço e treinamento, podemos saber como é a vida de um ser atento. Depois do festival, vimos o quanto é perigoso e conhecemos quem realmente somos. Para finalizar, queríamos agradecer por tudo que nos fez passar. Felipe, Tiago, Henrique e Daniel

Nesse momento de aprendizagem em nossas aulas, percebemos que cada momento é como uma pecinha de mosaico que, juntando, formam uma sociedade sem preconceito em relação aos deficientes visuais. Em algumas de nossas experiências, ocorreram coisas desagradáveis - até em nossa escola, com os alunos mais velhos, que parecem ter um formato de vida e olhar já formado. Com isso, percebemos que olhar com os olhos não é a mesma coisa que sentir com o coração. Os cegos devem ser considerados vitoriosos, pois eles se esforçam muito mais que nós para mostrar que uma deficiência não é uma barreira para a vida e sim uma entrada para um novo mundo. Assim, pudemos perceber que cada peça do mosaico é uma dificuldade diferente, mas que não deixa de ser uma conquista muito bonita. Manoela, Maria Clara, Giovanna e Camila

O cego é como um aventureiro numa grande jornada cheia de obstáculos e perigos à frente. Com seus olhos “vendados”, vai à procura de alguém que não tenha preconceito em ajudá-lo. Caminhamos na escola de olhos vendados e


alguns amigos receberam atitudes ruins pelas pessoas mais velhas, parando-os no meio do caminho. Por isso, pedimos a você, que está lendo isso, que tenha cuidado com suas atitudes. Quando puder, ajude a quem precisa. Sendo cego ou não, ele pode precisar. Carolina, Dora, e Maria Fernanda

Não somos capazes de sentir o que os cegos sentem, mas quando colocamos as vendas, nós ficamos com medo de uma coisa: do desconhecido. Nem todos da sociedade entendem como é difícil ser um deficiente visual, ser dependente das pessoas para ajudá-lo a ver o mundo com outros olhos. Quando tivemos a experiência de colocar as vendas e sentir como é o dia-a-dia do cego, tivemos várias reações e tivemos que usar vários outros sentidos, como a audição, tato e olfato. Confessamos que experiência não foi tão boa. No dia em que andamos pela escola, em alguns momentos não houve respeito, como na parte em que o Ensino Médio saiu e começaram a “zombar“ de nós, nos cutucando e entrando no nosso caminho. Se para nós foi difícil andar pela escola, imagina o cego andar pelo mundo a fora? Achamos que o respeito começa desde já. Alice, Julia, Sofia, Ana, Ana Elisa, Giovana e Mariah

Atualmente, muitas pessoas ficam falando e organizando projetos contra o preconceito. Achamos importantes, essas ações, porém percebemos que o preconceito está presente em todo a nossa volta, não só com diferenças físicas, mas também por crenças, ideias, caráter, problemas pessoais e atitudes. Poucas pessoas reconhecem e aceitam as diferenças dos outros. Também, muitas pessoas não reconhecem a presença do preconceito à sua volta e, ao invés de minimizar o problema, acabam, sem intenção, aumentando-o, tornando-se cegos em meio a sociedade. Muitos cegos, apesar de muitas vezes sofrerem preconceitos, se sentirem envergonhados e não conseguirem enxergar a luz e as cores ao seu redor, conseguem enxergar a luz no final do túnel de uma vida de glória. O pior cego é aquele que não quer ver. Bruno, Davi, Luana e Sofia

Durante essas aulas, aprendemos as dificuldades da vida de um cego. Para aprender isso, nos colocamos no lugar do cego e fizemos várias atividades. Durante elas, tivemos dificuldade de nos localizar e de nos locomover, apesar de estarmos com um guia confiável. Depois, fizemos o festival, onde


competimos em 4 grupos. Foi uma ótima experiência! Discutimos sobre o preconceito e como ele estava presente no mundo. Concluímos que não podemos ter preconceito, mesmo que, infelizmente, muitas pessoas tenham. Camila, Marina, Beatriz e Isadora.

Só percebemos a importância do olhar depois que perdemos, pois ser cego não é nada fácil. É uma luta dia após dia, mas o olhar não é o mais importante. O mais importante mesmo é o que vivemos e sentimos. Percebemos que ser cego não é nada simples, pois acordar e não poder ver o que há em sua volta não é nada fácil. Devemos respeitar e tratá-los iguais, pois são pessoas como nós; Todos têm que receber os mesmos direitos, sem preconceito e sim com respeito! Ana, Catarina, Isabella e Julia

Nessas últimas aulas nós sentimos a sensação de ser cego. Nos sentimos inseguros, com medo, porém sabíamos que tínhamos uma pessoa (guia) para nos ajudar. Nós refletimos sobre como podemos ver o mundo de diferentes formas e ângulos. Andamos pela escola, jogamos diversos jogos como goalball, pique-bandeira, futebol de cego, corrida, salto em distância e arremesso de disco. Após isso, fizemos um festival, agrupando várias das atividades acima. Também conversamos sobre o preconceito contra os cegos. Eles podem ter deficiência visual, porém, mesmo assim, sentem o que sentimos, comem o que comemos e cheiram o que cheiramos, então todos devem ser considerados iguais, ter os mesmos direitos e mesmas oportunidades. Gabriel, Gabriel e Roberto

Sou cego mas também vejo, vejo o mundo de outra forma. Mas, sendo cego, muitas coisas se aprendem.


Sou cego e sou deficiente, muitas pessoas acham um problema mas, a partir disso, ensino muita gente. Sou cego e, sendo cego, abro mais portas para minha vida e abrindo essas portas vejo que o mundo tem muitos defeitos. Sou cego e não entendo como acham que o cego tem mais defeito que você mesmo. Sou cego, sou experiente e, com essa experiência, vejo o preconceito por todos os lados. Você que está lendo não é cego. Eu te respeito e quero, com esse meu ato, que você também me respeite. Alexandre e Theo Jogar de olhos vendados é muito difícil, pois você precisa muito do seu ouvido para chutar, defender e jogar a bola. No campão, nós acabamos tendo um conflito: as pessoas começaram a correr atrás das outras e nós criamos um pega-pega que foi bem divertido e emocionante, pois as pessoas vendadas tinham que desviar das pessoas que estavam fazendo outros esportes. Deu muito medo de cair e se machucar. Nós aprendemos a respeitar os cegos e tivemos a experiência de como é viver sem a visão. Ser cego é muito difícil e,


por isso, nós não deveríamos ter preconceito. Deveríamos tratá-los bem, pois eles também são humanos, iguais a nós. Luca, Pedro, João e Heitor

Nessas aulas, aprendemos como os cegos se sentem ao praticar atividades físicas e percebemos que eles têm dificuldades em seu dia-a-dia. Nesse tempo em que nos colocamos no lugar deles, a sensação foi de muita insegurança, medo e curiosidade para saber o que havia ao redor. E percebemos que, ao jogar, eles não necessitam da visão, mas sim de outros sentidos. Por que ter preconceito com o cego, se por dentro ele é igual a nós? Vocês já pararam para pensar como é a vida de um deficiente? Como eles se sentem? Afinal, o que os olhos não enxergam, o coração não sente! Maria Elisa, Maria Paula e Leticia

Temos que começar a mudar a sociedade. Cada um tem um ponto de vista, mas todos temos que entender isso. A nossa classe é mista, todos temos as nossas características. A experiência depende da mente De cada gente... Se não tivermos pensamentos diferentes, acabaremos tendo a mesma mente. Se cada um fizer a sua parte, acabaremos tendo uma boa sociedade. Nem todos somos perfeitos, pois todos têm os seus defeitos. Mas temos que aceitar isso, pois sempre seremos mistos.


Não importa a nossa idade, temos que começar a mudar a sociedade, pois desse jeito acabaremos com o PRECONCEITO! Rebeca e Maria Luiza

A vida é uma experiência, uma experiência que não podemos negar. Para algumas pessoas, há algumas dificuldades para viver, dificuldades para se mover, ouvir, ver, pensar. O cego não consegue distinguir uma beleza de uma feiúra. O surdo não consegue distinguir um elogio de um xingamento. Será que você consegue distinguir o certo do errado? Eu acredito que existem duas dificuldades para pensar. A deficiência mental e a deficiência de entender que todos somos iguais. A deficiência de entender que um problema não define uma pessoa, um ser humano, mas define uma vida. Uma vida com problemas, escuridão, silêncio, preconceito e algumas vezes diversão. Eu só queria dizer uma coisa para as pessoas com deficiência de respeitar os outros: se coloquem no lugar deles e pense se o que você fez ou o que você está fazendo está certo ou errado. Pensou? Está feliz com isso? Giovana

Todas as pessoas são iguais, por isso temos que respeitá-las. A discriminação é um jeito de dizer que não acreditamos na humanidade. A experiência de ser cego foi uma oportunidade de ver o mundo com o coração e não com os olhos. Saber o dia-a-dia de outras pessoas, o que sentem e como enxergam a multidão ao seu redor. Com certeza, ser deficiente visual não deve fácil, porém não faz com que a pessoa deixe de ser feliz, ou deixe de poder viver como qualquer outro ser humano. As diferenças que transformam o mundo! Julia Lemos, Tarsila e Maria Clara

Nessas aulas, aprendemos que ser cego é enfrentar vários preconceitos que podem ser combatidos de diferentes maneiras. Após vivenciarmos essa experiência, percebemos que não é uma coisa fácil. Para alguns, ser cego significa uma vida com muito limites e, para outros, um grande campo de oportunidades.


Não podemos ter preconceito, isso jamais será feito. Após nossa experiência, tivemos consciência, a respeito do preconceito. Os cegos enfrentam grandes dificuldades, que serão vencidas Com o apoio da sociedade. Isabela, Maria, Vitória e Gabriela

Com essas aulas, aprendemos que a vida de um cego é bem difícil e insegura. Se você não tiver um guia, você pode se machucar. Também aprendemos que o esporte realizado com os deficientes visuais é muito mais difícil, pois você se sente perdido e com medo de se machucar. Podemos concluir que a vida de um cego é muito difícil. Caio, Caio e Lucca

Durante algumas semanas, nós vivenciamos a experiência de sermos cegos, algo muito diferente do que estamos acostumados. Nós fizemos várias coisas, como andar pela escola sem enxergar, fizemos atletismo, jogamos goalball, futebol, pique bandeira e, no final, fizemos um festival. Nós percebemos que os cegos não são apenas pessoas que não enxergam, mas são também pessoas que superam obstáculos todos os dias. Foi muito legal ser um cego! Gabriela, Maria, Giovana e Bruno

Tem que ter respeito no nosso conceito. Esse é consenso. Tem que ter respeito com os mais velhos e a pessoa que tem deficiência. Sem preconceito, um mundo unido é nosso pensamento.


Nosso desejo está feito. Luiz, Rodrigo e Amaral

O cego pode ser surpreendente, é gente como a gente e, por isso, diferente. Vivem em uma realidade não vivida pela sociedade, isso gera curiosidade. Como é ser cego? É chato ou legal? Foi o que perguntamos. Na verdade, não é chato nem legal, é normal. É ser gente com um diferencial! Rafael, Otto e Henrique

Todos nós devemos tratar todos iguais, não importa se ele(a) é deficiente visual. Se você que está tratando uma pessoa assim, tente se colocar no lugar dela. Você irá saber que não é fácil. Eles(as) superam tudo. Maria Eduarda Lopes

Aprendemos a respeitar as pessoas com algum problema físico, visual, entre outros. Fizemos experiências de como é ser um cego e, para nós, foi muito difícil, mas para os cegos isso é o normal e tivemos que respeitar isso! Também aprendemos que, se a vida deles já é difícil, se desrespeitarmos a situação deles, isso só irá piorar. Um esporte que gostamos muito foi o goalball, pois utilizamos os sentidos da audição, tato e gostamos de perceber como eles realmente vivem e jogam. Guilherme, Nicolas e Vitor

Escuridão, insegurança, o impossível é só questão de opinião. Ser cego é isso, ter coragem para continuar e tentar alcançar seus objetivos. Você não sabe o que vai vir, porém tem que tentar ir, nunca desista, sempre existe uma saída. O medo cega nossos sonhos, na vida poderão vir obstáculos, o importante é superá-los. Em nossas aulas, começamos com medo, sem coragem, porém com o tempo aprendemos a confiar em nosso guia e continuar assim mesmo. Tiago, Luccas e Eduardo

Nessas aulas, aprendemos que devemos respeitar os cegos, pois eles são seres humanos. Desde quando colocamos a venda, começamos a sentir o mundo de


um jeito diferente, como os cegos enxergam o seu mundo: retirando o nosso ponto de vista preconceituoso e olhando o mundo de um modo mais amplo. O ponto de vista do outro, para nós novo, diferentes uns dos outros. Então eu sinto, e cito: Somos diferentes, todos como a gente. O respeito pode não estar presente, mas aceite o diferente. Diga adeus ao preconceito, e tenha respeito. Anita, Sofia Haddad, Giovanna

Durante o projeto, nós aprendemos a ter respeito por todos. Cada um tem sua personalidade, não podemos ter preconceito pelo outro por ser diferente pois, no fim, todos somos iguais. Também aprendemos que estas pessoas “diferentes” dão seu jeito e conseguem fazer o mesmo que as outras. Conseguimos perceber isso com a experiência de ser cego e conseguimos nos colocar no lugar dessas pessoas, percebendo como é a vida deles. Luca e Davi

Aprendemos que, mesmo não podendo ver, não precisamos sofrer. Temos que esclarecer para a sociedade que preconceito é maldade. Existem problemas na visão, tato e audição mas, acima de qualquer deficiência, falar sem pensar é a maior doença! Fomos no campão e nós discutimos de montão. Com essa experiência, entendemos mais sobre a deficiência.


Não devemos falar como se os cegos não fossem normais, pois somos todos iguais. Devemos continuar passando essa lição para uma melhor geração. Mariah, Maria Fernanda, Gabriela e Ana.

Aprendemos que os cegos usam todos os sentidos para se locomover no ambiente onde estão. Percebemos que a vida dos cegos é muito mais difícil do que a nossa. Eles têm várias opções de guias e, quando nós estávamos vendados, andando, dava a impressão de que a gente ia cair. Ficamos com medo de confiar no guia, às vezes, era uma sensação estranha! André, Vinicius, Thiago e José

Ser cego é difícil, é uma experiência diferente, precisa de guia o tempo inteiro, se não, bate de ré no pente. Todos precisamos de mais respeito, um é igual ao outro. Independente da sua aparência, cada um tem sua experiência. Beatriz, Gabriela e Isabella

Tivemos a experiência de aprender como os cegos se sentem na sociedade. Tivemos muitas dificuldades em realizar as atividades e, com certeza, agora, depois de tudo, temos mais respeito não só com os cegos, mas com todos, pois podemos sempre nos colocar no lugar deles. No futebol de cegos, tivemos uma experiência legal e foi muito estranho, pois um esporte super comum se tornou algo diferente. Nem todos tiveram essa oportunidade. Lorenzo, Alexandre e Otavio

Nessas aulas, aprendemos como é difícil ser deficiente visual e a respeitá-los do jeito que são, experimentando esportes de cegos nas “olimpicegos”. Também passeamos pela escola vendados para ter um pouco mais de experiência. É um absurdo que existam pessoas preconceituosas com deficientes visuais, pois eles não escolheram ser cegos. Gianluca, Daniel e Gabriel


Para nós, essa experiência foi muito interessante, pois aprendemos que precisamos confiar mais nas pessoas. Sem essa confiança, não conseguiríamos nos comunicar, ir onde queríamos. Aprendemos como a audição e a concentração são importantes nos jogos, porque como não estamos vendo o que está acontecendo, precisamos nos concentrar para ouvir a bola ou as pessoas para conseguirmos jogar. Depois de tudo isso, aprendemos que não precisamos ser perfeitos para realizar nossos sonhos, é só confiar e ir atrás. Ana, Luiza e Giovana

Aprendemos que não podemos julgar as pessoas por suas características, pois somos iguais. Nosso dever é ajudar pessoas com dificuldades! Em uma de nossas aulas, fizemos uma dinâmica e aprendemos que todos temos olhares diferentes. Percebemos que a vida destas pessoas é muito difícil mas, só por conseguirem fazer as coisas que nós fazemos, são heróis que, cada vez mais, estão conseguindo seu espaço na sociedade. Concluímos que estas pessoas são muito importantes para a sociedade, mas mesmo assim tem outras que ainda não os respeitam. Nina, Maria Laura, Lívia e Amanda

Os cegos podem viver, querer, sonhar, conquistar. Mas isso nem sempre será fácil de realizar. Ser cego não é fácil, mas tem que ser assim. O preconceito existe e tem que ter um fim. Os cegos são especiais. Eles não têm menos, e sim mais. O mundo preto eles sempre terão que ver, sem nunca parar de crer, que um dia vão voltar a ver. Nós tivemos a experiência de ser cego por um dia, mas eles têm que sentir alegria. Tivemos a sensação de ver o mundo com o coração. Vitória, Maria Luiza, Luiza e Alice

Nas aulas de Educação Física, aprendemos sobre a convivência, tendo uma ótima vivência. Ser cego é difícil, então aprendemos a lidar com isso. Entendemos mais sobre o respeito e descobrimos que não se pode ter preconceito. A experiência com os esportes foi legal e, o evento, sensacional. Eduardo, Francisco, Gustavo e Matheus


Nessas aulas, aprendemos como os cegos se sentem. Vimos as dificuldades enfrentadas por eles. Para nós, dói mais saber como é o mundo com visão e perdê-la depois do que já nascer sem visão. Aprendemos também como esses cegos batalham na vida e, até hoje, não sabemos como conseguem. Como tem ânimo de acordar e levantar da cama e sair mundo a fora batalhando e fazendo coisas que nem todo mundo tem coragem de fazer. Ana, Isabela, Andrezza

Durante as aulas de Educação Física, observamos que ser cego é muito difícil, porque você tem que ter muita confiança e depender muito das outras pessoas para sobreviver. Isso é muito difícil! Tivemos que testar nossos outros sentidos e usarmos deles para nos guiar. Sem poder ver, temos que usar nossa audição e tato para sabermos onde estamos e aonde devemos ir. Com a nossa experiência, pudemos ver que o preconceito é incabível nessa situação, já que a vida deles é muito complicada. Antônio, Gabriela e Pietra


ACABAMENTO PROVISÓRIO Depois de tantos enunciados singulares e potentes, como terminar esse trabalho? Tarefa difícil e talvez impossível (assim esperamos)!!! Trabalhamos muito para que esse projeto se materializasse e nos espantamos com o resultado! Ele mostra um pedacinho dos conhecimentos que produzimos nas aulas de Educação Física durante a tematização do Esporte Adaptado. Apesar do aparente acabamento do trabalho, esse será sempre provisório! Temos esperança de que esse trabalho nunca se feche de fato. Cada vez que alguém tomar contato com estes escritos, gostaríamos que novos deslocamentos fossem produzidos, novas produções de conhecimento. Pensar sobre isso nos alegra muito! Acreditamos que, assim como esse texto se manterá vivo a cada nova leitura, produzindo efeitos na vida de quem lê, esse projeto também deixou marcas na vida do professor e dos alunos que ajudaram na construção do material. Em diálogo com estas reflexões, nosso olhar e nossa constituição como seres humanos também se manterá viva, em dinâmica a cada encontro, a cada ato, em resposta aos outros e ao mundo! Nas aulas, quando tratamos do corpo nas práticas corporais, do gesto como ato, como forma de agir no mundo, tentamos sensibilizar nossos alunos sobre a responsabilidade que temos pela nossa existência, assim como para com a existência dos outros que nos rodeiam, dos outros que compartilham do mundo que vivemos. Nossos atos provocam outros atos e, nesse processo, que mundo estamos ajudando a construir? Nosso olhar é limitado pelo nosso ponto de vista, porém, na relação, na escuta, na abertura para a diferença, para o outro, assumimos nossa incompletude e percebemos tudo aquilo que, sozinhos, não conseguíamos ver. O outro, seja ele quem for, sempre nos mostrará o que não podemos ver do nosso lugar. Ser responsável assim não se consolida apenas nos cuidados do nosso agir individual no mundo mas, sobretudo, nos diálogos que estabelecemos com os outros para agir coletivamente!


Por fim, seria um erro dizer que, nesse trabalho, permitimos que nossos alunos aprendessem a olhar e escutar o outro que os rodeava, o outro deles mesmos. Não aprendemos isso, apenas reconhecemos esse movimento no nosso próprio processo de constituição como seres humanos! A alteridade, capacidade de perceber o outro, colocarnos no lugar dele e depois voltar para o nosso lugar com outro olhar, é elemento inerente da nossa existência dialógica! Cada vez mais vemos e agora sim, aprendemos muitos exemplos de como nos fechar em uma identidade determinada. Porém, aqui, ao pedir para que os alunos escrevessem em diferentes momentos do projeto (se percebendo diferentes a cada escrita), ao pedir para que eles refletissem sobre o outro e a sua responsabilidade, apostamos no movimento contrário, não identitário, mas sim de reconhecimento alteritário!


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